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net/publication/352023130
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Resumo: Contextualização: O autismo, tecnicamente chamado de Transtorno do Espectro Autista (TEA), é definido como uma síndrome presente normal-
mente antes dos 3 anos de idade. É um distúrbio do desenvolvimento neurológico, com déficits nos aspectos sócio-comunicativos e comportamental, como o
isolamento da criança e alterações de na comunicação, na interação social e no uso da imaginação. A atividade física é considerada benéfica para a evolução
de crianças com TEA, em especial a terapia aquática. Objetivo: Esta revisão narrativa buscou referências bibliográficas relacionados à TEA e aos benefícios da
atividade aquática. Métodos: Trata-se de um levantamento bibliográfico, com a análise de artigos científicos, que discutiram as variáveis comportamentais e
habilidades aquáticas desenvolvidas por indivíduos com TEA. Descritores como: autismo; transtorno do espectro autista; atividade física; atividade aquática
ou terapia aquática, foram usados em buscas nas bases de dados Scielo, Lilacs e Google Acadêmico, considerando publicações de 2010 à 2019. Resultados:
Excluindo-se artigos de revisão, artigos incompletos ou que não ofereciam detalhes sobre a modalidade aquática realizada, 4 artigos de intervenção foram
selecionados. Conclusões: Estudos concordaram sobre os efeitos positivos da terapia aquática no manejo deste transtorno, como o ganho de experiências
sensoriais e corporais, uma melhor noção de tempo e espaço, a capacidade de analisar e reconhecer as emoções expressas por outros, auxílio no ajuste de
movimentos estereotipados, na comunicação e no controle da hiperatividade, proporcionando um ambiente lúdico e prazeroso às crianças e adolescentes
com TEA.
Abstract: Background: Autism, technically called Autistic Spectrum Disorder (ASD), is defined as a syndrome usually present before 3 years of age. It is a neurolo-
gical development disorder, with deficits in socio-communicative and behavioral aspects, such as the isolation of the child and changes in communication, social
interaction and the use of imagination. Physical activity is considered beneficial for the evolution of children with ASD, especially aquatic therapy. Objective: This
narrative review sought bibliographic references related to ASD and the benefits of aquatic activity. Methods: This is a bibliographic survey, with the analysis of
scientific articles, which discussed the behavioral variables and aquatic skills developed by individuals with ASD. Descriptors such as: autism; autism spectrum
disorder; physical activity; aquatic activity or aquatic therapy, were used in searches in the Scielo, Lilacs and Google Scholar databases, considering publications
from 2010 to 2019. Results: Excluding review articles, incomplete articles or that did not offer details about the aquatic modality performed, 4 articles inter-
ventions were selected. Conclusions: Studies agreed on the positive effects of aquatic therapy in the management of this disorder, such as gaining sensory and
bodily experiences, a better sense of time and space, the ability to analyze and recognize emotions expressed by others, aid in adjusting movements stereotyped, in
communication and in the control of hyperactivity, providing a playful and pleasant environment for children and adolescents with ASD.
origem genética. Além disso, tem sido sugerido que há tam- sividade 12 .
bém a possibilidade de ser causado por problemas ocorridos
na gestação ou na hora do parto 2 . Existem também evidên- 2. Benefícios da Atividade Física na Modalidade Aquática
cias genéticas da suscetibilidade no braço longo do cromos- no Manejo do TEA
soma 7 (7q31), em um local anteriormente relacionada a um
distúrbio familiar rígido de linguagem. Esse gene parece ser Bôscolo et al. 13 , descreveram que os benefícios da ativi-
o causador por esse transtorno severo de linguagem menci- dade física regular para crianças com TEA estão estabelecidos
onado como um motivo de transição putativa. Outro gene e confirmam a relevância destes, na manutenção e promo-
descoberto no cromossomo 7, com uma provável associação ção da saúde global e do bem-estar, na melhora da condição
com o autismo, é o gene reelina (RELN). Essa proteína extra- física, autonomia e independência para a realização de suas
celular serve como instrutor para a dispersão neuronal no de- atividades de vida diária.
correr do desenvolvimento cerebral, de preferência no córtex Zhao e Chen 14 investigaram os efeitos do programa estru-
cerebral, no cerebelo do hipocampo e do tronco cerebral 8 . turado de atividade física na interação social e comunicação
O DSM 5, foi oficializado e publicado em 18/05/2013, sendo de crianças com TEA. Crianças com TEA de uma escola es-
a edição mais recente do Manual Diagnóstico e Estatístico de pecial foram divididas aleatoriamente em grupos experimen-
transtornos Mentais da Associação Psiquiátrica Americana 5 . tais e de controle e participaram de atividade física regular.
