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UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS

O MELHORAMENTO DE PLANTAS NO CONTEXTO DAS


MUDANÇAS CLIMÁTICAS

XVI SIMPÓSIO DE ATUALIZAÇÃO DEM GENÉTICA E


MELHORAMENTO DE PLANTAS

ANAIS

Realização:

Núcleo de Estudos em Genética e Melhoramento de Plantas – GEN/UFLA


Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento de Plantas / UFLA

Lavras – Minas Gerais

2012
Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca da UFLA

Simpósio de Atualização em Genética e Melhoramento de


Plantas (16. : 2012 : Lavras, MG).
O melhoramento de plantas no contexto das mudanças
climáticas : XVI Simpósio Nacional de Atualização em Genética e
Melhoramento de Plantas, 23 e 24 de agosto de 2012, Lavras,
Minas Gerais / coordenadores, João Cândido de Souza ... [et al.] ;
editores, Breno Alvarenga Resende... [et al.]. – Lavras : UFLA, 2012.
44 p. : il.

Realização, Núcleo de Estudos em Genética e Melhoramento de


Plantas-GEN/UFLA e Pós- Graduação em Genética e
Melhoramento de Plantas/UFLA.
ISSN 2238-9962

1. Clima. 2. Melhoramento. 3. Plantas. 4. Alteração. I. Souza,


João Cândido de. II. Resende, Breno Alvarenga. III. Universidade
Federal de Lavras. IV. Título.
CDD – 631.523

4
José Roberto Soares Scolforo
Reitor

Édila Vilela de Resende Von Pinho


Vice-Reitora

Alcides Moino Júnior


Pró-Reitor de Pós-Graduação

Júlio Neil Cassa Louzada


Chefe do Departamento de Biologia

João Cândido de Souza


Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento de Plantas

Breno Alvarenga Rezende


Coordenador do Núcleo de Estudos em Genética e Melhoramento de Plantas
COMISSÃO ORGANIZADORA

COORDENADORES

João Cândido de Souza

Magno Antonio Patto Ramalho

Breno Alvarenga Rezende

Mariana Junqueira de Abreu

EDITORES
Breno Alvarenga Rezende

Mariana Junqueira de Abreu

Kátia Ferreira Marques de Resende

Izabel Cristina Rodrigues de Figueiredo

Ulisses José de Figueiredo

Matheus Henrique Silveira Mendes

Thaís Furtado Nani

Gustavo Evangelista Oliveira

Samuel Bonfim Fernandes

Gustavo Salgado Martins

Ricardo Andrade Pinto Júnior

Vinícius Teixeira Andrade

Guilherme Tomaz Braz

Dayane Cristina Lima


APRESENTAÇÃO

No ano de 2012 realizamos o XVI Simpósio Nacional de Atualização em Genética e


Melhoramento de Plantas. O objetivo dessa edição é discutir os possíveis impactos das
mudanças climáticas na agricultura como um todo, e as implicações desse processo no
trabalho dos melhoristas de plantas. O que se espera com este evento é o relato prático de
pesquisadores nacionais e internacionais experientes nesta área, que podem auxiliar na
formação de opinião da comunidade acadêmica e dos melhoristas como um todo. Discutir o
melhoramento de plantas no contexto das mudanças climáticas é um passo a frente a ser dado,
uma vez que o problema se concretize.
A realização deste evento é uma parceria entre o Núcleo de Estudos em Genética e
Melhoramento de Plantas – GEN, e o programa de Pós-Graduação em Genética e
Melhoramento de Plantas da UFLA. Por isso, a todos que se esforçaram para o sucesso deste
simpósio, nosso muito obrigado.

Comissão Organizadora
O conteúdo dos textos é de inteira
responsabilidade de seus
autores.
SUMÁRIO

MELHORAMENTO GENÉTICO DA MACIEIRA NA EPAGRI, SC - AVANÇOS


OBTIDOS E ESTRATÉGIAS PARA O FUTURO .............................................................. 1
Frederico Denardi e Marcus Vinícius Kvitschal

BREEDING MAIZE FOR COLD TOLERANCE .............................................................. 14


Pedro Revilla Temiño

RESISTÊNCIA A ESTRESSES ABIÓTIOCOS EM HORTALIÇAS - UM EXEMPLO


NO TOMATEIRO.................................................................................................................. 17
Wilson Roberto Maluf

MELHORAMENTO GENÉTICO DO EUCALIPTO PARA CONDIÇÕES


MARGINAIS: O CASO ESPECIAL DA SECURA ........................................................... 20
Nuno Borralho

O MELHORAMENTO GENÉTICO DA SOJA NO CONTEXTO DAS MUDANÇAS


CLIMÁTICAS ........................................................................................................................ 23
Neylson Eustáquio Arantes

RESFRIAMENTO DA TERRA NOS PRÓXIMOS 20 ANOS .......................................... 25


Luiz Carlos Baldicero Molion

O MELHORAMENTO GENÉTICO NA EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA


DO ARROZ NO BRASIL...................................................................................................... 27
Antonio Carlos Centeno Cordeiro
MELHORAMENTO GENÉTICO DA MACIEIRA NA EPAGRI, SC -
AVANÇOS OBTIDOS E ESTRATÉGIAS PARA O FUTURO

Frederico Denardi1 e Marcus Vinícius Kvitschal2

Introdução

A macieira é uma frutífera de clima temperado, originária da Ásia Central, território


Central do Cazaquistão, região de Almaty, e Sudoeste da China. Pertence à família Rosaceae,
sub-família Maloidaea e ao gênero Malus (Robinson et al., 2001). A maioria das cultivares
conhecidas hoje pertence à espécie Malus domestica, um híbrido complexo, usualmente
denominado Malus x doméstica Borkh., tendo como um dos ancestrais a Malus sieversii, que
se encontra dispersa nas montanhas da Ásia Central, em altitudes entre 1.200 a 1.800 m
(Luby, 2003).
O uso da maçã como alimento humano é milenar. Restos fossilizados de maçãs de
6.500 A.C. foram descobertos em Anatólia (atual Antália), na Turquia, e seu cultivo data de
2.000 A.C. Os povos do Império Romano, na conquista sobre os gregos, adquiriram macieiras
já domesticadas e as dispersaram em todo o território europeu por volta de 300 A.C. No
século XIII, o cultivo da macieira se expandiu rapidamente pelo continente europeu. No
século XVII já havia, pelo menos, 120 cultivares comerciais. No final do século XVIII, várias
centenas de cultivares já eram conhecidas, e em 1826 a Sociedade Real de Horticultura da
Inglaterra (Royal Horticultural Society of England) catalogou 1.200 cultivares. Atualmente,
existe no mercado mundial entre 7.500 e 8.000 cultivares de macieira. No entanto, em torno
de 75% da produção mundial de maçãs provém de cerca de apenas 12 cultivares (O’Rourke,
2010).
Dentre estas doze cultivares, apenas sete são produtos de hibridações dirigidas, de
programas de melhoramento genético, desenvolvidas a partir de 1935 (Tabela 1). ‘Idared’ e
‘Jonagold’, obtidas nos EUA em 1935 e 1940; Elstar na Holanda em 1955; ‘Fuji’ no Japão em
1962; ‘Gala’, na Nova Zelândia em 1965 e Cripp’s Pink (Pink Lady®), na Austrália em 1970.

1
Eng. Agr. M.Sc. – Pesquisador Epagri – Estação Experimental de Caçador, SC – E-mail:
denardi@epagri.sc.gov.br
2
Eng. Agr. D.Sc. – Pesquisador Epagri – Estação Experimental de Caçador, SC – E-mail:
marcusvinicius@epagri.sc.gov.br

1
As demais cultivares foram obtidas casualmente por viveiristas ou fruticultores durante o
transcorrer do século XIX até a primeira metade do século XX. A ‘Red Delicious’ e a ‘Golden
Delicious’, introduzidas no mercado em 1881 e 1890, respectivamente, foram obtidas por
viveiristas americanos, sendo ainda as duas mais plantadas no mundo inteiro, representando
sozinhas mais de um terço da produção mundial. Estão sendo paulatinamente substituídas,
principalmente pelas suas descendentes ‘Royal Gala’ (filha da ‘Golden Delicious’) e ‘Fuji’
(filha da ‘Red Delicious’). Uma parcela significativa das cultivares existentes no mercado
atualmente tem como parental comum a ‘Golden Delicious’ (Noiton & Shelbourne, 1992) e/ou
a ‘Red Delicious’, devido à importância comercial destas duas cultivares em nível mundial.
Observe-se na tabela 1 que das sete cultivares obtidas por hibridações controladas a partir de
1935, quatro têm como parental em comum a cultivar Golden Delicious e duas tem como
parental em comum a cultivar Delicious.
No programa de melhoramento genético da macieira – PMGM – na Epagri, as
principais seleções em estudos avançados são descendentes em F3 (3ª geração de
cruzamentos), a partir das cultivares Golden Delicious e Delicious.

2
Tabela 1 – Principais cultivares de macieira no mercado mundial, suas produções em nível global e a evolução da produção, da safra de 2005 para a safra
de 2010; países de origem, ano de introdução no mercado e respectivas genealogias.

Cultivar Produção no mundo (mil t) Diferença (%) País e ano de Genealogia


2005 2010 2010 – 2005 lançamento
1/
Cripp’s Pink 321 519 + 61,7 Austrália (1970) Golden Delicious x Lady Williams 2/
Empire 115 160 + 39,1 EUA (1966) McIntosh x Delicious 2/
Gala 2.780 3.679 + 32,3 Nova Zelândia (1965) Kidd’s Orange x Golden Delicious 2/
Fuji 1.463 1.885 + 28,8 Japão (1962) Delicious x Rall’s Janet 2/
Idared 846 1.052 + 24,3 EUA (1935) Jonathan x Wagener
Estar 425 520 + 22,4 Holanda (1955) Golden Delicious x Ingrid Marie 2/
Jonagold 1.054 1.222 + 15,9 EUA (1940) Golden Delicious x Jonathan 2/
Participação percentual das cultivares obtidas por hibridação controlada na produção mundial:
36,4 41,9 + 15,1
Braeburn 659 767 + 16,4 Nova Zelândia (1952) Seedling casualmente obtido 3/
McIntosh 421 466 + 10,7 Canadá (1796) Seedling casualmente obtido 3/
Granny Smith 1.472 1.581 + 7,4 Austrália (1860) Seedling casualmente obtido 3/
Delicious 4.832 4.931 + 2,0 EUA (1881) Seedling casualmente obtido 3/
Golden Delicious 4.837 4.786 - 1,1 EUA (1890) Seedling casualmente obtido 3/
Participação percentual das cultivares obtidas casualmente na produção mundial:
63,6 58,1 - 8,6
Sub-totais: 19.225 21.568 +12,2%
4/
Totais da produção mundial: 26.714 28.715
Sobre total mundial: 72,0% 75,0% + 3,0%
Fonte: O’Rourke, 2010
1/
A ‘Cripp’s Pink’ tem como marca comercial (clube) a denominação de Pink LadyTM.
2/
Com participação da cv. Golden Delicious como parental ou com a participação da cv. Delicious como parental.
3/
Estas cinco cultivares foram obtidas de forma casual por fruticultores ou viveiristas, nos respectivos países de origem, não sendo produtos de hibridações controladas.
4/
Excetuando a produção chinesa, que gira em torno da metade da produção mundial de maçãs.

