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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO

BACHARELADO EM AGRONOMIA
SEMESTRE: 6º

NOME

PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR EM GRUPO (PTG):


MANEJO PARA PRODUÇÃO DE UVAS DE CLIMA TEMPERADO NO
BRASIL

CIDADE
2022
NOME

PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR EM GRUPO (PTG):


MANEJO PARA PRODUÇÃO DE UVAS DE CLIMA TEMPERADO NO
BRASIL

Trabalho apresentado ao Curso Geografia da UNOPAR


VIRTUAL - Universidade Norte do Paraná e englobará as
discípulas do presente semestre.

Tutor à Distância: Clerio Valentin Damasceno Junior


Tutor Presencial: Não encontrado

CIDADE
2022
Sumário
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................3
2. TAREFA 1. DESENHO TÉCNICO – DELIMITAÇÃO DA ÁREA...............................4
3. TAREFA 2. SOLOS - CLASSIFICAÇÃO E CONSERVAÇÃO..................................5
4. TAREFA 3. FITOPATOLOGIA GERAL..................................................................8
5. TAREFA 4. ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA............................................................11
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................13
7. REFERENCIAS................................................................................................. 14
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1. INTRODUÇÃO

A proposta de Produção Textual Interdisciplinar em Grupo (PTG) terá como


temática: “Manejo para produção de uvas de clima temperado no Brasil”.
A videira é uma planta alógama e nos vinhedos ocorre a fecundação cruzada,
favorecida pela ação dos ventos, insetos e chuvas. Seus genótipos são altamente
heterozigotos e a maioria das cultivares apresenta plantas com flores hermafroditas,
auto férteis e que facilmente intercruzam entre si. A propagação sexuada da videira
é utilizada apenas em programas de melhoramento e tem sido um instrumento
importante na busca por maior produtividade, qualidade e resistência a doenças e
pragas.
A videira é considerada a mais antiga fruta domesticada que se tem
conhecimento, devido o registro de muitas civilizações antigas (SOUZA, 1996). Ela
pertence a família Vitaceae, compreendendo 14 gêneros, entre os que se inclui
Parthenocissus. A este gênero pertencem as vinhas silvestres (P. tricuspidata e P.
quinquefolia), originárias da Ásia e da América do Norte, e o gênero Vitis, originário
das zonas temperadas do hemisfério norte (América, Europa e Ásia) (REYNIER,
1995). Em contraste com várias outras famílias botânicas, tais como Solanaceae,
Leguminoseae, Rosaceae e Gramíneae, Vitis é o único gênero de importância
agrícola na família Vitaceae (RIAZ et al., 2004; THIS et al., 2006).
O gênero botânico Vitis consiste aproximadamente de 60 espécies interférteis
que ocorrem quase exclusivamente no hemisfério Norte (THIS et al., 2006) e inclui
dois subgêneros: Euvitis, ou da videira verdadeira, e Muscadinia (WINKLER, 1980;
ALLEWELDT e POSSINGHAM, 1988).
Atualmente a viticultura brasileira, apresenta uma grande diversidade cuja
atividade ocupa uma área de aproximadamente 83.700 hectares, com uma produção
anual variando entre 1.300 e 1.400 mil toneladas. Há uma grande variabilidade no
material genético utilizado, sendo mais de 120 varieadades de V. vinifera e mais de
40 variedadesde uvas americanas, incluindo as castas de V. labrusca, V. bourquina
e de híbridos interespecíficas (CAMARGO et al., 2011).
O setor vitivinícola nacional, nos últimos anos, tem recebido investimentos
significativos para a melhoria da qualidade de toda a cadeia produtiva. Além disso, o
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atual período da vitivinicultura é caracterizado pela identidade regional, com a


elaboração de vinhos de qualidade típicos e a caracterização das regiões em terroirs
na formação das Indicações Geográficas (IG). A implementação destes signos de
qualidade, com a produção de vinhos em regiões delimitadas, é uma das
alternativas para o aumento da competitividade do vinho nacional e o fortalecimento
da produção de vinhos com identidade regional (MELLO, 2013; SILVA, 2008).
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2. DESENVOLVIMENTO

2.1 GENÉTICA E MELHORAMENTO DE PLANTAS E ANIMAIS

O melhoramento genético nada mais é do que uma ciência utilizada


em plantas e animais para a obtenção de indivíduos ou populações com
características específicas. Ou seja, é a seleção ou alteração intencional do material
genético de seres vivos, visando o desenvolvimento de características desejáveis. É
o caso de frutas sem semente, por exemplo.
O melhoramento genético na agricultura é uma prática tão comum e
enraizada na sociedade que o Instituto Agronômico de São Paulo estima que
praticamente todas as frutas comercializadas hoje apresentam algum tipo de
melhoramento genético. Esse processo é feito, inclusive, para proporcionar o
abastecimento em larga escala.

