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COMUNICAÇÃO SOCIAL

HABILITAÇÃO: JORNALISMO
ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE PESQUISA

JOICE CIRQUEIRA DA SILVA

Suicídio Assistido: Uma análise sobre os veículos de comunicações e sua


importância no papel de receptor

Salvador
2023
JOICE CIRQUEIRA DA SILVA

Suicídio Assistido: Uma análise sobre os veículos de comunicações e sua


importância no papel de receptor

Trabalho apresentado para o Centro Universitário


Faculdade de Tecnologia e Ciências (UNIFTC)
dentro da disciplina Elaboração de Projetos sob a
orientação do professor Leonardo Campos, a fim
de obter nota para a aluna Joice Cirqueira da
Silva.
Orientador: Professor Leonardo Campos

Salvador
2023
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 3

2 PROBLEMA | HIPÓTESE 4

3 OBJETIVOS 5

3.1 Objetivo Geral 5

3.2 Objetivos Específicos 5

4 JUSTIFICATIVAS 6

5 METODOLOGIA 7

6 REFERENCIAL TEÓRICO 8

7 CRONOGRAMA E ORÇAMENTO 16

REFERÊNCIAS 17
1 INTRODUÇÃO

A escolha do tema deu-se porque o suicídio assistido é um tema polêmico e também não é
pacificado em nossa legislação brasileira, porém, se faz necessário na sociedade moderna,
mas não existe muita informação sobre ele, já que é um assunto recente, onde as informações
transmitidas cabe apenas por parte de alguns profissionais da área médica e outras pessoas
que possa compartilhar tais informações.

O suicídio assistido é uma maneira eficaz de cessar a jornada dura de angústia e sofrimento de
quem tem que passar por algum momento de aflição e precisa aguardar a morte, muitos veem
essa opção como algo abominável ou louco, mas existem pessoas que partilham da dor e do
sofrimento do outro e entende que essa opção é o melhor. Em uma sociedade egoísta e
desinformada, é interessante abordar o tema, pois contribui socialmente com o entendimento e
reflexão da sociedade sobre a dor do próximo e entender a importância que tem os veículos de
comunicação sobre o suicídio assistido para pacientes irreversíveis, doentes terminais e
pessoas que tenham contraído doenças degenerativas.
Outra questão a ser levantada é sobre os casos de suicídio assistido que repercutiu nas mídias,
como o do Ramón Sampedro, que ficou em destaque na imprensa como suicídio assistido.
De acordo com o filósofo Nietzsche (1844-1900), "Morrer orgulhosamente quando não é mais
possível viver orgulhosamente. A morte escolhida livremente, a morte empreendida no tempo
certo, com lucidez e alegria, em meio a filhos e testemunhas: de modo que seja possível uma
real despedida, em que ainda está ali aquele que se despede [...]. Não nos é dado nos impedir
de nascer: mas podemos reparar esse erro- pois às vezes é um erro. Se alguém se elimina, faz
a coisa mais respeitável que existe: com isso, quase merece viver.” Diante disso, é possível
compreender que por mais que o tema tenha sido defendido desde a antiguidade até os dias
atuais, ainda não é amadurecido em nossa cultura e na sociedade como um todo.
Ainda sob esse panorama, muitas pessoas que tem um diagnóstico irreversível, acaba
mudando de cidade ou de país para que possa optar pelo suicídio assistido, como foi o caso da
Brittany, que ao descobrir que estava com câncer e soube que só lhe restavam poucos meses
de vida, se mudou para Oregon, onde a lei estadual permite que ela tenha acesso a um
medicamento que possa acabar com a sua vida sem causar dor.
O tema abre uma cadeia de pensamentos, que acaba gerando um ponto de interrogação na
sociedade brasileira e com uma variedade de artigos que está exposto, torna-se necessário a
observação, análise e apresentação da relação dos veículos de comunicação e entender quando
uma pessoa luta tanto pela vida, mesmo que tenha que ser necessário a utilização de
3
equipamentos, portanto, não pensa em obter uma morte digna e tranquila e acaba também não
pensando nos cuidados que seriam necessários ao fim da vida.

