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Direitos Humanos.
Apresentação
• Clodoaldo do Nascimento Bastos
– Agente de polícia civil.
• Principais áreas e temas de
– Mestre em Sociologia-UFG. pesquisa:
• Edmund Burke
• Para Hannah Arendt os Direitos Humanos são limitados e não atuam quando
uma pessoa se torna apátrida. As expulsões de pessoas de suas pátrias durante os
movimentos de 1848, durantes as guerras mundiais e dos expurgos fascistas,
nazistas e soviéticos criaram uma massa de seres sem pátrias e sem direitos, pois
para poderem usufruir dos direitos devem pertencer a um país.
• O que sobra a um ser humano em um campo de concentração? “Os
internados nos campos de concentração e de refugiados, puderam
ver, [...], que a nudez abstrata de serem unicamente humanos era o
maior risco que corriam” (ARENDT).
• A leitura de Arendt mostra que a proclamação dos Direitos
Humanos acabou vinculando a humanidade ao pertencimento a um
país, logo a cidadania. Somente quando pertencemos a um país e
temos cidadania podemos dizer que temos direitos a ter direitos,
quando nos tornamos apátridas perdemos esse poder de reivindicar
nossos direitos.
• Teoria Crítica
• Walter Benjamin e o Anjo da História.
• Luta de classes
• A empatia na história muitas é empatia pelo vencedor, e ela desfila num
cortejo fúnebre para os vencidos, mas alegres para quem herda os
despojos do passado. O materialista histórico se afasta desse cortejo e
dessa empatia, ele olha desconfiado para essa história. O patrimônio
cultural não é isento de sangue, dor e violência. Todo documento de cultura
é também um documento de barbárie.
• Angelus Novus e progresso
• Um tom pessimista paira no ar da teoria crítica, uma poesia lúgubre
e uma reflexão indigesta desce por nosso organismo, como falar em
Direitos Humanos quando nossa história é desumana, nosso
patrimônio cultural é na verdade uma barbárie, nossa riqueza
construída sobre crânios esmagados, mercadorias são manchadas
de sangue, progresso assentado no regresso?
• Adorno, Horkheimer e a dialética do esclarecimento
• Iluminismo
• Reificação do ser humano
• Razão Instrumental.
• Marcuse e sua interpretação filosófico do pensamento de
Freud.
• Na análise de Marcuse, para Freud a história da humanidade é uma
história de repressão, mas o que é reprimido?
• A história da civilização é de repressão ao instintual, o prazer
desenfreado, mas inseguro, é trocado pela castração com
segurança, o gozo sem limites agora é sublimado e canalizado para
o trabalho alienado e produtivo, a fantasia fica subordinada ao útil,
pragmático.
• Não basta a repressão dos instintos, tem que haver também mais-
repressão para canalizar a energia agressiva, libidinal das pessoas
para o trabalho, para a labuta, esgotamento alienado, pois não
fazemos o que queremos, mas assumimos papeis predefinidos
socialmente, não nos enxergamos em nossa produção, a maioria
dos trabalhos são alienados da natureza e de sua atuação, apernas
fazem aquilo que lhes é imposto para sua sobrevivência de forma
mecânica sem reflexão e prazer.
• A racionalização burocrática de desempenho aumentou o controle
sobre o prazer, sobre a libido e fantasia, desaguou em totalitarismo
como o fascismo e o capitalismo de estado “comunista”. Mesmo em
sociedades socialdemocratas e no nosso neoliberalismo toyotista,
temos uma sociedade de controle extremamente racionalizada,
autoritária e punitiva. Nela não há espaço para a revolta do prazer
reprimido, da liberdade sem culpa e do trabalho gratificante sem a
dor da labuta e a alienação.
• Pessoas morrendo queimadas no Vietnã, bombas atômicas
ceifando vidas, misseis destruindo países, tudo isso não é recaída
no barbarismo, mas a caminhada repressora do próprio progresso
que traz em suas entras o regresso. Marcuse vê essa caminhada
da civilização como repressora e inimiga da liberdade.
• E a polícia, ela é alienada, coagida e sem prazer laboral? Os direitos humanos dos policiais
passam por suas condições de trabalho, pelo prazer e por ações ligadas ao espírito de Eros,
princípio da vida, e não os do princípio de morte, Thanatos, como diria Freud e Marcuse.
• Utópico, mas necessário projetar uma segurança pública libertária ao invés de uma
repressora, com policiais reprimidos e instrumentalizados para “dessexualizar” a vida e servirem
de ferramenta para o desempenho econômico, dominação e punição sem justiça.
