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6 Técnicas para Preenchimento em Têmpora

6 Técnicas para Preenchimento em Têmpora


6 Técnicas para Preenchimento em Têmpora

Por Rogério Gonçalves Velasco   7 de junho de 2023

6 Técnicas para Preenchimento em


Têmpora
O preenchimento estético na região da têmpora desempenha um papel
importante no combate aos sinais de envelhecimento facial e na busca por
uma aparência mais jovem e harmoniosa. O conhecimento sobre as técnicas
de preenchimento nessa área é crucial para garantir resultados satisfatórios e,
ao mesmo tempo, garantir a segurança do paciente.

A região temporal perde volume à medida que envelhecemos, o que pode


levar a uma aparência envelhecida e desgastada. Os preenchedores
dérmicos à base de ácido hialurônico surgem como uma opção segura e
eficaz para restaurar o volume perdido e melhorar a projeção dessa área. No
entanto, é fundamental compreender a anatomia complexa da região
temporal e os riscos associados aos procedimentos estéticos nessa área.

Este artigo aborda diferentes técnicas de preenchimento na região da


têmpora, explicando as camadas anatômicas envolvidas e as considerações
específicas para cada técnica. É uma adaptação que fizemos do trabalho de
conclusão de curso da dra. THAIS RIGO BARREIROS, ex-aluna e hoje
especialista em Harmonização Orofacial pelo Instituto Velasco.
Recomendamos sua leitura no original. Você pode encontra-lo em nossa
plataforma de ensino GRATUITA para profissionais da saúde, a Instituto
Velasco PLAY.

Além disso, Destaca-se a importância de escolher o preenchedor adequado


com um módulo de elasticidade apropriado para obter os resultados
desejados. Também são discutidas as possíveis complicações e
intercorrências, como obstrução vascular, compressão nervosa e necrose,
ressaltando a necessidade de habilidades técnicas e conhecimento profundo
da anatomia local para evitar esses problemas. Vamos lá?

Porque fazer preenchimento em região de


têmpora?
O envelhecimento, esse inevitável processo natural, traz consigo
transformações na face como flacidez, perda de volume, rugas e manchas.
Isso acarreta uma busca crescente por procedimentos estéticos com o
objetivo de rejuvenescer a aparência facial. Uma das abordagens mais
populares na HOF é o uso de preenchedores à base de ácido hialurônico (AH),
conhecidos por oferecer resultados promissores ao proporcionar volume e
hidratação em áreas estratégicas quando aplicados corretamente.

Embora o preenchimento facial anteriormente utilizasse meteriais tão diversos


como o colágeno e a gordura autóloga, o AH agora é amplamente preferido
por sua biocompatibilidade, facilidade de aplicação e ampla disponibilidade
no mercado. Além disso, é relativamente seguro, uma vez que pode ser
revertido com a hialuronidase e, devido à sua alta viscosidade, é ideal para
aumentar o volume, manter a firmeza durante a injeção e evitar
complicações, como obstruções vasculares.

Os sinais de envelhecimento são visíveis nas mudanças que ocorrem tanto


nos ossos quanto nos tecidos moles do rosto. A área das têmporas, que é
sutilmente mais côncava nas mulheres e mais convexa nos homens, é um
lugar onde a perda de volume é bastante aparente. Esta perda pode ser um
sinal de envelhecimento precoce e também pode ocorrer em indivíduos
jovens com baixo índice de gordura corporal.

Com o tempo, os compartimentos de gordura nas áreas temporais perdem


volume, os músculos atrofiam e os tecidos ósseos retraem, resultando em
uma aparência mais côncava. Isso destaca as proeminências do arco
zigomático, dando ao rosto um aspecto cadavérico e envelhecido. Ao
preencher essa área com AH, a concavidade é substituída por convexidade,
ajudando a sustentar a parte externa do olho, levantar a sobrancelha e
suavizar as linhas de expressão periorbitárias, proporcionando uma aparência
mais jovem.
No entanto, é importante salientar que, apesar da região temporal ser
frequentemente procurada para preenchimento com AH, é uma área de alto
risco devido à sua complexa anatomia e vascularização. São necessárias
precauções e técnicas adequadas para a aplicação de AH nesta região, a fim
de evitar possíveis complicações.

