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PONTES EM VIGAS MÚLTIPLAS

3. Distribuição transversal de cargas

Sander David Cardoso Júnior


M.Sc., Eng. Civil - Prof. Instituto Mauá de Tecnologia - Sócio da EGT Engenharia
3. Distribuição transversal de cargas

O esforço solicitante na viga, depende da posição da carga móvel em planta.


Inicialmente estuda-se qual é a pior situação, ou seja, em qual posição da seção
transversal provocará a maior carga na viga
3. Distribuição transversal de cargas

Tipo de seções transversais:

3.1 Ponte com duas longarinas (Linha de influência 0-1);

3.2 Ponte com vigas múltiplas


3.2.1 Processo Courbon / Engesser;
3.2.2 Processo Fauchart;
3.2.3 Método dos elementos finitos (MEF).
3.1 Ponte com duas longarinas (Linha de influência 0-1)
3.1 Ponte com duas longarinas (Linha de influência 0-1)

Ponte com duas longarinas


Inicialmente estuda-se qual é a posição do trem tipo que provocará a maior
carga em uma das vigas.
3.1 Ponte com duas longarinas (Linha de influência 0-1)

Região do veículo tipo:


1m 1m

Região fora do veículo tipo:


3.1 Ponte com duas longarinas (Linha de influência 0-1)

Esquema estrutural para a seção transversal:


3.1 Ponte com duas longarinas (Linha de influência 0-1)

Linha de influência de reação de apoio na viga V1:


3.1 Ponte com duas longarinas (Linha de influência 0-1)

Posicionamento do trem tipo para a máxima reação na viga V1:


3.1 Ponte com duas longarinas (Linha de influência 0-1)

Trem tipo longitudinal para a viga V1:

V2
3.1 Ponte com duas longarinas (Linha de influência 0-1)

Exercício 3.1: Calcular o trem tipo longitudinal máximo para a ponte com
seção transversal em duas vigas dada na figura abaixo, considerando
ponte classe 45.
3.1 Ponte com duas longarinas (Linha de influência 0-1)

... Continuação Exercício 3.1: Calcular para a seção transversal e o trem


tipo longitudinal do exercício anterior o momento fletor e o esforços
cortante máximos nas longarinas.
3.2 Ponte com vigas múltiplas
3.2 Ponte com vigas múltiplas

Ponte com vigas múltiplas:


Constituída preferencialmente por 4 ou mais vigas ligadas pela laje e
transversinas nas extremidades, podendo conter transversinas intermediárias.

Assim como para o caso de pontes com duas longarinas, o processo distribuição
de cargas passa pela construção das linhas de influencia de reação nas
longarinas. Contudo, tem-se agora uma estrutura hiperestática.

O problema pode ser resolvido através processos simplificados (Leonhardt,


Engesser-Courcon, Guyon-Massonet, Homber Trenks, Bares, Ferraz, Fauchart,
etc.) ou por MEF (Método dos elementos Finitos) com a utilização de programas
computacionais.
3.2 Ponte com vigas múltiplas

Ponte com vigas múltiplas:


Para uma ponte com seção de concreto apresentada abaixo e vão longitudinal de
35 m, será apresentada a solução por métodos simplificados e MEF considerando
a presença ou não de transversinas intermediárias.
3.2 Ponte com vigas múltiplas

Ponte com vigas múltiplas:


Foram considerados os seguintes modelos estruturais, onde a viga analisada está
submetida a uma carga uniformemente distribuída de 1 kN/m:

Viga isolada 2 Transversinas 3 Transversinas 5 Transversinas


3.2 Ponte com vigas múltiplas

Comparação do momento fletor para viga V1 para diferentes modelos


estruturais:

Mv1 (kNm)

153

114 113
94 93 89

Viga isolada 2T 3T 5T Processo Courbon Processo Fauchart


3.2 Ponte com vigas múltiplas

Comparação do momento fletor para viga V2 para diferentes modelos


estruturais:

Mv2(kNm)

153

63 67
49 47 49

Viga isolada 2T 3T 5T Processo Courbon Processo Fauchart


3.2 Ponte com vigas múltiplas

Comparação do momento fletor para viga V3 para diferentes modelos


estruturais:

Mv3 (kNm)

153

63 67

44 39
32

Viga isolada 2T 3T 5T Processo Courbon Processo Fauchart


3.2.1 Ponte com vigas múltiplas: Courbon / Engesser
3.2.1 Ponte com vigas múltiplas – Processo Courbon / Engesser

Processo Courbon:
Este processo se aplica ao caso usual de grelhas de ponte onde são respeitadas
as seguintes condições:

- A largura da obra é menor que metade do vão da mesma (vão/largura ≥ 2);


