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PATOLOGIA EM ALVENARIA DE VEDAÇÃO SEM FUNÇÃO ESTRUTURAL

DE JESUS SILVA, Nélio; CAMARGO DOS REIS FILHO, André;


Prof. Ricardo Simões – Universidade São Francisco
neliojs@outlook.com
andre-creis@hotmail.com

RESUMO. As manifestações patológicas em alvenaria de vedação são bastante comuns em


quase todas as edificações, são diversos os fatores que contribuem com a origem de patologia
numa edificação como erro nas previsões e dimensionamento do projeto, falhas nos
procedimentos das etapas de execução ou sobrecargas oriundas do abuso na utilização da
estrutura, com o objetivo de mostrar como essas manifestações patológicas são provenientes de
falhas nas etapas das edificação realizou-se um ensaio com uma alvenaria com dimensões de
0,10x1,40x3,60 metros, a alvenaria apoiou-se sobre uma viga bi apoiada com balanço de 1,60
metros projetada com intuito de sofrer grande deformação afim de gerar flechas excessivas
como num caso real, e como se esperava os resultados observados no ensaio apontaram para as
falhas nas etapas como o foco das origens patológicas sejam elas no projeto, na execução ou
utilização.

Palavras-chave: Alvenaria, alvenaria de vedação, alvenaria racionalizada e patologias em


alvenarias.

ABSTRACT. Pathological manifestations in masonry fence are quite common in almost all the
buildings, there are several factors that contribute to the origin of pathology in a building as an
error in the forecast and project sizing, failure the steps of implementation or overloads from
the abuse in the use of the structure, with the aim of showing how these pathological
manifestations come from failures in steps of building a test with a masonry with dimensions
of 0, 10, 40 x 3 .60 meters, the masonry leaned on a beam bi backed with 1.60 meters balance
designed to suffer large deformation in order to generate arrows like in a real case, excessive
and as expected the results observed in the trial pointed to the failures in steps as the focus of
the pathological origins either in design, implementation or use.

Keywords: masonry, masonry streamlined and pathologies in masonry.

INTRODUÇÃO

A patologia apresenta tratamento e o diagnósticos em diversas etapas da obra, sendo


estudada neste trabalho na alvenaria de vedação, tem a importância na construção civil a sua
recuperação preventiva e manutenção.
Uma edificação é composta por diversos sistemas e subsistemas, sendo eles sistema
estrutural composto por dois subsistemas sendo estrutura e fundação, sistema de vedação
externa sendo composto também por dois subsistemas sendo cobertura e vedações externas,
sistema de subdivisões internas sendo composto apenas por um subsistema de vedações
internas, sistema mecânico composto por três subsistemas sendo hidráulica/sanitária, elétrica e
condicionamento de ar e o sistema especial sendo composto por alguns subsistemas como
proteção conta incêndio.

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Os sistemas abordados são o sistema de vedação externa e o sistema de subdivisões
internas, mais precisamente os subsistemas constituídos de alvenarias de blocos cerâmicos ou
de blocos de concreto sem função estrutural, trata-se de algumas questões como falhas na
concepção de projetos, erros de dimensionamentos, imprudências na execução como
finalização de etapas pulando procedimentos, mão de obra desde o fato de ser ou não qualificada
para execução tanto de projeto quanto para execução de reparos ou procedimentos de
prevenção.
Na concepção do projeto podem nascer diversos problemas patológicos que só vão se
apresentar após a conclusão da edificação, o subdimensionamento de vigas, pilares, lajes e
fundação pode dar origem a uma série de fatores que mesmo não comprometendo a estrutura
pode causar grande desconforto ao usuário como é o caso de trincas e fissuras, outro grande
vilão dos projetos é a falta ou a imprecisão das previsões adotadas para o projeto.
Na execução a mão de obra é responsável por diversos problemas ocasionados nas
alvenarias deixando uma parcela para os materiais de baixa qualidade ou com incompatibilidade
com o ambiente de instalação, existem técnicas avançadas e eficazes na execução dos
procedimentos de cada etapa da edificação, porem as técnicas mais eficientes estão na maioria
das vezes privados em algumas empresas ou grupos de grande poder econômico e dificilmente
são compartilhadas entre os profissionais da área, já outra grande parcela desconhecem ou não
tem acesso a materiais didáticos ou explicativos para o aprimoramento de suas habilidades.
O procedimento para a execução requer cuidado e atenção, havendo uma
responsabilidade técnica de altíssima importância desde a concepção do projeto à execução de
marcação, elevação e respaldo até mesmo a execução dos trabalhos in loco.
Para garantir que os subsistemas constituídos por alvenarias não sofram com as
manifestações patológicas por parte da execução errônea é preciso adotar o PAV– projeto de
alvenaria de vedação, este tem como finalidade a correção de possíveis erros antes mesmo de
ser iniciado a sua execução, e ainda minimizar patologias decorrentes da má execução e levando
em consideração o desperdício de materiais. Dentro deste contexto existe também o tema de
alvenaria racionalizada, uma técnica capaz de otimizar a execução, a qualidade e os desperdício
gerados por erros e quebras desnecessárias.
Os aspectos mais importantes das normas vigentes da ABNT relacionadas, NBR
8545/1984 – Execução de alvenaria sem função estrutural de tijolos e blocos cerâmicos, NBR
7173 - Blocos vazados de concreto simples para alvenaria sem função estrutural e NBR 15270-
1/05 - Componentes Cerâmicos - Parte 1 - Blocos Cerâmicos para alvenaria de vedação -
Terminologia e requisitos estão apresentados de forma resumida objetiva e clara.
O ensaio desenvolvido para mostrar os efeitos causados pelas falhas mencionadas
anteriormente consiste uma alvenaria assentada sobre uma viga bi apoiada com uma balanço, a
viga sofre alguns procedimentos errôneos comuns no canteiro de obras afim de causar alteração
nos resultados de projeto, tornando-a subdimensionada, em seguida uma sobre carga é
adicionada.