Anatomia da região temporal


A região temporal do crânio, reconhecida como uma área de achatamento
bilateral, é delimitada por vários marcos anatômicos. Seu limite superior é
definido pela crista temporal, a borda externa da órbita estabelece o limite
anterior, o arco zigomático indica o limite inferior e o limite posterior é
caracterizado pela linha de inserção do couro cabeludo, onde a pele se torna
mais grossa e altamente vascularizada. Alguns estudiosos veem a linha do
cabelo como o limite da região temporal, no entanto, é importante notar que
os músculos e a fossa temporal realmente se estendem além da linha da
inserção capilar.

A região temporal é formada por uma complexa interação de estruturas


ósseas e musculares – incluindo os músculos parietal, frontal, esfenóide e
ossos temporais – e uma série de camadas de tecidos moles que abrigam as
estruturas neurovasculares temporais. A espessura dessas camadas paralelas
pode variar significativamente de indivíduo para indivíduo. Essas camadas
incluem:

Camada 1: A pele.

Camada 2: A gordura superficial, que permanece constante em


sua posição crânio-caudal mesmo quando o material de
preenchimento é injetado. Sua constância faz dessa camada de
gordura subdérmica um alvo viável para tratamento volumizador.

Camada 3: A fáscia temporal superficial, que contém os ramos


anterior e parietal da artéria temporal superficial e a artéria
zigomático-orbital.

Camada 4: A gordura profunda da têmpora, que inclui a veia


zigomático-temporal média e ramos do nervo zigomático-
temporal.
Camada 5: A fáscia temporal profunda, que é contínua com o
periósteo do crânio e contém gordura entre suas duas lâminas.

Camada 6: A coxim de gordura temporal superficial, que


contém a veia temporal média.

Camada 7: A lâmina profunda da fáscia temporal profunda.

Camada 8: A gordura temporal profunda, também conhecida


como a extensão temporal da bola de Bichat, que contém a artéria
zigomático-temporal.

Camada 9: O músculo temporal, que desempenha um papel na


mastigação e contém a artéria temporal profunda anterior e a
artéria temporal profunda posterior.

Camada 10: O periósteo, que contém uma rede de anastomoses


de artérias de pequeno porte.
Esquema de retalho da região temporal. Uma descrição mais precisa das
camadas, demonstrando a relação das fáscias com a pele e o tecido
subcutâneo e a fáscia muscular mais profunda. Referencia.

O músculo temporal tem um formato semelhante a um leque, sendo mais fino


na parte superior e mais grosso e fibroso na porção inferior. Ele está
firmemente ligado ao osso temporal e é ativo na mastigação, participando na
retração e elevação da mandíbula. A fossa temporal é suprida por vasos
provenientes da artéria carótida externa, que se encontram em três planos
distintos. Além disso, o ramo temporal do nervo surge profundamente na
fáscia temporal profunda, tornando-se mais superficial à medida que se
aproxima do meio do zigomático, para encontrar-se abaixo da fáscia
temporoparietal ou dentro do sistema músculo-aponeurótico superficial
(SMAS). Este nervo tem função nos músculos orbicular, corrugador e frontal.

Ácido Hialurônico como Preenchedor Facial


O ácido hialurônico (AH) é uma substância de alta viscosidade que se
encontra em vários organismos, incluindo humanos. Ele é encontrado em
diversas partes do corpo como ossos, pele, fluido sinovial e cartilagens. O AH
pode ser produzido sinteticamente, através da fermentação bacteriana, ou
obtido a partir de fontes animais, como a crista de galo. Em ambos os casos, é
comercializado como um gel incolor e não particulado.

O AH é bastante popular em procedimentos estéticos devido à sua


biocompatibilidade, eficácia na redução de rugas e capacidade de aumentar
o volume e o contorno facial. Ele é amplamente usado em preenchimentos
labiais, correções de sulcos nasogenianos (também conhecidos como linhas
de “marionete”), tratamentos para olheiras e para aumentar o volume em
áreas estratégicas do rosto com o objetivo de reduzir os sinais de
envelhecimento devido à perda de gordura.

Embora o AH esteja presente no corpo humano desde a formação no útero, a


sua produção diminui com a idade, levando a perdas de volume e hidratação
na pele. A aplicação de AH pode contrabalançar essas perdas,
proporcionando hidratação, lubrificação e volume à área tratada. O AH
utilizado em procedimentos estéticos passa por um processo químico de
“cross-linking”, onde são inseridos compostos capazes de induzir ligações
intermoleculares no ácido. Isso reduz a sua potencial toxicidade e aumenta a
sua resistência à degradação, além de melhorar suas propriedades
viscoelásticas.