- A altura das transversinas é da ordem de grandeza das longarinas, de maneira
que elas podem ser consideras como infinitamente rígidas (htrans ≥ 2/3hlong);
- As espessuras das longarinas e das lajes são pequenas;
- É desprezado o trabalho longitudinal das lajes.
3.2.1 Ponte com vigas múltiplas – Processo Courbon / Engesser

A hipótese de assumir a transversina ser infinitamente rígida (EI  )


permite escrever:

d²y M
 0 Equação da linha elástica: y = A + Bx
dx ² EI
3.2.1 Ponte com vigas múltiplas – Processo Courbon / Engesser

- Fazendo o equilíbrio vertical de forças:

R i 1

 (K .y )  1
i i

 K ( A  B.x )  1
i i

A K i  B  ( K i .xi )  1

1
A
 Ki
3.2.1 Ponte com vigas múltiplas – Processo Courbon / Engesser

- Fazendo o equilíbrio de momentos em torno do C.E.:

 ( R .x )  1.x
i i j

 ( K . y .x )  1.x
i i i j

[ K ( A  B.x ) x ]  1.x
i i i j

A K i .xi  B  ( K i .xi ²)  1.x j

xj
B
 ( K .x ²) i i
3.2.1 Ponte com vigas múltiplas – Processo Courbon / Engesser

- Substituindo A e B na equação da linha elástica:

1 x j .xi
yi  
 Ki  ( Ki .xi ²)

- Fazendo Ri = Ki.yi:

 1 x j .xi 
Ri , j  K i  
  K  ( K .x ²) 
 i i i 

Sendo Ri a reação da viga i para uma carga unitária na posição j.


3.2.1 Ponte com vigas múltiplas – Processo Courbon / Engesser

- Dada a deformada da longarina i:

Ri .L ³ Ri Ri Ii
yi   C  , com K i 
c.E.I i Ii Ki C

- Substituindo na equação de Ri,j, tem-se: Ii  C C.x j .xi 


Ri , j    
C   I i  ( I i .xi ²) 

3.2.1 Ponte com vigas múltiplas – Processo Courbon / Engesser

- Chega-se ao valor de Ri,j: - Para seções de mesma inércia:

 1 x j .xi  1 x j .xi
Ri , j  I i   Ri , j  
  I  ( I .x ²)  n  ( xi ²)
 i i i 
3.2.1 Ponte com vigas múltiplas – Processo Courbon / Engesser

Exercício 3.2: Calcular pelo processo Courbon o trem tipo longitudinal


máximo para a ponte com seção transversal em múltiplas vigas dada na
figura abaixo, considerando ponte classe 45.
3.2.2 Ponte com vigas múltiplas – Processo Fauchart

... Exercício 3.2:


3.2.1 Ponte com vigas múltiplas – Processo Courbon / Engesser

... Exercício 3.2: Propriedades geométricas

Ac  0, 628 m 2 Ac  1, 066 m 2 Ac  1, 276 m 2


I c  0, 257 m 4 I c  0,514 m 4 I c  0,575 m 4 Ac  0,32 m²
I t  0, 00635 m 4
I t  0, 0119 m 4
I t  0, 0147 m 4

yi  0,906 m yi  1,315 m yi  1, 411 m


ys  0,894 m ys  0, 685 m ys  0,589 m
Wi  0, 284 m 3
Wi  0,391 m 3
Wi  0, 408 m3
Ws  0, 287 m3 Ws  0750 m3 Ws  0,976 m3

Concreto: C 40  f ck  40MPa  Ec  32GPa Gc  12,8GPa


3.2.2 Ponte com vigas múltiplas – Processo Fauchart
3.2.2 Ponte com vigas múltiplas – Processo Fauchart

Processo Fauchart:
Para o caso de uma ponte em vigas múltiplas sem transversinas intermediárias,
somente nos apoios. Pode ser aplicado o processo respeitando as seguintes
condições:
- As longarinas trabalham conforme a Resistência dos Materiais;
- As longarinas são biapoiadas e têm inércia constante;
- É desprezado o trabalho longitudinal das lajes.
3.2.2 Ponte com vigas múltiplas – Processo Fauchart

Da superestrutura esquematicamente representada na figura anterior,


deve-se isolar a viga i.