Patologia em alvenaria de vedação

A palavra patologia vem do grego (pathos – doença e logia – estudo) é um termo


bastante utilizado na medicina para representar estudo de doença, na engenharia civil o termo
pode ser encarado como estudo dos danos ocorridos em edificações, podendo ser explicado
como o estudo de sintomas, mecanismos e as causas das origens dos defeitos das edificações, é

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o estudo da parte que compõem um diagnóstico do problema, conforme expresso site techne,
2011.1
Na construção civil o estudo da patologia está completamente ligado a melhoria
continua e qualidade, sendo que a cada dia que passa está progredindo mais em relação a
prevenção dos erros causados em diversas etapas da construção civil, tem a importância na sua
recuperação preventiva e corretiva dos sistemas que foram danificados.
O código de práticas é um documento de referências técnicas nacionais não sendo
normativo, contribuindo com conhecimentos agregados a elementos e sistemas construtivos
consagrados na edificação de construções por profissionais e agentes envolvidos altamente
qualificados no mercado de trabalho.
A alvenaria não estrutural pode ser definida como sendo uma alvenaria projetada para
suportar apenas o seu peso próprio, embora alguns equipamentos ou elementos possa ser
instalado nessa alvenaria a definição até então não leva em conta essas considerações, a
alvenaria não estrutural ou conhecida também como alvenaria de vedação tem um papel crucial
no isolamento térmico, acústico e principalmente na vedação e divisão dos ambientes internos.
Essas alvenarias combatem ventos fortes, chuvas, poeira e objetos lançados contra a edificação.
A alvenaria de vedação por muito tempo foi parte integrada da alvenaria estrutural,
porem surgiram dois caminhos com o advento do concreto armado e as combinações entre as
estruturas de aço e de madeira com alvenaria, o concreto armado possibilitou grandes façanhas
na área da engenharia sendo possível alcançar grandes vãos livres e edifícios com alturas
consideravelmente altas, porem toda essa estrutura precisa de vedação, então, a alvenaria deixa
sua função estrutural para desenvolver apenas o papel de vedação, isso ocorre com estruturas
de concreto armado, estruturas de aço e estruturas de madeiras.
A NBR 8545/1984 – Execução de alvenaria sem função estrutural de tijolos e blocos
cerâmicos tem por objetivo instruir e fiscalizar alvenarias de vedação construídas com
elementos cerâmicos, essa norma possui referencias de outras normas sendo necessário a
consulta das normas NBR 6494 – Segurança nos andaimes – Procedimentos, NBR 7170 – tijolo
maciço cerâmico para alvenaria – Especificação, NBR 7171 – Bloco cerâmico para alvenaria –
Especificação e NBR 7200 - Execução de revestimento de paredes e tetos de argamassas
inorgânicas – Procedimento, para utilização desta norma.
Esta norma, embora bem antiga ainda está ativa, ela traz em seu texto os procedimentos
para execução de alvenaria de vedação como um passo a passo, o texto é bem detalhado, começa
recomendando que a junta entre fiadas de blocos seja maior que 10mm tanto para paredes com
juntas descontinuas quanto para paredes com juntas a prumo, no caso de juntas a prumo a
mesma deve conter armadura longitudinal a cada 60 cm, as ligações entre alvenaria e elementos
estruturais podem ser feitas utilizando parras de aço engastadas no pilar e na alvenaria com
diâmetro entre 5mm a 10mm espaçadas a uma distância de 60cm e comprimento de
aproximadamente 60cm, é preciso tomar cuidado com panos de alvenaria soltos por grandes
períodos, a recomendação sugerida pela norma é que não se execute panos de alvenaria muito
altos sem travamento de uma só vez, o ideal é que a face da estrutura de concreto que recebera
a alvenaria seja chapiscada, tanto os pilares, vigas e Lajes, no caso de alvenaria assentada
diretamente sobre alicerce, deve-se respeitar o prazo mínimo de 24 horas após sua
impermeabilização, na execução da alvenaria a mesma deve começar pelos cantos principais
ou pelas ligações com outros elementos da construção, os elementos cerâmicos devem ser
umedecidos antes do assentamento e os seus furos devem ser posicionados na horizontal, salvo
em situação particular, ao iniciar a execução da alvenaria faz-se imprescindível o uso de