2 PROBLEMA | HIPÓTESE

De que forma e que modificações importantes foram produzidas para a sociedade no papel de
receptora das informações emitidas pelos veículos digitais de comunicação sobre o suicídio
assistido?

- O consumo de notícias em aplicativos de grandes jornais cresceu em 96% no Brasil.

- Os veículos digitais já noticiou vários casos de suicídio assistido.

4
3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Analisar a importância de dois veículos digitais de comunicação, como o portal Estado de


Minas e o portal La Vanguardia.

3.2 Objetivos específicos

- Mostrar a importância do suicídio assistido para pacientes irreversíveis pelos veículos


digitais;

- Comparar os contrapontos dos portais Estado de Minas e La Vanguardia referente ao


suicídio assistido;

- Verificar casos de suicídio assistido que foram mostrado nos veículos digitais.

5
4 JUSTIFICATIVA

O estudo do tema se torna relevante já que não existe muita informação sobre ele, até
porque o assunto é bastante recente, cabendo apenas informações por parte de profissionais da
área médica, religiosas e entre outros segmentos da sociedade civil, que possam disseminar
tais informações. O suicídio assistido é direcionado para doentes terminais, pessoas que
tenham contraído doenças degenerativas, incuráveis, irreversíveis e também para aquelas
pessoas que possam se encontrar internadas em hospitais, residências e entre outros locais.

A relevância do projeto é trazer informações acessíveis para que as pessoas tenham noção do

porque o suicídio assistido é uma opção para uma pessoa com problema irreversível.

Com um incentivo a mais que ratifica a importância do trabalho, ele tem por finalidade, uma

discussão ampla e de maneira consciente, sem nenhum tipo de preconceito, seja social,

médico ou religioso.

6
5 METODOLOGIA

O estudo pretende aprofundar o conhecimento sobre o tema e a sua problemática, com a


intenção de gerar novos conhecimentos sobre o Suicídio assistido e a fim de elucidar dados e
informações a pesquisa será conduzida com base na pesquisa bibliográfica, quantitativa e
descritiva. Segundo Prodanov e Freitas (2013, p.51) “objetiva gerar conhecimentos novos
úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses
universais”.

Para levantamentos de dados teóricos e materiais úteis para a fundamentação do tema, o


estudo se utilizará de pesquisa bibliográfica, de forma a reunir informações e conceitos
retirados de matérias já existentes de livros, artigos e páginas de web.
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já
elaborado, constituído principalmente de livros e artigos
científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido
algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas
desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.
(GIL, 2008)
A pesquisa quantitativa estará presente através do Google Forms, onde será analisado as
estatísticas referente a quantidade de pessoas que tem conhecimento sobre o Suicídio assistido
e a opinião dos próprios sobre o assunto. Já a pesquisa descritiva se propõe a especificar o
objetivo de informar sobre o assunto e utilizar técnicas padronizadas de coleta de dados,
através de um questionário.

No que diz respeito ao formulário através do aplicativo Google Forms, foram realizadas sete
perguntas. Em uma delas buscava saber se as pessoas sabiam o que é o suicídio assistido. Na
pesquisa mostra que 71,8% sabe o que significa e 28,2% não sabe o que é.

7
6 REFERENCIAL TEÓRICO

6.1 A definição de suicídio assistido

O suicídio assistido é o ato de deliberadamente ajudar uma pessoa a se matar, ocorre quando
uma pessoa solicita o auxílio de outra pessoa para morrer, caso não seja capaz de tornar o fato
a sua disposição. No suicídio assistido o enfermo está, em principio, sempre consciente da sua
opção pela morte. O enfermo recebe comprimido com uma substância que, naquela dose, vai
provocar a morte, ele tem o controle de tomar o comprimido quando achar que é o momento.