3
Breve histórico do cultivo da macieira no Brasil

No Brasil, a produção comercial de maçãs se deu a partir de 1975, e se intensificou até o ano
2000 de forma linear, basicamente em função da introdução de novas cultivares, da
implementação do programa de estímulo à fruticultura temperada “Profit” (Bleicher, 2006),
bem como do desenvolvimento de tecnologias inovadoras. Depois que os primeiros dados de
pesquisa agronômica na década de 60 evidenciaram que o Sul do país tinha aptidão para a
fruticultura de clima temperado, se intensificou a produção comercial de maçãs no Brasil. As
primeiras cultivares de macieira plantadas em escala comercial foram a ‘Golden Delicious’ e
a ‘Starkrimson’ (Boneti et al., 2006), embora estudos de pesquisa tenham também indicado as
cultivares Red Delicious, Mutsu (Ushirozawa, 1978), e as cultivares Gala, Belgolden e Fuji
(Bleicher, 2006). Houve também quem plantou algumas outras cultivares menos conhecidas,
tais como BlackJohn, Golden Spur, Willie Sharp, Hawaii, Pome-3 e Delcon. Desde então,
diversos pomares começaram a ser implantados em escala comercial e a produção nacional de
maçãs apresentou aumentos significativos deste então.
Após esse período se intensificaram os plantios, mas principalmente das cultivares Gala e
Fuji, e mais recentemente, dos clones coloridos Royal Gala, Imperial Gala, Galaxy, Baigent
(BrookfieldTM) e Maxi-Gala, pertencentes ao grupo ‘Gala’, e dos clones coloridos ‘Suprema’,
‘Mishima’ e ‘Fuji Brak’ (KikuTM 8), pertencentes ao grupo ‘Fuji’. A produção de destes dois
grupos alcança atualmente a marca de 90% do total da maçã brasileira. Os 10% restantes
provém de cultivares de baixo requerimento de frio como a Eva, a Condessa e a Castel Gala, e
em menor escala de novas cultivares importadas de alta requerimento de frio, como a Cripp’s
Pink (Pink LadyTM) e Braeburn, cuja produção tem destino a exportação.
No entanto, devido ao plantio concentrado nas cultivares dos grupos ‘Gala’ e ‘Fuji’, que tem
janela de colheita muito estreita, o cenário que se tem hoje na pomicultura brasileira é o alto
custo de produção e a exagerada concentração de demanda por mão de obra para colheita
nesta janela temporal muito restrita. Por outro lado, têm-se altos custos com controle
fitossanitário nos pomares, dentre outros fatores. Tudo isso tem convergido para a redução
gradativa da qualidade da fruta ofertada, redução dos preços pagos ao produtor, redução da
margem de lucro dos pomicultores e, consequentemente, endividamento gradual do setor
produtivo.

4
Nessa temática, a Epagri – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa
Catarina – vem desenvolvendo trabalhos de pesquisa em Melhoramento Genético de Macieira
no Brasil, desde 1972 (Denardi e Hough, 1987). A Epagri detém atualmente o principal
programa de melhoramento genético dessa cultura em atividade no Brasil. Os principais
objetivos desse programa são a adaptação climática, a resistência genética às principais
doenças da macieira, alta produtividade dos pomares e a alta qualidade das frutas,
notadamente em sabor e capacidade de conservação.

Adaptação climática/requerimento de frio hibernal

A macieira, por ser uma frutífera de clima temperado, onde ocorrem invernos bem definidos,
necessita passar por um período de baixas temperaturas (≤ 7,2°C) durante o inverno como pré
requesito para se obter boas produções e frutas de boa qualidade. Este período, no entanto,
não é igual para todas as cultivares. O requerimento de frio hibernal entre as diferentes
cultivares varia de menos de 200 horas (ex.: ‘Anna’), a mais de 1.000 horas (ex.: ‘Golden
Delicious’). Graças a esta ampla variabilidade genética para requerimento de frio, a macieira é
cultivada em todos os cinco continentes, desde climas temperados até tropicais, em grandes
altitudes (Luby, 2003).
Por consequência da origem da espécie ser de regiões com clima muito frio, a grande maioria
das atuais cultivares apresenta alto requerimento de frio hibernal, inclusive as variedades
atualmente plantadas no Sul do Brasil. No entanto, programas de melhoramento genético,
principalmente em regiões de invernos menos frios, têm evoluído muito no desenvolvimento
de novas cultivares com menos requerimento de frio hibernal, incluindo o Programa de
Melhoramento Genético - PMGM da Epagri, em Santa Catarina.

Afora o bom conceito mundial das maçãs Gala e Fuji, as plantas destas cultivares no Sul do
Brasil apresentam sérias limitações para cultivo na maior parte deste território. Em áreas com
menos de 1.200 m de altitude, a disponibilidade de frio hibernal não é suficiente para
assegurar boas produções de frutos de qualidade satisfatória. A área territorial ocupada
atualmente ou que pode ser utilizada para o cultivo de frutas de clima temperado, está abaixo
deste nível de altitude e é nela que se encontram alguns dos principais polos produtores das
maçãs brasileiras. Nestes locais, a produção comercial de maçãs ‘Gala’ e ‘Fuji’ só é
5
satisfatória mediante o uso de produtos químicos indutores da brotação, que compensam
parcialmente a deficiência de frio hibernal. São eficientes para tal; no entanto, implicam no
aumento dos custos de produção e podem causar danos ao homem e ao meio ambiente.

Para garantir uma produção de frutos uniformes e de boa qualidade sem a utilização dos
indutores da brotação, é preciso dispor de cultivares com menor requerimento de frio hibernal
que as atuais ‘Gala’ e ‘Fuji’ e seus clones coloridos. No mercado já existem cultivares de
baixo requerimento de frio, como a Anna, a Dorsett Golden, entre outras; porém, nas
condições climáticas do Sul do Brasil, este tipo de cultivar brota e floresce demasiadamente
cedo, colocando em risco a floração por danos decorrentes de geadas tardias. Novas cultivares
de baixo requerimento de frio e amplo espectro de maturação dos frutos, porém com brotação
e floração em época mais tardia, que ofereçam proteção contra este tipo de condição
climática, são necessárias para cultivo no Sul do Brasil. Estes estão entre os principais
objetivos do PMGM da Epagri.

Trinômio: ‘Presença de doenças’, ‘Clima favorável’ e ‘Cultivares


suscetíveis’

Com a introdução da macieira no Brasil pelos imigrantes europeus, vieram também


muitas doenças desta frutífera, cujo controle demanda atualmente em torno de ¼ de todo o
montante dos custos de produção. Dentre as doenças mais graves presentes no Sul do Brasil
estão a sarna (Venturia inaequalis), a mancha foliar de Glomerella – MFG (Colletotrichum
sp), oídio da macieira (Podosphaera leucotricha) e podridão amarga dos frutos (Glomerella
cingulata), marsonina (Marsonina mali) e podridões de pós-colheita, principalmente
Penicillium (Penicillium expansum). Dentre as pragas, as mais graves são a mosca-das-frutas
(Anastrepha frateculus) e o ácaro vermelho da macieira (Panonichus ulmi).
Por outro lado, as condições climáticas nesta região durante as estações de crescimento da
macieira – primavera/verão/outono -, se caracterizam por alta umidade e temperaturas
altamente favoráveis ao estabelecimento e desenvolvimento destas doenças e pragas, para as
quais o controle químico feito atualmente, além de muito caro, representa risco à saúde dos
aplicadores, consumidores e do meio ambiente. As atuais cultivares comerciais,
principalmente as do grupo ‘Gala’, são altamente suscetíveis a praticamente todas estas
6
doenças e pragas. A incorporação de resistência genética é ainda a forma mais barata e mais
segura de se controlar doenças e pragas na fruticultura (Sansavini et al., 2004), sendo este
outro importante desafio do PMGM da Epagri.
Trinômio: ‘Precocidade de floração’, ‘Frutificação efetiva’ e ‘Regularidade
da produção anual’

Para estas variáveis, no PMGM da Epagri avalia-se o tempo em que as plântulas


levam para iniciar a frutificação a partir da germinação das sementes, a capacidade das plantas
em fixar frutos e a regularidade de produção ao longo do tempo. A precocidade em iniciar a
produção tem relação direta com aumento da produção acumulada das plantas ao longo dos
anos. Quanto mais rapidamente a planta alcança a plena produção, maior será a produção
acumulada e, também, mais rápido será o retorno do capital inicial, investido no plantio do
pomar. Ao longo do tempo, o pomar será mais rentável. A frutificação efetiva, ou seja: a
capacidade da planta gerar e fixar frutos a partir de cada flor, tem relação direta com a
produtividade do pomar. A regularidade de produção, ou seja: a ausência de alternância de
produção de um ano para o outro, é de fundamental importância como garantia de retornos
financeiros constantes aos fruticultores ao longo do tempo. Estes são também importantes
objetivos deste programa de melhoramento genético.

Qualidade de frutos

No mercado consumidor brasileiro, acostumado com os frutos da ‘Gala’ e da ‘Fuji’,


predomina a preferência por maçãs de sabor doce e epiderme vermelha, não aceitando muito
bem maçãs de sabor ácido e epiderme amarela ou verde. Estes são os norteadores do PMGM
na Epagri para padrão de qualidade das maçãs. Por outro lado, a maçã está entre as poucas
frutas de clima temperado que o consumidor consegue encontrar nas gôndolas dos
supermercados e fruteiras o ano inteiro. Isto se deve à boa capacidade de conservação das
maçãs em câmaras frias, sendo este outro importante objetivo do PMGM da Epagri, ou seja:
disponibilizar novas cultivares, cujos frutos podem ser conservados, sem perda da qualidade,
por longo tempo.

Alta demanda por mão de obra/custos de produção elevados


7
Dentre os componentes que mais contribuem para os custos de produção da maçã brasileira, a
mão de obra necessária para as atividades de campo representa o principal, com cerda de 60%
do total destes custos. A mão de obra em algumas destas atividades, como a poda e condução
de ramos e o raleio do excesso de frutos, pode ser reduzida ou até mesmo suprimida, com a
incorporação de características específicas de arquitetura e hábito de frutificação das plantas.
Germoplasma com crescimento aberto dos ramos e com predominância de formação de
órgãos de frutificação sobre formação de ramos, já está sendo usado nos atuais programas de
hibridações (geração F4 de hibridações), com o objetivo de reduzir a necessidade de mão de
obra para abertura da copa e poda de ramos.
Dentre os objetivos futuros, a introdução de germoplasma que produza frutos individuais ao
invés dos atuais seis frutos por cacho floral, deverá fazer parte do plantel de parentais para
futuras hibridações, visando suprimir também a mão de obra no raleio de frutos.
Com este rol de objetivos, o PMGM da Epagri pretende disponibilizar aos
fruticultores, novas cultivares que possibilitem ao mesmo tempo: a) aumentar a produtividade
dos pomares; b) melhorar a qualidade dos frutos; c) reduzir substancialmente os custos de
produção e, por consequência, aumentar a rentabilidade do negócio da maçã brasileira; e por
fim d) ampliar o leque de variedades a serem disponibilizadas ao setor produtivo da maçã
brasileira.

