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Resumo: Estudar a natação como tratamento para crianças autistas é importante não apenas para
compreender os benefícios potenciais dessa abordagem, mas também para promover o bem-estar
e a inclusão de crianças com autismo. Diante deste panorama, foi decidido analisar o uso da
natação como intervenção terapêutica para crianças autistas, examinando as respostas e a eficácia
deste esporte. Para tanto, foi realizada uma revisão integrativa de literatura, as informações
coletadas foram analisadas pelo método da análise de conteúdo e os resultados mostraram que é
possível ter a natação como grande aliada, visando trazer benefícios para as crianças autistas
tanto na parte física como também na psicológica e social.
Abstract: Studying swimming as a treatment for autistic children is important not only to
understand the potential benefits of this approach, but also to promote the well-being and
inclusion of children with autism. In face of this scenario, it was decided to analyze the use of
swimming as a therapeutic intervention for autistic children, examining the responses and
effectiveness of this sport. For this purpose, an integrative literature review was conducted, and
the collected information was analyzed by using content analysis method. The results showed that
swimming can be a great ally, aiming to bring benefits to autistic children not only in physical
aspects but also in psychological and social aspects.
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Acadêmico do curso de Educação Física da Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE).
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Professor do curso de Educação Física da Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE).
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INTRODUÇÃO
Esta análise integrativa da literatura teve como objetivo explorar e avaliar os efeitos da
natação como prática de atividade física na vida das crianças autistas, abordando as contribuições
físicas, sociais e comportamentais, com o propósito de fornecer uma visão completa e embasar
futuras investigações e práticas clínicas neste campo de estudo em constante evolução.
O estudo apresenta inicialmente a fundamentação teórica, para em seguida, revelar os
procedimentos metodológicos e adentrar na análise das informações, as quais foram organizadas
em duas categorias estabelecidas a posteriori, e por fim, as considerações finais.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para entendermos como a natação pode ser uma intervenção terapêutica para crianças
com Transtorno do Espectro Autista, primeiro precisamos ponderar sobre a prática de exercício
físico na infância, uma vez que os desenvolvimentos motor, psicológico e social nas fases iniciais
da vida são preocupações e desafios no âmbito da Educação Física.
De acordo com Neris, Tkac e Braga (2012, p. 59) “O desenvolvimento de padrões
motores em crianças é um fator relevante para que esta, no decorrer da vida, possa obter
habilidades motoras fundamentais bem desenvolvidas, e usufruí-las para qualquer tarefa que lhe
seja apresentada.”. Partindo disso, começamos a perceber a importância do estímulo motor desde
os períodos iniciais, a fim de obter bom desempenho na realização de tarefas, desde as mais
simples até as mais complexas.
Mas, para a progressão das habilidades motoras ser otimizada, a prática deve ser regular e
planejada, como afirmam Santos et al. (2015, p. 497) “as práticas esportivas sistematizadas, de
forma geral, contribuem significativamente para ampliação do vocabulário motor das crianças.”.
Portanto, o auxílio de um profissional capacitado é fundamental nesse processo.
Em um contexto mais amplo, além dos aspectos motores, outros pontos surgem como
foco de interesse, como os quesitos psicológicos e sociais que são intrínsecos à prática. Seja na
iniciação esportiva, na reabilitação ou apenas com fins recreativos, o bem estar psicológico, a
motivação e o controle de pensamentos e sentimentos são fatores que levam à busca da atividade
física, em diversos contextos sociais. (RUBIO, 2007).
Corroborando com o autor anteriormente citado, Xavier e Fazendeiro [s.d.] dizem que a
prática esportiva aumenta o bem-estar e traz melhoras psíquicas e cognitivas, ajudando na
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Pesquisadores como Pinto et al. (2016) e Heleno et al. (2020), afirmam em comum acordo
que o autismo é uma síndrome comportamental que compromete o desenvolvimento motor e
psiconeurológico, apresentando singularidades caracterizadas pela dificuldade cognitiva, com
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prejuízos qualitativos na comunicação verbal e não verbal, baixa interatividade social, presença
de movimentos repetitivos e restrição do seu ciclo de atividades e/ou interesses.
Tendo em vista as características citadas, é possível perceber o quanto a preparação para
lidar com esse público é essencial. Porém, considerando a dificuldade em encontrar materiais
para estudo, acabam formando-se barreiras que impedem que muitas crianças tenham acesso à
intervenção adequada. Levando em conta tais obstáculos e os benefícios da prática de atividade
física na infância, a pesquisa se direciona para a importância deste estímulo no desenvolvimento
dos aspectos em questão.