Referente ao suicídio assistido é que o ato de tomar a medicação é do paciente, é da pessoa,


não é do profissional de saúde, porém os médicos precisam cumprir alguns requisitos legais e
cada procedimento do suicídio assistido é necessário ser relatado a comitês regionais que
carecem de julgar se a equipe medica tomou os devidos cuidados ao analisar o histórico do
paciente.

As pessoas que optam pelo suicídio assistido, geralmente são doentes terminais, pessoas que
tenham contraído doenças degenerativas, incuráveis, irreversíveis e também para aquelas
pessoas que possam se encontrar internadas em hospitais, residências e entre outros locais.
Vários países já optaram pelo suicídio assistido, como Holanda, Bélgica, Luxemburgo,
Canada e Colômbia, já a Suíça o suicídio assistido é permitido, porém não é necessário que
um médico preste assistência para o procedimento. Nos Estados Unidos 11 estados, existe a
legalização de uma prática que os estadunidense não chamam de suicídio assistido, chamam
de ajuda para morrer.
Já no Brasil o suicídio assistido é proibido, conforme a legislação brasileira, o procedimento é
criminalizado.

Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar


automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça:
(Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019).

8
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma;
ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio
resulta lesão corporal de natureza grave.
Parágrafo único - A pena é duplicada:
Aumento de pena
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a
capacidade de resistência. (BRASIL, 1940)

Para realizar o suicídio assistido o paciente precisa da prescrição de um fármaco, a


interpretação majoritária no Brasil é que o prescritor estaria cometendo um crime. A pena é de
dois anos a seis.

O suicídio assistido no Brasil é um grande vetor de discussões que acaba envolvendo questões
éticas e religiosas, que tem o poder de influenciar sob a legislação e também na possibilidade
de legalização da técnica no país.

A sociedade brasileira é fundada na moralidade judaico-cristã,


que entende a vida como um presente divino e não como algo
pertencente ao indivíduo; assim, temos dificuldade na defesa e
na aceitação do direito de morrer como um direito individual e
fundamental, esta moralidade está presente nas leis e nas
normas deontológicas brasileiras que proíbem a disposição
sobre a vida.

(Luciana Dadalto, Bioeticista e advogada com atuação


exclusiva em Bioética, doutora em Ciências da Saúde pela
Faculdade de Medicina de Minas Gerais e mestre em Direito
Privado pela PUCMinas.)

Alan Campos Luciano é psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da


Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, ele também é um dos autores do livro
Compreendendo o Suicídio (2021). Em uma matéria para o Jornal do Campus, Alan diz que a
assistência em saúde mental no Brasil é precária, que a prática do suicídio assistido requer
muita maturidade social, o que no país não é bem estabelecido. Ele também informa que hoje
o Brasil não tem uma estrutura pronta para conseguir avaliar a capacidade de consentir de
9
cada um, em cada momento, e tampouco garantir que foram oferecidas as melhores chances e
possibilidades antes de tomada de decisão sobre o suicídio assistido.

Além do suicídio assistido, existe a eutanásia, e a única diferença entre os dois é que na
eutanásia é a própria equipe médica que administra uma dose fatal de um medicamento no
paciente, enquanto no suicídio assistido o paciente recebe o comprimido. Existe ainda a
distanásia, que pode ser chamada de Obstinação Terapêutica, se refere a atos e condutas que
possam prolongar de modo artificial, a vida do paciente. Não existe uma perspectiva de
melhora no prognóstico ou na qualidade de vida, é apenas uma tentativa incessante de manter
o paciente vivo, custe o que custar. Na ortotanásia significa o não prolongamento do processo
de morte de um paciente com uma doença grave, permitindo que ela aconteça de forma
natural. Geralmente, ela está associada ao conceito de Cuidados Paliativos. E na mistanásia é
a morte miserável, seja por omissão, negligência ou incompetência de atendimento de saúde,
possa ser considerada uma morte indevida, precoce e evitável, associada a um erro médico,
que possa fazer com que o profissional de saúde venha a enfrentar processos e a perda de seu
CRM. Um exemplo disso é a situação de morte de moradores de rua que não recebem
assistência médica ou o mínimo de dignidade para viver.