Principais cultivares de macieira desenvolvidas pelo PMGM da Epagri, já


em plantio comercial

1. Condessa: cultivar de baixo requerimento de frio, indicada para regiões de climas


com invernos de 350-450 horas de frio hibernal ≤ 7,2°C. Provém do cruzamento Gala x
M-41, sendo este último parental uma seleção da Epagri, de baixo requerimento de frio,
mas com frutos de qualidade insatisfatória para o mercado brasileiro. Os frutos da
‘Condessa’ são vermelho-estriados, de sabor bastante doce e maturação no início de
janeiro – um mês antes da colheita dos frutos da ‘Gala’. Floresce cedo demais para cultivo
nos grandes polos produtores de maçãs – Fraiburgo e São Joaquim em Santa Catarina, e
Vacaria no Rio Grande do Sul. Possui tolerância à sarna da macieira, mas é suscetível à
MFG, o que limita de certa forma seu cultivo em climas de verões quentes e úmidos. Por
8
serem colhidos antes da colheita das maçãs nos grandes polos de produção de Santa
Catarina e Rio Grande do Sul, os frutos da ‘Condessa’ são vendidos a preços muito
atrativos.

2. Imperatriz: cultivar de médio requerimento de frio, indicada para regiões com pelo
menos 550 horas de frio hibernal ≤ 7,2°C. É produto do cruzamento Gala x Mollie’s
Delicious, sendo esta última uma cultivar americana de menos requerimento de frio
hibernal que a ‘Gala’, boa tolerância à sarna e alta resistência à MFG, mas com frutos
ligeiramente insípidos. Os frutos da ‘Imperatriz’ são vermelho-estriados, de sabor doce e
semiácido, tamanho médio a grande, colhidos no início de janeiro, na mesma data da
colheita dos frutos da ‘Gala’. Em virtude de possuir boa adaptação climática no Sul do
Brasil, alta resistência à MFG, boa tolerância à sarna e ao oídio da macieira, frutos de boa
coloração e sabor, a ‘Imperatriz’ está sendo muito utilizada nos atuais programas de
hibridações do PMGM da Epagri. Várias seleções avançadas, filhas da ‘Imperatriz’ e
portadoras de médio requerimento de frio, alta resistência à MFG, alta produtividade das
plantas e alta qualidade dos frutos em sabor e aparência, estão em estudos avançados no
Sul do Brasil. Algumas com alta capacidade de conservação em câmaras frias.

3. Monalisa: cultivar de médio requerimento de frio, indicada para regiões com pelo
menos 500 horas de frio hibernal ≤ 7,2°C. É produto do cruzamento Gala x Malus 4,
sendo este último parental uma seleção da Epagri de baixo requerimento de frio e múltipla
resistência a doenças. Monalisa, a mais recente das cultivares lançadas pela Epagri, tem
requerimento de frio médio – estima-se estar entre 550 e 600 horas ≤ 7,2°C - é portadora
de alta resistência genética à sarna e à MFG, muito boa resistência à praga ácaro vermelho
da macieira, e boa tolerância ao oídio da macieira e à podridão amarga dos frutos. Tem
também como características agronômicas importantes, plantas com alta precocidade em
iniciar a produção, alta capacidade de diferenciação de gemas de flor e,
consequentemente, alta capacidade produtiva. Os frutos vermelhos sem estrias e
totalmente sem os distúrbios fisiológicos ‘russeting’ e ‘bitter pit’ na epiderme, têm
aparência muito boa, sabor doce e semiácido, muito bem balanceado para os padrões
exigidos pelo mercado brasileiro. O espectro de múltipla resistência a doenças e ao ácaro
vermelho, aliado à boa adaptação climática, credencia a ‘Monalisa’ como boa opção, tanto
9
para produção integrada como para produção orgânica de maçãs no Sul do Brasil. A
colheita dos frutos é na mesma época da colheita dos frutos da ‘Gala’.
Esta cultivar está sob regime de proteção intelectual no Serviço Nacional de Proteção de
Cultivares – SNPC, com os direitos reservados à Epagri.

4. Daiane: cultivar de médio/alto requerimento de frio, é indicada para climas com no


mínimo 550 horas de frio hibernal ≤ 7,2°C. Originou-se do cruzamento Gala x Princesa,
esta última também cultivar desenvolvida pela Epagri, em Caçador. As plantas da
‘Daiane’ têm como principais características de importância agronômica e comercial a
alta resistência à MFG, a alta precocidade em iniciar a produção e o alto potencial
produtivo. Produz frutos vermelhos, com estrias discretas; são ligeiramente mais
alongados que os da ‘Gala’, apresentando muito boa aparência geral. A colheita ocorre
justamente no intervalo entre a colheita da ‘Gala’ e da ‘Fuji’, proporcionando bom
escalonamento de colheita com estas duas. O sabor é doce com baixa acidez e aroma
pronunciado, conferindo balanço de açúcares/acidez bem adequado para os padrões do
mercado brasileiro.
Esta cultivar está sob regime de proteção intelectual no Serviço Nacional de Proteção de
Cultivares – SNPC, com os direitos reservados à Epagri.

5. Suprema: esta cultivar é, na verdade, uma mutação somática da ‘Fuji’ standard para
coloração vermelha mais acentuada da epiderme. Ao contrário da ‘Fuji’ standard, a
‘Suprema’ tem epiderme vermelha sem estrias, porém de cor mais intensa em toda a
superfície do fruto, conferindo aparência geral muito mais atraente que a da ‘Fuji’. Visto
que a coloração da ‘Fuji’ standard não é muito atrativa no Brasil, principalmente a
produzida na região de Fraiburgo, Meio-oeste catarinense e em Vacaria,RS, a ‘Suprema’
já substituiu a ‘Fuji’ standard em grande parte dos pomares no Sul do Brasil. Afora o fator
mutante que confere coloração mais vermelha à epiderme dos frutos, possui todas as
demais características da ‘Fuji’ standard, incluindo a época de maturação dos frutos.

Além destas, outras cultivares portadoras de características específicas, de relevante valor


genético, foram lançadas por este programa de melhoramento desde 1986, assim distribuídas,
de acordo com o requerimento de frio: a) baixo requerimento de frio: ‘Princesa’ e
10
‘Duquesa’; b) médio requerimento de frio: ‘Primícia’, ‘Fred Hough’, ‘Joaquina’ e
‘Baronesa’; c) Alto requerimento de frio: ‘Catarina’ e ‘Kinkas’. São portadoras de alta
resistência à sarna, a ‘Primícia’, a ‘Fred Hough’, a ‘Joaquina’, a ‘Catarina’ e a ‘Kinkas’.
Dentre estas, apenas a ‘Joaquina’ é suscetível à MFG. A ‘Princesa’ tem sido usada com
frequência por este programa de melhoramento no passado. Foram introduzidas no mercado
como descendentes da ‘Princesa’, a cv. Baronesa (‘Fuji’ x ‘Princesa’) e a cv. Daiane (‘Gala’ x
‘Princesa’).

Na linha de melhoramento via seleção de mutações somáticas, foram lançadas as seguintes


cultivares: a) mutações da ‘Gala’- ‘Lisgala’: mutação para cor de epiderme mais atraente; e
‘Castel Gala’: mutação para brotação, floração e maturação dos frutos mais precoces que na
‘Gala’ standard; b) mutações da cv. Fuji – além da ‘Suprema’, descrita acima, foi lançada a
‘Fuji Precoce’, com maturação um mês antes da ‘Fuji’ standard. Além destas, outras mutações
somáticas, derivadas da ‘Gala’ e das cultivares da Epagri citadas acima, estão em estudos nas
Estações Experimentais de Caçador e São Joaquim.

Com este rol de novas cultivares, incluindo algumas dezenas de seleções de 3ª e 4ª gerações,
pretende-se disponibilizar ao setor produtivo da maçã brasileira um leque de opções,
incluindo: a) diferentes níveis de requerimento de frio, que permita ampliar as fronteiras para
cultivo da macieira; b) múltipla resistência às principais doenças e pragas da macieira, com o
intuito de reduzir custos de produção; c) sabores diferenciados em termos de açúcares, acidez
e textura de polpa, incluindo cores de epiderme variadas, visando atender ao maior universo
possível de consumidores; d) ampliação da atual janela de colheita, visando oferecer mais
facilidade no gerenciamento da colheita e processamento dos frutos; f) oferta de mais opções
de cultivares com frutos de alta capacidade de conservação, que permitam atender os
consumidores com maçãs de melhor qualidade na entre safra.

Equipe multidisciplinar envolvida no PMGM da Epagri

 Engs. Agrs. D.Sc. Marcus V. Kvitschal e M.Sc. Frederico Denardi –


Melhoristas;

11
 Eng. Agr. D.Sc. Walter Ferreira Becker: Fitopatologia - inoculação de
doenças;
 Eng. Agr. D.Sc. Janaina P. Santos: Entomologia – avaliação de resistência a
pragas.
 Eng. Agr. D.Sc. Luiz Carlos Argenta: Pós-colheita – análise físico-química de
frutos;
 Engs. Agrs. D.Sc. Marcelo Couto e M.Sc. José L. Petri: Fitotecnia – manejo
de plantas;
 Eng. Agr. D.Sc. Gabriel B. Leite: Fitotecnia – dormência da macieira;
 Eng. Agr. M.Sc. Atsuo Suzuki: Solo e Nutrição de Plantas – fertilidade e
adubação;

Referências bibliográficas

BLEICHER, J. História da macieira. In: EPAGRI. A Cultura da Macieira. Florianópolis,


2002, 743 p.

BONETI, J.I.S.; CESA, J.D.; PETRI, J.L.; BLEICHER, J. Evolução da cultura da macieira.
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In: EMPASC – Manual da cultura da macieira, Florianópolis, 1986, 562 p.

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NOITON, D.; SHELBOURNE, C.J.A. Quantitative genetics in an apple breeding strategy.


Euphytica, v. 60, p. 213-219, 1992.

12
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USHIROZAWA, K. A cultura da maçã: experiência catarinense. Florianópolis : IOESC,


1978. 295p.

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enhanced fruit quality and resistance to biotic stresses: New varieties for the European
market. Journal of Fruit and Ornamental Plant Research, v.12, p.13-52. 2004.

13
BREEDING MAIZE FOR COLD TOLERANCE

Pedro Revilla Temiño1

1. Introduction

Maize is a tropical cereal with high susceptibility to cold temperatures. However, it


was widespread along the entire American continent and, during the last five centuries,
throughout the World. Such wide expansion shows the great ability of maize for adaptation to
new environmental conditions and climatic changes. Historically, maize adaptation to
temperate and cold regions was achieved by escape due to selection for earliness or directly
by increasing cold tolerance. Nevertheless, maize has not achieved a noteworthy advance in
cold tolerance.
Apparently, the variability for cold tolerance in maize is quite narrow and selection
has a roof that has not been broken by conventional breeding approaches. The actual lower
limits for maize growth are around 8 °C at germination and 15 °C at flowering with optimum
temperatures between 25 °C and 30 °C. Considering that temperate areas offer temperatures
lower than those, maize adaptation is considerably restricted on time and space. Even small
increases in cold tolerance could imply significant advances of crop ability to expand growth
area or to cope with climatic changes.