• F) Decolianialidade
• A colonialidade é o poder político, cultural, ideológico que subsiste
mesmo após a independência das colônias, elas continuam
atrelados ao modo de pensar do colonizador e ao poder político de
países imperialistas contemporâneas.
• Monopólio religiosos cristão
• Racionalismo cartesiano.
• Racismo, dependência econômica, subordinação política, sexismo,
desigualdades sociais, monopólio intelectual e acadêmico das
categorias da modernidade e sua razão instrumental.
• Os direitos humanos decoloniais são veementemente contrários
herança colonial, logo, também a segurança pública que traz em
suas entranhas o ranço, a estrutura do racismo, do controle dos
corpos indígenas e negros, das classes exploradas, do gênero, da
religiosidade não branca.
• As forças policiais devem reavaliar sua postura e refletir tanto teórico, quanto
institucionalmente seu papel histórico. A própria polícia sofre com as heranças
amargas do colonialismo, o policial negro, indígena, o de religião de matriz
africana, o policial LGBTQIA+, sente em sua epiderme e em seu coração a
colonialidade religiosa, sexual, de gênero. A instituição policial fica amarrada a
categorias racionalistas limitadas que negam outra forma de pensar, de agir e de
criar condições mais afetivas, compreensivas e democráticas.
Caminhar Histórico dos direitos Humanos.
• Etruscos
• Patrícios e Plebeus.
• Nas lutas por direitos, como o de fim da escravidão por dívidas, a
plebe conseguiu ter magistratura para ela, o tribunato da plebe, que
influenciou na legislação, criando inclusive no século 5 a.C a Lei
das Doze Tábuas em 451 a.C, infelizmente essas tábuas foram
destruídas durante a invasão gaulesa em 390 a.C, sobrando
apenas pequenos fragmentos e citações de autores clássicos sobre
elas.
• Tábua I
• Estabelece as normas dos processos, como se deve fazer a abertura e o encerramento de um julgamento, a
obrigação do réu comparecer ao julgamento, etc.
• Isso garantia aos plebeus que os processos ocorreriam dentro de normas precisas e não inventadas no momento.
• Tábua IV
• Expõe os poderes do chefe de família, conhecido como “pater familias”. O pai detinha o direito de matar um filho
que nascesse com alguma deformidade, por exemplo. Da mesma forma, podia vendê-lo como escravo.
• Esta lei expressa como o chefe de família era poderoso na Roma Antiga, com pouca participação das mulheres e
menores de idade.
• Tábua VII
• Aborda os delitos cometidos contra a propriedade, seja um bem imóvel ou um
escravo. Se alguém destruiu algo, deverá pagar a reconstrução ou ser punido por
esta ação.
• Trata-se de uma regra aplicada até hoje no direito dos países ocidentais.
• Tábua XI
• Determinava a proibição do casamento entre patrícios e plebeus.
• Esta lei buscava garantir que os privilégios continuariam nas mãos dos
patrícios e não seriam perdidos através das alianças matrimoniais. Esta
proibição acabaria com a Lei Canuleia, em 445 a.C.
• Como pode-se perceber pela leitura do resumo das leis, elas não eram
tributárias de direitos humanos como os conhecemos, e nem deram
grandes vantagens aos plebeus, entretanto foram um avanço no sentido de
tornar as leis escritas, pois antes eram aram orais e se baseavam nos
costumes, na tradição. Sendo escritas, as leis não poderiam ser mudadas
prejudicando ainda mais o lado mais fraco da disputa, como podemos notar
com a Tábua I que trazia as normas do processo.
Carta Magna da Inglaterra (1215)
• Os séculos 11 e 12 são conhecidos pelo início de mudanças na
sociedade feudal europeia, há uma reorganização eclesiástica com
aumento da concentração de poder papal, as cruzadas trazem uma
nova mentalidade e abertura comercial, começando uma nova fase
para o comércio.
• Há também o enfraquecimento do poder dos senhores feudais e o
fortalecimento de um dos suseranos, o rei. É nesse diapasão que
há uma espécie de absolutização do poder, ainda incipiente e
dentro da tradição medieval, nela se destaca reis como João sem
Terra, da Inglaterra, que tem esse nome por não ter herdado as
terras de herança familiar.
• O rei João irá incrementar e aumentar os impostos devido a uma
pugna com o reino francês, aliado a isso há conflitos com o clero.