6.2 Ramón Sampedro: O homem que lutou na justiça pela própria morte

Ramón Sampedro nasceu em 5 de janeiro de 1943 em Porto do Son, na Espanha. Ele foi um
marinheiro e escritor espanhol, que se tornou tetraplégico aos 25 anos, após sofrer um grave
acidente.
Quando era criança, Ramón tinha um sonho de se tornar marinheiro e viajar pelo mundo, aos
18 anos se tornou marinheiro. Aos 25 anos, Ramón sofreu um grave acidente, quando ao
mergulhar no mar bateu a cabeça em uma pedra, tal impacto lhe causou consequências
permanentes e irreversíveis.
De acordo com os médicos que cuidaram de Ramón, informou que o impacto sob a pedra
quase levou ele a óbito, porém graças aos esforços dos especialistas, Ramón retomou a
consciência, no entanto, havia perdido seus movimentos, o que acabou o tornando
tetraplégico. Sem poder andar e nem movimentar outros membros de seu corpo, apenas os
músculos do rosto, Ramón concluiu que para ele seria melhor ter morrido.
Platão consolida-se que o homem racional não deve recear a morte, seria, pois,
com tal desmembramento que a alma se depararia finalmente com o agente de seu
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desejo, de tal feita, não há nesse pensador uma condenação ao homem que
racionalmente e propositadamente escolhe o momento do próprio fim, sendo sem
embasamento uma lei que impossibilite o suicídio:

Talvez eu possa te ensinar algo sobre isso e provavelmente te


pareça estupendo, porque não é verdade que este caso é o mais
simples de todos e que não comporta dúvida alguma para o
homem: saber quando e a quem convém morrer ou viver? E
considerando que existem pessoas para as quais o melhor seria
estarem mortas, julgarás surpreendente que não se permita
suicidar-se àqueles que preferem a morte à vida e que sejam
obrigados a esperar por outro libertador (PLATÃO, 20003 ,
p.112) 
Após seu diagnóstico irreversível Ramón solicitou à justiça espanhola o direito de morrer, já
que não suportava mais viver, porém seu pedido de direito a eutanásia foi negado, pois na
época a lei espanhola caracterizava este tipo de ação como homicídio. A partir disso ele
solicitou que seus amigos e familiares o ajudassem a morrer sem infringir a lei. Ele conheceu
Aurora Bau, uma espanhola que era diretora da Associação Direito a Morrer Dignamente
(ADMD) que é uma das maiores ONGs que luta pela legalização da eutanásia. No ano de
1995, Aurora começou a oferecer tratamento psicológico e de amparo jurídico durante o
processo pelo pedido de eutanásia para Ramón.
Ramón acabou sendo o primeiro cidadão espanhol a pedir pela eutanásia, seus argumentos era
que as pessoas deveriam ter o direito de decidir como querem viver ou morrer, de forma digna
e também legalizada.
E quem, em um acesso de forte emoção, voluntariamente se
apunhala, pratica esse ato contrariando a reta razão da vida, e
isso a lei não permite; age, portanto, injustamente. Mas contra
quem? Certamente contra a cidade, e não contra si mesmo, pois
essa pessoa sofre voluntariamente, e ninguém é voluntariamente
tratado com injustiça. Por essa razão, a cidade pune o suicida,
punindo-o com certa perda de direitos civis, pois ele trata a
cidade injustamente (ARISTÓTELES, 2002, p.126).

Após ter seu pedido negado, Ramón acabou cometendo suicídio assistido no dia 12 de janeiro
de 1998, por envenenamento com cianeto de potássio, com a ajuda de sua amiga próxima,

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Ramona Maneiro. Ele gravou em vídeo os seus últimos minutos de vida. Nesta fita fica
evidente que os amigos colaboraram colocando o copo com um canudo ao alcance da sua
boca, porém fica igualmente documentado que foi ele quem fez a ação de colocar o canudo na
boca e sugar o conteúdo do copo.