1
TECHNE (2011).

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algumas ferramentas para garantir a estética da alvenaria, como prumo, linha de pedreiro e
escantilhão, em caso de construções onde não há estruturas de concreto armado as lajes não
devem ser apoiadas diretamente na alvenaria, faz-se necessário a utilização de cintas de
amarração de concreto armado sobre todas as paredes que possa receber qualquer tipo de carga
das lajes, no caso de construções com estruturas de concreto armado as alvenarias devem parar
um pouco abaixo das vigas para execução dos encunhamentos, os mesmos só devem ser
executados apor 7 dias, podendo ser executado com tijolinhos maciços assentados a 45 graus,
cunhas de concreto pré-fabricado ou o espaço pode ser preenchido com argamassa com
expansor, nas paredes com aberturas de janelas ou portas devem ser instaladas ou moldadas
vergas sobre os vãos, no caso de janela ou caixilhos diversos dever ser instalados ou moldados
contra-vergas, para cada lado do vão a verga ou a contra-verga deve exceder no mínimo 20 cm
e possuir altura mínima de 10 cm, em caso de uma verga ou contra-verga sobrepor outra
recomenda-se a utilização de uma única para os dois vãos, a norma traz ainda detalhes gráficos
de explicativos sobre assentamento de batentes, execução de oitão, parapeito e platibanda.
A NBR 7173/1982 tem por objetivo determinar as condições de exigências quanto ao
recebimento de blocos vazados de concreto simples, para alvenaria de vedação, esta norma
possui referencias de outras normas, por isso faz-se necessário consulta-las a NBR 7184 -
Blocos vazados de concreto simples para alvenaria sem função estrutural - Método de ensaio e
a NBR 7211 - Agregados para concreto – Especificação antes da sua utilização.
Existem diversos fabricantes de blocos de concreto simples em cada região com uma
variedade grande de preços e principalmente de qualidade, é de suma importância que o
profissional responsável tanto por fazer a compra quanto para receber os blocos de concreto
simples esteja familiarizado com os itens da norma em questão, no ato da compra o ideal é
procurar um fabricante com a qualidade dos seus produtos já referenciada no mercado, o
responsável pelo recebimento dos blocos de concreto simples, seja no canteiro de obras para
construção de uma grande ou pequena obra, ou seja na sua própria residência para reforma ou
ampliação deve estar atentos as dimensões dos elementos, a norma permite uma variação de 5
mm, sendo que essa variação é de 3mm para mais e de 2 mm para menos, ao conferir o elemento
a espessura da parede do bloco de concreto simples não deve ser inferior a 15 mm, caso as
dimensões dos blocos estejam de acordo com esta norma deve-se ainda verificar o estado dos
blocos, segunda a norma estes devem possuir quinas vivas e apresentar um bom estado, não
deve haver trincas, deformações ou qualquer outro tipo de desconformidade que atrapalhe o
assentamento do mesmo, é importante ter em mente o tipo de parede que será construída pois a
norma recomenda que para as paredes que receberão revestimentos os blocos deverão ter sua
superfície bem áspera, caso a parede seja de bloco a vista os mesmos devem ter sua superfície
o mais uniforme possível sem trincas aparentes ou qualquer outra deformidade.
Após a avaliação dos blocos, o lote pode ser rejeitado sem a necessidade dos resultados
de ensaios das amostras caso 20% dos blocos destinado a construção de paredes que serão
revestidas, ou seja, os blocos com superfície áspera sejam reprovados, no caso dos blocos com
melhor acabamento destinados à construção de paredes aparentes o número de reprovados cai
para 5%, dessa maneira todo o lote deve ser rejeitado.
Caso os blocos sejam aprovados na inspeção mencionada anteriormente, ainda podem ser
reprovados nos ensaios, de todos os lotes de blocos é retirada uma amostra, essa amostra vai
para o laboratório onde a mesma será analisada, segundo esta norma os critérios para aprovação
do lote é que a amostra analisada resista a 2Mpa de compressão cada elemento ou 2,5Mpa de
compressão no caso de tirar a média de uma amostra grande, caso as amostras não respondam
positivamente aos ensaios de compressão com a média mínima 2,5Mpa e absorção máxima da
media 10% ou mais da metade das amostras não passarem nos testes individuais dos elemento