Essa técnica está presente desde o surgimento da agricultura e


começou de forma básica, com métodos clássicos de seleção e cruzamento. Nessa
metodologia, os homens separavam as plantas que continham as melhores
características, como resistência ao clima e gosto mais agradável, e descartavam as
que possuíam características indesejadas. Isso formava uma espécie de semente
híbrida, que desenvolvia certas vantagens.

Dessa forma, tornou-se possível a triagem dos melhores genes para


futuras gerações. Há milhares de anos, as mulheres já escolhiam e armazenavam
os grãos de cevada e trigo que tinham qualidade superior, para depois plantarem.

Esse tipo de melhoramento genético é capaz de produzir


organismos geneticamente modificados por meio do cruzamento e da avaliação de
resultados, que ajudam na seleção dos melhores descendentes. A ideia consiste em
combinar as características mais interessantes de cada variedade e produzir um
produto de maior valor comercial.

Essa técnica foi identificada como um método genético quando


Gregor Mendel, no século 19, separou linhagens de ervilhas por suas
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características, e descobriu a possibilidade de gerar futuras linhagens híbridas e


melhoradas.

Apesar de antigo, esse método ainda é utilizado hoje em dia. O


processo ocorre em uma estufa, onde são selecionadas variedades macho e fêmea
para produzir uma polinização artificial. Por isso, buscam-se produtos que tenham
características atraentes aos consumidores, seja pelo formato, pela cor, pelo sabor
ou pela resistência à pragas e doenças. Mas, é importante ressaltar que esse tipo de
melhoramento genético é mais demorado.
Com os avanços da ciência e da tecnologia, as práticas de
melhoramento genético avançaram significamente. Nos dias atuais, existem técnicas
de engenharia genética que selecionam, no DNA de plantas e de outros alimentos,
genes que possuem características desejadas. Essa seleção é feita isolando a parte
do DNA de cada uma dessas linhagens correspondentes às características.
Seguindo isso, é possível incluir essas partes no DNA de uma planta que ainda não
se desenvolveu, garantindo que ela cresça com as condições pré-estabelecidas.
Isso é vantajoso, pois, dessa forma, não é mais necessário esperar que a planta ou
a fruta se desenvolva para saber se as características foram ou não herdadas.
A estrutura genética de uma população refere-se à quantidade e
distribuição da variação genética entre e dentro de populações (McDonald & Linde,
2012), depende da sua história evolucionária e varia com o tempo e/o espaço, ou
adapta-se em respostas às alterações nas condições ambientais. Forças evolutivas,
como recombinação genética, seleção natural, deriva genética, mutação, padrões de
acasalamento ou migração, têm importante impacto na composição genética de uma
população (Ferreira & Grattapaglia, 2016). A interação entre estes parâmetros
evolucionários determina a estrutura genética da população do patógeno. Fatores
como tamanho de população e o modo de reprodução (sexual ou assexual),
influenciam na distribuição da variação genética entre e dentro de populações.
A origem da maioria das cultivares de V. vinifera é descrita como
antiga, muito antiga ou desconhecida (Reisch & Pratt, 2016). À medida em que a
espécie foi sendo introduzida em regiões distantes de seu habitat natural, V. vinifera
começou a ser cruzada com outras espécies nativas de Vitis, resultando em híbridos
melhor adaptados às condições ambientais locais, possibilitando o cultivo da videira
em regiões onde V. vinifera não seria capaz de sobreviver devido a sua
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suscetibilidade a doenças e a invernos severos. A variabilidade genética resulta de