A repercussão deste caso foi mundial, ficou em destaque na imprensa como suicídio assistido.
Ramona Maneiro foi incriminada pela polícia como sendo a responsável pelo homicídio,
porém um movimento internacional de pessoas enviou cartas "confessando o mesmo crime".
A justiça acabou alegando a impossibilidade de levantar todas as evidências, o que causou o
arquivamento do processo.
Em 2003 foi rodado um filme espanhol sobre a história de Ramón, com o diretor espanhol
Alejandro Amenábar. Porém a história ficou mundialmente famosa em 2016, quando o filme
inspirado em sua vida ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. O título do filme é Mar
Adentro. O diretor caracterizou o seu filme como sendo "una visión de la muerte desde la
vida, desde lo cotidiano, lo natural, desde un lado muy luminoso".
Antes de morrer, Ramón escreveu, ainda, Cartas desde el Infierno (1996) e Cuando yo caiga
(1998), em que conta toda sua experiência. 

6.3 Suicídio assistido e repercussão midiática

O que se refere a prática do suicídio assistido, a mídia em geral parece ter silenciado debates
acerca do tema. Apesar da existência de vários relatos que já ocorreram, como o caso de
Ramón Sampedro que teve uma repercussão mundial e ficou em destaque na imprensa como
suicídio assistido.
Além do caso de Ramón, um caso que teve grande repercussão midiática nos Estados Unidos
e trouxe novamente á tona o debate sobre suicídio assistido foi o da Brittany Maynard, uma
americana de 29 anos com câncer terminal.
Brittany procurou um médico porque sentia fortes dores de cabeça, os exames acabaram
revelando que a enxaqueca era decorrente de um grave tumor cerebral. Como o câncer
avançou rapidamente, os especialistas informaram a ela que só lhe restavam poucos meses de
vida. Também explicou que o desenvolvimento da doença lhe causaria muito sofrimento e dor
antes de acabar com sua vida.

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Por conta disso, Brittany junto com a sua família se mudaram para o Oregon, já que a lei
estadual permite que Brittany tenha acesso a um medicamento que possa acabar com a sua
vida sem causar dor.
Ela adiou seu suicídio assistido para poder passar mais tempo com a sua família. Ela explicou
que no momento ainda se sente bem o suficiente, portanto, acha que este não é o momento
adequado, porém ela informa que o dia de seu suicídio assistido chegará porque, a cada
semana que passa, sente que sua saúde está se deteriorando. No pensamento de Matilde
Josefina Sutter:
O suicídio assistido possui elementos especiais para sua
caracterização: é o suicídio de pessoa que tem diagnóstico
seguro de um mal gravíssimo e incurável sem possibilidade de
recuperação, com perspectiva de vida de poucos meses, e em
geral o mal de que padece é progressivo e doloroso, podendo
acarretar grande grau de dependência do cuidado de terceiros ou
falta de consciência. Cumpre acrescentar que comumente o
solicitante tem idade avançada, mas é capaz. Ante a
incapacidade de realizar o ato por si só, solicitar assistência do
médico. Essa assistência por parte de um médico, com
Juramento de Hipócrates que prevê fazer o bem e, se isto não
for possível, ao menos não fazer o mal, se constitui num dilema
(SUTTER, 2000)

Na citação acima observa-se o que possibilitaria para o indivíduo o privilégio de poder cessar
qualquer tipo de dor e sofrimento, traumas e até mesmo doenças degenerativas. Qual é o
sentido de sofrer tanto se a certeza do fim é a morte?
No dia 13 de setembro de 2022 o cineasta Jean-Luc Godard morreu aos 91 anos. Sua esposa
Anne-Marie disse que ele morreu pacificamente em sua casa, cercada por seus entes queridos.
Godard faleceu por meio do suicídio assistido, seus familiares informaram que ele não estava
doente, porém estava exausto e que foi sua escolha passar pelo procedimento.
Godard já tinha sugerido que não teria problema em optar pelo suicídio assistido em uma
entrevista que deu no ano de 2014, ele falou que se estiver muito doente, não quer ser
arrastado em um carrinho de mão de jeito nenhum. O cineasta passou pelo método na Suíça,
onde o suicídio assistido é legalizado e também é um dos poucos países a permitir que
estrangeiros realizem o procedimento.

