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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA TRADUÇÃO

ANTONIO SERGIO DA COSTA PINTO

A TRADUÇÃO COMENTADA DE UM TEXTO TÉCNICO-CIENTÍFICO: A


COURSE IN PHONETICS DE PETER LADEFOGED & KEITH JOHNSON
7th EDITION

FLORIANÓPOLIS
2020

1
ANTONIO SERGIO DA COSTA PINTO

A TRADUÇÃO COMENTADA DE UM TEXTO TÉCNICO-CIENTÍFICO: A


COURSE IN PHONETICS DE PETER LADEFOGED & KEITH JOHNSON
7th EDITION

Tese submetida ao programa de Pós-Graduação em Estudos


da Tradução da Universidade Federal de Santa Catarina para
a obtenção do Título de Doutor em Estudos da Tradução.
Orientador: Prof. Lincoln Paulo Fernandes Dr.

FLORIANÓPOLIS
2020

2
Ficha de identificação da obra
Por meio do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.

Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor,


através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da
UFSC.

Pinto, Antonio Sergio da costa


A TRADUÇÃO COMENTADA DE UM TEXTO TÉCNICO-CIENTÍFICO: A COURSE
IN PHONETICS DE PETER LADEFOGED & KEITH JOHNSON 7th EDITION /
Antonio Sergio da costa Pinto ; orientador, Lincoln Paulo
Fernandes, 2020.

182 p.

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina,


Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós Graduação
em Estudos da Tradução, Florianópolis, 2020.

Inclui referências.

1. Estudos da Tradução. 2. Tradução Comentada, Glossário


Lexicográfico e Fonética. I. Fernandes, Lincoln Paulo. II.
Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós
Graduação em Estudos da Tradução. III. Título.

3
Antonio Sergio da Costa Pinto

A TRADUÇÃO COMENTADA DE UM TEXTO TÉCNICO-CIENTÍFICO: A COURSE IN


PHONETICS DE PETER LADEFOGED & KEITH JOHNSON 7th EDITION

O presente trabalho em nível de doutorado foi avaliado e aprovado por banca examinadora
composta pelos seguintes membros:

Prof. Lincoln Paulo Fernandes, Dr.


Universidade Federal de Santa Catarina
Orientador e Presidente
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Prof. José Guilherme dos Santos Fernandes, Dr.
Universidade Federal do Pará
Professor convidado
_______________________________________
Profa. Viviane M., Heberle, Dra.
Universidade Federal de Santa Catarina
_______________________________________
Profa. Adja Balbino de Amorim Barbieri Durão, Dra.
Universidade Federal de Santa Catarina
______________________________________

Certificamos que esta é a versão original e final do trabalho de conclusão que foi julgado
adequado para obtenção do título de doutor em Estudos da Tradução.

____________________________________
Coordenação do Programa de Pós-Graduação

___________________________________
Prof.(a) Lincoln Paulo Fernandes, Dr.
Orientador(a)

Florianópolis
2020

4
Para Rita, Natália e Nicole
E também para Joaca e Eurica (in memoriam)

5
AGRADECIMENTOS

Esta tese é resultado de levantamentos bibliográficos e pesquisas realizadas no período de


2016 a 2019, durante minhas atividades de pós-graduação no curso de Doutorado em Estudos da
Tradução da Universidade Federal de Santa Catarina, em convênio com a Universidade Federal do
Pará (PPGET/DINTER). Ao longo desse período, muitos foram os que, de diferentes maneiras,
contribuíram para que este projeto se concretizasse. A eles, passo a expressar a minha gratidão.

Agradeço, primeiramente, a Deus, o Grande Arquiteto do Universo.

À CAPES, pela bolsa de estudo, que muito contribuiu para minha experiência em
Florianópolis em meu estágio obrigatório.

Também é fundamental enfatizar que, em minha caminhada, tive a orientação sempre atenta
do Professor Doutor Lincoln Paulo Fernandes, com quem aprendi a construir uma tese que me desse
prazer. A ele muito agradeço a gentileza e atenção recebidas nas sessões de estudos.

Agradeço também as indispensáveis observações críticas das professoras Dras. Viviane


Heberle e Adja Barbieri Durão, por ocasião do exame de qualificação.

Quero agradecer, também, aos colegas da Faculdade de Letras Estrangeiras Modernas do


Instituto de Letras e Comunicação da UFPA pela liberação de minhas atividades docentes por dois
anos, pelo apoio e confiança.

Aos professores do DINTER, Prof. Dr. Walter Carlos Costa, Profa. Dra. Evelyn Schuler Zea,
Prof. Dr. Lincoln Paulo Fernandes, Profa. Dra. Adja Barbieri Durão, Profa. Dra. Viviane Heberle,
Prof.ª Dra. Luana Ferreira de Freitas, Prof.ª Dra. Marie-Hélène C. Torres, pela valiosa contribuição.

Não posso esquecer de agradecer às professoras Rosa Helena, Ciléia Meneses e Cristina
Caldas, do Campus de Bragança-PA, além do Prof. Dr. José Guilherme, que tanto se empenharam
para tornar esse DINTER uma realidade.

Expresso também minha gratidão à Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de


Comunicação e Expressão, e ao Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução (PPGET).

Aos colegas do DINTER, pela amizade e apoio em minha busca pelo crescimento pessoal e
profissional, com especial menção ao meu colega, ex-aluno e amigo Joaquim Cancela Jr.

É necessário ainda dizer quão grato eu sou à UFPA por mais uma grande oportunidade de
crescimento acadêmico e pessoal.

Gostaria, também, de agradecer à minha queridíssima colega, amiga e revisora da tese, Sônia
Célia Oliveira, pela cuidadosa revisão do texto final.

6
À minha mãe, Eurica Serrão Pinto (in memoriam), pelo seu amor e dedicação incondicionais,
minha eterna gratidão.

Às minhas filhas, Natália e Nicole, pelo amor e carinho e por terem me ensinado a tradução
perfeita do amor verdadeiro

À minha esposa Rita Caramês, detentora da arte de me fazer ficar com saudade mesmo
quando estamos sob o mesmo teto, você tem sido muito importante na minha vida.

Aos meus compadres Jurandir/Ana, Henrique/Edmara, Naza/Zé que, na minha ausência de


Belém, resolveram minhas pendências.

Por fim, a todos os que me ajudaram na realização deste trabalho, um agradecimento


especial: vocês moram no meu coração.

7
O tradutor não é o emissor da mensagem do texto-alvo, mas sim um produtor
do texto na cultura alvo, que se apropria da intenção do emissor ou do
iniciador para produzir um instrumento comunicativo para a cultura alvo, ou
um documento para a cultura alvo a partir de uma comunicação da cultura-
fonte.

Christiane Nord

8
RESUMO

Trata esta tese da tradução comentada do inglês para o português do Brasil de um texto
técnico e científico, o livro “A course in Phonetics”, de Peter Ladefoged e Keith Johnson que se
encontra em sua 7ª edição. Esta pesquisa objetiva explorar a área da tradução comentada em um
âmbito específico, ainda pouco pesquisado, e propor uma tradução com foco em algumas categorias
de análise, a saber, Terminologia e Normatização. A tradução tem como base a teoria funcionalista
de Reiss (1971) Reiss e Vermeer (2014) e (Nord, 1997) e traz um panorama sobre Ladefoged e sua
obra. Em seguida, apresento a tradução de sete unidades do livro e os respectivos comentários da
tradução. O trabalho está dividido em Introdução e seis Capítulos, contendo o aparato teórico, o
método, os comentários da tradução, seguidos pelo sexto capítulo composto por um glossário
terminográfico de termos fonéticos. A tradução do referido texto encontra-se no apêndice da tese.
Um desdobramento natural do tipo de estudo aqui proposto é disponibilizar material em tradução
confiável, com base nas teorias dos Estudos da Tradução, objetivando atender a uma demanda
importante de leitores lusófonos que precisam de um clássico sobre fonética em língua portuguesa.
Como resultado, verificou-se uma tendência de se manter os termos fonéticos-fonológicos utilizados
desde a década de 1940 nas pesquisas atuais com base em uma lista de termos catalogada de acordo
com o eixo temporal adotado e a frequência de uso desses termos.

Palavras-chave: Tradução comentada; Fonética; Terminologia; Texto técnico-científico.

9
ABSTRACT
This PhD dissertation deals with the Brazilian Portuguese translation of a technical and
scientific text book "A course in Phonetics" by Peter Ladefoged and Keith Johnson, which is in its
7th edition, it aims at exploring the commented translation area in a specific and not often studied
research field and proposes a translation focusing on some categories of analysis, namely
Terminology and Normatization. The translation is based on the study of the functionalist approach
of Reiss (1971) Reiss & Vermeer (2014) and (Nord, 1997) and provides the author's overview and
research. Then I present the translation of seven units of the book followed by the comments. This
research is divided into 6 Chapters, introduction, the theoretical apparatus, the method, the
comments of the translation, articulatory phonetics followed by a glossary of phonetic terms that
compose the sixth chapter. The translation of the text is found in the appendix of the dissertation. A
natural development of the type of study proposed here is to provide material reliably translated,
based on the theories of Translation Studies, aiming at meeting an important necessity of
Portuguese-speaking readers who need a classic on phonetics written in Portuguese. As a result,
there was a tendency to maintain the phonetic-phonological terms used since the 1940s in current
research based on a list of terms cataloged according to the adopted time axis and the frequency of
use of these terms.

Keywords: Commented translation; Phonetics; Terminology; Technical-scientific text.

10
FICHA DE IDENTIFICACÃO.....................................................................................................3
TERMO DE APROVAÇÃO …………………………………...........………………….…….....4
DEDICATÓRIA ………………………………………………..……............…………….…......5
AGRADECIMENTOS…………………………………………………….............………...…..6-7
EPÍGRAFE…………………..………………………………………..........…………….…..…...8
RESUMO …………………………………………………………..…………..….........….…......9
ABSTRACT………………………………………………………….…….….…………............10
LISTA DE FIGURAS ….………………………………….……………..........…………….......11
LISTA DE QUADROS..................................................................................................................13
LISTA DE TABELAS …………………………………………………….….........……..…......14
LISTA DE ABREVIATURAS ………………………………………….….........………….......14
SUMÁRIO ……………………………………………………………….….….........………......15

VOLUME 2

APÊNDICE - TRADUÇÃO DO LIVRO…………………………...............…..….…………… 197


ANEXOS…………………………………………………………………...............……………….522

LISTA DE FIGURAS
Figura I Sistema respiratório, fonatório e o articulatório...............................................................132
Figura II: Ranking dos autores mais citados nas dissertações brasileiras......................................141
Figura III: Boxplot..........................................................................................................................147

FIGURAS DO GLOSSÁRIO TERMINIGRÁFICO


1. Cartilagem aritenoide.........................................................................................................158
2. Epiglote..............................................................................................................................163
3. Fricativa interdental...........................................................................................................166
4. Vista médiossagital............................................................................................................168
5. Esôfago...........................................................................................................................................170
6. Palatografia........................................................................................................................171
7. Retroflexa..........................................................................................................................174
8. Cartilagem tireóide............................................................................................................177

11
9. Traquéia.............................................................................................................................179
10. Sistema vocálico triangular................................................................................................179
11. Úvula..................................................................................................................................180
12. Cordas vocais.....................................................................................................................181
13. barra de vozeamento..........................................................................................................182

12
LISTA DE QUADROS

Quadro I – As três funções da linguagem.....................................................................................29

Quadro II –– Campo, Relações e Modo........................................................................................51

Quadro III – Relação entre as variáveis de contexto, as metafunções e as realizações


linguísticas......................................................................................................................................51

Quadro IV: A Estrutura de um Translation Brief ..........................................................................75

Quadro V Panorama da biografia de Ladefoged. De A a L.................................................91 A 97

Quadro VI: Perguntas para orientar decisões durante a revisão..................................................110

Quadro VII: Questões para a decisão sobre o grau de revisão....................................................111

Quadro VIII: As consoantes surdas e sonoras da língua inglesa.................................................137

Quadro IX: As vogais da Língua Portuguesa segundo Câmara Jr, (1999, p. 39) .......................138

Quadro X Lista tipológica de repertórios lexicográficos e terminológicos de Faulstich.............152

Quadro XI: Diacríticos..................................................................................................................162

Quadro XII Tom...........................................................................................................................178

13
LISTA DE TABELAS

Tabela I: Ranking dos autores mais citados nas dissertações........................................................141

Tabela II: Orgãos da fala ...............................................................................................................142

Tabela IIb Pontos/modos de articulação e processos fonológicos.................................................142

Tabela III :Proporção dos termos mais usados pelos autores no ranking......................................143

Tabela IV :Ranking dos termos mais usados pelos autores...........................................................144

Tabela V :Representação temporal dos termos usados pelos autores em estudo em função do ano
de referência (Parâmetro)...............................................................................................................146

ABREVIATURAS
ACIP A Course in Phonetics
p. página

14
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..................................................................................................... 17

1. TESE E OBJETIVO GERAL ............................................................................ 20


1.1 As perguntas de pesquisa ................................................................................. 21
1.2 Panorama metodológico ................................................................................... 22
1.3 Justificativa e relevância da pesquisa ............................................................. 22
1.4 Organização da tese........................................................................................... 24

2. APARATO TEÓRICO....................................................................................... 26
2.1 O Funcionalismo............................................................................................... 26
2.2 A teoria de Skopos e a noção de ação translacional e equivalência............. 35
2.3 O Funcionalismo na perspectiva de Nord...................................................... 44
2.4 A Linguística Sistêmico-Funcional................................................................. 50
2.5 Tradução comentada (de um texto técnico e científico)............................... 53
2.6 A teoria da invisibilidade do tradutor............................................................ 59
2.7 Desenvolvendo “instruções de tradução”: Translation Brief....................... 70
2.8 O “Brief” desta tese......................................................................................... 75
2.9 Tradução técnica vs. tradução científica....................................................... 77
2.10 O ato tradutório: abordagem prospectiva e retrospectiva........................ 87

3. MÉTODO........................................................................................................... 90
3.1 Panorama sobre o autor e obra...................................................................... 90
3.2 O objeto de estudo........................................................................................... 98
3.3 O contexto da pesquisa................................................................................... 99
3.4 Procedimentos metodológicos da tradução comentada............................... 100
3.5 Categorias de análise a serem comentadas................................................... 102
3.6 Revisão e autorrevisão.................................................................................... 102

4 COMENTÁRIOS À TRADUÇÃO................................................................... 113

5 A FONÉTICA ARTICULATÓRIA................................................................. 130


5. 1 Os articuladores............................................................................................. 132
5. 2 As consoantes................................................................................................. 133
5. 2. 1 Modo de articulação.................................................................................... 133
5. 2. 2 Ponto de articulação.................................................................................... 133

15
5. 2. 3 Articulações secundárias............................................................................. 135
5. 2. 4 Papel das cordas vocais............................................................................... 136
5. 3 As vogais......................................................................................................... 137
5.3.1 A Classificação dos sons vocálicos .............................................................. 138
5. 3. 2 Tipos de transcrição.................................................................................... 138
5.3.3 O contexto brasileiro.................................................................................... 139

6 GLOSSÁRIO TERMINOGRÁFICO.............................................................. 155


CONCLUSÕES..................................................................................................... 184
REFERÊNCIAS..................................................................................................... 189

16
INTRODUÇÃO

Esta tese está inserida na área de Estudos da Tradução, mais particularmente na área de
tradução comentada. Como texto-fonte1 desta pesquisa, utiliza-se o livro “A Course in Phonetics”,
de Peter Ladefoged (doravante ACIP). Foi inicialmente publicado em 1975, e decorridos quarenta e
quatro anos da publicação, o livro se encontra em sua sétima edição, tendo alcançado o status de
clássico da teoria fonética.
O ACIP é de um curso completo de fonética direcionado a professores, profissionais que
trabalham com a articulação da fala (fonoaudiólogos, atores, locutores, entre outros) e estudantes
que se interessam pelo tema. São introduzidos conceitos de produção da fala, a atuação dos
articuladores ativos e passivos2 e explicados os gestos articulatórios utilizados na produção dos
diferentes fonemas. Aborda-se ainda a descrição da fala em termos acústicos e são ensinadas
habilidades fonéticas práticas, incluindo transcrições com base no IPA (Alfabeto Fonético
Internacional), o que oferece auxílio precioso aos patologistas da fala para o diagnóstico de
desordens na articulação de sons e o planejamento de tratamento adequado aos clientes, ou ainda,
que pode ajudar engenheiros no desenvolvimento de instrumentos laboratoriais de reconhecimento
ou síntese de fala para utilização na fonética forense. Trata-se, pois, de material útil para atores,
cantores e outros profissionais que se utilizam de suas vozes como instrumento de trabalho. É preciso
notar, contudo, que, intencionalmente, o autor utiliza, sempre que possível, uma linguagem
razoavelmente acessível para facilitar a compreensão por parte do leitor. Ladefoged criou uma obra-
prima que continua a despertar o interesse de pesquisadores e outros interessados nos estudos
fonéticos de abrangência internacional.

1
Texto Fonte (ou Texto da Língua-Fonte) (TF) é o texto (escrito ou falado) que fornece o ponto de partida para uma
tradução. Exceto no caso de traduções intersemióticas e intralinguais, o texto-fonte será em uma língua diferente (língua
de origem) da tradução (ou texto-alvo) que o tradutor produz a partir dele. O texto-fonte será tipicamente um texto
original escrito na língua-fonte; no entanto, no caso da tradução indireta 1, ele pode ser uma tradução de outro texto em
outra língua. É claro que o texto-fonte não é simplesmente uma entidade linguística, pois entra em redes de relações de
natureza não apenas linguística, mas também textual e cultural. Além disso, a informação que transmite aos seus
destinatários será implícita e explícita (SHUTTLEWORTH, 1997, p.158).
2
De acordo com Cristófaro-Silva, “os articuladores ativos têm a propriedade de movimentar-se [em direção ao
articulador passivo] modificando a configuração do trato vocal” (1999, p. 29). Sendo assim, na produção dos sons [p] e
[b], o articulador ativo é o lábio inferior e o articulador passivo é o lábio superior. Temos, portanto, oclusivas chamadas
de bilabiais. Na produção dos sons [t] e [d], o articulador ativo é o ápice ou a lâmina da língua e o articulador passivo
são os alvéolos. Temos, portanto, oclusivas alveolares. Finalmente, para os sons [k] e [g], o articulador ativo é a parte
posterior da língua e o articulador passivo é o palato mole. Temos, assim, oclusivas chamadas de velares.

17
Esta tese apresenta o produto da realização de um projeto-sonho: a minha tradução para o
português do Brasil de ACIP. O texto, que é fruto da tradução mencionada, é seguido por reflexões
a respeito do processo tradutório, dando destaque a dificuldades, incertezas e dúvidas encontradas
no momento de tomadas de decisão no contexto do referido processo, apresentando propostas de
solução adequadas e equilibradas, de forma que o leitor possa ter acesso a um texto fluente e livre
de ambiguidades ou embaraços que tornem a leitura enfadonha ou desinteressante. É importante
mencionar que o presente trabalho toma a teoria funcionalista de Nord (1997) como referência
teórica e, ainda, que tem caráter inédito no Brasil: trata-se da tradução comentada de um texto
técnico-científico ainda não traduzido no país, o que, de certa forma, está de acordo com o rigor do
caráter científico que exige o ineditismo em teses de doutoramento.
No âmbito dos Estudos da Tradução, os trabalhos a respeito de Tradução Comentada ou
Anotada (WILLIAMS e CHESTERMAN, 2014, p.7) envolvem, em sua grande maioria, textos
trabalhados em teses e dissertações que pertencem ao gênero literário e/ou sagrado. Pouco ou quase
nada tem sido feito no campo técnico-científico. Esta pesquisa propõe justamente a tradução
comentada de um texto técnico-científico, qual seja, o livro de Ladefoged, ACIP. Trata-se, portanto
de uma pesquisa que se ocupa de uma categoria de texto ainda pouco explorada.
Esta tradução comentada do “ACIP”, de Ladefoged, leva em consideração que todas as
edições anteriores disponíveis no mercado foram escritas em inglês. Assim, o público-alvo deste
trabalho inclui leitores monolíngues ou com pouca proficiência em leitura na língua inglesa. Esta
pesquisa se iniciou com a escolha de uma obra consagrada pelas décadas de menções a ela. Devo
esclarecer, entretanto, que esta tradução se limitará ao plano segmental (objeto de estudo da fonética
articulatória), levando-se em consideração que esta categoria fonética é tradicionalmente estudada
por alunos de graduação em Letras, portanto alunos em formação, público-alvo da tradução aqui
proposta. Em outras palavras, o estudo da fonética acústica e das unidades que se referem a sílabas,
além dos elementos suprassegmentais (a entoação, a duração, os acentos e os tons são elementos
suprassegmentais) e fonética linguística serão suprimidos, já que a inclusão dessas categorias que
extrapolam o nível segmental não contemplaria uma das implicações dessa tese, qual seja a de
atender à necessidade mais imediata dos estudantes, já que, tradicionalmente, os estudos da fonética
acústica e dos elementos suprassegmentais são trabalhados em cursos de pós-graduação. A respeito
dos suprassegmentos, esclarece Ladefoged:

18
As vogais e as consoantes podem ser entendidas como os segmentos dos quais a
fala é composta. Juntas, elas formam as sílabas que compõem enunciados.
Sobrepostos às sílabas estão outros traços conhecidos como suprassegmentos.
Estes incluem variações no acento e no pitch. As variações no comprimento
também são geralmente consideradas como traços suprassegmentais, embora
possam afetar alguns segmentos, afetam também sílabas inteiras3 (LADEFOGED,
2014, p. 24, tradução4 e grifo nossos).

Cabe esclarecer que os professores dos cursos de graduação em Letras preferem o sistema
tradicional de ensinar apenas fonética articulatória, especialmente na parte introdutória dos cursos,
o que tem sido uma realidade na faculdade onde atuo: eles percebem que é possível fazê-lo
simplesmente ignorando as seções de acústica dos manuais. As unidades que não serão
contempladas nesta tese poderão fazer parte de futuros estudos. Priorizo sete dos onze capítulos que
o autor publicou, de modo que todos os capítulos relacionados ao plano segmental sejam
contemplados.
Ao disponibilizar a leitura em língua portuguesa de um clássico da fonética, a presente tese
também visa à uniformização terminológica, de forma a tentar direcionar futuras traduções na área
da fonética para a adoção dos termos mais utilizados em português. Para isso, o presente trabalho
incluirá um glossário de termos fonéticos cujas entradas serão organizadas por ordem alfabética e
as definições serão seguidas, na medida do possível, por exemplos de fenômenos fonéticos das
línguas inglesa e portuguesa.
É necessário esclarecer que problemas de tradução em um texto técnico-científico são
comuns, mas devem ser evitados para que o produto final não seja prejudicado. É importante que se
faça uma revisão cuidadosa, com leitura minuciosa por parte do tradutor antes de sua publicação.
Para Garcia (1992), esses problemas normalmente se situam em três categorias gerais: lexical
(tradução de palavras isoladas, falsos cognatos, palavras compostas e de expressões), gramatical
(artigos, preposições, tempos verbais, estrutura de sintagmas nominais, estrutura frasal e pontuação)
e estilística (problemas que se relacionam com a atitude do tradutor, requerem profundo

3
A tradução das citações é de responsabilidade do autor desta tese.
4
No original*: (*idem para todos os trechos em língua estrangeira ilustrados em nota de rodapé) “Vowels and
consonants can be thought of as the segments of which speech is composed. Together they form the syllables that make
up utterances. Super-imposed on the syllables are other features known as suprasegmentals. These include variations in
stress and pitch. Variations in length are also usually considered to be suprasegmental features, although they can affect
single segments as well as whole syllables”.

19
conhecimento da língua-fonte e dependem, acima de tudo, de sensibilidade para fatores psico e
sociolinguísticos.). Ainda segundo Garcia (ibid.), os problemas relacionados ao léxico abrangem a
maior parte das dificuldades de um tradutor. Dentro dessa categoria, há que se redobrar a atenção.
Baker (2011, p. 10) nos alerta para a nossa compreensão da unidade “palavra” que tendemos
a assumi-la como elemento básico dotado de significado, no entanto o significado pode ocorrer em
unidades menores do que palavras ou, mais comumente em unidades linguísticas muito mais
complexas do que palavras isoladas.

Ao considerarmos, por exemplo palavras do tipo rebuild, pode-se perceber que se trata de
dois elementos distintos de significado, -re e build cuja ideia é: construir novamente. O mesmo se
aplica à immortality que consegue congregar quatro morfemas para fornecer uma ideia onde i- (não)
(prefixo de negação) +mort(e) (raís da palavra) +al (marca de adjetivo) como em global, dental ou
natural + dade (morfema marcador de substantivo). Elementos de significado representados por
várias palavras ortográficas em um idioma, como o inglês, podem ser representados por uma palavra
ortográfica em outro e vice-versa. Por exemplo, tennis player é escrito na forma de uma palavra em
turco: tenisçi; we love pode ser enunciado com apenas uma palavra em português (amamos); e a
palavra inglesa pet é traduzida por três palavras em português: animal de estimação. Estas
ocorrências sugerem que não há correspondências de um-para-um entre palavras ortográficas e
elementos de significado dentro de um mesmo idioma ou em idiomas diferentes. (BAKER, 2011, p.
10). Devido a isso, redobro minha atenção nos momentos das escolhas tradutórias para que não haja
discrepâncias no produto principal desta pesquisa.

1 Tese e objetivo geral

Com base em minhas leituras na área da fonética e fonologia ao longo de meu percurso
acadêmico, na condição de estudante e em meus longos anos na docência, observei que não há
consenso no uso de alguns termos fonéticos nos trabalhos de autores brasileiros, mais
especificamente de termos que descrevem os principais articuladores da fala e alguns processos que
os envolvem. Na tradição terminológica dos estudos fonético-fonológicos no Brasil verifica-se que
alguns termos mais frequentes são apresentados de diferentes formas, como por exemplo, “soft
palate”, que é traduzido no português do Brasil das seguintes formas: véu palatino; véu do palato,

20
palato macio ou palato mole, (como referentes à porção mais posterior da região palatal). Nesse
sentido, a tese do presente estudo é que duas variáveis principais podem ter contribuído de forma
mais assertiva para a falta de consistência terminológica, a saber, tempo e frequência de uso.

Assim, o objetivo geral desta pesquisa é fazer uma tradução comentada de um texto técnico
e científico com vistas a tentar normatizar aspectos da consistência terminológica, sobretudo, dos
termos fonéticos referentes aos principais articuladores da fala com base na frequência de uso dos
autores brasileiros.

Todas as sete edições do ACIP são escritas em inglês, e seu público alvo inclui leitores que,
ou não leem em inglês, ou têm pouca proficiência leitora na língua inglesa. Pretendo, portanto, 1)
traduzir este texto técnico e científico; 2) comentar minhas eventuais opções de tradução com foco
na terminologia; 3) discutir as dificuldades encontradas ao longo do processo tradutório; 4)
disponibilizar um glossário terminográfico de termos fonéticos; e 5) formular uma base lexical como
proposta de uniformização terminológica que servirá de apoio didático para os estudos de tradutores
desta subárea da linguística, com base na teoria funcionalista de Nord (1997).

1.1 As perguntas de pesquisa

O presente estudo é orientado pelas seguintes perguntas de pesquisa:

 quais são os termos mais frequentemente utilizados por autores e tradutores brasileiros em
fonética articulatória? De que maneira os termos mais frequentemente utilizados nesse
âmbito foram traduzidos sob uma perspectiva do eixo temporal? Atualmente, quais são os
termos mais utilizados?
 De que forma se pode uniformizar o uso desses termos em traduções futuras?
 Em termos de estratégias e modalidades de tradução, que dificuldades predominaram na
tradução comentada?

Estas perguntas de pesquisa têm um caráter descritivo, pois tentam mostrar o que acontece
na prática terminológica com vistas a entender e, também, oferecer hipóteses explanatórias que
ajudem a melhor compreender o fenômeno tradutório aqui apresentado.

21
1.2 Panorama metodológico

Nesta seção, apresento uma breve revisão teórica, centrada no que realmente considero
importante para os objetivos e focalizando o público-alvo dessa tese: os estudantes do ensino de
graduação em Letras-inglês. Em um primeiro momento, decidiu-se fazer um levantamento de
referências que deram apoio teórico a pesquisas acadêmicas selecionando 27 dissertações de
mestrado e 27 teses de doutorado cujos temas pertençam à subárea de fonética e fonologia, sendo
duas amostras de cada unidade federativa do Brasil (uma dissertação e uma tese por estado),
objetivando selecionar os linguistas/autores mais citados na área para, a partir de seus trabalhos,
fazer uma lista das opções terminológicas mais utilizadas. A seguir, com base no eixo temporal e na
preferência de autores brasileiros, pretende-se encontrar resposta para a pergunta: por quais motivos
determinadas terminologias são adotadas em detrimento de outras (já que elas concorrem entre si)?

A pesquisa situa-se no campo da Tradução Comentada e um de seus objetivos é comentar a


categoria de análise, qual seja a Terminologia, e nos comentários e glossário, eventuais usos de
fraseologias (sintagmas), a fim de formular uma base lexical como proposta de uniformização
terminológica, discutindo a escolha de um termo em relação a outros, por exemplo "surdo" em
detrimento de “desvozeado” com base nas opções cristalizadas por autores brasileiros.

1.3 Justificativa e relevância da pesquisa

Nos últimos trinta e cinco anos, a área dos Estudos da tradução tem tido um forte
desenvolvimento de teorias, aprimorando conceitos e métodos de pesquisa próprios, o que tem
promovido a parceria com outras áreas afins, possibilitando a criação de interfaces de pesquisas. A
parceria que este trabalho propõe, além de oferecer novas perspectivas de estudo, reforça o caráter
interdisciplinar dos estudos da tradução e, sobretudo, buscando solidificar seu próprio escopo: a
interface tradução-fonética.

Meu interesse pelos estudos dessa produtiva área da linguística surgiu a partir de um primeiro
contato com a disciplina "Fonética e Fonologia do Inglês", no quinto semestre de meus estudos de

22
graduação em Letras–Inglês na Universidade Federal do Pará. Já atuava como professor de Inglês
em cursos livres da capital paraense e, por conhecer de forma bastante razoável uma língua
estrangeira (inglês), notei que havia uma demanda reprimida e crescente pelo serviço de tradução.
Comecei, então, a traduzir meus primeiros trabalhos. Quer fossem remuneradas ou não, essas
traduções eram ainda focadas, à época, no procedimento de tradução literal, com uma obediência
importante ao texto-fonte, já que a tradução das ideias, ou seja, a “domesticação”, (pedindo
permissão para me utilizar de um termo de um dos principais teóricos contemporâneos dos Estudos
da Tradução, Lawrence Venuti), parecia-me um tanto intrusiva. Nas horas vagas, eu atuava em
pequenas tarefas, como traduções de cartas para pessoas que tinham necessidade de se comunicar
com estrangeiros anglófonos, traduções de abstracts e de letras de músicas, e, além disso, em
práticas tradutórias em aulas de Inglês Instrumental, em que a pronúncia, por solicitação dos
discentes, era trabalhada. A fonética e a tradução, portanto, sempre desempenharam um papel
importante e caminharam de mãos dadas em meu percurso acadêmico.

Minha dissertação de mestrado, por exemplo, foi uma pesquisa sobre substituição na
pronúncia de dois fonemas potencialmente produtivos da língua inglesa: substituição na pronúncia
das fricativas interdentais /θ/ e /ð/ realizadas por falantes do português brasileiro (Pinto A.S.C,
2013). Dois anos mais tarde, o doutorado oferecido em uma área pela qual eu já tinha algum
interesse, mesmo que empírico, deu-me a oportunidade de associar um flerte antigo com a tradução
aos estudos de fonética. Na condição de tradutor em formação, alegro-me por estabelecer um
casamento entre duas áreas que são aparentemente distintas, mas que, a rigor, se revelam promotoras
do que se tornou um grande desafio, isto é, produzir um texto que poderá ser útil para os praticantes
dos estudos da fonética, fonologia e da tradução.
Assim, esta pesquisa justifica-se também pela importância que o estudo da fonética pode ter
na aquisição da segunda língua, de maneira direta, pela demanda de graduandos não proficientes em
inglês, que carecem de um livro-referência dos estudos teóricos na área, traduzido para o português.
Defendo a necessidade de uma versão traduzida para o português brasileiro do livro em questão
justamente por considerar que se trata de um campo de estudos cuja linguagem é tradicionalmente
técnico-científica, mas Ladefoged, o autor do ACIP, utiliza uma linguagem fluente, “student
friendly”, como ele mesmo a intitulou, isto é, de fácil leitura, embora permaneça sendo um texto
rico em informação técnica e científica.

23
O que se busca com esse material é oferecer ao leitor lusófono uma opção a mais de tradução
especializada, que o esclareça sobre os principais aspectos envolvidos na aquisição de
conhecimentos fonéticos e apresentando-lhes meios e estratégias para o aprimoramento de seu
eventual fazer tradutório de um texto técnico e científico. Pretendo que o resultado deste trabalho
seja útil e proveitoso, sobretudo para os estudantes de graduação dos cursos de licenciatura em língua
inglesa e vernácula, mas também para os alunos do Programa de Estudos da Tradução interessados
no tema em questão.

1.4 Organização da tese

Esta tese está dividida em cinco capítulos, a saber: Introdução, Aparato teórico, Método,
Comentários à tradução com foco na terminologia, finalizando, com um capítulo dedicado à
Fonética Articulatória e um glossário terminográfico específico sobre fonética articulatória.
Na Introdução, apresento o contexto de investigação, a tese e objetivo geral, as perguntas de
pesquisa, o panorama metodológico, a justificativa, a relevância da pesquisa e a organização da tese.
As perguntas de pesquisa serão respondidas na conclusão, depois da análise.
No capítulo 2, discuto o aparato teórico, o Funcionalismo, a Teoria de Skopos e a noção de
ação translacional e equivalência, um panorama da linguística sistêmico-funcional, a tradução
comentada (de um texto técnico e científico), a teoria da invisibilidade do tradutor; o
desenvolvimento das "instruções de tradução”, o translation brief; o brief desta tese, a tradução
técnica versus tradução científica e, finalmente, a abordagem prospectiva e retrospectiva no ato
tradutório.
Dou início ao capítulo 3 com a seção que trata do método da pesquisa, o panorama sobre o
autor e obra; descrevo com detalhes o objeto de estudo, o contexto da pesquisa, os procedimentos
metodológicos da tradução comentada, as categorias de análise a serem comentadas e a revisão e
autorrevisão.
No capítulo 4 são apresentados os comentários à tradução.
Do quinto e último capítulo fazem parte uma seção sobre a fonética articulatória e um
glossário terminográfico específico que poderá, eventualmente, servir de referência para futuras
traduções no que concerne à uniformização terminológica, seguido das conclusões e referências

24
Durante o processo tradutório sempre podem surgir dúvidas, questionamentos e indecisões
na busca por equivalência de termos e/ou ideias e fraseologias; para que esses eventos não
permaneçam sem respostas, será realizada uma análise mais detalhada e criteriosa com base na busca
de dados e termos já utilizados por teóricos da fonética e fonologia do português, com o objetivo de
fundamentar e definir as escolhas a serem estabelecidas na tradução final. A seguir, pretendo
apresentar os desafios apresentados pela tradução do texto ACIP, questionamentos, reflexões e
soluções, na perspectiva de contribuir para futuros trabalhos que contemplem a interface
Fonética/Fonologia e Estudos da Tradução.
Por fim, apresento as conclusões do estudo, onde tentarei dar respostas às perguntas de
pesquisa, realizarei um levantamento das limitações e implicações do estudo, discutindo algumas
conclusões surgidas durante a experiência de traduzir o ACIP. O apêndice será composto pela
tradução das sete primeiras unidades do livro, as que lidam apenas com o segmento. Após as
conclusões, o trabalho se encerra com as referências, apêndice e anexos.

25
2 APARATO TEÓRICO

2.1 O Funcionalismo

Este estudo tem como pressuposto teórico as ideias preconizadas pelo funcionalismo,
descrever as principais características desta corrente teórica, cujos principais representantes são
Katharina Reiss e seu trabalho intitulado functionalist translation criticismo, Hans J. Vermeer e sua
teoria de skopos Skopostheorie e suas extensões, a teoria da ação translacional de Justa Holz-
Mänttäri theory of translational action, e porúltimo, mas não menos importante Christiane Nord,
professora de tradução e tradutora juramentada, que combina a prática com um extenso trabalho
acadêmico, mundialmente reconhecido, em teoria e metodologia da tradução, didática da tradução,
estilística comparativa e análise do discurso Espanhol-Alemão .

Segundo Nord (1997), o Funcionalismo é um termo amplo para várias teorias que abordam
a tradução dessa maneira, embora a teoria de skopos “Skopostheorie” tenha desempenhado um papel
importante no desenvolvimento do funcionalismo; vários estudiosos apostaram no funcionalismo e
se inspiram na teoria de skopos sem se chamarem de "skopistas". O funcionalismo é considerado,
portanto, como uma abordagem ampla, tentando distinguir suas partes sempre que possível e
necessário (NORD, 2018, p. 1).

No prefácio do livro Translation Theories Explored, Nord (1997) Georges Bastin apresenta
o funcionalismo com o seguinte argumento:

“Os primeiros anos dos estudos de tradução foram caracterizados por uma abordagem
linguística de transferência interlingual usando equivalência no critério, a década de 1970
trouxe a análise do discurso e a consideração dos tipos de texto. Tudo isso abriu o caminho
para o surgimento do funcionalismo5”. (BASTIN in:NORD, 1997)

5
If the early years of translation studies were marked by a linguistic approach of interlingual transfer using
equivalence as the yardstick, the 1970s brought about discourse analysis, the consideration of text types, and

26
Definindo-se como uma “hardcore functionalist” (funcionalista radical), Nord publicou seu
primeiro livro em alemão em 1988, traduzindo-o depois para o inglês em 1991 sob o título Text
Analysis in Translation, versão citada no presente estudo. É importante registrar que Nord teve como
referência, ao aprofundar seus estudos sobre o Funcionalismo, as ideias precursoras de Reiss e
depois Vermeer.

Pretendo aqui fazer um compêndio histórico das diferentes correntes funcionalistas


existentes, sem a intenção de apresentar longas reflexões. Assim, decidi disponibilizar, de forma
breve, os conceitos do termo função, especialmente no que diz respeito aos Estudos da Tradução.
Deve-se, contudo, conceituar o funcionalismo de maneira cuidadosa, pois existem muitas
significações atribuídas ao termo função que são associadas a diferentes áreas do conhecimento,
como na antropologia, etnografia, sociologia, matemática, entre outras. Por exemplo, para os estudos
da matemática, a função é uma regra que relaciona elementos de conjuntos. A arquitetura se refere
à ideia de “funcional” como a utilidade de um objeto ou móvel no aproveitamento inteligente dos
espaços em um projeto arquitetônico. Para a linguística, a “função” relaciona-se a uma compreensão
sociocultural da língua (por exemplo, função semântica). Weininger (2000) consegue delinear um
breve esclarecimento sobre a concepção do termo ao dizer que “teorias funcionalistas partem da
prioridade da função comunicativa que determinadas estruturas linguísticas exercem para servir à
intenção pragmática do usuário da língua e da análise de estruturas que contribuem para esta função”
(p. 35, grifos nossos). Como é possível verificar, há diferentes critérios e diferentes níveis de
argumentação nas várias classificações oferecidas em diferentes áreas do conhecimento no que
concerne ao termo “função”. Por isso, buscarei definir neste estudo o que for relacionado ao
Funcionalismo de acordo com a concepção das funções da linguagem que servem de parâmetro para
o trabalho de Christiane Nord (1997).
Considerando a evolução dos estudos linguísticos, o Funcionalismo teve seu início na década
de 1970 e atingiu seu ápice nos anos 1980-90, e como todo movimento novo, opunha-se às
abordagens formalistas vigentes à época, como a gramática gerativa e a linguística estrutural, que

concern about the effect of translation on the reader. All of this paved the way for the emergence of
functionalism (Bastin in: Nord,1997).

27
tinham como foco a transparência nos seguintes itens: na forma, nos vocábulos da oração e suas
relações, nos enunciados e no sistema de sons e signos. O Funcionalismo preconizou as situações
comunicativas, como conversas telefônicas, cartas, palestras, aulas, dentre outras. Desta forma, um
dos focos principais foi compreender a “competência comunicativa” dos usuários da língua
(NEVES, 2004, p. 44).
É fundamental que reflitamos sobre as noções teóricas da escola funcionalista, destacando
seus principais representantes. Além disso, vamos examinar o propósito comunicativo da tradução
sob o ponto de vista funcionalista: a tradução deixa de ser vista como um fenômeno linguístico
estático, e passa a ser considerada um ato de comunicação intercultural.
O trabalho de Reiss na década de 1970 busca construir o conceito de equivalência. No
entanto, considera o texto, e não a palavra ou a sentença, como o nível no qual a comunicação é
alcançada e onde a equivalência deve ser buscada. Sua abordagem funcional busca inicialmente
sistematizar a avaliação de traduções. Ela toma emprestada a categorização trilateral de Karl Biihler
das funções da linguagem.
Neves (2004) acrescenta que as funções da linguagem postuladas por Biihler estão
hierarquicamente organizadas nos enunciados, quais sejam: a função representativa, a de
exteriorização psíquica e a de apelo, havendo, assim, três elementos que protagonizam o evento
comunicativo: o falante (emissor), o “algo dito” (aquilo que se fala a alguém) e o ouvinte (que é o
receptor e decodificador da mensagem). Nessa atividade, acham-se as três funções, que não se
excluem mutuamente; ao contrário, coexistem no mesmo evento comunicativo (NEVES, 2004, p.
27). Reiss relaciona as três funções às suas correspondentes dimensões da linguagem e aos tipos de
texto ou situações comunicativas nas quais são utilizadas. Essas relações podem ser vistas na tabela
abaixo (CHESTERMAN, 1989, p.189).

28
Quadro I- Funções da linguagem
Tipo de texto Informativo Expressivo Operativo
Função da linguagem Informativa (representando Expressiva Apelativa
objetos e fatos) (expressando a atitude do (fazendo um apelo ao
remetente) receptor do texto
Dimensão da linguagem Lógica Estética Apelativa dialógica
Foco do texto Focado no conteúdo Focado na forma Focado no apelo
Texto-alvo deveria transmitir conteúdo transmitir forma estética provocar resposta desejada
referencial
Método de tradução Prosa plana, explicitação Identificando o método Adaptativa, efeito
como requerida adotar a perspectiva do equivalente
autor do TF
Fonte: adaptada de Chesterman (1989), apud Munday (2001, p. 74).

Reiss (1977) sintetizou as principais características de cada tipo de texto da seguinte maneira:
“1. ‘Comunicação simples de fatos’: informação, conhecimento, opiniões, etc. A dimensão
da linguagem usada para transmitir a informação é lógica ou referencial, o foco principal da
comunicação é o conteúdo ou 'tópico', e o tipo de texto é informativo.
2. ‘Composição criativa’: o autor usa a dimensão estética da linguagem. O autor ou
‘remetente’ está em primeiro plano, assim como a forma da mensagem, e o tipo de texto é expressivo.
3. ‘Elicitando respostas comportamentais’: o objetivo da função apelativa é apelar ou
persuadir o leitor ou ‘receptor’ do texto a agir de determinada maneira. A forma da linguagem é
dialógica, o foco é apelativo e Reiss se refere a esse tipo de texto como operacional.
4 textos audiomediais, estes pertencem à categoria de filmes e anúncios visuais e falados que
complementam as outras três funções com imagens, música, etc” (REISS, 1977, p. 189).
Os textos audiomediais constituem o quarto tipo da classificação de Reiss, não representado
na Tabela 1.
O trabalho vanguardista de Reiss é importante porque conduziu a teoria da tradução de uma
visão simplista, de meras palavras na página ou de seus efeitos, para uma visão do propósito
comunicativo da tradução. Seu trabalho, no entanto, já recebeu várias críticas. Uma delas deve-se
ao fato de haver apenas três tipos de função da linguagem em sua abordagem. Nord, embora seja da
mesma tradição funcionalista de Reiss, demonstra aceitar essa crítica por ter sentido a necessidade
de acrescentar uma quarta função (função fática), que abrange a linguagem que estabelece contato

29
entre as partes envolvidas na comunicação (NORD, 1997, p. 40). Um exemplo simples seria uma
saudação como “Senhoras e senhores”, que é usada para sinalizar o início de um discurso formal.
Há questionamentos e dúvidas sobre como os métodos de tradução propostos por Reiss
devem ser aplicados a textos específicos. Textos comerciais e financeiros em inglês, por exemplo,
contêm um grande número de metáforas simples e complexas, algumas delas podem ter uma
tradução fixa e razoavelmente correspondente em outras línguas, outras mais complexas, não. Da
mesma forma, a tradução de textos de negócios para o inglês exige mais do que apenas atenção ao
valor informativo do texto-fonte, pois esse método poderia criar um texto-alvo em inglês que carece
da função expressiva da linguagem (MUNDAY, 2001) p. 76)
Munday (2001) relata que no exemplo citado podemos perceber que há uma crítica
importante envolvendo a teoria de Reiss: os tipos de texto podem ser de fato diferenciados? Afinal,
um relatório de negócios, classificado por Reiss como um texto informativo, também pode mostrar
um lado expressivo. Esse mesmo tipo de texto também pode ter várias funções na cultura de origem,
como a de texto informativo, para os diretores de uma empresa, e a de ser um texto operacional, para
persuadir os acionistas dessa mesma empresa. Um anúncio, embora normalmente apelativo, pode
ter uma função artística, expressiva ou informativa. A coexistência de funções dentro do mesmo
texto-fonte e o uso desse mesmo texto-fonte para uma variedade de propósitos são evidência da
imprecisão que se encaixa desconfortavelmente nas claras divisões de Reiss. Embora haja uma
função que predomine, vários tipos de linguagem podem estar presentes num mesmo texto. Pode-se
concluir que o método de tradução empregado depende não somente do tipo de texto, mas também
do próprio papel e propósito do tradutor, além das pressões socioculturais, que afetam o tipo de
estratégia da tradução adotada (MUNDAY, 2001, p. 76).
Em The Translation Studies Reader, editado por Venuti (2012), Reiss aborda a distinção
entre mudanças “intencionais” e “não-intencionais” que afetam a tradução. As mudanças não
intencionais podem surgir das diferentes estruturas das línguas assim como das diferenças na
competência de tradução. As mudanças intencionais frequentemente ocorrem na tradução se as
metas da tradução forem diferentes daquelas do texto original.
Para Reiss (2004) o uso de duas línguas naturais, assim como a aplicação da mediação do
tradutor, necessariamente e naturalmente resulta em uma mudança de mensagem durante o processo
comunicativo (REISS, 2004, p. 160).

30
Passemos agora a uma breve reflexão sobre o Funcionalismo na perspectiva de Vermeer.
Como o título do livro Towards a General Theory of Translational Action (Skopos Theory
Explained) (Reiss e Vermeer, 2014) sugere, os autores visam uma teoria geral da tradução para todos
os textos. No prefácio à tradução da obra de Reiss e Vermeer (2014), Nord afirma que a primeira
parte do livro apresenta uma explicação detalhada dos fundamentos e princípios básicos da teoria de
skopos como uma teoria geral de tradução e interpretação. A segunda parte, escrita por Reiss, busca
integrar sua abordagem tipológica-textual, apresentada pela primeira vez em 1971, como uma
“teoria específica” dentro da estrutura geral da teoria do skopos.
A teoria de Skopos parecia ser um modelo ideal e, embora houvesse uma consciência de que
deveria haver uma relação entre os textos-fonte e alvo, o que realmente prevalecia era o propósito
da tradução para o qual os procedimentos se ajustavam. A Teoria de Skopos (Skopostheorie), nasceu
e cresceu em solo fértil pois explica diferentes estratégias em diferentes situações de tradução, nas
quais os textos-fonte não são o único fator envolvido. A Skopostheorie parecia ser exatamente o
modelo translacional necessário. Tratava-se de um modelo que era, ao mesmo tempo, pragmático,
orientado para a cultura, consistente, prático, normativo, compreensivel e especialista, como
argumenta Nord (1997).

A Skopostheorie alega ser um modelo geral ou universal de tradução e embora


Vermeer permita uma relação de “coerência intertextual” ou fidelidade entre os
textos fonte e alvo, a demanda por fidelidade é subordinada à regra de Skopos. A
ideia principal da Skoposorie poderia ser parafraseada como “o propósito da
tradução justifica os procedimentos de tradução”. Com justiça, isso parece aceitável
sempre que o propósito da tradução estiver de acordo com as intenções
comunicativas do autor original. Mas o que acontece se o resumo da tradução exigir
uma tradução cujos objetivos comunicativos sejam contrários ou incompatíveis
com a opinião ou intenção do autor? Neste caso, a regra de Skopos poderia ser
facilmente interpretada como “o fim justifica os meios”, e não haveria nenhuma
restrição à gama de possíveis fins6 (NORD, 1997, p. 124).

6
“Skopostheorie claims to be a general or universal model of translation (see the title of Reiss and Vermeer 1984).
Although Vermeer allows for a relationship of ‘intertextual coherence’ or fidelity to hold between the source and target
texts, the demand for fidelity is subordinate to the Skopos rule. As we have seen, the main idea of Skopostheorie could
be paraphrased as ‘the translation purpose justifies the translation procedures. Now, this seems acceptable whenever the
translation purpose is in line with the communicative intentions of the original author. But what happens if the translation
brief requires a translation whose communicative aims are contrary to or incompatible with the author’s opinion or
intention? In this case, the Skopos rule could easily be interpreted as ‘the end justifies the means’, and there would be
no restrictio n to the range of possible ends” (NORD, 1997, p. 124).

31
Havia a necessidade de se preencher a lacuna entre teoria e prática e com esse propósito
Vermeer especializou-se em linguística geral e, depois, em Estudos da Tradução, onde foi treinado
como intérprete por Katharina Reiss. Sua posição contrária aos pressupostos da tradução linguística
desenvolveu-se a partir do trabalho publicado em 1976 e tornou-se muito clara em seu “Framework
for a General Translation Theory”, de 1978. Vermeer assim afirma sua posição geral:

A linguística por si só não nos ajuda. Primeiro, porque a tradução não é meramente
e nem mesmo primariamente um processo linguístico. Em segundo lugar, porque a
linguística ainda não formulou as perguntas certas para enfrentar nossos problemas.
Então vamos procurar outro lugar7. (NORD, 1997, p. 10).

Vermeer considera a tradução e a interpretação como um tipo de transferência em que sinais


comunicativos verbais e não verbais são transferidos de uma língua para outra (outros tipos incluem
a transferência de imagens para música ou de uma planta para um edifício). “A tradução é, portanto,
também um tipo de ação humana” Nord, (1997). Vermeer define a ação humana como um
comportamento intencional que ocorre em uma dada situação; faz parte da situação ao mesmo tempo
em que a modifica. Além disso, como as situações são incorporadas nas culturas, qualquer avaliação
de uma situação particular de seus elementos verbalizados e não verbalizados depende do status que
ela tem em um determinado sistema de cultura (NORD, 1997, p. 11). Isso fica claro em uma
ilustração dada pelo próprio Vermeer:

Suponhamos que fôssemos observar um índio ao acordar de manhã. Nós o vemos


sair da cama, tomar um banho, escovar seus dentes e enxaguar a boca, vestir roupas
limpas, rezar, tomar uma xícara de chá e assim por diante. Se pedíssemos a ele que
descrevesse seu comportamento, ele mencionaria seu banho (que ele chamaria de
“bath”, se ele falasse inglês) e talvez esquecesse o chá. Suponha agora que também
observássemos um alemão durante o ritual matinal. Veríamos muito do mesmo
procedimento, embora com certas diferenças no modo como ele tomaria banho e
vestiria suas roupas; ele também tomaria seu café da manhã (e talvez escovasse os
dentes depois). Questionado sobre seu comportamento, ele certamente não
esqueceria de mencionar seu “café e pão com manteiga” e certamente esqueceria
de escovar os dentes. As descrições dos dois indivíduos de duas culturas diferentes
difeririam em maior ou menor extensão, mas seriam culturalmente equivalentes,

7
“Linguistics alone won’t help us. First, because translating is not merely and not even primarily a linguistic process.
Secondly, because linguistics has not yet formulated the right questions to tackle our problems. So let’s look somewhere
else”.

32
sendo ambos consideradas atos comportamentais naturais com a mesma “função”
em suas respectivas configurações específicas de cultura8 (NORD, 1997, p.11).

Considerando essa linha de raciocínio, a tradução não pode ser considerada uma mera
transferência um-pra-um entre línguas. Tendo em vista que a tradução faz parte de uma estrutura
teórica tão abrangente da comunicação humana, “uma teoria da tradução não pode se basear apenas
numa teoria linguística, por mais complexa que seja”. Faz-se necessária uma teoria da cultura que
explique a idiossincrasia das situações comunicativas e a relação entre elementos situacionais
verbalizados e não verbalizados. Para Vermeer, a tradução é uma forma de ação translacional com
base em um texto-fonte e que pode consistir em elementos verbais e/ou não verbais (ilustrações,
planos, tabelas, etc.) (NORD, 1997, p. 11).
Esse cenário geral é explicado como segue: qualquer forma de ação translacional, incluindo,
por consequência, a própria tradução, pode ser concebida como uma ação, como o próprio nome
sugere.

Qualquer ação tem um objetivo, um propósito. […]. Pode-se concluir que a palavra
skopos, é, então, um termo técnico para o objetivo ou propósito de uma tradução.
[...] Além disso: uma ação leva a um resultado, uma nova situação ou evento e
possivelmente a um ‘novo’ objeto (VERMEER, 1989, apud Nord, 1997, p. 12).

Vermeer chama sua teoria de Skopostheorie, por considerá-la uma teoria da ação intencional.
A teoria afirma que um dos fatores mais importantes para o propósito de uma tradução é o
destinatário (addressee), que é o receptor pretendido ou a audiência do texto-alvo, com seu
conhecimento de mundo, da cultura específica, suas expectativas e suas necessidades comunicativas.
Toda tradução tem como foco um público-alvo, pois, para o autor, traduzir significa “produzir um

8
“Suppose we were to observe an Indian getting up in the morning. We see him get out of bed, take a shower, brush his
teeth and cleanse his mouth, put on clean clothes, pray, take a cup of tea and so on. If we asked him to describe his
behaviour he would mention his shower (which he’d call a ‘bath’, if he speaks English) and perhaps fo rget about the
tea. Suppose now, we would also observe a German during his morning ritual. We would see much the same procedure,
although with certain differences in the way he would take his shower and put on his clothes; he, too, would have his
breakfast (and perhaps brush his teeth afterwards). Asked about his behaviour he would certainly not forget to mention
his ‘buttered bread and coffee’ and just as cer- tainly would forget about his brushing his teeth. The descriptions of the
two individuals from two different cultures would differ to a greater or lesser extent, but they would be culturally
equivalent, both being considered natural behavioural acts with the same ‘function’ in their respective culture specific
settings”.

