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PARECER COMPORTAMENTAL 52°

 
O referido parecer comportamental se baseia na história relatada por Evelyn, considerando todas
as sessões frutíferas e infrutíferas realizadas com a paciente, após análise cuidadosa sobre
os elementos psicológicos e emocionais presentes no caso narrado por Evelyn e em suas ações,
para entender a natureza do ocorrido, bem como os traumas e memórias decorrentes do fato
trazido pela mesma.

A avaliação se estrutura em alguns pontos-chaves.

A paciente contou que Ulisses alega que


o ato foi consensual, mas ao analisar à luz do contexto e das circunstâncias descritas, embora
eles possam ter tido encontros consensuais anteriores, o relato de Evelyn sugere uma mudança
drástica no comportamento de Ulisses, com agressividade e violência não consentida.
 
Então, em se tratando dos padrões de comportamento, o fato de Evelyn ter concordado com
situações similares anteriormente não invalida a possibilidade de que um encontro específico
tenha cruzado uma linha consentida. A mudança na intensidade e natureza do comportamento
de Ulisses, bem como suas ações agressivas, sugere uma quebra de padrões estabelecidos.
 
O estado emocional de Evelyn após o incidente é crucial para a compreensão do que aconteceu.
O fato de ela ter ficado deprimida e não ter conseguido viver normalmente por mais de um mês
indica que algo traumático aconteceu. Suas reações emocionais são coerentes com a
experiência de uma vítima de estupro, que frequentemente experimenta sentimentos de
desamparo, vergonha, culpa e depressão.
 
Destaca-se também os sinais físicos, pois observei os pequenos hematomas nos pulsos e
tornozelos de Evelyn, além de que ela contou que também tinha marcas na região vaginal, e
esses são indicativos de força física e agressão. Esses também são indicativos de um trauma.
 
A explicação de Ulisses de que Evelyn estava "interpretando" uma mulher violada não leva em
consideração os aspectos emocionais e psicológicos envolvidos. Mesmo se ambos tivessem
praticado atos consensuais de encenação no passado, a presença do medo, dor, humilhação e
reação negativa de Evelyn durante o encontro em questão sugere que a situação excedeu os
limites previamente acordados.

O fato de Evelyn ter gritado para que Ulisses parasse, combinado com o uso de amordaçamento
e agressões físicas, sugere um padrão de coerção e falta de respeito pelo bem-estar emocional
dela. Esses elementos são característicos de um cenário de estupro, onde a vítima se sente
impotente diante da violência.
Em resumo, como psicóloga comportamental, considero que a história relatada por Evelyn
possui vários indicadores psicológicos e emocionais consistentes com um caso de estupro. A
mudança no comportamento de Ulisses, as reações emocionais de Evelyn, os sinais físicos de
agressão e o padrão de coerção sugerem que a experiência de Evelyn foi traumatizante e não foi
uma encenação consensual. A investigação deve levar em consideração esses aspectos,
buscando compreender a verdadeira natureza do ocorrido e garantir justiça para a vítima.

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