2. Symptoms of cold tolerance

At temperatures below 10 °C, seedlings suffer physical and physiological damage,


some of them being reversible depending on the intensity and duration of the stress. When the
temperature falls below 0 °C, seedlings die in few hours. Low temperature causes cell
membrane instability and reduces plant germination and growth, chlorophyll content, and the
potential photochemical efficiency of photosystem II, among other symptoms. Most
researchers focus on germination under cold conditions, because emergence is the most
susceptible stage and cold conditions are more frequent at sowing than during the subsequent

1
Research Scientist. Misión Biológica de Galicia (CSIC), Apartado 28, 36080 Pontevedra,
Spain. previlla@mbg.csic.es
14
maize development stages. The main process affected by low temperatures is photosynthesis,
due to reduced leaf area or chlorosis. Moreover, cold stress is often accompanied by relatively
high light intensity, leading to photoinhibition and secondary damage of the photosystem. The
most evident symptom of cold stress is light green color or even albinism.

3. Breeding for cold tolerance

Breeding for cold tolerance is a difficult task because cold tolerance is a complex trait
with polygenic inheritance that involves additive as well as dominance and maternal effects of
many genes with low contributions. Maize breeders have intended breeding for cold tolerance
during the last century with limited success due to the low heritability of cold tolerance-
related traits. Actually, breeding programs have released only a few inbred lines with minor
increases in cold tolerance.
We have screened large collections of genotypes from all over the World and used the
selected populations and inbreds to make base breeding populations. Selection for cold
tolerance has been carried out by recurrent selection methods or through pedigree selection
from cold tolerant inbred lines and populations. Unfortunately, the outcome of these efforts
has been limited concerning cold tolerance and had unfavorable indirect effects on agronomic
performance.
During the last decades, molecular technologies have opened new perspectives for
breeding at large and for cold tolerance in particular. QTL studies confirm that cold tolerance
depends on many genes with minor effects, indicating that there is not large variability for
cold tolerance in maize. The main relevant QTLs detected are related to chlorophyll content.
The potential of marker assisted selection is considerably restricted by the lack of relevant
QTLs.
Nevertheless, QTL analyses have increased their power with new genetic designs,
such as the Nested Association Mapping (NAM). The NAM design consists on several
populations of recombinant inbred lines (RIL) with a common parent. This approach could
identify a large number of loci with small effects that could provide important contributions
when considered all together. Our current project involves the evaluation of two NAM
populations, one with European Flint inbred lines and the other with dent inbreds adapted to
European conditions. We are currently evaluating for cold tolerance more than 2000

15
recombinant inbred lines released as double haploids from the crosses between one central
parent inbred and a set of parents representing the diversity available within the elite inbred
lines adapted to Europe. These RILs will be also genotyped with thousands of SNPs.
Other approach that we are carrying out consists on investigating cold-regulation of
chlorophyll biosynthesis by using cold-induced albino plants in order to identify genes
involved in the regulation of the chlorophyll biosynthetic pathway under cold conditions. We
are working with a maize inbred (A661) line that does not synthesize chlorophyll but
produces anthocyanins under cold temperature. Segregating analysis indicates that this
phenotype is under control of a single major gene. This gene could be a key step in the whole
process. So far, we have mapped the gene to the extreme of the short arm of chromosome 2.
A combination of biochemical and transcriptome analysis demonstrates that this gene
specifically affects the biosynthesis of chlorophyll a under cold conditions regulating the
expression of genes catalyzing the later steps of chlorophyll biosynthesis.

4. Future perspectives

Genomic selection offers new alternatives to undertake breeding for cold tolerance by
using large number of markers that allow the capitalization of all effects irrespectively of their
relative importance. Other approaches that are currently under way are the analysis of mutants
for indentifying genes with major effects on cold susceptibility which expression could be
potentially altered through genetic engineering.
These new molecular approaches could be used to break the roof reached by
conventional breeding. Indeed, the identification of key genes involved in cold susceptibility
opens new ways for improving cold tolerance beyond the current limits by using genetic
engineering.
Nevertheless, the ability of maize for adaptation to new conditions makes us hope that
the future relies on the conservation and capitalization of genetic resources, as always.

16
RESISTÊNCIA A ESTRESSES ABIÓTIOCOS EM HORTALIÇAS - UM
EXEMPLO NO TOMATEIRO

Wilson Roberto Maluf 1

Mudanças climáticas globais, de causas antrópicas ou não, tem causado crescente


preocupação para a agricultura, em particular pela ocorrência de períodos de seca que
ocasionam perdas na produção de alimentos. O melhoramento genético pode dar importante
contribuição para mitigar as consequências destas mudanças, através da obtenção de
cultivares mais resistentes aos estresses hídricos. No gene pool do tomateiro cultivado
(Solanum lycopersicon, sin. Lycopersicon esculentum), existem espécies selvagens - como S.
pennellii, cujo habitat natural são regiões desérticas - que poderiam ser utilizadas como fontes
de genes que confeririam tolerância a estresses hídricos em cultivares comerciais. A
resistência à seca de S. pennellii é provavelmente de natureza poligênica, mas
presumivelmente alguns de seus componentes discretos (com herança monogênica) poderiam
ser usados para melhorar a eficiência no uso de água pela planta. Utilizando o tomateiro
MicroTom (cultivar anão de valor ornamental que pode ser cultivado em vasos de violeta)
como genitor recorrente, pesquisadores ingleses foram capazes de obter, a partir do
cruzamento com S. pennellii 'LA 716', uma linhagem quase isogênica com maior tolerância à
dessecação sob estresse hídrico (e que apresenta, como efeito possivelmente pleiotrópico, um
porte de planta ligeiramente mais alto do que MicroTom) (Lazaro E. P. Peres, ESALQ/USP,
2009, informação pessoal). Esta característica revelou-se controlada por um único loco
gênico, localizado no cromossomo 1 do tomateiro, onde o alelo proveniente de LA 716, que
confere tolerância ao estresse, apresenta dominância. A linhagem obtida foi denominada
W.E.L.L., - um acrônimo de "Water Economy Lycopersicon Locus" - que, em, inglês,
confunde-se com a palavra well (poço de água). Embora seja um passo importantíssimo em
direção à obtenção de uma cultivar com tolerância a estresses hídricos, o verdadeiro valor de
W.E.L.L. como fonte de tolerância somente poderá ser devidamente avaliado após a obtenção

1
Ph.D.,Professor Titular do Departamento de Agricultura (DAG) - Universidade Federal de
Lavras (UFLA). Caixa Postal 3037, 37200-000. Lavras-MG-Brasil. E-mail:
wrmaluf@dag.ufla.br

17
de uma linhagem com características próximas às de um tomateiro comercial. Esta obtenção
não é simples, uma vez que a seleção utilizada em ambientes controlados (vasos em estufa,
com controle do nível de irrigação, em espaço bastante restrito devido ao porte anão de
MicroTom) não pode ser facilmente empregada em tomateiros de porte normal. Desta
maneira, a linhagem W.E.L.L. foi inicialmente cruzada com a linhagem comercial M82 (de
hábito de crescimento determinado), e em seguida o F1 retrocruzado com a linhagem
comercial TOM-684 (de crescimento indeterminado). Seleções foram feitas nas gerações
F1RC1 e F2RC1 para porte de planta normal (determinada ou não) e para tamanho de frutos,
sem que houvesse nenhuma pressão de seleção para resposta a deficit hídrico. Famílias
F3RC1 foram obtidas, esperando-se que, em virtude da herança monogênica do caráter
WELL, elas pudessem apresentar respostas contrastantes à imposição de deficit hídrico. Dez
famílias foram utilizadas em experimento no município de Lavras-MG (Universidade Federal
de Lavras), e, juntamente com dez famílias adicionais, também no município de Ijaci-MG
(dependências da HortiAgro Sementes S.A.). Em ambos os locais, a linhagem TOM-684 foi
utilizada como testemunha. As plantas foram transplantadas e conduzidas sem deficit hídrico
significativo até a fase de florescimento, ocasião em que o fornecimento de água foi
interrompido até o final do experimento. A incidência de podridão apical, distúrbio
normalmente atribuido à ocorrência de estresses híbricos durante o desenvolvimento dos
frutos, variou amplamente entre as linhagens testadas. A testemunha (TOM-684) apresentou
cerca de 81% de frutos com podridão apical - um indicativo de ter estado sujeita a deficit
hídrico severo. Entre as 20 linhagens testadas em Ijaci, duas (T5 e T9) apresentaram
incidência inferior a 20%, enquanto seis apresentaram incidência comparável à da testemunha
(>70%); as demais linhagens apresentaram valores intermediários (entre 33 e 64%). Os
ensaios de Lavras, embora com menor número de linhagens testadas, confirmaram estes
resultados: enquanto a testemunha TOM-684 apresentou 80% de frutos com podridão apical,
as linhagens T5 e T9 apresentaram valores inferiores a 24%. O conteúdo relativo de água
(CRA), um indicativo do grau de dessecamento das folhas, apresentou em T5 e T9 os seus
maiores valores (aos 45 dias após o início do estresse hídrico) entre todas as linhagens
testadas (incluindo a testemunha) - um resultado coerente com os obtidos para incidência de
podridão apical. Concluiu-se, pois, que a resistência ao estresse hídrico do tomateiro em
background comercial se manifesta principalmente através da menor incidência de podridão
apical e pelo maior conteúdo relativo de água nas folhas. Novos retrocruzamentos para

18
linhagens comerciais deverão ser efetuados, e as futuras seleções deverão levar em conta
principalmente a incidência de podridão apical nos frutos como indicadora de tolerância a
estresses hídricos.

