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Brazilian Journal of Development 119032

ISSN: 2525-8761

Crematório e memorial das cinzas: Uma solução para os atos fúnebres


de Tangará /SC

Crematory and memorial of the ahes: A solution of the Funeral acts to


the Tangará /SC
DOI:10.34117/bjdv7n12-594

Recebimento dos originais: 12/11/2021


Aceitação para publicação: 21/12/2021

Guilherme Cazarin
Graduando em Arquitetura e Urbanismo
Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC)
Rua Paese, 198, Bairro Universitário - Videira, Santa Catarina
E-mail: guilherme.c@unoesc.edu.br

Jeferson Eduardo Suckow


Especialista em Geopolítica e Educação Ambiental
Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC)
Rua Paese, 198, Bairro Universitário - Videira, Santa Catarina
E-mail: jeferson.suckow@unoesc.edu.br

RESUMO
Esta pesquisa se faz a um anteprojeto de Crematório e Memorial das Cinzas, a ser
implantado no município de Tangará (SC). Tem por objetivo a solução de um problema
que o município vem enfrentando com a superlotação do cemitério municipal, devido a
mortes naturais e até mesmo as mortes causadas pela pandemia que estamos enfrentando
durante os dias de hoje. Visando isso, este estudo compreende as crenças religiosas para
que seja possível atender os aspectos culturais de cada religião presente na sociedade, e
ainda a necessidade de combater a proliferação da COVID-19. Para que este projeto seja
elaborado de forma funcional e coerente com a realidade da região, realizou-se estudos
de caso os quais serviram de base para o desenvolvimento de um plano de necessidades.
Com este plano de necessidade delimitou-se o organograma e fluxograma com fins de
setorização. Por fim foi desenvolvido um conceito e um partido arquitetônico, a fim de
nortear o projeto e trazer um significado para a proposta.

Palavras-chave: Arquitetura, Crematório, Memorial, Ato Fúnebre.

ABSTRACT
This research is carried out on a preliminary project for a Crematorium and Memorial das
Cinzas, to be implemented in the city of Tangará (SC). Its objective is to solve a problem
that the municipality has been facing with the overcrowding of the municipal cemetery,
due to natural deaths and even deaths caused by the pandemic that we are facing today.
With this in mind, this study understands religious beliefs so that it is possible to meet the
cultural aspects of each religion present in society, and also the need to combat the
proliferation of COVID-19. In order for this project to be designed in a functional and
coherent way with the reality of the region, case studies were carried out which served as
a basis for the development of a plan of needs. With this plan of need, the organization
chart and flowchart were delimited with the purpose of sectorization. Finally, a concept

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and an architectural design were developed in order to guide the project and bring
meaning to the proposal.

Keywords: Architecture, Crematorium, Memorial, Funeral Act.

1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como propósito a análise e posterior elaboração de
anteprojeto arquitetônico de um crematório e memorial de cinzas. Esta temática, embora
abrace a dor psicológica dos humanos, em relação à morte e ao ato fúnebre, acolhe
principalmente as questões ambientais e seus impactos como fatores determinantes para
seu desenvolvimento.
O ato de cremação, como consta na Revista Interativa (2020), tem registros
datados de que no mundo ocidental, por volta do séc. 10 a.C.. Os gregos já queimavam
os corpos em fogo aberto e enviavam as cinzas para a cidade de origem. Todavia essa
prática tão antiga e ao mesmo tempo moderna vem sendo utilizada por uma quantidade
ínfima da sociedade, que ainda opta por fazer do sepultamento do corpo um ato cotidiano.
Durante o período dos séculos XVIII e início do XIX, os funerais eram parte da
rotina da humanidade, e grande parte da população acreditava que a morte não era o final
da vida e sim a passagem do espírito para outro plano não terrestre. Existia muita distinção
no tratamento da morte de acordo com as classes sociais e a desigualdade está presente
na sociedade tanto no mundo dos vivos quanto dos mortos (Equipe Brasiliana
Iconográfica).
O município de Tangará, no estado de Santa Catarina possui um número estimado
de 8.662 habitantes (IBGE 2020). O cemitério da cidade, quando da sua construção, não
foi concebido com o devido planejamento e, com esta falta deste, tem como consequência
atual, a descoberta de uma nascente hídrica, fato constatado através de uma denúncia,
confirmada no ano de 2015. Em setembro de 2020 realizou-se um projeto para a
ampliação do cemitério, o qual encontra-se em andamento no Instituto do Meio Ambiente
de Santa Catarina (IMA), contudo, sem previsão de aprovação ambiental.
Segundo o art. 255, da Constituição da República (2016), todos têm o direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