33
texto em uma configuração-alvo para um propósito-alvo a destinatários-alvo em circunstâncias-
alvo” (VERMEER, 1987, apud Nord, 1997, p. 12).
É importante perceber que a frase de Vermeer, citada anteriormente, não faz referência ao
texto-fonte. O status da fonte é menos relevante na Skopostheorie comparado ao das teorias com
base em equivalência. Apenas para efeito de comparação, Reiss considera que o texto-fonte é “a
medida de todas as coisas na tradução” (REISS, 1988, p.70, apud Nord, 1997, p. 12). No entanto,
para Vermeer o texto-fonte é apenas uma “oferta de informação” que é parcial ou totalmente
transformada em uma “oferta de informação” para o público-alvo (NORD, 1997, p. 12).
Seguem-se as “regras” básicas subjacentes à teoria.
“1- um translatum (ou texto-alvo) é determinado por seu skopos.
2 - um texto-alvo é uma oferta de informações (Informutionsungebot) em uma cultura alvo
e língua-alvo referente a uma oferta de informações em uma cultura de origem e língua-fonte.
3 - um texto-alvo não inicia uma oferta de informação de maneira claramente reversível.
4 - um texto-alvo deve ser internamente coerente.
5 - um texto-alvo deve ser coerente com o texto-fonte.
6 - as cinco regras acima estão em ordem hierárquica, com a regra do skopos predominando”
(REISS e VERMEER, 2014, p. 119).
Conforme Vermeer (1978), qualquer forma de ação translacional, incluindo a própria
tradução, pode ser concebida como uma ação. Qualquer ação tem um objetivo, um propósito. A
palavra skopos é um termo técnico para o objetivo ou propósito de uma tradução (discutido com
mais detalhes em 2.4). Além disso, uma ação leva a um resultado, uma nova situação ou evento e,
possivelmente, a um “novo” objeto. A ação translacional leva a um “texto-alvo” que pode ser verbal
ou não verbal; a tradução leva a um translatum (ou seja, o texto traduzido, o produto), como uma
variedade particular de texto-alvo. O objetivo de qualquer ação translacional e o modo pelo qual ela
será realizada são negociados com o cliente que encomenda a ação. Quanto mais precisa for a
especificação do objetivo e do modo, melhor e mais fácil será o trabalho do tradutor (VERMEER
1978, in VENUTI, 2012, p.191).
A teoria de skopos não foi unanimidade entre os estudiosos dos Estudos da Tradução. Nord
(1997) discute algumas das críticas feitas à teoria do skopos por outros estudiosos. Dentre elas
destacam-se as seguintes:

34
1. O que pretende ser uma teoria “geral” é, na verdade, válido apenas para textos não
literários. Isto se explica devido ao fato de os textos literários serem rotulados de duas maneiras: ou
por não terem propósito específico e/ou por serem muito mais complexos estilisticamente.
2. A abordagem do tipo de texto de Reiss e a teoria de Skopos de Vermeer, de fato,
consideram diferentes fenômenos funcionais e exatamente por essa razão não podem ser atrelados à
mesma categoria.
3. A teoria de skopos não dá atenção suficiente a características linguísticas do texto-fonte
nem à reprodução de traços de micronível no texto-alvo. Ainda que o skopos seja cumprido, pode
ser inadequado nos níveis estilísticos ou semânticos de segmentos individuais.
Uma outra crítica possível é que a consideração de questões e diferenças culturais deve ser
essencial ao decidir como o skopos pode ser alcançado (MUNDAY, 2001).
Para responder ao primeiro ponto acima citado, Vermeer (1989) enfatiza que objetivos,
propósitos, funções e intenções são “atribuídos a ações”. Assim, o autor de um poema pode ter como
objetivo seu produto (poema) publicado e registrado, de modo a obter lucro com sua reprodução.
Mas o escritor também pode ter a intenção de criar algo que exista apenas por si (“arte pela arte”)
(VERMEER, 1989, In: VENUTI, 2012, p. 224).
Dois pontos estão em questão na segunda crítica: até que ponto o tipo do texto-fonte
determina o método de tradução e qual é a lógica da ligação entre o tipo do texto-fonte e o skopos
da tradução. A terceira crítica em particular é abordada por outra funcionalista, Nord, com seu
modelo de análise do texto orientado para a tradução (MUNDAY, 2001).

2.2 A teoria de Skopos e a noção de ação translacional e equivalência

A Teoria de Skopos (“Skopostheorie” em alemão, proveniente do grego “skopós”, propósito,


meta) é uma abordagem à tradução proposta entre os anos de 1978 e 1984 e foi desenvolvida por
Hans J. Vermeer, com a contribuição de Katharina Reiss (REISS e VERMEER, 2014). A teoria de
Skopos enfatiza os aspectos pragmáticos e interacionais da tradução, argumentando que a forma do
texto-alvo deve ser, acima de tudo, determinada pela função ou “skopos” (propósito) que se pretende
alcançar no contexto-alvo. “O princípio fundamental que determina qualquer processo tradutório é

35
o propósito (skopos) de toda a ação translacional. Isso se encaixa com a intencionalidade, sendo
parte da própria definição de qualquer ação”. (NORD, 2018, p. 25).
Vermmer utilizou o termo skopos para definir o que chamou de ‘teoria da ação proposital’
propósito da tradução que determina os métodos e estratégias a serem empregados para se produzir
um resultado funcionalmente adequado (MUNDAY, 2001, p. 79).
A teoria de Skopos está ligada à abordagem funcionalista da tradução, mas distingue-se de
outras na medida em que abordagens funcionalistas, como as de Reiss (1971), sustentam que a
função do texto-alvo deve ser a mesma que a do texto original. A teoria de Skopos reconhece que
isso nem sempre é prático ou desejável. Munday (2001) ratifica que

A teoria de skopos focaliza, fundamentalmente, no propósito da tradução, que


determina os métodos e estratégias de tradução que serão empregados para produzir um
resultado funcionalmente adequado. Este resultado é o texto de destino, que a Vermeer chama
de translato. Portanto, na teoria skopos, saber por que um texto fonte deve ser traduzido e
qual será a função do texto alvo é crucial para o tradutor9 (MUNDAY, 2001, p. 79).

Reiss e Vermeer formularam este princípio em duas regras de skopos: “uma interação é
determinada por seu propósito”, e “pode-se dizer que o skopos varia de acordo com o destinatário”.
A partir desses princípios, entende-se que o tradutor deve usar as estratégias de tradução mais
apropriadas para alcançar o propósito para o qual o texto-alvo é pretendido, independentemente de
serem consideradas a maneira “padrão” de proceder em um contexto particular de tradução. Em
suma, ao produzir um texto-alvo, “o fim justifica os meios” (REISS e VERMEER, 2014, p. 101).
Ter consciência das exigências do skopos “expande, assim, as possibilidades de tradução,
aumenta o alcance de possíveis estratégias de tradução e libera o tradutor da prisão de uma
literalidade reforçada - e, portanto, muitas vezes sem sentido”. Isso é certamente preciso, pois uma
abordagem baseada no skopos representa um ‘destronamento’ do texto-fonte”. Essa crítica deve-se

9
kopos theory focuses above all on the purpose of the translation, which determines the translation methods
and strategies that are to be employed in order to produce a functionally adequate result. This result is the
target text, which Vermeer calls the translatum. Therefore, in skopos theory, knowing why a source text is to
be translated and what the function of the target text will be are crucial for the translatotor. (MUNDAY, 2001,
p. 79).

36
à uma afirmação de Vermeer de "destronar" o texto de origem. Mas destronar não implica assassinar
o texto-fonte; significa simplesmente que suas características linguísticas e estilísticas, não sejam
mais consideradas como o único parâmetro para uma tradução. (NORD, 1997, p. 110).
Nord identifica três diferentes componentes na teoria de skopos, quais sejam: intenção,
função e efeito.

A ‘Intenção’ é o propósito que o remetente deseja alcançar. A ‘Função’ é uma propriedade


da tradução em si e é atribuída a ela pelo destinatário. ‘Efeito’ refere-se ao que acontece
na mente ou no comportamento do destinatário ao ler a tradução. Em casos ideais, os três
componentes coincidem (1997, p. 92-93)

Entendemos que o skopos é o fator essencial que fundamenta as escolhas e decisões tomadas
durante o processo de tradução, é uma espécie de guia o qual o tradutor deve consultar sempre que
tiver dúvida nas suas decisões tradutórias. A tradução é vista por Vermeer (1982) como uma “oferta
de informação”, ou Informationsangebot, na língua-alvo, que imita uma oferta de informação na
língua-fonte10 (cf. Vermeer 1982, apud Nord, 1997).
Em vez de apresentar ao tradutor um corpo fixo de “fato” que ele ou ela deve passar adiante
para o público alvo, o texto-fonte é visto como uma oferta de informação, que o tradutor deve
interpretar selecionando as características que melhor correspondem às exigências da situação-alvo.
“Vermeer considera isso uma "oferta de informações" que é parcial ou totalmente transformada em
uma "oferta de informações" para o público-alvo” (cf. Vermeer 1982, apud Nord, 2018, p.12)
Em termos mais concretos, “o ato de traduzir de acordo com o skopos de um texto-alvo
poderia implicar literalmente um texto científico, adaptar Dom Quixote para uma edição infantil,
remover dos ditos de Buda a interminável repetição que seria inaceitável para a maioria dos leitores
modernos, ou acrescentar fórmulas de polidez extra para cartas comerciais americanas sendo
traduzidas para o alemão” (REISS e VERMEER, 2014, p. 77).

10
Vermeer regards it as an ‘offer of information’ that is partly or wholly turned into an ‘offer of information’
for the target audience (cf. Vermeer 1982, apud Nord, 1997).

37
A teoria de skopos não propõe um divórcio com o texto-fonte, pelo contrário, o texto original
é uma oferta de informação que o tradutor adapta às exigências da situação-alvo. Deve-se considerar,
no entanto, que embora a teoria de skopos tenha o texto-alvo como um foco importante na relação
entre o texto de origem e o produto final, ela não destrona a equivalência que continua tendo seu
papel de destaque nessa categoria de modelo tradutório. A teoria de Skopos afirma que “é preciso
traduzir conscientemente e consistentemente, de acordo com algum princípio que respeite o texto-
alvo. A teoria não declara qual é o princípio: isso deve ser decidido separadamente em cada caso
específico” (NORD, 1997, p. 110).
É importante mencionar que a equivalência continua sendo relevante na proposta de
Vermeer, como afirma Palumbo na argumentação a seguir.

Embora tenha sido desenvolvida como uma reação a visões de tradução centradas em
torno da equivalência entre o texto-fonte e o texto-alvo, a teoria de skopos não rejeita a
equivalência em última análise - implica uma mudança de foco tal que a equivalência
entre o texto-fonte e o texto-alvo é vista como hierarquicamente inferior ao propósito do
texto traduzido. Em outras palavras, tanto na realização como na avaliação de uma
tradução, o texto-fonte é sempre considerado à luz do propósito da tradução, e estes estão
ligados principalmente aos fatores-alvo11 (PALUMBO, 2009, p. 108).

Vermeer (1989) Indica que o cliente ou iniciador é a figura responsável pela determinação do skopos
do texto-alvo.

Ao contrário das teorias com base em equivalência, segundo as quais o texto-fonte e seu
efeito na audiência da língua-fonte ou mesmo a função a ele atribuída pelo autor
determinam a tradução, a teoria de Skopos sustenta que a função prospectiva ou skopos
do texto-alvo é determinado pelo iniciador, isto é, a pessoa que inicia o processo de
tradução, ou seja, o cliente, e o tradutor. Como tal, o skopos é determinado pelo
iniciador/cliente, a sua visão do público-alvo, juntamente com o contexto cultural e
situacional12 (VERMEER, 1989, p. 182).

11
“Although it has been developed as a reaction to views of translation centered around the notion equivalence between
the ST and the TT, skopos theory does not ultimately reject equivalence – it implies a change of focus such that
equivalence between the ST and the TT is seen as hierarchically inferior to the purpose of the translated text. In other
words, both in carrying out and in assessing a translation, the ST is always considered in light of the purpose of the
translation, and these are linked primarily with target factors”. (PALUMBO, 2009, p. 108).
12
“Unlike equivalence-based theories where the source text and its effect on the source language audience or even the
function attributed to it by the author determine the translation, Skopos theory holds that the prospective function or
Skopos of the TT as deter-mined by the initiator (the person who initiates the translation process, i.e. the client) and the
translator. As such, the Skopos is determined by the initiator / customer, their view of the target audience along with the
situational and cultural background.” (VERMEER, 1989, p. 182).

38
A teoria de Skopos foi concebida independentemente da noção claramente similar à da ação
translacional. Para introduzir a teoria de skopos, Reiss e Vermeer apresentam a relação entre ação e
objetivo (a teoria da ação) como segue:

Uma ação visa atingir um objetivo e, assim, alterar o estado atual das coisas. A motivação
para tal ação é que o objetivo pretendido é estimado como sendo de maior importância do
que o atual estado de coisas. Às vezes, uma ação é precedida por uma cadeia de
motivações: se alguém age sob compulsão, esse objetivo pode ser estimado como sendo
de menor valor do que o atual estado de coisas, mas o cumprimento pode ser menos
prejudicial do que a resistência. Uma ação é sempre precedida por expectativas
(conscientes ou inconscientes) sobre uma situação futura em comparação a como a
situação atual foi avaliada. Resumindo todos os requisitos para uma ação, estamos
pressupondo que faz sentido para um agente escolher um objetivo de todas as opções
específicas da cultura em uma situação específica13 (REISS E VERMEER, 2014, p. 85).

O conceito de ação translacional é elaborado a partir da reflexão sobre a teoria da ação.


Segundo Reiss e Vermeer, “uma teoria da ação começa com uma situação específica que é avaliada
por uma determinada pessoa de uma maneira particular” (1984, p. 85). Portanto o indivíduo, na
tentativa de justificar sua ação, avalia a situação previamente. O ponto de partida para uma teoria da
ação translacional é uma situação precedida por uma ação, isto é, o texto-fonte. Portanto, não é
importante avaliar se e como alguém age, mas se, como e em que medida a ação anterior à situação
é continuada (traduzida/interpretada). Podemos concluir que uma teoria da ação translacional é uma
teoria complexa da ação e esta ação é governada pelo seu propósito (REISS e VERMEER, 2014, p.
85). Resumindo, podemos dizer que “o skopos de uma ação tem precedência sobre o modo de ação,
ou seja, o propósito determina se, como e o que é feito” (REISS e VERMEER, 2014, p. 89).
Segundo Heiss e Vermeer (2014), existem duas regras importantes na teoria da ação
translacional, quais sejam: a regra de skopos e a regra sociológica. A regra mais importante de uma
teoria da ação translacional é a “regra dos skopos”, que afirma que qualquer ação é determinada pelo
seu propósito, ou seja, é uma função de seu propósito ou de seu skopos.

13
“An action aims to achieve a goal and thus to alter the current state of affairs. The motivation for such an action is
that the intended goal is estimated to be of greater importance than the current state of affairs. Sometimes, an action is
preceded by a chain of motivations: if somebody acts under compulsion, this aim may be estimated to be of lesser value
than the current state of affairs, but compliance may be less damaging than resistance. An action is always preceded by
(conscious or unconscious) expectations about a future situation in comparison to how the current situation has been
assessed. By summarizing all the requirements for an action, we are presupposing that it makes sense for an agent to
choose one aim from all the possible culture-specific options in a particular situation.”

39
A regra sociológica diz que o público-alvo pretendido pode ser descrito como um tipo
específico ou subconjunto de skopos e, ainda, que uma interação, para ser realizada, depende, entre
outras coisas, da relação entre as partes que a compõem. Como resultado, podemos chegar à seguinte
sub-regra para a regra de skopos: o skopos pode ser descrito como uma variável do destinatário
pretendido (regra sócio-lógica) (REISS e VERMEER, 2014, p. 90-91).
Como já mencionado, o skopos do texto-alvo pode ser diferente daquele do texto-fonte.
Inicialmente, isso pode ser justificado por três argumentos de acordo com Reiss e Vermeer (2014,
p. 92-93)
1) A tradução/interpretação é uma ação diferente da produção de texto-fonte. Por sua vez a
ação translacional pode servir a propósitos diferentes. É importante notar que a preservação do
propósito do texto-fonte que, muitas vezes, é considerado uma característica definidora da tradução,
é uma regra específica da cultura e não requisito básico de uma teoria geral da ação translacional.
2) A ação translacional é como um tipo de oferta de informação, ou seja, informação
oferecida sob a condição de que o remetente espera que seja de interesse (que contenha algo “novo”)
para o destinatário. Essa “novidade” pode consistir precisamente nos diferentes skopos da oferta.
3) A ação translacional é uma transferência cultural e linguística. Diferentes culturas e
línguas constituem sistemas independentes em que o valor de cada elemento é definido por sua
relação com os outros elementos do mesmo sistema, em que todos os elementos estão conectados
entre si. Em outras palavras, culturas e línguas são entidades individuais e, portanto, textos, como
sistemas compostos de partes de sistemas culturais e linguísticos individuais, também são entidades
individuais. É óbvio que o valor de um elemento de um sistema que é transferido para outro sistema
está fadado a mudar porque agora está relacionado aos elementos do novo sistema. Portanto, é
impossível que as implicações contidas no texto-fonte apareçam exatamente da mesma forma no
texto-alvo.
Nida (1964) corrobora o terceiro argumento ao reconhecer que línguas diferentes jamais
produzirão traduções completamente exatas devido a suas respectivas culturas, estruturas lexicais e
sintáticas.

40
Uma vez que não há duas línguas idênticas, seja nos significados dados aos símbolos
correspondentes, ou nas formas como tais símbolos são organizados em frases e
enunciados, é lógico que não pode haver correspondência absoluta entre as línguas.
Portanto, não pode haver traduções totalmente exatas14 (NIDA, 1964, p. 156).

Reiss e Vermeer (2014, p. 94) apresentam um resumo do trabalho teórico que abrange a ação
translacional e o skopos com algumas fórmulas que nos ajudam a assimilar as regras da análise
utilizando três suposições, que são apresentadas a seguir.
O fundamento por trás da teoria geral da ação translacional consiste em três suposições que
são hierarquicamente vinculadas à seguinte ordem:
(1) TA = f (sk)
Uma ação translacional é uma função de seus skopos.
(2) TA = IOT (IOS)
Uma ação translacional é uma oferta de informações produzidas em uma cultura e língua de destino
(target) sobre uma oferta de informações produzidas em uma cultura e língua de origem (source).
(3) TA  IOS × IOT

A oferta de informação de destino é representada como uma transferência que simula uma
oferta de informação de origem. A simulação não é reversível. Uma versão específica-cultural mais
afinada dessa alegação é que uma oferta de informação de destino é uma transferência que imita
uma oferta de informação de origem.
Historicamente, os estudos da tradução têm se debatido entre a estratégia de atribuir o foco
da atenção de um trabalho tradutório para a base do texto-fonte ou, por outro lado, para atender às
demandas e necessidades do leitor-alvo, em última análise, portanto, do texto-alvo. Entretanto, mais
recentemente, Byrne afirma que

o foco da teoria da tradução, particularmente nas esferas não-literárias, mudou de


estruturas baseadas no texto-fonte para uma abordagem mais comunicativa. Isso significa
que a tradução é cada vez mais considerada como um processo comunicativo e, como tal,
os fatores orientadores são a mensagem e o destinatário, ou seja, o conteúdo e o público-
alvo. Essa mudança de foco tornou o estudo da tradução mais claro, na medida em que

14
“Since no two languages are identical, either in the meanings given to corresponding symbols or in the
ways in which such symbols are arranged in phrases and sentences it stands to reason that there can be no
absolute correspondence between languages. Hence there can be no fully exact translations.”

41
podemos relacioná-lo a eventos reais do mundo real com participantes reais15 (BYRNE,
2012, p. 9).

Quando se trata das diferentes definições e tipos de Equivalência, o que realmente importa é
o foco no texto-fonte. A ideia de ser fiel à língua-fonte oferece ao leitor- alvo uma aproximação à
estrutura da língua de origem, além de enriquecer o texto-alvo com aspectos culturais do texto-fonte,
o que, a rigor, disponibiliza ao leitor-alvo novos conhecimentos (BYRNE, 2012, p. 9). Isto, de fato,
pode ser considerado uma vantagem nessa relação de interdependência do texto-fonte e texto-alvo,
afinal de contas não existiria tradução se não houvesse texto-fonte. No entanto, para Kenny (1998),
a relação de equivalência permite que o texto-alvo seja considerado uma tradução do texto-fonte de
forma que se construa, no leitor, um sentimento de que está lendo algo que foi escrito em sua língua
materna.
Nida (1964) propôs os tipos mais conhecidos de equivalência, a formal e a dinâmica.
A equivalência formal tem relação com a mensagem no que diz respeito à sua forma e conteúdo.
Neste tipo de equivalência, a mensagem na língua-alvo deve corresponder, tanto quanto possível,
aos diferentes elementos da língua de origem, quais sejam, lexicais, sintáticos, estilísticos,
fonológicos ou ortográficos.
A equivalência formal está diretamente ligada à mensagem em si, tanto na forma quanto no
conteúdo. Nesse tipo de tradução, o tradutor é obediente às correspondências como poesia para
poesia, sentença para sentença e conceito para conceito. Vista a partir dessa orientação formal, a
preocupação fundamental reside no fato de que a mensagem na língua do receptor deve
corresponder, tanto quanto possível, aos diferentes elementos da língua de origem. Isso significa,
por exemplo, que a mensagem na cultura do receptor é constantemente comparada com a mensagem
na cultura de origem para determinar padrões de exatidão e acurácia (NIDA, 1964, p. 159).
A equivalência dinâmica, por outro lado, baseia-se na noção de que o texto de destino deve
ter o mesmo efeito em seu público-alvo, assim como o texto de origem teve em seu próprio público.
Nesse tipo de equivalência, a ênfase não é encontrar uma correspondência no idioma de destino para

15
“The focus of translation theory has, particularly in non-literary spheres, shifted away from frameworks
based on the source text towards a more communicative approach. This means that translation is increasingly
being regarded as a communicative process and, as such, the guiding factors are the message and recipient,
i.e. the content and the target audience. This change of focus has made the study of translation clearer in that
we can relate it to actual real-world events with real participants.”

42
uma mensagem do idioma de origem, mas em criar o mesmo relacionamento entre o público-alvo e
a mensagem como o que existia entre o público do idioma de origem e a mensagem (NIDA, 1964,
p. 159).
Buscando compreender a função e o significado de equivalência dinâmica, é importante
entender que, nessa modalidade de tradução, não há preocupação com a correspondência entre a
mensagem da língua-alvo e a mensagem da língua-fonte, mas, dado o dinamismo em que se dá a
relação entre receptor e mensagem, deve ser a mesma que existia entre os receptores originais e a
mensagem. Uma tradução no modelo de equivalência dinâmica tem como meta a naturalidade da
expressão e tenta relacionar o receptor a modos de comportamento relevantes dentro do contexto de
sua própria cultura, não insiste em que ele compreenda o padrão cultural do contexto da língua-fonte
para compreender a mensagem. Naturalmente, existem vários graus de traduções de equivalência
dinâmica. Uma das traduções inglesas modernas que, talvez mais do que qualquer outra, busca um
efeito equivalente é a interpretação do Novo Testamento feita por J. B. Phillips. Em Romanos 16:16
ele naturalmente traduz (“Greet one another with a holy kiss”) “cumprimentem-se com um beijo
sagrado” como (“Give one another a hearty handshake all around”) “dê um aperto de mão cordial
nas pessoas ao redor” (NIDA, 1964, p. 159-160).
Para Nida e Taber a equivalência formal “concentra a atenção na mensagem, considerando
forma e conteúdo, enquanto a equivalência dinâmica é baseada no princípio do efeito equivalente.
(1964, p. 159). Na Equivalência formal a mensagem no idioma de destino deve corresponder tanto
quanto possível aos diferentes elementos do idioma de origem, seja no nível lexical, estilístico,
fonológico ou ortográfico (isso certamente tornaria as coisas difíceis para os tradutores que traduzem
idiomas muito diferentes, como, por exemplo, o par árabe X espanhol). A Equivalência Dinâmica,
por outro lado, baseia-se na noção de que o texto-alvo deve ter o mesmo efeito sobre o público que
o texto-fonte teve em seu próprio público.
Com a Equivalência Dinâmica, “a ênfase não é tanto em encontrar uma correspondência na
língua-alvo para uma mensagem da língua-fonte, mas criar a mesma relação entre o público-alvo e
a mensagem que existia entre o público da língua-fonte e a mensagem” (NIDA e TABER, 1969, p.
159). E ainda:

43
De acordo com a equivalência dinâmica, uma tradução para ser bem-sucedida, precisa
capturar o sentido do texto-fonte não apenas das palavras. Como tal, só pode ser
considerada como uma comunicação eficaz se a mensagem for transmitida com sucesso
ao público-alvo16 (BYRNE, 2006, p. 28).

Entretanto, Nida e Taber (1969, p. 4) argumentam que esperar a mesma resposta de dois
grupos diferentes de pessoas pode ser difícil, particularmente se considerarmos que, em um mesmo
grupo linguístico, nenhuma das pessoas entenderá as mensagens exatamente da mesma maneira.
Pode-se dizer que a equivalência é a questão central da tradução, embora sua definição,
relevância e aplicabilidade no campo da teoria da tradução tenham causado uma controvérsia
acalorada (mas isso é o tempero da ciência, não é mesmo?).
Para não deixar uma decisão tão importante ao acaso, ou seja, para que o tradutor não corra
o risco de optar por uma tradução inadequada, a teoria de skopos introduz a noção de Translation
Brief sobre a qual esta pesquisa se debruçará em uma subseção adiante.

2.3 O Funcionalismo na perspectiva de Nord

Dou início à descrição de um panorama da pesquisa de Nord no qual a análise de textos


orientados para a tradução se destaca.
O Funcionalismo moderno tem a “escola alemã” como pioneira da teoria da tradução
funcionalista. Nord foi treinada como tradutora e depois foi docente na School of Translation and
Interpreting, na Universidade de Heidelberg, na década de 1960, e pesquisou o processo de tradução
em si com ênfase nos gêneros textuais, definidos conforme o objetivo do produtor do texto para com
o seu produto. Nord já tinha em mente aspectos de tradução independentes da língua quando
elaborou seu “modelo orientado à tradução de análise textual em tradução”. O modelo inclui a
análise de aspectos extratextuais e intratextuais da ação comunicativa e é projetado para identificar

16
According to this definition of equivalence, a successful translation needs to capture the sense of the source
text and not just the words. As such it can only be regarded as a successful piece of communication if the
message is successfully transmitted to the target audience. (BYRNE, 2006, p. 28)

44
os elementos relevantes à função em ambos os textos, isto é, no texto-fonte existente e no texto-alvo
prospectivo, conforme definido pelo brief da tradução. Nord postula que, ao comparar o Skopos com
as funções do texto-fonte antes de começar a traduzir, os tradutores devem ser capazes de localizar
os problemas que surgirão no processo tradutório. Devem, assim, poder conceber uma estratégia
holística para a sua solução (NORD, 1997, p. 14).
Em sua abordagem objetiva à crítica da tradução, Nord (1997) explica algumas exceções do
requisito de equivalência. Estas exceções são devidas às especificações do “brief". Exceto quando o
texto de destino pretende alcançar uma finalidade ou função diferente da original como, por
exemplo, a adaptação de um texto em prosa para o palco ou a tradução de peças de Shakespeare para
aulas de língua estrangeira, entre outros exemplos. Outra exceção acontece se o texto de destino
aborda um público-alvo diferente do original, como a tradução das Viagens de Gulliver para crianças
e várias formas de edição ideológica motivadas por critérios religiosos, éticos ou comerciais. Nord
(1997, p. 9)
A abordagem funcionalista não é meramente descritiva, por se basear na experiência de seus
produtos, ela também é normativa e avaliativa, como descreve Nord (1997) a seguir.

Embora as abordagens funcionalistas se baseiem na experiência prática da profissão de


tradução, elas não são apenas descritivas; eles não descrevem meramente o que pode ser
observado no processo de tradução ou nos resultados desse processo. O funcionalismo faz
uso de métodos descritivos (por exemplo, análise de texto paralelo) para localizar e
comparar as normas e convenções comunicativas válidas em várias comunidades
culturais. Uma vez que as abordagens funcionalistas foram desenvolvidas principalmente
dentro de instituições de treinamento de tradutores de universidades, elas são normativas
ou avaliativas na medida em que incluem a avaliação de traduções com relação a sua
funcionalidade em uma dada situação na cultura; Os futuros tradutores profissionais
devem ser treinados não apenas para produzir traduções “boas” (ou seja, funcionais) que
satisfaçam as necessidades de seus clientes, mas também para encontrar bons argumentos
para defender seus produtos contra críticas injustificadas de clientes e usuários17 (NORD,
1997, p. 2-3).

17
No original: “Although functionalist approaches draw on practical experience of the translation profession, they are
not just descriptive; they do not merely describe what can be observed in the process of translation or the results of this
process. Functionalism makes use of descriptive methods (for example, parallel text analysis) to locate and compare the
communicative norms and conventions valid in various culture communities. Since functionalist approaches have been
developed mainly within university translator-training institutions, they are normative or evaluative to the extent that
they include the evaluation of translations with regard to their functionality in a given situation-in-culture; future
professional translators must be trained not only to produce ‘good’ (that is, functional) translations satisfying their
customers’ needs, but also to find good arguments to defend their products against unjustified criticism from clients and
users”(NORD, 1997, p. 2-3).

45
Até este momento, havia algumas diferenças importantes nas propostas dos teóricos Reiss e
Vermeer e, por esta razão, o modelo linguístico textual de Nord aparece como uma alternativa de
‘ajuste’, aproveitando aspectos de ambos os lados e sugerindo o processo de tradução com a
utilização conjunta de texto-fonte, texto-alvo e função textual. A proposta de Nord teve como
inspiração o modelo inicial de Karl Bühler (1934), que também serviu como ponto de partida para
a Tipologia Textual de Reiss.
Ao definir o Funcionalismo, Nord (1997) diz que

abordagens funcionalistas foram desenvolvidas com uma orientação para o


treinamento de tradutores, e este ainda é um dos principais campos em que eles são mais
úteis. A autora afirma ainda que o Funcionalismo não significa meramente que o enunciado
(as águas do Maine) deve ser “traduzido” como “as águas de um fiorde norueguês”, nem que
(olhos de vacas) devem se tornar “olhos de veados” ou que (cordeiro de Deus) venha a ser
“foca de Deus” ou qualquer outro animal pertencente à realidade da cultura-alvo.
Funcionalidade significa simplesmente que os tradutores devem estar cientes desses aspectos
e levá-los em consideração em suas decisões.18 (grifos e acréscimos nossos) (NORD, 1997,
P. 45).

Acerca da função de uma tradução, Nord afirma que a função pode ser observada com dois
focos: (a) a relação entre o texto-alvo e seu público, e (b) a relação entre o texto-alvo e o texto-fonte
correspondente. Por um lado, uma tradução é um texto que se destina a funcionar para os leitores-
alvo e, como tal, pode ser destinado a qualquer função comunicativa. Por outro lado, uma tradução
é um tipo de representação da cultura de destino ou um substituto de um texto da cultura de origem.
Como tal, pode desempenhar funções bastante diferentes em relação à fonte. (NORD, 2018, p. 44).

18
“Functionalism does not mean that the waters of the Maine should generally be replaced by those of a
Norwegian fjord, nor that cows’ eyes should become deer’s eyes or whatever the target culture’s favourite
animal is. Functionality simply means translators should be aware of these aspects and take them into
consideration in their decisions” (NORD, 1997, P. 45).

46
Historicamente, os leitores em diferentes partes do mundo as pessoas têm dificuldades em
avaliar o que seria uma boa tradução. Nord (2018) observa que

Observando a história da tradução e das traduções, descobrimos que em diferentes momentos


e em diferentes partes do mundo, as pessoas tiveram conceitos diferentes sobre o que uma
boa tradução é ou deveria ser. Essas noções às vezes variam de acordo com o tipo de texto
em questão ou dependem da autoestima da cultura receptora em relação à cultura de origem19
(cf. Bassnet 1991, apud Nord, 2018, p. 114-115)

No que diz respeito às expectativas dos leitores em relação a um texto traduzido, os leitores
em geral esperam uma leitura fluente e razoavelmente coerente em relação às opiniões do autor do
texto-fonte.

Na relação tradução versus expectativa dos leitores de uma determinada língua-alvo, Nord
diz que
os leitores podem esperar, por exemplo, que o texto-alvo disponibilize exatamente a
opinião do autor; outras culturas podem preferir uma reprodução fiel das características
formais do texto-fonte, entre outras preferências, mas fundamentalmente, esperam-se textos
compreensíveis e legíveis. Os tradutores devem levar em conta essas expectativas sem se
obrigar a fazer exatamente o que os leitores esperam. No entanto, há uma responsabilidade
moral de não os enganar. Pode ser difícil saber exatamente o que os leitores esperam de uma
tradução, no entanto, os tradutores devem confiar em conjecturas e no escasso feedback que
recebem de seus clientes e leitores20 (NORD, 1997, p. 115).

19
Looking at the history of translation and translations, we find that at different times and in different parts of the world,
people have had different concepts of what a good translation is or should be. These notions sometimes vary according
to the text type in question or depend on the self-esteem of the receiving culture with regard to the source culture (cf.
Bassnet 1991, apud Nord 2018, p. 114-115).

20
Readers might expect, for example, that the target text gives exactly the author’s opinion; other cultures might want
it to be a faithful reproduction of the formal source-text features; still others could praise archaizing translations or ones
that are not at all faithful reproductions but comprehensible readable texts. Translators must take these expectations into
account. This does not mean that translators are always obliged to do exactly what the readers expect. Yet there is a
moral responsibility not to deceive them (cf. Nord 1991:94f). Of course, it may be difficult to know exactly what readers
expect of a translation since this is a field where extensive empirical research remains to be done (see Chapter 10). For
the time being, though, translators must rely on conjectures and on the scarce feedback they get from their clients and
readers (NORD, 1997, p. 115).

47
Nord (1997) introduz o princípio da Lealdade (Loyalty) no modelo funcionalista. Desta
forma ela prefere chamar de interação translacional essa responsabilidade para com seus parceiros.
A Lealdade compromete o tradutor bilateralmente, com a fonte e com o alvo. Não deve ser entendida
como fidelidade, conceito que geralmente se refere a uma relação entre os textos-fonte e alvo. A
Lealdade é uma categoria interpessoal que se refere a uma relação social entre as pessoas. A versão
pessoal de Nord da abordagem funcionalista apoia-se em dois pilares: Função e Lealdade, embora,
às vezes, eles pareçam se contradizer. A Função se refere aos fatores que fazem um texto-alvo
funcionar da maneira pretendida na situação-alvo. A lealdade refere-se ao relacionamento
interpessoal entre o tradutor, o remetente do texto-fonte, os destinatários do texto-alvo e o iniciador.
O modelo Função e Lealdade responde aos críticos que alegam que a abordagem funcional
é permissiva e que deixa o tradutor manipular o texto-fonte à sua conveniência. O princípio da
Lealdade leva em conta os interesses legítimos das três partes envolvidas: iniciadores (que querem
um tipo particular de tradução), destinatários-alvo (que esperam uma relação particular entre textos
originais e alvos) e autores originais (que têm o direito de exigir respeito pelas suas intenções
individuais e esperar um tipo particular de relação entre o seu texto e a tradução que dele se fez.).
Em caso de conflito, o tradutor será o mediador entre as partes.
Com a proposta de mostrar a evolução das ideias de Vermeer, Nord apresenta Holz-Mänttäri,
professora e tradutora profissional alemã, radicada na Finlândia, que vai um passo além de Vermeer
e nos apresenta a Teoria da Ação Translacional. Em sua teoria e metodologia da “ação translacional”
(translatorisches Handeln), apresentada pela primeira vez em 1981 e publicada em 1984. A autora
evita usar o termo “tradução” no sentido estrito, com o objetivo de se afastar dos conceitos e
expectativas tradicionais relacionados à palavra.
Apoiada nas concepções teóricas de Wright 1968, e Rehbein 1977, Nord argumenta que a
teoria de Holz-Mänttäri se fundamenta nos princípios da teoria da ação e é desenhada para abranger
todas as formas de transferência intercultural, incluindo aquelas que não envolvem qualquer texto,
seja ele fonte ou alvo. Holz-Mänttäri prefere chamá-los de “transmissores de mensagens
(Botschaftsträger), formados por material textual pareado com outras mídias como, imagens, sons
e movimentos corporais.
Em seu modelo, Nord esclarece que Holz-Mänttäri define a tradução como: “uma ação
complexa projetada para alcançar um propósito particular” (Holz-Mänttäri e Vermeer, 1985). Um
termo genérico que a autora utiliza para se referir a esse fenômeno é “ação translacional”.

48
A discussão em curso levanta questões sobre as características que devem fazer parte de um
trabalho de natureza translacional. Holz-Mänttäri dá ênfase especial aos aspectos de ação do
processo de tradução, analisando os papéis dos participantes (iniciador, tradutor, usuário, receptor
da mensagem) e às condições situacionais (tempo, lugar, meio) em que suas atividades acontecem.
Uma de suas principais preocupações é o status dos tradutores em um mundo caracterizado pela
divisão de trabalho (NORD, 2014, p. 12).
Dando prosseguimento a algumas ideias e pesquisas que contribuíram para o
desenvolvimento da teoria funcionalista, apresento as observações de Palumbo (2009), ele afirma
que a tradução funcionalista se manifesta a partir de uma reação às abordagens linguisticamente
orientadas e se apresenta como um ato de comunicação e uma forma de ação e envolve não apenas
fatores linguísticos, mas também sociais e culturais. Abordagens funcionalistas incluem a teoria de
skopos Vermeer (1978) e o modelo de ação translacional Holz-Mänttäri (1984). Estas teorias
compartilham a ênfase no ambiente-alvo e na importância dos fatores sociais, isto é, quem manda
no mundo da tradução sob a perspectiva funcionalista não é o texto-fonte, mas o texto-alvo.
Em abordagens funcionalistas, pela primeira vez, o papel de pessoas como iniciadores e
comissários de trabalhos de tradução foi explicitamente reconhecido e a tradução foi apresentada
como governada por interações sociais e fatores extratextuais (PALUMBO, 2009).
Para finalizar esta seção, descrevo abaixo o que seria um apanhado geral, porém bastante
resumido, dos teóricos mencionados e suas respectivas teorias com base nas conclusões de Munday
(2001).
O trabalho de Reiss vincula a função da linguagem, o tipo de texto, o gênero e a estratégia
de tradução. Sua abordagem foi mais tarde acoplada à teoria de skopos de Vermeer, na qual a
estratégia de tradução é decidida de acordo com a função do texto-alvo na cultura-alvo. A teoria de
Vermeer desvincula-se do uso do texto-fonte como base fundamental para traduções. O texto-fonte
deixa de ter um papel protagonista para se tornar uma oferta de informação. A teoria do skopos é
parte integrante do modelo de ação translacional também proposto por Holz-Mänttäri, que coloca a
tradução comercial profissional dentro de um contexto sociocultural, usando a linguagem dos
negócios e da administração. A tradução é vista como uma transação comunicativa envolvendo os
seguintes atores: o iniciador, o comissário e os produtores, usuários e receptores do texto-fonte e do
texto-alvo. Neste modelo, o texto-fonte é “destronado” e a tradução é julgada, não pela equivalência
de significado, mas por sua adequação ao objetivo funcional da situação do texto-alvo, conforme

49
definido pela comissão. O modelo de Nord, projetado para treinamento de tradutores, mantém o
contexto funcional, mas inclui um modelo de análise de texto mais detalhado para o texto-fonte
(MUNDAY, 2001).

2.4 A Linguística sistêmico-funcional

A análise de traduções de textos teóricos (técnico e/ou científicos) e textos literários, à luz
da abordagem da Linguística Sistêmico-Funcional como proposta por Halliday (1994), tem se
mostrado muito eficaz devido ao seu preciso caráter técnico de avaliação de enunciados, pois, entre
outras qualidades, tem a faculdade de identificar o modo como as estruturas da linguagem se unem
para dar significado a um texto. Pretendo levar em consideração as contribuições desta abordagem
para realizar a análise da tradução comentada do ACIP. De acordo com Barbara e Macedo (2009),
a Linguística Sistêmico-Funcional caracteriza-se por ser

uma teoria social porque parte da sociedade e da situação de uso para o estudo da
linguagem; seu foco está em entender como se dá a comunicação entre os homens, a
relação entre indivíduos e desses com a comunidade. Caracteriza-se também como uma
teoria semiótica porque se preocupa com a linguagem em todas as suas manifestações.
Procura desvendar como, onde, por que e para que o homem usa a língua, bem como a
linguagem em geral, e como a sociedade o faz (BARBARA e MACÊDO, 2009, p. 90).

Segundo Halliday (1994), três são as variáveis que devem caracterizar um contexto, três
dimensões de variação que caracterizam qualquer enunciado: o campo (field), as relações (tenor) e
o modo (mode). Cada uma delas corresponde a uma das três metafunções. Na Linguística Sistêmico-
Funcional, doravante (LSF), a organização do contexto e da gramática estão correlacionados, isto
quer dizer que existe uma relação importante entre a variável de registro, o campo e o significado
ideacional, entre a variável relações e o significado interpessoal, e entre a variável modo e o
significado textual, como evidencia o quadro abaixo.

50
Quadro II – Campo, Relações e Modo

Descrição Variáveis de registo Metafunção


A ação social, o assunto sobre o
qual se fala, a natureza da ação. Campo Ideacional
(What is going on?).
A estrutura de papéis, as pessoas,
relações interpessoais e suas
Relações Interpessoal
relações na situação de
comunicação.
A organização simbólica, o Canal
(fala ou escrita) e o modo retórico Modo Textual
da linguagem.

Fonte: BARBARA, L.; MACEDO, Cadernos de Linguagem e Sociedade, v. 10, p. 89- 107, 2009.

O quadro acima ilustra o campo, enquanto variável relativa à codificação da experiência, ao


que se fala, ao assunto do texto, (What’s going on?). Determina os significados ideacionais que são
expressos. A variável relações codifica aspectos linguísticos relativos às pessoas envolvidas na
comunicação e à relação existente entre elas (hierárquica, amorosa etc..), determina os significados
interpessoais. O modo configura a maneira como a linguagem funciona na interação verbal, isto é,
se é escrita ou falada, se é argumentativa, descritiva, etc... A relação entre as variáveis de contexto,
as metafunções e as realizações linguísticas pode ser visualizada no quadro abaixo.

Quadro III - Relação entre as variáveis de contexto, as metafunções


e as realizações linguísticas.

Variáveis de contexto Metafunções Realizações lexicogramaticais


Campo Ideacional transitividade
Relações Interpessoal Modo e Modalidade
Modo textual tema e rema

Fonte: Barbara e Macêdo in: Cadernos de Linguagem e Sociedade, 10 (1), 2009

Da observação do quadro acima, deduz-de que para Bárbara e Macêdo (2009) as metafunções
realizam-se a partir das necessidades da situação, ou seja, das características do contexto de situação
de fala, o registro. A situação de fala, por sua vez, está inserida em um contexto de cultura

51
específico. É a partir dos elementos da cultura que o falante seleciona os elementos de seu texto.
(BÁRBARA e MACÊDO, 2009).
É importante retomar o significado epistemológico da expressão “sistêmico-funcional”. De
acordo com Fuzer e Cabral (2014), a abordagem é sistêmica porque concebe a língua como redes de
sistemas linguísticos interligados, oferecendo ao falante “um conjunto de alternativas possíveis”.
Nesse sentido, a língua é entendida como um sistema probabilístico de opções. Ela
é funcional porque explica as estruturas gramaticais em relação ao significado, às funções que a
linguagem desempenha em textos e é a partir delas que produzimos os significados, construímos
nossos conhecimentos de mundo. Esses sistemas se subdividem em alternativas: semânticas, léxico-
gramaticais ou fonológicas e grafológicas. (FUZER e CABRAL, 2014, p.19).
A abordagem da LSF será útil na análise do texto do ACIP, entre outros motivos, por se
preocupar com a estrutura, pois, de acordo com Barbara e Macêdo (2009), o estudo da estrutura da
comunicação é necessário para se entender o significado das mensagens geradas na linguagem. A
referida abordagem, certamente, cobre com igual competência qualquer gênero textual que possa,
eventualmente, ser analisado à luz da abordagem Sistêmico-Funcional. Trata-se de uma teoria da
comunicação humana polivalente pela possibilidade de ser aplicada a diferentes tipos de corpus e
variados contextos e que parte do significado e não da forma. A teoria focaliza a interação entre
homens, suas escolhas linguísticas e intenções comunicativas onde a função justifica a forma.

A LSF tem uma proposta teórica e metodológica que permite ao analista do discurso
trabalhar nas mais diversas linhas de pesquisa, com diferentes tipos de corpus, em
diversos contextos. A teoria tem como foco o homem, ancorado no espaço que ocupa na
sociedade e em constante interação com outros homens, e mostra que as escolhas
linguísticas feitas por ele estão estreitamente relacionadas com suas intenções
comunicativas. Desse modo, a compreensão que se pretende ter desse homem passa
necessariamente por uma gramática como a de Halliday na qual a forma está sempre a
serviço de uma função (BÁRBARA e MACÊDO, 2009, p. 104).

52
2.5 TRADUÇÃO COMENTADA DE UM TEXTO TÉCNICO E CIENTÍFICO

Esta seção pretende discutir o conceito de “tradução comentada”, numa tentativa de fazer
com que a proposta básica desta tese seja satisfatoriamente compreendida. O termo diz muito:
comentar uma tradução demanda uma reflexão do produto em relação ao texto original com o
objetivo de discutir os trechos em que o ato tradutório carece de decisões nas quais a transcriação
das ideias do texto original possa ser elaborada com o mínimo de discrepância ou inconsistência no
que respeita à acurácia da ideia do texto de partida, ou texto-fonte, em relação ao texto de chegada,
ou texto-alvo.
Algumas publicações acadêmicas utilizam as expressões “tradução comentada” e “tradução
anotada” sem fazer uma distinção nítida entre os conceitos e suas eventuais diferenças. Para
Williams e Chesterman (2014), trata-se de expressões sinônimas. Em "The Map” eles assinalam que
uma tradução com comentários (ou tradução anotada) é uma forma de pesquisa introspectiva e
retrospectiva, em que se traduz um texto e, ao mesmo tempo, se escreve um comentário sobre o
próprio processo de tradução” (2014, p. 7). Os autores complementam que o comentário deve incluir
uma discussão sobre a tarefa tradutória, uma análise dos aspectos do texto-fonte e uma justificativa
equilibrada dos tipos de solução aplicados a tipos específicos de problemas de tradução. Portanto, a
análise crítica que envolve o texto-alvo, a partir das informações do texto-fonte, caracteriza o que
se tem chamado de (tradução comentada) ou (tradução anotada).
De acordo com Durão e Durão (2017),

em um processo tradutório o comentário é uma explanação normalmente escrita,


elaborada pelo(s) próprio(s) autor(es) da tradução, que alude às decisões definidas em
cada caso pretendendo trazer à tona tanto as estratégias tradutórias empregadas, como as
soluções definidas como resultado do emprego dessas estratégias. Uma vez que não é nem
desejável nem necessário comentar todas as soluções tradutórias adotadas, já que algumas
se explicam por si mesmas, o(s) tradutor(es) considerando as finalidades definidas para
cada texto meta21 que elabora e, também, a tipologia de destinatários potenciais desse
texto, decide(m) que aspectos de seu trabalho deverão ser destacados com o objetivo de

21
Durão e Durão (2017) utilizam em seu conceito de comentário, a expressão texto meta. No entanto, Reiss e Vermeer
utilizam os termos texto-fonte e texto-alvo como indicativos de que os processos tradutórios compreendem os textos
traduzidos e os processos de tradução que os geraram. Nesta tese, optei por adotar os termos propostos por Reiss e
Vermeer, ou seja, “texto-fonte” e “texto-alvo”, ciente de que, aos mesmos termos, Nord prefere chamá-los de “texto
base” e “texto meta”, respectivamente.

53
oferecer um entendimento mais adequado do processo executado e do produto resultante
desse processo (DURÃO e DURÃO, 2017, p. 25).

De acordo com Pym (2017), as reflexões sobre o processo tradutório são importantes pois a
partir delas são engendradas as teorias da tradução. O autor afirma que, ao transpor um texto da
língua-fonte à língua-alvo, o tradutor teoriza sobre o movimento que ele está fazendo, e dada a
complexidade do ato de traduzir, é que, em última análise, esse movimento se torna importante para
a valorização da imagem pública do tradutor.

A explicitação e a divulgação do produto da atividade de teorização podem contribuir para


tornar as pessoas conscientes de que a tradução é algo complexo, difícil o suficiente para
ser estudada seriamente nas universidades, melhorando, assim, a imagem pública de
tradutores e intérpretes (PYM, 2017, p. 24).

Para Zavaglia, Renard e Janczur, (2015, p. 332) há uma problemática que se inicia em sua
própria designação. As autoras discutem se a tradução comentada deveria ser: explicada, de forma
que os procedimentos e estratégias adotados fossem explicitados; criticada, analisando-se a tradução
e apresentando seus fundamentos teóricos e epistemológicos; complementada, com acréscimos
enciclopédicos, históricos ou conceituais explicitando seu modo, forma ou função e natureza,
indicando-se, por fim, se haveria algum consenso entre os tradutores.
Boisseau, em uma edição da revista Palimpsestes, chama a atenção para a relação histórica
e independente entre a tradução e o comentário e questiona se a tradução não seria por si só um
comentário:

O parentesco da tradução e do comentário é provavelmente tão antigo quanto sua história


e essas duas atividades separadas têm mais de um traço em comum. Provavelmente, o
mais óbvio é que eles assumem um pré-texto e os mais esquecidos são orais. De fato,
ambas as atividades primeiro questionam a letra: nesse sentido, elas são atividades
secundárias, elas vêm depois do texto e, portanto, refletem e prolongam22 (2007, p. 2).

22
“La parenté de la traduction et du commentaire est sans doute aussi ancienne que leur histoire, et ces deux activités,
séparées, ont en commun plus d’un trait. Sans doute le plus évident est-il qu’elles supposent un pré-texte, et le plus
oublié qu’elles relèvent de l’oral. En effet, l’une et l’autre activité interrogent d’abord la lettre: en ce sens, ce sont des
activités secondes, elles viennent après le texte et, partant, le réfléchissent et le prolongent.”

54
A partir das reflexões de Boisseau (ibid.), ainda é possível acrescentar outro questionamento
à problemática: a tradução não seria ela própria um comentário? Há alguma fronteira entre eles?
Precisa-se levar em consideração que uma tradução implica omissão, acréscimo e ajustes na tentativa
de tornar o texto-alvo um retrato mais próximo do texto-fonte, ideia essa que não se ajusta ao ponto
de vista da tradução funcionalista e que será discutida adiante.
Nesta pesquisa, apresento um panorama biográfico do autor do texto-fonte, faço um
levantamento teórico da abordagem que fundamenta a tradução e, por último, discuto a própria
tradução, tecendo comentários concernentes às minhas escolhas tradutórias.
Para Sanconie (2007), a tradução pode, de fato, ser considerada um comentário; talvez pense
desta forma devido à própria natureza do ato de traduzir, que carrega consigo ajustes, omissões,
(para utilizar termos de Venuti), domesticações e estrangeirizações, notas de rodapé, enfim, todos
os recursos que tentam simplificar e dar fluência à leitura dos textos traduzidos.
De acordo com Zavaglia, Renard e Janczur, os comentários em trabalhos acadêmicos podem
ser comparados a elementos de peritextos encontrados em traduções de publicações produzidas para
o mercado.
Os comentários observados em traduções comentadas, publicadas em forma de
teses ou dissertações, constituem peritextos variados, como apresentações, análises
e notas, que podem ser comparados a prefácios, posfácios e notas de rodapé ou de
fim de volume encontrados em traduções publicadas por editoras. A diferença
principal que separa esses comentários, de modo a distingui-los, toma
especialmente corpo numa entidade e atividade, embora sempre visadas, exteriores:
o leitor e seu percurso de leitura (ZAVAGLIA, RENARD E JANCZUR, 2015, p.
336).

Há, entretanto uma diferença fundamental entre esses dois tipos de peritextos (no mercado
editorial, com razoável frequência, as traduções vêm acompanhadas de prefácios, posfácios, notas,
entre outros recursos), cuja leitura pode ser facultativa, contudo, obrigatória em textos acadêmicos,
pois trata-se de componentes de igual importância e são interdependentes. Em trabalhos acadêmicos,
os comentários não são meros complementos acessórios à tradução; ambos são partes integrantes de
um todo e são igualmente importantes por serem reciprocamente dependentes e complementares.
Nesse sentido, pode-se concluir que os comentários podem ser uma espécie de modalidade de
tradução, considerando que eles traduzem a própria tradução.
A ideia é corroborada pela argumentação das autoras:

55
Em Hautes Terres, por exemplo, tradução de Jorge Coli e Antoine Seel para o
francês de Os Sertões, há três prefácios, um glossário e notas de fim de volume.
Embora estejam ali, colados à tradução como comentários explícitos, o leitor
francófono, caso assim queira, poderá deixá-los de lado. No caso de um trabalho
acadêmico, no entanto, os comentários não são complementos acessórios à
tradução; ambos integram um mesmo conjunto e, embora algumas vezes
independentes, são, no contexto da leitura, seja dos membros da banca julgadora,
seja dos estudiosos interessados, componentes de igual importância, já que um não
tem razão de ser sem o outro. Nesse sentido, o comentário também pode ser visto
como uma modalidade de tradução, uma vez que ele traduz a própria tradução. Seria
possível, neste momento, indagar-se sobre a natureza da tradução comentada, sua
configuração e sua finalidade. Em resumo, o que seria uma tradução comentada,
como seria ela, para que serviria e, mais especificamente, no horizonte deste
trabalho, o que seria, como seria e para que serviria uma tradução comentada no
âmbito acadêmico? Para lançar reflexões iniciais a respeito desse gênero em
construção (ZAVAGLIA, RENARD E JANCZUR, 2015, p. 337).

Neste ponto, reflito sobre a natureza da tradução comentada, sua estrutura, percurso e
finalidade. Os Estudos da Tradução são comparados a outras ciências bastante recentes. O texto
seminal de Holmes23 (1988), “The Name and Nature of Translation Studies”, inaugura uma
nomenclatura que se tornou definitiva e saiu na vanguarda desses estudos, cuja fase mais produtiva
começou a partir da década de 1980. O que se pode dizer da “Tradução Comentada”? Pode-se dizer
que se trata de gênero em formatação cuja identidade engatinha. Para que ela serviria em relação aos
Estudos da Tradução, e, particularmente, no âmbito deste trabalho? Qual seria a natureza e
importância de uma tradução comentada no propósito acadêmico?
Na tradução comentada que apresento neste trabalho, pretendo pautar-me pela opção de
realizar uma tradução que manterá intocados os termos do âmbito fonético-fonológico da língua
inglesa que ainda não tiverem suas respectivas traduções disponíveis na língua portuguesa. Por
exemplo, o termo trill (vibrante múltipla alveolar que é um tipo de alofone de /r/ realizado em
algumas variantes do inglês, como o realizado na Escócia) manteve-se como tal em português,
portanto, não tento buscar uma alternativa de nomeá-lo em nosso idioma. No caso do termo pitch,
embora alguns autores prefiram mantê-lo em inglês, a professora Taís Cristófaro Silva sugere, em
seu “Dicionário de Termos Fonéticos” (2015), que seja traduzido como altura. Darei, em casos
como esse, preferência ao termo em português, exceto nas construções como high pitch em que
manterei o termo em inglês, nesse caso (pitch alto) para evitar redundâncias do tipo “altura alta”.

23
O texto reproduz um trabalho apresentado na seção de Tradução em 21-26 de agosto de 1972, no III Congresso
Internacional de Linguística Aplicada, realizado em Copenhague.

