Um diálogo entre o Estrangeiro de Eléia e seu interlocutor, o jovem
filósofo Teeteto, tenta definir o Sofista por analogia e dicotomia, com o objetivo de averiguar sua verdadeira natureza. Ao mesmo tempo, a definição do sofista tornou-se o parâmetro da conceituação do filósofo, explicando as diferenças fundamentais de método e motivação entre os dois. Nesta obra, ao criticar os sofistas como produtores de simulacros da verdade, Platão dota os filósofos da capacidade de produzir discursos verdadeiros a partir da dialética. Mentiras referem-se a coisas que são "opostas" às coisas reais, isto é, "são os não seres". Para Platão, essa conclusão seria um refúgio para o sofista que tentaria refutar sua acusação, baseado na teoria de Parmênides de que o não-ser é impensável e indizível. Ao contrario da teoria Pamenidiana, Platão investe na afirmação do não-ser como alteridade do ser e não necessariamente como o contrário do ser, e assim, demonstrando a possibilidade da existência de falsidade em um discurso. Nesse diálogo de Platão, portanto, estão em primeiro plano os debates em torno do discurso falso versus o discurso verdadeiro – relacionados à análise que estabelece o não-ser como o oposto do ser – e as estratégias para relegar a sofistica a um plano inferior do conhecimento, em oposição ao conhecimento avançado em filosofia. Por outro lado, superando as posições opostas das doutrinas pluralista e monista do Ser, e sua irredutibilidade ao movimento (Heráclito) e ao repouso (Parmênides), Platão afirma o verdadeiro Ser ao mesmo tempo, é uno ( relativo às suas cópias finitas no mundo dos sentidos) e múltiplo (relativo à infinita variedade de formas), propondo assim uma nova teoria do ser, o ser metafísico.