Do equilíbrio estático, tem-se:

pi  p  vd - ve
mi  md - me

Equilíbrio da viga i
3.2.2 Ponte com vigas múltiplas – Processo Fauchart

Considerando os conceitos da resistência dos materiais, podemos


escrever:

d2y M d 2M d4y P
 - p   
dx 2
EI dx 2 dx 4 EI

d T dT d 2 m
 m   
dx G  It dx dx 2
G  It

4
d yi pi d 2 i mi
Assim:  
dx 4
EI dx 2
G  Iti
3.2.2 Ponte com vigas múltiplas – Processo Fauchart

• Desenvolvendo em série de Fourier as cargas pi e mi e os


deslocamentos yi e θi, é possível transformar essas duas equações
diferenciais em equações algébricas o que permitirá transformar nosso
problema bidimensional (x, z) em unidimensional (z);

• Como as vigas são biapoiadas e ainda engastadas à torção nos apoios a


função escolhida deve respeitar as seguintes condições de contorno:
x  0 e x  yi   i  0

• A função adequada é portanto de senos do tipo:

 x
sen , nula para x  0 e x 
3.2.2 Ponte com vigas múltiplas – Processo Fauchart

• Assim:
 x  x
pi  pi  sen mi  mi  sen

 x  x
yi  yi  sen  i   i  sen

• Introduzindo essas séries nas equações acima tem-se:

 x  x  
4

pi  sen  yij  sen    E  Ii


 
 x  x  
2

mi  sen   i  sen    G  Iti


 
3.2.2 Ponte com vigas múltiplas – Processo Fauchart

• ou: pi  kfi  yi mi  kti  θi

 
2
 
4
• Com: kti     G  Iti
kfi     E  Ii
   
• Assim, o problema de distribuição transversal se reduz a calcular a
faixa unitária de laje esquematizada na figura abaixo:

Faixa unitária
3.2.2 Ponte com vigas múltiplas – Processo Fauchart

pi  kfi  yi

mi  kti   i
3.2.2 Ponte com vigas múltiplas – Processo Fauchart

Imaginando a ponte em questão como uma peça única de seção aberta


com 4 nervuras a solução de Fauchart considera flexão do conjunto ( =
cte), a torção uniforme e a flexo-torção (θ = cte) e a deformação da seção
transversal ou “distorção”representada por θ não constante e  variável
não linearmente, conforme ilustra a figura abaixo:

Deformação de uma seção transversal pelo processo de Fauchart


3.2.2 Ponte com vigas múltiplas – Processo Fauchart

Exercício 3.3: Calcular pelo processo Fauchart o trem tipo longitudinal


máximo para a ponte com seção transversal em múltiplas vigas dada na
figura abaixo, considerando ponte classe 45 e vão livre de 30m.
3.2.2 Ponte com vigas múltiplas – Processo Fauchart

... Exercício 3.3:


3.2.2 Ponte com vigas múltiplas – Processo Fauchart

... Exercício 3.3: Propriedades geométricas

Ac  0, 628 m 2 Ac  1, 066 m 2 Ac  1, 276 m 2


I c  0, 257 m 4 I c  0,514 m 4 I c  0,575 m 4 Ac  0,32 m²
I t  0, 00635 m 4
I t  0, 0119 m 4
I t  0, 0147 m 4

yi  0,906 m yi  1,315 m yi  1, 411 m


ys  0,894 m ys  0, 685 m ys  0,589 m
Wi  0, 284 m 3
Wi  0,391 m 3
Wi  0, 408 m3
Ws  0, 287 m3 Ws  0750 m3 Ws  0,976 m3

Concreto: C 40  f ck  40MPa  Ec  32GPa Gc  12,8GPa


3.2.3 Método dos elementos finitos (MEF)
3.2.3 Método dos elementos finitos (MEF)

Método dos elementos finitos (MEF):


Existem inúmeros programas de análise de estruturas tridimensionais, na
sua maioria tem por base a solução através do método dos elementos
finitos. Nestes programas a modelagem da superestrutura do tabuleiro
pode ser feita por modelos de grelha e/ou placas.
3.2.3 Método dos elementos finitos (MEF)

Método dos elementos finitos (MEF):


A utilização destes programas permite a determinação de linhas e
superfícies de influência, de maneira a posicionar a carga móvel na
condição mais desfavorável possível.
3.2.3 Método dos elementos finitos (MEF)

Método dos elementos finitos (MEF):


As figuras abaixo apresentam as superfície de influência para o momento
fletor e esforço cortantes máximos na longarina de extremidade.

S.I. Momento fletor máximo V1 S.I. Cortante máximo V1


3.2.3 Método dos elementos finitos (MEF)

Elementos finitos X Métodos simplificados:


A seguir será apresentado uma comparação entre os resultados obtidos
através de modelos computacionais em elementos finitos e métodos
aproximados para a ponte resolvida nos exemplos 3.2 e 3.3.
Foram gerados modelos computacionais considerando 2, 3 e 5
transversinas. Sendo que o modelo com 2 transversinas corresponde a
um modelo sem transversinas intermediárias

2T

3T

5T
3.2.3 Método dos elementos finitos (MEF)
3.2.3 Método dos elementos finitos (MEF)
3.2.3 Método dos elementos finitos (MEF)
3.2.3 Método dos elementos finitos (MEF)

Momento fletor máximo (TB450):


3.2.3 Método dos elementos finitos (MEF)

Esforço cortante máximo (TB450):


3.2.3 Método dos elementos finitos (MEF)

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