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Considerando que somente no ano de 2020 o município de Tangará registrou 63


óbitos (DATASUS 2021). E que atualmente o cemitério municipal consta com 1.166
unidades de sepulturas como verificado in loco, e todas ocupadas, chega-se ao fato de que
o atual cemitério não possui mais locais para sepultamentos. Com isso o município
decretou a exumação e retirada de três sepultamentos existentes em solo, para com isto,
realizar novos gaveteiros no local, visto a superlotação.
Assim, o presente trabalho justifica-se na necessidade de uma solução para o alto
grau de ocupação no cemitério municipal de Tangará, relacionando-o com os impactos
ambientais causados pelo chorume e pelos líquidos injetados no corpo no processo da
tanatopraxia que, com o passar do tempo, acabam indo para o solo e águas subterrâneas.
Surge então, uma preocupação em proporcionar alternativas que possam solucionar ou
minimizar tais problemas.
Dentre as alternativas, atualmente o crematório mostra-se viável neste processo
de deposição, e até mesmo quanto a substituição dos cemitérios, visto o fato de que a
cremação, está sendo a forma mais viável tanto nos aspectos ambientais quanto nos
econômicos, além de ser mais ecologicamente correta. (ECOBR 2009)
Diante do exposto, surge o questionamento: como elaborar um anteprojeto
arquitetônico para um Crematório e Memorial de Cinzas, que substitua o ato de
sepultamentos, atendendo ainda atos fúnebres e garantindo conforto aos usuários de
Tangará - SC?

2 METODOLOGIA
Para a realização deste trabalho utilizou-se a metodologia de caráter exploratório,
que segundo (GIL, 2008), tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o
problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Consiste na
primeira etapa de uma investigação mais ampla. Desta forma para a elaboração do
trabalho foram utilizados diversos referenciais teóricos como: livros, artigos e materiais
virtuais, como normas e leis vinculadas ao tema.
Utilizou-se também a metodologia de caráter quali-quantitativa, a qual, segundo
(KNECHTEL, 2014), é possível uma interpretação de informações quantitativas
utilizando-se de meios numéricos e qualitativos por meio de observações, interações e
interpretação da manifestação dos sujeitos.
Foram realizados estudos bibliográficos e estudos de caso sobre crematórios e
memoriais de cinzas, estes em esfera nacional, e internacional, com o intuito de buscar

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melhores alternativas e soluções para implantar o projeto no município. Assim torna-se


possível definir o conceito e partido arquitetônico, que irá direcionar o desenvolvimento
de um projeto apropriado para o município de Tangará – SC.
Finalizada a etapa teórica e de campo, inicia-se os estudos dos terrenos, onde se
realiza os levantamentos e estudos das condicionantes (taxa de ocupação, coeficiente de
aproveitamento, análise de ventos predominantes, entre outros). Em seguida, com o
melhor terreno definido, para a implantação do projeto, dar-se-á início ao estudo de
diretrizes, conceito e partido arquitetônico, setorização, estudo de manchas, pré-
dimensionamento, organograma, fluxograma e programa de necessidade e por fim o
desenvolvimento do projeto final em nível de anteprojeto.

3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 MORTE

A morte é um fato natural, assim como o nascimento, a sexualidade, o riso, a


fome ou a sede, e, como tal, é transclassista. Diante dela todos os homens se
igualam: sua foice é desferida indiscriminadamente, sem levar em
consideração o status daqueles a quem escolhe; todos devem morrer, jovens e
velhos, ateus e crentes, homens e mulheres, brancos e negros — sejam ricos
ou pobres. Relativizando todas as condições sociais, a morte nos mostra a
absoluta igualdade entre os homens, nivelando-os ao mesmo destino
(MARANHÃO, EBOOK 2017 p. 16).