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Outro caso que repercutiu na mídia foi a escolha do ator Alain Delon, de 86 anos. No começo
de 2022 ele tinha declarado em sua conta no Instagram em mensagem de despedida que optou
morrer pelo suicídio assistido, já que em 2019 ele sofreu um Acidente Vascular Cerebral
(AVC). A escolha do suicídio assistido foi porque ao acompanhar o sofrimento da sua esposa
que tinha a mesma intenção, porém ela faleceu em 2021 em decorrência de câncer de
pâncreas antes de conseguir as autorizações necessárias para optar pelo suicídio assistido. 
Um caso de suicídio assistido na Holanda ganhou repercussão internacional, após Marcel
Langedijk, de 44 anos, escrever um artigo para uma revista holandesa sobre a escolha de seu
irmão Mark, que quis encerrar sua vida por causa do alcoolismo.
Na Holanda desde 2002 tem uma lei que autoriza a opção do suicídio assistido para pessoas
que vivem "um sofrimento insuportável " e que não tem nenhuma perspectiva de melhora.
Marcel contou que o irmão lutava contra a doença havia oito anos e que tentou frequentar
centros de reabilitação por 21 vezes, até ver o suicídio assistido como opção.
Na maioria das vezes o suicídio assistido costuma ser utilizado principalmente em casos de
doenças degenerativas ou em estágio terminal. E foi exatamente por isso que a decisão que
permitiu a morte de Mark acabou atraindo tanto debate.

6.4 Contrapontos dos portais Estado de Minas e La Vanguardia

Os dois portais online fala sobre o suicídio assistido, porém o La Vanguardia é um portal da
Espanha e o Estado de Minas é do Brasil.

Na matéria do portal La Vanguardia, fala sobre o caso de Ramón Sampedro e como ele
conseguiu a sua morte digna há 20 anos, essa matéria foi feita no ano de 2018.
Na matéria do portal Estado de Minas, fala sobre Godard, que morreu por suicídio assistido na
Suiça, a matéria foi feita no ano de 2022.
Em ambas matérias tem uma linha fina e elas mostram sobre a vida de ambos e explica a
decisão de cada um, o motivo pela escolha do suicídio assistido, mas tem uma diferença no
caso do espanhol Ramón Sampedro, já que quando ele sofreu o acidente, ele tinha solicitado a
eutanásia, porém na Espanha a prática era proibida, anos depois com ajuda de alguns amigos
ele acabou optando pelo suicídio assistido. Já o caso do cineasta Jean-Luc Godard, que estava
morando na Suíça, onde a prática é permitida. Uma pessoa da família informou que Godard
não estava doente, estava apenas exausto.

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Em matéria publicada no dia 12 de janeiro de 2018, no portal La Vanguardia, além de contar
sobre a história de vida de Ramón, mostra como ele fez o ato do suicídio assistido, como seus
amigos ajudaram ele, comprando o cianeto, outro amigo calculou a proporção certa e outro
levou o veneno para a casa certa.
Já na matéria publicada 13 de setembro de 2022 no portal do Estado de Minas, explica sobre a
vontade do cineasta Jean-Luc Godard optar pelo suicídio assistido, em uma parte da matéria,
uma pessoa da família informou que "Ele tomou a decisão de acabar com isso. Foi sua
decisão e era importante para ele que ela fosse conhecida”.
Por mais que os portais sejam de países diferentes, ambos têm o mesmo objetivo de falar
sobre o suicídio assistido, porém o Estado de Minas aborda que a prática do suicídio assistido
no Brasil não é legalizado. Já no portal La Vanguardia, no final da matéria fala sobre um
homem chamado José Antonio Arrabal, que optou pelo suicídio já que foi diagnosticado com
esclerose lateral amiotrófica (ELA), antes de cometer o suicídio ele declarou em um vídeo que
acha ultrajante que o suicídio assistido e a eutanásia não sejam legalizados no país. Na
Espanha o suicídio assistido começou a ser legalizado no ano de 2021.
É possível observar que por mais que os portais estejam falando sobre o suicídio assistido,
tem suas diferenças já que ambos falam de pessoas diferentes, o que acaba trazendo uma
abordagem diferente. No portal do Estado de Minas o começo da matéria é falando que o
cineasta foi morto em uma terça-feira (13) aos 91 anos de idade. No portal La Vanguardia o
começo da matéria e informando que Ramón tinha tentado de tudo para conseguir a
solicitação da eutanásia.