56
Garcia (1992) faz a seguinte reflexão a respeito da tradução de termos “problemáticos”, como
pitch:

Alguns problemas podem ter origem em palavras isoladas na língua-fonte,


especialmente quando não se encontra um equivalente na língua-alvo. Nestes casos,
o tradutor é obrigado a recorrer ao uso de uma locução maior para poder transmitir
o significado exato de uma única palavra na língua-fonte. Na área da fonologia, tem
interesse particular a tradução de palavras como pitch, key, tap, glide; low e loud
para qualificar ‘volume’; low e high para qualificar ‘altura’. O substantivo pitch e
os adjetivos high e low nas expressões the higher the perceived pitch e produce
sounds of a lower pitch poderiam ser traduzidos por ‘mais alta é a altura percebida’
e ‘produzem sons de altura mais baixa’. Os adjetivos ‘alta’ e ‘baixa’, no entanto,
podem ser substituídos vantajosamente por ‘agudo’ e ‘grave’: ‘mais agudo é o som
percebido’ e ‘produzem sons mais graves’. A palavra ‘altura’, referindo-se a sons,
é normalmente associada tanto a ideia de ‘frequência’, como também a de
‘intensidade’ ou ‘volume’ de um som. Quando estes dois adjetivos, low e high,
modificam o substantivo pitch, a tradução literal torna-se pouco elegante, porém
precisa. Tecnicamente, as expressões sound of high pitch e sound of low pitch são
mais bem traduzidas por ‘som agudo’ e ‘som grave’ do que por ‘som de alta altura’
e ‘som de baixa altura’ (GARCIA, 1992, p.79).

A tradução comentada tem, aparentemente, um percurso em espiral cujos procedimentos


metodológicos partem do levantamento das dificuldades em pontos específicos do texto, busca de
soluções, passando por questionamentos e culminando em eventuais (re)traduções do próprio
produto resultante do ato tradutório. A respeito, assim se manifestam Zavaglia, Renard e Janczur:

[...] a função da tradução comentada seria, primeiramente, pedagógica, pela qual o


estudante, ao registrar um processo primordialmente analítico, questiona
constantemente suas próprias decisões, mergulha no texto original enquanto leitor-
tradutor, tenta entender as dificuldades interpretativas da obra em tradução, sejam
elas referentes à morfologia, à sintaxe, à semântica, à pragmática e a todos os
aspectos históricos, culturais, sociais, econômicos – incluindo os temporais,
relativos ao seu próprio prazo de conclusão de trabalho, com ou sem bolsa de
estudos, e aos qualitativos, referentes à avaliação do trabalho –, enfim, o entorno
dos textos concernentes em diálogo, ou seja, as dificuldades que permeiam o seu
ato tradutório e as soluções imaginadas (2015, p. 349).

O gênero textual tradução comentada dá ao tradutor a chance de justificar suas decisões,


esclarecendo por meio da reflexão, o que lhe permite relembrar aspectos que ocorreram em dados
momentos do ato tradutório e que podem eventualmente ser alterados ou ajustados com o objetivo
de que se produza um produto final melhor.

57
Na realização do ato tradutório, considerando exclusivamente o contexto acadêmico, o
percurso da tradução comentada pode evidenciar as dúvidas do tradutor, trazendo à tona suas
escolhas, as justificativas de decisões e o aparato teórico que lhe serve de apoio, tanto para as ações
cognitivas quanto para as intuitivas.
Em minha proposta de tradução comentada, apresento o texto-fonte como técnico e
científico, como mencionado por Polchlopek e Aio: “Sabe-se, por outro lado, que os textos técnicos
não permitem muitas variações estilísticas, o que, no entanto, não lhes diminui o valor, visto que
atuam diretamente no processo de disseminação de dados e experiências tecnológicas e científicas
(2009, p. 104, grifo nosso)”.
Em resumo, no campo da tradução comentada, o gênero técnico-científico ainda se encontra
em fase de construção e é pouco investigado nos Estudos da Tradução, mas certamente merece um
lugar de reflexão na área. Foi para contribuir com o gênero e com a proposta de difusão de
conhecimentos da fonética que o presente trabalho objetiva disponibilizar em língua portuguesa e
em contexto acadêmico, à luz da teoria funcionalista de Nord (1997), a tradução comentada de um
clássico teórico.
De acordo com Janczur, (2015, p. 84), historicamente a tradução sempre teve como objetivo
principal a difusão do conhecimento. A cada vez que se faz uma tradução, compartilha-se, de alguma
forma, um conhecimento. Pode-se observar, pelo menos nos dois últimos milênios, que a cada
tentativa de traduzir textos, o desejo de compartilhar conhecimento tinha um papel protagonista e,
de fato, era um de seus principais objetivos. A atividade tradutória pode ter sido resultado da
inquietação de tradutores que se debruçavam sobre textos e informações que, segundo suas
convicções, não poderiam ser sonegados ao público que não podia ler na língua fonte, não apenas
no que diz respeito à tradução científica, mas em todas as esferas do conhecimento humano. Esteves
corrobora essa ideia ao afirmar que

parece haver consenso em que a tradução tem como função primordial trazer para
determinada língua uma informação que está escrita em outra. Podemos dizer,
portanto, que a difusão de conhecimento depende, em grande medida, da tradução.
Todas as ciências, sejam elas biológicas, humanas ou exatas, bem como todo o
conhecimento por elas produzido foram ao longo dos séculos transmitidos entre
culturas e, consequentemente, traduzidos (2014, p. 75).

58
Janczur (2015) afirma que há diferentes tipos de comentário no gênero textual técnico-
científico. A autora os distingue em históricos (compreendem fatos que refletem um dado momento
da História), explicativos (são um elemento facilitador para o leitor não familiarizado com a
terminologia da obra) e atualizadores (designam ou conceituam modernamente o contexto científico
ou a terminologia), além de notas de caráter híbrido, (pois tanto trazem informações a respeito da
opção de tradução como da atualização de um termo). Janczur exemplifica uma opção de tradução
de caráter híbrido pelo fato de a manutenção do termo “experiência” ser, ao mesmo tempo, histórica
e atualizadora em sua tradução:

Hoje distingue-se “experiência” (vivência) e “experimento” (atividade no


laboratório). O próprio Claude Bernard alerta mais adiante no seu texto que essa
distinção pode ser feita também em língua francesa. No entanto, ele afirma que irá
utilizar, em qualquer dos casos, a palavra “experiência”, uma vez que essa distinção
ainda não estava muito bem estabelecida na época. Para obedecer ao mesmo critério
que foi outrora adotado por ele, optamos por traduzir a palavra expérience por
experiência, em qualquer das conotações, mesmo sabendo que em certos casos o
mais coerente atualmente seria dizer experimento (nos casos em que ele se refere
ao procedimento de laboratório) (JANCZUR, 2015, p.124).

2.6 A teoria da invisibilidade do tradutor

Na primeira vez em que ouvi alguém falar sobre a invisibilidade do tradutor (na primeira
disciplina de meu doutoramento em Estudos da Tradução, em março de 2016, na cidade de
Bragança-Pará), achei que se tratava de qualidade fundamental de um bom tradutor, porque
comparei a invisibilidade do tradutor com a atuação de um árbitro de futebol em uma partida
importante, afinal, quanto menos o árbitro aparece, melhor é sua performance no jogo, espera-se
desse profissional do futebol, mesmo em jogos de menor importância, que passe despercebido, o
que seria um indicador de que ele não interfere no bom andamento da partida e que, de maneira
geral, suas decisões agradam. Lendo The Translator’s Invisibility: A History of Translation (1995,
segunda edição em 2008), descobri que o livro foi um marco na teoria contemporânea sobre tradução
e estudos culturais. O ítalo-americano Lawrence Venuti, tradutor e teórico dos estudos da tradução,
ocupou-se, efetivamente, em criticar e denunciar a condição de invisibilidade do tradutor nas
culturas britânica e norte-americana. Em um dos capítulos do livro, mais precisamente no que se
intitula “Invisibility”, o autor afirma que o objetivo do livro é tornar o tradutor mais visível, de modo

59
a mudar as condições sob as quais a tradução é teorizada, estudada e praticada, particularmente em
países de língua inglesa (VENUTI, 1995-2008, p. 13).
Antes de proceder a qualquer redimensionamento é necessário observar abaixo a definição
de “invisibilidade” como proposta pelo próprio autor.

“Invisibilidade” é o termo que utilizarei para descrever a situação e a atividade do


tradutor nas culturas britânica e americana contemporâneas. Refere-se a pelo menos
dois fenômenos mutuamente determinantes: o primeiro trata-se de um efeito
ilusionista do discurso, da própria manipulação do tradutor da língua-alvo, o inglês,
neste caso; o segundo é a prática de ler e avaliar traduções que há muito tempo
prevalecem no Reino Unido e nos Estados Unidos, entre outras culturas, tanto
anglófonas quanto em língua estrangeira24 (VENUTI, 2008, p. 1).

Com o propósito de afinar um pouco mais sua definição, Venuti (ibid.) acrescenta ainda que
um texto traduzido, independentemente do gênero, é julgado como aceitável pela maioria dos
editores, revisores e leitores quando lido com fluência, quando a ausência de qualquer
particularidade linguística ou estilística o faz parecer transparente, dando a impressão de refletir a
personalidade ou a intenção do escritor ou até mesmo a mensagem essencial do texto estrangeiro -
a aparência, isto é, que a tradução não é de fato uma tradução, mas o próprio “original”.
A ilusão de transparência é um efeito da estratégia de tradução fluente, do esforço do tradutor
para garantir fácil legibilidade, aderindo ao uso corrente da língua, mantendo a sintaxe linear,
disponibilizando um significado preciso sem as eventuais estranhezas da língua-fonte. Venuti (2008)
acrescenta que uma tradução é fluente quando é imediatamente reconhecível e inteligível,
“familiarizada”, domesticada, não “desconcertante[mente]” estrangeira, capaz de dar ao leitor
acesso desobstruído a grandes pensamentos, ao que está “presente no original”.
Insisto em retomar a imagem da invisibilidade do árbitro de futebol mencionado
anteriormente que, ao ser invisível em uma partida, alcança a excelência na execução de seu
trabalho. Por outro lado, Venuti revela com pesar a invisibilidade e denuncia eloquentemente que o

24
“Invisibility” is the term I will use to describe the translator’s situation and activity in contemporary Anglo-American
culture. It refers to two mutually determining phenomena: one is an illusionistic effect of discourse, of the translator’s
own manipulation of English; the other is the practice of reading and evaluating translations that has long prevailed in
the United Kingdom and the United States, among other cultures, both English and foreign- language. (VENUTI, 2008,
p. 1

60
fato de ser invisível na condição de tradutor é algo que deve ser evitado, ao afirmar que até mesmo
os leitores desempenham papel significativo na tradução. Assegura ainda que esse efeito ilusório,
de promover traduções fluentes, ocorra por causa da tendência geral de se ler traduções, sobretudo
com o objetivo de ter como parâmetro apenas o significado, reduzir as características estilísticas da
tradução ao texto estrangeiro e questionar qualquer uso de linguagem que possa interferir na
comunicação aparentemente despreocupada da intenção do escritor estrangeiro.
A respeito do efeito da transparência, Venuti comenta:

O que é tão notável aqui é que o efeito da transparência oculta as inúmeras


condições sob as quais a tradução é feita, começando com a intervenção crucial do
tradutor. Quanto mais fluente for a tradução, mais invisível será o tradutor e,
presumivelmente, mais visível será o escritor ou o significado do texto estrangeiro25
(2008, p.1-2).

Venuti afirma que essa ideia diz respeito a dois fenômenos importantes. O primeiro trata do
efeito ilusionista do discurso (um efeito de transparência no próprio discurso, resultado da
manipulação da língua de tradução feita pelo tradutor, o que faz com que os leitores assumam a
tradução de um texto estrangeiro como se este houvesse sido originalmente escrito na língua-meta.
Essa transparência causa a impressão de que o texto fora escrito inicialmente, neste caso, em inglês),
portanto, da própria manipulação do tradutor no que respeita à adaptação que faz no uso da língua
inglesa.
O segundo fenômeno trata da prática de ler e avaliar traduções, que há muito prevalece no
Reino Unido e nos Estados Unidos: do que faz com que uma tradução seja considerada de boa
qualidade quando há fluência em sua leitura, quando a adaptação (domesticação) dos traços
linguísticos ou estilísticos que são típicos da língua de partida a faz parecer transparente, na tentativa
de transmitir a intenção da essência do texto estrangeiro, causando, a rigor, a impressão de não se
tratar de uma tradução mas, do próprio original. (VENUTI,2008, P. 1-2)
Para LawrenceVenuti,

25
What is so remarkable here is that this illusory effect conceals the numerous conditions under which the translation
is made, starting with the translator’s crucial intervention in the foreign text The more fluent the translation, the more
invisible the translator, and, presumably, the more visible the writer or meaning of the foreign text. (2008, p.1-2).

61
Uma tradução fluente é imediatamente reconhecível e inteligível, "familiarizada",
domesticada, não "desconcertantemente" estrangeira, capaz de dar ao leitor "acesso
desobstruído a grandes pensamentos" ao que está "presente no original". Sob o regime de
tradução fluente, o tradutor trabalha para tornar seu trabalho "invisível", produzindo o efeito
ilusório de transparência que mascara simultaneamente seu status como uma ilusão: o texto
traduzido parece “natural”, isto é, "não é traduzido26. (2008, p. 5).

É preciso, contudo, atentar para o fato de que, no caso de um diálogo entre dois adolescentes
de uma determinada comunidade, a linguagem não será padrão, será polissêmica e será marcada por
linguagem local com gírias e regionalismos.
A estratégia de fluência que fora severamente criticada por Venuti, (VENUTI, 2008, p. 5) e
que, segundo ele, predomina no sistema anglo-americano, tem como objetivo apagar a intervenção
do tradutor no ato de traduzir e anular diferenças linguísticas e culturais do texto-fonte. Este é
reescrito com a utilização de um discurso transparente, recheado com elementos da cultura receptora
e é marcado por valores, crenças e representações sociais dessa cultura. Na reescrita, a busca da
fluência promove a aculturação que domestica o texto estrangeiro, tornando-o acessível e familiar
para o leitorado do texto traduzido, propiciando-lhe a experiência narcisista de reconhecer a sua
própria cultura em um Outro cultural, em uma atitude imperialista. Considerando ainda a
invisibilidade do tradutor Venuti afirma:

A invisibilidade do tradutor também é parcialmente determinada pela concepção


individualista de autoria que continua a prevalecer na cultura anglo-americana. De
acordo com essa concepção, o autor expressa livremente seus pensamentos e
sentimentos através da escrita, o que é, desta forma, visto como uma auto-
representação original e transparente, não mediada por determinantes
transindividuais (linguísticos, culturais, sociais) que poderiam complicar a
originalidade autoral. Essa visão de autoria traz duas implicações desvantajosas
para o tradutor. Por um lado, a tradução é definida como uma representação de
segunda ordem: somente o texto estrangeiro pode ser original, uma cópia autêntica,
fiel à personalidade ou intenção do autor, enquanto a tradução é derivada, falsa,

26
A fluent translation is immediately recognizable and intelligible, “familiarised,” domesticated, not “disconcerting[ly]”
foreign, capable of giving the reader unobstructed “access to great thoughts,” to what is “present in the original.” Under
the regime of fluent translating, the translator works to make his or her work “invisible,” producing the illusory effect
of transparency that simultaneously masks its status as an illusion: the translated text seems “natural,” that is, not
translated. (2008, p. 5).

62
potencialmente uma cópia falsa. Por outro lado, a tradução é necessária para apagar
o seu status de segunda ordem com discurso transparente, produzindo a ilusão de
presença autoral pela qual o texto traduzido pode ser tomado como o original.
Embora muito da concepção individualista de autoria desvalorize a tradução, ela é
tão difundida que molda as autoapresentações dos tradutores, levando alguns a
psicologizar sua relação com o texto estrangeiro como um processo de identificação
com o autor27 (VENUTI, 2008, p. 6-7)

Para contrapor-se à estratégia da fluência que domestica o texto estrangeiro, Venuti (2008)
propõe o recurso da “fidelidade abusiva”, com base nas reflexões de Lewis, (1985, p. 39), indo,
assim, na contramão dessa tendência. Defende uma estratégia de resistência que impeça o efeito
ilusionista de transparência no texto traduzido e torne visível o trabalho do tradutor, que tem função
política e cultural, e ajude a preservar a diferença linguística e cultural do texto estrangeiro ao
produzir traduções ‘estranhas’, pouco familiares, que demarcam os limites dos valores dominantes
na cultura da língua-meta e que evitam que esses valores promovam uma domesticação imperialista
do Outro:
Defender a tradução estrangeirizante em oposição às tradições britânicas e
americanas de domesticação não é acabar com as agendas políticas culturais - essa
defesa é uma agenda. O objetivo é, antes de tudo, desenvolver uma teoria e uma
prática de tradução que resista a valores dominantes na cultura receptora, de modo
a significar as diferenças linguísticas e culturais do texto estrangeiro. O conceito de
“fidelidade abusiva” de Philip Lewis pode ser útil em tal teorização: reconhece a
relação abusiva e equívoca entre a tradução e o texto estrangeiro e evita a estratégia
fluente prevalecente para imitar na tradução quaisquer características de abuso de
textos estrangeiros ou resistir a valores culturais dominantes na língua estrangeira
(VENUTI 2008, p.18).

27
No original: “The translator’s invisibility is also partly determined by the individualistic conception of authorship that
continues to prevail in Anglo-American culture. According to this conception, the author freely expresses his thoughts
and feelings in writing, which is thus viewed as an original and transparent self-representation, unmediated by
transindividual determinants (linguistic, cultural, social) that might complicate authorial originality. This view of
authorship carries two disadvantageous implications for the translator. On the one hand, translation is defined as a
second-order representation: only the foreign text can be original, an authentic copy, true to the author’s personality or
intention, whereas the translation is derivative, fake, potentially a false copy. On the other hand, translation is required
to efface its second-order status with transparent discourse, producing the illusion of authorial presence whereby the
translated text can be taken as the original. However much the individualistic conception of authorship devalues
translation, it is so pervasive that it shapes translators’ self- presentations, leading some to psychologize their relationship
to the foreign text as a process of identification with the author.”

63
A estrangeirização certamente ampliaria o arcabouço cultural do leitor da língua-meta,
enriqueceria sua perspectiva no que diz respeito à consciência da existência de múltiplas culturas,
ampliando seus conhecimentos e promovendo, por consequência, o respeito e a valorização não
somente das suas próprias, mas também das tradições políticas, sociais e culturais do Outro.
Retomando a discussão sobre a invisibilidade, Venuti (2008, p.15) traz à tona os dois tipos
de estratégia tradutória postuladas por Schleiermacher na memorável conferência Über die
verschiedenen Methoden des Übersetzens (“Sobre os diferentes métodos de tradução”), de 1813.
Naquela conferência, Schleiermacher afirmara que o “verdadeiro tradutor, aquele que realmente
pretende levar ao encontro essas duas pessoas tão separadas, seu autor e seu leitor”
(SCHLEIERMACHER, 2001, p. 43), tem duas alternativas como método tradutório: ou “deixa o
autor em paz e leva o leitor até ele; ou deixa o leitor em paz e leva o autor até ele” (id. p. 43). No
texto sobre a invisibilidade do tradutor , Venuti cita a referida fala de Schleiermacher:

Em uma palestra de 1813 sobre os diferentes ‘métodos’ de tradução, o referido


autor argumentou que há apenas dois: ‘Ou o tradutor deixa o autor em paz tanto
quanto possível e leva o leitor até ele; ou ele deixa o leitor em paz, tanto quanto
possível, e move o autor em direção a ele’ (VENUTI, 2008, p. 15).

Em seu texto, Schleiermacher menciona o – “primeiro” e o – “segundo” método, e


claramente defende o primeiro como mais adequado para a tradução, pois proporciona
distanciamento entre leitor-alvo e autor do texto original; já o segundo, “não exige empenho e
esforço de seu leitor [e] por magia lhe transfere o autor estrangeiro para seu presente imediato e [...]
quer lhe mostrar a obra assim como ela seria, se o autor mesmo a tivesse escrito originalmente na
língua do leitor” (SCHLEIERlMACHER, 2001, p. 63).
Quase dois séculos depois, num período em que houve uma significativa baixa na demanda
de traduções de literatura ficcional para a língua inglesa, Venuti (2008, p.15) propõe um componente
ideológico e paralelo aos dois métodos de Schleiermacher e os intitula de “estrangeirização”
(método de distanciamento, que leva o leitor-alvo até o autor do texto-fonte), e de “domesticação”
(que aproxima o autor do texto-fonte do leitor-alvo por meio da estratégia de fluência, descrita
anteriormente).
Schleiermacher permitiu que o tradutor escolhesse entre uma prática domesticante,
uma redução etnocêntrica do texto estrangeiro para receber valores culturais,
trazendo o autor de volta para casa, e uma prática de estrangeirização, uma pressão

64
etnodesviante sobre esses valores para registrar as diferenças linguísticas e culturais
do texto estrangeiro, enviando o leitor para o exterior (VENUTI, 2008, p.15).

Nessa proposta, Venuti também defende e recomenda o método de distanciamento, (no seu
caso, por motivos político-ideológicos) como forma de resistência ao predomínio da proposta de
domesticação na tradição da cultura tradutória de língua inglesa. Venuti assinala que a domesticação
promove “uma redução etnocêntrica do texto estrangeiro aos valores da cultura receptora” (2008, p.
15). No outro extremo, a estrangeirização institui uma “pressão etnodesviante sobre tais valores [da
cultura receptora] para registrar as diferenças linguísticas e culturais do texto estrangeiro”
(VENUTI, 2008, p. 15).
Com a defesa da estrangeirização, Venuti busca combater a ideologia domesticadora
predominante no mundo anglófono, em que a fluência era o único critério de avaliação. É
exatamente por essa razão que Venuti também se refere ao método estrangeirizante como uma
bandeira de “resistência”, visto ser uma modalidade de tradução sem relação ou afinidade com a
fluência, que provoca estranhamento com o objetivo de tornar visível o tradutor e suas escolhas.
Assim, destaca-se a identidade estrangeira do texto-fonte, protegendo-a da dominação e opressão
ideológica da cultura receptora. Em seu modelo de tradução, Venuti propõe, a rigor, a criação de um
produto textual que se desvie, no que tange à forma, das normas literárias anglo-americanas
(tradicionalmente domesticadoras). Portanto, é preciso lançar mão de forma linguística mais familiar
e das formas coloquiais mais comuns, nos níveis sintático e lexical, para que o leitor da língua-alvo
esteja ciente de estar lendo uma obra traduzida.
Sobre o “estrangeiro”, Venuti disse:
na tradução estrangeirizadora, não é uma representação transparente de uma
essência que reside no texto estrangeiro e que tenha valor em si, mas uma
construção estratégica cujo valor depende da situação em vigor na cultura
receptora. A tradução estrangeirizadora mostra as diferenças do texto estrangeiro,
porém somente por meio da ruptura dos códigos culturais que prevalecem na
cultura-alvo. No empenho de fazer o que é próprio à cultura de partida, essa prática
tradutória deve fazer o que é impróprio à cultura de chegada, desviando-se o
suficiente das normas para apresentar uma experiência de leitura estranha —
escolhendo para traduzir um texto estrangeiro excluído pelos cânones literários da
cultura receptora, por exemplo, ou usando um discurso marginal para traduzi-lo28”
(VENUTI, 2008, p. 15-16).

28
The “foreign” in foreignizing translation is not a transparent representation of an essence that resides in the foreign
text and is valuable in itself, but a strategic construction whose value is contingent on the current situation in the

65
Até esse ponto, as ideias de Venuti em sua obra intitulada “The Translator’s Invisibility”, de
2008, foram aqui apresentadas com ênfase na questão da resistência ao texto “domesticado”, na
tradição das traduções anglo-americanas, entretanto não posso deixar de mencionar outro livro
igualmente importante do referido autor, “The Scandals of Translation: Towards an Ethics of
Difference”, publicado em 1998, no qual as reflexões abordadas no livro anterior são rediscutidas e
aprofundadas, desta feita com base em estudos de caso, confirmando sua proposta de resistência à
tradução domesticadora e defesa da prática estrangeirizadora, que preconiza um produto que
valoriza e divulga a cultura do outro, que torna o tradutor mais visível e cria um texto mais
heterogêneo e minorizante.
Em “Translation, community, utopia”, parte integrante da obra maior “The translation
studies reader” (2012), Venuti refere-se a uma ética da estrangeirizacão da seguinte forma:

No entanto, uma ética que se opõe aos efeitos domesticadores da inscrição só pode
ser formulada e praticada principalmente em termos domésticos, em dialetos,
registros, discursos e estilos domésticos. E isso significa que as diferenças
linguísticas e culturais do texto estrangeiro só podem ser sinalizadas indiretamente,
por seu deslocamento na tradução, através de uma diferença doméstica introduzida
em valores e instituições nacionais. Essa atitude ética é, portanto, simultânea a uma
agenda política: os termos domésticos da inscrição tornam-se o foco da reescrita na
tradução, estratégias discursivas em que as hierarquias que classificam os valores
na cultura doméstica são desarranjadas para definir processos em andamento de
desfamiliarização, reforma canônica, crítica ideológica e mudança institucional.
Um tradutor pode achar que o próprio conceito da interrogação de méritos
domésticos por sua ocultação de heterogeneidade e hibridismo que podem
complicar estereótipos existentes, cânones e padrões aplicados na tradução29
(VENUTI, 2012, p.469).

receiving culture. Foreignizing translation signifies the differences of the foreign text, yet only by disrupting the cultural
codes that prevail in the translating language. In its effort to do right abroad, this translation practice must do wrong at
home, deviating enough from native norms to stage an alien reading experience – choosing to translate a foreign text
excluded by literary canons in the receiving culture, for instance, or using a marginal discourse to translate it. (VENUTI,
2008, p. 15-16)

29
Yet an ethics that counters the domesticating effects of the inscription can only be formulated and practiced primarily
in domestic terms, in domestic dialects, registers, discourses, and styles. And this means that the linguistic and cultural
differences of the foreign text can only be signalled indirectly, by their displacement in the translation, through a
domestic difference introduced into values and institutions at home. This ethical attitude is therefore simultaneous with
a political agenda: the domestic terms of the inscription become the focus of rewriting in the translation, discursive
strategies where the hierarchies that rank the values in the domestic culture are disarranged to set going processes of
defamiliarization, canon reformation, ideological critique, and institutional change. A translator may find that the very
concept of the domestic merits interrogation for its concealment of heterogeneity and hybridity which can complicate
existing stereotypes, canons, and standards applied in translation. (VENUTI, 2012, p.469).

66
Retomo o texto em que Venuti justifica sua atração pelas literaturas menores em seus projetos
de tradução, demonstrando sua preferência por textos estrangeiros que apresentam status de
minoridade e característica marginal em suas culturas de origem, ou que, em tradução, “possam ser
úteis na minorização do dialeto-padrão e das formas culturais dominantes no inglês americano”
(1998, p.10).
Para Venuti, essa preferência decorre parcialmente de uma agenda política e democrática:
uma oposição à hegemonia global do inglês. Uma reavaliação nas opiniões anteriores no que diz
respeito à sua atração pela literatura de minoridade se manifesta no enunciado que segue: “A
ascendência econômica e política dos Estados Unidos reduziu as línguas e culturas estrangeiras a
minorias em relação à sua língua e cultura” (1998, p. 10). Define que a tradução minorizante tem
como meta fundamental a inovação quando afirma que ela objetiva “jamais erguer um novo padrão
ou estabelecer um novo cânone, mas, ao contrário, promover inovação cultural” ( p. 11).
Considero que, neste ponto, é de fundamental importância trazer à tona as críticas de
queVenuti tem sido objeto por causa de sua estratégia de estrangeirização, normalmente
direcionadas a ambos os aspectos, o formal e o ideológico. O aspecto formal é muitas vezes
interpretado como a defesa de um texto truncado, pesado, de difícil leitura, pouco artístico, candidato
potencial à classificação de “má tradução”. No entanto, quando se trata do aspecto ideológico, as
críticas foram direcionadas à convocação para que os tradutores se opusessem à resistência em
relação à hegemonia do inglês. Para as nações e línguas ditas não hegemônicas, que comumente
consomem traduções, ser receptivo demais à letra estrangeira pode descaracterizar o que é nacional,
peculiar à cultura receptora e a uma consequente perda de identidade (MARTINS, 2010, p. 69).
Venuti dá início ao capítulo Invisibility com a seguinte epígrafe de Norman Shapiro:
Eu vejo a tradução como a tentativa de produzir um texto tão transparente que não
parece ser traduzido. Uma boa tradução é como um painel de vidro. Você só
percebe que está lá quando há pequenas imperfeições - arranhões, bolhas.
Idealmente, não deveria haver nenhuma. Nunca deveria chamar atenção para si
mesma30 (SHAPIRO, apud VENUTI, 2008, p. 1).

Parece que o autor americano quer fazer uma referência às ideias discrepantes à sua proposta.
Deve-se observar, todavia, que a estratégia de estrangeirização tem sido criticada quanto ao aspecto

30
No original: “I see translation as the attempt to produce a text so transparent that it does not seem to be translated. A
good translation is like a pane of glass. You only notice that it’s there when there are little imperfections— scratches,
bubbles. Ideally, there shouldn’t be any. It should never call attention to itself”.

67
formal e ao ideológico. No que diz respeito ao primeiro, Venuti é visto como defensor de um texto
truncado, pouco artístico e rotulável como má tradução. Em The Scandals of Translation, Venuti
aponta o que seria o maior dos escândalos em tradução no seguinte trecho:

A suposição predominante deste livro talvez seja o maior escândalo da tradução:


assimetrias, desigualdades, relações de dominação e dependência existem em cada
ato de tradução, de colocar a tradução a serviço da cultura tradutora. Os tradutores
são cúmplices na exploração institucional de textos e culturas estrangeiras. Mas
também houve tradutores que agiram com a mesma duvidosa atitude por conta
própria, não empregando nenhuma burocracia (VENUTI, 1998, p. 4).

Em minhas primeiras leituras da teoria venutiana sobre a dicotomia estrangeirização x


domesticação, comparando-as aos estudos de Schleiermacher a respeito do “estranhamento”,
cheguei a pensar que Venuti apenas propunha a utilização de nomenclaturas diferentes para o mesmo
argumento teórico. Entretanto, é preciso deixar claro que, pelo menos nesse aspecto específico, os
dois estudiosos distanciam-se de forma bem marcada: a estratégia de “estranhamento”, defendida
pelo teórico alemão, almejava o enriquecimento da língua e literatura alemãs, enquanto que a defesa
da prática tradutória estrangeirizadora e o projeto oposicionista minorizante do teórico norte-
americano têm como objetivo abalar e, de certa forma, minimizar o domínio global do inglês.
O título do livro The Scandals of Translation certamente foi escolhido por Venuti por ele se
referir a “escândalos” relacionados a qualquer tipo de tradução que tem um viés cultural, econômico,
político ou à formação de identidades culturais, sendo esta última, para ele, a maior fonte de
escândalos pelo poder que a tradução exerce na construção de representações de culturas
estrangeiras, e por elas espelharem valores estéticos da cultura-alvo. Segundo o autor, esses
escândalos são revelados quando se pergunta por que a tradução permanece à margem da pesquisa,
comentários e debates, especialmente em língua inglesa. Venuti (1998) afirma:

A tradução é estigmatizada como uma forma de escrita, desencorajada pela lei de


direitos autorais, depreciada pela academia, explorada por editores e corporações,
governos e organizações religiosas. A tradução é tratada de maneira tão
desvantajosa, quero sugerir, em parte porque ocasiona revelações que questionam
a autoridade de valores culturais dominantes e instituições. E como todo desafio a
reputações estabelecidas, provoca seus esforços no controle de danos, suas várias
funções políticas, todas projetadas para reforçar os valores e instituições
questionados, mistificando seus usos de tradução (VENUTI, 1998, p.1).

68
Na introdução de seu livro The Scandals of Translation, Venuti (1998, p.1) apresenta um
projeto em que joga luz sobre escândalos e as práticas tradutórias que mantêm o status marginal da
tradução. Para ele é preciso

expor esses escândalos investigando as relações entre a tradução e uma série de


categorias e práticas que contribuem para o status marginal atual. Essa investigação
deve começar com a disciplina emergente dos estudos de tradução. O treinamento
em tradução e pesquisa de tradução tem sido impedidos pela prevalência de
abordagens de orientação linguística que oferecem uma visão truncada dos dados
empíricos que elas coletam. Como tais abordagens promovem modelos científicos
para pesquisa, eles permanecem relutantes em levar em conta os valores sociais que
entram na tradução, assim como o estudo dela (VENUTI, 1998, p.1).

O teórico norte americano conclui que dessa forma a pesquisa torna-se cientificista, objetiva
ou isenta de valor, e ignora o fato de que a tradução, como qualquer outro tipo de prática cultural,
implica a reprodução criativa de valores. O resultado disso é que os estudos de tradução ficam
reduzidos à mera formulação de teorias gerais e à descrição de características e estratégias textuais
[…]. No final, a tradução sofre de um isolamento institucional, divorciada dos desenvolvimentos
culturais contemporâneos e dos debates que a investem com significado. (VENUTI,1998).
No capítulo 4, cujo título é “A formação de identidades culturais”, Venuti (1998) argumenta
que a cultura receptora, ao traduzir textos e aplicar a estratégia da domesticação, acaba
desistoricizando a obra estrangeira, excluindo valores, debates e conflitos das tradições literárias da
língua-fonte, e a reescreve em obediência aos estilos da língua-alvo e, na busca por fluência na
leitura do produto final, aplica-lhe os temas correntes que prevalecem na cultura receptora. É o que
se pode inferir seguinte passagem:
Além disso, ressalta que os padrões tradutórios podem fixar estereótipos e formar
atitudes domésticas com relação a culturas estrangeiras, ‘excluindo valores, debates
e conflitos que não estejam a serviço de agendas domésticas’ e estigmatizando ou
valorizando etnias, raças e nacionalidades específicas. Tais atitudes podem gerar
‘respeito pela diferença cultural ou aversão baseada no etnocentrismo, racismo ou
patriotismo’ (VENUTI, 2002, p. 67).

69
2.7 Desenvolvendo “Instruções de Tradução”: The Translation Brief

O translation brief são as diretrizes que um solicitante de um determinado serviço de


tradução estabelece, para que sirva de norte (referência) para o tradutor que tomará essas premissas
como base, quando executar um projeto de tradução. Trata-se de um conjunto de especificações
dadas por um cliente ao tradutor em relação a um determinado trabalho de tradução, no qual o
solicitante disponibiliza informações relevantes quanto a finalidade do texto, tipo de linguagem,
público-alvo etc.
O “Translation Brief” faz com que os postulantes permitam que os tradutores criem conteúdo
de língua-alvo que se aproxime do significado pretendido de um texto original, de uma maneira que
os leitores do idioma de destino possam entender e usar. Toda tarefa de tradução deve, portanto, ser
acompanhada de um brief que defina as condições sob as quais o texto-alvo deve desempenhar sua
função específica (NORD, 1997, p. 59).
Giuseppe Palumbo (2009) assim define o brief:

O translation brief (ou comissão de tradução) é o conjunto de especificações dadas


por um cliente ao tradutor em relação a um determinado trabalho de tradução. Um
brief pode fornecer informações quanto à finalidade do texto traduzido, o cliente
ou o público-alvo, as diretrizes estilísticas a serem seguidas, a terminologia
preferida e outros aspectos tais como layout e formatação. A noção de translation
brief é frequentemente usada nos Estudos da Tradução para se referir às
especificações explícitas ou implícitas para qualquer tarefa de tradução proposta.
Como tal, pode ser usado como parâmetro na discussão da aplicação de uma
estratégia de tradução particular ou na avaliação de textos traduzidos31 (2009, p.
124-125).

Um translation brief bem elaborado disponibiliza ao tradutor um panorama melhor (uma


figura mental) de um eventual produto final e irá ajudá-lo a definir que tipo de tradução é necessária,
facilitando, assim, seu trabalho já que é instrumento promotor de melhores materiais de tradução. A

31
No original: “The translation brief (or translation commission) is the set of specifications given by a client to the
translator in relation to a particular translation job. A brief can give information as to the purpose of the translated text,
the client or intended audience, the stylistic guidelines to be followed, the terminology to be preferred and other aspects
such as layout and formatting. The notion of translation brief is often used in translation studies to refer to the explicit
or implicit specifications for any given translation task. As such it may be used as a parameter in discussing the
application of a particular translation strategy or in the assessment of translated texts.”

70
construção do brief depende de informações fornecidas pelo requerente da tradução, entretanto, os
clientes geralmente não fornecem informações suficientes, o que exige que o tradutor precise fazer
algumas perguntas para construir o brief. Com base nas palavras de Nord (2007),

[…] a tradução normalmente é feita “sob encomenda”. Um cliente precisa de um


texto para um propósito particular e solicita uma tradução ao tradutor, agindo assim
como o iniciador do processo de tradução. Em um caso ideal, o cliente forneceria
o máximo de detalhes possível sobre o objetivo, explicando sobre os destinatários,
horário, local, ocasião e meio da comunicação pretendida e a função que o texto
deve ter. Esta informação constituiria um translation brief explícito
(Übersetzungsauftrag)32. (NORD, 2007, p. 30)

Definido por Byrne (2006, p. 39-40) como uma forma de especificação de projeto que
estabelece os requisitos para a tradução, o brief destina-se a formar a base para identificar os skopos
da tradução e deve, entre outras coisas, definir claramente para que serve a tradução e quem a
utilizará. O termo brief parte inicialmente da palavra alemã “Übersetzungsauftrag” que pode ser
traduzida literalmente como “comissão de tradução” ou “tarefa de tradução”. Nord introduziu um
terceiro termo, instruções de tradução (NORD, 1997, p. 8). No entanto, em um estudo recente, Janet
Fraser usa o termo “brief” (FRASER, 1996, p. 73).
Byrne apoia a necessidade de um brief, mas afirma que os clientes raramente são capazes de
fornecer algo mais relevante ou específico. Byrne relata:

Produzir um brief de uma tradução é um sucesso e um fracasso, pois os clientes


raramente são capazes de fornecer algo mais relevante ou específico do que “eu
tenho um documento de 7.500 palavras que eu preciso traduzir. Tem algo a ver com
a eletrônica e eu preciso disso até o final da semana” (BYRNE, 2012, p. 13).

Nesse caso, o tradutor precisa fazer algumas perguntas para criar alguma forma de resumo.
A falta de interesse por parte do cliente na construção do brief é comum, pois é mais simples atribuir
a responsabilidade integral ao tradutor, como afirma Byrne:

Podemos entender o Translation Brief como uma forma de especificação do projeto


que define os requisitos para o serviço/produto a ser fornecido. Idealmente, tal brief
seria bastante específico sobre a função pretendida da tradução, o público-alvo, o

32
No original: “[…] translation is normally done ‘by assignment’. A client needs a text for a particular purpose and calls
upon the translator for a translation, thus acting as the initiator of the translation process. In an ideal case, the client
would give as many details as possible about the purpose, explaining the addressees, time, place, occasion and medium
of the intended communication and the function the text is intended to have. This information would constitute an
explicit translation brief (Übersetzungsauftrag)”.

71
tempo, o lugar e o meio, bem como o propósito. O problema com esse conceito é
que o cliente que inicia uma tradução raramente é um profissional da linguagem e
geralmente não possui conhecimento linguístico especializado. Muitos clientes não
têm interesse algum na “mecânica” do processo de tradução e podem até considerar
essas informações como responsabilidade do tradutor 33 (BYRNE, 2006, p. 40).

Considerando que o tradutor, muitas vezes, é privado de informações que seriam úteis na
formulação do brief, Byrne recorre a uma metáfora para exemplificar a situação descrita acima.

O tradutor precisa direcionar suas ações da mesma maneira como um arquiteto


discute um projeto de construção com um cliente comum e leigo. O cliente
apresenta ao arquiteto uma ideia para a construção de uma casa e o arquiteto
aconselha o que é e o que não é possível dentro dos limites da física, da ciência de
materiais e dos regulamentos de construção. Tendo estabelecido o que o cliente
quer, o arquiteto decide como projetar e construir a casa e quais materiais serão
usados. O cliente, por ser tecnicamente leigo, não especificará quais materiais
estruturais serão usados, mas poderá especificar materiais cosméticos, como telhas,
vidros, portas, balaústres, etc. Essa distinção equivale ao tradutor que cuida das
estratégias de tradução e assuntos linguísticos e o cliente especificando coisas como
estilo, terminologia ou audiência geral. Em ambos os casos, o cliente especifica o
objetivo e o especialista (no nosso caso, o tradutor) decide a melhor forma de
conseguir isso. Desta forma, o Skopos, que servirá de suporte ao brief, não é uma
ocorrência aleatória ou acidental - é específico para uma constelação particular de
fatores relacionados à situação, propósito, requisitos, etc. (BYRNE, 2006, p. 40).

O processo tradutório normalmente envolve diferentes atores que, em conjunto, como as


engrenagens de uma grande máquina, trabalham em benefício do processo comunicativo. Há,
portanto, diferentes atores com suas respectivas funções e atribuições que, em conjunto, funcionam
de maneira que um brief seja construído para nortear uma “boa” tradução. Esses atores podem ser
chamados de Solicitantes, devem ter conhecimento do contexto e consciência da finalidade e usos
do texto original, além de estar aptos a informar o tradutor a respeito do objetivo pretendido e usos
para o produto da tradução.
Nord (2006) refere-se a esses diferentes atores da seguinte maneira

33
No original: “We can look at the translation brief as a form of project specification which sets out the requirements
for the service/product to be provided. Ideally, such a brief would be quite specific about the intended function of the
translation, the target audience, the time, place and medium as well as purpose. The problem with this concept is that
the client who initiates a translation is rarely a language professional and usually has no specialised linguistic knowledge.
Many clients have no interest whatsoever in the “mechanics” of the translation process and may even regard such
information as the responsibility of the translator.”

72
Na tradução, os remetentes e destinatários pertencem a diferentes grupos culturais,
pois falam idiomas diferentes. Formas não-verbais de comportamento também
podem ser diferentes. Como esses atores são oriundos de realidades culturais e
linguísticas diferentes, eles (remetentes e destinatários) precisam, assim, da ajuda
de alguém familiarizado com as duas línguas e culturas e que esteja disposto a
desempenhar o papel de tradutor ou intermediário entre eles. Em contextos
profissionais, os tradutores normalmente não agem por conta própria; eles são
solicitados a intervir pelo remetente ou pelo receptor ou talvez por uma terceira
pessoa. Do ponto de vista de um observador, esse terceiro estará desempenhando o
papel de “comissário” ou “iniciador”; do ponto de vista do tradutor, eles serão os
“clientes”. Os iniciadores podem ter propósitos comunicativos próprios ou
compartilhar os do remetente ou do receptor. A tradução envolve, portanto, visar
um propósito comunicativo particular que pode ou não ser idêntico ao que os outros
participantes têm em mente (NORD, 2006, p. 2).

“O Translation Brief, em linhas gerais, é uma ferramenta para especificar as premissas


incorporadas no texto-fonte, verificar a viabilidade do projeto para a tradução, fornecer orientação
de tradução e estabelecer critérios de qualidade, ele deve conter informações sobre: o (s) destinatário
(s) do texto-alvo, a hora (período) e o local previstos para a recepção de texto, a mídia através da
qual o texto será transmitido e o motivo para a produção ou recepção do texto; estas informações
permitirão algumas conjecturas quanto à função comunicativa que o texto pretende ter para os
possíveis receptores” (HablamosJuntos, 2009, p. 2).
O tradutor precisa ter conhecimento do público-alvo, das línguas envolvidas e das culturas,
principalmente do público-alvo. O objetivo do tradutor é comunicar a mesma informação ou “o
equivalente natural mais próximo da mensagem da língua-fonte para uma língua-meta,
primeiramente no que diz respeito ao significado e, secundariamente, no que diz respeito ao estilo
(NIDA, 1959, p. 19)”.
O processo de tradução deve envolver a criação de um novo texto em uma língua-alvo ao se
decifrar o significado da informação encontrada em um texto-fonte. Esse processo tem a ver com a
construção de significado. Qualquer trabalho de tradução pode estar sujeito a adaptações, que são
estratégias que os tradutores aplicam ao texto-alvo com objetivos bem definidos, sob o ponto de
vista do solicitante, uma reunião com o tradutor seria fundamental, para que alguns aspectos
importantes da traducão sejam incorporados ao brief. A necessidade e os benefícios dessa reunião
são mencionados no trecho abaixo:

73
Uma reunião com o tradutor seria evento fundamental para o compartilhamento de
ideias e estratégias para a formulação de um bom brief. Ter-se-ia desta maneira a
figura ideal, uma reunião ou discussão entre o solicitante e o tradutor é altamente
recomendada antes de finalizar o brief. Isso proporciona uma oportunidade para a
revisão das principais conclusões, bem como das perguntas, respostas, análises
adicionais e reflexões de ambas as partes. Essa interação seria mais produtiva se
ambas as partes tiverem a oportunidade de revisar o texto-fonte e um rascunho do
brief antecipadamente. Um dos principais objetivos dessa reunião é identificar
possíveis desafios de tradução e chegar a um acordo sobre como esses desafios
devem ser tratados. No mínimo, até o final desta discussão, a função pretendida da
tradução deve ser clara, os elementos funcionais que precisam ser adaptados ao
público-alvo devem ser identificados, a ênfase entre as substituições que precisam
ser gerenciados deve ser decidida e problemas que podem ser abordados no nível
lexical devem ser identificados. HablamosJuntos.org, April issue (2009, p. 15)

A revista HablamosJuntos (2009) sugere quatro passos para criar briefs para textos da área
de saúde, mas que podem ser adaptados a qualquer área específica:
Passo 1: Reúna informações sobre a função, finalidade geral e uso final do texto-fonte.
Aprenda sobre o texto de origem e o modo como ele é usado pelo público-fonte.
Passo 2: Avalie a qualidade do texto-fonte para tomar uma decisão Go/No-Go (será
considerado ou não será considerado). Novamente, textos de baixa qualidade impedem a produção
de traduções úteis. A tradução de textos mal escritos certamente produzirá resultados (produtos) mal
escritos.
Passo 3: compare e contraste os aspectos relevantes dos públicos-fonte e alvo para identificar
implicações para o texto-alvo. Analise o conteúdo do texto-fonte para identificar quaisquer instâncias
do viés da cultura fonte que precisarão ser substituídas pelas convenções da cultura-alvo, bem como
os desafios de tradução que precisarão ser superados.
Passo 4: Resuma para o tradutor as necessidades específicas e requisitos especiais. Trabalhe
com o tradutor para classificar e priorizar as compensações que precisam ser feitas para se chegar a
um acordo sobre a substituição de convenções da língua-meta sempre que necessário, com a proposta
de produzir uma tradução que seja lida como se um escritor nativo a tivesse criado34. revista
HablamosJuntos (2009, p. 7)

34
Step 1: Gather information about the function, overall purpose and end use of the source text. Learn about the source
text and how it is used by the source audience.

Step 2: Evaluate the quality of the source text to make a Go / No-Go decision. Again, poor quality source texts prevent
the production of useful translations.

74
A seguir, descrevo um brief simplificado, utilizado para a elaboração da tradução do “ACIP”,
que integra esta tese.

2.8 O “Brief” desta tese

O Quadro IV abaixo ilustra a estrutura de um Translation Brief disponível no site da revista


Hablamos Juntos April issue (2009, p. 15), cujo modelo pode ser adaptado a diferentes trabalhos
tradutórios de diferentes áreas.
Quadro IV: A Estrutura de um Translation Brief
Texto-fonte (inglês) Texto-alvo

Função Qual é o propósito/uso O texto-alvo será utilizado da


pretendido do texto? mesma maneira?
Audiência Quem é o destinatário do As características do público-
texto-fonte? alvo são semelhantes ou
diferentes do público-de
origem?
Período Quando e de que forma o O texto alvo será fornecido da
da texto original é fornecido mesma maneira e por quem?
Recepção a um paciente e por quem? As principais informações
As principais informações serão explicadas?
são explicadas?
Local da Onde o leitor encontra o O público-alvo encontrará o
Recepção texto? O texto é entregue texto da mesma maneira?
ao leitor ou apanhado no
balcão do consultório
médico etc.?
Propósito Por que o texto fonte foi Por que está sendo traduzido?
escrito? Existe uma A resposta desejada do leitor
resposta desejada do de destino é a mesma da
leitor? audiência de origem?
Fonte: revista Hablamos Juntos (Hablamos Juntos, 2009).

Step 3: Compare and contrast the relevant aspects of the source and target audiences to identify implications for the
target text. Analyze the content of the source text to identify any instances of source culture bias that will need to be
replaced by target culture conventions, as well as translation challenges that will need to be overcome, including
production challenges.

Step 4: Summarize for the translator specific needs and special requirements. Work with the translator to classify and
prioritize any tradeoffs that need to be made and arrive at an agreement about substituting target language conventions
where needed to produce a translation that reads like a native writer produced it. revista HablamosJuntos (2009, p. 7).

75
O Quadro IV acima apresenta um exemplo de um Translation Brief publicado no site da
revista Hablamos Juntos (Hablamos Juntos, 2009). Com base no qual, apresento o brief de minha
tese:

Skopos: pretendo com esta pesquisa disponibilizar material traduzido de forma confiável,
com base nas teorias dos Estudos da Tradução, tendo como propósito atender a uma demanda
importante de leitores que precisam de um clássico teórico sobre fonética em língua portuguesa.
Client: público acadêmico, preferencialmente os professores em formação (graduação) para
os quais a disciplina Fonética e Fonologia é fundamental.
Target Audience: alunos de graduação em Letras Vernáculas da UFPA em particular, e, em
última análise, estudantes (lusófonos) em geral que tenham interesse nos estudos da fonética.
Type of text: técnico-científico (teórico)
Register: linguagem técnica (coloquial tenso)
Vehicle of Communication: tese de doutoramento em Estudos da Tradução produzida com
amparo de bolsa de estudos CAPES, em formato impresso e em mídia virtual em uma parceria do
DINTER UFSC/UFPA.
Others: trata-se da tradução comentada para o português do Brasil do livro de Peter
Ladefoged (UCLA) e Keith Johnson (U.C Berkeley), “ACIP” 7ª edição. A obra se encaixa na
categoria de tradução de texto técnico e científico e, embora trate de conceitos, definições e
terminologias da área da fonética, traz no manuseio da linguagem uma leveza nas argumentações
para tornar a leitura agradável. O próprio autor a considera “student friendly” justamente por esse
caráter de dar suavidade ao que poderia ser um texto denso, específico e burocrático. Como se trata
de um curso de fonética, apresenta exercícios de fixação de conteúdo, incluindo páginas copiáveis
para que professores da área da linguística possam compartilhar com seus alunos as tarefas sugeridas
no livro.
Após disponibilizar o Brief desta pesquisa, considero que é necessária a ampliação da
proposta aqui apresentada, que será discutida com mais detalhes a seguir.

76
2.9 Tradução técnica vs. tradução científica

Esta subseção trata de tradução técnica e tradução científica e, para efeito de comparação,
abordarei também a relação dessas categorias com a tradução literária.

Inicialmente, revisitarei algumas definições de “tradução" que servirão como pano de fundo
para a discussão. Trata-se de definições que foram originalmente apresentadas por Garcia (1992, p.
75-76), aqui retomadas com o objetivo de ajudar a compreender o principal compromisso do
tradutor, o de produzir na língua-alvo um texto que mantenha a essência da mensagem pretendida
na língua-fonte, de forma que seu estilo e eventuais modificações no âmbito lexical, sintático ou
fonológico não privem os leitores da proposta e objetivos do autor do texto-fonte.

Não é fácil elaborar uma definição geral de tradução, dada a polissemia da palavra, que pode
significar tanto o ofício (atividade do tradutor) como o produto (texto traduzido) e, ainda, o processo
do ato tradutório, assim como também nomeia a disciplina.

No que diz respeito às teorias da tradução, o campo é igualmente fértil. Jakobson, por
exemplo, divide as teorias da tradução em três tipos: 1. tradução intralingual ou reformulação: que
seria a interpretação de signos verbais através de outros signos dentro da mesma língua (tradução de
uma obra espanhola do século XII para a língua espanhola moderna); 2. tradução interlingual:
interpretação de signos verbais através de outra língua (tradução de um texto em espanhol para o
português do Brasil); 3. tradução intersemiótica ou transmutação: interpretação de signos verbais
mediante signos de sistemas de signos não verbais (um poema traduzido em uma pintura ou dança,
um romance traduzido em um filme ou ópera). (JAKOBSON,1959, p. 114).

Permito-me de forma ousada, e com base em minhas leituras e na condição de tradutor em


formação, apresentar uma definição de “tradução” apenas para efeito de comparação, tendo a
consciência de que, certamente, ao final de meus estudos esta definição será “traduzida" para que
tenha uma aparência razoavelmente profissional. Somente para justificar a palavra “traduzida"
destacada acima, apresento a definição de José Saramago que certa vez escreveu em seu Cadernos
de Lanzarote ii o seguinte trecho, comentando o ato de traduzir

77
Escrever é traduzir. Sempre o será. Mesmo quando estivermos a utilizar a nossa própria língua. Para
o tradutor, o instante do silêncio anterior à palavra é pois como o limiar de uma passagem “alquímica”
em que o que é precisa de se transformar noutra coisa para continuar a ser o que havia sido. O diálogo
entre o autor e o tradutor, na relação entre o texto que é e o texto a ser, não é apenas entre duas
personalidades particulares que hão de completar-se, é sobretudo um encontro entre duas culturas
coletivas que devem reconhecer-se. (SARAMAGO, 2009, p. 153), (grifo nosso)

Reconhecendo a abrangência da palavra e restringindo seu escopo à tradução interlingual, eu


diria que: "traduzir é, transferir a mensagem de um texto de uma língua A para uma língua B,
utilizando-se dos recursos lexicais, sintáticos e fonológicos possíveis para atingir o objetivo de que
as ideias originais da língua A sejam claramente transmitidas, de forma que a essência de seus
enunciados seja preservada” (definição nossa em 2018). Na sequência, serão apresentadas as
definições propostas por profissionais.
Para Eugene Nida, “traduzir consiste em produzir na língua alvo o equivalente natural mais
próximo da mensagem da língua-fonte, primeiramente em significado e secundariamente em estilo”
(1966, p.19). Segundo Otávio Paz, “qualquer tradução, até um certo ponto, é uma invenção e, como
tal, constitui-se num texto singular” (1980, p. 38). Catford sustenta que traduzir é “a substituição de
um texto em uma língua (língua-fonte) por texto equivalente em outra língua (língua-alvo) (1980,
p. 20). Vermeer define “tradução” como a “produção de um texto em um ambiente-alvo para um
propósito-alvo e público-alvo em circunstâncias-alvo” (1987, p. 29). Finalmente, nas palavras de
Christiane Nord, tradução é a produção de um texto-alvo funcional, mantendo a sua relação com o
texto-fonte dado que é especificada de acordo com a função pretendida ou exigida do texto-alvo
(skopos/propósito da tradução). A tradução permite que aconteça um ato comunicativo o qual, em
razão da existência de barreiras linguísticas e culturais, não seria possível sem a tradução” (1991a,
p. 28).
Não ousarei aqui comentar a minha proposta, mas não me furtarei a comentar as definições
profissionais acima. Percebe-se que, para Nida, a palavra “equivalente” tem valor fundamental e ele
se utiliza do adjetivo “natural” que, segundo Garcia, desempenha papel importante. Nida também
enaltece o “significado” como foco principal. No entanto, Paz vê a tradução como invenção e, por
ter esse caráter, revela-se um texto singular. Catford apropria-se da palavra “equivalente” para
descrever o produto na língua-alvo. Para Vermeer o texto-alvo é a principal preocupação nos atos
tradutórios. O texto-fonte, através de sua notável ausência na definição acima, é de menor
importância aqui do que em teorias de tradução baseadas em equivalência.