Existem muitas possibilidades de intervenção para melhorar a linguagem, a comunicação
e a interação de crianças com diagnóstico de TEA. Como afirma Jesus (2022), a prática de
atividades tem extrema importância na melhora da condição de vida desses indivíduos, para que
os mesmos possam desenvolver suas habilidades corporais, emocionais e intelectuais. O autor
também enfatiza a prática como instrumento de inclusão dessas crianças no meio social e de
desenvolvimento integral.
Nas pesquisas feitas por Silva (2019), nota-se que os exercícios também atenuam várias
características comportamentais, como agressividade, desinteresse, isolamento e falta de atenção,
além de trazer melhoras significativas na flexibilidade, no equilíbrio e na força muscular.
Considerando os desafios da criança com TEA, podemos promover a natação como um
possível fator de intervenção terapêutica por conta da sua vasta gama de benefícios, sendo um
esporte que trabalha com o tônus muscular, fortalece e ajuda nos movimentos dos músculos,
influencia diretamente o controle motor, equilíbrio e força muscular, também ajudando no
fortalecimento do sistema cardiorrespiratório. (JESUS, 2022).
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este artigo teve como objetivo identificar pesquisas que tragam contribuições sobre as
formas que a natação pode ser utilizada como intervenção para crianças autistas, examinando os
benefícios percebidos, a eficácia e as melhores práticas associadas a essa abordagem. Os padrões
para inclusão foram os seguintes:
1) Apenas artigos genuínos foram considerados;
2) Os idiomas permitidos foram português, espanhol e inglês;
3) Os artigos precisavam ter uma conexão direta com os tópicos estabelecidos.
Realizou-se uma busca com as palavras-chave “crianças autistas”, “natação” e
“intervenção” nas plataformas SciELO e Google Acadêmico. Para realizar a revisão, foram
analisados primeiro os títulos, seguidos pela leitura dos resumos e, em seguida, a leitura completa
dos estudos. Inicialmente, identificaram-se 39 artigos originais, mas após a leitura dos resumos,
31 deles foram excluídos. Ao final desse processo, um total de 8 artigos foram considerados
adequados para esta revisão, como ilustrado no Quadro 1.
As informações obtidas nas pesquisas foram consideradas pelo método da análise de
conteúdo e organizadas por categorias. Bardin (1977, p.38) designa a análise de conteúdo como
sendo “um conjunto de técnicas de análises de comunicações, que utiliza procedimentos
sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens”. O método de análise proposto
por Bardin (1977) segmenta-se em: a) Organização da Análise; b) Codificação; c) Categorização;
d) Inferência ou descrição; e) Informatização da análise das comunicações. Foram elencadas três
categorias a posteriori: Natação e TEA aspectos físicos; Natação e TEA aspectos psicológicos; e
Natação e TEA aspectos sociais.
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Figura 1
Por intermédio desta pesquisa, se faz possível refletir sobre a natação como intervenção
nas crianças com espectro autista, tendo como vetores os âmbitos motores, psicológicos e sociais.
Para citar os artigos na discussão a seguir, foram denominadas da seguinte forma: A1, A2, A3,
A4, A5, A6, A7 e A8, conforme Quadro 1.
A2 Avaliação das O objetivo foi avaliar Apresentando como Thaiany Luna Pires
variáveis as adaptações principal resultado o Pereira
comportamentais e psicossociais de três ganho de habilidades, Paulo Ernesto
habilidades aquáticas alunos, com idades de 8 considerando cada aluno Antonelli
de autistas a 16 anos, Emerson Cruz de
no universo de suas
participantes de diagnosticados com Oliveira
limitações, também
um programa de TEA e Renato Melo Ferreira
natação participantes de um contemplou as possíveis
programa de melhorias, muito
atividades aquáticas. especificamente, voltadas
para os aspectos
psicossociais típicos do
TEA.
A7 Relação entre os Como a natação pode Os resultados sinalizam que Mateus Alves Pinto
métodos de aula de contribuir na qualidade houve melhorias Leonardo Miglinas
natação e os de vida de crianças significativas nos aspectos
benefícios alcançados autistas a partir dos fisiológicos, motores, sociais
em crianças com TEA métodos de aula e cognitivos, contribuindo
utilizados por para o desenvolvimento
professores de natação integral de crianças com
A pesquisa se constitui TEA praticante da natação
de uma pesquisa nesta academia pesquisada.
qualitativa de caráter
exploratório
Ao analisar o perfil dos artigos desta pesquisa, verifica-se que os temas desenvolvidos
estão de acordo com o objetivo desse artigo, pois tratam sobre atividade física, mais específico
natação como forma de intervenção de crianças com transtorno do espectro autista (TEA),
obtendo também como um dos objetivos específicos tendo em vista que os trabalhos tratam dos
vetores motor, psicológico e social.