Os preenchedores à base de AH podem ser divididos em monofásicos ou


bifásicos. Os monofásicos consistem em materiais homogêneos, combinando
AH de alto e baixo peso molecular para facilitar a aplicação. Existem duas
subdivisões desses materiais: polidensificados, que são continuamente
reticulados, e os monodensificados, que são reticulados apenas uma vez. Os
preenchedores bifásicos, por outro lado, possuem alta viscosidade e
elasticidade e contêm partículas heterogêneas.

Comparados aos preenchedores reticulados, os não reticulados oferecem um


efeito de volumização de menor duração, mas apresentam uma maior
capacidade de difusão tecidual, sendo adequados para a hidratação da pele.
As diferenças entre os vários tipos de preenchedores à base de AH podem ser
observadas em suas propriedades, como viscosidade, densidade, tamanho de
partículas, capacidade de absorção de água, reologia e estabilidade.

A reologia do AH é uma propriedade complexa, influenciada tanto pela


viscosidade, que está relacionada à resistência ao fluxo sob forças de
cisalhamento e torção, quanto pela elasticidade, que dá ao gel firmeza e
mede a resistência à deformação durante a aplicação. Para que os
preenchedores à base de AH sejam eficazes, eles devem ser viscoelásticos,
capazes de manter sua elasticidade mesmo quando injetados sob alta
pressão através de uma agulha, garantindo resultados duradouros e
previsíveis. Maior viscosidade e elasticidade resultam em maior resistência às
forças dinâmicas geradas pelos movimentos faciais, proporcionando
aumento de volume e suporte duradouros.

Alguns dos principais usos do AH na estética incluem:

Sulcos Nasojugais

Região Mandibular

Sulcos Nasogenianos

Região do Pescoço

Região Periocular

Região das Mãos

Aumento de Volume e Contorno Labial

Cicatrizes

Sulcos Labiomentonianos (Linhas de “Marionete”)

Aumento de Volume na Região Temporal

Região Malar
Área do Nariz (Para pequenas correções)

Esses usos demonstram a versatilidade do AH como preenchedor facial e a


sua importância na estética facial contemporânea.

Técnicas e Riscos do Preenchimento Facial


Temporal
A região temporal é uma zona crítica quando se trata de procedimentos
estéticos de preenchimento, devido à sua proximidade com importantes
estruturas vasculares que alimentam os olhos e estruturas orbitais. Isto inclui a
região da glabela, testa, nasal e os sulcos nasolabiais. As áreas de risco e as
artérias que vascularizam essas áreas são de suma importância a serem
consideradas.

O preenchimento em têmpora deve ser executado com extremo cuidado, pois


é aqui que estão localizadas a artéria temporal superficial, veia e nervos. A
artéria temporal é o elemento que mais comumente apresenta complicações.
Se o material de preenchimento obstruir essa artéria, pode ocorrer necrose
tecidual. Além disso, houve relatos de casos de cegueira após o
preenchimento nesta área com diferentes tipos de materiais.

Possíveis complicações incluem edema, sangramento, equimose, congestão


venosa e sensibilidade. Essa sensibilidade pode persistir por um dia ou mais
durante a mastigação, especialmente quando a aplicação é feita
intramuscularmente. Os locais de aplicação podem desenvolver nódulos,
infecções, e em casos mais graves, necrose e/ou cegueira. Na região
temporal, a obstrução ou compressão da artéria temporal superficial, que
pode ocorrer devido a um preenchimento estético mal colocado, pode
também causar danos aos tecidos irrigados por ela, como as sobrancelhas,
pálpebras, lateral do couro cabeludo, e a testa.

No que diz respeito às técnicas de preenchimento, uma delas é a técnica de


“pinch”, que consiste em um beliscão na região temporal. Esta técnica cria um
espaço maior para a aplicação de preenchedores, separando as camadas
móveis das fixas. Esta manobra pode ser benéfica para a injeção do material
de forma segura, evitando contato com vasos importantes e facilitando a
aplicação no plano correto.
O diagrama mostra o agrupamento de pele e gordura subcutânea com
‘Pinch suave’ sem incluir a fáscia temporal superficial na pinça, criando um
espaço para injeção nas camadas da camada de gordura subcutânea.