O DSM-5 refere que o autismo, o Transtorno Desintegrativo Um programa de atividade física estruturado de 12 semanas
da Infância e as síndromes de Asperger e Rett são incluídas foi implementado com um total de 24 sessões de exercício vi-
por um só diagnóstico que é o TEA. A síndrome de Rett (SR) é sando interação social e comunicação de crianças com TEA, e
uma doença neurodegenerativa, uma encefalopatia progres- um desenho quase-experimental foi usado para este estudo.
siva, em que a idade de início e o predomínio de algumas ma- Os dados foram coletados por meio de instrumentos quanti-
nifestações clínicas identificam quatro diferentes estágios clí- tativos e qualitativos. Foi concluído que o programa de ativi-
nicos, apresentando formas leves e atípicas, que exigem aten- dade física estruturado especial influenciou positivamente a
ção especial para a sua identificação 9 . O predomínio do TEA interação social e as habilidades de comunicação de crianças
é quatro vezes superior no sexo masculino do que no sexo fe- com TEA, especialmente em habilidades sociais, comunica-
minino 6 , mas estudos apontam que elas conseguem masca- ção, resposta imediata e frequência de expressão.
rar melhor as características, de forma que parte da sintoma- Inúmeros autores consideram a atividade aquática essen-
tologia parece ser mais intensamente severa 1 . A DSM5 carac- cial para a evolução motora, psíquica e social de crianças com
teriza este grupo de disfunções, como um transtorno do neu- TEA.
rodesenvolvimento com déficits associados à comunicação e Lô e Goerl 15 destacam que uma boa opção para o desen-
interação social, apresentando padrões restritos e repetitivos volvimento de atividades de intervenção motora é o ambi-
de comportamento 8 . ente aquático, por suas características fisiológicas particula-
As crianças com TEA não buscam o olho no olho e comu- res, que facilitam na realização de diversos movimentos que
mente demonstram estereotipias, que podem ser processos poderiam não ser possíveis de realizarem fora da água. Por-
repetitivos com as mãos ou com o corpo, atração de olhar nas tanto, a realização da intervenção motora em meio líquido
mãos por períodos longos e costumes de morder a si própria, para indivíduos com deficiências, não ajuda apenas na me-
morder roupas ou puxar seus cabelos ou dos pais 2 . lhoria física destes, mas também acarreta diversos benefícios
A Lei nº. 12.764, que institui a “Política Nacional de Pro- nos aspectos psicológicos, cognitivos, motivacionais, humo-
teção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Au- rais e sociais.
tista”. Sancionada em dezembro de 2012, prevê que as pes- Pimenta 16 ,descreve resultados positivos à partir de um
soas com autismo sejam consideradas oficialmente pessoas programa de natação (atividades aquáticas) na evolução das
com deficiência, tendo direito de usufruir das políticas de in- habilidades aquáticas e nas variáveis comportamentais de pes-
clusão vigentes no país 10 . soas com o diagnóstico de TEA que frequentam o “Projeto
Os comportamentos sedentários estão cada vez mais pre- Movimento” da Associação de Pais, Amigos e Pessoas com
sentes nas primeiras fases da vida, especialmente nas soci- Deficiência, de Funcionários do Banco do Brasil e Comuni-
edades industrializadas, os quais aliados à inatividade física dade (APABB) 2 .