Com aumento de encargos, com pressões, como a questão da
justiça mais centralizada nas mãos do rei, a nobreza irá pressionar
João para que esse abra mão de parte de seu poder em nome da
nobreza, essa pressão resultará na Carta Magna de 2015
• Esse documento tem como essência a liberdade e reconhecimento do
poder papal, a consulta aos homens livres- clero e nobreza, sobre aumento
e mudanças nos impostos, ou seja, tem que haver o consentimento desse
para aumento tributário.
• A justiça, que era encarnada na pessoa do rei, deverá ser agora
contrabalanceada pela própria lei, sem contar que a nobreza não será mais
julgada pelo monarca, mas sim pelos seus pares.
Declaração de Direitos (Bill of Rights) na
Inglaterra (1689)
• A dinastia Stuart inicia-se com Jaime I, mas o destaque aqui é para
se filho, Carlos I, que com seus atos absolutistas dissolve o
parlamentar após a câmera dos comuns, que representava o povo e
a classe burguesa, ser contrária ao aumento tributário, mesmo com
o consentimento da câmera dos lordes, nobreza.
• O ato autoritário de Carlos I ligado a perseguição religiosa aos
puritanos, protestantes calvinistas, levou a uma revolta da classe
burguesa, pois essa era em sua maioria puritana, iniciando a
revolução Purina de 1640 a 1649. Nela se destaque Oliver
Cromwell como líder, o mesmo que após a vitória puritana assume
o comando da república, mas de forma ditatorial.
• Devido a uma série de medidas que beneficiavam os católicos, o
parlamento, em grande parte formando por puritanos, conspira para
derrubar Jaime II, convidam Guilherme de Orange, monarca
holandês e casado com Maria de Stuart, filha de Jaime, a assumir o
reino. Guilherme chega com seu exército e sem violência assume o
trono britânico como Guilherme III, daí o nome Revolução Gloriosa,
por não ter sido violenta.
• Na instituição da separação dos poderes, com a declaração de que o
parlamento é um órgão precipuamente encarregado de defender os súditos
perante o rei e cujo funcionamento não pode, pois, ficar sujeito ao arbítrio
deste. Ademais, o Bill of Right veio fortalecer a instituição do júri e reafirmar
alguns direitos fundamentais dos cidadãos, os quais são expressos até
hoje, nos mesmos termos, pelas Constituições modernas, como o direito de
petição e a proibição de penas inusitadas ou cruéis (COMPARATO).
Declaração de Independência dos EUA (1776)
• Como toda guerra há apenas um lado vitorioso, e foi esse lado, ainda durante o conflito,
pensando em dias de paz quer começaram a desenhar a ONU, e também a Carta das Nações,
documento que versa sobre a manutenção da paz, com critérios, organização e meios de
controle das guerras, e além disso, traz também um esboço de direitos humanos no que se refere
a questão social.
• No artigo primeiro temos os propósitos das Nações Unidas, que
são: manter a paz e segurança, barrando medidas agressivas de
estados com intenções beligerantes, esses atos contrários a guerra
devem ser tomados de forma pacífica. Desenvolver relações
amistosas entre a nações, respeitando a autodeterminação dos
povos. Conseguir cooperação internacional para resolver problemas
sociais, econômicos e de direitos humanos de forma geral.
Declaração Universal dos Direitos Humanos
(DUDH) 1948
• Século 19
• Urbanização
• Classe Proletária e direitos trabalhistas
• Revoluções-Primavera dos Povos de 1848.
• Lutas trabalhistas e por direitos sociais
• Imperialismo
• 1ª Guerra Mundial
• Totalitarismo: fascismo, nazismo, capitalismo de estado-
“comunismo”.
• 2ª Guerra Mundial
• Artigo primeiro. Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e
direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos
outros com espírito de fraternidade.
• Artigo 2
• 1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta
Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política
ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
• 2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do
país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem
governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.
• Artigo 3 Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à
segurança pessoal.
• Artigo 4. Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a
escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas
formas.
• Artigo 5. Ninguém será submetido a tortura, nem a tratamento ou
castigo cruel, desumano ou degradante.
• Artigo 7. Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a
igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer
discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a
tal discriminação.
• Artigo 9
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
• Artigo 10
Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública
audiência por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir seus
direitos e deveres ou fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.
• Artigo 19
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; esse direito inclui a
liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir
informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.
• Artigo 25
1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família
saúde, bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os
serviços sociais indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doença
invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em
circunstâncias fora de seu controle.
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos,
1966
• Artigo 1º
• §2. Será proibida por lei qualquer apologia ao ódio nacional, racial ou
religioso, que constitua incitamento à discriminação, à hostilidade ou à
violência.