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PROCESSOS DE

FABRICAÇÃO II
AULA 5 - ESTAMPAGEM

Prof. V
inícius
fonsec
a
Introdução a estampagem
Definição
Processo de conformação mecânica, normalmente realizado a frio
Submete a chapa a transformações que a permitem adquirir uma nova forma
geométrica
Basicamente compreende as operações:
Corte
Dobramento e encurvamento
Estampagem profunda ou repuxo
Utiliza-se prensas de estampagem e dispositivos chamados estampos ou matrizes
A estampagem profunda pode ser realizada a quente
Dependendo da profundidade, pode ser necessário duas ou mais operações de
estampagem
Introdução a estampagem
Operação de corte

Definição: Processo de
obtenção de formas
geométricas por cisalhamento
através da ação de uma
ferramenta ou punção de corte
Formas variadas podem ser
obtidas
Introdução a estampagem
Operação de corte
A folga entre o punção e a
matriz é função da espessura
da chapa e do material
Introdução a estampagem
Operação de corte
Introdução a estampagem
Operação de corte Esforço ce corte

onde: onde:
e = espessura da chapa Q = esforço de corte ou de cisalhamento em kgf
d = diâmetro do furo p = perímetro da figura, mm
e = espessura da chapa, mm
= resistência ao cisalhamento do material, kgf/mm2

em que: aproximadamente
Obs: Pode-se reduzir consideravelmente o esforço de corte inclinando as bordas do
punção.
Introdução a estampagem
Operação de corte
Blanking: Corte de discos ou perfis que servirão para operações subsequentes
Piercing ou punching: Corte de furos em que o material removido não será utilizado
Notching: Fabricação de entalhes por puncionamento
Fendilhamento: Corte simultâneo de duas linhas que equilibrem os esforços
Trimming ou rebarbação: Remoção do material em excesso nas extremidades da
peça
Shaving ou alisamento: Esquadriamento das bordas pela remoção de uma fina
camada de material
Fine blanking: Processo de preparação de blanques caracterizado pelo emprego de
folgas muito pequenas e matrizes muito rígidas, através do qual se obtém superfícies
de corte isentas de defeitos
Introdução a estampagem
Operações
As ferramentas básicas empregadas são o punção e a matriz.
O punção geralmente é o elemento móvel.
Utiliza-se limitadores para que a peça se separe da matriz quando o punção sobe.
Adota-se também um sistema de fixação da peça para evitar o enrugamento da
chapa durante a conformação.
Estampagem progressiva: processos em que estágios sucessivos de conformação
são efetuados na mesma matriz.
Introdução a estampagem
Operação de dobramento ou encurvamento
Procura-se manter a espessura da chapa e evitar alteração dimensional
Introdução a estampagem
Operação de dobramento ou encurvamento
Representação simples de uma matriz de dobramento

Fatores importantes:
Raio de curvatura
Elasticidade do material
Introdução a estampagem
Determinação da linha neutra

Corresponde a linha da seção transversal em que não ocorreu


deformação
Necessário para o desenvolvimento linear e obtenção das
dimensões do blank
Quando a linha neutra permanece no centro da chapa, a
deformação é considerada elástica
A deformação plástica é proporcional a distância da linha
neutra
Introdução a estampagem
Determinação da linha neutra
Introdução a estampagem

Dado:

Obtém-se:

Resultados práticos:

Para e < 1mm tem-se y = 1/2 e


Para e > 1mm tem-se y = 1/3 e
Introdução a estampagem
Operação de dobramento ou encurvamento

Valores recomendados do raio de curvatura:


Materiais macios: R = (1 a 2) x e
Materiais duros: R = (3 a 4) x e
Materiais duros: maior efeito elástico, recomenda-se aplicar um
raio mais acentuado e realizar o dobramento em mais etapas
O raio mínimo pode ser estimado com certa precisão pela
redução de área q medida no ensaio de tração:
Introdução a estampagem
Operação de dobramento ou encurvamento
Cálculo da deformação (considerando a linha neutra na meia
espessura)
Introdução a estampagem
Operação de dobramento ou encurvamento
A razão σ2/σ1 (tensão transversal e circunferencial) aumenta com o aumento
da relação largura sobre espessura (b/h)
Para valores pequenos de b/h o estado de tensões é de praticamente tração
pura
Nas chapas em que a relação b/h é alta, as trincas ocorrerão próximo ao
centro da chapa quando a ductilidade se esgotar
Se as bordas da chapa forem rugosas, a trinca pode iniciar nessa região
O raio mínimo pode ser aumentado através do polimento ou
esmerilhamento das bordas
Em chapas estreitas a fratura ocorrerá nas bordas, porque na região central a
tensão transversal é muito baixa
Introdução a estampagem
Operação de dobramento ou encurvamento