O espaço criado entre a fáscia temporal superficial e profunda resulta em


uma região livre de feixes neurovasculares para a injeção do material. A veia
temporal média e os ramos da artéria temporal média se encontram no plano
interfascial que está entre as duas camadas da fáscia temporal profunda,
enquanto a artéria temporal superficial está mais superficialmente, na
superfície da face temporal superficial. O tecido areolar frouxo é um plano
entre a fáscia temporal superficial e a camada superficial da fáscia temporal
profunda, avascular e adequado para a realização de injeção de material
para preenchimento na área.

Existem também seis técnicas de preenchimento na região temporal: a


subdérmica, interfascial, supraperiosteal (alta), supraperiosteal (baixa),
“lifting” supraauricular e “lifting” temporal. Cada uma dessas técnicas tem sua
própria abordagem específica e é adequada para diferentes níveis de perda
de volume na região temporal.
Técnica Subdérmica de preenchimento
temporal
Na técnica Subdérmica, o produto de preenchimento é injetado na camada de
gordura superficial, conhecida como porção subdérmica. Este método se
inicia com a criação de um ponto de acesso cutâneo, que é normalmente feito
na porção média do arco zigomático.

Uma vez estabelecido o ponto de acesso, é introduzida uma cânula de ponta


romba de 22G 50mm. A cânula é gentilmente conduzida pelo tecido
subdérmico, com o bisel virado em direção à derme. Este direcionamento
preciso do bisel é de suma importância para garantir que o produto seja
corretamente injetado na camada subdérmica.

À medida que a cânula avança, o produto é injetado através de uma técnica


chamada administração retrógrada. Isso significa que o produto é liberado
enquanto a cânula é lentamente puxada para trás, permitindo uma
distribuição uniforme do produto de preenchimento por toda a área que está
sendo tratada.

Uma particularidade desta técnica é que, para melhor visualizar a posição da


cânula, ela é inclinada contra a porção inferior da pele. Em um plano mais
profundo, a visualização da cânula pode ser dificultada, por isso essa
inclinação auxilia no controle e precisão da aplicação.

De acordo com as referências mencionadas, é recomendado o uso de um


ácido hialurônico (AH) com um módulo de elasticidade baixo para este
procedimento. Isso se deve ao fato de que este tipo de AH possui uma
consistência mais adequada para a injeção na camada subdérmica,
favorecendo a obtenção de resultados naturais e duradouros.

Técnica Interfascial de preenchimento


temporal
A técnica interfascial de preenchimento baseado em ácido hialurônico (AH)
envolve a injeção do produto entre a superfície temporal superficial e a fáscia
profunda, que é referida como a camada 4 da têmpora anterior, conforme
mencionado no primeiro tópico de anatomia. Este procedimento é geralmente
indicado para corrigir perdas de volume leves a moderadas na região
temporal.
O ponto de acesso para a injeção é criado 1 cm abaixo da linha do cabelo e 1
cm medial à crista temporal. Esta localização pode variar ligeiramente entre a
testa ou o couro cabeludo, dependendo das necessidades individuais do
paciente. Nota-se que qualquer posicionamento medial à crista fornece
acesso ao tecido areolar frouxo na camada 4, desde que a ponta da cânula
entre em contato com o osso durante sua progressão.

A cânula usada neste procedimento é de 22G e 50mm de comprimento. Após


o ponto de acesso ser estabelecido, a cânula é dirigida para o plano
supraperiosteal. Durante essa manobra, o bisel da cânula é mantido voltado
para o periósteo.

O produto de preenchimento é então injetado de forma retrógrada, o que


significa que é liberado gradativamente enquanto a cânula é
cuidadosamente retirada. Isso permite uma distribuição uniforme do produto
na área onde se deseja aumentar o volume. Esse procedimento detalhado,
quando executado corretamente, pode fornecer resultados naturais e
melhorar o contorno facial global.

Técnica Supraperiosteal
A técnica Supraperiosteal Alta, também conhecida como “técnica dos três
pontos” ou “3-point full face”, é utilizada para preencher perdas de volume
moderadas a severas na têmpora anterior. Esta técnica realça a crista
temporal que se tornou mais visível devido à perda de volume.

