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ARTIGO COMPLEMENTAR - POR QUE AS PAREDES ESTOURAM - Artigo


ENGº ALEXANDRE BRITEZ

Embora presente com mais intensidade há aproximadamente 20 anos, essa


manifestação patológica ainda ocorre de forma esporádica em algumas edificações.
O diagnóstico desse tipo de patologia é muito difícil para determinação de sua causa,
pois envolve uma série de fatores, desde o projeto, a execução e os materiais
envolvidos.

No Brasil ainda não há cultura de investimento em projeto.


A ampla maioria das empresas contrata apenas o projeto de concepção estrutural,
e quando é contratado um projeto para produção das vedações, o objetivo se
relaciona basicamente à modulação do bloco. Muitas empresas inclusive deixam
para decidir qual tipo de bloco vão utilizar no momento do início da alvenaria,
levando em conta apenas o preço unitário. Os materiais são negligenciados da
mesma forma, no passado era abundante o uso de tijolo cerâmico com furos na
horizontal. Somente com o advento da evolução da tecnologia dos blocos cerâmicos,
com o uso de componentes de maior resistência e com furos na vertical, diminuiu-
se sensivelmente essa manifestação patológica.
Muitas empresas inclusive deixam para decidir qual tipo de bloco vão utilizar
no momento do início da alvenaria, levando em conta apenas o preço unitário.
Outro material diretamente relacionado é o concreto. Não é comum em obras
residenciais a contratação de um especialista, por exemplo, um tecnologista de
concreto. Uma das únicas especificações para compra é a resistência característica
à compressão, nem sequer é mencionada a exigência para o módulo de
elasticidade neste momento. A execução também influencia muito.

Obras rápidas, sem planejamento e cuidado nessa interface da estrutura com a


alvenaria são mais suscetíveis a esse tipo de problema. O momento da fixação
da alvenaria é um ponto crítico.
A orientação de se realizar a fixação no sentido dos andares superiores para o os
inferiores, por exemplo, têm o objetivo de carregar a alvenaria mais lentamente. Com
relação à recomendação de se retardar a fixação, ela advém do intuito de permitir
que a estrutura absorva as cargas previstas da edificação, como as alvenarias e os
revestimentos dos andares acima. Ao se fazer a fixação da parede, a alvenaria e a
estrutura passam a trabalhar em conjunto. Entretanto, este equilíbrio será rompido
se houver deformação excessiva da estrutura.
Com foco na racionalização da produção e, por meio do advento de programas
computacionais que permitem maiores precisões dimensionais, as estruturas
tornaram-se mais esbeltas, grandes vãos passaram a ser privilegiados e houve
diminuição do número de pilares. Contudo, com o conhecimento das características
e das propriedades dos materiais no último ano, essa situação de estouro de
paredes, presente nas publicações de meados de 2005, diminuiu sensivelmente, não
sendo mais um problema comum nas obras.
As constatações de ruptura do revestimento e da alvenaria concentram-se,
principalmente, em blocos cerâmicos assentados na horizontal e em paredes sob
vigas, conforme apontam os estudos sobre encurtamento de pilares apresentados
por especialistas do setor. Por meio da observação desse tipo de patologia durante
quase 20 anos, constata-se que a ocorrência desse tipo de caso se dá essencialmente
em vigas, mesmo de vãos pequenos, provavelmente em virtude desse efeito.
Do ponto de vista da segurança estrutural, a contribuição de alvenaria de vedação
é praticamente desprezada, porém ela interage com a estrutura porque tem rigidez
e tem que ter certa resistência para ter o comportamento adequado. Esse tema é tão
importante que movimentou os principais profissionais do setor. Atualmente, existe
um grupo para o estudo da « Interação da estrutura e alvenaria de vedação com
bloco cerâmico» formado pela ABECE – Associação Brasileira de Engenharia e
Consultoria Estrutural e ANICER – Associação Nacional da Industria Cerâmica com
o objetivo de publicar uma recomendação técnica para o
setor. https://www.anicer.com.br/

Apesar de tudo isso muitos profissionais do mercado ignoram todos esses fatores e
atacam apenas um dos sintomas, sintetizando toda solução apenas na substituição
do bloco, adotando componentes ainda mais resistentes, como tijolos maciços ou
blocos de concreto. Essa ação sem nenhum estudo investigatório, investimento em
projeto, procedimentos executivos e especificação de materiais pode até ser um risco,
pois ao invés de tratar a causa, está na verdade, mascarando um eventual problema
que pode apenas ter sido retardado ou acabar desencadeando outras manifestações
patológicas. ” Alexandre Britez
Essa ação sem nenhum estudo investigatório, investimento em projeto,
procedimentos executivos e especificação de materiais pode até ser um risco, pois
ao invés de tratar a causa, está na verdade, mascarando um eventual problema que
pode apenas ter sido retardado ou acabar desencadeando outras manifestações
patológicas.
Parodiando meu amigo Alexandre Britez, nesta sua última frase deste post a
incrementaríamos com ” acabar desencadeando outras manifestações
patológicas e comprometendo seu desempenho na prática.” Temos também
viajado por este Brasil tanto lecionando, desenvolvendo nossos projetos de fachadas
e enfrentando uma boa gama de patologias. Quem conhece a Planville, tem ouvido
nosso posicionamento que somos” dermatologistas da engenharia”.
Compreendemos que os revestimentos são “a pele da edificação“. O que nos
motivou ter escolhido este post para presentear nossos amigos e leitores neste fim
de ano, é ao tê-lo recebido e lido vimos a profunda correlação com o início de muitas
manifestações patológicas que atacam nossos revestimentos são a falta de
preocupação sistêmica nas alvenarias e principalmente nos seus encunhamentos.
Com esta displicência sistêmica criam regiões localizadas de tensão que são berços
de inúmeras patologias que refletiram na pele das edificações. Prof. Alexandre Britez,
é nossa referência e recomendação para Projetos de Alvenarias. Consulte-o.
Certamente colherão bom senso e assertividade.

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