78
Considero pragmaticamente o seguinte raciocínio: ainda que o tradutor omita ou acrescente
em seu produto final, é necessário que haja um equilíbrio em suas intervenções, de maneira que o
resultado final não descaracterize a mensagem pretendida pelo autor do texto-fonte. Para Nida,
“traduções em geral implicam: 1) perda de informação; 2) acréscimo de informação; e/ou 3)
distorção de informação”. No entanto, como mencionado anteriormente, se há prejuízo no que diz
respeito à mensagem pretendida no texto-fonte, a tradução não terá cumprido seu papel de
reprodução para a língua-alvo do item fundamental, “a mensagem” (1966, p.13).
De fato, o processo tradutório parece ser enriquecido quando a fidelidade ao texto-fonte e a
liberdade do tradutor em esclarecer os pontos obscuros aliam-se em benefício do produto final, para
que, na outra margem, o leitor seja contemplado com uma leitura fluente. Bassnett-McGuire
concorda com essa ideia: “Às vezes o tradutor pode enriquecer ou esclarecer o texto da língua-fonte
como resultado direto do processo de tradução” (1980, p.30). Garcia parece ratificar isso ao escrever:

Desta forma, a fidelidade, de um lado, e a liberdade, do outro, ressaltam como


qualidades essenciais da atividade do tradutor — a fidelidade na transmissão do
significado das ideias, da informação e da mensagem do texto da maneira mais
próxima do original; a liberdade para mudar o texto da maneira mais próxima do
original, ou seja, para mudar o léxico, a gramática e o estilo como forma de
aproximar a tradução da equivalência ideal ao texto original (GARCIA,1992, p.
77).

Todavia, considero que nem sempre é possível manter a equivalência de significado e estilo,
especialmente em línguas de origem mais distantes como, por exemplo, o russo e o português. Em
línguas como essas é crucial aplicar à tradução equivalentes mais próximos com o objetivo de
maximizar a acurácia das eventuais unidades de informação, de forma que a figura mental que será
fornecida ao leitor seja, no mínimo, bastante aproximada. Por isso, é importante dar fluência ao novo
texto, com escolhas mais adequadas de itens lexicais.

Segundo Newmark (2014, P. 10) a tradução nunca pode ser considerada uma ciência exata,
já que quaisquer duas línguas são, a rigor, diferentemente dotadas, embora não no mesmo grau. A
tradução do francês não-literário para o espanhol não-literário, por exemplo, costuma ser mais
precisa do que a tradução do francês não-literário para o alemão não-literário, simplesmente porque
o primeiro par de línguas é mais estreitamente inter-relacionado do que o segundo e por serem
línguas neolatinas.

79
No que concerne a diferenças importantes entre os textos literários e não-literários, Newmark
(2014, p. 10), refere-se a uma delas: o fato de que, nos textos literários, as palavras são tão
importantes quanto o seu conteúdo, enquanto nos textos não literários, apenas as palavras-chave que
representam conceitos significativos são relevantes. A tradução literária compreende o mundo da
mente e da imaginação; por seu turno, a tradução não literária retrata o mundo da realidade, de fatos
e eventos. A Literatura é escrita tanto para ser falada como “sonorizada”, isto é, lida em voz alta
para si mesmo e ouvida conscientemente em ritmo de fala natural, com uma ordem de palavras que
só se desvia para primeiro plano com o objetivo de (enfatizar), ou se entoa ao “fundo” para
(subestimar) um segmento de um texto. Já os textos não literários são escritos para serem lidos sem
som.

Ainda segundo Garcia, “a tradução também pode ser considerada, num sentido mais amplo,
como a troca de um texto em um determinado estilo por outro na mesma língua. A conversão de
obras literárias para adultos em material instrucional para crianças recai neste conceito”. (GARCIA,
1992, p. 76).
A discussão acima promove reflexões sobre as características que fazem parte, por exemplo,
de um trabalho de natureza literária.
Azenha Júnior (1996) critica a linha de raciocínio dos que acreditam que tradução literária
seja uma prática superior comparada à tradução técnica. Ele vai além, e enaltece a importância da
minuciosidade, do cuidado com os detalhes, da acurácia na tradução de textos técnicos, pois um
eventual erro de tradução poderia acarretar consequências desde as mais sutis até a desastres
importantes, como a queima de algum aparelho, ou a superdosagem de algum remédio que pudesse
levar um paciente à morte, por exemplo. No que diz respeito às tendências em subestimar os textos
técnicos em relação aos literários, ele argumenta:

[...] parece que traduzir um manual de operação para uma máquina de emborrachamento de tecido,
por exemplo, continua sendo uma atividade menor ‟do que traduzir um poema. No domínio concreto
do uso, porém, se é verdade que o manual dificilmente seria o livro de cabeceira de alguém, também
é verdade que o poema de nada serviria ao operário no momento de trabalhar com a máquina.
(AZENHA JÚNIOR, 1996, p.138).

Além do cuidado com detalhes, Wright e Wright afirmam que a tradução técnica e científica
demanda clareza, concisão e acurácia. Segundo esses autores, os principais objetivos estilísticos da

80
redação técnica são simultaneamente os mesmos da tradução técnica; um excelente tradutor técnico
é um excelente escritor técnico (WRIGHT e WRIGHT, 1993, P. 11)

Para os autores op. cit. p. 12, nenhum tipo de tradução, nem mesmo um documento técnico,
pode ser literal no sentido palavra por palavra. Conhecer e transmitir o contexto do documento
original em textos técnicos e científicos é crucial. Por exemplo, uma tradução de “ponto” do
português para o inglês como "point", "stitch" ou mesmo "dot" como em .com de endereços
eletrônicos, não funcionará se a palavra no contexto significar um “ponto” da linha de três metros
em uma partida de basquete (score).

Peter Newmark (2014) esclarece que textos literários são sobre pessoas, implicitamente
diálogos entre primeira e segunda pessoa do singular, com uma primeira pessoa do plural como
comentarista ou coro; textos não-literários são sobre objetos, basicamente na terceira pessoa. As
palavras do texto literário são sobre a verdade alegórica, portanto, moral. Os textos não-literários
são escritos para serem lidos sem som ou de forma dinâmica ou somente pelos pontos essenciais. O
núcleo dos textos literários é a metáfora original ou imaginativa e o neologismo; o cerne dos textos
não-literários é a metáfora padrão ou explicativa e a palavra simples. Os textos literários são escritos
para serem lidos em voz alta, para serem saboreados lentamente, para serem judiciosamente lidos
repetidamente e cada vez mais apreciados; o som de textos não-literários é muitas vezes ignorado e
eles são lidos rapidamente. (NEWMARK, 2014, P. 11)

Apresento nesse ponto, outro propósito desta seção que é a utilização indevida dos termos
tradução técnica e tradução científica. Segundo Byrne (2006) considerar a tradução técnica e a
tradução científica como sendo termos equivalentes (sinônimos) é uma tremenda falácia e pior que
isso é utilizar os termos de forma intercambiável. Sobre essa tendência de se utilizar os dois termos
como se fossem sinônimos, argumenta o autor retro citado:

Em toda a literatura sobre tradução, nas referências frequentemente breves à tradução técnica, vemos
a expressão tradução científica e técnica, em que, por conveniência talvez, os autores não veem
nenhum problema em tratar esses dois irmãos como gêmeos siameses ou ainda como a mesma pessoa.
Este erro fundamental serve apenas para confundir a questão, porque a tradução científica e técnica
não é a mesma e, como tal, não pode ser comparada de forma igual.35 (BYRNE, 2006, P. 7)

35 “Throughout the literature on translation, in the frequently brief references to technical translation we see the
expression scientific and technical translation, where, out of convenience perhaps, authors see no problem in treating
these two siblings as conjoined twins or even as the same person. This fundamental error serves only to confuse the

81
Maillot (1997) também considera texto técnico e texto científico como entidades distintas
embora compartilhem algumas afinidades, o autor exalta a necessidade de acurácia na tradução
destas categorias de textos e é flexível a eventuais adaptações.

As qualidades de precisão e rigor exigidas pela tradução de textos científicos ou técnicos são, na
verdade, aquelas que ocupam a primeira posição em um estudo que visa determinar as leis ou regras
que podem ser aplicadas, e não está excluído que algumas delas podem ser estendidas, com as
adaptações necessárias, a outras formas de tradução que não atendam a todos os aspectos que serão
abordados sucessivamente no presente trabalho 36. (MAILLOT,1997, P. 22)

Sem dúvida, há uma conexão íntima entre essas duas categorias de tradução, afinal ambas
trabalham com informações baseadas em trabalhos de cientistas, mas elas são distintas e embora
trabalhem com terminologia especializada e lidem com assuntos científicos complicados, suas
semelhanças aparentes não podem ser confundidas. Byrne (2006) finaliza sua argumentação sobre
a desambiguação da querela afirmando que

“uma das maneiras mais fáceis de desambiguar o assunto é olhar para as próprias palavras:
científico e técnico. Científico refere-se à ciência (…) técnico é relacionado à tecnologia (…). Assim,
podemos dizer que a tradução científica se relaciona com a ciência pura em toda a sua glória esotérica,
cerebral e teórica, enquanto a tradução técnica se relaciona com a forma como o conhecimento
científico é realmente colocado em uso prático, unhas sujas e tudo mais”. (BYRNE, 2006, p. 7-8,
grifos nossos)

Amparado pelas palavras de Byrne acima, entendo que o livro traduzido aqui neste trabalho
apresenta características de ambas as categorias de texto (técnico e científico); no entanto, classifico
o texto do livro ACIP como predominantemente científico, pois apresenta os aspectos da linguagem
científica, mas também, da linguagem e aplicabilidade técnica, portanto o chamarei de texto técnico

issue because scientific and technical translation are not the same and as such, cannot be compared equally”. (BYRNE,
2006, p. 7)

36 Las cualidades de precisión y rigor que exige las traduccions de textos científicos o técnicos son, em efecto, las que
ocupan el primer puesto em un estudio que tiene por objeto determinar las leyes o las reglas que pueden aplicársele, y
no se excluye que algunas de ellas pueden extenderse, com las adaptaciones necessárias, a otras formas de la traducción
que no reúnan todos los aspectos que se abordarán sucessivamente em la presente obra. (MAILLOT,1997, P. 22)

82
e científico, mas sem utilizar os dois termos como sinônimos, isto é, o texto tem características de
ambas as categorias, pois como afirma Byrne “a tradução científica e técnica não é a mesma coisa
e, como tal, não pode ser comparada de forma igual” (BYRNE, 2006, p. 7).

Olohan (2004, p. 2) exalta a importância do texto técnico e científico ao afirmar que o status
de “muitos dos trabalhos de tradutores do mundo inteiro em textos do referido gênero” demonstra a
real necessidade da tradução técnica e científica e seu inegável papel na era da tradução em escala
industrial.
A autora também traça suas próprias definições de terminologia e fraseologia como “a
coleção de termos para um domínio de assunto” e “padrões recorrentes de frases no discurso” e que
os termos especializados e as frases recorrentes são as características significativas do discurso
técnico e científico. (OLOHAN, 2004, p. 27).
Contudo, para Olohan (2004, p. 131), os estudos da tradução e a teoria da tradução têm dado
mais atenção à tradução de textos literários, religiosos e filosóficos do que à tradução não-literária.
Ora, a tradução de textos técnicos também, no meio acadêmico, é rotulada de “mundana” dada a
ausência do caráter conotativo que não lhe é peculiar.

Os estudos da tradução têm duas vertentes com propósitos, suposições e tendências distintos:
uma voltada à tradução literária e a outra que focaliza a tradução técnica ou científica e Garcia
(1992), referindo-se ao caráter arbitrário da língua, afirma:

Na poesia, salientam-se as qualidades básicas arbitrárias da linguagem. Assim, variações e


combinações de sons e acentos, em posições especificas, são explorados pelos poetas para criar
padrões impregnados de significado e senso estético. O texto científico ou técnico, por outro lado, (dá
ênfase à precisão e clareza do significado, ainda que com prejuízo do estilo. (GARCIA, 1992,
p.77).

Entretanto, nas discussões acadêmicas ainda existe a noção pré-concebida, amplamente


divulgada e com uma certa dose de preconceito, de que a tradução de textos técnicos é
qualitativamente “inferior” à tradução de textos de base literária e/ou cultural. Alguns teóricos
assinalam que, enquanto a tradução literária envolve criação, a tradução técnica se concentra nas
equivalências lexicais e terminológicas, como nas palavras de Aixelá (2004)

83
O raciocínio subjacente ao abordar este tipo de tradução geralmente é que a literatura envolve uma
elaboração criativa da língua, exigindo que o tradutor reelabore a língua de uma maneira igualmente
criativa, enquanto os tradutores de textos técnicos e científicos têm que lidar apenas com um tipo de
discurso onde o vocabulário (terminologia) é ou pelo menos tende a ser unívoco, tendo equivalentes
prontos, e o uso da língua (estilo) é simples e direto37. (AIXELÁ, 2004, p.1)

Nos dias atuais, os produtos dos estudos da tradução estão voltados quantitativamente à
tradução técnica e científica, visto que a maioria das atividades de traduções profissionais é
constituída por textos que pertencem, de forma bastante produtiva, aos domínios técnicos, científicos
e comerciais. Para Nida (apud Newmark, 2004, p. 8) “a literatura não representa mais do que 5% do
total de trabalhos que são traduzidos”. Existe de fato uma espécie de dualidade de mundos distintos
entre os interesses das duas vertentes da tradução. Newmark (2004), por exemplo, diz que

nenhuma profissão é mais dividida que a da tradução. O autor acrescenta que a tradução
técnica e científica trabalha com o conhecimento, fatos e ideias, informação e realidade,
enquanto que a tradução literária trabalha com indivíduos humanos, natureza e o planeta
habitado na imaginação; a primeira lida com fatos e a segunda, com valores; a primeira, com
a clareza de informação e a segunda, com o estilo como um reflexo do caráter38. (2004, p. 1)

Azenha (1999) elenca alguns desastres que resultaram de erros de tradução em textos
técnicos, que, independentemente de serem reais ou fictícios, nos remetem a uma reflexão a respeito
do que pode ser um indicador da importância da confiabilidade nesse tipo de produto.

Em se tratando de traduções técnicas, não é pequeno o anedotário sobre os “desastres” provocados por
erros: os casos relatados vão desde acontecimentos mais corriqueiros como eletrodomésticos
queimados e motores fundidos, passando por acidentes de maiores proporções como pontes que não

37 The underlying rationale when approaching this type of translation has usually been that literature involves a creative
elaboration of language, requiring the translator to re-elaborate language in a similarly creative way, whereas translators
of technical and scientific texts only have to deal with a type of discourse where the vocabulary (terminology) is or at
least tends to be univocal, having ready-made equivalents, and the use of language (style) is simple and straightforward.
(AIXELÁ, 2004, p.1)

38
No profession is as divided as that of translation. One area is concerned with knowledge, facts and ideas, information,
and reality; the other with human individuals, nature and the occupied planet in the imagination; the first with facts, the
second with values; the first with clarity of information, the second with style as a reflection of character. (NEWMARK,
2004, p. 1)

84
se sustentam e chegam a óbitos decorrentes da ingestão em dosagem indevida de medicamentos e até
a catástrofes ecológicas provocadas pelo uso incorreto de agrotóxicos. (1999, p.137)

Newmark alega que existe não só uma distorção sobre a relação entre tradução literária e
tradução técnica, mas também um alto teor de hostilidade:

há uma longa história de distorção e hostilidade mútuas, na qual o literário é visto como
tradicional, antiquado, acadêmico, torre de marfim, fora de alcance, e o não-literário, como filisteu,
liderado pelo mercado, carvão no banho, incivilizado”. (NEWMARK, 2004, p. 11).

Neste ponto, é inevitável trazer à luz um fato importante sobre a tradução técnica e que deve
ser levado em consideração. No campo dos Estudos da Tradução, tem-se argumentado que é papel
da tradução técnica transmitir exatamente a mensagem proposta por um texto-fonte. Isso respinga
na tradução de maneira geral, como afirma Newmark (2004): “De fato, a tradução, esforçando-se
para revelar a verdade, para ser, em primeiro lugar, precisa, só pode ser aproximada, na melhor das
hipóteses, se estiver buscando reproduzir o significado completo do original” (NEWMARK, 2004,
p. 8).

Infelizmente, a tradução técnica foi reduzida à mera substituição dos termos do idioma de
origem por termos do idioma de destino.

A tradução técnica deve se preocupar com mais do que apenas terminologia especializada,
mas transmitir mensagem e significado de forma que o texto original não seja alterado, mas entregue
a um público-alvo da mesma maneira e com a clareza que uma vez atendeu à audiência do texto-fonte,
obedecendo às regras, estilo, concisão e correção do idioma de destino. Clareza, concisão e correção,
os principais objetivos estilísticos da escrita técnica, são simultaneamente os da tradução técnica; um
excelente tradutor técnico é um excelente escritor técnico (HERMAN, 1993, p. 11).

É verdade que a tradução de um texto técnico deveria transmitir o significado exato do texto
original, mas o fato de ser o mais direto possível não deveria ser o objetivo de um bom tradutor, pois
o texto-alvo poderia ser descaracterizado ou teríamos que concordar totalmente com

85
Schleiermacher, para quem a tradução técnica é um negócio mecânico que qualquer um com duas
línguas e um bom dicionário poderia fazer.

Assim, a tradução neste domínio é pouco mais do que uma tarefa mecânica que pode ser realizada por
qualquer pessoa que tenha conhecimento moderado das duas línguas, com pouca diferença a ser
encontrada entre esforços melhores e menores, desde que sejam evitados erros óbvios,39.
(SCHLEIERMACHER, 2001, p. 45-46)

Semelhantemente, afirma Aixelá na introdução de seu trabalho de (2004),

Em outras palavras, qualquer pessoa com um domínio razoável de uma língua e um alto nível
de conhecimento técnico ou científico pode escrever um bom texto técnico (ou científico),
enquanto poucos conseguem escrever um bom poema ou romance, mesmo na língua materna
- e o mesmo se aplica à tradução40.

A tradução técnica foi considerada confinada à “reprodução de texto não criativa”, fiel e
restrita. Felizmente as coisas estão mudando e a tradução está se movendo lentamente para um
propósito comunicativo, definitivamente, o lugar onde ela merece estar.

Contudo, minha proposta de pesquisa sugere que abandonemos a ideia de que os textos
técnicos são inferiores; o que precisamos compreender é que esse tipo de tradução tem características
próprias e validade incontestável. É necessário que a essência do texto-fonte seja mantida, ainda que
se lance mão de adaptações na busca pela precisão das equivalências das mensagens. Trata-se,
enfim, de duas linhas que devem ser complementares e não antagônicas, como argumenta Newmark:

a tradução literária e não-literária são profissões diferentes, embora alguns tradutores trabalhem com
ambas. Elas são complementares e são nobres, cada uma delas procurando no texto-fonte uma verdade

39 Thus, is translation in this realm little more than a mechanical task which can be performed by anyone
who has moderate knowledge of the two languages, with little difference to be found between better and
lesser efforts as long as obvious errors are avoided. (SCHLEIERMACHER, 2001, p. 45-46)

40
In other words, anyone with a reasonable command of a language and a high level of technical or
scientific knowledge can write a good technical (or scientific) text, whereas very few can write a good
poem or novel, even in their mother tongue - and the same would apply to translation. (AIXELÁ, 2004,
Intro)
86
valorosa, mas diferente, a primeira sendo alegórica e estética e a segunda sendo factual e funcional
por tradição. (2004, p. 11).

2.10 O ato tradutório: abordagem prospectiva e abordagem retrospectiva

Segundo Nord, duas abordagens norteiam o ato tradutório, quais sejam: a abordagem
prospectiva e a abordagem retrospectiva. Quando os tradutores adotam a abordagem prospectiva,
as estratégias são escolhidas de acordo com a finalidade ou função que o texto traduzido pretende
disponibilizar para o público-alvo. As abordagens tradicionais à tradução costumam considerar os
produtos finais como sendo a reprodução de um texto-fonte existente, em que esse mesmo “texto-
fonte” é o principal parâmetro a governar as decisões do tradutor. Isso significa que, se olharmos
para o processo de tradução, como aquele que leva a informação de um ponto F (a fonte) para outro
ponto A (o alvo), adotou-se uma visão retrospectiva da tradução. Como se pode visualizar no
diagrama a seguir.

Diagrama 1 – Abordagem retrospectiva da tradução. Nord (2016, p. 43-44)

FONTE TRADUTOR ALVO

Conforme se pode verificar na ilustração acima, o tradutor retoma o texto-fonte que lhe serve
de referência para nortear as estratégias que serão aplicadas ao texto-alvo.

Nord (1997) classifica a tradução em duas categorias, a Tradução Instrumental e a Tradução


Documental, quando há discrepância entre as condições da cultura-alvo em relação à cultura de
origem, isto é, quando ambas forem diferentes.

A primeira visa produzir na língua-alvo um tipo de documento de (certos aspectos de) uma interação
comunicativa, na qual um remetente de cultura de origem se comunica com um público da cultura de

87
origem através do texto-fonte sob condições da cultura de origem. A segunda visa produzir na língua-
alvo um instrumento para uma nova interação comunicativa entre o emissor da cultura de origem e o
público da cultura-alvo, usando (certos aspectos do) texto-fonte como modelo41. (1997, p. 47)

Como os propósitos comunicativos precisam de certas condições para funcionar, é tarefa do


tradutor analisar as condições da cultura-alvo e decidir se, e como, os propósitos do texto-fonte
podem funcionar para o público-alvo de acordo com as especificações do translation brief. Se as
condições da cultura-alvo diferirem daquelas da cultura de origem, normalmente há duas opções
básicas: ou transformar o texto de tal forma que ele possa funcionar sob condições de cultura-alvo
(= tradução instrumental), ou substituir as funções do texto-fonte por suas respectivas funções meta
(= tradução documental). Nord procura deixar claro que não sugere que um dos dois tipos é melhor
ou mais apropriado do que o outro e que tudo dependerá das conclusões que o tradutor extrairá do
translation brief ou das informações recebidas do cliente a respeito do tipo de audiência à qual o
texto traduzido é endereçado e qual finalidade ele deverá cumprir. Depois de interpretar o brief, o
tradutor decide por uma estratégia ou outra. Portanto, não é mais o texto-fonte que orienta as
decisões do tradutor, mas o objetivo comunicativo geral que o texto-alvo deve alcançar na cultura-
alvo. Tradução, portanto, é uma atividade profissional proposital. (NORD, 1997, P. 47)

Pensando dessa maneira, seria muito difícil para qualquer tradutor traduzir “o” texto-fonte,
visto que a partir dessa constatação, um texto pode ser tantos textos quanto o número de receptores
dele. O tradutor é apenas um nesse grupo maior de receptores e, na maioria das vezes, (quando
traduzindo para sua própria língua e cultura) os tradutores sequer pertencem ao público abordado
pelo texto-fonte. Focalizando somente o texto-fonte, eles não serão capazes de descobrir o que outro
receptor pode achar interessante ou importante neste texto, particularmente nos casos em que esse
outro receptor esteja localizado e influenciado por outra comunidade cultural, com sua perspectiva
específica sobre as coisas e fenômenos do mundo. Nord conclui que pode ser uma melhor escolha
ter uma visão prospectiva da tradução e assumi-la como sendo uma atividade voltada para um

41 The first aims at producing in the target language a kind of document of (certain aspects of) a communicative
interaction in which a source-culture sender communicates with a source-culture audience via the source text under
source-culture conditions. The second aims at producing in the target language an instrument for a new communicative
interaction between the source-culture sender and a target-culture audience, using (certain aspects of) the source text
as a model (NORD, 1997, P. 47)

88
propósito comunicativo. Toda tradução tem como objetivo alcançar um propósito comunicativo
específico no público-alvo e ao analisarmos quem será o público-alvo e o que eles podem precisar
e esperar, poderemos oferecer um produto mais adequado às suas necessidades e expectativas.
(NORD, 1997, p. 48).
O diagrama a seguir ilustra a abordagem prospectiva: Após receber (e analisar) o texto-fonte,
o tradutor o transforma de modo a se adequar à necessidade e expectativa de um determinado
público-alvo entre vários públicos possíveis.

Diagrama 2 – Abordagem prospectiva da tradução.

AUDIÊNCIA-ALVO 1
AUDIÊNCIA-ALVO 2
FONTE TRADUTOR AUDIÊNCIA-ALVO 3

A visão prospectiva da tradução prevê que as experiências de diferentes leitores estabelecem


a forma como eles apreenderão os textos que leem. Dependendo de seus conhecimentos prévios,
experiências e conhecimentos de mundo, suas interpretações podem ser distintas na leitura de um
mesmo texto: às vezes, as informações são compreendidas, às vezes, de maneiras diferentes a partir
da leitura do mesmo material, considerando que as experiências individuais são responsáveis pela
forma como internalizamos as informações propostas por diferentes tipos de textos.

ações ou atividades humanas são realizadas por “agentes”, indivíduos desempenhando papéis. Ao
desempenhar o papel de emissores na comunicação, as pessoas têm propósitos comunicativos que
tentam colocar em prática por meio de textos. Propósitos comunicativos são destinados a outras
pessoas que estão desempenhando o papel de receptores. A comunicação ocorre através de um meio e
em situações limitadas no tempo e no espaço. Cada situação específica determina o que e como as
pessoas se comunicam, e isso é mudado pelas pessoas no ato comunicativo. As situações não são
universais, mas estão inseridas em um hábitat cultural que, por sua vez, condiciona a situação. A
linguagem é assim considerada como parte da cultura. E cada ato de comunicação é condicionado
pelas restrições da situação em cultura42 (NORD, 1997, p. 1).

42 Human actions or activities are carried out by ‘agents’, individuals playing roles. When playing the role of senders
in communication, people have communicative purposes that they try to put into practice by means of texts.
Communicative purposes are aimed at other people who are playing the role of receivers. Communication takes place
through a medium and in situations that are limited in time and place. Each specific situation determines what and how
people communicate, and it is changed by people communicating. Situations are not universal but are embedded in a

89
3. MÉTODO

Neste capítulo, pretendo traçar um panorama sobre o autor e sua obra, descrever o objeto de
estudo, o contexto da pesquisa, os procedimentos metodológicos da tradução comentada, as
categorias de análise a serem comentadas e discutir a revisão e autorrevisão.
Pretendo realizar um trabalho por etapas, com revisões, alterações, ponderações e marcações
no próprio texto. Iniciando com a apresentação da biografia do autor e sua importância para os
estudos fonético-fonológicos. Comentários, soluções e justificativas se darão nos trechos nos quais
dúvidas e/ou potenciais “ajustes" possam ocorrer. Nesses trechos discutirei as estratégias de
tradução. Decidi utilizar meu conhecimento linguístico e experiência no ensino de língua inglesa,
além de minhas leituras e reflexões a respeito do par linguístico inglês/português para a manufatura
de um trabalho de boa qualidade e que sirva de inspiração para pesquisas futuras, considerando a
importância do gênero textual tradução comentada em contexto acadêmico.
Busco, nos comentários de minha tradução do livro ACIP: 1. aplicar os conhecimentos dos
conceitos básicos da gramática Sistêmico-Funcional para proceder na tradução e análise do livro. 2.
verificar a adequação da LSF como fonte teórica adicional para promover reflexões sobre a tradução
e análise do referido livro e finalmente, 3. investigar a textualidade na tradução de ACIP sob a luz
da abordagem Sistêmico-Funcional de Halliday.

3.1 Panorama sobre o autor e obra

O panorama sobre autor e obra a seguir (apresentado em quadros) foi adaptado de textos da
própria homepage do autor e de um obituário escrito por Pat Keating e Dani Byrd. Na homepage do
próprio autor) - UCLA Linguistics.ucla.edu/people/ladefoged/. An obituary by Pat Keating, with
help from Dani Byrd. Acesso em: 30/04/2018.

Com base nas informações obtidas na homepage do Departamento de Linguística da


Universidade da Califórnia (UCLA), apresento, a seguir, um panorama sobre o autor e sua obra.

cultural habitat, which in turn conditions the situation. Language is thus to be regarded as part of culture. And
communication is conditioned by the constraints of the situation-in-culture.

90
QUADRO A

O início

Peter Ladefoged nasceu em 17 de setembro de 1925 em Sutton, Surrey, Inglaterra. Estudou em Haileybury de 1938 a 1943 e

na Faculdade de Caius em Cambridge de 1943 a 1944. Interrompeu seus estudos acadêmicos por ter precisado se alistar no

serviço militar no Regimento Royal Sussex de 1944 a 1947. Retomou sua carreira acadêmica na Universidade de

Edimburgo, onde cursou um mestrado, um M.A. (ordinário) (emergência de guerra) em 1951, e conseguiu fazer um ano de

pós-graduação em fonética. No final daquele ano, conseguiu seu primeiro emprego, como assistente de laboratório cortando

gravações de vinil; e em 1º de janeiro de 1953 foi promovido a assistente de fonética, e fez um doutorado em 1959.

Ladefoged estudou fonética em Edimburgo com David Abercrombie (um dos grandes foneticistas do século XX), que era

discípulo de Daniel Jones (Daniel Jones (1881-1967), foneticista inglês, criador do método das Vogais Cardeais, que permite

caracterizar qualquer vogal de qualquer língua) e através dele, conheceu Henry Sweet (1845–1912) que foi um britânico

filologista, foneticista e especialista em gramática).

O tema da dissertação de mestrado de Ladefoged foi sobre "A Natureza da Qualidade da Vogal", especificamente sobre as

vogais cardeais e sua base articulatória versus base auditiva. Ao mesmo tempo, ele começou importantes projetos de pesquisa

com outros renomados linguistas, tendo suas primeiras publicações sendo lançadas em 1956. Seu artigo de 1957 com Donald

Broadbent (1926-1993) importante psicólogo experimental britânico), “Information conveyed by vowels", inspirou muitos

estudiosos da época por ter sido um trabalho notadamente influente. Em 1953, ele se casou com Jenny McDonald; Ele, certo

dia, disse a ela que se ela se casasse com ele, eles viajariam para todos os continentes.

91
QUADRO B

VIDA ACADÊMICA
Ladefoged foi professor do Departamento de Linguística da Universidade da Califórnia (doravante UCLA) de 1962 a
1991 e, posteriormente, pesquisador na área da linguística. Ele era um pesquisador diferenciado no campo da fonética.
Peter será sempre lembrado no mundo acadêmico por suas excelentes contribuições para fonética e linguística, por seu
entusiasmo e dinamismo na docência, e por sua atuação como orientador de um grande número de doutores.

Ladefoged fez do Laboratório de Fonética e do Departamento de Linguística da UCLA um lugar muito especial. Em
1959-60, ele deu início à sua jornada internacional atuando como docente na Nigéria e, desta maneira, iniciou seu
compromisso vitalício com o trabalho de campo fonético instrumental. Retornou à África em 1961-62 para dar
continuidade ao trabalho cujo fruto foi uma espécie de atlas linguístico da África ocidental intitulado "A Phonetic Study
of West African Languages”.

O próprio Ladefoged escreveu em sua introdução para o referido livro: "Não conheço nenhuma tentativa anterior de se
usar dados fornecidos por palatogramas, linguagramas, moldes da boca, fotografias dos lábios e espectrogramas, todos
do mesmo enunciado, complementados por traçados de filmes de radiologia e gravações de pressão e fluxo de enunciados
semelhantes da mesma palavra"; e isso foi para 61 idiomas! Ian Maddieson (Linguista da Universidade da Califórnia,
Berkeley), observou que nada como isso fora feito desde então. Nota-se que se trata de um precursor da pesquisa fonética
que saiu na vanguarda nesse tipo de estudo em época de pouca tecnologia, aquele que plantou a semente da fonética
instrumental. O próprio Ladefoged descreve a experiência de criar um molde bucal que representasse o trato oral de
forma mais fidedigna:

Nosso modelo articulatório foi baseado em observações do trato vocal com imagens de raio-x. Isso nos trouxe o
problema de converter vistas sagitais bidimensionais em dados tridimensionais, incorporando a largura do trato
vocal, como visto na outra dimensão. Tentamos fazer um modelo físico do trato vocal na posição de uma vogal
neutra, usando material de impressão dental. Isto não é difícil de fazer no que se refere à cavidade oral. Mas
precisávamos, além disso, de uma impressão da faringe. Com a ajuda de um parceiro cirurgião-dentista,
conseguimos isso preenchendo meu trato vocal com um material de moldagem rápida. Eu fui colocado de cabeça
para baixo, para que o material de impressão pudesse ser inserido até o topo das minhas cartilagens aritenóides. Eu
tive que segurar minha respiração por apenas 30 segundos. Fizemos um belo modelo dessa forma real do trato vocal
- mas infelizmente não foi muito preciso, pois o peso do material de impressão distorceu a faringe, fazendo com
que eu parecesse ter uma cavidade faríngea muito grande1. (LADEFOGED, 2006)

Abaixo, a Figura 1.1 mostra uma série de quadros de um filme de raio-x da frase: on top of his deck. Nesta sequência de doze
quadros (em um de cada quatro quadros do filme) a língua foi delineada para torná-la mais clara.
Figura 1.1 Quadros de um filme de raio-x de um falante enunciando “on top of his deck". (LADEFOGED, 2007, P. 3).

O vídeo pode ser visto no seguinte endereço. https://corpus.linguistics.berkeley.edu/acip/course/chapter1/clip_1.mp4

92
QUADRO C

Ingresso na UCLA

No início dos anos de 1960 Ladefoged vivia em uma ponte aérea: quando não estava conduzindo suas pesquisas fonéticas
na África, estava lecionando em Edimburgo. Após visitas de pesquisa durante o período de verão no Royal Institute of
Technology e na Universidade de Michigan (EUA), os Ladefogeds decidiram mudar-se para os Estados Unidos de forma
permanente. Peter ingressou no Departamento de Inglês da UCLA em 1962 e, em 1966, mudou-se para o recém-formado
Departamento de Linguística. Estabeleceu e dirigiu o Laboratório de Fonética da UCLA até o ano de 1991, que se tornou
o laboratório de fonética linguística mais importante e mais conhecido de todo o mundo.

QUADRO D
My Fair Lady

Pouco tempo depois que ele chegou à UCLA, ele foi convidado para trabalhar como consultor de fonética para o filme
My Fair Lady, de 1964. Ele sugeriu que se equipasse o laboratório de fonética de Henry Higgins 1.

Ladefoged fez todas as transcrições fonéticas vistas na tela e sua voz é ouvida produzindo os sons das vogais. Há uma
foto dele no set de filmagens que está na home page do Laboratório de Fonética da UCLA e, em meados da década
seguinte, Peter deu uma palestra multimídia sobre sua experiência fílmica para os “Amigos da Linguística” da UCLA na
primavera de 2004.

* It's not a real thing (not an organized group), it's just the name given to public lectures, to show that they are open to anyone, not just to people in the
Linguistics Department or other UCLA linguists. "Friends of Linguistics" lectures are typically given in the evening, aimed at a very general audience,
and advertised more broadly – that's all it means. From: Antonio Sergio da Costa Pinto [mailto:sergio.pinto@globo.com] Sent: Tuesday, May 21, 2019
12:38 PM To: Keating, Patricia keating@humnet.ucla.edu Subject: Friends of Linguistics.

QUADRO E
Pesquisas no mundo

Durante sua produtiva carreira de pesquisador de fenômenos fonéticos de diferentes línguas e dialetos, Ladefoged
tornou-se um linguista mundialmente conhecido, tendo visitado vários países como: Nigéria, Botswana, Gana, Uganda,
Tanzânia, Serra Leoa, Senegal, Índia, Iêmen, Papua Nova Guiné, Nepal, Tailândia, Brasil, México, Austrália, Coréia,
Escócia, as Ilhas Aleutas (arquipélago localizado ao norte do Alasca, entre o mar de Bering e o Oceano Pacífico) e a
China. Grande parte do trabalho de campo de Peter permanece único e inédito até hoje. Muitas técnicas analíticas e de
coleta de dados no campo foram criadas ou aperfeiçoadas por Ladefoged (e muitas vezes testadas em si próprio, ele
mesmo sendo sujeito de sua pesquisa).

Um trabalho de Ladefoged que se tornou um clássico instantâneo em 1996 foi o livro “Sounds of the World's
Languages” (em parceria com Ian Maddieson). O trabalho em questão resumiu seu conhecimento de todos os sons por
ele estudados nas línguas do mundo e continua sendo o trabalho de referência definitivo.
QUADRO F

93
Precursor da Fonética Forense
Logo no início de sua carreira, os instrumentos ficavam no Laboratório de Fonética, mas depois transferiu o laboratório
para o campo. Seu livro de 2003, Phonetic Data Analysis: An introduction to phonetic fieldwork and instrumental
techniques ensina a outros linguistas seus métodos. Mas seus interesses de laboratório foram além da mera gravação de
sons das línguas do mundo. Ele estudou detalhes na produção da fala em falantes do Inglês, desde a eletromiografia da
respiração na fala até a posição da língua na articulação das vogais, passando pela modelagem acústica-articulatória. E
ao longo de sua carreira ele teve interesse em tecnologia da fala, especialmente em síntese de fala e também consultou e
aferiu muitos casos forenses de identificação de falantes.

QUADRO G

A Pesquisa de Campo I
A pesquisa de campo em sons que foram pouco estudados e a fonética de laboratório instrumental foram dois pilares
da carreira de Ladefoged. A terceira foi a teoria da fonética linguística. O objetivo final de seus estudos sobre os sons
do mundo foi entender quais sons são possíveis nas línguas. Sua paixão particular era a teoria dos traços fonéticos
para representar os contrastes fonológicos: que traços deveriam ser propostos para distinguir todos os contrastes das
línguas do mundo? Esses traços deveriam ser articulatórios ou auditivos ou um pouco de cada um deles?
Uma preocupação constante e relacionada à acurácia dos sons era o alfabeto fonético internacional: Ladefoged
instigou e promoveu sua expansão no início dos anos de 1990 para incluir símbolos que representassem mais sons,
isto é, ampliar o inventário, já que para Ladefoged eles ainda não contemplavam todos os sons existentes.
Supervisionou a elaboração e publicação de um novo Manual descrevendo os princípios intrínsecos do alfabeto e
trabalhou para assegurar que as fontes de computador do alfabeto estivessem amplamente disponíveis. O atual estado
vibrante do IPA faz parte do legado de Ladefoged.
A respeito do trabalho de campo, Ladefoged descreve o prazer de pesquisar o universo dos povos, suas diferentes
línguas com os seus mais diferentes sons: “Outra delícia do trabalho de campo é o charme das pessoas que tive o
prazer de conhecer. Os Xóõ, que usavam orgulhosa e elegantemente tubos através de seus narizes, os hadza que têm
menos posses do que qualquer um que conheço, exceto talvez os pirahã, que vivem com pouca reflexão para o dia
seguinte, os Toda, cuja cortesia e disponibilidade não tinham paralelo, os Tsou, que não conseguiam entender por que
alguém vinha de tão longe à montanha para gravar seus sons, e todos os tipos de povos das Ilhas Aleutas passando
pelos descampados longínquos da Austrália”.

94
QUADRO H

A Pesquisa de Campo II
A pesquisa de campo permitiu que Ladefoged fizesse observações quantificadas de uma ampla variedade de línguas.
Os sons que ele investigou incluem vários não previamente medidos e numericamente descritos na literatura fonética,
como implosivos surdos, trills bilabiais e laterais velares. Alguns dos seus resultados bem quantificados foram,
posteriormente, considerados inadequados, muitas vezes porque Ladefoged não tinha percebido a necessidade de
estudar vários falantes de uma dada língua.
Segundo as reflexões posteriores de Ladefoged, “duas pessoas dizendo um conjunto de frases seis vezes não são tão
úteis quanto seis pessoas dizendo o mesmo conjunto de frases duas vezes”. Há muito mais variação entre os falantes
dizendo a mesma coisa do que entre as repetições do mesmo enunciado por um falante. Mas, apesar das limitações de
alguns dos trabalhos, muitas das observações instrumentais foram consideradas úteis.
A pesquisa de campo fonética e o estudo dos sons de uma ampla variedade de línguas levaram à construção de sistemas
de traços de fonética linguística. Não foi difícil perceber que os sistemas de traços Jakobsonianos e, mais tarde, do
SPE eram inadequados. Em Preliminaries to Linguistic Analysis (1971) Ladefoged propôs um novo sistema de traços
que explicava
, p. 76 uma ampla gama de tipos de fonação e várias articulações anteriormente desconhecidas na literatura
fonética.
As pesquisas de campo foram parte de seu ímpeto para pedir a revisão do IPA. O quadro do IPA é como uma teoria
de uma página responsável por todos os sons de fala possíveis que têm a capacidade de fazer contrastes em uma língua.
Em meados da década de 1980, era evidente que o quadro existente estava desatualizado e a Associação Internacional
de Fonética precisava acompanhar os novos tempos. Como presidente, ele pôde ajudar, convocando a Convenção de
Kiel de 1989, que levou a grandes revisões do quadro do IPA.
Ao longo de sua produtiva carreira, ele escreveu 10 livros e mais de 140 outras publicações. Entre os livros não
mencionados acima estão: Elements of acoustic phonetics (2 edições), Preliminaries to linguistic phonetics, e Vowels
and consonants (2 edições). Ele estava trabalhando em Representing linguistic phonetic structure, em 2006, ano em
que nos deixou.

95
QUADRO I
Homenagens
Dentre todas as maneiras pelas quais seus colegas o homenagearam por suas numerosas e relevantes contribuições
estão: um Distinguished Teaching Award (Prêmio de Ensino Distinto), de 1972, da UCLA Alumni Association
(Associação de Ex-alunos da UCLA); o Festschrift, de 1985, editado por Vicki Fromkin; Phonetic Linguistics:
Ensaios em homenagem a Peter Ladefoged por seu 60º aniversário; o UCLA College of Letters and Sciences
Faculty Award (Prêmio Faculdade de Letras e Ciências do Corpo Docente da UCLA) em 1991; a medalha de
ouro no XII Congresso Internacional de Ciências Fonéticas; um título D. Lit. pela Universidade de Edimburgo em
1993 (Doctor of Letters). Um título acadêmico que é reconhecido como um tipo de doutorado de nível mais alto
e que, em alguns países, pode ser considerado estar além de um Ph.D.); a Medalha de Prata em Comunicação do
Discurso da Acoustical Society of America em 1994; Doutor em Ciências pela Queen Margaret University
College, Edimburgo, em 2002; e a sessão especial "Linguística Fonética: Homenageando as contribuições de Peter
Ladefoged" na reunião de outubro de 2005 da Sociedade Acústica da América. Foi presidente da Sociedade
Linguística da América em 1978 e da Associação Internacional de Fonética em 1985.
Embora Ladefoged tenha se aposentado em 1991, ele nunca parou de trabalhar. Na época de sua morte, mantinha-
se ativo como Linguista de Pesquisa na UCLA, especialmente com suporte de uma verba da NSF (National
Science Foundation) “Broadening Access to UCLA Phonetic Data”; como um dos três editores do Journal of the
International Phonetic Association; como membro do conselho da International Phonetic Association e como
Professor Adjunto de Linguística na USC (University of Southern California). Ele fará muita falta para muitas
pessoas. Peter Ladefoged será sempre lembrado por suas notáveis contribuições à fonética e à linguística, por sua
capacidade dinâmica e apaixonada de lecionar, e por seu serviço como orientador de um grande número estudantes
de doutorado e por seus colegas. Ladefoged fez do Laboratório de Fonética e do Departamento um lugar muito
especial.
Ian Maddieson [Trecho de sua apresentação na Acoustical Society de 2005; pontuação adicionada], resumiu este
aspecto da carreira de Ladefoged da seguinte forma:

“Entre as várias e notáveis contribuições dadas à fonética por Ladefoged há uma insistência na imensa diversidade de
fenômenos fonéticos nas línguas do mundo, particularmente no nível do segmento. Talvez mais do que qualquer outro
foneticista, ele sempre esperou encontrar surpresas, e foi até os cantos mais distantes do mundo em busca delas.
Ladefoged era simplesmente apaixonado por fonética de laboratório e a análise instrumental sempre foi um pré-requisito
em sua pesquisa de campo” (Maddieson, 2005).

96
QUADRO J

Atual/up-to-dated
Ladefoged também foi um professor dedicado e bem-sucedido. Seu ensino em sala de aula na UCLA, desde a
linguística introdutória à pós-graduação avançada, sempre foi exemplar. Entre seus 20 estudantes de doutorado
incluíam-se figuras influentes como Vicki Fromkin, John Ohala, Ian Maddieson, Louis Goldstein e Cathe Browman
(todos importantes figuras na área). Baseava-se QUADRO
na sua vasta experiência
K de trabalho de campo e mostrou a gerações
de estudantes a riqueza dos sons linguísticos. Ladefoged desenvolveu materiais de ensino baseados em computador
para este e outros cursos, materiais ainda hoje utilizados on-line em todo o mundo. Valorizava as interações diárias
no Laboratório de Fonética como um aspecto importante de sua orientação acadêmica a seus orientandos. Nas
palavras de Ian Maddieson, “O legado de Ladefoged inclui mais do que sua produção escrita - eles incluem o
desenvolvimento de um estilo de ensino e a criação do Laboratório de Fonética da UCLA.”

QUADRO K

Seu autorresumo
Agora nas palavras do próprio Ladefoged em seu resumo da carreira em seu site: “Para mim, as pessoas eram mais
QUADRO
importantes do que o equipamento”. Ladefoged L que continua a ser um modelo de ambiente de
criou um laboratório
camaradagem, desafio intelectual e pragmatismo.

QUADRO L

Livros e monografias

1) Ladefoged, P. (1962). The Nature of Vowel Quality. Monograph supplement to Revista do Laboratório de
Fonética Experimental da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, (93 pages).
2) Ladefoged, P. (1962). Elements of Acoustic Phonetics. University of Chicago Press (vii + 118 pages). Paperback
edition, 1971. Translation into Japanese, Taishukan Publishing Company, 1976. Second edition, with added
chapters on computational phonetics 1996.
3) Ladefoged, P. (1964). A Phonetic Study of West African Languages. Cambridge University Press, (vii + 180
pages). Reprinted 1968.
4) Ladefoged, P. (1967). Three Areas of Experimental Phonetics. Oxford University Press (vii + 180 pages).
5) Ladefoged, P., Glick, R. and Criper, C. (1969). Language in Uganda. Oxford University Press (viii + 168
pages).
6) Ladefoged, P. (1971). Preliminaries to Linguistic Phonetics. University of Chicago Press (ix + 122 pages).
7) Ladefoged, P. (1975). A Course in Phonetics. Harcourt (xvi + 300 pages). 1982 2nd ed, 1993 3rd ed, 2001 4th ed.
Japanese translation 2000.
3.2 O objeto
8) Enkvist, N.E., Ferguson, C., Hajicova, E., Ladefoged, de estudo
P. (1992). Linguistic Research in Sweden. HSFR. Swedish
Science Press (128 pages).
9) Ladefoged, P. and Maddieson, I. (1996). The Sounds of the World's Languages. Blackwells (xviii + 425 pages).
10) Ladefoged, P. (2001). Vowels and consonants: An introduction to the sounds of languages. (xxi + 191 pages)
Blackwells.
11) Ladefoged, P. (2004). Phonetic Data Analysis: An Introduction to Instrumental Phonetic Fieldwork.
Blackwells.

Disponível em: https://www.aisv.it/it/70-remembering-peter-ladefoged.html. Acesso em: 21 maio 2019.


97
3.2 O objeto de estudo

O Livro “ACIP" de Peter Ladefoged, um dos melhores e mais conhecidos livros de


fonética do mundo, é um texto técnico e científico que se tornou referência há décadas no ensino e
aprendizagem da fonética. Trata-se de um curso completo escrito por um autor que dedicou sua vida
numa busca incansável para obter os dados in loco nos mais remotos países em condições às vezes
precárias. É um excelente trabalho que cobre quase todos os elementos necessários para adquirir
uma base sólida nos estudos da fonética.
O detalhamento e precisão dos dados fornecidos favorece e solidifica o aprendizado da língua
inglesa e tem sido referência nos estudos de graduação nas universidades brasileiras, por fornecer
uma descrição completa da fonética do inglês, além de apresentar um quadro das consoantes e
vogais. ACIP é um livro completo, inclui exercícios de fixação e apresenta as características
prosódicas da língua, assim como de fonética acústica (que não serão contempladas nesta tradução
comentada por não serem trabalhadas de forma aprofundada nos estudos para professores em
formação).
Um dos traços com mais destaque da obra está nas sugestões a respeito da produção de alguns
dos sons mais difíceis, para os quais o autor dá dicas de como aplicar determinados métodos de
articulação que devemos usar para produzir, por exemplo, colocar a mão sobre a laringe para
identificar se um som é vozeado (sonoro) ou não. Outra dica é sugar o ar para sentir um certo
resfriamento das áreas expostas da língua na articulação da consoante lateral o que a identifica como
tal. Além disso, cada final de capítulo inclui exercícios de desempenho que podem ser usados para
praticar e alternar entre sons.
Trata-se de um excelente livro para os estudos da fonética, é referência obrigatória nos cursos
de fonética e fonologia e é espantoso saber que se trata de uma obra que foi lançada em meados da
década de 1970. As ilustrações e gráficos são extremamente úteis, assim como suas descrições. O
livro apresenta um excelente glossário.
O ACIP é um curso ideal para estudantes que cursam a licenciatura em Letras/Linguística ou
para profissionais que utilizam os recursos da fala como objeto de trabalho, como fonoaudiólogos,
atores, cantores, entre outros. Ladefoged é um especialista em descrição de som, especialmente no
trabalho de campo da linguística. O livro, que já teve sete reedições, dá aos leitores a base do padrão
sonoro das línguas do mundo.
98
Escrito de forma acessível, como o próprio autor diz, “student friendly”, é excelente para
iniciantes que estão lidando com a fonética pela primeira vez. A possibilidade de leitura fluente de
um tema que pode ser bastante burocrático tornou-se realidade nesta obra de Ladefoged, uma das
razões pelas quais decidi traduzi-lo para o português do Brasil. Assim, o produto final desta tese
pretende justificar-se pela utilidade que sua leitura terá para estudantes lusófonos que (ainda) não
leem em inglês.
O texto fornece uma visão ampla das diferentes categorias da fonética para os estudantes sem
conhecimento prévio. O neófito pode praticar o que aprendeu na teoria, normalmente seguida de
exercícios de fixação e também com o CD-ROM que contém mais de 4.000 arquivos de áudio,
incluindo gravações de fala das cidades do sul e norte dos EUA, Londres, Edimburgo, Dublin, Nova
Zelândia, além de outras formas de inglês e vários outros idiomas.
O ACIP é um livro abrangente, no qual o autor, com maestria e zelo, apresenta os conceitos
centrais da teoria fonológica em uma abordagem fácil e compreensível.
Dessa forma, espera-se que, assim como tem acontecido entre o público leitor na língua-
fonte, os leitores lusófonos vejam no livro uma leitura interessante e útil para todos os que desejam
aprender a falar inglês como segunda língua.

3. 3 O contexto da pesquisa

O material produzido como resultado da presente pesquisa foi “Um Curso de Fonética”, de
Peter Ladefoged, traduzido para o Português do Brasil.
O estudo ocorreu em forma de tese de doutoramento no formato DINTER na Universidade
Federal de Santa Catarina, em convênio com a Universidade Federal do Pará. Foram realizados pelo
menos cinco encontros durante os intervalos de aula do professor Lincoln Fernandes (orientador)
que ministrou a disciplina “Tópicos Especiais: Estudos da Tradução com Base em Corpus”.
Os encontros ocorreram de forma intensiva no período de uma semana, das 8:00 às 18h, com
intervalo para almoço, no campus universitário de Bragança-Pa. Os alunos da turma de doutorado
foram presenteados com a atuação do professor Lincoln Fernandes, pois, ao perceber que todos

99
tínhamos dificuldades em escolher e executar a proposta de pesquisa que culminaria em nossa tese,
ele dedicou parte de sua carga horária para nos orientar com dicas preciosas, que foram muito úteis
nas decisões que tomamos para dar seguimento aos nossos projetos. Dessa forma, o projeto
constituiu-se de um trabalho tradutório que reúne as interfaces tradução x fonética, como forma de
tirar proveito de minha experiência com a área de estudos da fonética e fonologia em parceria com
os estudos da tradução.
Selecionei, a princípio, somente as unidades que tratam do segmento, deixando para futuros
trabalhos, as unidades que tratam a respeito de fonética acústica e suprassegmentos, considerando
que os estudos da fonética acústica são mais comumente aprofundados em programas de pós-
graduação e minha meta é atender, preferencialmente, estudantes de graduação/em formação.
Como o livro é um curso completo de fonética, não poderiam faltar os exercícios de fixação
de conteúdo, que foram devidamente contemplados na tradução. Na seção intitulada “Objetivos
desta pesquisa”, deixo claro que as unidades excluídas do material traduzido pertencem a uma classe
da fonética que, embora tenha igual importância, poderá ser explorada em trabalhos futuros. Justifico
os motivos de exclusão de cada unidade e explico o que foi feito para minimizar os efeitos da
exclusão. Com base nos dados obtidos pela tradução final e pela revisão da literatura que me serviu
de apoio, pretendo compilar um glossário com termos de uso frequente e específicos da fonética,
parte integrante do último capítulo desse estudo. A seguir, abordarei com mais detalhe os
procedimentos metodológicos desta pesquisa.

3.4 Procedimentos metodológicos da Tradução Comentada

Com a finalidade de discutir as escolhas de meu processo tradutório para esta pesquisa,
realizei os procedimentos descritos a seguir. Primeiramente, como forma de otimizar a tarefa, baixei
uma edição anterior do livro em pdf para fazer a transferência dos textos de maneira mais prática,
buscando identificar as diferenças em relação à edição atual (7ª edição). Depois de fazer, no texto
da edição anterior, as mudanças presentes na edição atualizada, transportei o material novo para o
formato word para efetuar análise do conteúdo e montar a estratégia de tradução. Com o auxílio de
dicionários físicos como Longman, Cambridge e com um tradutor virtual denominado Google

100
Translator™43, transferi o texto para a plataforma de tradução, fazendo os necessários ajustes para
que tivesse o melhor resultado final possível. Concomitantemente a esse processo, busquei utilizar
termos da fonética que, pela frequência do uso, são utilizados por pesquisadores da área no Brasil,
como Da Hora (2012), Matzenauer (2016) Cagliari (2002), Silva (1999), Callou & Leite (1990),
entre outros, com o objetivo de dar mais confiabilidade ao produto final. A seguir, sinalizei com
palavras destacadas em negrito, todos os trechos nos quais a tradução ficou emperrada ou quando
uma escolha relevante precisou de mais longas reflexões e decisões. Apesar de serem dados obtidos
também por meio de uma ferramenta online, julgo que o processo não perdeu sua precisão,
considerando que o molde final era meu, decidido a partir de uma vasta experiência de leitura e
docência na disciplina Fonética e Fonologia da Língua Inglesa, que ministro há pelo menos duas
décadas.
O passo a passo se deu da seguinte maneira: li cuidadosamente e assimilei o texto-fonte,
inclusive refinando alguns entendimentos de leituras anteriores, por vezes equivocados; refleti a
respeito da elaboração do texto-alvo, considerando sua usabilidade em relação à necessidade dos
leitores-alvo. Em seguida, adaptei minhas conclusões obedecendo às exigências da língua
portuguesa como falada no Brasil, comparei minhas conclusões com a tradução sugerida pelo
Google Translator™ e, finalmente, apresento o que julgo ser um bom produto final. Esta sequência
de procedimentos está em conformidade com as palavras de Garcia quando afirma:

A participação do tradutor, por outro lado, se caracterizaria pelas seguintes etapas:


leitura e assimilação do texto original, elaboração dos pensamentos em sua mente,
adaptação dos mesmos ao código escrito na língua-alvo, ainda como rascunho e,
finalmente, reescrita do texto traduzido — produto final (GARCIA, 1992, p. 76).