Para iniciar o procedimento, é feito um ponto de acesso cutâneo 1cm abaixo


da crista temporal, em uma linha vertical situada 1cm atrás da órbita óssea
lateral. Uma agulha de 27G é inserida perpendicularmente à superfície da pele
até atingir o osso. Em seguida, a agulha é inclinada a um ângulo de 45 graus
em direção à cabeça (cranialmente) e é realizada uma aspiração para
verificar a presença ou a possibilidade de lesão em algum vaso sanguíneo.
Assim, o preenchimento com Ácido Hialurônico (AH) de alto módulo elástico é
aplicado lentamente.

A técnica Supraperiosteal Baixa, também chamada de “One up and one over


technique”, é aplicada quando se deseja injetar o produto no plano
supraperiosteal (camada 9) da têmpora anterior, que corresponde à injeção
intramuscular. Assim como a técnica supraperiosteal alta, é recomendada
para perdas de volume moderadas a severas na região da têmpora anterior.
Nesta técnica, o ponto de acesso é definido utilizando três referências: o
tubérculo supra-orbital, 1cm acima (cranialmente) da crista temporal e 1cm
lateralmente à crista temporal em um ângulo reto. Utiliza-se uma agulha de
27G que é inserida perpendicularmente à pele até o contato ósseo. Uma
aspiração prévia é realizada para identificar possíveis refluxos sanguíneos e,
em seguida, o produto é injetado lentamente. Este procedimento prefere um
AH com alto módulo elástico.

Segundo a literatura, realizar essa técnica com o paciente sentado é preferível


para avaliar a simetria com o lado oposto. Além disso, pode-se solicitar ao
paciente que abra a boca concomitantemente ao procedimento para relaxar
os músculos temporais, pois esta é uma aplicação intramuscular. Isso
também contribui para diminuir o desconforto durante o procedimento.

Técnica de “Lifting Supraauricular”


A técnica de “lifting” supraauricular é uma abordagem eficaz para combater a
flacidez e o aspecto “frouxo” moderado da porção médio facial. Esta técnica
utiliza preenchimentos injetados no plano subdérmico (camada 2) da
têmpora posterior, promovendo um efeito de lifting notável principalmente ao
redor dos olhos, na região malar, com efeitos também observados na porção
inferior da face.

O procedimento é iniciado com um ponto de acesso no terço anterior do arco


zigomático lateral. A partir daí, uma cânula de ponta romba 22G 50mm é
inserida na camada gordurosa superficial, com o bisel voltado para cima,
direcionando-se em direção ao plano superior auricular.

São distribuídos pequenos “bolus” de Ácido Hialurônico (AH) com alto módulo
e elasticidade de maneira uniforme ao redor da face anterior e superior da
orelha. Para corrigir eventuais depressões, pode-se aplicar uma quantidade
maior de material na área anterior ao tragus.

Se a porção média facial também for tratada na mesma sessão, é


recomendável iniciar pelo tratamento da têmpora (face superior primeiro).
Durante o avanço da cânula, o controle digital é recomendado para assegurar
a distribuição equitativa do produto. Isso auxilia na precondição dos tecidos
moles da porção central da face, preparando-os para os procedimentos
subsequentes.
Técnica de Levantamento Temporal
(“Lifting Temporal”)
A técnica de levantamento temporal (“lifting”) é um procedimento que
consiste em aplicar um preenchimento no plano subdérmico, localizado na
camada 2 da têmpora posterior. Apesar desta área estar frequentemente
coberta pelos cabelos, e ser menos notada quanto à perda de volume, os
efeitos do tratamento podem ser vistos principalmente na face média e
inferior. Resultados incluem a melhoria da estética da região maxilar, redução
de papadas, aprimoramento do sulco labiomandibular e, em alguns casos, do
sulco nasolabial. Esta técnica, também conhecida como técnica supra-SMAS,
é indicada para tratar a flacidez e o aspecto “frouxo” de leve a moderados,
além de pré-condicionar os tecidos moles do centro da face.

A autora De Almeida, 2017, detalhou técnicas de preenchimento na região


temporal, dividindo a área em quadrantes: anteroinferior, anterossuperior e
posteroinferior, com base em duas linhas traçadas verticalmente no meio do
arco zigomático e outra horizontalmente do canto externo do olho até a linha
de inserção capilar. Segundo a autora, esta técnica de preenchimento
profundo foi proposta originalmente por Raspaldo, 2013, e começa pelo
quadrante anteroinferior, seguido pelo anterossuperior, finalizando pelos
quadrantes posteriores, se houver uma grande perda de volume na região.