eventos de cruzamentos espontâneos que ocorreram ao longo dos séculos de
domesticação e cultivo (Vignani et al., 2012) e foi perpetuada e disseminada para as
mais diversas regiões do mundo, por meio da propagação vegetativa.
Os cruzamentos sexuais e as mutações naturais desempenharam
um papel fundamental na evolução da videira cultivada. A propagação vegetativa
permitiu o acúmulo de mutações ao longo do tempo, e os bancos de germoplasma
conservam mutantes naturais com variações nas folhas, flores ou bagas de videira.
Tais acessos têm sido selecionados como clones ou novas cultivares, contribuindo
para o grande número de cultivares de videira conhecidas (This et al., 2016). Entre
as espécies de maior interesse econômico, pertencentes ao gênero Vitis, incluem-se
as videiras americanas (V. labrusca e outras espécies), européias (V. vinifera),
híbridos e seus mutantes.
Kast (2011), descreve P. viticola crescendo em híbridos resistentes,
Regent e Trollinger. Nesse trabalho o autor relata que a quebra de resistência pode
ocorrer pela adaptabilidade do patógeno ao hospedeiro. A interação gene-a-gene foi
proposta para o processo de reconhecimento do míldio, observado na cultivar
“Bianca”, uma vez que o loco de resistência Rpv3 foi mapeado para um conjunto de
genes de receptores de NBS-LRR (Bellin et al., 2019) e a resistência baseada na
resposta de hipersensibilidade (HR) desta cultivar foi superada por um isolado de P.
viticola, que provavelmente carregava mutações em seus genes de avirulência (Avr)
(Peressotti et al.,2012). O fenótipo de resistência em Rpv3 foi estabelecido pela
combinação de locos que contém os genes CC-NBS-LRR e TIR-NBS-LRR no
genoma de Vitis (Velasco et al., 2017).
O uso de variedades resistentes, obtidas por meio de melhoramento
genético, representa uma alternativa para o controle integrado do míldio na videira.
Atualmente são propostos na literatura pelo menos 16 genes candidatos envolvidos
no controle da resistência ao míldio, identificados pelas iniciais Rpv (Resistance to
Plasmopara viticola) e sequencialmente numerados: Rpv1 a Rpv16.
Uma observação muito valiosa para o desenvolvimento de cultivares
resistentes de videira é que quando algumas fontes ou genes de resistência ao
míldio são combinadas em um só genótipo ou cultivar, os efeitos de cada um podem
ser “somados”. Os efeitos aditivos dos locos Rpv1 e Rpv3 já descritos em diversos
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trabalhos científicos. Para esses genes, a resistência se dá através dos alelos


dominantes.
Em culturas perenes como a videira, a pressão pela quebra da
resistência é maior do que em culturas anuais, devido ao tempo mais dilatado de
convívio entre o patógeno e o hospedeiro e a desvantagem da difícil e onerosa troca
de cultivar no caso da quebra da resistência. O plantio de uma variedade contendo
um gene R em larga escala exerce uma pressão de seleção na população do
patógeno, de modo a selecionar genótipos (seleção direcional) com genes de
virulência correspondentes ao gene R. Desse modo, quando a doença passa a
causar perdas significativas em produtividade, decreta-se a “quebra” da resistência.
A incorporação de mais de um gene R na variedade poderia ser uma
estratégia para aumentar a vida útil da mesma. Esta estratégia é denominada
piramidação de genes e é usada na prática em várias espécies, com o objetivo de
gerar uma variabilidade com múltiplos genes de resistência. Um dos problemas da
piramidação de genes está na dificuldade de transferir vários genes para um único
genótipo, sem que este perca sua identidade genética. Para isso, são necessários
vários ciclos de retrocruzamentos.
Em V. rotundifolia, a resistência genética ao oídio da videira é
controlada por um único gene dominante Run1 presente na espécie silvestre, mas
ausente em V. vinifera (BARKER et al., 2005). Segundo Pauquet et al. (2001) este
alelo foi introduzido em V. vinifera, utilizando a estratégia do pseudo-
retrocruzamento. Na procura por marcadores moleculares ligados ao Run1, foi
realizado o mapeamento genético da população Mtp3294 (VRH3082-1-42 ×
Cabernet Sauvignon). Nesta população de 157 indivíduos do quinto ciclo de
retrocruzamento, identificaram-se 13 marcadores ligados ao gene de resistência
Run1, confirmando a informação na análise fenotípica, onde foram encontrados
ausentes em todos os genótipos suscetíveis e presentes em todos os indivíduos
resistentes.
O loco Ren3, que confere resistência ao oídio, foi detectado no
cromossomo 15. O loco de resistência apresentou efeitos significativos nas
avaliações de resistência nas folhas e nas bagas, explicando 56,8% e 64,5% da
variação fenotípica, respectivamente (WELTER et al., 2007). Na mesma população,
foram identificados vários QTLs para resistência ao míldio. O principal QTL foi o loco
Rpv3, localizado no cromossomo 18, mostrando efeitos significativos em todos os
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anos avaliados, tanto na folha, quanto na baga (WELTER et al., 2007; BELLIN et al.,
2009; CASAGRANDE et al., 2011; Di GASPERO et al., 2012).
Segundo Casagrande et al. (2011), a incorporação de alelos
favoráveis no material de melhoramento proporcionaria uma estrutura genética mais
apropriada, em que os genes R dominantes podem ser transferidos, já que estes
genes explicam uma porção significativa do fenótipo de resistência. O alelo Rpv3
está associado com a capacidade de montar uma resposta localizada de
hipersensibilidade (HR), a qual se manifesta após o início da infecção de P. viticola.
Visando desenvolver uma nova variedade de videira que possua os
genes Rpv1 e Rpv3, o melhorista responsável por esse programa de melhoramento
decidiu fazer um cruzamento entre as variedades VV064 e VV153 buscando reunir
em uma mesma linhagem os dois genes para resistência ao míldio. Dessa forma,
realizando o cruzamento entre linhagens puras de VV064 e VV153, as
probabilidades de se obter linhagens puras com os genes de resistência são dadas
por:
Tabela 1: Porcentagem média dos genes do parental recorrente e doador durante as
sucessivas retrocruzada.
Fonte: adaptado de UFPR.