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com valor mínimo de 2Mpa e absorção máxima de 15% o lote deve ser rejeitado, caso menos
da metade das amostras apresentem resultados negativo deve-se retirar do mesmo lote uma
nova amostra com o dobro dos elementos da amostra anterior para novos ensaios, caso algum
resultado seja negativo o lote deve ser rejeitado.
A NBR 15270 – 1/05 contém referências das normas NBR 15270 – 2/05 e NBR 15270
– 3/05, é imprescindível a consulta das mesmas para utilização desta norma que tem como
objetivo definir termos e fixar requisitos dimensionais, físicos e mecânicos exigidos, é de suma
importância que todo o material seja conferido antes do recebimento no canteiro de obras, a
norma em questão trata dos blocos cerâmicos de vedação, sendo assim, os blocos recebidos no
canteiro de obras seja para vedação com ou sem revestimento deve atender aos parâmetros
dessa norma, caso contrário pode haver comprometimento dos resultados reais relacionados aos
resultados de projetos, comprometendo a segurança dos ocupantes, prejuízos e transtornos.
Os blocos cerâmicos de vedação são utilizados na construção de paredes de alvenaria
sem função estrutural, ou seja, alvenaria projetada para suportar apenas o seu próprio peso, não
sendo recomendado atuação de esforços verticais extras, os blocos cerâmicos de vedação
podem ser utilizados com os furos na horizontal ou na vertical isso vai depender da tipologia
dos blocos.
Na construção de uma parede de alvenarias de vedação diversos elementos são
necessário para garantir as propriedades necessárias das paredes como o bloco principal, o bloco
de amarração e canaleta “J”, canaleta “U” e outros elementos necessários, a NBR 15270 – 1/05
traz em seus itens 3.10 – componentes complementares, 3.11 – contraprova, que seria um corpo
de prova da mesma amostra original, esse corpo de prova seria reservado e se caso fosse
necessário ele seria utilizado para confirmações de resultados de ensaios, 3.12 – corpo de prova,
esse é um exemplar do bloco principal, é uma amostra para ensaio, 3.13 – desvio em relação ao
esquadro, o desvio é o ângulo formado entre o plano de assentamento do bloco e sua face, esse
desvio é uma deformação da geometria e dependendo de sua magnitude comprometera
resultados de projetos, esse desvio pode ser medido com um esquadro colocado no meio da
base de assentamento do bloco(comprimento/2) relacionando a altura do mesmo, o fenômeno
é a medida entre o esquadro e a face do bloco.

Alvenaria racionalizada

A racionalização da alvenaria consiste em um projeto onde são previstos diversos fatores como,
passagem de tubulações de elétrica, telefonia, dados de rede, gas e hidráulica, quebra de blocos
para arrematar partes da alvenaria, entre outros, dessa maneira, esses fatores seriam previstos e
estudados previamente sendo possível chegar a um resultado mais satisfatório com redução
tanto dos gastos quanto dos problemas de execução, segundo a publicação no site Pauluzzi
blocos cerâmicos ”O retrabalho: os tijolos ou blocos são assentados, as paredes são seccionadas
para a passagem de instalações e embutimento de caixas e, em seguida, são feitos remendos
com a utilização de argamassa para o preenchimento dos vazios”, para ele “Falta de controle na
execução: eventuais problemas na execução são detectados somente por ocasião da conferência
de prumo do revestimento externo, gerando elevados consumos de argamassa e aumento das
ações permanentes atuantes na estrutura”.
Um projeto com detalhamento de ancoragem da alvenaria, passagem do tubos e dutos,
localização dos pontos de instalação das caixas do sistema elétrico e pontos de instalação do
sistema hidráulico iria evitar a quebra desnecessária, uso desnecessário de argamassas para
fechamento dos rasgos abertos para a passagem desses dutos, a quebra de blocos, e outros.