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7. CRONOGRAMA

Descrição Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Pesquisa x
Inicial

Leitura x
Específica

Revisão x x
Bibliográfica

Aplicação de x
Questionários

Análise de x
Dados Obtidos

Seleção x x
Teórica

Referencial x x
Teórico

Introdução e x
Referências

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ESTADO DE MINAS. LUTO NO CINEMA. ESTADO DE MINAS, 1928. Disponível


em:https://www.em.com.br/app/noticia/cultura/2022/09/13/interna_cultura,1393306/godard-
morreu-por-suicidio-assistido-na-suica-afirma-jornal-frances.shtml Acesso em: 24/04/2023.

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Trad.: Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 2002
( Coleção A Obra Prima de Cada Autor).
LA VANGUARDIA. CASO PARADIGMÁTICO. LA VANGUARDIA, 1881. Disponível
em:https://www.lavanguardia.com/vida/20180112/434167725866/ramon-sampedro-
eutanasia-suicidio-aniversario-muerte.html. Acesso em: 24/04/2023.
PLATÃO. Apologia a Sócrates. Trad. André Malta. Porto Alegre: L&PM, 2010 (Coleção
Pocket). vol.701.
BBC News Brasil. Por que meu irmão alcoólatra escolheu a morte assistida. BBC News
Brasil, 1938. Disponível em:https://www.bbc.com/portuguese/geral-38161524. Acesso em:
13/04/2023.
G1. Suicídio assistido: entenda procedimento legalizado na Suíça pelo qual passou
cineasta Jean-Luc Godard. G1, 2006. Disponível
em:https://g1.globo.com/saude/noticia/2022/09/14/suicidio-assistido-entenda-procedimento-
legalizado-na-suica-pelo-qual-passou-cineasta-jean-luc-godard.ghtml. Acesso em:
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JORNAL DO CAMPUS. Suicídio assistido: entre o direito à morte e à vida. JORNAL DO
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em:http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2022/10/suicidio-assistido-entre-o-direito-a-
morte-e-a-vida/#:~:text=No%20%20pa%C3%ADs%2C%20%20tanto%%2020%20%20suic
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08/03/2023.

17
G1. A jornada de Alain Delon até optar por suicídio assistido. G1, 2006. Disponível em:
https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2022/03/31/a-jornada-de-alain-delon-ate-optar-por-
suicidio-assistido.ghtml. Acesso em: 26/04/2023.
TERRA. Americana com câncer terminal adia suicídio assistido. TERRA, 1999.
Disponível em:https://www.terra.com.br/noticias/mundo/estados-unidos/americana-com-
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assistido,f517eff3b4369410VgnCLD200000b1bf46d0RCRD.html. Acesso em: 26/04/2023.
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ALMEIDA, Tom. Diferenças entre Suicídio Assistido, Eutanásia, Distanásia, Ortotanásia
e Mistanásia. inFINITO, 2017. Disponível em:https://infinito.etc.br/diferencas-entre-
eutanasia-distanasia-ortotanasia-e-mistanasia. Acesso em: 21/04/2023

APÊNDICES

Resultados da pesquisa realizada no Google Forms

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