A ocorrência de doenças reduz a produtividade das plantas e a


qualidade da uva produzida e podem em determinadas situações, inviabilizar a
produção de uva (OLIVEIRA et al., 2005). No sul do Brasil as principais doenças são
o míldio (Plasmopara viticola), a antracnose (Elsinoe ampelina) e as podridões de
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frutos. Os danos de necrose irreversível e o desfolhamento precoce provocado por


estas doenças causam queda na produtividade, pela redução da área fotossintética
e, consequentemente, diminuição da produção de carboidratos (GAVA et al., 2004).
Buscando explorar a variabilidade genética, os programas de
melhoramento de videira têm disponibilizado variedades que, além dos atributos de
produtividade e qualidade, agregam a resistência a doenças, tendo em vista que é o
interesse crescente em favor da saúde de produtores e dos consumidores, além da
sustentabilidade ambiental e econômica das atividades agrícolas.
O míldio da videira é causado pelo parasita obrigatório, P. viticola
(Berk & Curtis.) Berl. & de Toni. Pertence ao Reino Chromista, Filo Oomycota,
Classe Oomycetes, Ordem Peronosporales, Família Peronosporaceae. Os
esporangióforos do fungo medem de 140 a 250 μm. Na sua extremidade formam-se
esporângios hialinos, elipsóides que medem 14 x 11 μm. Cada esporângio contém
de um a dez zoósporos biflagelados com dimensões de 6 a 8 x 4 a 5 μm.
Os zoósporos são providos de dois flagelos que possibilitam a sua
movimentação em meio líquido. Após aproximadamente 30 minutos de constante
movimentação, os zoósporos entram em repouso (encistam) e aproximadamente 15
minutos depois emitem um tubo germinativo que penetra na planta através dos
estômatos e produz hifas cenocíticas intercelulares, provido de haustórios que se
encarregam da absorção de substâncias nutritivas da planta. Uma vez estabelecida
a infecção, há nas lesões abundante frutificação constituída de esporângios,
correspondente à fase assexuada do fungo, repetindo-se várias vezes o ciclo
secundário (AGRIOS, 2005).
O míldio da videira é causado pelo oomyceto P. viticola (Berk &
Curtis.) Berl. & de Toni, que infecta todos os tecidos verdes da videira, incluindo
folhas, cachos, bagas, gavinhas e brotos causando prejuízos sobre a futura
produção, por provocar a morte de tecidos foliares e desfolha precoce e,
consequentemente, o enfraquecimento da planta (GARRIDO e SÔNEGO, 2002;
MATASCI et al., 2008). O míldio é uma doença complexa, classificada como
policíclica, na qual várias gerações do patógeno ocorrem em um mesmo ciclo de
cultivo e, consequentemente, a quantidade de inóculos produzida ao final de cada
ciclo do patógeno é aumentada em muitas vezes, resultando em altos índices de
infecção, na ausência de medidas de controle curativo (BEDENDO, 2011).
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A doença é responsável pelos maiores danos à viticultura no sul do