19
MELHORAMENTO GENÉTICO DO EUCALIPTO PARA
CONDIÇÕES MARGINAIS: O CASO ESPECIAL DA SECURA

Nuno Borralho1

As florestas de produção intensiva, como é o caso dos plantios de eucaliptos


destinados a fornecer matéria-prima para a indústria de celulose, são investimentos de longo
prazo. Isso implica que essa floresta plantada seja capaz de manter um bom desempenho
frente a eventuais cenários de aumento na evapotranspiração e de redução da precipitação.
Além disso, a expansão da cultura do eucalipto no Brasil tenderá a ocorrer em locais de clima
mais seco, em resultado da forte competição com culturas agrícolas mais rentáveis (cana, soja,
etc) e aumento da pressão humana, nas zonas de maior aptidão.
Os programas de melhoramento de eucalipto, responsáveis pelo desenvolvimento dos
clones a utilizar nas próximas décadas, deverão ter estas alterações em conta. O material
seleccionado deverá assegurar um aumento de produtividade mas demonstrar igualmente boa
adaptação e sobrevivência a condições de maior secura.
Relativamente aos cenários de alterações climáticas, espera-se que nos próximos 50
anos haja um aumento generalizado da temperatura média, de 0.5 a 1.5 graus e uma redução
de 5 a 10% na precipitação especialmente de Verão. Estas alterações irão limitar o
crescimento dos plantios, como já hoje se pode observar quando comparamos plantios em
locais de diferentes precipitações. Igualmente significativo, espera-se que haja um aumento
significativo do número de dias sem chuva, com maior frequência e severidade de eventos de
secura extrema. A conjugação destes dois impactos (menor crescimento das árvore vivas e
ocorrência de mortalidade por seca extrema) vai condicionar a produtividade e adaptação dos
plantios em áreas marginais.
Graças à evolução natural na sua região de origem, a Austrália, em ambientes
relativamente secos, os eucaliptos estão bem adaptados a condições de estresse hídrico
moderado. Dispõem de um controlo eficiente da transpiração, por regulação da abertura dos

1
Consultor em Melhoramento Genético Florestal e Investigador Associado do Centro de
Estudos Florestais (ISA-UTL, Lisboa, Portugal). Email: nunoborralho@sapo.pt

20
estomas e da área foliar que dispõem ao longo do ano, e por um sistema radicular eficaz na
exploração do solo em profundidade. Ao revés, os eucaliptos apresentam baixa resiliência a
eventos de secura extrema, pelo menos comparativamente à maioria das plantas de climas de
savana (cerrado) e mediterrânicas. De facto, os eucaliptos são espécies em geral vulneráveis à
cavitação dos vasos sendo comum a morte de árvores quando sujeitas a eventos de seca
extrema, quer em plantios quer em floresta nativa.
Do ponto de vista do melhoramento, é fundamental poder quantificar a importância
económica das variáveis que determinam o sucesso de plantios em áreas marginais.
Obviamente o volume das árvores vivas é determinante na produção de madeira por hectare.
No entanto, quando a taxa de mortalidade é superior a 15 a 20%, especialmente se ocorrer em
manchas contínuas, a sobrevivência torna-se claramente a variável de maior peso para
maximizar o volume por hectare. Os programas de selecção genética direccionado para
plantios sujeitos a condições de secura devem por isso ter em conta não só o crescimento
individual (dado pelo Dap e altura em ensaios genéticos), mas especialmente a sobrevivência
ao longo do ciclo de produção.
Iremos rever a informação existente sobre a genética do crescimento do eucalipto em
condições de alguma secura e da eventual importância da interacção genótipo-local. Estes
aspectos têm sido mais estudada para climas do tipo mediterrânico (como sejam o E. globulus
ou E. camaldulensis em Portugal, Espanha, Chile ou Austrália), embora já tenham sido
publicados alguns trabalhos relativos a regiões secas do interior centro e norte do Brasil. Em
geral, tem-se encontrado que uma heritabilidade para volume por árvore pequena (emtre 0.10
e 0.20), e embora ténue, com haja alguma evidencia que diminui nos locais mais secos e
menos produtivos. Além disso, a maioria dos estudos não tem detectado uma interacção
genótipo-local significativa, mesmo quando compara locais de climas muito contrastantes.
A genética da sobrevivência à seca é mais complexa de analisar, em primeiro lugar
porque se trata de uma variável binomial, muitas vezes com valores de incidecnai muito
próximos de 100%. Além disso, do ponto de vista biológico, é muitas vezes difícil
caracterizar a causa da morte. Ela pode variar entre ensaios ou ser o resultado combinado de
vários efeitos. Os valores de heritabilidade reportados para sobrevivência têm sido baixos (de
0 a 0.2) e com uma interacção genótipo-ambiente variável e inconsistente entre estudos.
Curiosamente, a correlação genética entre sobrevivência e crescimento dos vivos parecem ser
variáveis geneticamente independentes ou marginalmente correlacionadas.

21
Com base nestes elementos iremos discutir de que modos as estratégias de
melhoramento passarão a incorporar a sobrevivência como um critério de selecção nos seus
programas. Sendo para a maioria dos casos o risco de mortalidade por secura extrema um
evento raro, é importante quantificar o custo de oportunidade de se incluir a sobrevivência no
critério de selecção. Por outras palavras, comparar as eventuais perdas ao se ignorar a
sobrevivência no critério de selecção quando a mortalidade ocorre, com as perdas de se incluir
a sobrevivência no critério mas depois nenhum dos plantios sofrer mortalidade.
Faremos finalmente algumas considerações sobre os demais efeitos ambientais que
poderão estar igualmente relacionados com o fenómeno das alterações climáticas, como a
ocorrência de geadas e o surgimento de condições propícias a novas pragas e doenças.

22
O MELHORAMENTO GENÉTICO DA SOJA NO CONTEXTO DAS
MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Neylson Eustáquio Arantes1

Não há consenso sobre as mudanças climáticas nas próximas décadas, embora a maior
parte da comunidade científica acredite que o clima global está sendo afetado pelo homem.
No Brasil, as lavouras de soja têm sofrido, constantemente, reduções significativas no
rendimento de grãos, causadas por déficit hídrico. Num cenário provável de aumento da
temperatura, com períodos mais frequentes de seca, as perdas poderão ser ainda maiores, caso
os programas de melhoramento genético não consigam disponibilizar cultivares adaptadas a
essas condições ambientais adversas. Temperaturas altas e longos períodos de estiagem,
quando as lavouras de soja estão no estádio reprodutivo, bloqueiam a degradação natural da
clorofila, resultando em grãos pequenos, enrugados e de coloração esverdeada, com reflexos
negativos no rendimento e na qualidade. Há carência de informações sobre a herança genética
dessas características que, possivelmente, sejam controladas por genes diferentes. Observa-se
grande variabilidade para esses caracteres, sendo possível selecionar genótipos de interesse,
bastando submetê-los a condições de estresse por déficit hídrico e temperatura elevada. O
programa de melhoramento genético da soja, com sede em Uberaba-MG e desenvolvido pela
parceria Embrapa, Epamig e Fundação Triângulo, tem tido êxito na seleção de linhagens com
baixa frequência de grãos esverdeados e ou enrugados. No processo de seleção, utiliza-se uma
metodologia bastante simples, que é a quantificação desses percentuais em ambientes
propícios à sua ocorrência. Por outro lado, se o estresse hídrico ocorrer no estádio vegetativo,
os prejuízos também podem ser grandes. Neste caso, a utilização de cultivares de soja com
tipo de crescimento indeterminado parece ser uma boa alternativa para minimizar os efeitos
negativos da falta de água sobre o desenvolvimento das plantas, haja vista a sua superioridade
quando comparadas com cultivares precoces de tipo determinado, por exemplo. Uma forma
indireta de se conseguir aumentar a tolerância à seca é desenvolver cultivares com atributos
que mantém a sanidade da raiz como resistência a nematóides e a fungos e ainda com maior

1
Engº Agrº, Doutor. N Arantes Consultoria Agronômica Ltda, Uberaba-MG. E-mail:
neylson.arantes@yahoo.com.br

23
capacidade de penetração em solo compactado. No outro extremo, quanto à complexidade,
encontra-se em fase bastante avançada o desenvolvimento de plantas transgênicas mais
tolerantes a estresses abióticos, como o déficit hídrico. A Embrapa firmou acordo com um
instituto de pesquisa japonês (JIRCAS) para obtenção de soja geneticamente modificada com
maior tolerância à seca. A transformação das plantas que receberam um gene extraído da
Arabidopsis thaliana foi feita pela Embrapa. O gene chamado Dreb (Dehydration Responsive
Element Binding Protein ou Proteína de Resposta à Desidratação Celular) codifica uma
proteína que aciona os genes de defesa das estruturas celulares da planta. Num futuro
próximo, os produtores brasileiros poderão contar com mais uma soja geneticamente
modificada, desta vez com a característica relevante de apresentar maior tolerância à seca. É
inquestionável que o melhoramento genético da soja tem dado uma contribuição excepcional
para aumentar a produtividade e a estabilidade de produção das lavouras, sem custos
adicionais aos agricultores. Além das características obrigatórias em uma cultivar, como
elevado rendimento, estabilidade e resistência às doenças, o desafio maior, frente às mudanças
climáticas, é acrescentar a tolerância aos estresses abióticos, sem perdas das demais
características.

24
RESFRIAMENTO DA TERRA NOS PRÓXIMOS 20 ANOS

Luiz Carlos Baldicero Molion1

Um resfriamento global, como o ocorrido entre 1946-1976, é esperado nos próximos


20 anos ao invés do aquecimento global antropogênico (AGA) alardeado pelo Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em Inglês) e amplamente divulgado
pela mídia. O AGA não passa de uma hipótese sem base científica sólida e projeções do clima
futuro, feitas com modelos de clima, são meros exercícios acadêmicos, inúteis quanto ao
planejamento do desenvolvimento global. Seu pilar básico é a intensificação do efeito-estufa
pelas ações humanas. Estas emitem compostos de carbono, os gases de efeito-estufa (GEE),
constituintes atmosféricos minoritários como os gases carbônico (CO2) e metano (CH4),
provenientes da queima de combustíveis fósseis (petróleo e carvão mineral) e de florestas
tropicais, das atividades agrícolas e pecuária ruminante. O efeito-estufa jamais foi
comprovado e sequer é mencionado nos livros de Física. Ao contrário, há mais de 100 anos, o
físico Robert W. Wood demonstrou que seu conceito é falso. Em princípio, para o clima da
Terra permanecer estável, a radiação solar absorvida pelo planeta tem que ser igual à radiação
infravermelha térmica (IV) emitida por ele para o espaço exterior. A maior parte da radiação
solar incidente no planeta é absorvida por sua superfície, que se aquece e emite radiação
infravermelha térmica (IV) para o ar. De acordo com o IPCC, a IV emitida pela superfície é
absorvida pelos GEE, notadamente o CO2, que, por sua vez, emitem 83% dessa IV de volta
para superfície e o restante escapa para o espaço. Esse é o efeito-estufa. Partindo da hipótese
que os GEE “aprisionam” IV, como a humanidade está emitindo mais GEE, sua concentração
sobe, i.e., o efeito-estufa se intensifica, e mais IV fica aprisionada no planeta, aumentando sua
temperatura, com consequências funestas como degelo dos polos e geleiras e aumento do
nível do mar. Ora, a teoria afirma que os GEE absorvem IV por rotação de suas moléculas e
vibração de seus átomos. Rotação e vibração são movimentos mecânicos, cuja energia é
dissipada, na forma de calor, por meio de choques com as mais de 2.600 moléculas dos
principais constituintes atmosféricos, nitrogênio (78%) e oxigênio (21%), que envolvem cada

1
Instituto de Ciências Atmosféricas, Universidade Federal de Alagoas. Email:
lcmolion@gmail.com

25
molécula de CO2. Ou seja, se o CO2 perde a energia absorvida por atrito, não pode emitir IV.
E, sendo seu percentual ínfimo na atmosfera (0,039%), sua contribuição ao aquecimento do ar
é desprezível! Ou seja, se todo CO2 fosse retirado da atmosfera, a variação da temperatura do
ar não poderia ser detectada pelos instrumentos atuais. O que aquece o ar é seu contato com a
superfície aquecida pelo Sol e não o inexistente efeito-estufa. O ar tem massa e pesa 1,20 kg
por metro cúbico. Em contato com a superfície, o ar se aquece, adquire flutuabilidade e sobe,
sendo reposto por ar mais frio de seu entorno. Esse processo físico é mesmo que ocorre com o
balão de S. João e foi descrito por Arquimedes em 350 a.C.! Que ocorreu um aquecimento do
clima entre 1976 e 1998, é inegável, foi natural e não antropogênico, e já terminou. Os
principais controladores do clima global, o Sol e os oceanos, apontam para um resfriamento
global, que é pior para a sociedade que um aquecimento. E o clima do Brasil poderá ser
semelhante ao período 1946-1976, com invernos rigorosos e geadas mais frequentes e má
distribuição de chuvas, particularmente no Centro-Oeste e Nordeste, e maior frequência de
veranicos no Sul. O CO2 não controla o clima global, mas, por outro lado, é o gás da vida!
Quanto maior sua concentração, maior é a produtividade vegetal. Reduzir emissões de
carbono é jogar dinheiro fora e reduzirá o desenvolvimento de países pobres, aumentado a
desigualdade já existente.