A medida que b/h


aumenta, a relação σ2/σ1
aumenta, até um valor de
saturação de b/h = 8, em
que σ2/σ1 atinge 50%
Introdução a estampagem
Efeito mola ou recuperação elástica (Dieter)
Variação dimensional que ocorre após a remoção da carga
Será maior quanto maior for o limite de escoamento e menor for o módulo
de elasticidade
Aumenta com o aumento da relação b/h

em que Ro é o raio antes da liberação


da carga
em que Rf éo raio antes da liberação da
carga
Introdução a estampagem
Efeito mola ou recuperação elástica (Dieter)
Outro método aproximado:

A força necessária para dobrar um comprimento L de um raio R pode ser


estimado por (Dieter):
Introdução a estampagem
Esforço para dobramento (Chiaverini)
Admite-se que a chapa se comporte como um sólido apoiado nas extremidades,
e com um carregamento no centro
Introdução a estampagem
Esforço para dobramento (Chiaverini)

Dado as equações de Para estar em Substituindo:


momento fletor equilíbrio:

(momento fletor externo)


Para estar em Ao resolver:
equilíbrio:

(momento fletor interno)


Introdução a estampagem
Operação de encurvamento
A operação de encurvamento segue em linhas gerais os mesmos princípios e
conceitos de dobramento, contudo com várias etapas.
Introdução a estampagem
Operação de encurvamento - Rebordeamento
O disco é fixado sobre uma matriz que gira em alta velocidade, enquanto uma
ferramenta ou roletes conformam progressivamente a peça.
Introdução a estampagem
Outros métodos de encurvamento

a) Máquina com roletes: a deformação não é uniforme: o momento é maior na


região central
b) Tipo Wiper: Um par de roletes pressiona a chapa sobre a matriz, enquanto
marteladas sucessivas são aplicadas sobre a peça a medida que a matriz gira
c) Wrap forming: A chapa é comprimida sobre a matriz e ao mesmo tempo
tracionada para evitar o enrugamento.
Introdução a estampagem
Estampagem profunda Matriz de estampagem profunda

Processo em que as chapas


metálicas são conformadas em
forma de copo.
Produz objetos ocos a partir de
chapas planas, sem redução de
espessura, e com deformação em
uma ou mais faces
Introdução a estampagem
Estampagem profunda
Matéria prima: Disco A, com diâmetro interno d, e
diâmetro externo D (d + 2h0)
Peça acabada: Cilindro B, com diâmetro externo d e
altura h
Consideração: espessura da chapa permanece constante
A área hachurada S0 de forma trapezoidal é
transformada em δ de forma retangular
h > ho
O elemento δ fica submetido a tensões radiais de tração e
tangenciais de compressão
Introdução a estampagem
Primeiro caso: Recipiente cilíndrico
Método experimental para objetos ocos com seção geométrica regular
Obs: para formas irregulares, recomenda-se cortar uma placa com o
formato aproximado, verificar o formato do objeto obtido após a
estampagem, e aplicar correções sucessivas até a obtenção do material sem
excesso ou falta de material.
Introdução a estampagem
Primeiro caso: Recipiente cilíndrico

Área da chapa estampada


Obs:
Cálculo válido para chapas finas,
considerando redução de espessura
Logo:
desprezível
Para cálculos mais precisos, deve-se
considerar o volume ao invés da
superfície
Introdução a estampagem
Segundo caso: Recipiente cilíndrico com flange
Introdução a estampagem
Tensões e deformações na estampagem de um recipiente
cilíndrico (Dieter)
Estado biaxial de tensões, sendo tração no sentido
radial e compressão no sentido circunferencial.
Estes esforços causam redução e aumento de
espessura, o primeiro no dobramento, e o segundo
devido a contração circunferencial, prevalecendo o
aumento da espessura

Estado biaxial de tração, ocasionando redução da


espessura
Introdução a estampagem
Tensões e deformações na estampagem de um recipiente
cilíndrico (Dieter)
Se a folga for insuficiente para permitir o aumento da espessura, o metal irá sofrer
estiramento de forma a produzir uma espessura uniforme.
Na estampagem profunda comercial costuma-se adotar folgas da ordem de 10 a 20%
superior a espessura da peça.

A força total necessária para a estampagem profunda
de um corpo cilíndrico é a soma das forças:
Ideal de deformação (que aumenta com o
encruamento)
De atrito (decresce quando o material cede sobre o
anel de fixação
De uniformização da espessura
Introdução a estampagem
Contribuição dos esforços no trabalho de estampagem profunda
do corpo cilindro
70% - deformação radial do material
17% - dobramento e endireitamento em torno do raio da matriz
13% - atrito Força de conformação (Sachs):
Força de deformação Atrito Dobramento
Introdução a estampagem
Força de ruptura na estampagem profunda do corpo cilíndrico

Ocorre essencialmente por tração:

Corpo cilíndrico

Limite de ruptura
Fator de deformação plana
Introdução a estampagem
Força de ruptura na estampagem profunda do corpo cilíndrico

Na estampagem profunda o limite de estampagem é dado pela razão do


diâmetro do blank e o diâmetro do punção:

em que n é um termo de eficiência


para n = 0,7 > LDR = 2
Obs: a altura do corpo é limitada por
D0 - DP
Introdução a estampagem
Fatores que afetam a estampabilidade