Brasil, com efeitos extremamente danosos à sua produção, provocando grandes
perdas caso não sejam adotadas medidas de controle (CZERMAINSKI e SÔNEGO,
2004; HAMADA et al., 2008; PERUCH e BRUNA, 2008). A umidade relativa do ar
considerada ideal para as diversas atividades metabólicas da videira está entre 62 e
68%. Em geral, locais com alta umidade relativa do ar favorecem a infecção por
patógenos (GIOVANNINI, 2014), que associada às temperaturas elevadas pode
provocar altas incidências de míldio nos vinhedos, podendo até inviabilizar a
produção (TEXEIRA et al., 2002).
No Brasil são necessárias diversas aplicações de fungicidas para o
controle do míldio (Czermainski e Sônego, 2004). Produtos a base de cymoxanil +
mancozeb e metalaxil + mancozeb e dithianona, foram os mais eficazes no controle
da doença na cv. Tannat, independentemente das condições climáticas observadas
em cada ano. Segundo Shimano e Sentelhas (2013), o número de pulverizações
empregadas pelo sistema do calendário foi invariavelmente maior do que o
necessário para o controle do míldio, da antracnose e das manchas das folhas, o
que demonstra que a racionalização do uso de agrotóxicos para controle de doenças
fúngicas na videira V. labrusca é uma necessidade e deve ser baseada em sistemas
que levem em consideração pelo menos dados pluviométricos.
O uso de cobertura plástica sobre vinhedos no Brasil pode diminuir
da incidência de doenças fúngicas em regiões que apresentam excesso de chuvas
no desenvolvimento e na maturação dos frutos e esta cobertura ocasiona
modificações no microclima junto às videiras, cujas alterações propiciam condições
favoráveis ao crescimento e incremento da produtividade (CHAVARRIA e SANTOS,
2009). Esse procedimento é uma alternativa válida para a minimização do
molhamento da parte aérea da videira causado pela chuva e pode reduzir a
ocorrência e severidade do míldio, reduzindo o número de pulverizações de
fungicidas em até 75% em relação à tela antigranizo (GENTA et al., 2010).
Os agentes de disseminação mais comuns são o vento, que propicia
a dispersão de esporângios a distâncias relativamente grandes e a água,
principalmente através de respingos, que espalha esporângios e zoósporos para
plantas vizinhas e para a própria planta doente. A disseminação a longa distância
ocorre pelo transporte de material vegetal infectado. Quando um esporângio alcança
uma folha suscetível, tem início a etapa de infecção.
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Os focos de oídio em videiras sob cultivo protegido ainda requerem


o uso de pulverizações de fungicidas (CHAVARRIA et al., 2007; GENTA et al.,
2010), ou seja, embora a cobertura plástica seja eficaz na incidência e severidade
do míldio, seu uso acaba favorecendo a infecção por Erysiphe necator (sin. Uncinula
necator) que precisaria ser controlado também com o uso de fungicidas. Desta
forma, todos os benefícios ambientais e monetários conquistados no
desaparecimento do míldio seriam perdidos com a incidência dos oídios. Além disto,
a cobertura plástica não seria uma alternativa viável para grandes vinhedos devido a
sua baixa durabilidade, em média 2 a 3 anos, e também por ter que mudar a forma
de condução das videiras, passando de condução em espaldeira para outro tipo.
Assim o melhoramento genético para desenvolvimento de novas variedades aparece
como uma das estratégias mais eficazes no controle destas doenças.
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3. TAREFA 2. SOLOS - CLASSIFICAÇÃO E CONSERVAÇÃO

O Brasil possui uma grande diversidade de solos em sua extensão


continental. Dentre as 13 classes encontradas, predominam os Latossolos, os
Argissolos e os Neossolos, que no conjunto se distribuem em aproximadamente
70% do território nacional. As classes Latossolos e Argissolos ocupam
aproximadamente 58% da área e são solos profundos, ácidos e de baixa fertilidade
natural. As demais classes de solos brasileiros são Cambissolos, Chernossolos,
Espodossolos, Gleissolos, Luvissolos, Nitossolos, Organossolos, Planossolos,
Plintossolos e Vertissolos. (LABORNEWS, 2018). A tabela 01 retrata as 5 principais:

Tabela 1. Classes de solos encontradas no Brasil de acordo com o Sistema


Brasileiro de Classificação de Solos.

Fonte: Lima (2010).


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O feijão, devido ao sistema radicular que possui, prefere solos soltos, leves,
de textura areno-argiLosa, mais ou menos profundos, ricos em matéria orgânica e
em elementos fertilizantes. Os solos arenosos e permeáveis de aluvião são os
preferidos. O Solo arenoso – tem consistência granulosa como a areia, é
permeável à água. Comum na região nordeste do Brasil. Além do que solo de
textura mais argilosa são pouco recomentados para plantio de feijão, pois esse tipo
de solo acaba por diminuir a qualidade das vagens que estão mais próximas ou em
contato com o solo. Conforme Lima (2010), devido seus atributos físicos, Latossolos
tais como boas profundidades, relevo quase plano, ausência de pedras, grande
porosidade, boa drenagem e permeabilidade fazem com que sejam os mais
utilizados na produção rural.
O Argissolos segundo conceito de Lima (2010), apresentam acúmulo de argila
no horizonte B, ou seja, o horizonte mais superficial do solo (horizonte A) possui
mais areia que o horizonte subsuperficial (horizonte B). As cores são muito variáveis,
podem ser amarelos, cinzentos, vermelhos, vermelho amarelados, etc. normalmente
apresentam reduzida capacidade de reter nutrientes para as plantas, e maior risco
de erosão, devido ao menor teor de argila no horizonte A. O seu significado
ambiental que são solos bastante susceptíveis à erosão, principalmente em relevos
mais declivosos. (LIMA, 2010).
Para o seu aproveitamento racional necessitam de adubação e calagem, por
serem solos de fertilidade natural baixa, nas áreas de domínio de rochas cristalinas
sob floresta subcaducifólia o uso destes solos é mais diversificado, como manga,
coco, pastagens, entre outras.
Conforme Ribeiro (2010), um solo argiloso possui maior CTC 1 e, por isso, tem
maior poder tempão, resultando em necessidade de maiores quantidades de
calcário para neutralizar a acidez. O poder tampão do solo se refere a resistência do
solo às mudanças no pH, ou seja, quanto maior o poder tampão mais difícil é
aumentar o pH.