43
O serviço gratuito de tradução da Google, o Google Translate, vem ajudando na comunicação de milhões de pessoas.
Com 103 idiomas disponíveis, a ferramenta disponibiliza instantaneamente tradução de palavras, textos, páginas da
internet e até mesmo de mensagens/posts de aplicativos. Mas como funciona o tradutor da Google? Para realizar a
tradução entre os idiomas disponíveis no software, o Google Translate faz uma busca entre milhares de textos traduzidos
por pessoas. A partir dessa pesquisa, a ferramenta é capaz de oferecer as traduções mais adequadas ao usuário. O
processo de inteligência por trás do tradutor da Google é conhecido como “statistical machine translation”, ou "tradução
automática estatística". Graças a esse método, o Google Translate é um dos serviços mais confiáveis disponíveis na
atualidade. Em vez de utilizar palavras desconectadas para a tradução, como um dicionário comum, a plataforma analisa
padrões a partir de documentos disponíveis na web. Dessa forma, o próprio tradutor aprende, de forma prática, a sintaxe,
oferecendo ao usuário versões que se encaixam no padrão das traduções já realizadas por seres humanos (NEVES, A.
Disponível em: https://canaltech.com.br. Acesso em 15 ago. 2018).

101
A tradução, que é parte integrante do apêndice desta tese, obedece a uma sequência de
trabalho com base nos seguintes procedimentos: elaboração de uma primeira versão, com anotações
relativas às especificidades da fonética e sua contextualização, registro escrito de um rascunho das
dificuldades que tive para escolher certos termos durante o percurso; discussão escrita a respeito das
dificuldades na tradução/adaptação que ocorreram no percurso da fase inicial e tomada de decisões
no que diz respeito às possíveis alternativas encontradas; efetivação das soluções encontradas para
trechos ou palavras nos quais houve dificuldade de tradução/adaptação com ou sem o auxílio de
dicionários ou tradutores online; revisão e ajustes finais do texto traduzido. Por fim, o registro de
algumas conclusões a partir da experiência de traduzir o livro de Ladefoged. O glossário de termos
técnicos será organizado aos moldes de um minidicionário, pois obedecerá às especificidades
tradicionais de um dicionário como entradas e definições.

3.5 Categorias de análise a serem comentadas

A estrutura organizacional dos comentários da tradução será descrita com base no fio
condutor das categorias de análise, quais sejam, terminologia e padronização (outras categorias
foram incluídas, como, por exemplo, expressões idiomáticas, fraseologia e estruturas verbais, no
entanto o enfoque principal será a categoria terminológica e a padronização).
A compreensão dos termos fonéticos promove a internalização dos conceitos fundamentais
da área. Pode-se dizer, por exemplo, que, para alguém descrever os gestos feitos pelos órgãos vocais
durante a produção dos fonemas consonantais é necessário que tenha conhecimento dos itens
lexicais ou termos que atribuem nomes aos órgãos da fala como: crista alveolar, palato duro, ponta
da língua e outros.
Descrever a fala humana exige o emprego de termos utilizados nos estudos da fonética, como
laringe, cordas vocais, glote, fluxo de ar, entre outros, sem os quais a descrição ficaria inviabilizada.
Isso justifica a necessidade de se aprender os termos para que os processos de produção da fala
possam ser discutidos ou descritos com acurácia. Os comentários incluirão análise dos aspectos mais
relevantes do texto-fonte e justificativas para os tipos de solução encontrados para aos eventuais
problemas ao longo da jornada tradutória.

102
A seguir, apresentarei os comentários da tradução; antes, entretanto, consciente de que
tarefas tradutórias exigem correções, abordarei os importantes aspectos da revisão e autorrevisão à
luz das ideias de Mossop (2014).
3.6 Revisão e autorrevisão

Esta seção tem como base teórica as ideias de Mossop (2014), principalmente no que diz
respeito
 à revisão e autorrevisão, sendo esta última, segundo Mossop, parte integral do ato de
tradução, realizada pelo próprio tradutor e, por isso, acontecer em qualquer momento da
atividade tradutória. Enfim, a própria verificação do tradutor do rascunho de tradução que é
considerado uma parte essencial do processo de produção da tradução.
 à revisão humana da tradução automática, que é chamada de pós-edição.
Ainda segundo Mossop (2014, p.134), é necessário fazer revisão dos parâmetros, os itens
que um revisor verifica, por exemplo, os tipos de erros. São doze parâmetros, divididos em quatro
grupos, classificados como A, B, C e D.
O grupo A reúne os problemas de transferência de significado (Transferência). Diz respeito
à transferência de significado do texto-fonte para o texto-alvo e relaciona-se com a Exatidão
(accuracy) e com a transmissão completa da mensagem, Completude (completeness).
Grupo A - Transferência de significado (Transferência)
A1. A tradução reflete a mensagem do texto-fonte? (Acurácia)
Para Mossop (2014, p. 135), a “exatidão” é a característica mais importante da tradução. A
exatidão não tem a ver com o fato de o tradutor ter utilizado vocabulário e estrutura frasal da língua-
alvo que são o mais próximo possível daquelas da língua-fonte. A exatidão está estreitamente
relacionada à mensagem em um determinado trecho. Para saber se uma tradução está exata, deve-se
tentar responder a duas perguntas: O texto original foi entendido corretamente? A tradução expressa
esse entendimento? O tipo mais comum de não exatidão surge da compreensão incorreta da fonte.

A exatidão44 não se limita ao nível de palavras, frases e sentenças. Na verdade,


talvez o aspecto mais importante da exatidão seja a tradução correta da estrutura

44
No original: “Accuracy is not limited to the level of words, phrases and sentences. Indeed, perhaps the most important
aspect of accuracy is the correct rendering of the overall structure of the message: the sequencing of events or arguments
must be the one in the source text. So when checking for accuracy, you need to pay special attention to words like
‘however’ and ‘then’.”

103
geral da mensagem: o sequenciamento de eventos ou argumentos deve ser o do
texto-fonte. Portanto, ao verificar a exatidão, você precisa prestar atenção especial
a palavras como ‘however’ e ‘then’, “no entanto” e “em seguida” (MOSSOP, 2014,
p.135-136).

A2. Algum elemento da mensagem foi esquecido? (Completude)


O parâmetro “completude” remete à adição/omissão de elementos da mensagem do texto-
fonte na tradução.
A respeito da Completude, Mossop (2014) argumenta que sempre se espera que os tradutores
transmitam toda a mensagem, e apenas a mensagem, que está no texto fonte. Mossop propõe a sigla
(NANS), que significa (Não Adições, Não Subtrações). O princípio do NANS não deve ser tomado
de forma muito literal. Afinal, pequenas adições e subtrações são inevitáveis: “geralmente não faz
sentido passar por uma tradução com um pente fino, procurando pequenas nuances de significado
que foram adicionadas ou subtraídas”. Ele completa dizendo o seguinte: “Note que se você encontrar
uma discordância no número de parágrafos, pode não ser um caso de omissão, porque o tradutor
pode ter decidido combinar ou dividir parágrafos” (MOSSOP, 2014, p. 139).
Grupo B – Problemas de conteúdo (Conteúdo).
B1. A sequência de ideias faz sentido: há falhas grosseiras ou contradição? (Lógica)
B2. Há erros factuais, conceituais ou matemáticos? (Fatos)
A lógica diz respeito à presença de inconsistências ou contradições na tradução (2014, p.140)
Mossop (2014) atribui as causas à elaboração de sequências temporais ou causais e de outros erros.
Segundo o autor, os problemas de lógica podem ocorrer de duas formas: 1) o próprio texto-fonte
não tem lógica e o tradutor não fez nada a respeito desse fato; 2) o texto-fonte tem lógica, mas o
tradutor introduz inconsistências ou contradições no texto-alvo.
O autor argumenta que não é tarefa principal do tradutor examinar o texto em busca de erros
factuais, conceituais ou matemáticos, embora esses erros sejam de importância significativa. Os
erros serão notados por leitores da tradução que são especialistas na área em questão. Os erros podem
estar no texto original, mas podem ser introduzidos pelo próprio tradutor. Para ilustrar um erro
matemático, pode-se citar um exemplo do próprio Mossop: “visto que a formação do tradutor é,
tradicionalmente, de base linguística, pode acontecer de ele não se aperceber de erros matemáticos.
Um exemplo é a frase ‘Dos inquiridos, 49% eram adultos e 61% eram crianças”, que representa uma
impossibilidade”. (MOSSOP, 2014, p.133).

104
Grupo C – Problemas de Língua e Estilo (Linguagem)
C1. O texto flui? As conexões entre as sentenças são claras? As relações entre as partes de
cada sentença são claras? Há sentenças estranhas ou difíceis de ler? (Fluidez)
Segundo Mossop (2014), o sentido do texto deve ser compreendido pelo leitor a partir da
primeira leitura em velocidade normal. Se isso não for possível, é porque há problemas com as
conexões e com a organização das estruturas sintáticas, ou pela alternância e seleção inapropriada
dos tempos verbais da língua-fonte.
Uma eventual ausência de fluidez na língua-fonte não pode justificar uma não fluidez na
tradução. Variados graus deste parâmetro são aceitáveis, mas o grau apropriado será determinado
atendendo ao público e à função a que se destina, não pela fluidez do texto-fonte.
“A presença, na tradução, de muitas frases escritas na língua de origem, tais como, nomes de
instituições e títulos de publicações é algo que definitivamente pode interferir em uma experiência
de leitura fluente para o leitor que não conhece a língua-fonte. Em gêneros como documentos legais,
podem ser necessários nomes próprios “estrangeiros”. Em outros, devem ser tomadas iniciativas
para reduzir esse número. Considerando que o dever mais fundamental de um tradutor é traduzir,
face a esse constrangimento, é importante que o revisor verifique se o tradutor minimizou as palavras
da língua-fonte” (MOSSOP, 2014, p.143).

C 2. A linguagem é adequada aos usuários da tradução e ao uso que eles farão dela?
(Personalização “Tailoring”)
“A tradução deve ser adequada aos seus leitores e ao uso que eles farão dela”. “A tradução
deve ter o “nível de linguagem” correto, isto é, o grau certo de formalidade e tecnicidade e o tom
emotivo correto, e o vocabulário deve ser adequado ao nível de educação dos leitores e ao
conhecimento deles sobre o assunto do texto”. Considere: falar em “doenças oportunistas” em um
texto sobre AIDS a um público geral; ora, a expressão é bastante conhecida pelos profissionais da
saúde, mas não é realmente adequada para um público geral para quem deveria ser adaptada, talvez
com uma paráfrase: “prevenir as doenças que as pessoas HIV positivas costumam ter” (MOSSOP,
2014, p.143-144).
C3. O estilo é adequado ao gênero? A terminologia correta foi usada? A fraseologia
corresponde àquela usada nos textos originais da língua-alvo sobre o mesmo assunto?
(Sublinguagem)

105
“Cada gênero na língua-alvo é elaborado com uma seleção diferente dos recursos lexicais,
sintáticos e retóricos daquela língua”. “Um exemplo de sintaxe: minutas de reuniõe são normalmente
apresentadas no passado em inglês, mas no presente, em francês” (isso demandaria uma adaptação
em uma tradução de minutas do inglês para o francês e vice-versa). “Os gêneros também podem
diferir no grau em que preferem as estruturas baseadas em substantivos em relação às mais verbais”.
“Por fim, todos os gêneros da língua de destino terão sua própria estrutura”. MOSSOP (2014, p.
144).
Ainda no que se refere à sublinguagem, Mossop (2014) argumenta que se deve ter cuidado
redobrado com a terminologia específica de cada área do conhecimento. Na maioria dos trabalhos
de tradução, a terminologia deve ser aquela usada por especialistas que são falantes nativos do
idioma de destino, ou então a terminologia especificada pelo cliente. No entanto, com textos sendo
traduzidos apenas para efeito de informação, os clientes podem aceitar palavras que transmitem o
significado mesmo que não estejam terminologicamente corretas.

Muitos revisores45 acreditam que os especialistas ficarão incomodados se


encontrarem algo diferente do termo correto na tradução. Eu acho que, em geral,
isso não é verdade. Os especialistas no assunto que lêem nossas traduções não são
“gente da língua” como nós; o cientista florestal típico está interessado em árvores,
não na linguagem usada para falar sobre árvores. Os especialistas tendem a ler sem
dar a devida atenção ao manuseio da língua, tendem a ler o mundo não linguístico
no qual eles têm interesse. Não devemos projetar neles nosso próprio interesse em
questões linguísticas (2014, p. 144-145).

C4. Todas as combinações de palavras são idiomáticas? A tradução observa as preferências


retóricas da língua-alvo? (“Expressões idiomáticas”)
Se um texto tiver construções não idiomáticas como “ele fez os pratos após o almoço”, em
vez dos idiomáticos “ele lavou os pratos”), isso distrairá os falantes nativos da língua do conteúdo
informativo do texto. Tomemos como mais um exemplo, a expressão “washed his teeth” (“ ele lavou
os dentes”). Essa combinação de palavras é perfeitamente gramatical em inglês e compreensível,

45
“Many revisers believe that subject-matter experts will be annoyed if they find anything other than the correct term
in the translation. I think that in general this is not true. The subject-matter experts who read our translations are not
‘language people’ like us; the typical forest scientist is interested in trees, not the language used to talk about trees.
Experts tend to ‘read through’ language to the non-linguistic world in which they are interested. We should not project
onto them our own interest in linguistic matters.”

106
mas não é usada. Em inglês, você limpa (clean) ou escova (brush) seus dentes. “Não existe razão
para o uso de expressões idiomáticas; você simplesmente tem que saber quais combinações são as
idiomáticas. Este é talvez o principal motivo pelo qual os revisores dos trabalhos de outros devem
idealmente ser falantes nativos da língua-alvo”. Mossop (2014) explica ainda, que, “mesmo após
anos de experiência em tradução e revisão, pode-se duvidar sobre a “idiomaticidade” de certa
expressão”. O uso de dicionários e bases de dados, onde se pode verificar a frequência da ocorrência
dessa expressão, é, nesse caso, de grande utilidade para o profissional. Talvez esta seja a principal
razão para justificar o fato de que aqueles que revisam o trabalho de tradução de outros deveriam
ser, preferencialmente, falantes nativos da língua-alvo (MOSSOP, 2014, p. 145-146).
C5. As regras de gramática, ortografia, pontuação, estilo e uso correto foram observados?
(Mecanismos)
Entre os problemas circunscritos neste parâmetro destacam-se, por exemplo, as convenções
de pontuação e numerais, o espaçamento entre itens (por exemplo, entre numerais e unidades de
medida), as aspas, os símbolos (por exemplo, o cifrão), a utilização de letras maiúsculas nas palavras,
o uso de itálicos, os negritos, os parênteses e outros do gênero (MOSSOP, 2014).
Os mecanismos são geralmente associados a erros de gramática, ortografia, pontuação e uso,
e é importante que o texto esteja de acordo com o estilo da língua-alvo. O uso de letra maiúscula
pode exigir uma atenção especial quando se trata da tradução de nomes próprios, dias da semana,
meses do ano, nacionalidade, nome do idioma e assim por diante. Em textos a serem publicados,
deve-se redobrar o cuidado com eventuais erros de mecanismos, como esclarece a seguir Mossop
(2014):

É especialmente importante encontrar erros de mecanismos ao revisar textos que


aparecerão em homepages, em sinalização pública e em publicações de prestígio.
Se a tradução tiver sido preparada, digitando-se a partir de uma versão eletrônica
do texto-fonte, é necessário certificar-se de que as convenções de pontuação e de
escrita dos números da língua-fonte foram substituídas pelas convenções da língua-
alvo. Por exemplo, na tradução de francês para inglês no Canadá, a forma das aspas
deve ser alterada de «....» para “...”, o espaço antes de dois pontos deve ser
eliminado e 4000,21 $ deve ser substituído por $ 4,000.21. Existem, infelizmente,
dezenas de pequenos detalhes de mecanismos que podem precisar ser verificados,
dependendo do seu par de idiomas46 (MOSSOP 2014, p. 147).

46
“It is especially important to find mechanical errors when revising text that will appear on homepages, on public
signage and in prestigious publications. If the translation has been prepared by typing over an electronic version of the
source text, be sure the punctuation and number-writing conventions of the source language have been replaced with
target-language conventions. For example, in French-to-English translation in Canada, the shape of quotation marks

107
Grupo D – Problemas de apresentação Física (Apresentação).
D1. Há algum problema na maneira como o texto é organizado na página: espaçamento,
recuo, margens, etc? “formatação” (Layout)
De acordo com Mossop (2014), “o parâmetro ‘formatação’ relaciona-se com a disposição de
todos os constituintes do documento na página”, ou seja, texto, imagens, gráficos e outros. Um
revisor deve checar se as margens e espaçamento estão adequados entre as seções e se todos os
parágrafos estão recuados ou não, para que a formatação fique consistente. Deve-se, portanto, revisar
a formatação, pois pode haver comparações por parte dos leitores no que diz respeito ao tamanho
dos textos fonte e alvo. Na hipótese de o leitor ter acesso aos dois textos (fonte e alvo) de forma
simultânea, inevitavelmente haverá comparações, e, no caso de os tamanhos dos textos serem
diferentes, os referidos leitores poderão questionar a acurácia da tradução e se elementos foram
retirados ou acrescentados.

Se os textos forem simultaneamente visíveis47e se um é consideravelmente mais


curto que o outro, alguns leitores podem pensar que elementos de significado estão
faltando. Isto pode ser evitado usando-se dispositivos de formatação que dão a
ilusão de espaço igual sendo dedicado a cada idioma (por exemplo, se os textos
estiverem lado a lado, utiliza-se uma coluna mais estreita para o texto mais curto)
(MOSSOP, 2014, p. 148).

D2. Há algum problema de formatação de texto: negrito, sublinhado, tipo de fonte, tamanho
da fonte, etc? (Tipografia)
A “tipografia” está relacionada aos tipos e formatação de letras ao longo do corpo do texto,
também relacionados com a legibilidade do documento. A escolha dos formatos das letras deve
obedecer fundamentalmente a duas premissas: de um lado, a moderação (não exagerando no uso de
maiúsculas/minúsculas, itálicos, negritos, sublinhados ou na variação de tipos e tamanhos de letra)

must be changed from «.... » to “...”, the space before a colon must be eliminated, and 4 000,21 $ must be replaced with
$4,000.21. There are, unfortunately, dozens of such small mechanical details that may need to be checked, depending
on your language pair.”
47
“If the texts are both simultaneously visible, and one is noticeably shorter than the other, some readers may think
elements of meaning are missing. You may want to avoid this by using layout devices that give the illusion of equal
space being devoted to each language (for example, if the texts are side-by-side, use a narrower column for the shorter
text”.

108
e, de outro, a consistência (usando-se a mesma formatação para os mesmos fins). Além disso, a
ênfase marcada pela formatação das letras deve fazer sentido na língua-alvo, pois pode alterar a
importância conferida aos elementos destacados no texto.
Moderação e consistência serão palavras-chave no parâmetro chamado tipografia, pois será
difícil ler um texto com excesso de marcas tipográficas, como negrito, itálico, palavras em
maiúsculas, sublinhadas ou coloridas. Além disso, “cada recurso tipográfico deve ser usado
consistentemente para o mesmo propósito (por exemplo, negrito para escolher uma terminologia
especial; itálico para quaisquer palavras de idioma de origem retidas na tradução)”. (MOSSOP,
2014, p. 148).
D3. Há algum problema na maneira como o documento como um todo está organizado:
numeração de páginas, cabeçalhos, notas de rodapé, sumário, etc.? (Organização)
A organização da tradução como um todo é importante para permitir que os leitores
naveguem pelo texto e percebam sua estrutura. É importante verificar:
A. se há referências de página no corpo do texto para que não haja discrepância entre passagem
mencionada em página X no texto-fonte e a mesma estar na página Y na tradução.
B. se a numeração ou legenda de títulos, subtítulos, títulos de capítulo, seção, figuras e tabelas,
bem como suas palavras, correspondam exatamente ao encontrado no índice.
C. se houver alteração de um cabeçalho de seção no corpo do texto, a mesma alteração deve ser
feita no índice.
D. se houver um erro de numeração no texto-fonte (por exemplo, a seção “6” é seguida por
outra seção “6”), é necessário que isso seja reproduzido na tradução, a menos que o cliente
aprove uma correção. Tal erro deve ser sinalizado em uma nota.
E. se o material for apresentado de forma alfabética no texto-fonte, deve ser posto em ordem
alfabética no texto-alvo, depois de concluir a comparação das duas versões.
Por fim, deve haver uma conferência minuciosa de cabeçalhos, rodapés e legendas. A
seguir, será apresentada uma lista para discussão e reflexão sobre práticas de revisão, conforme
proposto por Mossop (2014, p. 173-174).
1. Leia toda a tradução para checar: lógica, fluidez, personalização, sublinguagem e
expressões idiomáticas, bem como os aspectos de tipografia e pontuação que são importantes para
o significado.
2. Faça uma verificação comparativa de exatidão e completude.

109
3. Leia toda a tradução do início ao fim para checar o mecanismo em geral (não somente a
ortografia), layout, consistência e quaisquer erros de linguagem introduzidos durante as etapas 1 e
2.
4. Faça uma checagem separada para números, se eles forem importantes para a mensagem.
5. Verifique a organização do documento.
6. Execute a verificação ortográfica (Spellcheck) depois que todas as alterações tiverem sido
feitas, caso você tenha acidentalmente introduzido algum erro.
7. Certifique-se de ter salvo todas as alterações.
Dependendo do grau de importância de um texto a ser traduzido e da confiabilidade do
tradutor, a revisão de um texto pode ser fundamental ou somente recomendada. Qual é o critério
para a tomada de decisão de revisar um texto? A política do serviço de tradução da Organização
para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE) foi resumida por dois de seus revisores
em um quadro didático, que mostra de forma bastante clara a avaliação que orienta as decisões a
tomar quando da revisão de textos: (Prioux e Rochard, 2007, apud Mossop, 2014, p. 151).

Quadro VI: Perguntas para orientar decisões durante a revisão.


A tradução tem→ Alta Boa Razoável Baixa
O texto tem↓ confiabilidade confiabilidade confiabilidade confiabilidade
1 /2 Revisão
2/3 Revisão 3/4 Revisão
Alta importância recomendada 5 Retradução
importante essencial
(releitura)
1 Decidir caso a 2/3 Revisão 3 Revisão
Média importância 0/1 Sem revisão
caso recomendada importante
1/2 Revisão
1 Decidir caso a
Baixa importância 0 Sem revisão 0 Sem revisão recomendada
caso
(releitura)
Fonte: traduzido e adaptado de MOSSOP, 2014, p.151.

Para a OCDE, há a necessidade de revisão (por um segundo tradutor em oposição à


autorrevisão) do texto traduzido, dependendo do grau de risco, como função de importância do texto
e confiabilidade do tradutor, em que 0 (zero) representa risco muito baixo e 5 representa risco muito
alto. O fator principal é o grau de importância do texto: a linha superior do gráfico representa textos
de grande importância e é a única em que o risco se eleva acima de 3.
Ainda que a tradução, com textos de baixa importância, seja executada por um tradutor de
baixa confiabilidade, a revisão não é vista como essencial (apenas “recomendada”). No caso de

110
traduções de textos de alta importância, se o tradutor é altamente confiável, a revisão também é
apenas recomendada (não "importante" ou "essencial") e toma a categoria de releitura da tradução
em vez de compará-la com a fonte. A abordagem da OCDE pressupõe, evidentemente, que se saiba
quem traduziu um texto, o que nem sempre é o caso do material terceirizado.
Ao analisar a dependência do grau de revisão no que diz respeito ao tempo disponível para essa
tarefa, levando-se em consideração o público-leitor e os propósitos da tradução, Mossop (2014)
apresenta algumas questões que devem servir de referência, reproduzidas a seguir.

Quadro VII: Questões para a decisão sobre o grau de revisão.


Original Tradução em português do Brasil
1. Shall I check for one, two, three or all 1. Devo verificar um, dois, três ou todos os
four groups of parameters? quatro grupos de parâmetros?
2. Within each group, shall I examine all 2. Dentro de cada grupo, devo examinar
parameters or just some of them? Thus, todos os parâmetros ou apenas alguns
within Transfer, you might decide to focus deles? Assim, na Transferência, você pode
on Completeness; within language, you decidir se concentrar na Completude; no
might decide to focus on Smoothness. texto, você pode decidir se concentrar na
fluidez.
3. What overall degree of accuracy and 3. Que grau geral de precisão e qualidade
writing quality should I aim at? de escrita devo focalizar?
4. Shall I check the entire text, or just part 4. Devo verificar o texto inteiro ou apenas
of it? parte dele?
5. Shall I compare the translation to the 5. Devo comparar a tradução com o texto
source text? fonte?
6. What degree of consistency shall I 6. Que grau de consistência devo aplicar e
enforce, and for which aspects of the text? para quais aspectos do texto?
Fonte: traduzido e adaptado de MOSSOP, 2014, p.152-153.

O quadro VII sintetiza os elementos que, de forma interdependente, concorrem para a


determinação do grau de revisão a se aplicar. Grosso modo, o propósito da revisão se condiciona à
verificação de problemas para o melhoramento da tradução. Qual é o procedimento para encontrar
os problemas e decidir quais corrigir? Segundo Mossop (2014, p.150-160): há quatro aspectos dos
quais depende a decisão: 1) as características específicas do contrato com o cliente em relação ao
serviço pretendido; 2) o prazo e o orçamento acordados; 3) o tipo e a importância do texto traduzido
no sistema cultural de chegada; 4) as competências específicas do tradutor responsável pela tradução
face ao texto-fonte.
Ao longo de meus comentários, retomo alguns dos conceitos teóricos acumulados nessa
pesquisa. Abordo agora suas metas principais para estabelecer o ponto de partida destes comentários.

111
Durante o ato tradutório dei especial ênfase a quatro questões: a tradução está em acordo com os
princípios fundamentais do Funcionalismo de Nord? A tradução da letra vai atender à confiabilidade
do produto final? Qual tradução devo aplicar aos termos, considerando que alguns têm mais de uma
possibilidade em português? Os termos estão em conformidade com as opções dos principais
teóricos da fonética/fonologia da língua portuguesa?
Estou buscando, via de regra, uma tradução preferencial para os termos fonéticos mais
frequentes, considerando que alguns deles possuem inúmeras possibilidades de tradução para o
português. Este é, pois, um dos eixos que considero centrais para os comentários que pretendo fazer
dentro de uma estratégia de tradução da letra, quando possível, ou o Albergue do longínquo, (para
tomar emprestado um termo de Berman) como foi proposto na introdução.
Busco também compreender os estudos da fonética desde a pesquisa para a elaboração de
minha dissertação de mestrado, tendo sempre como foco a busca da valorização dessa disciplina que
considero fundamental nos estudos da aquisição de línguas, de forma geral, e da língua inglesa, de
forma particular. Desejo há tempos lançar luzes inovadoras sobre o texto e o ensino dessa importante
área, focalizando, sobretudo, o ensino e aprendizagem da fonética e fonologia em âmbito da
graduação/formação de professores de língua inglesa.
Por último, seria possível dizer que, sendo um ávido defensor da matéria, não se deve atribuir
à fonética papel secundário, isso não seria prudente. É preciso, ao contrário, fortalecer a qualidade
e quantidade de horas de estudo sobre os sons da língua que se estuda, promover qualidade
comunicativa, considerando que o uso acurado da pronúncia aumenta a probabilidade de o neófito
da língua inglesa ser compreendido em suas empreitadas comunicativas, minimizando as
ambiguidades e eventual desinteresse dos interlocutores devido à carência de competência
comunicativa motivada por má pronúncia. Além disso, como é lícito supor, os falantes de qualquer
idioma valorizam o esforço de estrangeiros para falar com mais clareza. Tudo isso faz com que
reflitamos a respeito de nosso papel de agentes promotores do ensino de língua estrangeira, de forma
que sejamos mais orientados para promover o uso real da língua.

112
4 COMENTÁRIOS À TRADUÇÃO

Os comentários sobre o processo tradutório estão organizados na ordem texto-fonte, seguido


de texto-alvo e posterior comentário. Os trechos selecionados serão retirados do capítulo original,
seguidos de suas respectivas traduções. Os trechos que mereceram comentários foram aqueles
problemáticos para traduzir, ou aqueles onde houve passagens cuja tradução causou algum tipo de
dúvida ou desconforto no tradutor sobre como o trecho seria entendido pela audiência-alvo. O texto
completo com sua respectiva tradução está disponível no apêndice desta tese. Doravante, passo a
abordar as dúvidas e tomadas de decisão durante o processo da tradução do ACIP, de forma
introspectiva e retrospectiva, como descrevem Williams e Chesterman (2014). Para apresentar a
estratégia tradutória adotada, transcrevo o trecho em inglês que se refere ao texto-fonte, doravante
(TF), seguido da tradução proposta que se refere ao texto-alvo, doravante (TA) e teço os
comentários a respeito de minhas decisões.
Com o objetivo de possibilitar uma visualização mais fácil, os trechos foram organizados em
uma sequência contendo três módulos destacados em negrito: o primeiro contém o trecho original,
o segundo, sua tradução, e o terceiro, os comentários. Os grifos apresentados não constam no
original, mas foram feitos com propósito organizacional, a fim de destacar os trechos mais
relevantes, discutidos nos comentários. No trecho que destaca o texto-fonte será informada a página
onde o referido trecho se encontra no ACIP original. Como a tradução é fruto de uma única fonte,
não repetirei o nome do autor em todas as ocorrências. E por se tratar de uma tradução ainda não
publicada, não é possível localizar a página dos trechos traduzidos.
A estrutura organizacional dos comentários sobre a tradução proposta neste estudo foi feita
em obediência à linha condutora da categoria de análise intitulada terminologia. Outras categorias
como, por exemplo, expressões idiomáticas, fraseologia, léxico, estruturas verbais aconteceram ao
longo do texto, mas meu enfoque principal é a parte terminológica. A escolha dessa categoria deu-
se pela relevância que a compreensão dos termos nos estudos da fonética tem para a internalização
dos conceitos fundamentais da área.

Observação1: as sequências de (TF) (TA) e Comentários serão numeradas com o objetivo


de facilitar suas respectivas localizações.

113
Observação 2: todos os trechos do (TF) e, por consequência, seus respectivos (TA)
pertencem ao livro ACIP de Peter Ladefoged, portanto, mencionarei somente os números das
páginas após TF, com exceção do primeiro esquema de TF, TA e comentários.

1. T.F […] When you talk, air from the lungs goes up the windpipe (the trachea, to use the
more technical term) and into the larynx, at which point it must pass between two small muscular
folds called the vocal folds. If the vocal folds are apart (as yours probably are right now while you
are breathing in and out), the air from the lungs will have a relatively free passage into the pharynx
and the mouth. But if the vocal folds are adjusted so that there is only a narrow passage between
them, the airstream from the lungs will set them vibrating. Sounds produced when the vocal folds
are vibrating are said to be voiced, as opposed to those in which the vocal folds are apart, which are
said to be voiceless (LADEFOGED, 2015, p. 4).
T.A […] quando você fala, o ar dos pulmões vai até a traqueia (para usar o termo mais
técnico) e para a laringe, momento em que deve passar entre duas pequenas dobras musculares
chamadas de pregas vocais. Se as pregas vocais estão separadas (como as suas provavelmente estão
agora enquanto você está respirando), o ar dos pulmões terá uma passagem relativamente livre para
a faringe e boca. Mas se as pregas vocais estiverem ajustadas, de modo que haja apenas uma
passagem estreita entre elas, a corrente de ar dos pulmões as colocará em vibração. Os sons
produzidos quando as pregas vocais estão vibrando são ditos ser vozeados ou sonoros, ao contrário
daqueles nos quais as pregas vocais estão separadas, e que são chamados de desvozeados ou surdos
(LADEFOGED, 2015, p.4)
Comentários: Quando o autor diz que traqueia seria o termo técnico adequado em oposição
a windpipe, sugere que os termos se diferenciam num binário (comum em oposição a técnico) e,
logo na sequência, refere-se às cordas vocais como vocal folds, em vez de vocal cords, sugerindo,
portanto, que vocal folds seria o termo técnico em oposição ao termo comum vocal cords. Portanto,
há nesse trecho uma preferência pelo termo técnico pregas vocais em vez de cordas vocais.
Em relação a voiced e voiceless percebo que diferentes autores brasileiros traduzem esses
termos como surdo/sonoro ou desvozeado/vozeado, respectivamente, no entanto há uma preferência
importante pelo uso de surdo/sonoro. Este dado foi registrado com base no eixo temporal. Alguns
termos preferenciais de tradução e os resultados podem ser visualizados no capítulo 6, página 142.

114
2. (TF) Speech sounds, like other sounds, can differ from one another in three ways. They
can be the same or different in (1) pitch, (2) loudness, and (3) quality. (p.7)
(TA) Os sons da fala, como outros sons, podem se diferenciar de três maneiras. Eles podem
ser iguais ou diferentes em (1) altura ou pitch, (2) volume e (3) qualidade.
Comentários: Numa primeira tradução, optei por traduzir pitch por “altura”, como sugere
Silva (2015). Porém, após reflexão e revisão, voltei atrás e mantive “pitch”, pois o fato de a palavra
pitch aparecer, às vezes, após high na construção high pitch, promove uma tradução redundante em
português. Talvez por esta razão, alguns autores brasileiros prefiram manter o termo pitch tal como
ele é em inglês, já que a tradução ficaria “altura alta”.

pitch (n.) O termo é geralmente utilizado como a palavra da língua inglesa, embora
possa também ser traduzido como altura. Diz respeito ao efeito acústico produzido
pela frequência de vibração das cordas vocais. De maneira geral pode-se dizer que
quanto mais alta for a frequência de vibração das cordas vocais mais alto será o
pitch. O pitch permite classificar os sons em uma escala de baixo-alto, com
posições intermediárias e desempenha um papel importante nos estudos da
entonação e tom. Em línguas tonais os tons apresentam diferentes níveis de pitch
que caracterizam os diferentes tons (SILVA, 2015, p.175).

3. (TF) The upper part of Figure 1.4 which shows the variations in air pressure that occur
during a production of the word father. The ordinate (the vertical axis) represents air pressure
(relative to the normal surrounding air pressure), and the abscissa (the horizontal axis) represents
time (relative to an arbitrary starting point). (p. 7)
(TA) A parte superior da figura 1. 4 mostra as variações na pressão de ar que ocorrem durante
a pronúncia de Peter Ladefoged da palavra father. A ordenada (o eixo vertical) representa a pressão
do ar (em relação à pressão normal do ar), e a abscissa (o eixo horizontal) representa o tempo
(relativo a um ponto de partida arbitrário).
Comentário: Neste ponto da tradução, preferi omitir a palavra surrounding (circundante)
por entender que não faria falta nesse contexto e soaria um tanto redundante em português.

4. (TF) […] The sound [f] at the beginning of the word father has a low amplitude (it is not
very loud, so the pressure fluctuation is not much different from zero) in comparison with the vowel
that follows it, and the variations in air pressure are smaller and more nearly random. There are no
regular pulses because the vocal folds are not vibrating. (p. 7)

115
(TA) [...] O som [f] no início da palavra father tem baixa amplitude (não é muito alto (loud),
logo a flutuação da pressão não é muito diferente de zero) em comparação com a vogal seguinte e
as variações na pressão do ar são menores e quase mais aleatórias. Não há pulsos regulares porque
as cordas vocais não estão vibrando.
Comentário: Na primeira linha do trecho acima, é importante manter a palavra loud ao lado
da tradução “alto” para distingui-la de pitch. Neste caso, “alto” se refere exclusivamente a volume.
É importante ressaltar que as palavras “alto/altura” em português têm ainda as seguintes
possibilidades em inglês: hight, high, loud e pitch, o que dificulta algumas traduções. Por causa
disso, alguns termos como pitch foram mantidos na língua- fonte para evitar redundâncias e/ou
ambiguidades.

5. (TF) The names of the principal parts of the upper surface of the vocal tract are given in
Figure 1.6. The upper lip and the upper teeth (notably the frontal incisors) are familiar enough
structures. Just behind the upper teeth is a small protuberance that you can feel with the tip of the
tongue. This is called the alveolar ridge. You can also feel that the front part of the roof of the
mouth is formed by a bony structure. This is the hard palate. You will probably have to use a
fingertip to feel farther back. Most people cannot curl the tongue up far enough to touch the soft
palate, or velum, at the back of the mouth. The soft palate is a muscular flap that can be raised to
press against the back wall of the pharynx and shut off the nasal tract, preventing air from going out
through the nose. In this case, there is said to be a velic closure. This action separates the nasal tract
from the oral tract so that the air can go out only through the mouth. At the lower end of the soft
palate is a small appendage hanging down that is known as the uvula. The part of the vocal tract
between the uvula and the larynx is the pharynx. The back wall of the pharynx may be considered
one of the articulators on the upper surface of the vocal tract. (p. 10)
(TA) Os nomes das principais partes da superfície superior do trato vocal são apresentados
na figura 1.6. O lábio superior e os dentes superiores (notadamente os incisivos frontais) são
estruturas suficientemente familiares. Imediatamente atrás dos dentes superiores há uma pequena
protuberância que você pode sentir com a ponta da língua. Ela é chamada de crista alveolar. Você
também pode sentir que a parte frontal do céu da boca é formada por uma estrutura óssea. Esse é o
palato duro. Você provavelmente terá que usar a ponta do dedo indicador para sentir a porção mais
posterior. A maioria das pessoas não consegue enrolar a língua longe o suficiente para tocar no

116
palato mole, ou véu palatino, na parte de trás da boca. O palato mole é uma aba muscular que pode
ser erguida para pressionar a parede posterior da faringe e obstruir o trato nasal, evitando a saída de
ar pelo nariz. Nesse caso, há uma obstrução velar. Esse ato separa trato nasal do trato oral de
maneira que o ar somente possa sair pela boca. Na porção inferior final do palato mole há um
pequeno apêndice pendurado conhecido como úvula. A parte do trato vocal entre a úvula e a laringe
é a faringe. A parede posterior da faringe pode ser considerada um dos articuladores na superfície
superior do trato vocal.
Comentário: Entre os termos destacados em negrito, somente a crista alveolar e o palato
mole possuem outros sinônimos, quais sejam, alvéolos ou arcada alveolar, para crista alveolar, e véu
do palato, palato macio ou véu palatino, para palato mole; no entanto, véu palatino é o termo
comumente utilizado pelos estudiosos da fonética e fonologia conforme a Tabela V, p. 141).

6. (TF) In order to form consonants, the airstream through the vocal tract must be obstructed
in some way. Consonants can be classified according to the place and manner of this obstruction.
(p. 12)
(TA) Para formar consoantes, o fluxo de ar através do trato vocal deve ser obstruído de
alguma forma. As consoantes podem ser classificadas de acordo com o ponto e o modo dessa
obstrução.
Comentário: Ao termo (ponto de articulação) também são atribuídos os seguintes
sinônimos: a. lugar de articulação, b. local de articulação e c. zona de articulação*). Por sua vez, o
termo (modo de articulação) tem como sinônimos, as seguintes alternativas: a. maneira de
articulação, b. modo articulatório e c. sonoridade (SEARA, NUNES e VOLCÃO, 2011, p. 25).
Ladefoged (2015) argumenta que os articuladores primários que podem causar uma obstrução na
maioria dos idiomas são os lábios, a ponta da língua e a lâmina e o dorso da língua. Os gestos de
fala que usam os lábios são chamados de articulações labiais; aqueles que usam a ponta ou a lâmina
da língua são chamados de articulações coronais, e aqueles que usam a parte de trás da língua são
chamados de articulações dorsais (LADEFOGED, 2015, p. 12). Para Jakobson a classificação
pelos pontos de articulação na boca são: labiais, labiodentais, dentais, alveolares, pré-
palatais, médio-palatais, velares (1967, p.16-17).
*Retomando o termo “zona” de articulação, a partir dos argumentos de Ladefoged, suspeito
que o termo se torna mais compreensível após a leitura do trecho abaixo.

117
Não podemos confiar na ortografia para nos dizer se dois sons são membros de
diferentes fonemas. Por exemplo, as palavras phone e foam começam com os
mesmos sons, embora tenham diferentes grafias. Para tomar um exemplo mais
complexo, as palavras key e car começam com o que podemos considerar como o
mesmo som, apesar do fato de que um é escrito com a letra k e o outro com c. Mas
neste caso, os dois sons não são exatamente os mesmos. As palavras key e car
começam com sons ligeiramente diferentes. Se você sussurrar apenas as primeiras
consoantes nessas duas palavras, provavelmente pode ouvir a diferença, e você
pode sentir que sua língua toca o céu da boca em um lugar diferente para cada
palavra. Este exemplo mostra que pode haver diferenças muito sutis entre os
membros de um fonema. Os sons no início de key e car são ligeiramente diferentes,
mas não é uma diferença que muda o significado de uma palavra em inglês. Ambos
são membros do mesmo fonema48 (LADEFOGED, 2015, p. 36).

7 (TF) The higher-pitched sounds with a more obvious hiss, such as those in sigh and shy,
are sometimes called sibilants. (p. 17)
(TA) Os sons com pitch mais alto com um “chiado” mais óbvio, como aqueles em sigh, shy,
são às vezes chamados de sibilantes.
Comentário: Decidi por manter o termo pitch em inglês para evitar uma eventual tradução
do tipo “sons de altura mais alta” ou “maior altura”. Portanto, doravante, o termo pitch será mantido,
ao longo da tradução, em língua inglesa. No mesmo enunciado, minha opção de tradução para a
palavra “hiss” foi “chiado” para evitar o termo mais burocrático, “silabação”.

8 (TF) Words in English that start with a vowel in the spelling (like eek, oak, ark, etc.) are
pronounced with a glottal stop at the beginning of the vowel. This “glottal catch” sound isn’t written
in these words and is easy to overlook; […] (p.18).

48
No original: “We cannot rely on the spelling to tell us whether two sounds contrast. For example, the words phone
and foam begin with the same sounds, although they have different spellings. To take a more complex example, the
words key and car begin with what we can regard as the same sound, despite the fact that one is spelled with the letter
k and the other with c. But in this case, the two sounds are not exactly the same. The words key and car begin with
slightly different sounds. If you whisper just the first consonants in these two words, you can probably hear the
difference, and you may be able to feel that your tongue touches the roof of the mouth in a different place for each word.
This example shows that there may be very subtle differences between sounds that do not contrast with each other. The
sounds at the beginning of key and car are slightly different, but it is not a difference that changes the meaning of a word
in English. The phonetic difference is not a phonemic difference”.

118
(TA) As palavras em inglês que começam com uma vogal na grafia (como eek, oak, ark,
etc.) são pronunciadas com uma oclusiva glotal no início da vogal. Este som “glotal” não está escrito
nestas palavras e é fácil de ignorar; [...] (p.18).
Comentário: “glottal catch”. Decidi não traduzir a palavra catch devido a sua ausência não
prejudicar a compreensão em português.

9 (TF) Another way of minimizing the sound of the vocal fold vibrations is to say the vowels
in a very low, creaky voice […]. It is easiest to produce this kind of voice with a vowel such as that
in had or hod. Some people can produce a creaky-voice sound in which the rate of vibration of the
vocal folds is so low that you can hear the individual pulsations. (p. 23)
(TA) Outra maneira de minimizar o som das vibrações das pregas vocais é dizer as vogais
em uma voz muito baixa (a chamada voz crepitante (creaky-voice). É mais fácil produzir esse tipo
de voz com uma vogal como as de had ou hod. Algumas pessoas podem produzir um som de voz
crepitante em que a velocidade de vibração das pregas vocais é tão baixa que você pode ouvir as
pulsações individuais.
Comentário: O ACIP apresenta o termo creacky voice apenas se referindo a ele como uma
voz muito baixa. Prefiro apresentar a definição de Barbosa e Madureira (2015) para que o leitor
tenha uma ideia mais precisa do referido termo:

voz crepitante ou laringalizada (creaky voice), em que as aritenoides estão sob forte
compressão e a vibração das pregas vocais é parcial. A principal característica da
voz crepitante é a irregularidade do intervalo entre os pulsos glotais consecutivos.
Essa irregularidade é referida na literatura fonética como jitter. Na voz crepitante
os pulsos glotais apresentam fechamento abrupto que contribui para intensificar as
frequências altas. (BARBOSA e MADUREIRA, 2015, p 43).

10 (TF) Vowels and consonants can be thought of as the segments of which speech is
composed. Together they form the syllables that make up utterances. Superimposed on the syllables
are other features known as suprasegmentals. These include variations in stress and pitch. (p. 24)
(TA) Vogais e consoantes podem ser entendidos como os segmentos dos quais a fala é
composta. Juntos eles formam as sílabas que compõem enunciados. Sobrepostos às sílabas estão
outros traços conhecidos como suprassegmentos. Estes incluem variações no acento e no pitch.

119
Comentário: Optei por utilizar o termo acento como tradução para stress como propõe Silva
(2015) em seu dicionário de fonética e fonologia.

11 (TF) Try saying abominable and tapping first on the first syllable, then on the second,
then on the third, and so on. If you say the word in your normal way, you will find it easiest to tap
on the second syllable. Many people cannot tap on the first syllable without altering their normal
pronunciation. (p. 25)
(TA) Tente dizer abominable (abominável) batendo primeiro na primeira sílaba, depois na
segunda, depois na terceira, e assim por diante. Se disser a palavra à sua maneira normal, você achará
mais fácil bater na segunda sílaba. Muitas pessoas não conseguem bater na primeira sílaba sem
alterar sua pronúncia normal.
Comentário: Importante saber que se trata de palavra cuja sílaba tônica é a segunda. Este
comentário foi mantido na tradução de ACIP em obediência a um dos postulados do funcionalismo
que tem, como uma de suas características principais, a intenção de atender o leitor-alvo, a ênfase
no objetivo (skopos) da tradução.

12 (TF) […] (Speakers of British English will have to remember that in American English, the
name of the last letter of the alphabet belongs in this set rather than in the set of words rhyming with
bed.) (p. 37)
(TA) Os falantes do inglês britânico terão que lembrar que, no inglês americano, o nome da
última letra do alfabeto pertence a este conjunto e não ao conjunto de palavras que rimam com bed.
Comentário: O alerta do autor se justifica pelo fato de que no inglês americano a pronúncia
de Z é [zi] e no inglês britânico é [zɛd]

13 (TF) Chapters 3 and 4 focus on several of the sound patterns of English, but it doesn’t
hurt to give a few more examples here, so you will get a flavor of why we need to think carefully
about different types of phonetic transcription. (p.49)
(TA) Os capítulos 3 e 4 se concentram em muitos dos padrões de som do inglês, mas não é
incômodo disponibilizar mais alguns exemplos aqui, então você terá uma amostra de por que
precisamos pensar cuidadosamente a respeito de diferentes tipos de transcrição fonética.

120
Comentário: Lembremos que uma das características da linguagem empregada por
Ladefoged em ACIP é o fato de ser student friendly, isto é, “acessível ao estudante”. Trata-se de
linguagem não burocrática, não erudita. Por esta razão, sugiro a tradução “mas não é incômodo”
para o enunciado but it doesn’t hurt por considerar que “mas não dói” soaria como uma espécie de
gíria regional, que poderia causar algum tipo de estranhamento.

14 (TF) The chapter also considers the types of distributions in which sounds occur
(contrastive, complementary, or free variation) and how these patterns relate to phonemic, broad,
and narrow phonetic transcription. We emphasize that there is no one correct IPA transcription—
that what one conveys by transcription depends to an extent on the focus of your attention. (p. 51)
(TA) O capítulo também considera os tipos de distribuição em que os sons ocorrem
(contrastiva, complementar ou variação livre) e o modo como esses padrões se relacionam com a
transcrição fonêmica, e a transcrição fonética ampla e restrita. Nós enfatizamos que não há
transcrição baseada no IPA totalmente correta—o que se transmite por transcrição depende, em certa
medida, do foco de sua atenção.
Comentário: Optei por repetir a palavra transcrição no TA acima para deixar claro que há
diferenças entre transcrição fonética (que se divide em ampla e restrita) e transcrição fonêmica.
O termo transcrição ampla é normalmente utilizado para designar uma transcrição que usa
um conjunto de símbolos o mais simples possível. Por outro lado, “uma transcrição estreita é
aquela que mostra mais detalhes fonéticos, seja usando símbolos mais específicos ou representando
algumas diferenças alofônicas” (LADEFOGED, 2015, p. 50).
Para as transcrições fonêmicas, somente os FONEMAS são representados, ou seja, não são
utilizados alofones nessas transcrições. Os símbolos utilizados nas transcrições fonêmicas são,
geralmente, os mesmos utilizados nas transcrições fonéticas (símbolos propostos pelo IPA).
Exemplo de transcrição fonética versus transcrição fonêmica:
[fɔ'nɛtʃikə] Transcrição fonética da palavra “fonética”
/fɔ'nɛtika/ Transcrição fonêmica da palavra “fonética”
Segundo Silva (1998),
a representação fonética (uso de fones - entre colchetes) - e a representação
fonêmica (uso de fonemas entre barras transversais - não será necessariamente
idêntica, como o exemplo da palavra “babá”: [ba'ba] e /ba'ba/. Podemos ter, por
exemplo, a representação fonética [pĩ'toh] “pintor” que se relaciona com a
representação fonêmica /piN'toR/. (SILVA, 1998, p. 119)

121
15 (TF) In a narrow transcription, we can symbolize the fact that a consonant is unreleased
by adding a small raised mark [˺], which stands for “no audible release.” We could therefore
transcribe the phrase as [ðə 'kʰæt˺ pʰʊʃt]. (p.65)
(TA) Em uma transcrição restrita, podemos simbolizar o fato de que uma consoante não é
produzida, adicionando uma pequena marca levantada [˺], que significa “nenhuma liberação
fonêmica audível”. Portanto, podemos transcrever a frase como [ðə 'kʰæt˺ pʰʊʃt].
Comentário: Decidi acrescentar a palavra fonêmica no trecho acima para dar mais clareza
ao enunciado. A palavra released pode ser entendida, foneticamente, como pronunciado, articulado
ou liberado, daí a necessidade de acrescentar a palavra fonêmica.

16 (TF) Glottal stops frequently occur as variants of / t /. Probably most Americans and many
British speakers have a glottal stop followed by a syllabic nasal in words such as beaten, kitten,
fatten ['biʔn̩, 'kIʔn̩, 'fæʔn̩]. London Cockney and many forms of Estuary English also have a glottal
stop between vowels such as in butter, kitty, fatter ['bʌʔə,' kIʔI, 'fæʔə]. (grifo nosso) (p.66)
(TA) As oclusivas glotais frequentemente ocorrem como variantes de /t/. Provavelmente, a
maioria dos americanos e muitos falantes britânicos realizam uma oclusiva glotal seguida por uma
nasal silábica em palavras como beaten, kitten, fatten ['biʔn̩, 'kIʔn̩, 'fæʔn̩]. London Cockney e
muitas formas de inglês do Estuário também têm uma oclusiva glotal entre vogais, como em butter,
kitty, fatter ['bʌʔə,' kIʔI, 'fæʔə].
Comentário: Como os termos em negrito são bem específicos de variedades do inglês
britânico, decidi adicionar suas definições.

Cockney n. [non-technical] The traditional label for the distinctive speech variety of
the metropolitan London area, centred on the East End of the city, or for a person
using this variety. From coken-ey 'cock's egg', a label applied originally to a
pampered, squeamish or effeminate person, then by countrymen to city-dwellers
generally (TRASK, 1996).

17 (TF) We should also note that most Americans, irrespective of whether they have lateral
plosion, do not have a voiceless stop in little. There is a general rule in American English that

122
whenever / t / occurs after a stressed vowel and before an unstressed syllable other than [n̩], it is
changed into a voiced sound. For those Americans who have lateral plosion, this will be the stop [
d ]. (p.68)
(TA) Devemos também notar que a maioria dos americanos, independentemente de
realizarem a plosão lateral, eles não articulam uma oclusiva surda em little. Há uma regra geral no
inglês americano segundo a qual, sempre que /t/ ocorre após uma vogal tônica e antes de uma sílaba
não tônica que não seja [n̩], é transformado em um som vozeado. Para os americanos que produzem
a plosão lateral, este será a oclusiva [d].
Comentário: A palavra have no contexto acima pode significar (realizar, pronunciar,
articular, produzir, liberar e ter). Optei pelos verbos pelas formas destacadas acima, no entanto, as
opções em português poderiam ser utilizadas sem prejuízo de significado neste contexto específico.

18 (TF) From the point of view of a phonologist considering the sound pattern of English,
the post-alveolar affricates are plainly single units, but [ts] as in cats is simply a sequence of two
consonants. (p.71)
(TA) Do ponto de vista de um fonologista, considerando o padrão de som do inglês, as
africadas pós-alveolares são segmentos claramente simples, mas [ts] como em cats é simplesmente
uma sequência de duas consoantes.
Comentário: Utilizei em português a sequência segmento simples (que envolve somente um
traço articulador oral) em oposição ao que se conhece em fonética como segmento complexo, que
normalmente envolve dois traços articuladores orais.

19 (TF) Nothing need be said about the vowel before the nasal. Epenthesis
may, like the [t]-to-[ɾ] change described in (13) - occur between unstressed
vowels. (p.80)
(TA) Nada precisa ser dito sobre a vogal antes da nasal. A epêntese pode, como a mudança
de [t] -para- [ɾ] descrita em (13), ocorrer entre vogais átonas.
Comentário: Para evitar o uso de duas palavras de sentido negativo em uma eventual
tradução como “Não é necessário dizer nada” Preferi dizer “Não é necessário falar sobre”, desta
forma o texto fica mais fluente.

123
20 (TF) X-ray studies of speech have shown that in both these ways of producing a
rhotacized quality, there is usually a constriction in the pharynx caused by retraction of the part of
the tongue near the epiglottis. (p. 100)
(TA) Os estudos de raio-X de fala mostraram que, em ambas as formas de produzir uma
qualidade rotacizada, geralmente existe uma constrição na faringe causada pela retração da parte da
língua que fica próxima à epiglote.
Comentário: A adição do trecho destacado em negrito no TA deve-se à tentativa de torná-
lo mais fluente.

21 (TF) There are other indications of reduced pronunciation in the second production of
this word - all of the segments are shorter, the first vowel has no steady-state portion (see how the
second highest dark band goes down in frequency throughout the vowel, where in the first
production there was a plateau), and the [ s ] is lighter at the top of the spectrogram. (p. 116)
(TA) Há outras indicações de pronúncia reduzida na segunda produção desta palavra - todos
os segmentos são mais curtos, a primeira vogal não tem uma zona de postura estável do trato
vocal (veja como a segunda faixa escura mais alta desce em frequência ao longo da vogal, na
primeira produção houve um platô), e o [s] é mais claro no topo do espectrograma.

Comentário: Novamente, com o objetivo de dar fluência ao texto, foi acrescentado “trato
vocal”. A descrição acima se refere à palavra opposite. A figura acima foi acrescentada para facilitar
a visualização.

22 (TF) Over five times as many could easily have been listed. (p. 117)
(TA) Poderíamos facilmente ter listado mais de cinco vezes esta quantidade.
Comentário: Novamente, com o objetivo de dar fluência ao texto, a frase foi invertida e a
palavra quantidade foi adicionada.

124
23 (TF) Consequently, you will find that the best way to decide whether a syllable is stressed
is to try to tap out the beat as a word is said. (p. 119-120).
(TA) Consequentemente, você descobrirá que a melhor maneira de decidir se uma sílaba é
tônica é tentar conferir as sílabas com batidas no ritmo quando uma palavra for dita.
Comentário: No português do Brasil, em minha tradução para “tap out the beat” (“batidas
no ritmo”) busco sintetizar a ideia de alguém que acompanha uma música imitando suas batidas, no
caso em questão, para conferir as sílabas de uma palavra. Espero que a alternativa encontrada em
português, embora mais longa, seja mais compreensível.