Raio da matriz: recomenda-se 10 x a espessura da chapa;


Raio do punção: um ângulo pequeno leva a redução da
espessura localizada e ruptura do material;
Folga entre o punção e a matriz: recomenda-se entre 20 a
40% da espessura da chapa;
Pressão de fixação: cerca de 2% da média de σo e σu;
Recomenda-se lubrificação lateral da matriz para reduzir o
atrito na estampagem;
Introdução a estampagem
Limite de conformação
Processo complexo de ser relacionado ao ensaio de tração
Ensaios foram desenvolvidos para avaliar a conformabilidade de diversos
materiais, dentre eles:

Ensaio de Swift: avalia o embutimento (sem redução de espessura). O


ensaio é realizado com um punção de Ø2”, e diferentes diâmetros de blanks
são ensaiados até a ruptura. A relação entre o diâmetro do blank e do
punção determina o LDR.
Introdução a estampagem
Limite de conformação
Ensaios de Olsen (Europa) e Erichsen (America do Norte): avalia o
estiramento (redução de espessura): a chapa é fixada por duas guias, e em
seguida um punção esférico (Ø20 e Ø22mm) pressiona a chapa até que a
carga sofre uma queda (caracterizada pelo início da estricção). O valor é
reportado pela relação da altura/diâmetro do copo (ASTM E643.78)

Ensaio de Fukui: ensaio realizado em um copo cônico com um punção


hemisférico, em que ocorre estiramento combinado com embutimento
(condição mais realista)
Introdução a estampagem
Defeitos oriundos da conformação
Ruptura: devido o desenvolvimento de uma trinca, pode ser amenizado reduzindo-
se a carga de estampagem, aumentando o raio do punção
Formação de trincas nas bordas do material: ductilidade insuficiente do material
Deformação localizada (estiramento)
Formação de ondulações em regiões de esforços compressivos: instabilidade
devido alta relação entre o comprimento e a seção resistente. Problema mais
comum em chapas muito finas
Efeito casca de laranja: ocorre quando se tem rugosidade superficial excessiva
nas regiões que sofreram grande deformação plástica. Ocorre principalmente em
chapas com granulação grosseira, de forma que a deformação dos grãos aparecem
em relevo na superfície
Desvio dimensional devido ao efeito mola
Introdução a estampagem
Prensas de estampagem
Prensas mecânicas: de ação rápida e curta
duração
Prensas hidráulicas: de ação lenta e longa
duração
Além disso podem ser:
De efeito simples: possui apenas 1 cursos
De efeito duplo: o segundo cursor
normalmente é utilizado para operar a
retenção do blank a fim de evitar enrugamento
De efeito triplo: normalmente possui um
terceiro cursor que opera abaixo da matriz.
Introdução a estampagem
CHIAVERINI, VICENTE. Tecnologia Mecânica: Estrutura e propriedades das ligas metálicas. Vol.1. São Paulo.
Makron, 1996.

CHIAVERINI, VICENTE. Tecnologia Mecânica: Processos de fabricação e tratamento. Vol.2. São Paulo.
Makron, 1996.

CHIAVERINI, VICENTE. Tecnologia Mecânica: Materiais de construção mecânica. Vol.3. São Paulo. Makron,
1996.

DIETER, GEORGE E. Metalurgia Mecânica. Ed. Guanabara Dois, 2a. ed., 1.981.

ASM HANDBOOK COMMITTEE. ASM Metals HandBook Volume 14 - Forming and Forging. ASM
International, 4a ed., 1996

Cubberly, W. H. Tool and Manufacturing Engineers Handbook Desk Edition, 1989.

http://sites.poli.usp.br/geologiaemetalurgia/Revistas/Edi%C3%A7%C3%A3o%2011/artigo11.15.pdf
TRABALHO PRÁTICO
Desenvolver uma matriz de estampagem progressiva para a fabricação
seriada da peça abaixo.

Elaborar:

- Memória de cálculo
- Projeto da matriz
TRABALHO PRÁTICO
Matrizes
TRABALHO PRÁTICO
MATRIZ 1

Operações

1° - Corte do passo

2° - Corte dos furos e


recortes laterais

3° - Primeira dobra e corte


da peça
TRABALHO PRÁTICO
MATRIZ 1

Operações

1° - Corte do passo

2° - Corte dos furos e


recortes laterais

3° - Primeira dobra e corte


da peça
TRABALHO PRÁTICO
Cálculo dos esforços
Perímetros de corte e dobra
Perímetro de corte: 397mm Perímetro de dobra: 50mm
TRABALHO PRÁTICO
Cálculo dos esforços
TRABALHO PRÁTICO
Cálculo dos esforços
TRABALHO PRÁTICO
Desenho
Dimensões da peça
TRABALHO PRÁTICO
Desenho de detalhes da matriz
TRABALHO PRÁTICO
TRABALHO PRÁTICO
TRABALHO PRÁTICO

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