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Segundo o autor da publicação no site Pauluzzi blocos cerâmicos “O princípio básico da
alvenaria racionalizada é tomar todas as decisões quanto aos passos de execução na fase de
projeto e documentá-los em forma de desenho ou observações descritivas. Assim, o projeto
contempla todo o detalhamento executivo, estrutural, alvenaria e instalações, compatibilizando
tudo”.
Com base nisso, surge a necessidade do PAV – projeto de alvenaria de vedação, um
projeto como um passo a passo, informando os procedimentos e detalhes técnicos, logo o
profissional seguiria apenas recomendações técnicas, as tomadas de decisões imediatas se
tornaria tão pequenas que poderia chegar a pessoa qualificada sem causar atraso ou transtorno,
desde especificação de impermeabilização na parte de fundação afim de evitar patologias com
infiltração, indicação das passagens de tubulações e eletro dutos reduzindo assim danos a
estrutura e garantindo os resultados de projeto, assentamento das alvenarias baseadas em
técnicas eficazes garantindo melhor desempenho e menos defeitos, “O PAV tem como objetivo
garantir o melhor desempenho da alvenaria e do edifício como um todo, evitando manifestações
patológicas como fissuras e aprimorando as características próprias da vedação, como
estanqueidade, resistência ao fogo, isolamento térmico e acústico, etc. Um segundo objetivo,
que decorre do primeiro, é a redução de custos ao economizar material – diminuindo resíduos
comumente gerados na alvenaria tradicional pela quebra de blocos –, ao reduzir o tempo
necessário para a execução da alvenaria e ao minimizar as solicitações de reparos pós-obra. O
projeto para produção de alvenaria de vedação é pensado e realizado de forma que todos os
problemas que possam vir a acontecer sejam previstos e solucionados ainda na fase de projeto.
São, então, realizadas as compatibilizações de todos os subsistemas da edificação, definindo
onde passar cada tubulação e eletro duto, por exemplo. O projeto descreve cada parede por meio
de uma paginação elaborada visando acabar com os cortes de blocos em obra (SANTOS;
SCHINCAGLIA; CARASEK, 2008). Assim, há uma maior oportunidade de racionalização ao
realizar a modulação de cada fiada com a aquisição de blocos de diferentes tamanhos. Ao
mesmo tempo, são evitadas soluções na hora de executar a obra por pessoas não preparadas e
capacitadas para tal função. 20 Projeto de alvenaria de vedação – Diretrizes para elaboração,
histórico, dificuldades e vantagens da implementação e relação com a NBR 15575 R. R.
Moreira, P. E. V. Silva Capítulo 2 À vista disso, é recomendado que o projeto de produção seja
desenvolvido de forma conjunta ao detalhamento do projeto executivo (LORDSLEEM
JÚNIOR, 2004). Ele deve ser elaborado simultaneamente aos demais projetos, o que permite
uma coordenação das informações e das soluções técnicas a serem adotadas. O projeto deve
ainda conter as especificações do produto a ser construído bem como os meios estratégicos,
físicos e tecnológicos necessários para executar a obra de forma racionalizada (PEÑA;
FRANCO, 2004)” Pag. 19,20

METODOLOGIA

O corpo de prova executado para o ensaio contou com o projeto de alvenaria de vedação e
estrutural de autoria própria, o ensaio foi elaborado com objetivo de acompanhar e estudar o
comportamento de uma alvenaria em relação ao tempo, registrar aparição e evolução de trincas
e fissuras afim de observar e compreender os padrões mais simples, o ensaio foi limitado a uma
única alvenaria devido os investimentos financeiros dos materiais e o tempo para a execução.
A alvenaria do corpo de prova foi constituída por blocos de concreto com dimensões de
14x19x39 centímetros, a mesma foi assentada sobre uma viga bi apoiada com balanço de
concreto armado, com distância de 1,93m entre um apoio e outro e 1,60m em balanço, a seção
transversal da viga possui dimensões de 15x15 centímetros como mostra a figura 1.