26
O MELHORAMENTO GENÉTICO NA EXPANSÃO DA FRONTEIRA
AGRÍCOLA DO ARROZ NO BRASIL

Antonio Carlos Centeno Cordeiro 1

Introdução

Aproximadamente 150 milhões de hectares são cultivados com arroz anualmente no


mundo, produzindo cerca de 590 milhões de toneladas (FAO 2009). O Brasil é o maior
produtor de arroz fora da Ásia, com uma safra anual de aproximadamente 12 milhões de
toneladas, quase toda obtida de dois sistemas de cultivo: várzeas com irrigação (75%) e terras
altas em condições de sequeiro (25%). Ambos os sistemas têm amplo potencial de expansão
(EMBRAPA,2009).
O país dispõe de cerca de 35 milhões de hectares de várzeas e a área cultivada atual
com arroz irrigado corresponde a apenas 3,75% deste total. O arroz de terras altas tem grande
potencial de expansão nas regiões Centro-Oeste, Norte e Meio-Norte, principalmente em
rotação com soja e em renovação de pastagens (EMBRAPA,2009)
O arroz de terras altas responde por mais de 50% da área semeada, com uma
produtividade média (2 a 3 t/ ha), bastante inferior à obtida em várzeas com irrigação (6 a 7
t/ha), apresentando, adicionalmente, grande variação entre estados. As razões para estas
diferenças são tanto de natureza tecnológica quanto ambiental.
Os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, tradicionais no cultivo do arroz
irrigado, produzem aproximadamente 67% do arroz brasileiro e fazem parte da região
subtropical do país. Por outro lado, a denominada região tropical, contribui com apenas 8% da
produção brasileira de arroz, ou seja, aproximadamente 900 mil toneladas anuais, sendo os
maiores produtores os estados do Tocantins (195 mil t), Mato Grosso do Sul (187 mil t) e
Roraima (110 mil t)(EMBRAPA,2009). A maior produtividade média é obtida em Roraima
com 6.350 kg.ha-1, semelhante aos maiores produtores nacionais(CORDEIRO et al.,2009)
O cultivo do arroz irrigado nas várzeas tropicais tem amplas possibilidades de
expansão. Além da sua importância econômica, destaca-se o papel social do arroz irrigado em

1
Eng.Agr., Dr. Genética e Melhoramento de Plantas. Pesquisador da Embrapa Roraima. Boa
Vista,RR. Caixa Postal 133. CEP 69301-970.
27
algumas comunidades da região Nordeste, onde se caracteriza como atividade tipicamente
familiar, explorando solos, em geral, de alta fertilidade. Do norte de Goiás até Roraima, a não
ocorrência de frio permite praticar até duas safras anuais. Entretanto, em geral, as cultivares
desenvolvidas para o sul do país tem seu ciclo vegetativo reduzido quando semeada na região
tropical, podendo chegar até 30 dias de diferença onde se mostram menos produtivas e
suscetíveis à brusone . Além disso, podem produzir grãos menos translúcidos e com qualidade
culinária inferior, devido à redução do teor de amilose (VIEIRA E CARVALHO, 2003).
Problemas com o controle de plantas daninhas, principalmente o arroz vermelho, têm a
mesma importância da região Sul.
O sistema de cultivo de arroz de terras altas tem uma ampla distribuição no país
respondendo por aproximadamente 25% da produção brasileira de arroz. Estão inclusas neste
sistema desde grandes lavouras mecanizadas até pequenas áreas de produção para
subsistência, que é o estrato predominante. As regiões centro-norte do MT, partes do MA e o
PA respondem por cerca de 60% da produção de arroz de terras altas, constituindo uma
macro-região bastante favorável a este sistema, pela maior pluviosidade e, consequentemente,
menor probabilidade de ocorrência de deficiência hídrica (Pinheiro et al., 2006). Nas regiões
do sul do Piauí, sudeste do Maranhão, noroeste da Bahia, Tocantins, Goiás, noroeste de Minas
Geras, centro-norte de São Paulo, Noroeste do Paraná, Mato Grosso do Sul e sudeste do Mato
Grosso, por outro lado, há maior probabilidade de ocorrência de deficiência hídrica para a
cultura. É também nessas regiões que ocorrem maior incidência de brusone, doença
favorecida pela ocorrência de estresse hídrico (CORNÉLIO al., 2004).
Outros fatores restritivos à sustentabilidade do arroz de terras altas, que ocorrem em
todas as regiões são: (1) deficiência de nitrogênio em função do baixo teor de matéria
orgânica nos solos sob exploração agrícola intensiva; (2) competição de plantas daninhas,
devido à baixa eficiência dos herbicidas disponíveis; e (3) insetos-praga, principalmente
broca-do-colmo, percevejos dos grãos e colmos, cupins broca-do-colo e cigarrinha das
pastagens (INFORMAÇÕES TÉCNICAS..., 2008).
O objetivo desta publicação é relatar o programa de melhoramento genético do arroz
que é desenvolvido na região tropical do Brasil, focando particularmente as atividades
desenvolvidas pela Embrapa no Estado de Roraima, considerado como área de expansão da
fronteira agrícola deste cereal.

28
Características do Estado de Roraima
O Estado de Roraima, com uma área de 224.298,9 km2, está situado no extremo norte
do Brasil, entre os paralelos 5º 16’ norte e 1º 35’ sul do equador entre os meridianos 58º 53’
leste e 64º 49’ de Greenwitch, com altitudes variando de 90 a 2875m, constituindo a última
fronteira agrícola do País. Limita-se ao Norte com a Venezuela e República da Guiana, ao
Sul,com o Estado do Amazonas, ao leste com a república da Guiana e o Estado do Pará e a
oeste com o Estado do Amazonas e a Venezuela.
Está subdividido em dois ecossistemas básicos: cerrado ou lavrado(17%) e floresta
(83%). A diferença entre os dois ecossistemas é dada basicamente pela cobertura vegetal e
pela precipitação.
O cerrado se caracteriza por apresentar vegetação predominante de gramíneas e
pequenas ocorrências de arbustos de pequeno porte (caimbé). O período chuvoso é de 5 a 6
meses por ano, geralmente iniciando em abril/maio e terminando em setembro/outubro, com
total de precipitação de aproximadamente 1.200 mm. No período seco a precipitação
dificilmente ultrapassa a 300 mm, perfazendo um total anual de 1.500 mm, caracterizandoo
tipo climático Awi.
O ecossistema da floresta apresenta quatro coberturas vegetais distintas: mata de
transição caracterizada por vegetação fina e de pequeno porte, onde se destaca a castanheira;
mata tropical úmida e mata de altitude, que ocorre nas proximidades da divisa com a
Venezuela e o estado do Amazonas. Nesse ecossistema a precipitação varia de 1.500 a 2.000
mm anuais, dos quais o ecossistema de mata de transição e de mata de altitude a precipitação
é mais baixa e apresenta nítida diferença entre os períodos seco e chuvoso, caracterizando o
tipo climático Ami. Nas regiões de mata tropical úmida (sul de Roraima) a precipitação é alta
praticamente durante todo o ano,sem período seco definido, podendo ultrapassar os 2.200 mm
anuais,caracterizando o tipo climático Afi.
A temperatura média anual para o Estado é de 28ºC com distinção para as regiões de
altitude onde a temperatura média está situada abaixo dos 25ºC. A umidade relativa média do
ar é de 72%.
Os dois tipos principais de solos que predominam no Estado são os argissolos e os
podzólicos. Nos cerrados predominam argissolos com textura média (15-35% de argila) e no
ecossistema de mata, os podzólicos de textura média. De um modo geral, os solos de Roraima
apresentam deficiência generalizada de vários nutrientes, como cálcio, magnésio, enxofre

29
fósforo, potássio, nitrogênio e micronutrientes e ainda apresentam baixos teores de matéria
orgânica e elevada acidez.

Vantagens Comparativas de Roraima


Conforme destacado na CARTA DE BOA VISTA elaborada no Seminário Internacional
“Integração Tecnológica e do Agronegócio para o Desenvolvimento Sustentável das Savanas
do Norte da América do Sul – (SAVANTEC)”, realizado em BoaVista, RR, no período de 20
a 24 de outubro de 2003, as savanas (cerrados) do Brasil (Roraima), Colômbia, Guiana,
Suriname e Venezuela constituem uma das últimas fronteiras agrícolas mundiais, equivalentes
a 51,5 milhões de hectares, além de serem recursos naturais essenciais para o
desenvolvimento agrícola, social e econômico sustentável dos países da região Norte da
América do Sul (CARTA... 2003). Neste particular, alguns países da região são importadores
permanentes de milho, soja, arroz e outros bens que podem ser produzidos competitivamente
nas savanas. Com relação ao mercado interno, tem-se a cidade de Manaus no estado do
Amazonas com quase 2 milhões de habitantes que é um grande demandante de produtos
agrícolas, em especial de arroz, onde 80% da produção de Roraima é destinada à esse estado.
Aliado a isso, a um raio de 1.000 km com eixo em Boa Vista, RR,existe um mercado
potencial para o benefício de 5,6 milhões de pessoas, as quais podem se beneficiar
amplamente dos processos produtivos, do agronegócio e das opções de exportação. A capital
Boa Vista dista 800 Km de Manaus e 1.100 Km de Itacoatiara no Amazonas; 800 Km até
Porto Ordaz naVenezuela; 550 Km até Georgetown, na Guiana e 870 Km até Paramaribo, no
Suriname (CARTA, 2003; CORDEIRO et al., 2005).