24 (TF) Usually, in an intonational phrase, the last stressed syllable that conveys new
information is the tonic syllable. It has a falling pitch, unless it is part of a sentence in which there
is another intonational phrase to follow, in which case there may be a continuation rise (or, at least,
a lack of a final fall) in the pitch. (p. 134)
(TA) Normalmente, em uma frase entonacional, a última sílaba acentuada que transmite a
nova informação é a sílaba tônica. Ela tem um pitch em queda, a menos que seja parte de uma frase
em que haja outra frase entonacional logo a seguir; em cada caso pode haver um aumento de
continuação (ou, pelo menos, a falta de uma queda final) no pitch.
Comentário: Em fonética existe a stressed syllable, sílaba tônica ou acentuada, isto é, a
sílaba mais forte de uma palavra, é a sílaba emitida com mais ênfase, em cada palavra há apenas
uma sílaba tônica. Existe também a tonic syllable (que representa o acento principal em uma
unidade tonal. Ela é a sílaba que tem o acento principal na unidade tonal) ex: I’m going to the shop
/ to buy a rug/ for my room.
A sentença está dividida em três partes, ou unidades tonais. As palavras em negrito recebem
a maior ênfase, e são, portanto, as “tonic syllables”, que normalmente estão na última palavra de
conteúdo em uma unidade tonal, a qual, por sua vez, possui somente uma tonic syllable
(HUDSON, 2019).

25 (TF) In some languages, speech sounds are produced by moving different bodies of air.
(p. 145)
(TA) Em alguns idiomas, os sons da fala são produzidos movendo-se diferentes porções de
ar.

125
Comentário: No trecho acima, julguei que “porções” em vez de “corpos” seria adequado.

26 (TF) As you might gather from this discussion, many people aren’t able to say ejectives
right away. Just keep on practicing. (p. 148)
(TA) Como se pode entender nessa discussão, muitas pessoas não conseguem dizer os
ejetivos imediatamente.
Comentário: A princípio, a palavra gather soou estranha, pois eu achava que refletia a ideia
de juntar, unir. No entanto, descobri no Oxford for Advanced Learners Dictionary que a referida
palavra pode ser traduzida por “entender” de maneira que o trecho acima pôde ser traduzido a
contento.

27 (TF) The top line of Table 6.2 (on page 150) illustrates implosives in sindhi. (…) Acoustic
waveforms and spectrograms of two of the words in Table 6.2 are shown in Figure 6.4 (on page
150). (p. 149)
(TA) A linha superior da Tabela 6. 2 (na página 150) ilustra implosivas em sindi. (...) Formas
de onda acústicas e espectrogramas de duas das palavras na Tabela 6.2 são mostrados na Figura 6.4
(na página 150).
Comentário: Importante registrar nesse momento que, quando o trecho se refere à página
do enunciado, trata-se da página do livro original ACIP; portanto, a página de número 150 é onde
se encontram os trechos retro citados no livro de Ladefoged (ACIP).

28 (TF) One other airstream mechanism is used in a few languages. This is the mechanism
that is used in producing clicks, such as the interjection expressing disapproval that novelists write
tuttut or tsktsk. (p. 152)
(TA) Outro mecanismo de fluxo de ar é usado em algumas línguas. Esse é o mecanismo
usado na produção de cliques, como a interjeição que expressa a desaprovação, escrita pelos
romancistas como tuttut ou tsktsk.
Comentário: O som “tuttut” é um exemplo de clique. Um movimento de clique implosivo
para dizer algo que expresse desaprovação.
fonte: https://www.merriam-webster.com/dictionary/tut-tut Grifo meu.

126
29 (TF) But if there is considerable airflow, as in an h-like sound, the vocal folds will be set
vibrating while remaining apart. In this way, they produce what is called breathy voice, or
murmur. (p. 157)
(TA) Mas se houver um fluxo de ar considerável, como em um som semelhante ao de um h,
as cordas vocais ficarão vibrando enquanto permanecerem separadas. Dessa forma, elas produzem
o que é chamado de voz soprosa ou murmúrio*.
Comentário: Barbosa e Madureira (2015) definem a voz soprosa (breathy voice) como
aquela em que

as pregas vocais estão um pouco afastadas, mas vibram integralmente ou apenas na


parte anterior e deixam passar a corrente de ar na parte posterior da glote onde as
aritenoides estão afastadas, causando em ambos os casos um ruído de aspiração.
Na voz soprosa as fases de abertura e fechamento são equivalentes, e praticamente
não há fechamento. Há muita energia na frequência fundamental, o primeiro
harmônico da voz, que apresenta habitualmente mais intensidade do que o segundo
harmônico (2015, p. 42).

* Murmúrio não é um termo comumente usado nos livros sobre fonética do português,
embora seja sinônimo de sussurro.

30 (TF) Measure (to the nearest 10 ms) the VOT in the waveforms of the stops in a pie, a
buy, a spy. (p. 166)
(TA) C. Meça (com base em 10 ms) o VOT nas formas de onda das oclusivas em a pie, a
buy, a spy.
Comentário: A expressão “Measure (to the nearest 10 ms)” causou, de início, um
estranhamento. Após pesquisa minuciosa no Oxford for Advanced Learners Dictionary, concluí que
medir algo (to the nearest inch, to the nearest meter, to the nearest kilometer etc.) significa que a
medida mencionada deve ser a referência, isto é, não deve haver fração. Por exemplo, ao se medir
“to the nearest inch” uma caneta que mede 7,4 polegadas, a medida informada deve ser 7 polegadas.
No caso do texto-fonte, a medida de referência é de 10 ms, (ou milissegundos).
31 (TF) A slightly better way of dividing fricatives is to separate them into groups on a
purely auditory basis. Say the English voiceless fricatives [f, θ, s, ʃ f], Which two have the loudest
high pitches? You should be able to hear that [s, ʃ] differ from [f, θ] in this way. (p. 185)
(TA) Uma maneira um pouco melhor de dividir as fricativas é separá-las em grupos em uma

127
base puramente auditiva. Pronuncie as fricativas surdas inglesas [f, θ, s, ʃ]. Quais são as duas que
têm os pitches altos com o maior pico de sonoridade? Dessa forma, você deve ser capaz de ouvir
que [s, ʃ] diferem de [f, θ].
Comentário: Considerando que loud pode significar alto, high também significa alto e pitch
pode significar altura, pode-se imaginar quão difícil foi ajustar a questão que está em negrito no
texto fonte. A alternativa foi manter o termo pitch em inglês como previamente decidido para a
tradução de ACIP, high continuou com a mesma tradução aplicada ao longo do corpo do texto e,
finalmente, loudest compôs a solução como pico de sonoridade.

32 (TF) The most common pronunciation of the sound written with the letter “r” in the
languages of the world is the trilled [r]. This is why the IPA uses the common letter [r] for trill and
the typographically unusual symbol [ɹ] for the phonetically unusual rhotic approximate found in
English. (p. 186)
(TA) A pronúncia mais comum do som escrito com a letra “r” nas línguas do mundo é o [r]
trill. É por isso que o IPA usa a letra comum [r] para o trill e o símbolo tipograficamente incomum
[ɹ] para a aproximante rótica foneticamente incomum, encontrada no inglês.
Comentário: Decidi manter o termo trill na tradução porque ele designa a vibrante múltipla
alveolar sonora, e não há uma palavra equivalente em português para sintetizá-lo ou substituí-lo.
Segundo Cóstola,
Este som tem como principal característica o movimento vibratório da língua contra
os alvéolos com as condições aerodinâmicas apropriadas. A língua é o articulador
ativo que se eleva em direção aos alvéolos. Sob a ação da corrente de ar, o
movimento vibratório da língua produz repetidas oclusões (contato da língua nos
alvéolos) e liberações (soltura dos contatos). O véu palatino continua elevado e as
pregas vocais vibram. (CÓSTOLA, 2018, p. 143).

Costa (2007) assinala que a vibrante pode ser MÚLTIPLA (duas batidas ou mais, também
chamada de TRILL) ou SIMPLES (uma só batida, também chamada FLAP, ou ‘flepe’). Exemplos:
Vibrante simples ou flepe= [ɾ], como em “caro”, “vara”, “aro”. Vibrante múltipla ou ‘trill’= [r] é a
pronúncia do ‘r’ e ‘rr’ nas palavras “carro” e “rato”, conforme o português de Portugal e de algumas
regiões do Rio Grande do Sul.
33 (TF) pho.ne.tics \fə-'nɛ-tiks\ 1: the system of speech sounds of a language or group
of languages. (p. Contracapa)

128
(TA) pho.ne.tics \fə-'nɛ-tɪks\ 1:o sistema de sons da fala de uma língua ou grupo de
línguas.
Comentário: Ironicamente, todavia, sem pretensão de promover a visibilidade de uma falha
tosca, como um dos últimos comentários, optei por apresentar um “erro” de transcrição na
contracapa do livro. Uma corruptela na pronúncia da palavra phonetics que poderia ter sido evitada
com um olhar mais atento dos editores ou do(s) revisor(es). O livro ACIP que é a grande referência
dos estudos da fonética no mundo apresenta um equívoco de transcrição do seu termo mais
importante, “phonetics”. Transcrito com [i] quando deveria ser com [ɪ], como pode ser visto no
TA acima.

34 (TF) The status of glottal stop as a consonant phoneme in English is questionable because
its distribution is limited. Where other consonants may appear in a variety of positions in words
(e.g., note the [k] in cat, scab, back, active, across, etc.), glottal stop only occurs at the beginnings
of words (i.e., word-initially) before vowels in American English.
(TA) O status da oclusiva glotal como um fonema consonantal em inglês é questionável
porque sua distribuição é limitada. Onde outras consoantes podem aparecer em uma variedade de
posições em palavras, (por exemplo, observe o [k] em cat, scab, back, active, across, etc.), uma
oclusiva glotal ocorre apenas no começo das palavras (ou seja, em onset) antes de vogais, no inglês
americano.
Comentário: beginnings of words (i.e., word-initially) o termo word-initially foi utilizado
pelo autor como sinônimo de beginnings of words. Importante notar que Ladefoged utiliza uma
palavra de raiz latina para indicar outra possibilidade para “beginnings of words”. Na tentativa de
usar a mesma estratégia, preferi disponibilizar um sinônimo produtivo em fonética “onset” também
com o eventual propósito de diversificar o vocabulário do leitor lusófono.
Os comentários sobre o processo tradutório foram organizados, como ilustrado acima, na
ordem texto-fonte, texto-alvo e posterior comentário. Os trechos que mereceram comentários foram
aqueles que causaram dúvidas e/ou dificuldades no traduzir ou desconforto na minha perspectiva de
um eventual resultado preliminar sobre como seria entendido pela audiência-alvo. Abordei as
dúvidas e tomadas de decisão durante o processo da tradução do ACIP, de forma introspectiva e
retrospectiva, como descrevem Williams e Chesterman (2014). A seguir, dou início ao capítulo sobre
fonética articulatória.

129
CAPÍTULO 5

A FONÉTICA ARTICULATÓRIA

O livro ACIP trabalha, fundamentalmente, com a fonética articulatória e a fonética


acústica. Minha tradução será limitada ao plano articulatório que é uma das categorias mais
importantes da área. Existem outras ramificações da fonética, a saber: a fonética auditiva, que lida
com a percepção da fala, isto é, os efeitos físicos que os sons da fala provocam no ouvido do
destinatário; a fonética acústica, que se ocupa da análise das propriedades físicas dos sons da fala;
a fonética instrumental, que compreende o estudo das propriedades físicas da fala, levando em
consideração o apoio de instrumentos laboratoriais; e a fonética forense que tem trabalhado na linha
da verificação de locutores e que busca determinar, por exemplo, se a fala gravada do suspeito de
um crime é, de fato, a da pessoa em questão (somente para citar as tarefas principais).
Pretendo traçar nesta seção um breve panorama da fonética articulatória. Antes, no entanto,
preciso conceituar uma diferença fundamental nas discussões dessa subárea da linguística, aquela
que existe entre a fonética e a fonologia. Trata-se de dois focos de análise dos sons de uma língua.
Segundo Silva,

A fonética é uma disciplina da linguística que apresenta os métodos para descrição,


classificação e transcrição dos sons da fala [...]. A fonética estuda os sons da língua
em sua realização concreta e se ocupa em representar graficamente os sons
produzidos por um falante. A fonologia, em seu turno, investiga o componente
sonoro das línguas naturais do ponto de vista organizacional. Determina a
distribuição dos sons e o contraste entre eles, com ênfase na organização dos
sistemas sonoros (SILVA, 2015, p. 110).

A fonética estuda os sons da fala em todos os seus detalhes. Tomemos como exemplo a
diferença entre as pronúncias da palavra “tipo”. A primeira consoante da palavra é pronunciada [tʃ]
em algumas regiões do Brasil, como em Belém do Pará, Rio de Janeiro e pelos nativos de
Florianópolis, por influência de uma colonização, predominantemente, portuguesa. Por outro lado,
no nordeste brasileiro, a pronúncia para a mesma palavra é [t], o mesmo som da primeira consoante
da palavra ‘taco’. Cabe à fonética estudar as diferenças físicas, concretas desses sons. Não importa
se a pronúncia é diferente e a palavra é a mesma. A fonologia intitula este fenômeno de alofonia,
130
em que um mesmo fonema apresenta realizações diferentes sem alterar o significado das palavras.
Assim, o recuo da língua, na articulação da oclusiva alveolar desvozeada, diante de vocóide frontal
alto, promove o que chamamos em fonologia de palatalização.
Foi dito acima que a fonética estuda os sons da fala de um ponto de vista concreto e
independente de suas funções numa determinada língua. Além disso, a unidade da fonética é o som
da fala ou fone, enquanto a unidade da fonologia é o fonema. O que pode ser interpretado como
fonema (som opositivo) em uma língua, pode não sê-lo em outra. Outra distinção importante da
fonética e da fonologia é que a transcrição na fonética é representada entre colchetes [ ], e na
fonológica, entre barras / /.
A fonologia estuda os sons do ponto de vista funcional, isto é, a função que os sons
desempenham numa determinada língua. Considerando que no português do Brasil temos as
pronúncias [t] e [tʃ], cabe à fonética registrar graficamente essas diferentes ocorrências e, à
fonologia, investigar se essas ocorrências mudam o sentido da palavra, como mudariam no inglês
para as pronúncias de cat [kæt] e catch [kætʃ]; temos aí um prototípico caso de oposição. No caso
do português do Brasil temos uma (variação) em [t] e [tʃ] sendo o [tʃ] uma variante de /t/, o que o
descaracteriza como fonema por não alterar o significado de uma palavra; já no inglês temos
(oposição) /t/ e /tʃ/ que são fonemas autônomos e distintos por alterarem significados. Daí concluir
que à fonologia cabe estudar as diferenças fônicas funcionais, distintivas que promovem diferenças
de significado.
A fonética estuda os sons concretos. Nossa mente interpreta os sons escutados. A maioria
dos falantes de Belém, por exemplo, escuta concretamente (foneticamente) o som oclusivo alveolar
desvozeado [t] no discurso da maioria dos falantes do Maranhão, por exemplo, mas o interpreta
(fonologicamente) como se fosse a africada álveo-palatal desvozeada [tʃ], porque não há contraste
entre [t] e [tʃ] em português. É como se fosse um fonema só. Trata-se, portanto, de pronúncias
variáveis (alofones) do mesmo fonema.
É importante sabermos distinguir fones de fonemas. O som [tʃ], apesar de não ser opositivo
em português, ou seja, de não ser um fonema em nossa língua, funciona como tal em inglês.
Observemos a comparação:
[t]=/t/ em tia [tiɐ] e [tʃ]=[tʃ] em tia [tʃiɐ].

131
Em ambas as realizações não houve oposição de significado. A palavra continua significando
“irmã da mãe ou do pai” nos dois casos. No entanto, em inglês [t]=/t/ em tin-‘lata’ e [tʃ ]=/tʃ/ em
chin - ‘queixo’. Note que há oposição. Trata-se, portanto de fonemas distintos.

5.1 Os articuladores

De acordo com Silva (1998), os órgãos do corpo humano que desempenham um papel na
produção da fala são divididos em três grupos: o sistema respiratório, o sistema fonatório e o sistema
articulatório.

Figura 1 – Sistema respiratório, fonatório e o articulatório

Sistema articulató rio (faringe língua, nariz,


palato, dentes, lá bios)

Sistema fonató rio


(laringe onde está a glote)

Sistema respirató rio


(pulmõ es, mú sculos pulmonares, brô nquios,
traqué ia)

Fonte: SILVA, 1998, p.24.

Segundo Silva,

os articuladores são partes do trato vocal envolvidas na articulação dos sons


consonantais. Podem ser classificados como passivos ou ativos. Na articulação das
consoantes, o articulador ativo movimenta-se em direção ao articulador passivo,
causando obstrução parcial ou total da passagem da corrente de ar (SILVA, 2015,
p. 64).

Os articuladores ativos são o lábio inferior, os dentes inferiores, a língua (pode ser dividida
em ápice ou ponta, lâmina, meio, dorso e raiz), o palato mole ou véu palatino. Os sons produzidos
no palato mole são classificados como velares (termo proveniente da palavra ‘véu’), a úvula e as

132
pregas vocais (duas membranas localizadas na laringe que, quando impulsionadas pela corrente de
ar, vibram, produzindo as ondas sonoras; o espaço entre as pregas vocais é chamado de glote). Os
articuladores passivos são o lábio superior, os dentes superiores, os alvéolos, e o palato duro. Da
Hora restringe os exemplos de tipos de articuladores e os classifica da seguinte maneira: “os
articuladores ativos são denominados aqueles articuladores como, lábio superior, língua, palato
mole, que, na realização dos sons, se movimentam. Ao contrário, o lábio inferior e o palato duro são
denominados de articuladores passivos” (DA HORA, 2002, p.).
Existem outros órgãos que fazem parte do aparato que produz o som de nossa voz: pulmões
(fornecem a corrente de ar necessária à produção de sons), os brônquios e traquéia, (conduzem a
corrente de ar à laringe). Existem ainda as cavidades supra-glotais quais sejam: faringe, cavidade
bucal e fossas nasais. A cavidade bucal contém articuladores cujos nomes servem para classificar
não só as consoantes, mas também as vogais.

5. 2 As consoantes
As consoantes são classificadas com base em três critérios: o modo de articulação, o ponto
de articulação e o papel das cordas vocais. São tradicionalmente classificadas obedecendo à
sequência MODO+PONTO+VOZ.
Ex. [v] consoante fricativa labiodental vozeada. [t] consoante oclusiva alveolar desvozeada

5. 2. 1 Modo de articulação (ou maneira como os sons são produzidos)


O modo de articulação tem a ver com o grau e tipo de obstrução à passagem do ar através do
aparelho fonador, no momento da fonação. Existem tipos básicos e mistos:
a) Oclusivas (ou plosivas): o ar encontra uma barreira total à sua passagem, quando se rompe
bruscamente a barreira, dá-se um ruído momentâneo semelhante a uma explosão.
[p] pato, [b] bato, [t] tapa, [d] dado, [k] casa [g] gato.
b) Fricativas (ou constritivas): o ar encontra uma barreira parcial, um forte estreitamento em
seu percurso. Ao passar por um caminho estreito, o ar produz um ruído de fricção.
[f] feio [v] veio [s] seio, [z] zelo, [ʃ] cheiro, [ʒ] jeito, [x] (fricativa velar desvozeada) perco
(como falada em Belém) [ɣ] (fricativa velar vozeada) carga (idem).
c) Africadas: africados são os sons que começam com uma oclusão e terminam com uma
constrição. Na realidade, iniciam no modo oclusivo e finalizam no modo fricativo.

133
[tʃ] tipo (pronúncia de Belém) [dʒ] dia (idem)
d) Laterais: há uma oclusão parcial da língua, que se projeta contra os alvéolos ou palato
duro, mas permitindo uma fenda livre de modo que o ar passe pelos dois lados da língua.
[l] lata, [ʎ] palha. É importante lembrarmos que, na maioria das regiões do Brasil, a letra “l”
em final de sílaba é realizada como semivogal, como acontece em: “total” = [to'taw].
e) Vibrantes: a consoante vibrante é realizada com uma batida rápida da ponta da língua nos
dentes ou alvéolos, ou da úvula no dorso da língua, podendo ser múltipla (duas batidas ou mais,
também chamada de trill) ou simples (uma só batida, também chamada de flepe ou tepe), sendo que
[ɾ] é símbolo do tepe alveolar, [r] é símbolo do trill alveolar e [ʀ] é símbolo do trill uvular. Portanto
temos: exemplo de ‘flepe ou tepe alveolar’= [ɾ] “caro”, vibrante múltipla ou ‘trill’ = [r] é a pronúncia
do ‘r’ e ‘rr’ na palavra “rato” com sotaque de Portugal e de algumas regiões do Rio Grande do Sul.

5. 2. 2 Ponto de articulação (ou local onde os sons são produzidos)


O ponto de articulação diz respeito à indicação dos lugares onde os articuladores produzem
obstrução à passagem do ar. Os sons são classificados em labiais ou bilabiais, labiodentais, dentais,
alveolares, palatais, velares e glotais.
 Bilabiais: segmentos produzidos com o auxílio de ambos os lábios, sendo o lábio inferior
o articulador ativo (ou móvel) e o lábio superior, o articulador passivo, a exemplo de [p] pato [b]
bato [m] mato.
 Labiodentais: segmentos produzidos entre o lábio inferior e os dentes incisivos superiores,
a exemplo de [f] faca [v] vaca.
 Dentais ou interdentais: a língua se posiciona entre os dentes para a produção desses
segmentos, como acontece em [Ө] think e [ð] that.
 Alveolares: sons produzidos na parte anterior do palato duro, atrás dos dentes incisivos
superiores, onde o articulador ativo é o ápice ou a lâmina da língua e o articulador passivo são os
alvéolos (ou arcada alveolar), como ocorre em:
[t] tato [d] dado [s] sapo [z] caso, [l] lato, [n] nato, [ɾ] caro.
 Alveopalatais: a língua é articuladora ativa na produção desses segmentos, que têm o
palato duro como articulador passivo: / j, ʃ, ʒ, tʃ, dʒ /. A exemplo de:
/ʃ/ chuva /ʒ/ jato, [tʃ] tijolo, [dʒ] dia.

134
 Velares: são produzidos com o dorso da língua no palato mole ou véu palatino, o
articulador ativo é a parte posterior da língua e o passivo é o palato mole. É o caso de: / k, g, /.
[k]casa, [g] gato.
 Glotais: realizados no espaço entre as cordas vocais. Os músculos da glote atuam como
articuladores, o ar passa suavemente pela glote. Exemplo: /h/ como em ‘r’ “rato”

5. 2. 3 Articulações secundárias
Segundo Silva (1998), segmentos consonantais podem ser realizados com uma propriedade
articulatória secundária, além das suas propriedades articulatórias fundamentais. É lícito supor
que, quando pronunciamos a sequência grafêmica “su” certamente arredondamos os lábios durante
a realização da consoante s. O arredondamento dos lábios não é uma articulação comum quando
tratamos de pronúncia de consoantes, por isso a labialização é considerada uma propriedade
articulatória secundária nesse tipo de segmento. O exemplo de labialização descrito acima relaciona-
se ao fato de uma consoante ser seguida de uma vogal arredondada.

Propriedades articulatórias secundárias geralmente ocorrem de acordo com o


contexto ou ambiente, ou seja, a partir de efeitos de segmentos adjacentes. Para
marcarmos uma propriedade articulatória secundária utilizamos um diacrítico ou
símbolo adicional junto à consoante em questão. (SILVA,1998, p. 34).

Abaixo estão as definições das articulações secundárias dos segmentos consonantais mais
relevantes do português, como propostos por Silva (1998, p. 35).
Labialização: Consiste no arredondamento dos lábios durante a produção de um segmento
consonantal quando este é seguido de uma vogal que assim o exige, como em “tutu, só, bolo, rum,
som”. Utilizamos o símbolo ʷ colocado acima à direita do segmento para registrar a labialização,
por exemplo, pʷ, sʷ.
Palatalização: É o alçamento da língua em direção à parte posterior do palato duro em forma
de recuo ou projeção. A palatalização ocorre mais frequentemente com consoantes seguidas da vogal
i, como em “livro, kilo, guia”. Utilizamos o símbolo ʲ colocado acima e à direita do segmento para
marcar a palatalização: kʲ, gʲ, tʲ. dʲ.
Velarização: Consiste no alçamento do dorso da língua em direção ao véu palatino
juntamente com a articulação de um determinado segmento consonantal. A lateral /l/ apresenta esta

135
propriedade articulatória secundária em certos dialetos do sul do Brasil e do português europeu
quando em coda silábica, como em sal, salta. O símbolo [ɫ] é usado para transcrever a lateral
velarizada.
Dentalização: Algumas consoantes em português podem ser articuladas como dentais ou
alveolares. Por exemplo, a pronúncia de t em “tapa” pode ocorrer com a ponta da língua tocando os
incisivos superiores (sendo, nesse caso, uma consoante dental) ou pode se dar com a ponta da língua
tocando os alvéolos (sendo, portanto, uma consoante alveolar). Ser dental ou alveolar expressa uma
variação linguística dialetal (ou de idioleto) e não uma variação condicionada pelo contexto. A
dentalização é representada com o símbolo [ ̪ ] colocado abaixo da consoante em questão, como em
t̪ , d̪ , s̪ , z̪ , n̪ , r̪ , l̪ . Em inglês, o fenômeno ocorre, por exemplo, na palavra tenth, em que o n̪ é
dentalizado devido ao ambiente fonológico em que se encontra, isto é, seguido de consoante fricativa
interdental desvozeada.

5. 2. 4 Papel das cordas vocais

O terceiro critério é a presença ou ausência de vozeamento, a propriedade de vibração das


pregas vocais no momento da realização dos fonemas. A vibração ou não das pregas vocais
classificam as consoantes em duas categorias: consoantes desvozeadas/sonoras ou
desvozeadas/surdas. Se as pregas vocais estiverem levemente abertas, o ar passará sem que elas
vibrem. Isso ocorre, por exemplo, com as consoantes [f] e [s], que são desvozeadas/surdas. Na
produção de consoantes vozeadas/sonoras, as pregas vocais estão mais aproximadas e o ar passa por
ali causando a vibração das membranas, como ocorre na produção das consoantes [v] e [z].
Exemplos: [v] e [z] são consoantes vozedas e [f] e [s] são, respectivamente, suas contrapartes
desvozeadas: Observe: [v] vala, [z] casa e [f] fala, [s] caça.
Para descobrir se um fonema é vozeado ou não o procedimento é simples. Ponha a mão na
parte da frente da laringe na região anterior e central do pescoço e tente isolar somente o som a ser
avaliado. No caso de [f], por exemplo, ao encher os pulmões de ar e fazer o primeiro som da palavra
“faca” (somente o f), você notará que se trata de um segmento- sem vibração – desvozeado/surdo –
ffffffffffffffffaca. Por outro lado, na verificação de [v] -você notará que ao vibrarem, as pregas vocais
produzirão um som com vibração – vozeado/sonoro, como em vaca – “vvvvvvvvvvaca”. Algumas
consoantes vozeadas e não vozeadas podem ser vistas no quadro abaixo:

136
QUADRO VIII – As consoantes surdas e sonoras da língua inglesa

Surdas Sonoras

[p] [t] [k] [s] [f] [ʃ] [b] [d] [g] [z] [v] [ʒ]

Fonte: Pesquisa feita pelo autor -2019

5. 3 As vogais

Diferentemente das consoantes, as vogais não são classificadas a partir de modos e pontos
de articulação. Isso porque as vogais têm articulação livre, isto é, não há obstáculo à passagem do
ar. A classificação das vogais se dá a partir dos seguintes critérios: altura da língua, avanço e recuo
da língua em sentido horizontal e arredondamento dos lábios. De acordo com Câmara Jr. (1999), na
língua portuguesa do Brasil a caracterização das vogais é definida de acordo com o acento e o tom.
Portanto, para caracterizar as vogais da nossa língua em sua plenitude, a tonicidade das sílabas da
palavra é o melhor ambiente, no sentido de que a sílaba tônica é o contexto ideal para representá-
las.

Para as vogais portuguesas, a presença do que se chama «acento», ou particular


força expiatória (intensidade), associada secundariamente a uma ligeira elevação
da voz (tom), é que constitui a posição ótima para caracterizá-las. A posição tônica
nos dá em sua plenitude e maior nitidez (desde que se trate do registro culto formal)
os traços distintivos vocálicos. (CÂMARA JR, 1999, p. 39-40).

Câmara Jr (1999) justifica o fato de seu quadro conter 7 (sete) vogais, duas a mais do que as
cinco vogais comumente conhecidas. “Em referência às vogais, a realidade da língua oral é muito
mais complexa do que dá a entender o uso aparentemente simples e regular das cinco letras latinas
vogais na escrita. O que há são 7 fonemas vocálicos multiplicados em muitos alofones” (CÂMARA
JR, 1999, p. 39).

137
Quadro IX: As vogais da Língua Portuguesa segundo Câmara Jr. (1999).
Anterior Central Posterior
Alta i u
Média alta e o
Média baixa ɛ ɔ
Baixa a
Não-arredondadas Arredondadas
Fonte: Aaptado de Câmara Jr., 1999, p. 40

Conforme se pode verificar no quadro acima, a classificação das vogais não está organizada
ao acaso, a arrumação não apresenta uma configuração aleatória. A disposição dos fonemas
representa a posição da língua na boca (no sentido horizontal e vertical). Note que o [i] está em
posição ALTA e ANTERIOR e o [a] em posição BAIXA e CENTRAL. O [u], por sua vez, se
encontra em posição ALTA e POSTERIOR. Outra característica dos vocóides é que somente as
vogais posteriores, em português, são arredondadas (há arredondamento dos lábios).

5.3.1 A Classificação dos Sons Vocálicos

Os sons vocálicos são classificados de acordo com


1) a altura da língua, considerando o sentido vertical: vogais altas, médias e baixas.
2) a posição da língua, considerando o sentido horizontal, o avanço ou recuo da língua na
cavidade bucal: vogais anteriores, centrais e posteriores.
3) o arredondamento dos lábios. Somente as vogais posteriores são arredondadas em
português: vogais arredondadas e não arredondadas.
4) a nasalização. Devido ao abaixamento do véu palatino, uma parte do ar passa pelas fossas
nasais o que torna os sons vocálicos nasais. A nasalização é representada foneticamente por
til.
5. 3. 2 Tipos de transcrição

A transcrição fonética é a representação gráfica dos sons produzidos por falantes de uma
língua. Nas transcrições fonéticas, a sílaba tônica é marcada por um apóstrofo no seu início, como
em gente ['ʒẽtʲi]. A transcrição deve ser apresentada entre colchetes e se dá de duas formas, quais
sejam: transcrição fonética ampla e transcrição fonética restrita cf. Ladefoged (2015). Ao
138
transcrevermos foneticamente uma palavra como “quilo” podemos registrá-la como ['kʲilʷu] ou
como ['kilu]. A transcrição ['kʲilʷu] apresenta todos os detalhes articulatórios. Este tipo de transcrição
é denominado transcrição fonética restrita. Note que na transcrição ['kʲilʷu] representamos a
palatalização de [k] seguido de [i] e também a labialização de [1] seguido de [u]. Tanto a
palatalização quanto a labialização são processos fonológicos condicionados à natureza articulatória
do segmento seguinte. (SILVA, 1998, P. 36)
Este capítulo se encerra, reafirmando que a Fonética articulatória é o estudo sistemático dos
sons da fala, e seu papel principal é considerar o modo como esses sons são produzidos. Esta
categoria fonética, fundamentalmente, se ocupa em representar graficamente as realizações sonoras
da fala humana. Estuda os sons do ponto de vista fisiológico. Descreve e classifica os sons. Este é o
papel da Fonética Articulatória.

5.3.3 O Contexto brasileiro

A presente seção visa averiguar quais são os autores brasileiros mais citados em referências
de trabalhos acadêmicos na área de fonética e fonologia, além de descobrir quais são os termos
fonéticos mais utilizados por esses referidos autores. Para a realização da pesquisa do contexto
brasileiro selecionei 27 trabalhos (dissertações), uma de cada estado brasileiro para avaliar as duas
variáveis citadas acima. Não utilizei teses devido a ausência desse tipo de pesquisa (em nível de
doutorado) em muitos estados do norte e do nordeste do Brasil. A coleta das obras dos autores foi
aleatória para que não se construísse um viés intencional de possíveis dados. A planilha do Excel
foi utilizada na contagem das ocorrências.

Uma das finalidades desta tese é fazer uma lista não exaustiva de termos fonéticos-
fonológicos que são mais frequentemente utilizados por autores brasileiros, considerando que alguns
termos têm mais de um sinônimo. Minha primeira hipótese foi de que não há consenso no uso de
alguns termos fonéticos-fonológicos nos trabalhos de autores brasileiros, mais especificamente
termos que descrevem os principais articuladores da fala e alguns dos processos que os envolvem.
O que tem ocorrido na tradição terminológica dos estudos fonético-fonológicos no Brasil é
que alguns termos mais frequentes são apresentados de diferentes formas, como por exemplo,

139
“voiced/voiceless”, que podem ser traduzidos, no português do Brasil, das seguintes formas:
“surdo(a)/sonoro(a)” “vozeado(a)/desvozeado(a)”. Nesse sentido, defini que deveria levantar esses
dados observando e catalogando duas variáveis principais que podem ter contribuído de forma mais
assertiva na falta dessa consistência terminológica, a saber, o eixo temporal e a frequência de uso.
Já existem termos consagrados na área de fonética e fonologia, só que não há uma
uniformidade em relação ao uso desses termos (percebi que um dos fatores que contribuem para a
não uniformidade é o fator tempo, pretendo descobrir se termos utilizados em1945 são os mesmos
que autores de trabalhos mais recentes têm usado).

Amostragem – Tipo de amostragem aplicada

O tipo de amostragem aplicada ao presente trabalho é do tipo não probabilística, em que


não conhecemos de qual chance a unidade amostral foi retirada, porém se faz necessário esta
aplicação devido aos critérios estabelecidos para encontrar cada unidade amostral com o objetivo de
responder às indagações da presente pesquisa, pois a proposta da pesquisa está baseada na coleta de
uma dissertação por estado, das quais, foram coletadas somente as referências de cada trabalho,
visando apenas os autores mais citados em todas as 27 pesquisas. É importante registrar que
estatisticamente, quanto mais pré-requisitos possui uma pesquisa maior será a dificuldade de coletar
informações pontuais.
Assim sendo, a amostra coletada foi de 432 autores citados no total, porém usei apenas os
mais citados por ordem de classificação, num ranking com as 10 primeiras colocações.

Exploração dos dados – Análise Univariada (Resultados Obtidos)

Pela análise descritiva é possível evidenciar a característica contida em cada amostra, pois
sua metodologia com base na frequência, nos ressalta uma identidade singular. Baseado nisso, na
tabela abaixo, temos o ranking dos 10 autores mais citados da amostra de 432 observações. É
possível evidenciar que o autor Joaquim Mattoso Câmara Jr. Aparece como o autor mais citado entre
as dissertações coletadas., com a predominância de 19%. Os dados podem ser vistos na tabela que
segue.

140
Tabela I: Ranking dos autores mais citados nas dissertações.
Colocação Autores Frequência % Ano
1 CÂMARA Jr, J. M. 18 19 1949
2 CALLOU, D. 14 14 1965
3 SILVA, Thais Cristofaro 14 14 1982
4 CARDOSO, S. A. M. 11 11 -
5 CAGLIARI, Luiz Carlos 9 9 1945
6 FERREIRA, Carlota 7 7 -
7 MOTA, Jacyra Andrade 7 7 1980
8 ABAURRE, M. B. M. 6 6 -
9 TARALLO, Fernando 6 6 -
10 MIRANDA, A.R.M 5 5 -
Total 97 100 -
Fonte: Pesquisa feita pelo autor -2019

Vale ressaltar que não necessariamente todos os autores citados na Tabela III acima
possuem alguma obra na área de fonética e fonologia, dito isso, os autores que não apresentaram
obras dentro da referida área estão marcados de cinza na colocação e não foi necessário mencionar
o ano de suas publicações. Com auxílio da figura acima podemos verificar este dado com mais
praticidade. A figura abaixo retoma a porcentagem dos autores mais citados em dissertações
brasileiras cujos temas tratam de fonética e fonologia.

Figura II: Ranking dos autores mais citados nas dissertações brasileiras.
%
0 5 10 15 20

CÂMARA Jr, J. M. 19
CALLOU, D. 14
SILVA, Thais Cristofaro 14
CARDOSO, S. A. M. 11
CAGLIARI, Luiz Carlos 9
Autor

FERREIRA, Carlota 7
MOTA, Jacyra Andrade 7
ABAURRE, M. B. M. 6
TARALLO, Fernando 6
MIRANDA, A.R.M 5

Fonte: Pesquisa feita pelo autor -2019

141
É importante lembrar que a tabela acima não contempla somente os autores de trabalhos
específicos de fonética e fonologia, pois cinco deles são autores de outras subáreas da linguística.
Considero fundamental mencionar que submeti uma lista fechada com 19 termos e seus
respectivos sinônimos para serem contabilizados neste levantamento. Segue abaixo, a lista com os
termos retro citados.

TABELA: II Órgãos da fala


Vocal cords/folds: cordas vocais ou cordas vocais
Oral tract: trato oral ou cavidade oral ou cavidade bucal
Nasal tract: trato nasal ou cavidade nasal
Upper front teeth: dentes superiores ou incisivos superiores
Alveolar ridge: arcada alveolar, crista alveolar, alvéolos
Soft palate (velum): véu palatino, véu do palato, palato mole e palato macio
Tip of the tongue: ponta da língua ou ápice da língua
Front of the tongue: frente da língua ou lâmina da língua
Back of the tongue: dorso da língua ou parte posterior da língua

TABELA IIb Pontos/modos de articulação e processos fonológicos


Manner of articulation: modo de articulação, modo articulatório ou sonoridade
Point of articulation: ponto de articulação ou ponto articulatório, lugar de articulação, local
de articulacão, zona de articulação
Voiced: sonora ou vozeada
Voiceless: surda ou desvozeada
Palatalization: palatalização ou africação
Alveopalatal: alveopalatal ou palato-alveolar
Stop: oclusiva ou plosiva
Accommodation: acomodação ou coarticulação
Airstream: corrente de ar ou fluxo de ar
creaky voice: voz crepitante ou laringealização

A Tabela X acima ilustra uma lista fechada com 19 termos e seus respectivos sinônimos
para serem contabilizados neste levantamento.
A tabela a seguir, ilustra a frequência e a proporção dos termos mais usados individualmente.
Os termos da lista acima que não foram mencionados, são representados pela nomenclatura
“informação ausente”.

142
Tabela III :Proporção dos termos mais usados pelos autores no ranking.
Termos Frequência %
Informação ausente 6 60,0
Cordas vocais 4 40,0
Informação ausente 6 60,0
Cavidade bucal 3 30,0
Cavidade oral 1 10,0
Informação ausente 7 70,0
Cavidade nasal 3 30,0
Informação ausente 6 60,0
Dentes superiores 4 40,0
Informação ausente 6 60,0
Crista Alveolar 1 10,0
Alvéolos 3 30,0
Informação ausente 5 50,0
Véu palatino 5 50,0
Informação ausente 5 50,0
Ponta da língua 5 50,0
Informação ausente 6 60,0
Frente da língua 2 20,0
Lâmina da língua 2 20,0
Informação ausente 6 60,0
Dorso da língua 4 40,0
Informação ausente 5 50,0
Modo de articulação 3 30,0
Sonoridade 2 20,0
Informação ausente 5 50,0
Lugar de articulação 1 10,0
Ponto de articulação 4 40,0
Informação ausente 5 50,0
Sonora 5 50,0
Informação ausente 5 50,0
Desvozeada 1 10,0
Surda 4 40,0
Informação ausente 7 70,0
Africação 1 10,0
Palatalização 2 20,0
Informação ausente 5 50,0
Alveopalatal 2 20,0
Palato-alveolar 3 30,0
Informação ausente 5 50,0
Oclusiva 5 50,0
Informação ausente 8 80,0
Acomodação 1 10,0
Coarticulção 1 10,0
Informação ausente 6 60,0
Corrente de ar 4 40,0
Fonte: Pesquisa feita pelo autor -2019

143
O critério de análise da tabela acima, se dá através da leitura individual da frequência por
termo citado entre os 10 autores mais citados em todas as dissertações pesquisadas. Assim, é possível
perceber que, à maioria dos termos são ilustrados os valores ausentes, isso quer dizer que mesmo os
autores que possuem obras (como teses e livros da área específica) não necessariamente citaram os
referidos termos da fonética e fonologia, do mesmo modo acontece com os autores que não possuem
obras nesse segmento, eles, naturalmente, não citam esses termos. Mesmo diante disso, podemos
perceber uma certa tendência a usarem os mesmos termos. Cordas vocais, por exemplo, dos 10
autores, 4 citaram o mesmo termo. Ponto de articulação, aparece como predominante, dos 5 termos
mais citados 4 é Ponto de Articulação.
A tabela abaixo demonstra por ordem de aparição, nos trabalhos da área pesquisada, os termos
mais citados em número de ocorrências.
Tabela IV :Ranking dos termos mais usados pelos autores
Termos Frequência %
Oclusiva 5 6,6
Ponta da língua 5 6,6
Sonora 5 6,6
Véu palatino 5 6,6
Cordas vocais 4 5,3
Corrente de ar 4 5,3
Dentes superiores 4 5,3
Dorso da língua 4 5,3
Ponto de articulação 4 5,3
Surda 4 5,3
Alvéolos 3 3,9
Cavidade bucal 3 3,9
Cavidade nasal 3 3,9
Modo de articulação 3 3,9
Palato-alveolar 3 3,9
Alveopalatal 2 2,6
Frente da língua 2 2,6
Lâmina da língua 2 2,6
Palatização 2 2,6
Sonoridade 2 2,6
Acomodação 1 1,3
Africada 1 1,3
Alveolar 1 1,3
Cavidade oral 1 1,3
Coarticulção 1 1,3
Desvozeada 1 1,3
Lugar de articulação 1 1,3
Total 76 100,0
Fonte: Pesquisa feita pelo autor -2019

144
Enumerei os termos da fonética que têm mais de um sinônimo para descobrir, com base no
eixo temporal, quais desses termos os 10 autores mais citados usam. Assim, na tabela 3, acima temos
o ranking dos temos mais usados pelos autores em suas obras (livros, textos, etc.). Dado isso, os três
termos mais usados nas obras dentro da fonética e fonologia pelos autores foram: por ordem de
ocorrência, oclusiva, ponta da língua, sonora e véu palatino. Todas com 6,6%.
Buscando uma avaliação com enfoque no eixo temporal dos termos usados pelos autores
ranqueados, o objetivo é mitigar se existe uma tendência de se utilizar os termos mais antigos ainda
na atualidade, ou seja, busquei saber se os termos mais usados pelos autores mais antigos caíram em
desuso ou ainda estão sendo usados pelos autores mais jovens. (ou se há existência de uma tendência
de purismo, isto é, a manutenção dos termos clássicos na terminologia da área) Assim, na tabela 4,
abaixo foi eleito um autor parâmetro (referência), pois o mesmo é do ano de 1945, ou seja, o autor
cujo trabalho é mais antigo, nesse sentido podemos assumir que os termos usados por ele são mais
antigos do que os termos dos outros autores, dessa maneira poderemos então fazer uma comparação
dos autores mais jovens para com o autor (referência) e avaliar se existe uma tendência. (Para
confecção desta tabela foi considerado apenas autores que possuem obras na área da fonética e
fonologia, por motivos óbvios, e devido a isso, a quantidade reduzida de 5)

145
Tabela V :Representação temporal dos termos usados pelos autores em estudo em função do ano de referência
(Parâmetro).
Autor/Ano
Termo
CAGLIARI, Luiz Carlos (Referência) CÂMARA Jr, J. M. CALLOU, D. MOTA, Jacyra Andrade SILVA, Thais Cristofaro
1945 (Referência) 1949 1965 1980 1982 Tendência Ausência Diferente Total
Cordas vocais Cordas vocais Cordas vocais - Cordas vocais 3 1 0 4
Cavidade bucal - Cavidade bucal Cavidade bucal Cavidade oral 2 1 1 4
Cavidade nasal - Cavidade nasal - Cavidade nasal 2 2 0 4
Dentes superiores Dentes superiores - Dentes superiores Dentes superiores 3 1 0 4
Alvéolos Alvéolos Alvéolos - Alvéolos 2 1 1 4
Véu palatino ou palato mole Véu palatino Véu palatino Véu palatino Véu palatino 4 0 0 4
Ponta da língua Ponta da língua Ponta da língua ´Ponta da língua Ponta da língua 4 0 0 4
Frente da língua Frente da língua Lâmina da língua - Lâmina da língua 1 1 2 4
Dorso da língua Dorso da língua Dorso da língua Dorso da língua - 3 1 0 4
Modo de articulação Sonoridade Sonoridade Modo de articulação Modo articulação 2 2 0 4
Lugar de articulação e local de articulação Ponto de articulação Pontos de articulação Ponto de articulação Ponto de articulação 0 0 4 4
Sonora e vozeada Sonora Sonora Sonora Sonora 4 0 0 4
Surda e desvozeada Surda Surda Surda Desvozeada 3 0 1 4
Palatalização e africação Palatalização - - Palatalização 1 2 1 4
Palato-alveolar Alveopalatal Palato-alveolar Palato-alveolar Alveopalatal 2 0 2 4
Oclusiva e plosiva Oclusiva Oclusiva Oclusiva Oclusiva 4 0 0 4
Acomodação Coarticulação - - - 0 3 1 4
Corrente de ar e fluxo de ar Corrente de ar Corrente de ar - Corrente de ar 3 1 0 4
Voz crepitante ou laringealização - - - - 0 4 0 4

Total 43 20 13 76
Fonte: Pesquisa feita pelo autor -2019

Baseado nos resultados obtidos da Tabela V acima, em média, no mínimo 02 termos são similares aos usados pelo autor mais
antigo. Além disso, podemos concluir que os autores mais recentes, em sua maioria, usam os mesmos termos que o autor referência,
isto é, existe uma tendência ao uso de termos mais antigos na atualidade. É possível avaliar o resultado acima também pelo Boxplot a
seguir.

146
Figura III: Boxplot.

Data

Tendência Ausência Diferente

Fonte: Pesquisa feita pelo autor -2019

Em geral, O boxplot retrata a distribuição de dados catalogados. O boxplot acima


ilustra as três variáveis da tabela anterior: a variável tendência representa a quantidade de
termos similares que os autores mais recentes utilizaram em comparação com o autor mais
antigo (Cagliari). A variável ausência retrata os termos não utilizados. A terceira variável
(diferente) trata dos termos que se diferem em função do autor parâmetro, ou seja, termos
distintos daqueles utilizados pelo autor parâmetro. A linha central nas caixas representa a
mediana, cujos valores abaixo da linha retratam os termos menos citados e quando acima,
retratam os valores mais citados. É possível afirmar que os autores mais recentes tendem a
usar os mesmos termos utilizados pelo autor parâmetro.

147
6 GLOSSÁRIO TERMINOGRÁFICO

Este capítulo visa à apresentação de um pequeno glossário terminográfico de


compreensão, que forneça explicações sobre o vocabulário específico utilizado nos estudos
de fonética articulatória. O público-alvo são estudantes falantes de português que precisam
ler material em língua inglesa.
O glossário registra os termos mais frequentes encontrados ao longo da tradução. As
explicações dadas nesta parte do trabalho não devem ser consideradas como definições
formais, como alerta o autor do ACIP, mas como guias gerais para uso na revisão.
As entradas estão em negrito e, dentro das explicações, as palavras ou frases também
em negrito têm entrada separada no glossário. Acrescentei todos os termos não contemplados
no glossário sugerido por Ladefoged, que considerei importantes para o público-alvo da
tradução. Essas novas entradas estarão marcadas por um asterisco de forma a diferenciá-las
das demais.
O vocabulário é o do léxico usual nos estudos da fonética e fonologia, partindo de
fontes primárias, retirados das páginas da tradução objeto desta tese. As unidades léxicas
serão constituídas por lemas e sublemas que contêm explicações, assim como informações
técnicas pertinentes, relacionadas em ordem alfabética.
Prescindimos de informações sincrônicas e exemplos de uso dos termos por não
julgarmos necessários para os consulentes falantes da língua vernácula, mantendo assim a
ênfase em informações pontuais suscetíveis de elucidar o significado desses termos no
contexto específico do estudo da fonética.

148
6.1 Terminologia e Terminografia

Uma dúvida que pairou, inicialmente, sobre a proposta de incluir um glossário em minha tese
foi o título. Seria esse repertório um glossário terminológico ou terminográfico? Acerca de
terminografia, Bevilacqua e Finatto afirmam que

Na obra terminográfica, verificamos um modo de apresentação da informação que


lhe é típico, muito mais recortado ou delimitado, normalmente vinculado a um
conjunto textual de referência reconhecido pelo consulente da obra, tal como se
tivesse sido elaborado especialmente para um determinado segmento de usuários.
Assim, muitas informações não precisam ser explicitadas no verbete, pois há a
pressuposição, empiricamente fundamentada, do terminógrafo, de que não são
necessárias. (2006, p. 49-50)

No que diz respeito à terminologia, Barbosa acrescenta que

[...] terminologia é um conjunto de palavras técnicas ou científicas,


que [...] constituem o vocabulário específico de uma ciência, de uma
tecnologia, de um pesquisador ou grupo de pesquisadores, ou de uma
área de conhecimento (1990, p. 156).

É importante registrar que cabe à Lexicografia a descrição e a análise dos itens


lexicais para possibilitar a criação de obras lexicográficas, como dicionários, vocabulários,
glossários, thesaurus etc. A rigor, a Lexicografia objetiva viabilizar a decodificação,
denominando, definindo e adotando uma metodologia de caráter semasiológico, isto é, “a
investigação das significações a partir das formas e dos significantes” (BARBOSA, 1990, p.
160). Barbosa esclarece ainda que a Terminologia parte do recorte técnico-científico para
chegar à denominação, adotando uma prática de caráter onomasiológico, isto é, parte de “uma
intenção de significação a soluções de formas de substância que são expressas por meio de
certos significantes” (BARBOSA, 1990, p. 160).
Depois de ter cursado uma disciplina denominada Lexicografia (brilhantemente
conduzida pela professora Adja Durão, da UFSC), aprendi que um glossário é produto de um
repertório terminográfico e, sendo a Terminografia uma prática terminológica que trabalha
com a codificação dos termos, em oposição à Lexicografia, que tem a função de decodificá-
los, concluí que o repertório que apresento nesta tese é um glossário terminográfico.

149
É necessário distinguir termo de palavra. O termo é constituído por uma palavra ou
por um grupo de palavras. A Linguística define palavra como a unidade que pode ser usada
como resposta mínima, podendo ocupar várias posições sintáticas em uma frase. Assim, para
defini-la, é necessário levar em conta o contexto morfológico, fonológico e sintático.
Para Krieger e Finatto (2004), o estatuto terminológico de uma unidade lexical define-
se por sua dimensão conceitual. Consequentemente, o que faz de um signo linguístico um
termo é o seu conteúdo específico, propriedade que o integra a um determinado campo de
especialidade.
Para Wüster49 o termo “está relacionado a um conceito. Uma unidade terminológica
consiste em uma palavra à qual se atribui um conceito como seu significado [...], ao passo
que, para a maioria dos linguistas atuais, a palavra é uma unidade inseparável composta de
forma e conteúdo” (1998, p. 21). Wüster dá ênfase ao papel do conceito como elemento
encarregado de atribuir o estatuto terminológico a uma unidade lexical da língua.
Para contrapor uma visão estanque do termo, surgiu a Teoria Comunicativa da
Terminologia – TCT, idealizada por Cabré (1999), para quem “os termos passaram a ser
considerados e analisados em toda a sua riqueza e complexidade, passando a ser entendidos
como unidades dinâmicas e passíveis de mudança e evolução, inseridas em um contexto de
discurso especializado” (COSTA, CABRÉ e ZAVAGLIA, 2018, p. 163). Na medida em que
Wüster propõe um sistema de definição que parte do conceito para o termo (onomasiológico),
nossa proposta segue em direção oposta, ou seja, parte do termo para o conceito.
A variação terminológica que, por muito tempo, foi um entrave da comunicação
especializada, levou alguns autores a entenderem que “a Terminologia já não cumpre ou, na
verdade, nunca cumpriu o papel de sistematização e padronização terminológica” (COSTA,
CABRÉ e ZAVAGLIA, 2018, p. 169).
De acordo com Krieger e Finatto (2004), existem condições para que uma unidade
lexical tenha estatuto de termo. Um nome tem direito à designação de termo quando se
distingue conceitualmente de outra unidade lexical de uma mesma terminologia.

49
Wüster, fundador da escola de Viena, realizou pesquisas sob o prisma cognitivo e sob princípios normativos
de terminologias. Ele foi o precursor dos estudos terminológicos e deu origem à Teoria Geral da Terminologia
(TGT), engendrando um marco histórico na área, além de ter alicerçado as bases de estudo dessa disciplina cujo
objetivo principal era uniformizar e padronizar a linguagem especializada.

150
Exemplo dessa distinção pode ser tomado à terminologia alimentar, em que
os termos diet e light, embora freqüentemente confundidos, não se
equivalem conceitualmente, porquanto o primeiro designa um alimento
isento de açúcar, razão de ser considerado dietético; enquanto o segundo
foi cunhado para identificar alimento que sofre diminuição de algum
componente como a gordura ou o próprio açúcar. Por essa razão, o produto
é rotulado como "leve", mas não significa que não contenha açúcar.
(KRIEGER e FINATTO, 2004, p. 77).

Rey (1979) faz uma interessante relação entre as palavras definição e termo que são
ligadas por um traço comum:

elas designam na origem o estabelecimento de um limite, de um fim (dé-


finir) e seu resultado (termo). No plano nocional, para que um nome tenha
direito ao título de termo, é necessário que ele possa, enquanto elemento de
um conjunto (uma terminologia), ser distinguido de outro. O único caminho
para exprimir esse sistema de distinções recíprocas é a operação dita
definição (REY, 1979, p. 40).

Cabré (2001) destaca o fato de que um único termo pode ter múltiplas
conceitualizações ou traços diferentes de um mesmo conceito, dependendo da posição ou
lugar de observação, do ponto de referência.

Se o termo for observado de acordo com o ponto de vista linguístico, os


resultados obtidos serão diversos daqueles que seriam alcançados se fossem
observados sob o ponto de vista cognitivo ou comunicativo. A autora alega
que esses diferentes sentidos atribuídos à unidade terminológica
“Terminologia” deram origem a controvérsias na concepção dessa matéria,
o que, de algum modo, ocasionou certa morosidade em sua consolidação
como disciplina e também na delimitação e tratamento de seu objeto de
estudo, isto é, o termo (CABRÉ, 2001, p. 65).

Freixa (2002), Cabré (2008) e Fernandez-Silva (2010) classificam as variantes


terminológicas em “conceituais” (quando ocorre variação nos conceitos) e “denominativas”
(quando há variação e alteração na forma de um termo, ocasionando mais de uma
denominação)” (COSTA, CABRÉ e ZAVAGLIA, 2018 p. 170).
O trabalho terminológico também é caracterizado pela variada tipologia de
dicionários e glossários que produz. De acordo com o tipo de repertório, os diferentes
documentos de referência de Terminologia têm configurações distintas. A prática

151
terminológica está ligada ao posicionamento teórico de diferentes autores, daí a dificuldade
em estabelecer uma diferença entre vocabulário, léxico, dicionário e glossário.
Faulstich (1995) propõe uma lista tipológica de repertórios lexicográficos e
terminológicos. Apresento, a seguir, um recorte com os mais importantes (FAULSTICH,
1995, p. 6).