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Figura 1 - Alvenaria para ensaio

O experimento consistiu numa viga de suporte bi apoiada com balanço, o objetivo desse
caso é retratar uma situação de subdimensionamento da estrutura e excesso de carga, situação
comum as edificações reais, a ideia foi misturar erro de projeto, erro de execução e erro de
utilização já que existe uma grande chance de coincidir os três eventos numa construção real, a
viga bi apoiada com balanço foi calculada para resistir sem grandes alterações aos esforços
solicitantes proveniente do carregamento da alvenaria e o peso próprio da viga , no primeiro
momento a viga bi apoiada com balanço trabalha dentro da normalidade, com deformação
desconsiderava, num segundo momento a viga sobre uma simulação de uma imprudência muito
comum nas edificações por parte da execução, a redução da sua seção transversal, esse fato
ocorre com frequência nas edificações e pode ser considerado como erro de projeto pelo fato
de o projeto não prever passagens técnicas para tubulações e eletrodutos e erro de execução
pelo fato de o executante comprometer a estrutura com essa abertura para passagens de tubos e
eletrodutos.
Num terceiro momento com a estrutura já comprometida adicionou-se um carregamento
extra gradativamente até atingir 100Kgf.
Diante dos eventos recorrentes das falhas mencionadas anteriormente, analisou-se a
alvenaria assentada sobre a viga em questão afim de registrar cada alteração recorrente da ação
combinada em relação ao tempo.

Calculo da viga
Concreto Aço Bw Hw D’ D Mk
Fck=25Mpa CA50 15,0 cm 15,0 cm 3,0 cm 12,0 cm

Esforços solicitantes

O carregamento é proveniente da influência dos materiais exercidas sobre a viga na direção


vertical, influência dos blocos de concreto, argamassa de assentamento, argamassa de reboco e
peso próprio da viga.
O peso especifico de cada elemento foi extraído das tabelas técnicas fornecidas pelos
fabricantes dos mesmos, os materiais utilizado para a realização deste corpo para ensaio
segundo a análise do projeto será bloco de concreto 09x19x39, areia media lavada, pedra britada
nº 1, cimento Portland CPII, aço CA50 08mm, argamassa para reboco JOFEGE e adesivo
compound - vedacit.

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A figura 2 ilustra a viga bi apoiada com seu carregamento e dimensões dos vãos.

Figura 2 - Viga biapoiada com balanço

A figura 3 mostra o diagrama de esforços solicitante onde estão representados os


esforços cortantes e as reações nos apoios.

Figura 3 - Representação das reações nos apoios e força cortante

A figura 4 mostra o diagrama de momento fletor, é possível observar em cima do apoio


da direita um momento critico negativo.

Figura 4 - Diagrama de momento fletor

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Na figura 5 o diagrama mostra a flecha prevista para os esforços solicitantes,
aproximadamente 4,0 mm.

Figura 5 - Diagrama da flecha

Cálculo das armaduras

Área de aço de tração = 1,00 cm² / 2 # 8,0 (1,00 cm²)


Área de aço de compressão = 0,00 cm²

Figura 6 - Detalhamento das armaduras

Os cálculos foram efetuados manualmente e conferidos nos programas de auxilio ftool


e PrjFlex, as análises contemplam a flexão simples e a força cortante (cisalhamento).
Após a finalização dos cálculos e do quantitativo de materiais, começou-se a execução,
na primeira etapa foi confeccionada a forma da viga, esta forma foi feita em madeirite 10mm,
com 3,60 m de comprimento interno e 3,62 m de comprimento externo, largura de 15,0 cm
interno e 17,0 cm externo, altura de 15,0 cm interno e 17,0 cm externo, ao mesmo tempo foi
confeccionada as formas dos dois pilares de apoios, sendo cada um com altura de 30,0 cm e
seção transversal de 15,0x15,0 cm, na confecção da ferragem foi utilizada quatro barras de aço
CA50 de comprimento igual 3,70 m e diâmetro de 8,0 mm, sendo 8,0 cm de dobra para cada
lado de cada barra de ferro e 3,54 m ao longo de toda a viga, para a confecção dos estribos 18
barras de aço CA50 com diâmetro de 0,5 mm e comprimento de 50 cm cada foram utilizadas.
Na segunda etapa da execução montou-se e concretou-se a viga, na montagem foi
utilizado o concreto de aproximadamente 15 cm de espessura existente na pavimentação do
canteiro de obras destinado pela USF para fins de ensaios, esse concreto foi considerado como
sistema de fundação, para locação dos pilares foram efetuados quatro furos de 10,0 mm de
diâmetro e 10 cm de profundidade em cada um dos pilares, as ferragens dos pilares foram
engastadas no concreto considerado como fundação com adesivo compound da vedacit, após
os pilares engastados na fundação as formas foram montadas e niveladas nas duas direções
necessárias, os escoramentos foram efetuados com um espaçamento consideravelmente seguro.
Para concretar a viga, foi utilizado concreto dosado in loco com resistência de 25 Mpa,
essa foi a resistência considerada nos cálculos, para garantir que o traço a ser dosado na obra
atingisse essa resistência o traço foi retirado de tabelas preparadas por instituições que garantem
os resultados, dentre as tabelas encontradas foi utilizada a tabela do ConstruCalc, software de