Objetivos do Melhoramento Genético do Arroz

O programa de melhoramento de arroz tem implementado suas ações privilegiando uma


rede de ensaios conduzidos na região tropical envolvendo praticamente todas as Unidades da
Empresa localizadas na região, bem como, parceiros externos procurando desenvolver
cultivares cada vez mais produtivas associadas à várias características, como:

Qualidade de grãos

30
As características de qualidade de grão ditam o valor de mercado e possuem um papel
fundamental na adoção de novas cultivares. Esses atributos englobam a aparência física (grãos
longos e finos) , as propriedades culinárias e sensoriais e, mais recentemente, o valor
nutricional. As propriedades físicas incluem o rendimento de grão após beneficiamento,
uniformidade, brancura e translucidez do grão. As qualidades culinárias e sensoriais incluem:
tempo de cozimento (Juliano, 2003); textura do arroz cozido (Champagne et al, 1999); aroma
e sua retenção após cozimento (Fitzgerald et al, 2008); e a capacidade de se manter macio por
várias horas após cozimento (Philpot et al, 2006). Estudos genômicos realizados pela
Embrapa Arroz e Feijão, estão incrementando o conhecimento das rotas que determinam
atributos de qualidade do arroz.

Grãos especiais
O melhoramento genético têm priorizado o desenvolvimento de cultivares de arroz com
grãos brancos,translúcidos e de classe longo-fino (“agulhinhas”) com alto potencial produtivo.
Entretanto, existem também demandas para nichos de mercado de grãos especiais como é o
arroz vermelho cultivado na Região Nordeste, do arroz cateto (visto como alimento dietético),
das cultivares para a culinária italiana, como o “carnaroli” (próprio para risotos) e o “arbóreo”
(para risotos e sopas), do arroz glutinoso “moti” (para culinária japonesa), dos tipos
aromáticos “basmati” (originário da Índia e do Paquistão) e “jasmim” (da Tailândia) e do
arroz preto.

Por isso, o Programa de melhoramento passou a envidar esforços no desenvolvimento


de cultivares desses tipos especiais de arroz (BASSINELLO et al., 2008). Resultaram desse
trabalho cultivares aromáticas (IAC 400 e BRS Aroma, CASTRO et al., 2003), de arroz
japonês (BRS Bojuru, TERRES et al., 1998; MAGALHÃES JR. et al., 2003), de arroz
arbóreo (IAC 300) e de arroz preto (IAC 600). A linhagem de arroz irrigado CNA 9903,
destinada à culinária japonesa, vem se mostrando como a mais promissora para lançamento,
nos ensaios conduzidos em rede, com bom desempenho tanto na região tropical como na
subtropical, inclusive em Roraima (CORDEIRO et al.,2010).
Outro aspecto também importante diz respeito ao aproveitamento variabilidade genética
do arroz vermelho no sentido de originar cultivares biofortificadas, haja vista a identificação
de algumas delas com elevados teores dos micronutrientes essenciais ferro e zinco (PEREIRA

31
et al., 2008). O arroz cateto vem sendo demandado para consumo por pessoas idosas e
pacientes hospitalizado, normalmente apresentado como arroz integral.. Depois do arroz
vermelho e do arroz cateto, acredita-se que o arroz mais importante para nichos de mercado
seja aquele que atende à culinária japonesa, pois somente na Grande São Paulo vivem mais de
3 milhões de descendentes nipônicos (TERRES et al., 1998; MAGALHÃES JR., et al., 2003).
A seguir, vêm os arrozes carnaroli e o arbóreo, típicos da culinária italiana. Depois, ainda em
ordem decrescente de importância no mercado nacional, são apontados o arroz aromático e o
arroz preto.

Doenças
Entre todos os estresses bióticos do arroz, o mais importante é a brusone, doença
causada pelo fungo Magnaporthe oryzae. O controle químico tem sido amplamente utilizado
pelos produtores, entretanto, essa prática só é efetiva quando inserido a um programa de
manejo integrado, onde o uso de uma cultivar com maior resistência é indispensável. A
grande variabilidade genética das populações do patógeno ,todavia, torna frágil e instável a
resistência das cultivares. Em geral a “quebra” da resistência ocorre com quatro a cinco anos.
Para que a resistência de uma cultivar seja durável, ela deve conter genes efetivos contra os
patótipos mais freqüentes que compõem a população do fungo, mas também contra aqueles
até então presentes em uma freqüência baixa. A resistência vertical à brusone é facilmente
incorporada e freqüentemente efetiva, mas é vulnerável à quebra devido a alterações na
freqüência de raças virulentas na população do patógeno.
Duas estratégias de melhoramento genético estão sendo utilizadas para o
desenvolvimento de cultivares resistentes: (1) desenvolvimento de linhagens com diferentes
genes de resistência e lançamento seqüencial de cultivares com genes distintos, conforme as
raças predominantes do patógeno; e (2) obtenção de cultivares com alto grau de resistência
parcial, oriundas de populações melhoradas por seleção recorrente( PRABHU;FILIPPI,2006)
A mancha-de-grãos é uma doença considerada como um dos principais problemas da
cultura do arroz, tanto no agroecossistema de várzeas quanto no de terras altas. Esta associada
a mais de um fungo, sendo Bipolaris oryzae, Phoma sorghina e Alternaria padwickii os mais
importantes quanto à depreciação da aparência dos grãos e redução de qualidade (PRABHU ;
BEDENDO, 1988; PRABHU ; VIEIRA, 1989).

32
O controle químico da mancha-de-grãos é dificultado pelo fato de não existir um grau
de resistência adequado nas cultivares, à natureza esporádica de ocorrência da doença e à
baixa eficiência de fungicidas disponíveis no mercado.
A queima-da-bainha é outra doença que vem assumindo importância econômica em
cultivos de arroz em várzeas tropicais, sendo causada pelo fungo Rhizoctonia solani, que é um
componente essencial do complexo de doenças fúngicas do colmo e da bainha em arroz
irrigado, em todo o mundo, tanto em climas temperados como tropicais. No Brasil, a doença
ocorre em todos os sistemas de cultivo de arroz, com grau de severidade variável, porém, com
potencial para reduzir significativamente à produtividade, principalmente no estado do
Tocantins, onde o arroz é cultivado em rotação com a soja (NECHET et al., 2009).
Outras doenças que são comuns , principalmente, na região Norte, são a mancha parda
(Bipolaris oryzae), e a escaldadura (Gerlachia oryzae) que ocorrem principalmente após a
floração e são intensificadas até a maturação das plantas ainda são consideradas de baixa
importância, mas tem aumentado de freqüência ultimamente o que deve ser considerado pelo
melhoramento, no entanto, são avaliadas durante o processo de seleção de linhagens
(NECHET et al., 2009).

Seca
Períodos de deficiência hídrica são comuns durante a estação chuvosa na região dos
cerrados brasileiros, representando um fator de incerteza para a cultura do arroz de terras altas
nesta região. Mesmo na região amazônica pode ocorrer estiagem que prejudique a
produtividade do arroz, porque muitas vezes o problema não é a falta de precipitação, mas sim
a sua distribuição, ocasionando meses com excesso e outros com falta de chuvas. O estresse
hídrico durante a fase vegetativa causa a paralisação do crescimento das plantas de arroz,
enquanto que as plantas daninhas, mais resistentes, intensificam sua competição contra a
cultura. Durante o florescimento e enchimento dos grãos, estresse hídrico causa a diminuição
de produtividade, resultando em panículas menores, esterilidade de espiguetas e grãos mal
formados e gessados.
O conceito de tolerância à seca é bastante amplo e está relacionado à capacidade da
planta de produzir grãos mesmo sob condições de estresse hídrico em alguma fase do seu
desenvolvimento (NGUYEN et al., 1997; PRICE et al., 2002). Essa capacidade pode ser
entendida tanto como tolerância a um estresse hídrico moderado durante todo o seu ciclo ou,

33
em outro extremo, como tolerância a um estresse severo por um curto período em um estádio
específico de desenvolvimento. Esse segundo caso é mais representativo do ambiente do arroz
de terras altas nos cerrados brasileiros. A planta pode utilizar mecanismos fisiológicos e/ou
anatômicos para evitar o efeito do estresse hídrico ou para recuperar-se rapidamente do seu
efeito (YADAV et al., 1997; ZHENG et al., 2000; PRICE et al., 2002). Na seleção de
linhagens quanto à resistência à seca, é importante simular o tipo de estresse hídrico comum
no ambiente alvo, pois estresses extremos podem mascarar mecanismos de tolerância, por
limitação fisiológica à sobrevivência das plantas.

Tolerância à herbicidas
No cultivo do arroz irrigado, as perdas na produtividade e na qualidade dos grãos,
devido à competição causada pelas plantas daninhas, variam com o sistema de implantação da
lavoura, com as cultivares de arroz, com a fertilidade do solo, com as espécies de plantas
daninhas predominante na lavoura e com as práticas de manejo na condução da cultura
(SAKAZAKI et al., 2008).
Os prejuízos causados pelas plantas daninhas estão relacionados a diversos fatores,
entre os quais as espécies predominantes, sua população e ocorrência no período crítico de
competição, dos 20 a 45 dias após a emergência das plântulas de arroz. O controle após este
período geralmente é antieconômico, pois os danos causados pela competição são
irreversíveis (CORDEIRO et al., 2009).
O arroz vermelho (Oryza sativa) é a principal planta daninha das áreas de arroz do
mundo (ESTORNINOS JR. et al., 2005), sendo responsável por elevadas perdas na
produtividade deste cereal. A similaridade entre o arroz-vermelho e o arroz cultivado(
pertencem à mesma espécie) dificulta o controle químico, no entanto, o desenvolvimento de
novas cultivares de arroz irrigado tolerantes a herbicidas pertencentes ao grupo das
imidazolinonas possibilitou o controle do arroz-vermelho de forma seletiva (STEELE et al.,
2002).
Com o advento destes herbicidas e do mutante de arroz tolerante ao herbicida
(93AS3510), a Universidade de Louisiana (EUA) em cooperação com a BASF desenvolveu o
Sistema de Produção Clearfield para arroz irrigado, visando principalmente o controle do
arroz vermelho. O sistema Clearfield de produção de arroz irrigado caracteriza-se pela
utilização de cultivares tolerantes a herbicidas pertencente ao grupo químico das

34
imidazolinonas. Ambos os herbicidas utilizados nessa tecnologia são compostos por misturas
formuladas, sendo o Only (imazethapyr e imazapic, 75 e 25 g i.a. L-1, respectivamente) e o
Kifix (imazapyr e imazapic, 525 e 175 g i.a. kg-1, respectivamente) os que possuem registro
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (AGROFIT, 2011).
Testes de campo com o mutante AS 3510, incorporado em cultivares comerciais via
retrocruzamento, tem mostrado que os herbicidas citados acima são bastantes eficientes no
controle de várias plantas daninhas de folhas largas e estreitas, além do arroz vermelho. A
resistência na planta é controlada por um gene com ação dominante. Posteriormente um novo
mutante, que proporciona um espectro maior de resistência, foi obtido e transferido para a
cultivar americana de arroz irrigado Cypress CL, que possui alta produtividade, ciclo precoce,
planta com arquitetura moderna e excelente qualidade de grãos. Essa cultivar tem sido usada
no programa de melhoramento da Embrapa por meio de retrocruzamentos com cultivares
comerciais e linhagens elites de arroz irrigado e de terras altas > Normalmente dois a três
retrocruzamentos são suficientes para recuperar as características do genitor
recorrente.(RANGEL, 2008)

