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Teixeira de Freitas
2019
DIEGO SANTOS PEREIRA
HELLEN SANTOS PEREIRA
MARCOS AUGUSTO MEIRELES CAJÁ
Teixeira de Freitas
2019
AGRADECIMENTOS
O trabalho sempre esteve presente na vida das mulheres, mas através de estudos
realizados, faremos uma análise histórica da inserção da mulher no mercado de
trabalho e sua permanência no âmbito público e privado. Com a finalidade de
estudar tal questão, estabelecemos como objetivo geral encontrar e analisar as
dificuldades de mulheres em conciliar o trabalho remunerado fora do lar, produtivo, e
o trabalho não remunerado dentro do lar, reprodutivo. Estabelecemos como
objetivos específicos para esta pesquisa a) constatar se há uma disparidade entre
mulheres de classes sociais distintas no que diz respeito à dupla jornada de
trabalho; b) identificar qual o papel do companheiro nas atividades domésticas; c)
por fim, reconhecer quais as principais dificuldades encontradas pelas mulheres
quanto à competitividade com homens no mercado de trabalho. Usando como
metodologia revisão bibliográfica de autores como Bourdieu na obra A dominação
masculina (1998) e Frederici com a obra Calibã e Bruxa (2017), entre outros, e
análise das entrevistas feitas com mulheres de Teixeira de Freitas.
Work has always been present in women's lives, but through studies we will make a
historical analysis of women's insertion in the labor market and their permanence in
the public and private sphere. In order to study this issue, we set as a general
objective to find and analyze women's difficulties in reconciling paid, out-of-home,
productive, and unpaid, in-home, reproductive work. We set as specific objectives for
this research a) to verify if there is a disparity between women of different social
classes with regard to the double workday; b) identify the role of the partner in
domestic activities; c) Finally, to recognize the main difficulties encountered by
women regarding competitiveness with men in the labor market. Using as
methodology a bibliographical review of authors such as Bourdieu in the work A
Dominação Masculina (1998) and Frederici with the work Calibã e a Bruxa (2017),
among others, and analysis of interviews with women of Teixeira de Freitas.
INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 9
1. UM PANORAMA HISTÓRICO DO TRABALHO FEMININO ................................. 11
1.1 O Trabalho Feminino no Brasil .............................................................................. 13
1.2 O Surgimento do Movimento Feminista nos Estados Unidos .............................. 15
2. ANÁLISE DAS ENTREVISTAS .............................................................................. 18
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................... 23
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 24
APÊNDICE ................................................................................................................... 26
9
INTRODUÇÃO
Por fim, esse período foi responsável pelo aumento da demanda dos produtos
manufaturados, além de gerar um aumento também no trabalho realizado pelas
mulheres operárias sem levar em consideração a carga extra que gera sobre ela
devido a manutenção sob sua responsabilidade. Analisando a fala de Toledo,
percebemos que apesar do avanço simbolizado pela Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT), a mulher continua padecendo da dupla jornada de trabalho e que
no caso da mulher negra podemos acrescentar mais uma luta, a luta contra o
racismo. Quando essas pautas não são atendidas, a mulher se vê obrigada a viver
dependente da sociedade patriarcal que se instituiu ao seu redor, no próximo tópico
será tratado o trabalho no domínio público no cenário brasileiro.
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Estudar e escrever sobre mulheres recai muitas vezes sob sua jornada a
procura e permanecia nos espaços públicos, apesar do trabalho sempre estar
presente em suas vidas desde o início da formação dos núcleos familiares na Pré -
História, iremos nos ater ao processo de suas lutas pelo mercado e trabalho e
conciliação com o trabalho doméstico.
No século XIX a educação surge como uma opção para as mulheres que
almejavam uma vida fora do lar
para as lavouras, e uma outra parte migrou para a indústria junto com as mulheres. E
assim se formou a classe proletária brasileira.
Ao todo, as mulheres compunham a maior parte dos proletariados sendo, 58%
na indústria têxtil de São Paulo e 39% na do Rio de Janeiro (BATALHA apud
OLIVEIRA et al., 2016). Tendo uma remuneração muito baixa e, trabalhando em
condições de extrema insalubridade, a classe proletariada principalmente mulheres e
crianças, acabavam ficando a míngua da sociedade.