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orçamento desenvolvido pela empresa de tecnologia Tresium, existem boas avaliações sobre a
precisão dos resultados oferecidos pelo software, dessa forma o traço utilizado foi 1:2:3, esse
traço pode atingir uma resistência de 25 Mpa segundo o desenvolvedor do software, após a
confecção do concreto in loco foi realizado a concretagem e o adensamento do concreto.

Figura 7 - Fora da viga

Figura 8 - Viga concretada

Na terceira etapa, após a viga ter concluído o tempo de cura a alvenaria foi assentada,
na quarta etapa a alvenaria foi rebocada.

Figura 9 - Alvenaria assentada

Figura 10 - Alvenaria rebocada

Na quinta etapa, os escoramentos e as caixarias foram removidos, iniciou-se então o


acompanhamento e a análise do comportamento apresentado pelo corpo de prova,

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Inicialmente, a flecha imediata, aquela considerada após 24 horas de atuação direta do


carregamento sobre a estrutura, ou seja, sem auxílio de escoramentos sejam de madeiras ou de
aço, atingiu cerca de 1,0mm, essa medida foi obtida através da medição entre o solo e a
extremidade do balanço antes e depois da remoção dos escoramentos, após o período de uma
semana esse procedimento foi realizado novamente, ao medi-la a mesma permaneceu em torno
de 1,0mm, não houve variação significativa, portanto a estrutura mostrou-se resistente as ações
solicitantes do carregamento.
Afim de simular uma situação de negligencia bem comum e frequente no processo de
execução de uma edificação onde diversas partes da estrutura tem sua seção transversal

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reduzida devido a falta de previsão das decidas e passagens de tubulações e eletrodutos na
concepção do projeto, a passagem dessas tubulações e eletrodutos devem ser efetuadas acima
do forro de forma não aparente, contudo, na maioria das edificações onde o pé direito não é
muito alto o espaço entre forro é muito pequeno, em algumas vezes chega ser igual ou inferior
a altura da viga, sendo assim a passagem dessas tubulações e eletrodutos são realizadas através
da viga, os diâmetro dessa tubulações podem variar bastante dependendo do porte da obra e da
utilização do sistema ao qual corresponde as tubulações e os eletro-dutos, podendo variar entre
20,0mm, 25,0mm, 32,0mm, 40,0mm, 50,0mm, 60,0mm, 75,0mm e em alguns casos ate100mm,
situações como essa leva ao enfraquecimento da viga, levando a mesma a nineis excessivo de
deformações gerando patologias em diversos sistemas da edificação, e justamente com o intuito
de demonstrar esse fenômeno na pratica, a viga em questão recebeu um corte em sua base
inferior com dimensão de aproximadamente 30,0mm para passagem de dois tubos de 25,0mm
um paralelo ao outro, tubulação comum para condução de agua potável ou fios elétricos, com
o objetivo de não aprofundar muito o corte na viga, cortou-se a armação de compressão da
mesma.
Após o corte realizado na viga, a mesma teve sua seção transversal reduzida no ponto
mais crítico de momento fletor, o ponto onde a viga em balanço esta engastada no pilar, tendo
como consequência uma previsão de flecha extremamente elevada, os cálculos realizados com
a nova seção transversal reduzida apontou nos resultados a nova flecha, cálculo na Figura 11.

Figura 11 - Calculo da flecha após a redução da seção transversal da viga

Após o período de uma semana a contar do corte realizado na viga para passagem dos
tubos e eletro-dutos a fecha foi verificada novamente, e como havia previsto o resultado do
cálculo mostrado na Figura 11, a viga apresentou deformação excessiva gerando uma flecha
em torno de 12,0mm na extremidade final do balanço, com isso a alvenaria que apresentava
apenas fissuras inferior a 1,0mm rompeu verticalmente na direção do momento fletor negativo
da viga, a abertura da alvenaria chegou próximo dos 10,0mm no ponto com maior abertura.