QUADRO: X Lista tipológica de repertórios lexicográficos e terminológicos de


Faulstitch.
Dicionário Repertório de unidades lexicais que contém
informações de natureza fonética, gramatical,
conceitual, semântica, referencial.
Dicionário de língua Dicionário que contém informações fonéticas,
gramaticais, semânticas acerca das unidades
lexicais de uma língua.
Dicionário geral Dicionário de língua que descreve as unidades
lexicais de uma língua.
Dicionário especial Dicionário de língua que descreve unidades
lexicais selecionadas por algumas de suas
características. Ex.: dicionário de sinônimos,
dicionário de gira etc.
Dicionário unilíngue Dicionário cujas unidades são apresentadas e
descritas na língua à qual elas pertencem.
Dicionário multilíngue Dicionário cujas unidades são apresentadas e por
vezes descritas em duas ou mais línguas.
Dicionário terminológico Dicionário que apresenta a terminologia de um ou
de vários domínios. Um dicionário terminológico
de um só domínio comporta geralmente um alto
grau de exaustividade.
Vocabulário alfabético Vocabulário apresentado em ordem alfabética
com ou sem remissivas.
Vocabulário sistemático Vocabulário apresentado em ordem sistemática e
geralmente acompanhado de um índex.
Léxico Repertório que inventaria termos acompanhados
de seus equivalentes de uma ou várias línguas e
que não comporta definições. Os léxicos contêm
geralmente um só domínio.
Glossário - com três tipos de repertório:
a) que define termos de uma Área científica ou técnica, dispostos em ordem alfabética, podendo
apresentar ou não remissivas.
b) em que os termos, normalmente de uma Área, são apresentados em ordem alfabética ou em ordem
sistemática, acompanhados de informação gramatical, definição, remissivas, podendo apresentar ou não
contexto de ocorrência. Os glossários em ordem alfabética e os em ordem sistemática podem também
conter sinonímia, variante (s) e equivalente (s).
c) em que os termos são apresentados em ordem alfabética ou em ordem sistemática seguidos de
informação gramatical e do contexto de ocorrência.
Fonte: FAULSTICH, 1995, p. 6).

152
O glossário apresenta três padrões estruturais e metodológicos. Classifico o glossário
integrante desta tese como sendo de tipo A.
Serão apresentados a seguir alguns fundamentos de Terminografia como postulados
por Cabré e Finatto (2004, p.130). De modo geral, os princípios de base são os seguintes:
a) o produto deve atender às necessidades de um público-alvo e, de preferência, deve
preencher uma lacuna de informação;
b) todos os dados registrados ou utilizados para a futura geração do produto devem
ser plenamente confiáveis;
c) a utilização e a ordem dos dados registrados, os signos para sua representação, bem
como os símbolos utilizados para identificar dados coletados devem ser convencionais e
sistemáticos, preferencialmente, oriundos de padrões de normas nacionais ou internacionais;
d) a ordenação dos dados de informação sobre o termo, no interior de uma ficha de
registro ou de uma base de dados, e também o modo de organização das entradas no
dicionário deve ser adaptado aos objetivos do trabalho e ao uso que será feito das
informações.
No glossário apresentado neste trabalho, observa-se claramente que os sintagmas são
mais frequentes que termos de uma só palavra. Quanto a isso, corroboram Cabré e Finatto
(2004):
Outras especificidades do dicionário terminológico são: os termos
constituídos por sintagmas são muito mais numerosos que os formados por
uma só palavra; a categoria gramatical que predomina no conjunto de
entradas é o substantivo; termos antigos em desuso ou obsoletos tendem a
ser omitidos. Isto é, privilegia-se a atualidade da linguagem especializada
sob exame (CABRÉ e FINATTO, 2004, p. 131).

Cabré e Finatto apresentam uma breve discussão sobre o que deve ou não figurar em
um dicionário especializado, assim como a exclusão de palavras já definidas em um
Dicionário de Língua Geral (DLG) devido a uma “delimitação”, por dedução, entre
Lexicografia e Terminologia. Espera-se que palavras comuns sejam descartadas, já que um
DLG supostamente só tem esse tipo de registro. Essa querela, um tanto corriqueira na
validação do conteúdo terminográfico de um glossário técnico-científico, relaciona-se com
as dificuldades no reconhecimento do status terminológico de um item lexical.

153
Assim, decidir sobre a admissão de um determinado termo em um
dicionário especializado, seja ele um substantivo ou sintagma, implica
identificar e atestar sua importância terminológica. Esse é um outro ponto
fundamental para todo aquele que se ocupa de Terminologia, de
Terminografia e das terminologias. Os princípios adotados para sustentar
uma decisão de inclusão, ainda que difiram de um campo para outro, não
podem ser arbitrários ou variáveis a todo momento. Por essa razão, é
produtivo aliar sistematicidade, embasamento teórico-linguístico,
familiaridade com a especialidade em foco e prática terminológica
(CABRÉ e FINATTO, 2004, p. 133).

Como item especial nesta tese, pretendo que o glossário nela apresentado seja de
grande utilidade a seus consulentes, considerando que estudantes de línguas estrangeiras
interessados pela fonética, provavelmente, precisarão deste produto para aperfeiçoar seus
estudos da área. Numa tentativa de atender a um público plural, de backgrounds e propósitos
diferentes é que decidi pela divulgação deste glossário, com cuidadosa escolha dos itens
lexicais nele contido, em sintonia com as conclusões de Krieger e Finatto:

Decidir sobre a admissão de um determinado termo em um dicionário


especializado, seja ele um substantivo ou sintagma, implica identificar e
atestar sua importância terminológica. Os princípios adotados para
sustentar uma decisão de inclusão, ainda que seja diferentes de um campo
para outro, não podem ser arbitrários ou variáveis a todo momento. Por esta
razão, é produtivo aliar sistematicidade, embasamento teórico-linguístico,
familiaridade com a especialidade em foco e prática terminológica.
(KRIEGER; FINATTO, 2004, p. 133)

Para a disposição das Unidades Lexicais, defini que os lemas que encabeçam cada
entrada lexicográfica (ou verbete) serão apresentados em negrito e em letra minúscula,
seguidos da tradução e respectiva definição, que se dará da forma mais criteriosa e, ao mesmo
tempo, mais simplificada possível, para que os usuários potenciais desse repertório
lexicográfico dele se beneficiem durante a leitura.
Quando possível, as unidades léxicas serão ilustradas por imagens. Trata-se de um
glossário seletivo, de caráter onomasiológico e que tem como objetivo principal facilitar a
leitura e compreensão do texto, dando ao consulente a oportunidade de retomar o conceito
de um dado termo.

154
GLOSSÁRIO
A
accent (sotaque)
Uma maneira particular de pronunciar uma língua, visto como típica de um indivíduo,
uma região geográfica ou um grupo social. Todo falante de um idioma necessariamente fala
com algum sotaque.
accommodation (acomodação) (também coarticulação)
1. Modificação na articulação de um segmento com o propósito de facilitar a transição
para um segmento seguinte, como quando o / k / inglês ocorre diante de uma vogal frontal
alta ou glide como em key, back yard, ou quando / t / muda de alveolar para dental antes de
uma fricativa dental, como em eighth.
2. O comportamento de um falante que (consciente ou inconscientemente) ajusta sua
fala em direção ao sotaque de um interlocutor ou de um grupo social circundante.
active articulator (articulador ativo)
Na articulação de uma consoante, o articulador ativo projeta-se em direção ao
articulador passivo, causando obstrução parcial ou total da passagem do fluxo de ar (por
exemplo, uma parte da língua), que se move em direção ao articulador passivo.
Adam's apple (pomo de Adão ou gogó)
A projeção visível da cartilagem tireoide da laringe na frente da garganta, geralmente
muito mais proeminente em homens do que em mulheres.
advanced tongue root (ATR) (raiz da língua avançada)
Articulação que tem a raiz da língua puxada para a frente, de modo a alargar a faringe
(e, muitas vezes, elevar o corpo da língua para mais próximo do céu da boca). Os sons
faríngeos são [−ATR], pois a faringe é estreitada.
affricate (africada)
Uma oclusiva seguida por uma fricativa. Uma consoante cuja articulação envolve um
fechamento oral completo seguido de uma liberação comparativamente lenta com ruído de
atrito perceptível. Como em inglês, o [tʃ] de church e o [dʒ] de judge. Originário do latim
affricatus 'rubbed against' (‘esfregado contra’).

155
affix (afixo)
Morfema preso que só pode ocorrer associado a uma palavra ou radical. Os afixos
podem ser derivacionais, como na língua inglesa -ness, -less e -hood, ou flexionais como o -
s de plural e o -ed de passado. Os afixos são divididos basicamente em prefixos, sufixos e
infixos.
airstream (corrente de ar)
Na fala, o movimento do ar através do trato vocal, ou através de alguma parte dele.
Uma corrente de ar é essencial para a produção de qualquer som da fala.
allomorph (alomorfe)
Uma de duas ou mais formas de superfície que são assumidas por um único morfema
em diferentes circunstâncias. O prefixo negativo em, in-, por exemplo, exibe vários
alomorfes em palavras como indecent, impossible, irrational e ignoble (indecente,
impossível, irracional e ignóbil).
allophone (alofone)
Uma variante de um fonema. Os alofones de um fonema formam um conjunto de sons
que (1) não mudam o significado de uma palavra, (2) são todos muito semelhantes entre si e
(3) ocorrem em contextos fonéticos diferentes uns dos outros, por exemplo, fonema
produzido no início da sílaba em oposição à sua pronúncia no final da sílaba. As diferenças
entre os alofones podem ser determinadas em termos de regras fonológicas.
alternations (alternância)
Variações em palavras que podem ser descritas em termos de regras fonológicas; por
exemplo, a diferença entre [aɪ] e [ɪ] em divine [dɪ’vaɪn]; divin(ity) [dɪ'vɪnətɪ].
alveolar (alveolar)
Envolve a crista alveolar como articulador passivo superior. Nesse uso, geralmente
agrega um dos termos mais específicos apico-alveolar e lamino-alveolar (envolvendo a ponta
ou lâmina da língua respectivamente). No inglês, uma consoante articulada como [d] em die
ou [t], [l], [n], [s], [z]. Do latim alveolus 'pequenas cavidades', referentes às cavidades
dentárias.
alveolar ridge (crista alveolar)

156
A crista óssea imediatamente atrás dos incisivos superiores, importante na articulação
das consoantes alveolares, como [t] e [d].
alveolo-palatal (alvéolo-palatal)
Consonante pós-alveolar produzida com elevação significativa da parte anterior da
língua em direção ao palato.
ambisyllabic (ambissilábico)
Pertencente a duas sílabas. Uma consoante como [p] em happy às vezes é dita
ambissilábica.
anticipatory coarticulation (coarticulação antecipatória)
Uma ação na qual um dos órgãos da fala, que não está envolvido na produção de um
som particular, move-se em direção à sua posição para um som subsequente. Por exemplo, o
arredondamento dos lábios durante [s] em swim é devido à antecipação da ação dos lábios
necessária para [w].
apical (apical)
Uma articulação que envolve a ponta da língua. Como em /l/. laminal (laminal) Uma
articulação que envolve a lâmina da língua. Como em /s/.
approximant (aproximante)
Uma articulação na qual um articulador está próximo de outro, mas sem que o trato
seja estreitado, de tal forma que uma corrente de ar turbulenta seja produzida. Em muitas
formas do inglês, / j, l, r, w/ são exemplos de aproximantes.
articulation (articulação)
A aproximação ou contato de dois órgãos da fala, como a ponta da língua e os dentes
superiores.
articulator (articulador)
Uma das várias partes do trato vocal que podem ser usadas para formar sons da fala.
articulatory overlap (sobreposição articulatória)
O fenômeno no qual a postura articulatória de uma consoante seguinte é formada
antes que a consoante anterior seja concluída. Isso ocorre regularmente em inglês, por
exemplo, [pt] em tiptoe, [tb] em football, [sf] em this fact.
arytenoid cartilage (cartilagem aritenoide)

157
Uma de um par de estruturas nas extremidades posteriores das pregas vocais. Seus
movimentos controlam os tipos de fonação (cartilagem aritenóide).

Figura 1 – cartilagem aritenoide

Disponível em: https://thumbor.kenhub.com


Acesso em: 26 set. 2019.

articulatory phonetics (fonética articulatória)


O ramo da fonética que estuda os órgãos da fala e seu uso na produção de sons da
fala.
aspiration (aspiração)
Um período de desvozeamento após a liberação de uma articulação, como no inglês
em pie [pʰaɪ]. Fenômeno fonético no qual um segmento (normalmente uma obstruente) é
seguido por um período de respiração desvozeada, uma baforada de 'sopro'.
assimilation (assimilação)
A mudança de um som para outro, tornando-o mais semelhante a um som vizinho,
como na mudança do [n] subjacente para [m] em input [ɪmpʊt], ou do [z] subjacente para [ʒ]
em does she [dʌʒʃi].
auditory phonetics (fonética auditiva)
O ramo da fonética que trata da maneira pela qual o ouvido e o cérebro humanos
processam e interpretam os sons da fala. Veja Borden e Harris (1980), Pickett (1980), Denes
e Pinson (1993) ou Lieberman e Blumstein (1988) para ter acesso a uma introdução (cf.
TRASK,1996, p .41)
B
back (of the tongue) (dorso da língua)
A parte da língua abaixo do palato mole.

158
back vowel (vogal posterior)
Vogal em que o corpo da língua está na parte de trás da cavidade oral (boca). As
vogais [u, o, ɔ, ɑ] formam um conjunto de vogais posteriores de referência.
BBC accent (também BBC English) (inglês da BBC)
Designação anteriormente dada ao tipo de sotaque do inglês britânico, geralmente
chamado de Pronúncia Recebida, refletindo o fato de que esse tipo de sotaque era usado
regularmente por leitores e anunciantes da BBC. Hoje, poucos funcionários da BBC têm esse
sotaque, e o termo não é mais apropriado.
bilabial (bilabial)
Uma articulação envolvendo ambos os lábios, como em inglês [m] em my.
binary feature (traço binário)
Um traço (por exemplo, lateral) que pode ser usado para classificar sons em termos
de duas possibilidades.
blade (lâmina)
A parte da superfície superior da língua que se estende cerca de um centímetro atrás
da ponta. A lâmina está envolvida nas articulações mais frequentes do inglês [s t d n z].
brackets (colchetes)
Uma notação convencional para ilustrar símbolos que representam fones individuais
ou sequências de fones em uma transcrição fonética. Assim, por exemplo, [m] representa
uma nasal bilabial vozeada e [kʰ] representa uma oclusiva velar desvozeada aspirada.
breathy voice (voz soprosa)
Outro nome para murmúrio; um tipo de fonação em que as pregas vocais estão apenas
ligeiramente separadas, de modo que vibram enquanto permitem uma alta taxa de fluxo de
ar através da glote, como em hindu [bʱ].
broad transcription (transcrição ampla)
Uma transcrição que não mostra grande quantidade de detalhes fonéticos;
frequentemente, uma simples transcrição fonêmica. Veja narrow transcription.
C
cardinal vowels (vogais cardinais)

159
Um conjunto de vogais de referência definidas pela primeira vez por Daniel Jones.
As vogais de qualquer língua podem ser descritas determinando-se suas relações com as
vogais cardeais.
citation form (forma de citação)
A forma que uma palavra tem quando é citada ou pronunciada isoladamente.
channel (canal)
No momento da fonação, a passagem através da qual a corrente de ar flui.
click (clique)
Uma oclusiva feita com uma corrente de ar velar ingressivo, como em zulu [ǁ] (o som
do beijo), ou como no uso do [!] ('tsk tsk') do inglês para indicar pena ou desaprovação.
closed syllable (sílaba fechada)
Uma sílaba com uma consoante no final, como as primeiras sílabas em Inglês magpie,
pantry, completion.
coarticulation (coarticulação)
A sobreposição de articulações adjacentes.
cockney (Cockney)
O rótulo tradicional para a variedade distinta de fala da região metropolitana de
Londres, centralizada no East End da cidade, ou para uma pessoa que usa essa variedade.
coda (coda)
As consoantes que ocorrem após a vogal em uma sílaba.
connected speech (fala conectada)
Fala espontânea comum, em oposição à produção de palavras ou frases individuais
isoladamente.
consonant (consoante)
1. Em fonética, um segmento cuja articulação envolve uma obstrução significativa ao
fluxo de ar no trato vocal.
2. Na fonologia, um segmento que ocupa uma margem silábica.
contour tone (tom de contorno)
Um tom em uma língua como o chinês que deve ser especificado como um
movimento em glide dentro da abrangência da altura.
coordinative structure (estrutura coordenativa)

160
A organização funcional de um grupo de músculos em uma estrutura hierárquica de
unidades de controle, orientadas por objetivos que realizam subtarefas de uma tarefa fonética,
como fechar os lábios.
coronal (coronal)
Um termo para sons articulados com a ponta ou lâmina da língua levantada em
direção aos dentes ou à crista alveolar (ou, às vezes, ao palato duro), como [ɵ, s, t].
creaky voice (voz crepitante)
Veja a laringealização.
D
declination (declinação)
Diminuição do pitch entoacional gradual no decorrer de um enunciado.
degrees of freedom problem (problema dos graus de liberdade)
No controle motor da fala, o problema causado pela necessidade de controlar um
grande número de músculos independentes. Veja coordinative structure.
dental (dental)
Refere-se a sons feitos com a língua tocando os dentes.
devoicing (desvozeamento) (também chamado de devocalization)
Qualquer processo fonológico em que um segmento, que é historicamente ou
subjacentemente sonoro, perde sua sonoridade, a exemplo de [l] precedido por [pʰ], como na
palavra play [pl̥ eɪ], em que o [l] passa a ser desvozeado. O diacrítico [ ̥ ] sob o [l] é indicador
de desvozeamento.
diacritic (diacrítico)
Pequena marca adicionada que pode ser usada para distinguir diferentes valores de
um símbolo, comumente utilizada nas transcrições restritas para atribuir mais precisão às
representações. Por exemplo, a adição de [~] distingue um som velarizado de um não
velarizado, como em [ɫ] em oposição a [l].

161
Quadro XI: Diacríticos

Fonte: disponível em: https://visografia.com


Acesso em: 26 set. 2019.

diphthong (ditongo)
Uma vogal em que há mudança na qualidade durante uma sílaba, como em inglês [aɪ̯ ]
em high.
dorsal (dorsal)
Descreve um som articulado com o dorso da língua.
dorsum (dorso)
A parte de trás da língua.
E
ease of articulation (facilidade de articulação)
Uma força fonética que impacta os sistemas sonoros linguísticos, de modo que os
padrões mais fáceis de produzir são mais prováveis do que os padrões difíceis.
egressive (egressivo)
Relacionado à corrente de ar que sai do corpo.
ejective (ejetiva)
Uma oclusiva feita com uma corrente de ar glotal egresiva, como a Hausa [k'].
epenthesis (epêntese)
A inserção de um ou mais sons no meio de uma palavra, como a pronúncia de sense
como [sɛnts] ou de else como [ɛlts], (também conhecida como oclusiva intrusiva). Na língua
portuguesa, um exemplo comum de epêntese seria a inserção do [i] em palavras como
(i)nhoque, af(i)ta, Varig(i), carangue(i)jo e bande(i)ja. A vogal [i] é a vogal epentética
recorrente no português.
epiglottis (epiglote)

162
Cartilagem em forma de colher, cuja base está presa à frente da cartilagem da tireoide
e a outra extremidade é livre. Durante a deglutição, a raiz da língua empurra parcialmente a
epiglote para baixo, sobre a laringe, oferecendo proteção limitada contra a entrada de
alimentos na traqueia. A epiglote desempenha um papel muito limitado na produção da fala.
(TRASK, 1996, p. 133).

Figura 2 - epiglote

Fonte: Disponível em: http://www.profala.com/Images/image076.jpg. Acesso em: 27 set. 2019.

exemplar theory (teoria exemplar)


A ideia de que as categorias fonéticas são representadas na mente como um conjunto
de todos os exemplos da categoria que o falante produziu e /ou ouviu.
F
feature (traço)
Uma propriedade fonética de um som. Algumas características como coronal são
bastante gerais, enquanto outras, como Laminal Dental, são mais específicas.
flap (flepe)
Uma articulação em que um articulador, geralmente a ponta da língua, é puxado para
trás e, em seguida, bate em outro articulador ao retornar à sua posição de repouso, por
exemplo, o onset da segunda sílaba da palavra inglesa better [bɛɾɚ].
formant (formante)
Uma frequência de ressonância do ar no trato vocal. As vogais são caracterizadas por
possuírem três formantes.
frequency (frequência)
A taxa de oscilação na pressão do ar em uma onda sonora periódica.
fricative (fricativa)

163
Estreitamento da distância entre dois articuladores, de modo que a corrente de ar seja
parcialmente obstruída e um fluxo de ar turbulento seja produzido, como no inglês [z] em
zoo.
front vowel (vogal anterior)
Uma vogal na qual o corpo da língua esteja na parte anterior da cavidade oral (boca).
As vogais [i, e, ɛ, a] formam um conjunto de vogais de referência frontal.

full (completo(a))
1. Um termo usado às vezes na classificação gramatical de palavras para se referir a
uma das duas principais classes postuladas na linguagem, sendo a outra (empty) vazia. Diz-
se que palavras completas (full) são aquelas que contêm significado lexical (por exemplo,
tabela, homem, carro), em oposição a “palavras vazias”, que possuem um significado
puramente gramatical como, (de, para, no).
2. Uma forma completa e não reduzida de uma palavra é uma produção que exibe
todas, ou a maioria das informações fonéticas presentes em uma produção de citação, ou seja,
fala cuidadosa - o estilo de fala que você usa para mostrar a alguém como pronunciar uma
palavra. Isso é chamado de estilo de citação do discurso.
G
geminate (geminado)
Segmentos adjacentes que são os mesmos, como as duas consoantes no meio da
palavra italiana "folla" [‘folla ] “multidão”.
gesture (gesto)
Representação abstrata dos planos de controle motor para ações do trato vocal
linguisticamente significativas. Veja também coordinative structure.
glide (glide)
Uma vogal fonética muito breve (sentido 1) que funciona em alguma língua como
consoante fonológica (sentido 2); os glides do inglês / j / e / w / (como em yes e win) são
versões breves de [i] e [u].
glottis (glote)

164
O espaço em forma de V entre as pregas vocais, aberto e fechado pelo movimento
das cartilagens aritenoides.
glottal (glotal)
Uma articulação que envolve a glote, como [ʔ] em muitas formas do inglês, como em
button ['bʌʔn̩].
glottal stop (oclusiva glotal)
Um som oclusivo produzido ao se pressionar firmemente as pregas vocais.

glottalic airstream mechanism (mecanismo de fluxo de ar glotal)


Movimento do ar da faringe pela ação da glote. Os sons ejetivos e implosivos são
produzidos com um mecanismo de fluxo de ar glotal.
H
hard palate (palato duro)
A estrutura óssea que forma o “teto” da parte frontal da boca.
homorganic (homorgânico)
Produzido no mesmo ponto de articulação. Os sons [d] e [n], como no inglês hand,
são homorgânicos.
I
idiolect (idioleto)
A fala de um indivíduo. Seu jeito próprio de falar.
implosive (implosiva)
Uma oclusiva feita com uma corrente de ar glotal ingressiva, como no Sindhi [ƃ].
impressionistic transcription (transcrição impressionista)
Uma transcrição cujos símbolos indicam apenas o valor fonético geral dos sons.
ingressive (ingressivo)
Referente ao fluxo de ar. Envolve um fluxo de ar de fora para o trato vocal. Ou um
segmento produzido com essa corrente de ar, como um implosivo ou um clique.
intensity (intensidade)
A quantidade de energia acústica em um som.
internal sandhi (sândi interno)

165
Qualquer exemplo de sândi ocorrendo em uma única palavra, como a mudança de [s]
em face para [ʃ] em sua palavra derivada facial.
interdental (interdental)
Articulado com a língua entre os dentes superiores e inferiores. Muitos falantes do
inglês americano usam uma articulação interdental em palavras como em thick, thin.

Figura 3 – fricativa interdental

thick, thin, that, they.


Fonte: https://2aih25gkk2pi65s8wfa8kzvi-wpengine.netdnassl.com/toefl/files/2016/05/UniversityofHawaii.gif
Acesso em 20 nov. 2019.

intonation (entonação)
O padrão de mudanças de pitch que ocorrem durante uma frase, que pode ser uma
sentença completa.
intonational phrase (frase entoacional)
A parte de um enunciado sobre o qual um padrão particular de entoação se estende.
Pode haver um ou mais grupos de tons em uma frase em inglês.
intrusion (intrusão)
Qualquer processo no qual um segmento é adicionado a uma palavra sem justificativa
etimológica. No início da palavra, a intrusão é chamada de prótese; medialmente, epêntese;
ao final da palavra, paragoge (TRASK, 1986, p. 185).
L
labial (labial)
Uma articulação envolvendo um ou ambos os lábios, como em [f, v, m].

166
labial velar (labiovelar)
Uma articulação envolvendo ação simultânea do dorso da língua, formando um
fechamento velar e os lábios formando um fechamento bilabial.
labialization (labialização)
Uma articulação secundária na qual o arredondamento labial é adicionado a um som,
como em inglês [ʃ].
labiodental (labiodental)
Uma articulação envolvendo o lábio inferior e os incisivos superiores.
laminal (laminal)
Uma articulação feita com a lâmina da língua.
laryngeal (laríngeo)
A região do trato vocal na glote em que são feitas articulações consonantais, como [h,
ʔ].
laryngealization (laringalização)
Outro nome para creaky voice, um tipo de fonação em que as cartilagens aritenoides
mantêm a extremidade posterior das cordas vocais juntas, de modo que elas possam vibrar
apenas na outra extremidade, como em hausa [b̰].
glottis (glote)
O espaço entre as pregas vocais.
lateral (lateral)
Uma articulação na qual a corrente de ar flui pelos lados da língua, como em inglês
[l] leaf.
lateral plosion (plosão lateral)
A liberação de uma plosiva (oclusiva), abaixando-se os lados da língua, como no final
da palavra saddle.
lax (frouxa)
Em oposição a tensa. Um termo sem correlatos fonéticos específicos, usado ao se
dividir as vogais em classes em bases fonológicas. Em inglês, as vogais lax são aquelas que
podem ocorrer em monossílabos fechados por [ŋ], como em sing, length, hang, long, hung.
length (duração)

167
O uso linguístico da duração física para distinguir palavras. A duração de uma sílaba
ou da vogal ou ditongo que ela contém.Veja geminate.
linguo-labial (línguo-labial)
Articulado com a língua perto do lábio superior, ou em contato com ele.
lip rounding (arredondamento de lábio)
A ação de trazer os cantos dos lábios em direção um do outro para que a abertura da
boca seja reduzida.
liquid (líquida)
Um termo de cobertura para laterais e várias formas de sons de r.
loudness (volume)
A propriedade auditiva de um som que permite ao ouvinte colocá-lo em uma escala
que vai do suave ao alto, sem considerar as propriedades acústicas, como a intensidade do
som.
M
manner of articulation (modo ou maneira de articulação)
No sistema fonético convencional, trata-se da classificação das consoantes ou o
parâmetro que trata as diferenças na atividade dos órgãos vocais. O IPA reconhece as
seguintes maneiras: plosiva, africada, fricativa, nasal, trill, tepe, flepe, fricativa lateral,
aproximante lateral (geralmente lateral), aproximante.
mid-sagittal section (vista mediossagital)
Vista do trato vocal na linha média, como se a cabeça fosse cortada no meio da testa
até o queixo.
Figura 4 - vista mediossagital

Fonte: disponível em: https://centermedical.vteximg.com.br


Acesso em: 26 set. 2019.

168
monophthong (monotongo)
Uma vogal em que não há mudança apreciável na qualidade durante uma sílaba, como
no inglês [ɑ] em father. Compare diphthong.
motor equivalence (equivalência motora)
Produção de um som por dois gestos diferentes dos órgãos vocais.
murmur (voz soprosa ou murmúrio)
Outro nome para “breathy voice”; tipo de fonação em que as cordas vocais estão
ligeiramente separadas, de modo que vibram enquanto permitem uma alta taxa de fluxo de
ar através da glote, como em Hindi [bʱ].

N
narrow transcription (transcrição restrita)
Uma transcrição que mostra detalhes fonéticos (como, por exemplo, em inglês,
aspiração, duração, etc.) usando uma grande variedade de símbolos e, em muitos casos, sinais
diacríticos.
nasal (nasal)
Um som no qual o palato mole é abaixado, de modo que não há fechamento velar e o
ar pode sair pelo nariz, como no inglês [m] em my.
nasalization (nasalização)
Abaixamento do palato mole durante um som em que o ar sai pela boca, como na
vogal [æ̃] entre nasais, a exemplo de man em inglês.
nasal plosion (plosão nasal)
A liberação de uma oclusiva, abaixando-se o palato mole de maneira que o ar escape
através do nariz, como no final da palavra hidden.
nasal stop (oclusiva nasal)
Oclusão completa da cavidade oral, de modo que a corrente de ar passe apenas pelo
nariz. Geralmente, as oclusivas nasais são chamadas simplesmente de nasais.
nasal vowel (vogal nasal)
Uma vogal na qual parte da corrente de ar passa pelo nariz.
nucleus (núcleo)
O centro de uma sílaba, geralmente apenas a vogal.

169
O
obstruent (obstruinte)
Uma fricativa, oclusiva ou africada. Fonemas realizados com alguma forma de
obstrução.
occlusive (oclusivo/a)
Um termo antigo para plosivo, ou às vezes para stop. Uma característica distintiva
que representa um bloqueio completo da corrente de ar dentro da boca.
oesophagus ou esophagus (esôfago)
O tubo que conecta o estômago à faringe.
Figura 5 - esôfago

Fonte: Disponível em http://gastrocenter.com.br


Acesso em: 26 set. /2019.

onset (ataque)
Uma consoante que ocorre antes da vogal em uma sílaba.
open syllable (sílaba aberta)
Uma sílaba sem consoante no final, como as primeiras sílabas nas palavras inglesas
beehive, bylaw, sawing.
oral cavity (cavidade oral)
A parte do trato vocal situada entre a faringe e os lábios, contendo a língua e os dentes
e delimitada no topo pela crista alveolar, palato duro e véu palatino.
oral stop (oclusão oral)
Oclusão completa das cavidades oral e nasal, como em [b, d, g].
oro-nasal process (processo oro-nasal)
O parâmetro articulatório pelo qual o véu palatino pode ser elevado, produzindo um
som oral ou abaixado, produzindo um som nasal (ou nasalizado).

170
P
palatal (palatal)
Uma articulação envolvendo a parte anterior da língua e o palato duro, como no inglês
[j] em you.
palatalization (palatalização)
Uma articulação secundária na qual a frente da língua é elevada em direção ao palato
duro, como nos chamados sons suaves em russo. Ou nos recuos da língua na articulação de
[t], [d], [l], [n], [s], [z] em alguns dialetos do português, quando estes ocorrem diante de [i].
palatoalveolar(palatoalveolar)
Uma articulação entre a lâmina da língua e o dorso da crista alveolar.
palatography (palatografia)
Técnica para demonstrar contato articulatório. Em uma forma, a língua é coberta com
um meio de marcação e, depois de uma palavra ter sido articulada, é possível observar onde
o meio foi transferido para o céu da boca.
Figura 6 - palatografia

a) Forma ideal do palatograma para o som “S”; b) Forma inicial do palatograma do som “S” de um paciente; c) Forma final do
palatograma do som “S”, após as correções. Áreas escuras representam o contato do dorso da língua contra a base de prova.
Fonte: Troia Jr. et al, 2005, p. 256. Acesso em 20 nov. 2019.

paradigm (paradigma)
Segundo Trask, o conjunto completo de formas flexionadas exibidas por alguma
classe de itens lexicais, como as formas declináveis de uma classe de substantivos ou as
formas conjugadas de uma classe de verbos, geralmente representadas pelas formas de um
único item típico (1996, p. 255).
perseverative coarticulation (coarticulação perseverante)
A persistência de um aspecto da articulação de um som no som seguinte, por exemplo,
a laringalização de uma vogal depois de uma oclusiva glotal.

171
pharyngeal (faríngeo)
Uma articulação envolvendo a raiz da língua e a parede posterior da faringe, como na
língua árabe [ʕ].
pharyngealization (faringalização)
Uma articulação secundária na qual a raiz da língua é puxada para trás de modo que
a faringe é estreitada, como em algumas consoantes chamadas enfáticas em árabe.
phonation (fonação)
Vibração das pregas vocais em vocalização.

phone (fone)
Um segmento fonético sob a ótica de seu caráter fonético e sem considerar seu
possível status fonológico. O termo “fone” está relacionado ao fonema da mesma forma que
“morph” está relacionado ao morfema.
phoneme (fonema)
A menor unidade distintiva na estrutura de uma determinada língua. Veja também
allophone.
phonetics (fonética)
O estudo científico da fala, convencionalmente dividido em fonética articulatória (o
estudo dos órgãos da fala e sua utilização na produção de sons), fonética acústica (o estudo
das propriedades físicas dos sons produzidos na fala) e fonética auditiva (o estudo do
processamento e interpretação dos sons da fala pelo ouvido, sistema nervoso e cérebro); a
fonética instrumental é o estudo de qualquer uma delas por meio de instrumentos para
medir, registrar ou analisar dados. (...) A fonética é comumente considerada como uma
disciplina distinta da linguística, sendo as duas juntas denominadas ciências linguísticas.
(TRASK, 1996, p. 270).
phonetic implementation (implementação fonética)
Responsável pela variabilidade fonética por meio de regras de escrita que mostram a
relação entre representações fonológicas abstratas e variantes interlinguísticas, dialetais ou
individuais.
phonology (fonologia)
A descrição dos sistemas e padrões de sons que ocorrem em uma língua.

172
pitch (pitch)
A propriedade auditiva de um som correspondente a uma nota musical que permite
que um ouvinte a coloque em uma escala que vai de baixa a alta.
plosion (plosão)
O estágio de liberação de uma consoante plosiva, durante a qual a pressão de ar
acumulada é liberada.
place of articulation (ponto de articulação)
Na descrição das consoantes, o local onde as constrições são registradas. Esses pontos
são indicados como bilabial, alveolar, velar etc...
plosive (plosiva)
Uma oclusão feita com um mecanismo de corrente de ar pulmonar, como em inglês
[p] ou [b].
post-alveolar (pós-alveolar)
Um som produzido com constrição entre a crista alveolar e o palato.
prominence (proeminência)
A medida em que um som se destaca dos outros devido a uma combinação de sua
sonoridade, duração, stress e altura.
pronunciation (pronúncia)
A maneira pela qual os sons da fala são articulados por falantes individuais ou falantes
em geral. Em fonética e fonologia, um estilo particular de fala é chamado de sotaque ou
acento.
pulmonic airstream mechanism (mecanismo de fluxo de ar pulmonar)
O movimento do ar pulmonar pelos músculos respiratórios. A maioria dos sons é
produzida com um mecanismo de fluxo de ar pulmonar.

R
r-colored (róticas)
Vogais que são essencialmente alguma forma de aproximante rótico-silábicas [ɻ̩] .
radical (radical)
Uma articulação feita com a raiz da língua.
reduced (reduzida)

173
Uma forma reduzida de uma palavra é uma produção que exibe um desvio
significativo de uma produção de citação, incluindo vogais reduzidas e segmentos excluídos.
reduced vowel (vogal reduzida)
Uma vogal que é pronunciada com uma qualidade centralizada, sem contraste,
embora, na forma subjacente de uma palavra, seja parte de um conjunto completo de
contrastes. A segunda vogal em emphasis ['ɛmfəsɪs] é uma forma reduzida da vogal /æ/, como
em emphatic [ɛm'fætɪk].
release burst (ruído de liberação)
Uma explosão de ruído produzida quando uma consoante oclusiva é liberada.
retroflex (retroflexa)
Uma articulação envolvendo a ponta da língua e a parte posterior da crista alveolar.
Alguns falantes de inglês articulam aproximantes retroflexas em rye and err. As oclusivas
retroflexas ocorrem em hindu e em outras línguas faladas na Índia.
Figura 7 - retroflexa

Fonte: Disponível em: https://retroflex.svg


Acesso em 26 set. 2019.

rhotacization (rotacização)
A propriedade auditiva conhecida como r-coloring que resulta do abaixamento do
terceiro formante.
rhotic (rótica)
Uma forma de inglês na qual / r / pode ocorrer depois de uma vogal e dentro de uma
sílaba, em palavras como car, bird, early. A maioria das formas do inglês americano do
centro-oeste é rótica, ao passo que a maioria das formas do inglês falado na parte sul da
Inglaterra é não rótica.
rhyme (rima)
A vogal (núcleo) e quaisquer consoantes que ocorram após a vogal em uma sílaba.
roll

174
Veja trill.
rounded (arredondado)
Um som com arredondamento de lábio adicionado.
S
sandhi (sândi)
Fenômeno fonológico que se aplica a formas justapostas e tem como vocação agregar
formas adjacentes. Muitas vezes o sândi resulta em fenômenos de ressilabificacão. Pode ser
externo ou interno. O externo provoca, por exemplo, a elisão, como em (casa horrorosa)
[kazoho’rɔza], ditongação, como em lata usada [latauzada] ou degeminação, como em casa
amarela [kazama’rela]. O interno envolve segmentos de um mesmo vocábulo, como em
elétri[k]o e eletri[s]idade (Cf. SILVA, 2015, p. 198).
schwa (ou shwa)
Vogal central média, não arredondada [ə]. Vogal neutra produzida com a língua e os
lábios em posição de repouso. O schwa é a vogal mais recorrente do inglês, ocorrendo, por
exemplo, na primeira sílaba de about e na segunda sílaba de carrot e na primeira e última
sílaba de vanilla.
secondary articulation (articulação secundária)
Uma constrição adicional que está em um ponto de articulação diferente daquele na
articulação primária. A lateral alveolar inglesa no final de uma sílaba, como em eel, é
frequentemente feita com a parte de trás da língua levantada e, portanto, tem a articulação
secundária da velarização.
segment (segmento)
Uma unidade de som do tamanho de uma consoante ou vogal.
semivowel (semivogal)
Um som articulado da mesma forma que uma vogal, mas não formando uma sílaba
por si só, como em [w] em we.
sentence stress (ou tonic stress, accent, pitch accent)
Este sintagma simboliza o recurso discursivo utilizado para fazermos referência ao
fenômeno no qual uma determinada palavra é realizada de modo mais enfático dentro de uma
sentença, como em It’s not what you say, but how you say it. Proeminência anexada a uma
palavra de uma frase completa com o objetivo de produzir um significado específico.

175
sibilant (sibilante)
Um som de fala no qual há alta amplitude, ruído turbulento, como em inglês [s] e [ʃ]
em sip and ship.
silent letter (letra muda)
Uma letra na ortografia convencional de uma palavra que não possui realização
fonética, ou seja, não é pronunciada, como no inglês, w em write, k em knife, l em walk, gh
em right, t em castle, b em lamb e e em mile.
slashes (ou slant brackets) (barras)
O recurso de notação usual para abrigar fonemas, fonemas solo, como em inglês, o /
k / o /æ/ e o / t / ou sequências de fonemas, como em 'cat'/ kæt /.
soft palate (palato mole)
A parte macia e móvel do palato na parte de trás da boca.
sonorant (ou resonant) (sonorante ou ressonante)
Uma consoante que não é uma obstruinte, ou seja, uma líquida, uma nasal ou uma
aproximante.
sonority (sonoridade)
A intensidade (loudness) de um som em relação a outros sons com a mesma duração
(length), acento (stress) e (pitch) altura.
spectrogram (espectrograma)
Representação gráfica de sons em termos da frequência de seus componentes, em que
o tempo é mostrado no eixo horizontal, a frequência, no eixo vertical, e a intensidade de cada
frequência, em cada momento no tempo pela zona escura da marca.
stop (oclusiva)
Um sinônimo antigo para plosiva. Qualquer segmento cuja articulação envolve um
fechamento completo de dois articuladores. Esse termo geralmente implica uma oclusiva
oral, isto é, fechamento completo de dois articuladores e um fechamento vélico, como em
inglês [b] em buy.
stress (acento)
O uso de energia respiratória extra durante uma sílaba.
strong form (forma acentuada)

176
A forma pela qual uma palavra é pronunciada quando é acentuada (stressed). Esse
termo geralmente é aplicado apenas a palavras que ocorrem normalmente sem ênfase
(unstressed) e com uma forma fraca, como to, a.
suprasegmental (suprassegmental)
Traço fonético como acento (stress), duração (length), tom e entonação, que não é
uma propriedade de consoantes ou vogais individuais.
systematic phonetic transcription (transcrição fonética sistemática)
Transcrição que mostra todos os detalhes fonéticos que fazem parte da língua e pode
ser expressa em termos de regras fonológicas.
T
tap (tepe)
Um movimento rápido da ponta da língua para cima para entrar em contato com o
céu da boca, retornando, em seguida, ao chão da boca pelo mesmo caminho.
target (alvo)
Um ponto selecionado como objetivo de ataque. Os órgãos da fala que o falante “visa”
ao produzir um som de fala.
target position (posição de alvo)
Uma posição articulatória idealizada que pode ser usada como ponto de referência
para descrever o modo como um falante produz enunciados.
thyroid cartilage (cartilagem tireóide)
A maior das cartilagens que compõem a laringe. Ligada ao osso hioide e à cartilagem
cricoide inferior, a tireoide tem uma projeção para a frente em forma de V, responsável pelo
pomo de Adão.
Figura 8 - cartilagem tireóide

Fonte: http://atlasdocorpohumano.com
Acesso em 20 nov. 2019.

177
tense (tensa) Um termo sem correlatos fonéticos específicos, usado quando se divide
as vogais em classes nas bases fonológicas. Em inglês, as vogais tensas são aquelas que
podem ocorrer em sílabas abertas acentuadas (stressed), como bee, bay, bah, saw, low, boo,
buy, bough, boy, e cue.
tone (tom) Um tom de altura que transmite parte do significado de uma palavra. Em
chinês, por exemplo, [ma] assume diferentes significados conforme os diferentes tons
comque é pronunciado. O quadro
Quadro XII - tom
Símbolo Exemplo Descrição
◌́ māma [mámā] tom alto

◌̄ māma [mámā] tom médio

◌̀ mǎ [mà] tom baixo

◌̂ mà [mâ] tom decrescente

◌̌ má [mǎ] tom crescente

Fonte: M. Haspelmath, M. S. Dryer, D. Gil, B. Comrie (2005). The World Atlas of Languages
Structures. Acesso em 20 nov. 2019.

Um exemplo clássico de língua tonal é o chinês na variedade mandarim, cujo sistema


tonal possui quatro tons mais um tom neutro. Por exemplo, a sílaba “ma”, pronunciada com

o primeiro tom mā (妈) significa “mãe”; pronunciada com o segundo tom, significa

“cânhamo” (麻); pronunciada com o terceiro tom significa “cavalo” (马), pronunciada com

o quarto tom significa “insultar” (骂).

tone sandhi (tom sândi)


Uma mudança de tom devido à influência dos tons vizinhos.
tonic accent
Veja tonic syllable.
tonic syllable (sílaba tônica)
A sílaba dentro de um grupo de tons que se destaca porque carrega a principal
mudança de altura (pitch).

178
tongue (língua)
Órgão muscular flexível que ocupa a parte inferior da cavidade oral. Trata-se do órgão
mais importante no que diz respeito à articulação. A língua é uma massa quase globular de
músculos densamente interligados, tal como descrita por Laver (1994, p. 121).
trachea (ou wind pipe) (traqueia)
O canal cartilaginoso que conecta os pulmões à laringe, através do qual o ar passa
pela respiração e fala.
Figura 9 - traqueia

Fonte: https://thumbor.kenhub.com/ (/images/logo_url.png,format(jpeg)/images/article/pt/traqueia/_Traqueia.png. Acesso em 20


nov. 2019.

transcription (transcrição)
Qualquer sistema convencional para representar graficamente a fala ou a língua,
diferente da representação utilizada para a escrita comum, geralmente ilustrando a pronúncia
de maneira consistente no nível amplo ou restrito. Dois tipos são linguisticamente
importantes: a transcrição fonética e a transcrição fonêmica.
triangular vowel system (Sistema vocálico triangular)
Um sistema de vogais no qual todas as vogais, exceto a mais baixa, se organizam em
pares anterior-posterior e arredondadas-não arredondadas.

Figura 10 - Sistema vocálico triangular

Fonte: disponível em: //www.utexas.edu/courses/linguistics/resources/phonetics/vowelmap.

179
Acesso em: 24 set. 2019.

trill (trill)
Uma articulação na qual um articulador é mantido frouxamente perto do outro, de
modo que o fluxo de ar entre eles os coloca em movimento, aproximando-os alternadamente
e separando-os. Em algumas formas do inglês escocês, [r] em rip é produzido como trill.
triphthong (tritongo)
Um núcleo vocálico que começa com uma qualidade de vogal, passa para uma
segunda qualidade e depois termina com uma terceira. Como [aɪə], em fire, e o [aʊə], em
flour.
U
unrounded
Veja rounded.
uvula (úvula)
Pequena porção de massa carnosa formada por tecido muscular, pendente na parte de
trás do véu palatino.
Figura 11 - úvula

Fonte: topbrainscience.com. Acesso em 26 set. 2019.

uvular (uvular)
Articulação envolvendo o dorso da língua e a úvula, como no francês [ʁ] em rouge
[ʁuʒ].
V
velar (velar)
Descreve uma articulação que envolve a parte posterior da língua e o palato mole, a
exemplo do inglês [g] em guy.
velaric airstream mechanism (mecanismo de fluxo de ar velárico)

180
Movimento do ar da boca pela ação da língua. Os cliques são produzidos com um
mecanismo de fluxo de ar velárico.
velarization (velarização)
Uma articulação secundária na qual o dorso da língua é elevado em direção ao palato
mole. Em muitas formas de inglês, a coda silábica [ɫ], como em hill, é fortemente velarizada.
velic (vélico)
Envolvendo a superfície superior do palato mole e da faringe. Um fechamento vélico
impede que o ar escape pelo nariz.
velum (véu palatino ou palato mole)
A parte macia e móvel do palato na parte de trás da boca.
vocal organs (ou speech organs, organs of speech)
Todas as partes do corpo envolvidas na produção dos sons da fala, desde os pulmões
aos lábios e nariz, excluindo-se o cérebro e o sistema nervoso.
vocal folds (ou vocal cords) (cordas vocais)
Par simétrico de tecidos localizado na laringe, consistindo dos ligamentos vocais e do
músculo vocal, com a cobertura de uma membrana mucosa. De forma triangular, em corte
transversal, as pregas vocais são conectadas à frente pela cartilagem tireoidiana e, atrás, pelas
cartilagens aritenoides (TRASK,1996, p. 377).

Figura 12 - cordas vocais

Fonte: disponível em https://weebly/vocalfolds.html


Acesso em 26 de setembro de 2019

181
vocal tract (trato vocal)
As passagens aéreas acima das pregas vocais. O trato vocal consiste do trato oral e do
trato nasal.
vocoid (vocoide)
Um som sem obstrução no centro da boca. Vogais e semivogais são vocoides.
voice bar (barra de vozeamento)
Uma área escura perto da linha de base em um espectrograma, indicando vocalização
durante uma consoante.

Figura 13 - barra de vozeamento

Fonte: Ladefoged, 2015, p. 150.

voicing ou voice (vozeamento ou voz)


A presença de vibração das pregas vocais durante uma articulação. A voz normal é a
voz modal, mas a voz soprosa, rangente e o falsete também podem ser consideradas como
variedades distintas.
voiceless ou unvoiced (surdo(a))
Segmento articulado sem a vibração das pregas vocais. Seu antônimo é voiced.
voice onset time (tempo de início de voz)
O momento em que o vozeamento começa em relação à liberação de um fechamento.
voiced (sonoro(a))
Segmento acompanhado por vozeamento, ou seja, pela vibração das pregas vocais
durante uma articulação, como no inglês [m] em me. Em um som parcialmente sonoro, as
vibrações das pregas vocais ocorrem durante apenas parte da articulação, a exemplo do [d]
em die, frequente em inglês.
voiceless (surdo ou desvozeado)

182
Pronunciado sem vibrações das pregas vocais, como em inglês [s] na palavra see.
vowel (ou vocoid) (vogal)
Em fonética, um segmento cuja articulação não envolve obstrução significativa da
corrente de ar, como [a], [i] ou [u]. Em fonologia, um segmento que forma o núcleo de uma
sílaba.
vowel quality (qualidade da vogal)
O timbre de uma vogal causado quase inteiramente pelas frequências dos formantes
vocálicos (ver formant).

W
weak form (forma fraca)
A forma átona de qualquer palavra, como but e as, que não mantém sua forma
completa quando ocorre na fala conversacional.

183
CONCLUSÕES

Este estudo foi desenvolvido com o intuito de contribuir com as pesquisas em


tradução comentada, principalmente do ponto de vista metodológico, com base nas
concepções da abordagem funcionalista de Nord (1997). O trabalho como professor de
língua inglesa e as leituras feitas na área da fonética e fonologia indicaram a falta de consenso
na tradução de alguns termos fonéticos em trabalhos de autores brasileiros.
O objetivo geral da pesquisa foi, pois, contribuir, teórica e metodologicamente com
os Estudos da Tradução ao fazer a tradução comentada de um texto técnico e científico, com
vistas a tentar normatizar aspectos da consistência terminológica. Nesse sentido, uma das
hipóteses que nortearam o presente estudo foi a de que duas variáveis principais podem ter
contribuído de forma mais assertiva para as inconsistências observadas: o tempo e a
frequência de uso.
Após todo o processo de estudo teórico, passei a realizar a tradução comentada de “A
Course in Phonetics” (ACIP), de Peter Ladefoged. Os dados obtidos ao longo do trabalho
tradutório permitiram-me ter subsídios para responder às perguntas que nortearam minha
pesquisa: “Quais os termos mais frequentemente utilizados por autores e tradutores
brasileiros em fonética articulatória? De que maneira os termos mais frequentemente
utilizados nesse âmbito foram traduzidos sob uma perspectiva do eixo temporal? Atualmente,
quais são os termos mais utilizados? De que forma se pode uniformizar o uso desses termos
em traduções futuras? Em termos de estratégias e modalidades de tradução, que dificuldades
predominaram na tradução comentada?” Na Tabela III, à página 145, pode-se visualizar os
autores mais referenciados em trabalhos acadêmicos em nível de Mestrado. Os termos mais
frequentemente utilizados nesse âmbito foram traduzidos sob a perspectiva do eixo temporal
e o resultado pode ser visto na Tabela IV, à página148, que ilustra a proporção dos termos
mais usados pelos autores no ranking. Na Tabela V, página149, são apontados os termos
mais utilizados por autores e tradutores brasileiros em fonética articulatória.

Com base nos resultados da pesquisa empreendida, posso indicar que, atualmente, os
termos mais utilizados são os mais clássicos, criados no início dos estudos dessa subárea da
linguística. Como existe uma tendência à utilização de termos clássicos, a tentativa de
uniformização perde sua eficácia. Espero que a continuação do trabalho de tradução

184
comentada de textos técnicos e científicos possa dar respostas mais abrangentes e mais exatas
às questões levantadas no início desta tese.
As principais dificuldades encontradas em termos de estratégias, modalidades de
tradução que predominaram na minha tradução do ACIP, residiram no fato de estar lidando
com o par linguístico inglês-português. As opções lexicais utilizadas na tradução devem ser
cercadas de cuidados por se tratar de línguas de troncos distintos, tendo em vista que, muitas
vezes, é necessário inverter a ordem das palavras, como em (voiced phoneme = fonema
sonoro), ou acrescentar alguma preposição (tongue different gestures = gestos
diferentes da língua). É importante ressaltar que o ato tradutório não se limita apenas a
inverter palavras ou incluir preposições; muitas vezes, encontram-se situações em que as
respostas só aparecem depois de muita reflexão sobre a melhor forma de transferir a ideia,
dadas as diferenças entre as duas línguas. Em algumas das ocorrências, como em “measure
to the nearest 10 inches” (meça com base em 10 polegadas), tive que levar em conta o que
poderia soar mais natural na língua-alvo. A solução para “tap out the beat” (conferir as
sílabas com batidas no ritmo) também exemplifica uma solução que exige um enunciado bem
mais longo em português para que o leitor-alvo entenda a ideia, neste caso, o mecanismo de
contagem das sílabas. Verifica-se, assim, que, mesmo para produzir soluções usando-se
enunciados bem mais longos, pois a referida expressão não soaria bem em português pela
mera transferência lexical, é necessário que o tradutor tenha a empatia de olhar para o trecho
com olhos de leitor-alvo, e não caia na tentação da escolha mais imediata, que pode vir a ser
desastrosa.
Meu trabalho consistiu em apresentar a obra de Peter Ladefoged em linguagem
simples, na medida do possível, objetivando, fundamentalmente, atender a estudantes de
graduação de Letras e de Estudos da Tradução. Tentei mostrar que há um campo amplo e
pouco divulgado (Tradução Comentada e Fonética), que merece ser pesquisado e
reconhecido.
Assim como o tradutor literário, o tradutor técnico depara com problemas e precisa
encontrar alguma forma de resolvê-los. Em relação a essa noção de problema, a sensibilidade
do tradutor em identificar e solucionar problemas de tradução, através de suas habilidades e
estratégias, é um traço crucial da competência tradutória, aparato de conhecimentos que
distingue o tradutor com formação acadêmica de pessoas bilíngues que, eventualmente,

185
executam trabalhos de tradução. Para solucionar problemas, o tradutor precisa tomar uma
série de decisões, mesmo quando envolvem ter que adaptar algum aspecto lexical,
fonológico, sintático ou terminológico.
Este trabalho apresentou dois produtos finais, quais sejam, a tradução comentada do
ACIP de Peter Ladefoged e Keith Johnson e um glossário terminográfico de termos fonéticos
da área da fonética articulatória. Ao longo da pesquisa foi possível perceber que estudar um
tema ainda pouco explorado apresenta muitos obstáculos, especialmente no que concerne ao
acesso à bibliografia de apoio e referências anteriores, pois, além de o ACIP ainda não ter
sido traduzido no Brasil, a tradução comentada de textos técnicos e científicos carece de mais
pesquisas, considerando que se trata de gênero em construção. Assim, o percurso inicial desse
trabalho consistiu em apresentar um panorama teórico dos Estudos da Tradução, cuja
fundamentação teórica central foi o Funcionalismo. Debrucei-me também sobre a biografia
do autor, além de apresentar os resultados de uma pesquisa sobre os autores brasileiros mais
citados em trabalhos acadêmicos, seguido dos termos mais utilizados por esses autores.
O estudo da teoria Funcionalista realizado nesta tese e a aplicação de seus postulados
no processo tradutório, minhas reflexões, comentários e a análise da tradução da obra ACIP,
respondem, de modo simples, à principal indagação que deu início a esta pesquisa: o (ou a
falta de ?) consenso no uso de alguns termos fonéticos nos trabalhos de autores brasileiros,
mais especificamente, de termos que descrevem os principais articuladores da fala e alguns
processos que os envolvem. O que se observa na tradição terminológica dos estudos fonético-
fonológicos no Brasil é que alguns termos mais frequentes são apresentados de diferentes
formas em nossa língua e foi exatamente essa pluralidade um dos aspectos que me inquietou
quando me propus a dar início a esta pesquisa.
O uso de uma teoria para nortear uma tradução, sem dúvida, ajuda o tradutor e o faz
sentir-se seguro, pois lhe fornece um “terreno firme” e descarta um eventual teor aleatório
e/ou empírico no seu ato tradutório. As teorias dos autores aqui abordadas têm fundamento
em pesquisas nos Estudos da Tradução, razão pela qual forneceram base e inspiração para as
minhas escolhas, potencializaram o meu agir, permitiram a utilização de algumas estratégias
que, em última análise, tornaram minhas escolhas mais sóbrias, eficazes e fundamentadas.
Abrir mão, em alguns momentos, de uma tradução literal não irá tornar a tradução
menos legítima. Não ouso dizer que a tradução literal solucionaria todos os problemas, no

186
entanto, acredito que, às vezes, pode ser utilizada com eficácia. Todas as decisões que tomei
têm motivos que considero válidos. A leitura e a reflexão minuciosa foram decisivas para
conferir algumas soluções em momentos de dúvida e incerteza a respeito de qual termo seria
mais apropriado nos diferentes contextos. Além disso, a tradução comentada promove maior
visibilidade ao tradutor, mostrando que utilizamos recursos teóricos e uma vasta experiência
para realizar nosso trabalho.
A tradução técnica e científica, apesar de necessária, importante e difundida na vida
de diversos tradutores e leitores, ainda é subvalorizada se comparada à tradução literária. Por
isso, um dos objetivos deste trabalho foi apresentar o processo que existe por trás da tradução
de um texto dessa categoria, demonstrando que há, sim, reflexões importantes e escolhas a
serem feitas nesse gênero textual. Precisamos identificar problemas de tradução, refletir
sobre eles e solucioná-los a partir de tomadas de decisão com motivos fundamentados, com
auxílio de nossas habilidades e estratégias, nossa expertise.
Veja-se, por exemplo, o conceito de invisibilidade apresentado por Venuti (2008) em
seu livro The Translator’s Invisibility: A History of Translation. O autor ocupou-se de
denunciar e criticar a condição de invisibilidade do tradutor nas culturas britânica e norte-
americana. No capítulo Invisibility, o autor afirma que o objetivo do livro é tornar o tradutor
mais visível, de modo a mudar as condições sob as quais a tradução é teorizada, estudada e
praticada, particularmente em países de língua inglesa (VENUTI, 2008, p. 13). A proposta
de Venuti de dar visibilidade ao tradutor foi considerada neste trabalho: termos
como pitch e trill foram mantidos como tal no texto traduzido, consideradas, evidentemente,
suas respectivas justificativas.
Devo admitir que este trabalho me ofereceu a oportunidade de refletir mais
detidamente sobre o ato tradutório e a tentativa ousada e pretensiosa de traduzir um livro
técnico e científico, com a hipótese inicial de uniformizar a terminologia em uma área já
consolidada. Não imaginei, por exemplo, que teria a necessidade de pesquisar com rigor a
Terminologia com base em Krieger e Finatto (2004) e Costa, Cabré e Zaváglia, 2018).
Retomando a hipótese inicial, de que a variação terminológica fosse um “problema”
nas traduções dos pesquisadores lusófonos e, que isso dificultava a compreensão dos termos
fonéticos por parte dos estudantes brasileiros, imaginei que seria necessário e possível
uniformizar os termos. No entanto, ao fazer as leituras específicas sobre Terminologia

187
descobri que isso seria uma tarefa impossível e desnecessária, visto que propor uma
padronização dos termos da Fonética seria sugerir uma abordagem prescritiva, estanque, e
discrepante em relação aos contextos sociais e comunicativos do léxico técnico e científico.
Seria ignorar toda a heterogeneidade e riqueza dos termos, já que eles são unidades
dinâmicas. Durante o desenvolvimento do trabalho, pude entender quão importante o estudo
do termo se tornou para que esta tese ficasse razoavelmente completa.
Mesmo reconhecendo as limitações e dificuldades, espero que este trabalho seja
relevante de alguma forma. Enquanto tradutor e pesquisador, anseio que esse trabalho se
revele uma fonte de luz para tradutores e pesquisadores que pretendam trabalhar com
tradução comentada e/ou tradução técnica/científica. Espero, também, que as reflexões e
meios que utilizei para chegar às soluções dos problemas com que me deparei ao longo da
pesquisa venham a ser úteis a tradutores e pesquisadores em geral.
Desse modo, tenho como proposta de projetos futuros, concluir a tradução das
unidades do ACIP que ficaram de fora neste estudo, isto é, as que fecham o livro e que tratam
especificamente de fonética acústica. Além disso, tenho a intenção de propor a criação de um
grupo de estudo com o objetivo de discutir e analisar se é possível e/ou necessário criar um
glossário de termos fonéticos que inclua outros domínios da fonética, quais sejam: fonética
acústica e fonética auditiva, pois, embora já existam contribuições interessantes, trata-se de
uma temática que carece de mais pesquisas.
Espero que este trabalho tenha contribuído para difundir a ideia de que esta parceria
tradução/fonética possa produzir frutos de maneira a diminuir um pouco a distância entre
Estudos da Tradução e Fonética e Fonologia.
Posso afirmar que tenho plena consciência das eventuais falhas apresentadas nesta
pesquisa; entretanto, acredito que, independente da complexidade e extensão de um estudo,
sempre haverá lacunas que servirão de justificativa para o desenvolvimento de trabalhos
futuros.