Programa de Melhoramento Genético do Arroz


O conceito de seleção recorrente permeia todo o programa de melhoramento de arroz da
Embrapa. As populações são manejadas em dois níveis de intensidade de seleção, levando a
coexistência de duas classes: população-base (PB) e população-elite (PE) ou núcleo de
cruzamentos-elite (NE).
As unidades de avaliação para produtividade de grãos nas PBs e PEs, respectivamente,
tem sido famílias F1:3 (S0:2) e F2:4 e o método de condução das populações segregantes o “bulk
dentro de famílias”, conforme descrito por Cordeiro (2008).
A implementação desse programa de melhoramento e a avaliação das linhagens
derivadas, vem sendo realizada por meio de trabalhos em rede regional/nacional, utilizando
como ferramenta finalística para a seleção das melhores linhagens e lançamento de novas
cultivares os seguintes ensaios: EOL (Ensaio de Observação de Linhagens), EP (Ensaio
Preliminar de Rendimento), ER (Ensaio Regional de Rendimento) e ensaios de VCU ( Valor
de Cultivo e Uso).
A Embrapa Roraima trabalha tanto com arroz de terras altas como com arroz irrigado,
mas é com esse último, de grande destaque na região, que o seu programa de melhoramento é

35
mais intenso,abrangendo viveiros de seleção individual de plantas, avaliação de famílias
segregantes (tanto de seleção recorrente como de cruzamentos elites), avaliação de genótipos
com grãos especiais ( vermelho, japonica, arbóreo, aromático, cateto e preto) e seleção de
genótipos para tolerância à herbicidas, além dos ensaios citados acima.
Arroz de Terras Altas
Conforme os trabalhos de melhoramento genético realizados pela Embrapa Roraima e
parceiros, no período de 2000 a 2007 (CORDEIRO et al., 2007) as cultivares de arroz de
terras altas recomendadas para o Estado são as relacionadas na Tabela 1.
Tabela 1- Cultivares de arroz de terras altas recomendadas para cultivo em Roraima.
Cultivar Altura Ciclo Acamamento Brusone Grão Produtividade
(cm) (dias) (kg/ha)
BRS Primavera 100 a 120 95 S S LF 3.5001
BRS Bonança 90 a 110 105 R MR L/LF 3.8001
BRS Sertaneja 100 a 115 100 MR S LF 3.8002
BRS Pepita 100 a 102 100 MR MS LF 3.8702
BRS Monarca 105 a 107 115 R MS LF 3.6162
BRS Apinajé 100 a 112 115 R MR LF 3.7302
1
Médias obtidas de 52 ensaios conduzidos em áreas de mata alterada e de cerrado de Roraima
no período de 1996 a 2004. em cerrado as médias variaram de 3.000 a 3.500 kg/ha e em áreas
de mata adubadas as médias variaram de 3.300 a 4.200 kg/ha. 2 Médias obtidas de 129 ensaios
conduzidos na região central do Brasil (GO, TO, MG) e em Roraima (áreas de cerrado e
mata) no período de 2002 a 2005. Acamamento: R- resistente; S- suscetível; MR-
moderadamente resistente; MS- moderadamente suscetível. Brusone: MR- moderadamente
resistente; MS- moderadamente suscetível; S- suscetível.
Grão: L- longo; LF- longo-fino.

A BRS Primavera é mais indicada para abertura de áreas devido sua


susceptibilidade ao acamamento. Apresenta grande aceitação pela indústria devido a
qualidade de seus grãos.
A cultivar BRS Sertaneja, destaca-se pela excelente qualidade de grãos, se adapta a
diversas condições de cultivo, incluindo: renovação de pastagens, rotação de culturas em
áreas já cultivadas e uso na integração lavoura-pecuária. É a mais cultivada em Roraima.
A cultivar BRS Bonança é rústica, com bom potencial produtivo e se adapta bem a
diferentes condições de manejo. Além disso, é a cultivar mais resistente à doença mancha-
dos-grãos, entre todas as cultivares de arroz de terras altas disponíveis para o mercado.

36
A cultivar BRS Pepita apresenta resistência similar ao da cultivar BRS Bonança quanto à
doença mancha-dos-grãos. Destaca-se por poder ser utilizada em diversas condições de
cultivo, incluindo rotação de culturas em áreas já cultivadas, áreas de desmatamento recente,
renovação de pastagens degradadas e integração lavoura-pecuária. É também recomendada
para a agricultura familiar por ter características de plantas favoráveis à colheita manual.
A cultivar BRS Monarca destaca-se pela excelente qualidade de grãos. Por outro lado, é
mais suscetível a estresses hídricos (veranicos) e assim deve ser cultivada preferencialmente
em regiões mais favorecidas (maior precipitação), como as regiões de mata alterada de
Roraima.
Uma das características do grão que mais valoriza o arroz no mercado consumidor é o
rendimento de grãos inteiros, e nesse particular, a BRS Apinajé é semelhante à BRS Bonança,
que é reconhecida pelo seu alto rendimento industrial. A BRS Apinajé possui três atributos
que a tornam mais adequada aos pequenos produtores: bom vigor inicial, boa altura e
degranação fácil, favorecendo a colheita e a trilha manual. Como tem ciclo mais longo que as
demais, deve ser cultivada em áreas sem restrição de precipitação pluviométrica. É mais
suscetível à mancha dos grãos do que a BRS primavera e BRS Bonança.

Arroz Irrigado

Em Roraima, o lançamento/recomendação de novas cultivares pela Embrapa Roraima,


aliado ao manejo tecnificado da cultura, transformou o Estado de importador para exportador
de arroz. O agronegócio do arroz irrigado, tem participação significativa na geração de
emprego, renda e no Produto Interno Bruto (PIB), sendo uma das poucas cadeias produtivas
efetivamente estabilizadas no Estado. A maior parte da produção (75%) é exportada para
outros estados, principalmente para o Amazonas, e o restante (25%) é o suficiente para o
abastecimento do mercado local. Fazem parte da Cadeia Produtiva, 14 agroindústrias que
comercializam 27 marcas de arroz produzidas em Roraima (CORDEIRO et al., 2009;
BRAGA et al, 2009). A produtividade média alcançada, 6.350 kg.ha-1, é expressiva,
semelhante aos maiores produtores nacionais.
Com base nos resultados obtidos pelo programa de melhoramento genético conduzido em
várzeas de Roraima, são recomendadas para plantio as cultivares relacionadas na Tabela 2

37
(CORDEIRO e MEDEIROS, 2008; CUTRIM et al., 2008; CORDEIRO e
MEDEIROS,2010).

Tabela 2. Cultivares de arroz irrigado recomendadas para cultivo em Roraima

Produtividade kg ha-1(3)
Cultivares
Média Mínima Máxima
BR IRGA 4091 6.894(48) 6.073 7.928
IRGA 4171 7.455(32) 6.334 8.574
Roraima1 7.826(28) 7.160 9.112
1
BRS Taim 7.215(24) 5.884 8.380
BRS Jaburu2 7.990(24) 6.486 8.583
BRS Biguá2 7.929(23) 7.173 8.836
BRS Jaçanã1 7.186(21) 6.323 8.107
BRS Tropical1(4) 7.633(10) 7.299 8.041
1 2 3
Ciclo precoce (100 a 115 dias). Ciclo médio (116 a 120 dias). Médias obtidas no período
4
1995/96 a 2007/08. Entre parênteses o número de ensaios que a cultivar participou. Em 60
ensaios conduzidos em GO, TO, RR, PA, RJ, MS e Nordeste a média de produtividade foi de
6.902 kg ha-1.

A cultivar BR IRGA 409 foi recomendada para cultivo em 1985, e desde então,
continua sendo utilizada pelos produtores devido apresentar boa produtividade e qualidade de
grãos, muito embora, seja suscetível à brusone, toxidez por ferro e apresente predisposição ao
acamamento.
A cultivar IRGA 417, recomendada para cultivo em 2001, possui grãos de excelente
qualidade comercial, sendo considerada como referência na indústria arrozeira local e
nacional. É a cultivar mais plantada em Roraima, muito embora, também seja suscetível à
brusone , à mancha de grãos e a toxidez por ferro.
A cultivar Roraima é resultante de hibridação tripla envolvendo a cultivar NewRex
(precoce e com grãos de excelente qualidade comercial), a linhagem IR 19743-25-2-2
(precoce e resistente à brusone) e a cultivar BR IRGA 409 (adaptada às condições locais). Foi
oficialmente recomendada para o Estado com a denominação de Roraima ( CORDEIRO et al,
2009). É resistente ao acamamento e à toxidez por ferro e moderadamente suscetível à
38
brusone. Possui grãos de excelente qualidade comercial e atualmente é a preferida pelos
produtores, já sendo a segunda mais plantada no Estado.
A cultivar BRS Taim foi introduzida em Roraima, no início da década de 90, para
participar de ensaios de competição de cultivares em rede de melhoramento coordenada pela
Embrapa Arroz e Feijão. Após sua avaliação em diferentes ambientes de várzea, foi
recomendada em 2001, como mais uma opção para os sistemas de produção local.
Dadas as suas excelentes características de grão, resistência à brusone nas folhas e boa
produtividade, a cultivar BRS Jaburu, foi recomendada também em 2001, como mais uma
opção para os sistemas de produção local. Foi lançada sob os auspícios da Lei de Proteção de
Cultivares e assim possui produtores licenciados para a comercialização de sementes.
A cultivar BRS Biguá foi lançada para cultivo em Goiás e Tocantins e, posteriormente,
foi extendida a sua recomendação para Pará e Roraima por Cordeiro e Medeiros (2008). É
resistente ao acamamento, à brusone nas folhas e moderadamente resistente à mancha dos
grãos e mancha parda. Possui produtores licenciados para a comercialização de sementes.
A cultivar BRS Jaçanã foi avaliada por quatro anos nos Estados de Goiás, Tocantins,
Pará, Roraima e Rio de Janeiro e apresentou excelente desempenho, sendo lançada por
Cordeiro e Medeiros (2008) para as várzeas de Roraima. Destaca-se pela sua ótima qualidade
de grãos. Apresenta licenciamento de produtores de sementes.
Um dos principais problemas para a cultura do arroz é a incidência de doenças,
principalmente a brusone causada pelo fungo Pyricularia grisea, que causa perdas
consideráveis na produtividade e na qualidade dos grãos. Sua ocorrência é favorecida pelas
condições climáticas predominantes em regiões quentes e úmidas e pelo manejo deficiente da
cultura. A cultivar BRS Tropical, lançada para Roraima por Cordeiro e Medeiros ( 2010),
apresentou boa resistência à brusone nas folhas, no Viveiro Nacional de Brusone (VNB) e isto
pode ser devido a dois de seus genitores, Oryzica 1 e Oryzica Llanos 4, serem fontes de
resistência a essa doença (CUTRIM et al. 2008). Além disso, em avaliações pós-lançamento
realizadas em lavouras de produtores parceiros tem apresentado produtividades muito altas,
cerca de 8.000 kg.ha-1, devendo em pouco tempo se tornar a mais plantada no Estado.

Referências Bibliográficas

39
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