contribuem de forma substancial para a piora dos estados ge- Rosseto Junior et al. 17 , consideram que alguns aspectos
rais de saúde 11 . É relevante salientar que estudos vêm apon- são relevantes no manejo do indivíduo com TEA, como mos-
tando que por meio da prática de exercícios como caminhada, trado na Figura 1. Segundo estes autores, deve-se considerar:
equinoterapia, e atividades aquáticas as pessoas com autismo i) a inclusão de todos, gerando situações e possibilidades
conseguem desenvolver melhor sua capacidade comunica- para a inclusão de todas as crianças e jovens no conheci-
tiva, reduzir o comportamento antissocial, diminuir compor- mento do esporte e no avanço de agilidades e nas habili-
tamentos que demonstram inadaptação, estereotipias e agres- dades esportivas;
1 Há diferenças entre homens e mulheres com autismo? Disponível em: 2 APABB - Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência, de Fun-
https://autismoerealidade.org.br/2020/07/30/ha-difer cionários do Banco do Brasil. Disponível em: https://www.apabb.or
encas-entre-homens-e-mulheres-com-autismo g.br/quem-somos/apresentacao.html
Autismo e atividade física aquática como ferramenta terapêutica: uma revisão narrativa 21
ii) uma construção coletiva, buscando a atuação dinâmica Lô e Goerl 15 , buscaram proporcionar diversas experiên-
que todos estão incluídos na organização do método de cias motoras através das atividades aquáticas, com a finali-
ensino e de aprendizado do esporte para estes indivíduos; dade de educação integral, socialização no grupo e valoriza-
iii) o respeito à diversidade, compreendendo diversidade como ção na sociedade. Mas, além disso, preocuparam-se com os
um momento de conhecer a desigualdade ajudando a ganhos na área afetivo-social, com a estimulação do poten-
conviver e a aprendizagem compartilhada; cial de iniciativa, autonomia e independência do aluno, pro-
iv) a promoção de uma educação Integral, favorecendo a per- porcionando através da afetividade, melhorias na socializa-
cepção do esporte na expectativa de aprender e desen- ção e, consequentemente, ampliando conhecimentos acerca
volvimento cognitivo, psicomotor e socio-afetivo; e da compreensão das próprias emoções e das de quem o ro-
v) a conquista da autonomia, visando conhecer o esporte deia. Destacaram ainda que, a inclusão destes indivíduos no
como um ambiente para a educação emancipatória. Es- programa de intervenção motora aquática permite numero-
tabelece competência dos artistas sociais em analisar, ava- sos benefícios para as diferentes faixas etárias, nos aspectos
liar, decidir, promover e organizar a atuação de muitas biopsicossociais, facilitando a afetividade e a ligação emocio-
atividades esportivas. nal através do lúdico, criando um ambiente prazeroso e mo-
Bôscolo, Vanícola e Teixeira 14 ,destacam três fases na aqui- tivador.
sição de habilidades aquáticas, descritas na Tabela 1. Pereira et al. 19 salientaram que o exercício aquático, tam-
bém pode fornecer práticas alternativas de baixo impacto, é
Fases Tipo de ação Características uma modalidade de atividade física divertida, segura e be-
Exercícios avançados nessa fase néfica para crianças com diversos tipos de deficiência, in-
do segmento do princípio de cluindo alunos diagnosticados a TEA. A ação do professor de
Adaptação Educação Física procurando estimular o contato e a comuni-
que nadar baseia- se em al-
1 ao meio cação dos alunos com TEA com outros alunos no ambiente
guma forma de se locomover
aquático da piscina é essencial para que haja melhora na interação
em meio aquático efeito em
propulsão. social, no desenvolvimento da fala, no respeito pelos limi-
Alcançado por facilitação dos tes e no rebaixamento de atitudes agressivas, abrindo espaço
movimentos técnicos de cada para respostas positivas dos alunos em atender ordens ver-
Aprendizado bais. Concluem assim que, a prática regular da natação para
nado, que possibilita que o
da forma pessoas diagnosticadas com TEA, estimula o ensino das téc-
2 aluno conviva um pouco de
rudimentar nicas, bem como, contribui na melhoria dos aspectos com-
cada estilo e aproveite demais
dos estilos portamentais, psíquicos e sociais.
as suas capacidades de controle
corporal. Santos et al. 20 , destacaram que a ludicidade foi a princi-
Conhecimento pal característica da aula de natação, evidenciando a alegria
da técnica Com a execução das técnicas em algumas crianças, promovendo a integração entre elas,
3 auxiliando o desenvolvimento de sua capacidade de sociali-
dos quatro crawl, costas, peito e borboleta.
estilos zação e lapidando o potencial de cada uma delas.
Borges et al. 21 , numa revisão sistemática onde analisou
Tabela 1: Fases da evolução nas habilidades aquáticas e suas publicações indexadas nas bases de dados SciELO, Pubmed e
características. LILACS, com publicações entre 2005 e 2015, apontaram que
através dos efeitos fisiológicos dos princípios físicos da água
A Tabela 2, destaca os principais benefícios encontrados e do exercício físico, a hidroterapia é uma terapia aplicável
na literatura, da atividade aquática para indivíduos com TEA. aos distúrbios motores e cognitivos, trazendo ainda o compo-
Os autores encontram à partir da prática de atividade física nente lúdico e estimulante, tornando-se viável no processo
usando a água como recurso, novas percepções frente à TEA e de reabilitação das crianças autistas. Os estudos selecionados
habilidades aquáticas desenvolvidas por indivíduos com TEA. por Borges et al. 21 , assim como os autores selecionados para
esta revisão narrativa, encontraram uma melhora das “habili-
dades aquáticas” do paciente (natação, mergulho, comporta-
3. Discussão
mento no ambiente da piscina), habilidades comportamen-
Ao concluírem que a prática de atividades psicomotoras tais como a competência social e comportamento antissocial
no meio aquático é uma alternativa de abordagem para pes- e a função motora. E reforçam a importante do recurso lú-
soas com autismo, visando superar dificuldades, propiciar o dico como facilitadora para o alcance dos objetivos propos-
desenvolvimento de outras áreas pouco estimuladas, Souza e tos com crianças com TEA.