As pesquisas analisadas A3, A4, A6, A7 e A8 reforçam a importância de crianças com
TEA na prática de natação, por trazerem inúmeros benefícios como coordenação motora,
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segundo (Pereira et al. 2020, p.13) O professor de natação tem que estimular a
comunicação entre os alunos e também entre o professor, isso é essencial para que haja
uma evolução nos quesitos sociais, no desenvolvimento da fala, no respeito e na
diminuição das atitudes agressivas, assim facilitando que os alunos em atender ordens
verbais.
Corroborando com as informações acima (Pinto e Miglinas, 2022, p.) a natação tem um
papel fundamental pois traz melhora no âmbito de interação social, ajuda a criança a se
desenvolver em termos de socialização tanto com o professor quanto com outras crianças e com a
família.
Obtendo as informações dos artigos selecionados, é possível compreender que a natação
vem como grande aliado visando trazer benefícios para as crianças autistas, na parte física e
também na parte psicológica e social.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, para ter uma visão completa da pesquisa resgatou-se o problema, quais as
contribuições que a natação proporciona às crianças com TEA?
Para investigar o problema proposto utilizou-se do método científico revisão integrativa
da literatura, assim deu-se início a investigação para que conseguíssemos obter o objetivo do
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trabalho, que é explorar e avaliar os efeitos da natação como prática de atividade física na vida
das crianças autistas.
Visando atingir o objetivo do trabalho, a pesquisa feita teve como resultado que a natação
traz inúmeros benefícios para as crianças autistas, tanto na parte física, psicológica e social,
auxiliando na coordenação motora, na comunicação interpessoal e também no bem estar
emocional.
Devido a escassez de trabalhos, vemos que os resultados obtidos são de grande
importância para fomentar mais pesquisas na área e incentivar que profissionais se interessem
cada vez mais em melhorar a vida de crianças com TEA.
REFERÊNCIAS
SANTOS, Camila Ramos dos, et al. Efeito da atividade esportiva sistematizada sobre o
desenvolvimento motor de crianças de sete a 10 anos. Revista Brasileira de Educação
Física e Esporte, v. 29, p. 497-506, 2015. Disponível em
<https://www.scielo.br/j/rbefe/a/jMDMCrrgxnfp6y55HBzphcB/>
NERIS, Karla Cristina Fernandes; TKAC, Claudio Marcelo; BRAGA, Rafael Kanitz. A
influência das diferentes práticas esportivas no desenvolvimento motor em crianças.
ACTA Brasileira do Movimento Humano, v. 2, n. 1, p. 58-64, 2012. Disponível em
<http://www.periodicos.ulbra.br/index.php/actabrasileira/article/view/2955>
DA SILVA, Simone Gama et al. Os benefícios da atividade física para pessoas com
autismo. Diálogos em Saúde, v. 1, n. 1, 2019. Disponível em
<https://periodicos.iesp.edu.br/index.php/dialogosemsaude/article/view/204>
PIO, Marcella César. Desenvolvimento motor de crianças do espectro autista por meio
da natação. 2022. Disponível em:
<https://repositorio.pucgoias.edu.br/jspui/bitstream/123456789/6234/1/TCC%20MARCE
LLA%20vers%C3%A3o%20final%20RAG.pdf>
Agradecimentos
Primordialmente, gostaria de dedicar esse TCC à minha esposa, que tanto batalhou e não
mediu esforços para que eu pudesse estar aqui hoje. Você é a fonte de inspiração pra mim, essa
vitória é nossa!
Agradeço imensamente aos meus amigos, que sempre estiveram ao meu lado, pela
amizade incondicional. A minha mãe pelo amor, incentivo e apoio incondicional. Às pessoas
com quem convivi ao longo desses anos de curso, que certamente tiveram impacto na minha
formação acadêmica.
Agradeço a todos os meus professores, pelas correções e ensinamentos que me permitiram
apresentar um melhor desempenho no meu processo de formação profissional ao longo do curso.
Deixo um agradecimento especial ao meu orientador, que conduziu o trabalho com paciência e
dedicação, sempre disponível a compartilhar todo o seu vasto conhecimento.