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Figura 12 - Alvenaria com trinca de aproximadamente 10,0mm no maior ponte de abertura

O procedimento para a recuperação da alvenaria consiste em macaquear a viga em


balanço com um macaco hidráulico até retomar a posição inicial ou a mais próxima possível, a
ideia seria fechar ao máximo a trinca vertical da alvenaria, após a estrutura alcançar o nível
desejado, a mesma deve receber um travamento adequado com escoras que podem ser tanto de
madeira quanto de aço, fica a critério do custo-benefício ou a disponibilidade, a estabilização
da viga deve ser feita após a mesma está devidamente escorada, o processo de estabilização
pode ser realizado com a execução de reforços estruturais, seja com concreto armado ou com
estruturas de aço, nesse caso especificamente a solução para estabilização proposta seria viga
metálica de perfil U.

Figura 13 - Viga sendo macaqueada

Figura 14 - Viga escorada após o macaqueamento

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CONCLUSÃO

A causa das origens patológicas são diversas, elas podem começar desde a concepção
do projeto e se estenderem até o termino da construção. Na concepção do projeto, diversas
falhas podem dar origens as patologias, desde a falta de previsões a erros de cálculos. Na
execução pode ocorrer diversos problemas e erros devido a inúmeros fatores como mão de obra
não qualificada, tomada de decisão por profissional não capacitado para tal, material
inadequado ou de péssima qualidade, enfim, são diversos os problemas que podem ocorrer em
meio a execução de uma edificações. O corpo de prova utilizado no ensaio foi elaborado com
o intuito de mostrar que adaptações feitas de última hora podem gerar consequências danosas
a estrutura e a edificação como um todo, no ensaio, abordou-se apenas a negligencia de
atravessar tubulações nas vigas de concreto armado devido a insuficiência de informações no
projeto e a falta de preparo do profissional que acompanha e gerencia a obra.
Os ensaios apontaram a possibilidade de graves riscos de comprometimento de uma
estrutura devido a essas ações realizadas sem base técnica ou recomendação do projetista
durante a execução da edificação.
Para que uma edificação seja construída de forma adequada e livre de manifestações
patológicas faz-se necessário uma previsão mais ampla na concepção do projeto, como
dilatação e retração térmica dos componentes estruturais e do sistema de alvenaria, ações dos
ventos e das chuvas, sobrecargas que podem ser adicionadas por falta de conhecimento dos
usuários, passagens técnicas para sistemas de refrigeração, sistemas de saneamento e sistemas
elétricos entre outros.
Na execução da edificação, faz-se necessário profissionais capacitados e treinados para
a tomada de decisão de forma coerente, que resolva os problemas sem cria-los novos problemas,
que entenda as consequências que tais ações podem causar na edificação, que procure buscar
soluções seguras e nunca comprometedoras.
Uma solução capaz de reduzir drasticamente os erros na execução dos sistemas de
alvenarias é o PAV, projeto de alvenaria de vedação, esse por sua vez deve detalhar com muita
clareza todos os detalhes técnicos para a execução das alvenarias, prever passagens de
tubulações, eletrodutos, e demais equipamentos a serem instalados nas alvenarias.

REFERÊNCIAS

http://www.ipt.br/projeto/2-codigos_de_praticas_na_construcao_civil.htm.

Acesso 12/05/2018.

http://www.imaizumiengenharia.com.br/noticias/detalhe/3

Acesso 23/05/2018.

Ercio THOMAZ. Código de práticas nº1. São Paulo: IPT – Instituto de pesquisas tecnológicas
do Estado de São Paulo,2009

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http://construcaociviltecnicas.blogspot.com.br/2013/11/patologia-das-alvenarias-
fissuracao.html

Acesso em: 15 março. 2018.

VALLE, Juliana Borges de Senna. Patologia das alvenarias: Causa / diagnostico /


previsibilidade. 2008. 81 folhas. Monografia (Curso de especialização em Construção Civil) –
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008.

http://pauluzzi.com.br/alvenaria-de-vedacao/

Acesso em: 25 março. 2018.

MASSETTO, Leonardo Tolaine. Deformação estruturais e resistência das alvenarias de


vedação. 2010. 08 folhas. Escola Politécnica da USP, São Paulo, 2010.

MOREIRA, Rodrigo Resende. Projeto de alvenaria de vedação: diretrizes para a


elaboração, histórico, dificuldades e vantagens da implementação e relação com a nbr
15575. 2017. 79 folhas. Escola de engenharia civil curso de graduação em engenharia civil –
Universidade federal de goiás, 2017.

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