Silva et al. 18 , destacam as experiências sensoriais e corporais, Pimenta 16 ressalta que as abordagens, de modo geral, ten-
e as noções de tempo e espaço, relação com objetos e pes- dem à encorajar o uso de intervenções inclusivas que se apre-
soas, propostas pela psicomotricidade. Os autores reforçam sentem benefícios para um manejo adequado dos indivíduos
também terem observado uma maior aceitação e compreen- com autismo. Segundo ele, devem ser estabelecidas pesqui-
são das famílias sobre a condição psicossocial da criança com sas que demonstrem resultados referentes aos efeitos de pro-
autismo. tocolos de natação ou atividade aquática para indivíduos com
22 Mattos-Bernardo et al.
Autores População Metodologia Empre- Objetivo do Estudo Modalidade Percepções Encon- Habilidades Aquá-
gada de Atividade tradas ticas Estimuladas
Aquática
Souza e Silva
Crianças Dados foram colhidos Desenvolver a psico- A psicomo- Melhora da quali- Ganho de experi-
et al. 18
de 2-4 anos pelas fichas individu- motricidade no meio tricidade e a dade de vida das ências sensoriais e
com TEA de ais de cada partici- aquático para pes- natação. Aulas crianças, valori- corporais, noções
ambos os pante do projeto, com soas com TEA, favo- de natação e zando as possibili- de tempo e espaço,
sexos a evolução nas áreas recendo o desenvol- psicomotora dades individuais; melhor relação
social, corporal, cog- vimento da coorde- executadas com avanço nas relações com objetos e
nitiva, linguística e in- nação motora e da a duração de socioeducativas, no pessoas
teração familiar socialização 50 minutos, em aprendizado e no
grupos, uma vez desenvolvimento
por semana no psicomotor
período matu-
tino e vespertino
Lô e Goerl 15 Três crianças Estudo descritivo Verificar a repre- As intervenções As expressões mais Melhora da capaci-
do sexo femi- interpretativo do tipo sentação emocional foram realizadas reconhecidas foram dade de analisar e
nino, idade estudo de caso. Como de crianças au- nas terças e alegria e tristeza. reconhecer as emo-
entre 11 e 14 instrumento avalia- tistas frente a um quintas-feiras, Quanto à monta- ções expressas pe-
anos, com tivo foram utilizadas programa de in- com duração de gem das expressões los indivíduos que
diagnóstico figuras contendo as tervenção motora 45min por aula completas corretas, as cercam
de autismo seguintes expressões aquática; identificar as mais ocorren-
participantes faciais: alegria, tris- o reconhecimento tes foram raiva e
do Programa teza, raiva, medo, sur- das emoções ale- surpresa
de Atividades presa e repugnância. gria, tristeza, raiva,
Aquáticas As respostas corretas medo, surpresa e
da PUCRS. e incorretas foram repugnância, e a
Crianças registradas em duas montagem correta
autistas avaliações, uma pré e destas através do
outra pós-intervenção manuseio de figuras
Pereira et
Três alunos, Utilizaram três ins- Avaliar as adapta- Idealizaram um Os alunos apresenta- Os alunos melho-
al. 19
com idades trumentos para a ções psicossociais de programa de ram adaptações in- raram nos aspectos
de 8 a 16 avaliação: o histó- alunos com TEA atividades aquá- dividuais em habi- de interação so-
anos, diag- rico de intervenções ticas ao longo de lidades relacionadas cial, movimentos
nosticados multidisciplinares, 10 semanas ao nado livre e costas estereotipados,
com TEA aspectos comporta- comunicação e
mentais e observação hiperatividade
das aulas acentuada
Santos et
Seis crianças Trata-se de uma pes- Analisar as manifes- A aula de nata- As crianças demons- Através do recurso
al. 20
autistas, pra- quisa descritiva, de tações emocionais ção das crianças traram ansiedade lúdico, as crianças
ticantes de abordagem qualita- influenciadas pela tinha duração de antes de entrarem vivenciaram um
natação na tiva. Avaliação feita prática aquática em 30 minutos na piscina, mas, ambiente praze-
Fisioclínica através de questioná- crianças autistas após, mostraram roso, contribuindo
de Casa Forte, rio sociodemográfico, entusiasmo, alegria no desenvolvi-
Recife (PE) roteiro de entrevista e sentimento de mento biopsico-
semiestruturada e de calma. No término motor e emocional,
observação das aulas, houve re- interagindo mais
sistência para saírem com brinquedos do
da água que entre si ou com
a professora
Tabela 2: Descrição dos estudos selecionados, as variáveis comportamentais e habilidades aquáticas desenvolvidas por
indivíduos com TEA.