Isso ocorre porque as reações químicas ocorrem na solução do solo, a qual


encontra-se em equilíbrio com a fase sólida. Sendo assim ao neutralizar a
acidez na solução do solo, os íons H + e Al+3 adsorvidos nos coloides são
deslocados para a solução até que o equilíbrio seja reestabelecido.
Lembrando que o Al+3, em pHs próximos da neutralidade, encontra-se em
formas não solúveis e não tóxicas às plantas. (MENDES, 2013, p. 33).

1
Capacidade de troca de cátions (CTC).
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Quanto maior a CTC do solo, mais íons ácidos podem ser deslocados, ou
seja, maior o poder tampão. O teor de matéria orgânica também contribui para o
aumento da CTC e do poder tampão. Considerando a adubação, o solo argiloso,
dentro de certos limites de argila, é favorável ao aproveitamento dos fertilizantes
devido ao aumento da CTC. Isso ocorre porque a maioria dos nutrientes são
“armazenados” na fase sólida do solo por apresentarem carga positiva, como é o
caso do K+, NH4+ Ca+2 e Mg+2. (RIBEIRO, 2010).
Exceção disso é o P, que é absorvido pelas plantas nas formas aniônicas
H2PO4– e HPO42- as quais apresentam alta afinidade por óxidos de ferro, tendendo a
fazer ligações covalentes, tornando-o o ânion insolúvel e não disponível para
absorção das raízes. Por isso, solo argiloso necessita de maiores doses de adubos
fosfatados quando comparado a um solo arenoso. (RIBEIRO, 2010).

4. TAREFA 3. FITOPATOLOGIA GERAL

Chinelato (2020), O plantio do feijão no Brasil pode ocorrer em três safras.


Mas, por conta das condições climáticas, algumas doenças podem ocorrer de forma
mais intensa em uma safra que na outra. A referida autora nos apresenta alguns
deles:
O mofo-branco é causado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, que podem
afetar várias culturas. Em feijoeiro, é considerada uma das doenças mais
agressivas da cultura, sendo mais problemática no florescimento. A doença é
favorecida por alta umidade e temperatura amenas. Os escleródios são
enovelamento/agregado de hifas, que são estruturas de resistência do fungo. Assim,
este fungo pode sobreviver no solo através dessas estruturas por vários anos.
A Podridão radicular seca no feijoeiro é uma doença é causada pelo
fungo Fusarium solani e é presente em todas as regiões produtoras de feijão do
Brasil. O patógeno sobrevive no solo por vários anos e raramente mata a planta,
mas pode causar até 50% de perdas na cultura. Como sintoma, você pode
observar coloração avermelhada nas raízes jovens das plantas, que progride para
lesões de coloração marrom por toda superfície da raiz. A doença resulta em plantas
pouco desenvolvidas, tendo um estande irregular. A doença é favorecida por solos
16

compactados, encharcados, com temperaturas baixas e pelo cultivo intenso de


feijoeiro.
A Podridão de raízes do feijoeiro é causada por Rhizoctonia solani, patógeno
que é habitante da maioria dos solos cultivados. O fungo pode atacar as sementes e
a apodrece antes de iniciar ou durante sua germinação. Se a plântula de feijão é
infectada, ocorre lesão na base do caule, de coloração avermelhada, que pode
resultar em morte do sistema radicular e tombamento das plântulas.
Junior (2010) apresenta a Mela do feijoeiro (Thanatephorus cucumeris)
Quando a doença ocorre em período mais seco, surgem pequenas manchas
necróticas (de 5 a 10 mm de diâmetro) de centro marrom e margens verde-oliva nas
folhas, que geralmente são destruídas em 2 ou 3 dias. Sob alta umidade, são
formadas pequenas manchas úmidas, tipo escaldadura (Figura 1), de cor verde-
acinzentada, com as margens castanho-avermelhadas que podem atingir folhas,
caule e vagens, formando uma teia micélica, afetando toda a planta e as plantas
vizinhas.
A murcha-de-fusário ou amarelecimento de fusarium tem início com a invasão
do sistema radicular pelo fungo, que se desenvolve em direção ao xilema, causando
seu escurecimento). As folhas tornam-se progressivamente amareladas e, em
seguida, secam e caem. (JUNIOR, 2010).
Assim, pode-se montar o ciclo da relação patógeno-hospedeiro de um fungo
de solo e um nematoide.
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Fonte: Mendes (2020) adaptado.

