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CAMINHOS NEGROS: REDESCOBRINDO RIO GRANDE

Educação

Coordenador(a) da atividade: Rita RACHE


Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
Autores: Alisson. JUSTAMANT1; SIQUEIRA, Chendler2;Rita. RACHE3

Resumo:
O projeto Caminhos Negros: redescobrindo Rio Grande busca o reconhecimento histórico
e territorial da população Negra na cidade do Rio Grande, que é marco histórico por ser a
mais antiga do estado do Rio Grande do Sul, tendo completado 283 anos de fundação.
Dessa forma, por meio de uma abordagem colaborativa, em que a população Negra
interage em todo o processo, é proposta a demarcação de 10 pontos com simbologia da
territorialidade e história desta comunidade no município. Essa proximidade aconteceu
inicialmente em uma reunião de apresentação do projeto no salão nobre da Prefeitura de
Rio Grande, onde foram exibidas 26 propostas de territórios, bem como os 10 pontos mais
votados pela plataforma Decide Rio Grande, que atualmente estão em processo de
emplacamento.
Palavra-chave: Territórios Negros; Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e
Africana; Lei nº 10.639/2003.

Introdução
A história do município de Rio Grande/RS é marcada pela chegada de portugueses
e construção de fortes e outras obras, realizadas por meio da mão de obra de pessoas
escravizadas. Logo, somos uma cidade de descendência lusitana e africana. Pelos
Caminhos Negros, rememoramos nossa ancestralidade negra, que com o processo de
colonização sofre grande depreciação do seu legítimo valor.
Sendo assim, o objetivo do projeto é dar visibilidade histórica e sociocultural à
população Negra nesse município, por meio da identificação, mapeamento e demarcação
dos principais territórios de importância e concentração da comunidade negra, criando um

1
Alisson Ferreira Justamant , graduando de Licenciatura em Artes Visuais na Universidade Federal do Rio
Grande - FURG
2
Coordenador Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do município de
Rio Grande – RS e membro do Conselho Municipal de Povo do Terreiro de Rio Grande.
3
Rita Patta Rache, Docente do Instituto de Letras e Artes da Universidade Federal do Rio Grande - FURG.
circuito/percurso que visa promover ações educativas voltadas à implementação da Lei nº
10.639/2003 (BRASIL, 2003), das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das
Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de Historia e Cultura Afro-Brasileira e Africana
(BRASIL, 2004) e do Estatuto da Igualdade Racial (BRASIL, 2010).
Através das ações que propomos, buscamos desconstruir a histórica estigmatização,
criminalização, segregação e invisibilidade do povo negro, evidenciando sua contribuição
na formação de nosso patrimônio material e imaterial. O projeto foi elaborado em parceria
com a Secretaria de Município de Cidadania e Assistência Social (SMCAS) e vem sendo
executado conjuntamente com a mesma e representantes do Movimento Negro,
envolvendo também a Secretaria de Município da Educação (SMED) e a Secretaria de
Município da Cultura (SeCULT).
Metodologia
Inicialmente, realizou-se uma pesquisa para a escolha dos locais/territórios que
serão demarcados, por meio de uma enquete na plataforma digital Decide Rio Grande, com
26 opções previamente identificadas. Esse mapeamento prévio foi apresentado e discutido
em um encontro aberto à comunidade, no qual foram definidos os locais/territórios onde
serão fixadas placas de identificação.
A segunda etapa consistiu na criação de um Grupo de Trabalho (GT), envolvendo
representantes da FURG, de secretarias da Prefeitura e do Movimento Negro, para
elaboração dos textos para as placas dos locais escolhidos pela comunidade.
Dando continuidade às ações, neste ano, pretende-se finalizar a arte das placas
(contendo nome, descrição histórica na perspectiva do povo negro, e imagens), e
encaminhá-las para produção e fixação nos devidos locais. Também está sendo criado um
site ou blog para hospedar todas as informações dos lugares identificados, o qual será
divulgado nas placas, para que as pessoas possam acessar o material levantado e produzido
ao longo do Projeto.
Em 2021, juntamente com a SMED e a SeCULT, será traçado um percurso com
mediação cultural, voltado às escolas da rede municipal de educação. Serão realizadas, ao
menos, 10 visitações. Durante as visitas mediadas, será produzido material visual e
audiovisual para registro, publicação nas redes sociais, produção das artes gráficas e, no
futuro, materiais educativos que subsidiem as ações de mediação e um minidocumentário
do Projeto.
Desenvolvimento e processos avaliativos
Até o momento os objetivos foram parcialmente alcançados. A enquete para decidir
o roteiro das placas obteve sucesso, uma vez que teve satisfatória participação pública, e,
posteriormente, possibilitou a formação de um arcabouço de sugestões.
A reunião aberta para apresentação do projeto e definição dos locais demarcados
também contou com ampla participação de representantes da sociedade civil do Rio
Grande, resultando na definição de 10 locais/territórios: Estátua de Yemanjá e
Acampamento no campo do Praião; Docas do Mercado; Geribanda (Praça Tamandaré);
Largo das Quitandeiras (Largo Dr. Pio); Bairro Getúlio Vargas; Negras Minas (fundos da
Igreja do Bonfim/Cemitério do Bonfim); Praça 7 de Setembro (antigo Forte/Presídio Jesus
Maria José ) - Busto de Carlos Santos - Igreja Nossa Senhora da Conceição; E.E.E.F.
Marcílio Dias/Estátua de Marcílio Dias; Capela de São Francisco/Salão Nobre da PMRG
Dep. Carlos Santos/Monumento Silva Paes; e Praça Barão de São José do Norte.
Atualmente, estão sendo finalizadas as artes para as placas, as quais serão instaladas
após o período pandêmico. A construção das plataformas digitais do projeto, bem como a
realização das demais metas estabelecidas também estão na dependência do fim da
pandemia e retorno das atividades escolares.
Considerações Finais
Acreditamos que esses percursos possam ser um importante instrumento para a
aplicação da Lei 10.639/2003 (BRASIL, 2003) e as Diretrizes Curriculares Nacionais para
a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de Historia e Cultura Afro-
Brasileira e Africana (BRASIL, 2004) no âmbito educação formal e não-formal, no
combate à uma educação não plural, e a favor de uma educação antiracista e inclusiva.

Referências
BRASIL. Lei nº 10.639 de 9 de janeiro de 2003. D.O.U. de 10 de janeiro de 2003. Altera a
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática
"História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências.

___. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais


e para o Ensino de Historia e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília: MEC, 2004.

___. Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010. Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera
as Leis nos 7.716, de 5 de janeiro de 1989, 9.029, de 13 de abril de 1995, 7.347, de 24 de
julho de 1985, e 10.778, de 24 de novembro de 2003.

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