Diante de acertos e descontentamento de alguns, a Era Vargas em um ponto
agradou muito a população, principalmente o proletariado, devido a diminuição das
longas jornadas de trabalho, com descanso remunerado, férias, e aposentadoria, tudo
isso graças a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) que era um conjunto de leis
que consolidava os direitos trabalhistas, sendo de grande ajuda para a classe
trabalhadora, principalmente a mulher que era explorada nas fábricas, e agora com
essas leis, o trabalho se tornou regulamentado favorecendo a classe operária.
Através deste comparativo realizado sobre como a mulher chegou ao trabalho
insalubre fabril junto com crianças sendo no Brasil ou na Europa entre a revolução
industrial, a crise de 1929, a Era Vargas e a 2° Guerra Mundial pode-se perceber que a
mulher não foi valorizada em ambos lugares, ela só era utilizada como “peão” que
estava sobre o controle e a manipulação tanto dos patrões das fábricas quanto dos
grandes proprietários das fazendas de café.
A década de 1970 trouxe ao Brasil toda a efervescência do Movimento
Feminista junto aos movimentos contrários à Ditadura Civil Militar vigente no Brasil.
As mulheres lutavam juntas por liberdade de expressão e igualdade nas oportunidades
de emprego. A década de 1990 aponta um avanço para as pautas das mulheres, no
entanto a taxa de pobreza entre homens e mulheres ainda demonstra disparidades
alarmantes, sendo 20% entre mulheres e 14% homens (ABRAMO apud
VASCONCELOS, p. 7-8, 2010).
As lutas atuais estão pautadas na desigualdade de salários, ainda alarmante,
segurança para as mulheres, devido aos casos de assédio sexual e entre as mulheres
negras o racismo. Problemas estes que perpetuam devido a estrutura hierárquica na
qual o Brasil foi construído.
O próximo tópico trará um panorama do movimento feminista e sua
importância ao refletir sobre o papel histórico da mulher em relação às lutas pela
emancipação feminina.
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Ela mostra também durante a sua jornada que o trabalho doméstico e o ato
de cuidar das crianças, não é um serviço pessoal, mas sim um trabalho real, pois
ele sustenta todas as outras formas de trabalho, uma vez que o trabalho gera a força
de trabalho, não uma escravização do trabalho doméstico imposta pelo sistema
capitalista, pela qual ela luta para que as mulheres consigam obter uma remuneração
em cima disso, além de tentar buscar mudanças na relação do trabalho feminino
com o capitalismo.
Para Federici as atividades associadas à reprodução continuam sendo o
terreno da luta fundamental para as mulheres como forma de obter o
reconhecimento do trabalho doméstico além de buscar uma igualdade entre os
salários femininos e masculinos independente do trabalho.
Os Estados Unidos como país constituído por sua política capitalista, faz com
que o trabalho reprodutivo se torne obrigação feminina, além de dar um duplo
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sua jornada, não tendo muitas vezes a ajuda do marido já que ele está muito
“ocupado” em trazer o sustento de casa. Essa situação é muito discutida na obra A
Dominação Masculina, de Pierre Bourdieu, em que ele mostra o descaso masculino
quando se trata do trabalho doméstico, e o poder de dominação que ele impõe sobre
a mulher.
M2: É um pouco frustrante, visto que passo mais tempo em meu trabalho do
que em minha residência, e as poucas vezes que fico não tenho um tempo
de qualidade, por conta de ter que limpar, cozinhar, passar e arrumar. No final,
estou mais exausta”.
Não. Sou autônoma então não corro esse risco, mas entendo quem uma
mulher desempregada e um homem desempregado possuem pesos
diferentes, a mulher lida melhor com essa situação, a cobrança da
sociedade em relação ao homem que não tem emprego é muito maior.
E é verdade que a mulher tem ganhado cada vez mais espaço no mercado de
trabalho, no entanto é necessário levar em consideração a classe social dessas
mulheres (o que se aplica principalmente no caso da M5).
Uma das perguntas feitas ás entrevistadas foi sobre o fato de ter filhos ou poder
engravidar dificultava a procura ou permanência no emprego, a M6 respondeu: “com
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certeza já sofri preconceito em uma entrevista e só não fui contratada por que falei
que sai do último emprego para cuidar do meu filho” e outras mulheres responderam
M1: Acredito que esse fator pode interferir na contratação de uma pessoa sim.
