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Política Monetária ECONOMIA


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2 de agosto de 2023

Copom – Agosto/2023 Rafael Rondinelli


Economista-chefe

Bottom Line:

• Em sua 256ª reunião, o COPOM reduziu a taxa de juros em 50 bps para 13,25%,
corte mais forte do que a nossa expectativa (- 25 bps). Importante destacar que
a decisão não foi unânime, em votação dividida. O Banco Central reconheceu o
arrefecimento na inflação, mas reforçou a expectativa de elevação do índice de
preços ao consumidor no segundo semestre do ano. Nossa leitura do
comunicado foi levemente mais dovish do que o antecipado.

• A reunião de agosto marcou o início do ciclo de queda na taxa de juros, com o


comunicado registrando importantes mudanças. O Banco Central reconheceu
uma melhora no cenário inflacionário do país, apesar de ainda ressaltar que as
medidas subjacentes continuam acima da meta de inflação.

Comentários:

Em sua 256ª reunião, o COPOM reduziu a taxa de juros em 50 bps para 13,25%, corte
mais forte do que a nossa expectativa (- 25 bps). Importante destacar que a decisão não
foi unânime, em votação dividida. O Banco Central reconheceu o arrefecimento na
inflação, mas reforçou a expectativa de elevação do índice de preços ao consumidor no
segundo semestre do ano. Nossa leitura do comunicado foi levemente mais dovish do
que o antecipado.

Em relação ao ambiente externo, o comitê reconhece alguma desinflação, mas mostra


preocupação com os núcleos de inflação ainda elevados e com sinais de resiliência no
mercado de trabalho em diversos países. Mais uma vez, o comunicado destaca a
determinação dos países desenvolvidos na busca pela convergência da inflação para
suas respectivas metas, mas retira o trecho em que alerta para uma possível retomada
no ciclo de alta de juros em alguns países.

No que tange o cenário doméstico, o Copom manteve a parte em que afirma que a
atividade econômica vem demonstrando desempenho consistente com um cenário de
desaceleração nos próximos trimestres. Em relação a inflação, a autoridade monetária
reconhece o arrefecimento nos índices de inflação cheia ao consumidor, mas reforça a
expectativa de elevação do índice de preços acumulado em doze meses ao longo do
segundo semestre do ano. O comunicado reconhece a queda nas medidas subjacentes
de inflação, mas ressalta que ainda se encontram acima da meta para a inflação.
Adicionalmente o COPOM pontua, novamente, que as expectativas de inflação para 2023
e 2024 caíram.

Em relação às projeções de Cenário de


Ano Anterior Atual
Diferença
referência (p. p.)
inflação do Banco Central,
2023 5,0 4,9 -0,1
destaque para a redução na Inflação 2024 3,4 3,4 0
estimativa para 2023 apesar do 2025 - 3,0 -
2023 9,0 9,4 0,4
aumento na expectativa de preços Administrados 2024 4,6 4,6 0
administrados. A autoridade 2025 - 3,5 -
monetária projeta inflação em 4,9% (ante 5,0%) em 2023, 3,4% (ante 3,4%) em 2024 e

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3,0% em 2025. No que tange os preços administrados, o comitê aumentou a expectativa


para 2023 (9,4% ante 9,0% anterior) e manteve inalterada a projeção para 2024 (4,6%).
Para 2025, o Copom espera alta de 3,5% nos preços administrados.

O comunicado trouxe alterações relevantes no balanço de riscos. Entre os riscos de alta,


o comitê manteve a parte em que fala sobre persistência de pressões inflacionárias
globais e adicionou trecho em que comenta sobre “uma maior resiliência na inflação de
serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado”. O
comunicado retirou os trechos em que falava sobre incerteza relacionada ao novo
arcabouço fiscal e seus impactos sobre as expectativas para a trajetória da dívida pública
e da inflação e de uma desancoragem maior, ou mais longa, das expectativas de inflação
em prazos maiores.

Dentre os riscos de baixa, o comitê ressaltou mais uma vez uma possível desaceleração
da economia global mais forte do que a expectativa impactada por condições adversas
no sistema financeiro global. Ademais, o comitê incluiu trecho em que comenta sobre
uma possível desinflação global mais forte do que o projetado em função dos impactos
do aperto monetário realizado por diversos países ao mesmo tempo. O comunicado
retirou a parte em que comentava sobre possibilidade de queda adicional nos preços de
commodities.

A autoridade monetária afirma que, em sua avaliação, a melhora da inflação reflete, em


parte, os impactos defasados da política monetária e à redução das expectativas de
inflação em horizontes mais longos, reforçando que a decisão de manutenção da meta
de inflação do Conselho Monetário Nacional permitiu acumulação da confiança
necessária para início do ciclo gradual de redução da taxa de juros.

O comitê, diante dos seus cenários e balanço de riscos, decidiu reduziu a taxa de juros
em 50 bps para 13,25%, acreditando que tal decisão é compatível com a convergência
da inflação para o redor da meta no horizonte relevante e incluindo, pela primeira vez, o
ano de 2025 na análise. Cabe destacar que o Banco Central enxerga a inflação retornando
para a meta de 3,0% em 2025.

Apesar da redução na taxa de juros, o comitê incluiu um parágrafo reforçando a sua


perseverança com uma política monetária suficientemente contracionista para não só a
consolidação do processo de desinflação, mas também a ancoragem das expectativas
para próximo de suas metas. O comitê afirmou ainda que avaliou reduzir a taxa de juros
em 0,25% para 13,50%, mas considerou que a melhora atual no cenário inflacionário é
compatível com o ritmo de queda mais forte de 50 pontos base. No entanto, o
comunicado reforça, mais uma vez, que o comitê está fortemente comprometido com a
manutenção da política monetária em terreno contracionista para convergência da
inflação para a meta no horizonte relevante. Novamente, o Copom entende que o atual
estágio do processo desinflacionário é mais lento e portando continua demandando
serenidade e moderação na condução da política monetária. Em relação aos próximos
passos, o comitê afirma que os membros, de maneira unânime, anteveem cortes de
mesma magnitude nas próximas reuniões, caso o cenário esperado se confirme.
Finalmente, o comitê afirma que o movimento total do ciclo de redução da taxa de juros
vai depender da evolução dos indicadores econômicos, em especial da inflação e
expectativas de inflação, hiato do produto e balanço de riscos.

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A reunião de agosto marcou o início do ciclo de queda na taxa de juros, com o comunicado
registrando importantes mudanças. O Banco Central reconheceu uma melhora no
cenário inflacionário do país, apesar de ainda ressaltar que as medidas subjacentes
continuam acima da meta de inflação. Em outra alteração relevante, a autoridade
monetária incluiu o ano de 2025 no horizonte relevante, enxergando inflação em 3,0%,
retornando a meta. Além disso, o comitê antecipou novas reduções de mesma magnitude
nas próximas reuniões, apesar de ainda enxergar alguma incerteza no cenário.
Importante ressaltar que a votação foi dividida, com o voto decisor em favor da redução
de maior magnitude vindo do presidente da instituição. Em função do corte maior do que
nossa expectativa, projetamos agora Selic em 12,00% no final de 2023.

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