A morte sempre acompanhou as civilizações, faz parte de um ciclo natural,


estando desde o início seguindo o homem desde o nascimento. Culturalmente, cada povo
criou sua maneira de relacionar-se com esse evento futuro e certo, criando seus rituais,
dogmas, crenças etc. Apesar de tudo, a morte sempre esteve claramente demonstrado
como o destino de todas as almas. (GUANDALINI, 2010)
Sobre a morte qual sua real definição? A palavra “morte” significa a ausência
definitiva de alguma coisa, ou seja, o término completo da vida. A partir do momento em
que o homem se conhece por gente uma coisa ele já sabe, que irá morrer, mas não se sabe
onde, quando e nem o motivo, mas isto é certo. (SANTOS, 2015)
De certo modo, a morte traz discussões envolvendo religião, cultura e suas
diversidades pessoais. Não seria possível chegar a um consenso sem passar por ela (a
morte), e no entendimento de muitos isso seria não mais voltar ao mundo, por outro lado
há quem pense que exista volta para esse acontecimento. Desse ponto nasce uma dúvida,

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se algum dia será possível definir a morte pela crença do espiritismo (SILVA;
VAZ,2002).

3.2 A MORTE PARA RELIGIÃO PREVALENTES NA REGIÃO


As diversas religiões que existem no mundo são particulares em si, entretanto
existem vários pontos em comum. Essas diferenças e semelhanças são fruto de
pensamentos próximos/parecidos, tendo em vista que a religião é puramente humana. É
de suma importância destacar o caráter escatológico da morte. (SILVA; VAZ, 2002).
Em pesquisa realizada, pelo autor a fim de identificar, quais as religiões mais
praticadas no município, para que o crematório, atenda cada uma delas sem distinção

Gráfico 1

FONTE: o Autor (2021)

No catolicismo, a morte está relacionada com um céu, um inferno e um purgatório,


conforme os atos do homem na terra, a alma se dirige para um desses lugares. O
catolicismo crê na imortalidade e na ressurreição e não na reencarnação da alma.
(NASCIMENTO, 2008)
No espiritismo a morte está relacionada com a continuação da vida em um plano
espiritual ou na reencarnação em outro corpo. A morte é apenas a passagem do espírito
do mundo físico para a vida no mundo espiritual. (NASCIMENTO, 2008)
Para a Igreja Evangélica a morte é como no catolicismo: acreditam no julgamento
(céu ou inferno) e na imortalidade. A distinção é que o corpo faz uma viagem e só
acontecerá a ressurreição quando Jesus voltar a terra na chamada “Ressurreição dos
Justos” (NASCIMENTO, 2008)

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Na Igreja do Sétimo Dia, a morte é relacionada como um sono profundo até o


momento da ressurreição, para quem cumpriu o papel na terra receberá a graça da vida
eterna. (NASCIMENTO, 2008)
Na Umbanda acredita-se que tudo o que tem vida volta às origens, assim que
morre depois renasce. Crê também, que o espírito passa por privações. O umbandista tem
conexão com os espíritos superiores que mostram o caminho a seguir. (NASCIMENTO,
2008)
Desse modo, pode ser observado que as religiões existentes na região têm formas
diversas de tratar a morte. A morte como um julgamento de céu e inferno, a ressurreição,
ou a volta às origens, cada qual demonstra a importância desse ato para suas crenças,
sendo de suma importância o ritual que existe por trás disso, trazendo não apenas uma
forma de sepultamento do corpo, mas um cortejo para as crendices da alma.
(NASCIMENTO, 2008)