Entretanto, penso que algumas áreas específicas podem sofrer mais com essa
situação do que outras, principalmente em profissões que são,
tradicionalmente, ligadas ao gênero masculino.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
COUTO, Fábio. História: 9º ano do Ensino Fundamental. Ed. Lécio Cordeiro. Recife,
Pernambuco, 2019.
FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não: cartas a quem gosta de ensinar. São
Paulo: Olho d’Água, 1997.
TOLEDO, Cecília. Mulheres: o gênero nos Une, a classe nos divide. São Paulo:
Sundermann, 2008.
APÊNDICE
Entrevistas1
1.Qual a sua idade?
2.Qual a sua profissão?
3.Você se preocupa com a falta de empregos recorrentes no nosso país?
4.Você se preocupa com o fato de um homem ser empregado no seu lugar?
5.Como você lida com a sua ausência durante o dia em sua casa (afazeres
domésticos e filho(s)?
6.Até que ponto seu companheiro está presente nos afazeres domésticos e
educação do(s) filho(s)?
7. Você acredita que o fato de ter filhos ou poder engravidar dificulta a procura ou
permanência no emprego?
8. Você se sente desvalorizada em relação ao trabalho doméstico?
M1
1. Qual a sua idade? 32 anos
2. Qual a sua profissão? Professora
3.Você se preocupa com a falta de empregos recorrentes no nosso país?
Sim, principalmente porque diariamente lido com pessoas (pais de alunos,
estudantes da graduação) que sofrem com essa realidade.
4. Você se preocupa com o fato de um homem ser empregado no seu lugar?
Sinceramente, não. Talvez porque na área da docência, em especial ligada a
Pedagogia, o número de mulheres é predominante e eu não sinto essa pressão por
conta do gênero diretamente.
5. Como você lida com a sua ausência durante o dia em sua casa (afazeres
domésticos e filho(s)? Tento organizar bem meu tempo e manter uma rotina pra
tentar “dar conta de tudo”. Entretanto, ocupo uma posição privilegiada, pois tenho uma
rede de apoio grande, já que a minha família e a família do meu esposo moram na
cidade e são super disponíveis para nos ajudar no dia a dia.
1 As mulheres estão identificadas com a letra M e uma numeração em algarismo arábico, para preservar a
identidade. As entrevistas foram enviadas pelo aplicativo de mensagem WhatsApp e respondidas pelo
mesmo. Conservou-se a grafia original das conversas sem correção da norma escrita padrão.
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6. Até que ponto seu companheiro está presente nos afazeres domésticos e
educação do(s) filho(s)? Em todo momento! Quando há algo a ser feito, seja relativo
aos afazeres da casa ou aos cuidados com a nossa criança, não travamos uma
competição. A regra é: quem está disponível no momento, faz o que precisa ser feito
e funciona muito bem pra nós. É claro que cada um tem suas preferências e
habilidades e isso precisa ser respeitado também. Por exemplo, meu marido não
sabe cozinhar, então essa tarefa é minha. Por outro lado, detesto cuidar das plantas
(apesar de amar o charme que elas dão a casa), daí essa tarefa é dele.
7. Você acredita que o fato de ter filhos ou poder engravidar dificulta a procura ou
permanência no emprego? Acredito que esse fator pode interferir na contratação de
uma pessoa sim. Entretanto, penso que algumas áreas específicas podem sofrer
mais com essa situação do que outras, principalmente em profissões que são,
tradicionalmente, ligadas ao gênero masculino
M2
1.Qual a sua idade? 30 anos
2.Qual a sua profissão? Professora de Educação Física.
3.Você se preocupa com a falta de empregos recorrentes no nosso país? Sim, me
preocupo muito.
4. Você se preocupa com o fato de um homem ser empregado no seu lugar? Não,
mas infelizmente o mercado de trabalho ainda está voltando para o patriarcado,
onde a grande maioria das vagas a serem preenchidas são direcionadas ao público
masculino.
5. Como você lida com a sua ausência durante o dia em sua casa (afazeres
domésticos e filho(s)? É um pouco frustrante, visto que passo mais tempo em meu
trabalho do que em minha residência, e as poucas vezes que fico não tenho um
tempo de qualidade, por conta de ter que limpar, cozinhar, passar e arrumar. No
final, estou mais exausta.