No que se refere à quantidade de preenchimento baseado em Ácido


Hialurônico (AH) a ser aplicada, a autora sugere para a técnica de
preenchimento profundo na região temporal uma quantidade que varia de 0,4
a 4ml (quando dividida em quadrantes), e para o preenchimento superficial,
uma quantidade de 0,05 a 0,1ml por ponto de aplicação. Ambas as técnicas
devem ser seguidas de massagem para assegurar a melhor distribuição do
produto. Para a técnica dos “três pontos”, a quantidade de preenchimento
recomendada varia de 0,2 a 0,4ml.

Um estudo realizado por Muller, 2021, comparou a satisfação de pacientes com


menos de 51 anos e mais de 51 anos em relação ao preenchimento na região
temporal após três e seis meses. O estudo constatou que ambos os grupos
apresentaram alta satisfação com os resultados, com uma mínima diferença
estatisticamente irrelevante, sendo que o grupo com mais de 51 anos
apresentou um índice ligeiramente maior de contentamento. As
transformações estéticas foram evidentes, como pode ser observado em uma
das figuras do estudo (Figura 6).
Vale a pena realizar os Preenchimentos em
têmpora?
A crescente demanda estética pelo preenchimento da região temporal e
periorbital está associada à perda de volume resultante do envelhecimento
natural do rosto. O uso de preenchedores à base de Ácido Hialurônico (AH)
para volumizar a área visada pode restaurar volume e projeção local,
conferindo ao indivíduo uma aparência mais jovem e equilibrada, com a
utilização de um material biocompatível e relativamente seguro. Entretanto, é
importante considerar que a têmpora é uma área de risco para
procedimentos estéticos com preenchedores, pois contém artérias
importantes que estão conectadas com os vasos sanguíneos que irrigam
diversas estruturas faciais, incluindo os olhos. Uma aplicação intravascular
pode resultar em necrose e/ou cegueira.

Existem várias técnicas para preencher a região temporal, cada uma


adaptada a um propósito específico. Isso se deve ao fato de que a área
temporal contém várias camadas, e o preenchimento em uma determinada
camada pode produzir um resultado estratégico para as necessidades
individuais do paciente. Dependendo do plano de camada injetado, a resposta
estética pode variar, mesmo quando a mesma região é tratada.

Em relação à técnica suprapereosteal One up one over para volumização, por


exemplo, a proximidade da artéria temporal profunda anterior com o local da
aplicação do preenchedor é discutida. A compressão de até um minuto pode
ser benéfica e o acesso cutâneo deve ser escolhido para evitar o trajeto do
ramo anterior da artéria temporal, que pode ser palpado antes e durante o
procedimento. Um AH com baixo módulo de elasticidade poderia resultar em
migração para a face inferior e média, e há relatos de migração do
preenchedor para a região orbital quando o ponto de acesso escolhido é
muito inferior e/ou anterior.

Não há um consenso entre os profissionais sobre a diluição do material, mas a


diluição não afeta a reologia do material. Em outras palavras, a diluição
facilita a aplicação do preenchedor, mas não altera sua capacidade de
proporcionar volume ou seu módulo de elasticidade. Alguns profissionais
sugerem uma diluição de uma solução homogeneizada de 1:1 de soro estéril
(com ou sem anestésico) e preenchedor. Para preenchimentos mais
profundos, o uso de material não diluído também é recomendado, enquanto
para o plano submuscular-aponeurótico superficial (SMAS) pode-se utilizar o
material de média reticulação ou diluído para melhor dispersão do material.
Um material de baixa reticulação não seria capaz de estruturar, volumizar e
consequentemente projetar a área preenchida.

Os riscos de possíveis complicações aumentam com a aplicação de grandes


quantidades de produto, mais de 1,00 centímetro cúbico, equivalente a 1ml.
Esta quantidade está de acordo com o que foi descrito por de Almeida, 2017,
que sugere quantidades aplicadas de 0,05 a 1ml na maioria dos casos. No
entanto, para o preenchimento profundo descrito por Raspaldo, 2013, a
quantidade de 0,4 a 4ml, quando dividida por quadrantes, pode chegar a até
2ml por aplicação. Isso exigiria um maior cuidado com o controle da
aplicação, conhecimento da anatomia e habilidade do profissional que realiza
o procedimento. Para cada caso, a quantidade deve ser ajustada para não
criar um aspecto “empelotado” e evitar o risco de possível obstrução vascular.