3.3 CREMAÇÃO
A cremação surgiu na idade da pedra em grande parte da Europa, onde se tinha a
prática de queimar os mortos para evitar a aproximação de predadores. A cremação é um
ato aceito em apenas algumas religiões como o cristianismo, budismo e espiritismo, por
outro lado os judeus e mulçumanos proíbem esse tipo de ato fúnebre (JUNIOR, MUNIZ,
CRUZ; 2017).
O ato da cremação se expandiu melhor nos países escandinavos, como na Suécia,
Dinamarca, Islândia e em outros países da Europa. Nestas regiões há cada vez mais o
aumento de cremações, sendo os crematórios construídos em locais densamente povoados
(JUNIOR, MUNIZ, CRUZ; 2017).
O primeiro crematório no Brasil foi construído em São Paulo, conhecido como
Crematório Doutor Jayme Augusto Lopes ou até mesmo como Crematório Vila Alpina,
foi o primeiro a ser construído e entrar em funcionamento no Brasil e na América latina.
Nos dias de hoje a cremação vem sendo mais utilizada, pela falta de espaço nos cemitérios
brasileiros, principalmente nos públicos e, por ser um dos meios de sepultamentos que
reduz a contaminação do meio ambiente. (JUNIOR, MUNIZ, CRUZ; 2017).
A cremação acontece na sequência de uma cerimônia de 24 horas onde o corpo é
velado por seus familiares e amigos e após esse tempo o morto é levado ao forno em um
ataúde próprio que segue as determinações do CONAMA, que os torna ecologicamente
correto, onde o corpo é convertido em cinzas, com a utilização de um forno elétrico

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especial, no qual suporta uma temperatura de 1000ºC podendo chegar a 1400ºC. Com
esse grau elevado o corpo entra imediatamente em combustão e o calor gerado destrói os
tecidos corporais, sem a ação direta da chama, assim o corpo é desassociado por
autocombustão. (L. FORMOLO)
Segundo LANDI (2010, apud BARON, 2015 p. 22), o método de cremação é uma
das maneiras para resolver o problema da superlotação dos cemitérios, porém não é
dispensável uma avaliação dos impactos causados pelo processo de incineração de um
corpo.

3.3.1 Resíduos efluentes, e drenagem


Conforme ECOBR (2009), este serviço funerário, não gera efluente líquidos,
desse modo a drenagem é caracterizada pelos efluentes convencionais de esgoto. A
drenagem de um crematório é igual a um sistema comum presente nas instalações
prediais.
Os resíduos produzidos nesse processo são das peças que não são cremadas, que
são constituídos por vidro, alças laterais que não são confeccionadas em madeiras, e todo
material que é considerado impróprio para o ato. Esses materiais são devidamente
descartados, podendo ser encaminhado para empresas terceirizadas, que irão dar o correto
tratamento a estes materiais. Ainda existem outros resíduos, que possuem caráter
doméstico que são, os lixos dos sanitários, embalagens de produtos entre outros, que
deverão ser separados e descartados em lugares apropriados conforme a tipologia de cada
lixo (ECOBR, 2009).

3.4 LEIS E NORMAS CONCERNENTES AOS CREMATÓRIOS


3.4.1 Lei federal brasil
Conforme a Constituição Federal Brasileira de 1988, aborda que um crematório é
um serviço público de interesse local. Exclusivamente no artigo 30, incisos I, V e VIII, é
abordado que este tipo de serviço pode ser prestado por concessão, permissão ou ainda
pelo poder público. (SEBRAE).
Segundo a Lei 6.075/73, no capítulo IX, fala sobre o óbito e no 2º parágrafo fala
sobre a cremação:

A cremação de cadáver somente será feita daquele que houver manifestado a


vontade de ser incinerado ou no interesse da saúde pública e se o atestado de

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óbito houver sido firmado por 2 (dois) médicos ou por 1 (um) médico legista
e, no caso de morte violenta, depois de autorizada pela autoridade judiciária.

3.4.2 Lei e decreto estadual de santa catarina


A legislação estadual que tem como prerrogativa legislativa de normas sanitárias
que devam ser seguidas, arguindo locais onde serão feitos o armazenamento de restos
mortais é a Lei de número 6.320/83 - a qual dispõe no Capítulo IV sobre “cemitérios,
disposição translado de cadáveres e necrotérios”.

Art. 48 - Toda pessoa proprietária de ou responsável por cemitério, deve


solicitar prévia aprovação do serviço de saúde, cumprindo as normas
regulamentares, entre as quais os referentes ao projeto de implantação,
localização, topografia e natureza do solo, orientação, condições gerais de
saneamento, vias de acesso e urbanismo.
§ 1º Para os efeitos desta lei, cemitério é o local onde se guardam restos
humanos, compreendendo-se, nesta expressão, corpo de pessoas falecidas ou
parte em qualquer estado de decomposição.
§ 2º Os sepultamentos de pessoas somente serão efetuados após apresentação
de declaração de óbito, outorgado em formulário oficial devidamente
registrado.
Art. 49 - Toda pessoa responsável por sepultamento, embalsamento, entre as
quais os referentes a prazo do enterro, translado e transporte de cadáveres,
técnicas, substâncias e métodos empregados.
Parágrafo único. Na suspeita de óbito ocorrido por doença transmissível, a
autoridade de saúde poderá exigir a necropsia e/ou exumação para verificar a
causa básica do óbito.
Art. 50 - Toda pessoa, para construir, instalar ou fazer funcionar necrotério
ou similar, deverá cumprir as normas regulamentares, entre as quais as que
dispõem sobre localização, projeto de construção e saneamento.