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) surgiu objetivando a utilização de vários


métodos de controle de maneira que as populações das pragas fossem reduzidas a
níveis em que não causassem danos econômicos.
Conforme Matioli (2021), O controle cultural será baseado, principalmente,
nos conceitos ecológicos e biológicos das pragas. Por isso, é importante que você
conheça a dinâmica da sua área antes mesmo de decidir por esse tipo de controle.
Embora seja muito importante realizar o controle cultural, mesmo em condições em
que você ainda não sabe se a praga realmente estará na sua cultura, é fundamental
que você conheça o histórico das pragas que acometeram os plantios anteriores.
Para implementar o controle cultural:
o Época de plantio e de colheita - se for possível utilizar cultivares precoces
ou tardias para evitar ataques de alguma praga;
o Aração do solo - para exposição de algumas pragas que persistem no solo
após plantio, como larvas e pupas;
o Adubação e irrigação - uma planta quando bem equilibrada nutricionalmente
terá maiores condições de tolerar o ataque de pragas e doenças.
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o Rotação de culturas - para o controle de pragas, muitas vezes é necessário


realizar a rotação de culturas que não sejam hospedeiras das mesmas pragas;
o Destruição de restos de cultura - muitas pragas se aproveitam dos restos
da cultura anterior para se abrigarem e atacam a cultura que será implementada;
o Cultura no limpo - as plantas que ficam próximas à cultura devem ser
retiradas para não serem abrigo ou hospedeiros alternativos.

Matioli (2021), ainda nos apresenta outros tipos de controle de cunho


biológico.

Controle biológico natural


Como o próprio nome diz, é um controle que ocorre naturalmente no ambiente. Os
inimigos naturais presentes na área conseguem controlar as pragas, o que equilibra
o ecossistema e mantém as pragas abaixo do nível de dano econômico. Esse tipo é
possível de ser feito se houver uma atenção à conservação dos organismos
benéficos, principalmente se tratando do uso em conjuntos com pesticidas.

Controle biológico clássico

Antigamente, para controle de pragas exóticas, utilizava-se basicamente apenas o


controle biológico clássico. Esse controle consiste na importação de inimigos
naturais das pragas oriundas de outras regiões que estão atacando as culturas.
Muitas vezes, esse tipo foi visto como muito oneroso, porque exige que os inimigos
naturais fiquem na área e se multipliquem.

Controle biológico aplicado

O controle biológico aplicado visa a liberação massal de inimigos naturais para


reduzir em um tempo mais curto as pragas presentes na área. Com o crescimento
do setor, as biofábricas têm aumentado as produções dos organismos benéficos.

5. TAREFA 4. ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA

Os principais insetos-praga encontrados nas lavouras de feijoeiro comum no


Brasil2.
2
Dados obtidos da UNESP:
https://www.feis.unesp.br/Home/departamentos/fitossanidadeengenhariaruralesolos715/feijoeiro.pdf.
19

Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus): planta, solo ou restos vegetais da


área A lagarta pode atingir 15 mm no máximo e se caracteriza por formar um abrigo
feito de seda, detritos e partículas do solo. (subterrâneo).
Danos: Penetram nas plantas na altura do colo • Plantas atacadas murcham •
Plantas atacadas tombam facilmente • Provoca falhas na lavoura.
Manejo e controle • NC: 2 plantas murchas ou mortas/2 m lineares • Químico:
tratamento de sementes •Culturais: maior densidade de plantio, irrigação

Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon): Adulto – São mariposas com 35mm de


envergadura. A1 marrom com manchas pretas e A2 semitransparentes (aérea)
►Lagarta – De coloração pardo-acinzentada escura – 45 mm (subterrânea)
Danos: Secção da planta rente ao solo.
Controle: iscas com inseticidas: iscas atrativas preparadas pela mistura de 3 L
de melaço ou 1 kg de açúcar mais 25 kg de farelo de trigo ou soja e 1 kg de
triclorfon.