6. Até que ponto seu companheiro está presente nos afazeres domésticos e
educação do(s) filho(s)? Praticamente em quase nada. É um preguiçoso ( risos),
mas para compensar sua ausência, ele contrata uma secretária para me ajudar.
7. Você acredita que o fato de ter filhos ou poder engravidar dificulta a procura ou
permanência no emprego? Sim, eu acredito. O fato de estar grávida ou com filhos
pequenos dificulta sim a mulher a se empregar, primeiro porque as empresas não
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6. Até que ponto seu companheiro está presente nos afazeres domésticos e
educação do(s) filho(s)? ele me ajuda em tudo da troca de fralda a louça suja ...alias
não é ajuda né ele também é responsável pelo nosso filho e faz bagunça.
7. Se o fato de ter filhos ou engravidar dificulta a procura ou permanência no
emprego? Com certeza já sofri preconceito em uma entrevista e só não fui
contratada por que falei que sai do último emprego para cuidar do meu filho.
M7
1. Qual a sua idade? 28 anos
2. Qual a sua profissão? Professora
3. Você se preocupa com a falta de empregos recorrentes no nosso país? Sim
4. Você se preocupa com o fato de um homem ser empregado no seu lugar? Faço
de tudo para desempenhar a minha função da melhor forma possível, então no que
se trata de competência, não me sinto ameaçada por um homem porém, como
mulher casada, que pode engravidar e ser mãe, eu fico preocupada porque sei que
hoje, independente da qualidade do trabalho, os empregadores preferem empregar
homens.
5. Como você lida com a sua ausência durante o dia em sua casa (afazeres
domésticos e filho(s)? Eu procuro estabelecer uma rotina de tarefas que não
sobrecarregue um único dia da semana, assim posso realizar no meu período livre.
6. Até que ponto seu companheiro está presente nos afazeres domésticos e
educação do(s) filho(s)? Meu marido entende que é parte atuante em toda a
dinâmica da casa, ele faz de tudo e sempre divide afazeres diários e de faxina
comigo. (embora algumas coisas eu prefira fazer, ele faz de tudo)
7. Você acredita que o fato de ter filhos ou poder engravidar dificulta a procura ou
permanência no emprego? Infelizmente acredito e sei que essa é uma realidade.
8. Você se sente desvalorizada em relação ao trabalho doméstico? Não, muito pelo
contrário. Tenho prazer em cuidar dos afazeres domésticos e amo quando estou de
férias e tenho mais tempo pra isso. Para a sociedade com certeza o trabalho de
casa não é valorizado.
M8
1. Qual a sua idade? 31
2. Qual a sua profissão? administradora
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3. Você se preocupa com a falta de empregos recorrentes no nosso país? sim. Por
que a falta de emprego afeta toda coletividade, o que pode gerar reflexo negativo de
diversas formas.
4. Você se preocupa com o fato de um homem ser empregado no seu lugar?
Depende do contexto. É nítido que vivemos em uma sociedade dominada pelo
machismo e que as grandes oportunidades geralmente são dadas a pessoas do sexo
masculino, o que deveria ocorrer de acordo com a competência de cada um,
independente do gênero.
5. Como você lida com a sua ausência durante o dia em sua casa (afazeres
domésticos e filho(s)? com naturalidade e ao mesmo tempo com dificuldade, pelo
cansaço físico e mental de conciliar as duas funções.
6.Até que ponto seu companheiro está presente nos afazeres domésticos e
educação do(s) filho(s)?
ele participa e contribue para que as atividades sejam mais leves.
7 . Você acredita que o fato de ter filhos ou poder engravidar dificulta a procura ou
permanência no emprego? acredito que sim. Infelizmente hoje em dia é comum se
perceber que o fato de ter filhos muitas vezes é empecilho para contratação de um
funcionário. Já para a permanência, acredito que seja menor a dificuldade em casos
de um empregado com certa estabilidade e maior tempo de empresa.
8. Você se sente desvalorizada em relação ao trabalho doméstico? não. Na minha
realidade é algo natural e preciso fazer por amor e zelo a minha casa.
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