Seguindo o mesmo direcionamento da lei número 6.230/83, o decreto 30.570 está


diretamente ligado ao crematório como construção, o caseiro responsável e requisitos
para um crematório. Vejamos:

Art.15 – A pessoa responsável pela construção e instalação de crematórios


deve solicitar prévia aprovação de seu projeto à autoridade de saúde.
Parágrafo único. O projeto deve estar instruído com os comprovantes de sua
aprovação pelo órgão encarregado da proteção do meio ambiente.
Art.16 – A pessoa responsável pela construção e instalação de crematórios
deve provê-los de câmaras frigoríficas e de sala para necrópsia, devendo esta
atender aos requisitos estabelecidos no item I do art.13 deste regulamento.
Art.17 – Os crematórios devem possuir ao seu redor, áreas verdes de no
mínimo 20.000m².

3.4.3 Lei municipal


O município de Tangará, por ser uma cidade de pequeno porte habitacional, possui
apenas um cemitério municipal, que nos dias de hoje encontra-se superlotado, com isto o

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Decreto nº 068, De 30 de Agosto de 2013. Regulamenta o Uso e Ocupação no cemitério


Municipal e dá Outras Providências.
O município não possui uma legislação específica para crematório na cidade,
assim sendo deverá ser seguido a Legislação Estadual e Federal.

3.5 ESTRUTURA DE UM CREMATÓRIO


Ao falar sobre cremação, ao contrário do que muitos pensam, a cremação não é
um procedimento caro. Mas claro, este processo exige equipamentos e recursos de alta
tecnologia, mas este ato fúnebre tem um custo consideravelmente acessível, se
considerarmos que representa um custo reduzido em relação aos sepultamentos
tradicionais. Já os túmulos necessitam de cuidados e causam uma certa despesa. A
cremação além de ser mais barata que a compra de um jazigo, túmulo ou gaveta, não
existe uma taxa de manutenção, pois as cinzas podem ser levadas para a casa ou até
mesmo espalhadas pela natureza (SEBRAE).
Segundo a Cartilha do SEBRAE, a estrutura do crematório pode ser modesta em
tamanho, mas é necessário ter um espaço suficiente para os seguintes ambientes:

Toda essa estrutura acima deverá ser dimensionada na elaboração do plano de


negócio, dependendo qual o porte do empreendimento.

3.6 ANÁLISE DE PÚBLICO-ALVO


Para a definição do público-alvo da atividade fúnebre de cremação, tem sua
caracterização pelos familiares dos de Cujos (falecidos), que geralmente são aptos a
buscarem anseios para a realização do cortejo fúnebre e atos penitenciais para a cremação
dos restos mortais de seus entes queridos.

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Foi realizada uma pesquisa, onde foi constatada uma porcentagem de como as
pessoas gostariam de ser sepultadas, conforme o Gráfico 2 e 3.
Gráfico 2

Fonte: O autor. (2021)

Gráfico 3

Fonte: O autor. (2021)

Com a realização desta pesquisa, que foi de suma importância para a concepção
do entendimento, de como as pessoas do município, em sua grande maioria católica,
desejariam ser sepultadas e terem seus atos fúnebres feitos aqui na terra. E que,
atualmente, existe a possibilidade de escolher a forma de como quer ser sepultado. E,
consequentemente, com a pesquisa realizada foi possível observar que quase 80% das
pessoas entrevistadas já tiveram pensamentos de como querem ser sepultados aqui na
terra.