TEA na aptidão físico-motora e/ou nas variáveis comporta- com TEA e seus irmãos sem nenhuma anomalia, observando
mentais. E por fim, Pimenta 16 sugere a participação dos fa- que todos apresentaram melhora nas habilidades aquáticas e
miliares nas atividades envolvendo indivíduos com TEA. Como na aptidão física, sem diferença significativa com exceção da
exemplo, citamos Pan 22 que realizou estudo com crianças composição corporal entre elas.
Autismo e atividade física aquática como ferramenta terapêutica: uma revisão narrativa 23
4. Considerações Finais
[14] M. Zhao e S. Chen. The effects of structured physical activity program
on social interaction and communication for children with autism. Bi-
As publicações consultadas para a elaboração desta revi- oMed Research International, 15:1825046, 2018.
são narrativa revelaram que o TEA é uma síndrome de ele- [15] E. N. Lô e D. B. Goerl. Representação emocional de crianças autistas
vada complexidade e as intervenções terapêuticas dos indi- frente a um programa de intervenção motora aquática. Revista da Gra-
duação, 3(2):1–19, 2010.
víduos com esse transtorno devem considerar várias aborda-
[16] R. A. Pimenta. Programa de atividade aquática adaptada para pessoas
gens, que possam auxiliar nas disfunções relacionadas à co- com transtorno de espectro autista: avaliação dos efeitos nas habilida-
municação e interação social, e oferecer benefícios compor- des aquáticas e nas variáveis comportamentais. Dissertação de Mes-
tamentais e motores, que possam agir no atraso do desenvol- trado, Faculdade de Desporto, Universidade do Porto, Porto (Portugal),
2012.
vimento, no ganho de habilidades motoras grossas e finas, na
[17] R. A. J. Rosseto Júnior, C. M. Costa, e F. L. D’Angelo. Práticas Pedagógicas
coordenação motora e no equilíbrio. As questões emocionais Reflexivas em Esporte Educacional: unidade didática como instrumento
também devem ser abordadas, num contexto global, permi- de ensino e aprendizagem. Phorte, São Paulo (SP), 2012.
tindo que o seu desenvolvimento psicomotor evolua com su- [18] D. C. Souza e Silva, C. L. P. Cruz, e R. C. S. Souza. A psicomotricidade
aquática com crianças autistas. In: Anais do 10o Encontro Internaci-
cesso. onal de Formação de Professores e 11o Fórum Permanente de Inovação
A atividade física proporcionada pela água estimula o ga- Eduacional, pages 1–8. FACIPE, Recife (PE), 2017.
nho de experiências sensoriais e corporais, noções de tempo [19] T. L. P. Pereira, P. E. Antonelli, E. C. Oliveira, e R. M. Ferreira. Avalia-
e espaço, melhor relação com objetos e pessoas, ajuda a de- ção das variáveis comportamentais e habilidades aquáticas de autistas
participantes de um programa de natação. Conexões: Educação Física,
senvolver a capacidade de analisar e reconhecer as emoções Esporte e Saúde, 17:e019037, 2019.
expressas pelos indivíduos que as cercam, auxilia no ajuste de [20] D. A. Santos, L. A. Miranda, E. A. C. P. Silva, P. V. Moura, e C. M. S. M.
movimentos estereotipados, na comunicação e no controle Freitas. Compreendendo os significados das emoções e sentimentos
da hiperatividade, dando protagonismo aos recursos lúdicos, em indivíduos autistas no ambiente aquático. ConScientiae Saúde,
12(1):122–127, 2013.
gerando um ambiente prazeroso, contribuinte no desenvol- [21] A. P. Borges, V. N. S. Martins, e V. B. Tavares. A hidroterapia nas altera-
vimento biopsicomotor e emocional de crianças e adolescen- ções físicas e cognitivas de crianças autistas: uma revisão sistemática.
tes com TEA. Revista Caderno Pedagógico, 13(3):30–36, 2016.
[22] Y. Pan. The efficacy of an aquatic program on physical fitness and aqua-
tic skills in children with and without autism spectrum disorders. Rese-
Referências arch in Autism Spectrum Disorders, 5(1):657–665, 2011.