Cigarrinha-verde (Empoasca kraemeri): ADULTO: coloração esverdeada


►NINFAS: amarelo-esverdeadas. (Aérea).
Danos: Plantas não se desenvolvem normalmente (enfezamento das plantas)
Danos causados ao feijoeiro devem-se à ação toxicogênica.
Controle e Manejo • NC: 40 ninfas/pano de batida ou em 2 m lineares •
Químico: organofosforados, carbamatos ou neonicotinoides • Biológico: Anagrus
flaveolus, Aphelinoidea plutella (parasitoides de ovos), Eriopis connexa (predador),
Hirsutella guyana, Entomophaga australiensis e Zoophthora radicans (fungos).

Mosca-branca (Bemisia tabaci Biótipo B) (aérea)


Dano direto: adultos e ninfas sugam seiva, excretando parte desta
favorecendo a presença de fumagina.
Dano indireto: ocorre pela transmissão do vírus do mosaico dourado do
feijoeiro (VMDF)  perdas variando de 40% a 100% da produção  efeito negativo
sobre a qualidade de grãos e sementes de feijão
20

Pelo fato de a mosca-branca ser transmissora do VMDF, não existe nível de


controle estabelecido para essa praga, e o seu manejo deve ser realizado de acordo
com a época de plantio do feijoeiro.
Controle: Mosca-branca (Bemisia tabaci) • NC: Não determinado • Químico:
tratamento de sementes com neonicotinóides, pulverização com neonicotinóides,
fosforados • Cultural: eliminação de restos de cultura, plantas com virose, rotação de
culturas • Variedades Resistentes: IAPAR MD-806, MD-808, IPR Eldorado •
Biológico: Cycloneda sanguinea, Eriopis connexa, Chrysoperla sp. (predadores),
Encarsia sp., Eretmocerus sp. (parasitóide), Paecilomyces fumosoroseus e
Verticillium lecanii (fungos).

Vaquinhas (Diabrotica speciosa, Cerotoma arcuata e Lagria villosa): São


pequenos besouros pertencentes a família Chrysomelidae.
Danos: destruição de área foliar e ataque às raízes
Controle e manejo: NC: 20 insetos/pano ou em 2 m lineares • Químico:
pulverizações com betaciflutrina, imidacloprid, metamidofós, acefato, fenitrotion,
terbufós, esfenvalerato • Comportamental: iscas com cucurbitáceas tratadas com
cartap ou carbaril (20 iscas/ha) • Biológico: Celatoria bosqi (Tachinidae), Beauveria
bassiana e Metarhizium anisopliae
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para Marten (1988), um agroecossistema é um complexo de ar, água, solo,


plantas, animais, microorganismos e tudo mais que estiver na área modificada pelo
ser humano para propósitos de produção agrícola.
O feijão é um alimento tipicamente brasileiro, a principal fonte de proteína
para a grande maioria e a base de vários pratos consumidos no país, como feijoada,
sopas, caldos, além do típico arroz e feijão, prato mais popular do Brasil. (MENDES,
2020). Para que este alimento chega a mesa do brasileiro com qualidade, os
produtores devem adotar medidas no plantio que vão deste o preparo da terra, onde
desta, o grão de feijão irá tirar todo seu vigor para se desenvolver, até a colheita e
armazenagem.
22

7. REFERENCIAS

CHINELATO, Gressa. 7 principais doenças do feijão e como controlá-las na


lavoura. Disponível em < https://blog.aegro.com.br/doencas-do-feijao/>. Acesso em 21
de abril de 2022.
JUNIOR, Murilo Lobo. Importância dos Patógenos de Solo na Cultura do
Feijoeiro. Disponível em<
https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/feijao/arvore/CONT000gvwk5em102wx7ha0g
934vg016m2r7.html>. Acesso em 21 de abril de 2022.

LIMA, Marcelo Ricardo de. 9. principais classes de solos do Brasil. Disponível em


< http://www.mrlima.agrarias.ufpr.br/SEB/arquivos/solos_brasil.pdf>. Acesso em 23 de
abril de 2022.
MATIOLI, Thaís Fagundes. Tipos de controle do manejo integrado de pragas
(MIP). Disponível em < https://blog.chbagro.com.br/tipos-de-controle-do-
manejo-integrado-de-pragas-mip>. Acesso em 26 de abril de 2022.

RIBEIRO, Lacerda. Solo argiloso: como manejar para obter altas produtividades.
Disponível em <https://institutoagro.com.br/solo-argiloso/>. Acesso em 21 de abril de
2022.
Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS) tem edição atualizada! In:
Labor News. Disponível em
<https://laborsolo.com.br/analise-quimica-de-solo/sistema-brasileiro-de-classificacao-
de-solos-sibcs-tem-edicao-atualizada#:~:text=As%20classes%20Latossolos%20e
%20Argissolos,%2C%20Planossolos%2C%20Plintossolos%20e%20Vertissolos.>.
Acesso em 24 de abril de 2022.

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