Para evitar possíveis intercorrências com os feixes vasculonervosos, a técnica


de pinça foi descrita por Kapoor, 2020. A metodologia de “beliscar” a área a ser
preenchida de maneira estratégica, dependendo da intensidade, criaria um
espaço “vazio” para a injeção do material preenchedor, afastando as
estruturas de risco e proporcionando, portanto, uma maneira mais segura de
realizar o procedimento estético na região temporal.

O estudo comparativo de Muller, 2021, demonstrou que tanto para pessoas


com envelhecimento mais avançado (acima de 51 anos) quanto para
indivíduos mais jovens (abaixo de 51 anos), o procedimento estético de
preenchimento na região temporal se mostrou satisfatório e resultou em
contentamento em relação à melhora da harmonia facial dos pacientes. O AH
injetado era de alto módulo de elasticidade, diluído com anestésico em
proporção não mencionada. Acompanhamento de 3 a 6 meses revelou alto
índice de satisfação em ambas as coletas de dados.

Cada paciente possui uma indicação específica para preenchimento na


região da têmpora, e cabe ao profissional avaliar cada caso de forma
individual e preconizar o plano a ser preenchido e a técnica apropriada para o
procedimento. O preenchedor à base de AH mostrou-se seguro para essa
utilização, com menor índice de complicações em comparação com a
gordura e silicone. Mais estudos são necessários para desenvolver ainda mais
técnicas e materiais seguros para atender às necessidades estéticas de
preenchimento das áreas que perderam volume e deixaram a face com
aparência mais envelhecida.
Concluindo
A área temporal, caracteristicamente propensa à perda de volume devido
ao envelhecimento, é um foco comum para intervenções estéticas de
preenchimento. No entanto, a presença de complexas estruturas arteriais,
venosas e nervosas torna esta região de alto risco para tais procedimentos. É
imprescindível, portanto, uma compreensão profunda da anatomia desta
região para minimizar as possíveis complicações.

O Ácido Hialurônico (AH) tem se destacado como um preenchedor seguro


para a região temporal, com taxas de complicações notavelmente menores
relatadas na literatura. A região temporal é composta de várias camadas e
cada uma delas pode necessitar de uma técnica de preenchimento
específica. Desta forma, cabe ao profissional selecionar a técnica mais
adequada, levando em consideração a necessidade individual de cada
paciente, para alcançar os resultados desejados.

Quando utilizado como preenchedor na região temporal, o AH de médio a


alto módulo de elasticidade é preferível, uma vez que proporciona a
capacidade necessária para volumizar e projetar a área de aplicação. A
administração do preenchedor deve ser lenta e cuidadosa, evitando-se a
aplicação de grandes quantidades de uma só vez para prevenir
complicações intravasculares e/ou excesso de material (não exceder 1ml por
aplicação).

Devido à delicadeza da área e ao risco associado a ela, é possível que


ocorram intercorrências, tais como obstrução ou compressão dos feixes
vasculonervosos. Isso pode levar a problemas sérios, incluindo perda de
movimento e sensação na região frontal, necrose tecidual e até cegueira,
uma vez que as artérias temporais e oftálmicas estão interconectadas nesta
região. Portanto, a execução cuidadosa do procedimento é vital para
minimizar esses riscos.

Em suma, o preenchimento da região temporal com AH é um procedimento


promissor no campo da estética facial, mas requer conhecimento
aprofundado e habilidade clínica para garantir a segurança e eficácia. Mais
pesquisas são necessárias para otimizar ainda mais as técnicas e práticas de
preenchimento nesta área delicada.
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Publicado por: Rogério Gonçalves Velasco


Mestre em Medicina/Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Especialista em Cirurgia e Traumatologia
Bucomaxilofacial, Prótese Dentária, Prótese Bucomaxilofacial e em Harmonização Orofacial. Coordenador
de cursos em Implantodontia e Harmonização Orofacial do Instituto Velasco, Diretor do Hospital da Face.
Trabalha desde 2011 em harmonização facial.
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CONTATOS

(11) 2351-5485

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LOCALIZAÇÃO

Hospital da Face, 2º andar


Rua Izonzo, 155
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HORÁRIO

Segunda à sexta: 8h às 18h

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