3.7 ORGANOGRAMA E FLUXOGRAMA


O Fluxograma e Organograma pretendem setorizar e estabelecer os fluxos e
relações entre os ambientes propostos para a construção do Crematório e Memorial das
cinzas, direcionando tal qual a necessidade e organizando os ambientes dentro do

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crematório proposto. O organograma é uma forma de organizar os setores, sendo o


fluxograma quem estabelece a distribuição dos ambientes e seus acessos na edificação.

Organograma

Recepção
Administrativo Comércio
Sanitários Seviço
Salas de Velório Cremação

Público
Privado
Fonte: O Autor (2021)

Já o fluxograma é possível entender de forma mais detalhada a organização interna


e externa da edificação, caracterizada por público, semipúblico e privado, direcionando
exatamente onde cada parte será dividida na construção, vejamos:

Fonte: O Autor (2021)

3.8 CONCEITO ARQUITETÔNICO


O Conceito arquitetônico é a definição por meio de palavras, é o pensamento, a
ideia e a opinião. Ou seja, a intenção, a sensação que a edificação irá passara aos usuários.
(PENNA,2018)
A escolha do conceito arquitetônico do anteprojeto do Crematório e Memorial das
Cinzas está relacionada com a “Fênix”. Por ser uma ave mitológica, possui um
significado importante para esse tema, isso porque segundo a mitologia grega a Fênix tem

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a capacidade de renascer de suas próprias cinzas, depois de ser consumida pelo fogo. A
ideia projetual é um lugar que representa a força, renascimento e a imortalidade.

3.8.1 Partido arquitetônico


O partido arquitetônico nada mais é, de como representar o conceito em formas
arquitetônicas, ou seja, a forma que os elementos serão explorados a fim de ilustrar a ideia
inicial.
Os elementos utilizados para representar a sensação de força, será o concreto, a
madeira e jardins, internos e externos. Para simbolizar o renascimento será utilizado uma
cobertura retrátil, que a partir da abertura será realizada a soltura de uma única pomba,
por cremação dando o sentimento. Para a imortalidade será empregado linhas retas e a
aplicação de vidros, demostrando a horizontalidade que não tem fim.

4 LOCALIZAÇÃO DO TERRENO ESCOLHIDO


Com a escolha da área de intervenção, foi elaborado o estudo de manchas, como
está ilustrado na Figura 01, a fim de pré-definir onde ficará à disposição dos setores no
terreno de modo a facilitar o desenvolvimento do anteprojeto. Para elaborar este estudo
utilizou-se resultados obtidos através das análises anteriormente feitas, por meio do
levantamento de dados do terreno e pelo resultado do organograma e fluxograma.

Figura 011 Estudo de mancha

Fonte: Google Earth adaptado pelo autor (2021)

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio deste estudo, com base nos dados levantados, e o desenvolvimento do
referencial teórico a fim de desenvolver o projeto arquitetônico de um Crematório e
Memorial das Cinzas na cidade de Tangará – SC. No qual irá ajudar a solucionar a
superlotação do cemitério municipal da cidade.
As análises até aqui realizadas, são de grande importância para a elaboração da
proposta arquitetônica estudada, onde se obteve informações significativas sobre a
concepção dos espaços necessários para esta edificação.
Com os estudos de casos foi possível compreender as funcionalidades de cada
ambiente nos Crematórios, assim foi possível realizar o plano de necessidade e o pré-
dimensionamento. Com isto foi desenvolvido o estudo dos possíveis terrenos, para a
implantação do mesmo, seguindo as diretrizes do plano diretor municipal.
O conceito e partido, servirá de norteador para a elaboração da proposta
arquitetônica, fazendo que as famílias enlutadas tenham forças, esperanças e calma.
Conclui-se então que o crematório é a forma mais ecologicamente correta nos dias
de hoje, nos aspectos ambientais, por se tratar de sepultamentos já que os cemitérios estão
sendo cada vez mais superlotado devido a consequência da pandemia em que estamos
enfrentando, além as mortes naturais. Assim gerando ainda mais a poluição no meio
ambiente.
Diante dessa situação o Crematório e Memorial das Cinzas, será uma forma de
impedir a sobrecarga que o cemitério municipal está tendo e evitar ainda mais poluição
no meio ambiente.

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REFERÊNCIAS

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CHING, Francis D.K.; Arquitetura de Interiores Ilustradas: subtítulo do livro. 2. ed.


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