188
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196
APÊNDICE

Este apêndice apresenta a tradução proposta e analisada por esta tese que foi elaborada
à luz dos Estudos da Tradução como área principal e em consonância com a abordagem
funcionalista de Nord (1997)

1. CAP 1 CAP 1

2. PART I PARTE I
3. INTRODUCTORY CONCEPTS CONCEITOS INTRODUTÓRIOS
4. Articulation and Acoustics Articulação e Acústica

5. Phonetics is concerned with describing A fonética se preocupa em descrever a fala.


speech.
6. There are many different reasons for Há muitas razões diferentes para querer fazer
wanting to do this, which means that there isso, o que significa que existem muitos tipos
are many kinds of phoneticians. de foneticistas.
7. Some are interested in the different sounds Alguns são interessados nos diferentes sons
that occur in languages. que ocorrem nas línguas.
8. Some study the cognitive processes Alguns estudam os processos cognitivos
involved in speaking and listening. relacionados com falar e ouvir.

9. Some are more concerned with pathological Alguns são mais preocupados com a fala
speech. patológica.
10. Others are trying to help people speak a Outros estão tentando ajudar as pessoas a
particular form of English. falar uma forma particular de inglês.
11. Still others are looking for ways to make Outros ainda estão procurando maneiras de
computers talk more intelligibly or to get fazer os computadores falarem de forma
computers to recognize speech. mais inteligível ou de fazer com que os
computadores reconheçam o discurso.
12. For all these purposes, phoneticians need to Para todos esses propósitos, os foneticistas
find out what people are doing when they are precisam descobrir o que as pessoas estão

197
talking and how the sounds of speech can be fazendo quando estão falando e como os
described. sons da fala podem ser descritos.

13. SPEECH PRODUCTION PRODUÇÃO DA FALA


14. We will begin by describing how speech Começaremos descrevendo como os sons da
sounds are made. fala são feitos.
15. Most sounds are the result of movements of A maioria deles é o resultado de movimentos
the tongue and the lips. da língua e dos lábios.
16. We can think of these movements as Podemos pensar nesses movimentos como
gestures forming particular sounds. gestos formando sons particulares.
17. We can convey information by gestures of Podemos transmitir informações através de
our hands that people can see, but in making gestos de nossas mãos que as pessoas podem
speech that people can hear, humans have ver, mas ao fazer a fala que as pessoas podem
found a marvelously efficient way to impart ouvir, os seres humanos encontraram uma
information. maneira maravilhosamente eficiente de
transmitir informações.
18. The gestures of the tongue and lips are made Os gestos da língua e dos lábios são feitos
audible so that they can be heard and audíveis para que possam ser ouvidos e
recognized. reconhecidos.
19. Making speech gestures audible involves Fazer com que gestos de fala se tornem
pushing air out of the lungs while producing audíveis envolve empurrar o ar para fora dos
a noise in the throat or mouth. pulmões, produzindo um ruído na garganta
ou boca.
20. These basic noises are changed by the Esses ruídos básicos são alterados pelas
actions of the tongue and lips. ações da língua e dos lábios.
21. Later, we will study how the tongue and lips Mais tarde, estudaremos como a língua e os
make about twenty-five different gestures to lábios fazem cerca de vinte e cinco gestos
form the sounds of English. diferentes para formar os sons do inglês.
22. We can see some of these gestures by Podemos ver alguns desses gestos olhando
looking at an x-ray movie (which you can para um filme de raio-x (que você pode

198
watch on the book’s website— assistir no site do livro —
http://linguistics.berkeley.edu/acip/). http://linguistics.berkeley.edu/acip/).
23. Figure 1.1 shows a series of frames from an A Figura 1.1 mostra uma série de quadros de
x-ray movie of the phrase on top of his deck. um filme de raio-x da frase on top of his deck.
(no topo de sua plataforma)
24. In this sequence of twelve frames (one in Nesta sequência de doze quadros (em um de
every four frames of the movie), the tongue cada quatro quadros do filme), a língua foi
has been outlined to make it clearer. delineada para torná-la mais clara.
25. The lettering to the right of the frames As letras à direita dos quadros mostram,
shows, very roughly, the sounds being muito à grosso modo, os sons que estão
produced. sendo produzidos.
26. The individual frames in the figure show Os quadros individuais na figura mostram
that the tongue and lips move rapidly from que a língua e os lábios se movem
one position to another. rapidamente de uma posição para outra.
27. To appreciate how rapidly the gestures are Para apreciar a rapidez com que os gestos
being made, however, you should watch the estão sendo feitos, no entanto, você deve
movie. assistir ao filme.
28. Example 1.1 plays the sounds and shows the O Exemplo 1.1 reproduz os sons e mostra os
movements involved in the phrase on top of movimentos envolvidos na frase on top of his
his deck. deck.
29. Even in this phrase, spoken at a normal Mesmo nesta frase, falada a uma velocidade
speed, normal,
30. Figure 1.1 Frames from an x-ray movie of a Figura 1.1 Quadros de um filme de raio-x de
speaker saying on top of his deck. um falante dizendo “on top of his deck”.

31. The tongue is moving quickly. A língua está se movendo rapidamente.


32. The actions of the tongue are among the As ações da língua estão entre os
fastest and most precise physical movements movimentos físicos mais rápidos e mais
that people can make. precisos que as pessoas podem fazer.
33. Producing any sound requires energy. A produção de qualquer som requer energia.

199
34. In nearly all speech sounds, the basic source Em quase todos os sons de fala, a fonte
of power is the respiratory system pushing básica de energia é o sistema respiratório que
air out of the lungs. empurra o ar para fora dos pulmões.
35. Try to talk while breathing in instead of out. Tente falar enquanto respira pra dentro em
vez de pra fora.
36. You will find that you can do it, but it is Você descobrirá que pode fazê-lo, mas é
much harder than talking when breathing muito mais difícil do que falar quando
out. expira.
37. When you talk, air from the lungs goes up Quando você fala, o ar dos pulmões vai até a
the windpipe (the trachea, to use the more traqueia (para usar o termo mais técnico) e
technical term) and into the larynx, at which para a laringe, momento em que deve passar
point it must pass between two small entre duas pequenas dobras musculares
muscular folds called the vocal folds. chamadas de cordas vocais.
38. If the vocal folds are apart (as yours Se as cordas vocais estão separadas (como
probably are right now while you are as suas provavelmente estão agora enquanto
breathing in and out), the air from the lungs você está respirando), o ar dos pulmões terá
will have a relatively free passage into the uma passagem relativamente livre para a
pharynx and the mouth. faringe e à boca.
39. But if the vocal folds are adjusted so that Mas se as cordas vocais estiverem ajustadas
there is only a narrow passage between them, de modo que haja apenas uma passagem
the airstream from the lungs will set them estreita entre elas, a corrente de ar dos
vibrating. pulmões as colocará vibrando.
40. Sounds produced when the vocal folds are Os sons produzidos quando as cordas vocais
vibrating are said to be voiced, as opposed to estão vibrando são ditos ser sonoros, ao
those in which the vocal folds are apart, contrário daqueles nos quais as cordas vocais
which are said to be voiceless. estão separadas, e que são chamados de
surdos.
41. In order to hear the difference between a Para ouvir a diferença entre um som vozeado
voiced and a voiceless sound, try saying a e um desvozeado, tente dizer um longo som
long V sound, which we will symbolize as de 'v', que vamos simbolizar como [vvvvv].
[vvvvv].

200
42. Now compare this with a long ‘f ’ sound Agora compare isto com um longo som de
[fffff], saying each of them alternately— 'f' [fffff], dizendo cada um deles
[fffffvvvvvfffffvvvvv]. alternadamente- [fffffvvvvvffffvvvvv].
43. (As indicated by the icon in the margin, an (Como indicado pelo ícone na margem, um
audio file illustrating this sequence is on the arquivo de áudio que ilustra esta sequência
website.) Both of these sounds are formed in está no site) Ambos os sons são formados da
the same way in the mouth. mesma maneira na boca.
44. The difference between them is that [v] is. A diferença entre eles é que [v] é vozeado e
voiced and [f] is voiceless. [f] é desvozeado.
45. You can feel the vocal fold vibrations in [v] Você pode sentir as vibrações das cordas
if you put your fingertips against your vocais em [v] se ao colocar as pontas dos
larynx. dedos na sua laringe.
46. You can also hear the buzzing of the Você também pode ouvir o zumbido das
vibrations in [v] more easily if you stop up vibrações em [v] mais facilmente se tampar
your ears while contrasting [fffffvvvvv]. os ouvidos enquanto contrasta [fffffvvvvv].

47. The difference between voiced and A diferença entre os sons vozeados e
voiceless sounds is often important in desvozeados é normalmente importante na
distinguishing words. distinção de palavras.
48. In each of the pairs of words fat, vat, thigh, Em cada um dos pares das palavras fat, vat;
thy; Sue, zoo, the first consonant in the first thigh, thy; Sue, zoo, a primeira consoante na
word of each pair is voiceless; in the second primeira palavra de cada par é surda. na
word, it is voiced. segunda palavra, é sonora.
49. You can check this by saying just the Você pode verificar isto dizendo apenas a
consonant at the beginning of each of these consoante no início de cada uma dessas
words and try to feel and hear the voicing as palavras e tentar sentir e ouvir a vibração
suggested in the example. como sugerido no exemplo.
50. Try to find other pairs of words that are Tente encontrar outros pares de palavras que
distinguished by one having a voiced and the se distinguem por ter uma consoante sonora
other having a voiceless consonant. e a outra por ter uma consoante surda.

201
51. The air passages above the larynx are known As passagens de ar acima da laringe são
as the vocal tract. conhecidas como trato vocal.

52. Figure 1.2 shows their location within the A figura 1.2 mostra sua localização na
head (actually, within Peter Ladefoged’s cabeça (trata-se da imagem da cabeça do
head, in a photograph taken many years ago). próprio Peter Ladefoged, em uma fotografia
tirada há muitos anos).
53. The shape of the vocal tract is a very A forma do trato vocal é um fator muito
important factor in the production of speech, importante na produção da fala, e
and we will often refer to a diagram of the frequentemente iremos nos referir a um
kind that has been superimposed on the diagrama do tipo que foi sobreposto na
photograph in Figure 1.2. fotografia da figura 1.2.
54. Learn to draw the vocal tract by tracing the Aprenda a desenhar o trato vocal ao delinear
diagram in this figure. o diagrama nesta figura.
55. Note that the air passages that make up the Observe que as passagens de ar que
vocal tract may be divided into the oral tract, constituem o trato vocal podem ser divididas
within the mouth and pharynx, and the nasal em trato oral, dentro da boca e faringe, e no
tract, within the nose. trato nasal, dentro do nariz.
56. When the flap at the back of the mouth is A “campainha” na parte posterior da boca
lowered (as it probably is for you now, if you fica baixa (como ela provavelmente está com
are breathing with your mouth shut), air goes você agora, se você estiver respirando com a
in and out through the nose. boca fechada), o ar entra e sai através do
nariz.
57. Speech sounds such as [m] and [n] are Os sons da fala como o [m] e o [n] são
produced with the vocal folds vibrating and produzidos com vibração das cordas vocais e
air going out through the nose. com a saída de ar pelo nariz.
58. The upper limit of the nasal tract has been O limite superior do trato nasal foi marcado
marked with a dotted line since the exact com uma linha pontilhada uma vez que os
boundaries of the air passages within the limites exatos das passagens de ar dentro do
nose depend on soft tissues of variable size. nariz dependem dos tecidos moles de
tamanho variável.

202
59. The parts of the vocal tract that can be used As partes do trato vocal que podem ser
to form sounds, such as the tongue and the utilizadas para formar sons, tal como a língua
lips, are called articulators. e os lábios, são chamadas de articuladores.
60. Before we discuss them, let’s summarize the Antes de discuti-los, vamos resumir o
speech production mechanism as a whole. mecanismo de produção da fala como um
todo.
61. Figure 1.3 (on page 6) shows the four main A figura 1.3 (na página 6) mostra os quatro
components—the airstream process, the componentes principais- o processo do fluxo
phonation process, the oro-nasal process, de ar, o processo de fonação, o processo oro-
and the articulatory process. nasal e o processo articulatório.
62. The airstream process includes all the ways O processo de fluxo de ar inclui todas as
of pushing air out (and, as we will see later, maneiras de expirar (e, como veremos
of sucking it in) that provide the power for adiante, de puxar o ar para dentro) que
speech. promove a força para a fala.
63. For the moment, we have considered just the Por enquanto, nós consideramos somente o
respiratory system, the lungs pushing out air, sistema respiratório, os pulmões expirando,
as the prime mover in this process. como o primeiro órgão que se movimenta
neste processo.
64. The phonation process is the name given to O processo da fonação é o nome dado às
the actions of the vocal folds. ações das cordas vocais.
65. Only two possibilities have been mentioned: Apenas duas possibilidades foram
voiced sounds in which the vocal folds are mencionadas: Sons vozeados nos quais as
vibrating and voiceless sounds in which they cordas vocais estão vibrando e sons
are apart. desvozeados nos quais elas estão separadas.
66. The possibility of the airstream going out A possibilidade do fluxo de ar sair através da
through the mouth, as in [ v ] or [ z], or the boca, como em [v] o [z], ou pelo nariz, como
nose, as in [ m] and [n], is determined by the em [m] e [n], é determinado pelo processo
oro-nasal process. oro-nasal.
67. The movements of the tongue and lips Os movimentos da língua e lábios
interacting with the roof of the mouth and the interagindo com o céu da boca e a faringe são
pharynx are part of the articulatory process. parte do processo articulatório.

203
68. Figure 1.3 The four main components of the Figura 1.3 Os quatro componentes principais do
mecanismo da fala.
speech mechanism.

69. SOUNDWAVES Ondas Sonoras


70. So far, we have been describing speech Até agora, estamos descrevendo os sons de
sounds by stating how they are made, but it fala descrevendo como eles são feitos, mas
is also possible to describe them in terms of também é possível descrevê-los em termos
what we can hear. do que podemos ouvir.
71. The way in which we hear a sound depends A forma como ouvimos um som depende de
on its acoustic structure. sua estrutura acústica.
72. We want to be able to describe the acoustics Queremos poder descrever a acústica da fala
of speech for many reasons (for more on por muitas razões (para mais informações
acoustic phonetics, see Keith Johnson’s book sobre fonética acústica, veja o livro de Keith
Acoustic and Auditory Phonetics). Johnson Fonética Acústica e Auditiva).
73. Linguists and speech pathologists need to Linguistas e patologistas da fala
understand how certain sounds become (fonoaudiólogos) precisam entender como
confused with one another. certos sons se tornam confusos em contato
com outros.
74. We can give better descriptions of some Podemos dar melhores descrições de alguns
sounds (such as vowels) by describing their sons (como as vogais) descrevendo suas
acoustic structures rather than by describing estruturas acústicas ao invés de descrever os
the articulatory movements involved. movimentos articulatórios envolvidos.
75. Knowledge of acoustic phonetics is also O conhecimento da fonética acústica é
helpful for understanding how computers também útil para entender como os
synthesize speech and how speech computadores sintetizam a fala e como o
recognition works (topics that are addressed reconhecimento da fala funciona (esses
more fully in Peter Ladefoged’s book tópicos são abordados mais detalhadamente
Vowels and Consonants). no livro de Peter Ladefoged intitulado
Vogais e Consoantes).
76. Furthermore, often the only permanent data Além disso, normalmente os únicos dados
that we can get of a speech event is an audio permanentes que podemos obter de um

204
recording, as it is often impossible to obtain evento de fala são uma gravação de áudio,
movies visto que é praticamente impossível obter
filmes
77. or x-rays showing what the speaker is doing. ou raios-x que demostram o que o falante
está fazendo.
78. Accordingly, if we want permanent data that Por esta razão, se quisermos dados
we can study, it will often have to come from permanentes que possamos estudar, eles
analyzing an audio recording. deverão vir da análise de uma gravação de
áudio.
79. Speech sounds, like other sounds, can differ Os sons da fala, como outros sons, podem se
from one another in three ways. diferenciar de três maneiras.
80. They can be the same or different in (1) Eles podem ser iguais ou diferentes em (1)
pitch, (2) loudness, and (3) quality. (pitch) altura (grave e agudo), (2) volume e
(3) qualidade (quality).
81. Thus, two vowel sounds may have exactly Desta forma, dois sons vocálicos podem ter
the same pitch in the sense that they are said exatamente a mesma altura considerando a
on the same note on the musical scale, and maneira como são ditos na mesma nota na
they may have the same loudness, yet still escala musical, e eles podem ter o mesmo
may differ in that one might be the vowel in volume, e ainda podem se distinguir no fato
bad and the other the vowel in bud. de que uma p ode ser a vogal em bad e a outra
a vogal em bud.
82. On the other hand, they might have the same Por outro lado, eles podem ter a mesma
vowel quality but differ in that one was said qualidade vocálica, mas se diferenciar no
on a higher pitch or that one of them was fato de que uma foi dita em uma altura maior
spoken more loudly. ou de que uma delas foi falada com maior
volume.
83. Sound consists of small variations in air O som consiste em pequenas variações na
pressure that occur very rapidly one after pressão do ar que ocorrem muito
another. rapidamente uma após a outra.
84. These variations are caused by actions of the Estas variações são causadas por ações dos
speaker’s vocal organs that are (for the most órgãos vocais do falante que são (na maioria

205
part) superimposed on the outgoing flow of das vezes) sobrepostas na saída do fluxo do
lung air. ar pulmonar.
85. Thus, in the case of voiced sounds, the Assim, no caso de sons vozeados, as cordas
vibrating vocal folds chop up the stream of vocais em vibração fragmentam o fluxo do
lung air so that pulses of relatively high ar dos pulmões de modo que pulsos de
pressure alternate with moments of lower pressão relativa alta oscilam com momentos
pressure. de pressão mais baixa.
86. Variations in air pressure in the form of As variações na pressão do ar sob a forma de
sound waves move through the air somewhat ondas sonoras se movimentam através do ar
like the ripples on a pond. como ondas em uma lagoa.
87. When they reach the ear of a listener, they Quando elas alcançam o ouvido de uma
cause the eardrum to vibrate. pessoa, elas provocam vibrações no tímpano.
88. A graph of a sound wave is very similar to a Um gráfico de uma onda sonora é muito
graph of the movements of the eardrum. semelhante a um gráfico dos movimentos do
tímpano.

89. The upper part of Figure 1.4 shows the A parte superior da figura 1.4 mostra as
variations in air pressure that occur during a variações na pressão de ar que ocorrem
production of the word father. durante a pronúncia de Peter Ladefoged da
palavra father.
90. The ordinate (the vertical axis) represents air A ordenada (o eixo vertical) representa a
pressure (relative to the normal surrounding pressão do ar (em relação à pressão normal
air pressure), and the abscissa (the horizontal do ar), e a abcissa (o eixo horizontal)
axis) represents time (relative to an arbitrary representa o tempo (relativo a um ponto de
starting point). partida arbitrário).
91. As you can see, this particular word took Como se pode ver, essa palavra em particular
about 0.6 seconds to say. levou cerca de 0.6 segundos para ser dito.
92. The lower part of the figure shows part of A parte inferior da figura mostra parte da
the first vowel in father. primeira vogal em father.

206
93. The major peaks in air pressure recur about Os maiores picos na pressão de ar recorrem
every 0.01 seconds (i.e., every one- a cada 0.01 segundos (isto é, a cada
hundredth of a second). centésimo de segundo).
94. This is because the vocal folds were Isso ocorre porque as cordas vocais estavam
vibrating approximately one hundred times a vibrando aproximadamente cem vezes por
second, producing a pulse of air every segundo, produzindo um pulso de ar a cada
hundredth of a second. centésimo de segundo.
95. This part of the diagram shows the air Esta parte do diagrama mostra a pressão do
pressure corresponding to four vibrations of ar correspondente a quatro vibrações das
the vocal folds. cordas vocais.
96. The smaller variations in air pressure that As menores variações na pressão do ar que
occur within each period of one-hundredth of ocorrem dentro de cada período de um
a second are due to the way air vibrates when centésimo de segundo são devidas à maneira
the vocal tract has the particular shape como o ar vibra quando o trato vocal tem a
required for this vowel. forma particular requerida por esta vogal.
97. In the upper part of Figure 1.4, which shows Na parte superior da figura 1.4, que mostra a
the waveform for the whole word father, the forma de onda para a palavra father de
details of the variations in air pressure are not maneira completa, os detalhes das variações
visible because the time scale is too na pressão de ar não são visíveis porque a
compressed. escala de tempo está muito comprimida.
98. All that can be seen are the near-vertical Tudo que pode ser visto são as linhas quase
lines corresponding to the individual pulses verticais correspondentes aos pulsos
of the vocal folds. individuais das cordas vocais.
99. The sound [f] at the beginning of the word O som [f] no início da palavra father tem
father has a low amplitude (it is not very baixa amplitude (não é muito alto (loud),
loud, so the pressure fluctuation is not much logo a flutuação da pressão não é muito
different from zero) in comparison with the diferente de zero) em comparação com a
vowel that follows it, and the variations in air vogal seguinte, e as variações na pressão do
pressure are smaller and more nearly ar são menores e mais quase aleatórias.
random.

207
100. There are no regular pulses because the Não há pulsos regulares porque as cordas
vocal folds are not vibrating. vocais não estão vibrando.
101. The ear’s response to sound is to break it A resposta do ouvido ao som é de quebrá-lo
down into different frequency components; em diferentes componentes de frequência; na
in fact, fibers in the auditory nerve are tuned verdade, as fibras no nervo auditivo são
to specific frequencies of sintonizadas em frequências específicas do
102. Figure 1.4 The variations in air pressure that Figura 1.4 As variações na pressão de ar que ocorrem
durante a pronúncia de Peter Ladefoged da vogal em
occur during Peter Ladefoged's father.
pronunciation of the vowel in father.
103. the sound. som.
104. In order to visualize what the ear hears, we Para visualizar o que o ouvido ouve, nós
simulate this property of hearing by simulamos essa propriedade de audição,
performing a spectral analysis of the sound, realizando uma análise espectral do som, o
which results in a sound spectrogram. que resulta em um espectrograma de som.
105. The process is illustrated in Figure 1.5 (the O processo está ilustrado na figura 1.5 (a
web version of this figure is annotated versão da web desta figura é anotada
further). adiante).
106. As we saw in Figure 1.4, the waveform of Como vimos na figura 1.4 a forma de onda
speech shows differences between fricative da fala mostra diferenças entre ruídos
noises and vowels in both amplitude and fricativos e vogais em amplitude e
periodicity (regular repetition of a waveform periodicidade (repetição regular de um
pattern). padrão em forma de onda).
107. In Figure 1.5, the utterance under Na figura 1.5, o enunciado sob consideração
consideration is of the sequence [Ja] as in the é da sequência [ʃa] como na palavra “shah”.
word “shah.”
108. The figure shows a spectral analysis of a A figura mostra a análise espectral de uma
small window of time during the “sh” sound pequena janela de tempo durante o som “sh"
(arrow 1 in the figure) and another during the (seta 1 na figura) e outra durante a vogal (seta
vowel (arrow 2). 2).
109. The windows are shaded grey in the As janelas são sombreadas de cinza na forma
waveform. de onda.

208
110. The spectrum shows the amplitudes of O espectro mostra as amplitudes de
different frequency components in the diferentes componentes de frequência no
sound. som.
111. These amplitudes change over time, so we Essas amplitudes mudam com o passar do
take spectra from many small windows of tempo, giram os eixos (setas 3 e 4), e os
time, rotate the axes (arrows 3 and 4), and coloca de lado a lado em um gráfico
place them side to side in a three dimensional tridimensional (o espectrograma) que mostra
graph (the spectrogram) that shows time on o tempo no eixo horizontal, a frequência no
the horizontal axis, frequency on the vertical eixo vertical e a amplitude em uma escala
axis, and amplitude in a grey scale. cinza.
112. The spectra in Figure 1.5 Where Os espectros na Figura 1.5 de onde vêm os
spectrograms come from. espectrogramas.

113. Small windows (shaded grey) of the Pequenas janelas (sombreadas de cinza) da
acoustic waveform are spectrally analyzed, forma de onda acústica são analisadas
and amplitude is coded on a grey scale: espectralmente, e a amplitude é codificada
darker = higher amplitude. em uma escala cinza: mais escura=maior
amplitude.
114. Then the spectral slices are rotated and Em seguida, as fatias espectrais são giradas e
stacked together with each other in a three- e unidas em uma exibição tridimensional (o
dimensional display (the spectogram). espectrograma).
115. The dimensions are time on the horizontal As dimensões são o tempo no eixo
axis, frequency on the vertical axis, and horizontal, a frequência no eixo vertical e a
amplitude in the grey scale. amplitude na escala cinza.

116. Figure 1.5 are filled with different shades of A figura 1.5 são preenchidos com diferentes
grey, depending on the height of the tonalidades de cinza, dependendo da altura
amplitude peak to illustrate how grey scale is do pico de amplitude para ilustrar quão cinza
used to code amplitude in spectrograms. a escala é utilizada para codificar a amplitude
nos espectrogramas.

209
117. The spectrogram in Figure 1.5 is composed O espectrograma da figura 1.5 é composto de
of 213 spectral “slices,” with one new 213 "fatias" espectrais com um novo
spectrum calculated every 2 milliseconds espectro calculado a cada 2 milissegundos
during the utterance. durante os enunciados.
118. Spectrograms are a very informative visual Os espectrogramas são uma exibição visual
display of speech sounds because they mimic muito informativa dos sons da fala porque
the analysis performed by the ear. imitam a análise executada pelo ouvido.
119. The information that we see in spectrograms A informação que vemos nos
is directly relevant for understanding how espectrogramas é diretamente relevante para
listeners perceive speech. entender como os ouvintes percebem a fala.
120. Spectrograms also are very informative for Os espectrogramas também são muito
deducing articulatory gestures because informativos na dedução de gestos
articulations leave acoustic “signatures” that articulatórios porque as articulações deixam
we can see in spectrograms. "assinaturas" acústicas que podemos
visualizar nos espectrogramas.
121. For instance, in Figure 1.5, the “sh” noise is Como exemplo, na figura 1.5, o ruído “sh" é
noticeably different from the noise we would nitidamente diferente do ruído que
expect to see in an “s” (to the trained eye). esperaríamos em um “s" (para o olho
treinado).
122. You will see quite a few spectrograms in this Você verá vários espectrogramas neste livro,
book, and especially on the book’s website, e especialmente em nosso website, você se
and will become adept at reading them. tornará adepto a lê-los.
123. PLACES OF ARTICULATORY PONTOS DE GESTOS
GESTURES ARTICULATÓRIOS
124. The parts of the vocal tract that can be used As partes do trato vocal que podem ser
to form sounds are called articulators. usadas para produzir sons são chamadas de
articuladores.

125. The articulators that form the lower surface Os articuladores que formam a superfície
of the vocal tract are highly mobile. inferior do trato vocal são altamente móveis.

210
126. They make the gestures required for speech Elas fazem os gestos exigidos na fala ao se
by moving toward the articulators that form moverem em direção aos articuladores que
the upper surface. formam a superfície superior.
127. Try saying the word capital and note the Tente dizer a palavra capital e perceba os
major movements of your tongue and lips. principais movimentos de sua língua e
lábios.
128. You will find that the back of the tongue Você descobrirá que o dorso de sua língua se
moves up to make contact with the roof of move para cima para fazer contato com o céu
the mouth for the first sound and then, comes da boca para o primeiro som e depois desce
down for the following vowel. para a vogal seguinte.
129. The lips come together in the formation of p Os lábios se unem na formação de p e depois
and then, come apart again in the vowel. se separam na vogal.
130. The tongue tip comes up for the t and again, A ponta da língua sobe para o t e
for most people, for the final l. novamente, para a maioria das pessoas, para
o l final.

131. The names of the principal parts of the upper Os nomes das principais partes da superfície
surface of the vocal tract are given in Figure superior do trato vocal são apresentados na
1.6. figura 1.6.

132. The upper lip and the upper teeth (notably O lábio superior e os dentes superiores
the frontal incisors) are familiar enough (notadamente os incisivos frontais) são
structures. estruturas suficientemente familiares.
133. Just behind the upper teeth is a small Imediatamente atrás dos dentes superiores há
protuberance that you can feel with the tip of uma pequena protuberância que você pode
the tongue. sentir com a ponta da língua.
134. This is called the alveolar ridge. Ela é chamada de crista alveolar.
135. You can also feel that the front part of the Você também pode sentir que a parte frontal
roof of the mouth is formed by a bony do céu da boca é formada por uma estrutura
structure. óssea.
136. This is the hard palate. Este é o palato duro.

211
137. You will probably have to use a fingertip to Você provavelmente terá que usar a ponta do
feel farther back. dedo indicador para sentir a porção mais
posterior.
138. Most people cannot curl the tongue up far A maioria das pessoas não consegue enrolar
enough to touch the soft palate, or velum, at a língua longe o suficiente para tocar no
the back of the mouth. palato mole, ou véu palatino, na parte de trás
da boca.
139. The soft palate is a muscular flap that can be O palato mole é uma aba muscular que pode
raised to press against the back wall of the ser erguida para pressionar a parede posterior
pharynx and shut off the nasal tract, da faringe e obstruir o trato nasal, evitando a
preventing air from going out through the saída de ar pelo nariz.
nose.
140. In this case, there is said to be a velic Nesse caso, há uma obstrução velar.
closure.
141. This action separates the nasal tract from the Este ato separa trato nasal do trato oral de
oral tract so that the air can go out only maneira que o ar somente possa sair pela
through the mouth. boca.
142. At the lower end of the soft palate is a small Na porção inferior final do palato mole há
appendage hanging down that is known as um pequeno apêndice pendurado conhecido
the uvula. como úvula.
143. The part of the vocal tract between the uvula A parte do trato vocal entre a úvula e a
and the larynx is the pharynx. laringe é a faringe.
144. The back wall of the pharynx may be A parede posterior da faringe pode ser
considered one of the articulators on the considerada um dos articuladores na
upper surface of the vocal tract. superfície superior do trato vocal.

145. Figure 1.6 The principal parts of the upper Figura 1.6 As partes principais da
surface of the vocal tract. superfície superior do trato vocal.

212
146. Figure 1.7 The principal parts of the lower Figura 1.7 As partes principais da superfície
surface of the vocal tract. inferior do trato vocal.

147. Figure 1.7 shows the lower lip and the A figura 1.7 mostra o lábio inferior e os
specific names for the parts of the tongue that nomes específicos para as partes da língua
que formam a superfície inferior do trato
form the lower surface of the vocal tract.
vocal.

148. The tip and blade of the tongue are the most A ponta e a lâmina da língua são as partes
mobile parts. mais móveis.
149. Behind the blade is what is technically Atrás da lâmina está o que tecnicamente é
called the front of the tongue; it is actually chamado de frente da língua; esta parte é, na
the forward part of the body of the tongue verdade, a parte à frente do corpo da língua e
and lies underneath the hard palate when the se localiza abaixo do palato duro quando a
tongue is at rest. língua se encontra na posição de repouso.
150. The remainder of the body of the tongue O restante do corpo da língua pode ser
may be divided into the center, which is dividido em centro, que está parcialmente
partly beneath the hard palate and partly abaixo do palato duro e parcialmente abaixo
beneath the soft palate; the back, which is do palato mole; a parte de trás, que está
beneath the soft palate; and the root, which is abaixo do palato mole; e a raiz, que fica na
opposite the back wall of the pharynx. parte oposta à parede posterior da faringe.
151. The epiglottis is attached to the lower part of A epiglote; é ligada à parte inferior da raiz da
the root of the tongue. língua.
152. You may find it helpful to review the names Que tal revisar os nomes dos articuladores
of the articulators using the web version of utilizando a versão online do exercício A do
Homework Exercise A for Chapter 1. dever de casa para o capítulo 1.
153. It is a fun interactive way to study this Trata-se de uma maneira divertida e
information. interativa de estudar esta informação.

154. Bearing all these terms in mind, say the Tendo todos esses termos em mente, diga a
word peculiar and try to give a rough palavra peculiar e tente dar uma descrição a
description of the gestures made by the vocal grosso modo dos gestos feitos pelos órgãos
organs during the consonant sounds. vocais durante os sons consonantais.

213
155. You should find that the lips come together Você perceberá que os lábios se unem para o
for the first sound. primeiro som.
156. Then the back and center of the tongue are Depois o dorso e o centro da língua são
raised. levantados.
157. But is the contact on the hard palate or on Mas o contato é no palato duro ou no palato
the velum? mole?
158. (For most people, it is centered between the (Para a maioria das pessoas, o contato se dá
two.) Then note the position in the formation entre os dois.) Em seguida, observe a posição
of the l. Most people make this sound with na formação do l. A maioria das pessoas faz
the tip of the tongue on the alveolar ridge. esse som com a ponta da língua sobre a crista
alveolar.

159. Now compare the words true and tea. Agora compare as palavras true e tea.
160. In which word does the tongue movement Em qual palavra o movimento da língua
involve a contact farther forward in the envolve um contato bem mais anterior na
mouth? boca?
161. Most people make contact with the tip or A maioria das pessoas faz contato com a
blade of the tongue on the alveolar ridge ponta ou lâmina da língua na crista alveolar
when saying tea, but slightly farther back in quando dizem tea, mas ligeiramente mais
true. posterior em true.
162. Try to distinguish the differences in other Tente distinguir as diferenças em outros sons
consonant sounds, such as those in sigh and consonantais, como em sigh e shy e aqueles
shy and those at the beginning of fee and no início de fee e thief.
thief.
163. When considering diagrams such as those Ao considerar diagramas como os que já
we have been discussing, it is important to discutimos, é importante lembrar que eles
remember that they show only two mostram somente duas dimensões.
dimensions.
164. The vocal tract is a tube, and the positions of O trato vocal é um tubo, e as posições dos
the sides of the tongue may be very different lados da língua podem ser bem diferentes da
from the position of the center. posição do centro.

214
165. In saying sigh, for example, there is a deep Ao se dizer sigh, por exemplo, forma-se um
hollow in the center of the tongue that is not côncavo profundo no centro da língua que
present when saying shy. não está presente quando se diz shy.
166. We cannot represent this difference in a Não podemos representar esta diferença em
two-dimensional diagram that shows just the um diagrama bidimensional que mostra
midline of the tongue—a so-called mid- somente a linha mediana da língua- a
sagittal view. chamada vista mediossagital.
167. We will be relying on mid-sagittal diagrams Contaremos com diagramas mediossagitais
of the vocal organs to a considerable extent dos órgãos vocais em uma grande parte deste
in this book. livro.
168. But we should never let this simplified view Mas jamais deveríamos deixar essa visão
become the sole basis for our simplificada tornar-se a base única de nossa
conceptualization of speech sounds. conceituação dos sons da fala.
169. In order to form consonants, the airstream Para formar consoantes, o fluxo de ar através
through the vocal tract must be obstructed in do trato vocal deve ser obstruído de alguma
some way. forma.

170. Consonants can be classified according to As consoantes podem ser classificadas de


the place and manner of this obstruction. acordo com o ponto e o modo dessa
obstrução.
171. The primary articulators that can cause an Os articuladores primários que podem causar
obstruction in most languages are the lips, uma obstrução na maioria dos idiomas são os
the tongue tip and blade, and the back of the lábios, a ponta da língua e a lâmina e a parte
tongue. de trás (dorso) da língua.
172. Speech gestures using the lips are called Os gestos de fala que usam os lábios são
labial articulations; those using the tip or chamados de articulações labiais; aqueles
blade of the tongue are called coronal que usam a ponta ou a lâmina da língua são
articulations; and those using the back of the chamados de articulações coronais; e aqueles
tongue are called dorsal articulations. que usam a parte de trás da língua são
chamados de articulações dorsais.

215
173. If we do not need to specify the place of Se não precisarmos especificar o ponto de
articulation in great detail, then the articulação detalhadamente, então os
articulators for the consonants of English articuladores das consoantes do inglês (e de
(and of many other languages) can be muitas outras línguas) podem ser descritos
described using these terms. usando estes termos.
174. The word topic, for example, begins with a A palavra topic, por exemplo, começa com
coronal consonant; in the middle is a labial uma consoante coronal; no meio é uma
consonant; and at the end is a dorsal consoante labial; e no final é uma consoante
consonant. dorsal.
175. Check this by feeling that the tip or blade of Verifique isso com a sensação de que a ponta
your tongue is raised for the first (coronal) ou a lâmina da sua língua é levantada para a
consonant, your lips close for the second primeira consonante (coronal), seus lábios
(labial) consonant, and the back of your fecham para a segunda consoante (labial) e
tongue is raised for the final (dorsal) (o dorso) a parte de trás da língua é levantada
consonant. para a consoante final (dorsal).
176. These terms, however, do not specify Esses termos, no entanto, não especificam
articulatory gestures in sufficient detail for gestos articulatórios com detalhes suficientes
many phonetic purposes. para muitos fins fonéticos.

177. We need to know more than which Precisamos saber mais do que qual
articulator is making the gesture, which is articulador está fazendo o gesto, que é o que
what the terms labial, coronal, and dorsal tell os termos labial, coronal e dorsal nos dizem.
us.
178. We also need to know what part of the upper Também precisamos saber qual parte do
vocal tract is involved. trato vocal superior está envolvido.
179. More specific places of articulation are Pontos de articulação mais específicos são
indicated by the arrows going from one of indicados pelas setas que vão de um dos
the lower articulators to one of the upper articuladores inferiores para um dos
articulators in Figure 1.8. articuladores superiores na Figura 1.8.

216
180. Because there are so many possibilities in Porque há tantas possibilidades na região
the coronal region, this area is shown in more coronal, esta área é mostrada com mais
detail at the right of the figure. detalhes à direita da figura.
181. The principal terms for the particular types Os principais termos para os tipos
of obstruction required in the description of específicos de obstrução requeridos na
English are as follows. descrição do inglês são os seguintes.

182. 1. Bilabial (Made with the two lips.) Say 1. Bilabial (Obstrução realizada com ambos
words such as pie, buy, my and note how the os lábios.) Diga palavras como pie, buy, my
lips come together for the first sound in each e observe como os lábios se juntam para
of these words. Find a comparable set of produzir o primeiro som em cada uma dessas
words with bilabial sounds at the end. palavras. Encontre um conjunto comparável
de palavras providas de sons bilabiais no
final.

183. 2. Labiodental (Lower lip and upper front 2. Labiodental (Lábio inferior e incisivos
teeth.) Most people, when saying words such superiores.) A maioria das pessoas, ao dizer
as fie and vie, raise the lower lip until it palavras como fie e vie, levanta o lábio
nearly touches the upper front teeth. inferior até que ele quase toque os incisivos
superiores.

184. 3. Dental (Tongue tip or blade and upper 3. Dental (Ponta ou lâmina da língua e os
front teeth.) Say the words thigh and thy. incisivos superiores.) Diga as palavras thigh,
Some people (most speakers of American thy. Algumas pessoas (a maioria dos falantes
English as spoken in the Midwest and on the do Inglês americano falado no meio-oeste e
West Coast) have the tip of the tongue na costa oeste) projetam a ponta da língua
protruding between the upper and lower entre os incisivos superiores e inferiores;
front teeth; others (most speakers of British outros (a maioria dos falantes do Inglês
English) britânico)

185. Figure 1.8 A sagittal section of the vocal tract, Figura 1.8 Uma sessão sagital do trato oral, mostrando
showing the places of articulation that occur in pontos de articulação que ocorrem em Inglês. A
região coronal é mostrada com mais detalhe no lado
direito.

217
English. The coronal region is shown in more detail at
the right.
186. have it close behind the upper front teeth. coloca a ponta da língua próximo da
Both sounds are normal in English, and both superfície posterior dos incisivos superiores.
may be called dental. If a distinction is Ambos os sons são normais em inglês, e
needed, sounds in which the tongue ambos podem ser chamados de dentais. Se
protrudes between the teeth may be called for necessária uma distinção, os sons em que
interdental. a língua se projeta entre os dentes podem ser
chamados de interdentais.

187. 4. Alveolar (Tongue tip or blade and the 4. Alveolar (Ponta ou lâmina da língua e
alveolar ridge.) Again, there are two crista alveolar) novamente, existem duas
possibilities in English, and you should find possibilidades em Inglês, e você deve
out which you use. descobrir qual você usa.

188. You may pronounce words such as tie, die, Você pode pronunciar palavras como tie, die,
nigh, sigh, zeal, lie using the tip of the tongue nigh, sigh, zeal, lie utilizando a ponta ou a
or the blade of the tongue. lâmina da língua.
189. You may use the tip of the tongue for some Você pode utilizar a ponta da língua para
of these words and the blade for others. algumas dessas palavras e a lâmina para
outras.
190. For example, some people pronounce [ s ] Por exemplo, algumas pessoas pronunciam
with the tongue tip tucked behind the lower [s] com a ponta da língua apoiada atrás dos
teeth, producing the constriction at the dentes inferiores, produzindo a constrição na
alveolar ridge with the blade of the tongue; crista alveolar com a lâmina da língua;
others have the tongue tip up for [ s ]. outros põem a ponta da língua para cima ao
produzir o [s].
191. Feel how you normally make the alveolar Sinta como você normalmente articula as
consonants in each of these words, and then consoantes alveolares em cada uma dessas
try to make them in the other way. palavras, e então tente articulá-las do outro
jeito.

218
192. A good way to appreciate the difference Uma maneira interessante de apreciar a
between dental and alveolar sounds is to say diferença entre sons dentais e alveolares é
ten and tenth (or n and nth). dizer ten e tenth (ou n e nth).
193. Which n is farther back? Qual n é mais posterior?
194. (Most people make the one in ten on the (A maioria das pessoas articulam o n de ten
alveolar ridge and the one in tenth as a dental na crista alveolar e o de tenth como fonema
sound with the tongue touching the upper dental com a língua tocando os incisivos
front teeth.) superiores.)

195. 5. Retroflex (Tongue tip and the back of the Retroflexo (Ponta da língua e a parte de trás
alveolar ridge.) Many speakers of English do da crista alveolar.) Muitos falantes de Inglês
not use retroflex sounds at all. não usam sons retroflexos de forma alguma.

196. But some speakers begin words such as rye, Mas alguns falantes começam palavras como
row, ray with retroflex sounds. rye, row, ray com sons retroflexos.
197. Note the position of the tip of your tongue in Observe a posição da ponta da língua nessas
these words. palavras.
198. Speakers who pronounce r at the ends of Os falantes que pronunciam r no final de
words may also have retroflex sounds with palavras podem também articular sons
the tip of the tongue raised in words such as retroflexos com a ponta da língua levantada
ire, hour, and air. para ire, hour, air.

199. 6. Post-Alveolar (Tongue blade and the 6. Palato-Alveolar ou Alveopalatal


back of the alveolar ridge.) Say words such (Lâmina da língua e a parte de trás da crista
as shy, she, and show. alveolar). Diga palavras como shy, she,
show.

200. During the consonants, the tip of your Durante as consoantes, a ponta da língua
tongue may be down behind the lower front pode estar para baixo atrás dos incisivos
teeth or up near the alveolar ridge, but the inferiores ou para cima perto da crista
blade of the tongue is always close to the alveolar, mas a lâmina da língua está sempre
back part of the alveolar ridge. próxima da parte posterior da crista alveolar.

219
201. Because these sounds are made at the Devido esses sons serem feitos no limite
boundary between the alveolar ridge and the entre a crista alveolar e o palato duro, eles
hard palate, they can also be called palato- também podem ser chamados de palato-
alveolar. alveolar.
202. It is possible to pronounce them with either É possível pronunciá-los com a ponta ou a
the tip or blade of the tongue. lâmina da língua.
203. Try saying shipshape with your tongue tip Tente dizer shipshape com a ponta língua
up on one occasion and down on another. para cima no primeiro momento e para baixo
no segundo.
204. Note that the blade of the tongue will always Observe que a lâmina da língua sempre será
be raised. levantada.
205. You may be able to feel the place of Você pode sentir o ponto de articulação de
articulation more distinctly if you hold the forma mais distinta se você segurar na
position while taking in a breath through the posição enquanto inspira através da boca.
mouth.
206. The incoming air cools the region where O ar que entra resfria a região onde há maior
there is greatest narrowing, the blade of the estreitamento, a lâmina da língua e a parte
tongue and the back part of the alveolar posterior da crista alveolar.
ridge.
207. 7. Palatal (Front of the tongue and hard 7. Palatal (Frente da língua e palato duro.)
palate.) Say the word you very slowly so that Diga a palavra you bem devagar de maneira
you can isolate the consonant at the que você possa isolar a consoante inicial.
beginning.
208. If you say this consonant by itself, you Se você articular esta consoante de forma
should be able to feel that it begins with the isolada, você sentirá que ela começa com a
front of the tongue raised toward the hard frente da língua levantada em direção ao
palate. palato duro.
209. Try to hold the beginning consonant Tente manter a posição da consoante inicial
position and breathe in through the mouth. e inspire pela boca.

220
210. You will probably be able to feel the rush of Você provavelmente vai sentir a onda de ar
cold air between the front of the tongue and frio entre a frente da língua e o palato duro.
the hard palate.
211. 8. Velar (Back of the tongue and soft 8. Velar (Dorso da língua e palato mole.) As
palate.) The consonants that have the place consoantes que têm o ponto de articulação
of articulation farthest back in English are mais posterior em inglês são aquelas que
those that occur at the end of. words such as ocorrem no final de hack, hag, hang. Em
hack, hag, and hang. In all these sounds, the todos esses sons, a parte de trás da língua é
back of the tongue is raised so that it touches levantada para que ela toque o palato mole.
the velum.
212. As you can tell from the descriptions of Como se pode notar a partir das descrições
these articulatory gestures, the first two, desses gestos articulatórios, os dois
bilabial and labiodental, can be classified as primeiros, bilabial e labiodental, podem ser
labial, involving at least the lower lip; the classificados como labiais, envolvendo pelo
next four—dental, alveolar, retroflex, and menos o lábio inferior; os quatro próximos -
palato-alveolar (post-alveolar)—are coronal dental, alveolar, retroflexo e palato-alveolar
articulations, with the tip or blade of the (pós-alveolar)- são articulações coronais,
tongue raised; and the last, velar, is a dorsal com a ponta ou lâmina da língua levantada;
articulation, using the back of the tongue. e o último, velar, é uma articulação dorsal,
Palatal sounds are sometimes classified as usando a parte de trás da língua. Os sons
coronal articulations and sometimes as palatais às vezes são classificados como
dorsal articulations, a point to which we shall articulações coronais e às vezes como
return. articulações dorsais, um ponto para o qual
devemos retornar.

213. To get the feeling of different places of Para sentir os diferentes pontos de
articulation, consider the consonant at the articulação, considere a consoante no início
beginning of each of the following words: de cada uma das seguintes palavras: fee,
fee, theme, see, she. theme, see, she.
214. Say these consonants by themselves. Diga estas consoantes de forma isolada.
215. Are they voiced or voiceless? Elas são sonoras ou surdas?

221
216. Now note that the place of articulation Agora note que o ponto da articulação se
moves back in the mouth in making this move para a parte posterior da boca ao fazer
series of voiceless consonants, going from esta série de consoantes surdas, passando de
labiodental, through dental and alveolar, to labiodental, por dental e alveolar, à palato-
palato-alveolar. alveolar.

217. THE ORO-NASAL PROCESS O PROCESSO ORO-NASAL

218. Consider the consonants at the ends of rang, Considere as consoantes no final de rang,
ran, and ram. When you say these consonants ran, ram. Quando você articula essas
by themselves, note that the air is coming out consoantes em isolamento, note que o ar está
through the nose. In the formation of these saindo pelo nariz. Na formação desses sons
sounds in sequence, the point of articulatory em sequência, o ponto de fechamento
closure moves forward, from velar in rang, articulatório avança, de velar em rang,
through alveolar in ran, to bilabial in ram. passando por alveolar em ran, para bilabial
em ram.
219. In each case, the air is prevented from going Em cada caso, o ar é impedido de sair pela
out through the mouth but is able to go out boca, mas pode sair pelo nariz porque o
through the nose because the soft palate, or palato mole, ou o véu palatino, está
velum, is lowered. abaixado.

220. In most speech, the soft palate is raised so Na maior parte da fala, o palato mole está
that there is a velic closure. When it is levantado de modo que haja um fechamento
lowered and there is an obstruction in the velar. Quando ele está abaixado e há uma
mouth, we say that there is a nasal consonant. obstrução na boca, dizemos que há uma
Raising or lowering the velum controls the consoante nasal. Levantar ou baixar o véu
oro-nasal process, the distinguishing factor palatino controla o processo oro-nasal, o
between oral and nasal sounds. fator distintivo entre sons orais e nasais.

221. MANNERS OF ARTICULATION MODOS/MANEIRAS DE


ARTICULAÇÃO
222. At most places of articulation, there are Na maioria dos pontos de articulação, há
several basic ways in which articulatory várias formas básicas nas quais os gestos

222
gestures can be accomplished. The articulatórios podem ser realizados. Os
articulators may close off the oral tract for an articuladores podem fechar o trato oral por
instant or a relatively long period; they may um instante ou por um período relativamente
narrow the space considerably; or they may longo; eles podem reduzir
simply modify the shape of the tract by consideravelmente o espaço; ou podem
approaching each other. simplesmente modificar a forma do trato ao
aproximá-los.

223. Stop (Complete closure of the articulators Oclusiva (Fechamento completo dos
involved so that the airstream cannot escape articuladores envolvidos de maneira que o
through the mouth.) There are two possible fluxo de ar não possa escapar pela boca.) Há
types of stop. dois tipos possíveis de oclusivas.

224. Oral stop If, in addition to the articulatory Oclusiva oral se, além do fechamento
closure in the mouth, the soft palate is raised articulatório na boca, o palato mole é
so that the nasal tract is blocked off, then the levantado de modo que o trato nasal seja
airstream will be completely obstructed. bloqueado, então o fluxo de ar será
completamente obstruído.
225. Pressure in the mouth will build up and an A pressão na boca irá se acumular e uma
oral stop will be formed. When the oclusiva oral será formada. Quando os
articulators come apart, the airstream will be articuladores se separam, o fluxo de ar será
released in a small burst of sound. This kind liberado em uma pequena explosão de som.
of sound occurs in the consonants in the Este tipo de som ocorre nas consoantes nas
words pie, buy (bilabial closure), tie, dye palavras pie, buy (fechamento bilabial), tie,
(alveolar closure), and kye, guy (velar dye (fechamento alveolar) e kye, guy
closure). (fechamento velar).
226. Figure 1.9 shows the positions of the vocal A Figura 1.9 mostra as posições dos órgãos
organs in the bilabial stop in buy. These vocais na oclusiva bilabial em buy. Esses
sounds are called plosives in the sons são chamados de plosivos no alfabeto
International Phonetic Association’s (IPA’s) da Associação Fonética Internacional

223
alphabet (see inside the front cover of this (International Phonetic Association) (IPA)
book). (veja na capa frontal deste livro).

227. Nasal stop If the air is stopped in the oral Oclusiva nasal se o ar estiver parado na
cavity but the soft palate is down so that air cavidade oral, mas o palato mole estiver
can go out through the nose, the sound baixo de modo que o ar possa sair pelo nariz,
produced is a nasal stop. o som produzido é uma oclusiva nasal.
228. Sounds of this kind occur at the beginning Sons desse tipo ocorrem no início das
of the words my (bilabial closure) and nigh palavras my (fechamento bilabial) e nigh
(alveolar closure), and at the end of the word (fechamento alveolar), e no final da palavra
sang (velar closure). sang (fechamento velar).
229. Figure 1.10 (on page 16) shows the position A Figura 1.10 (na página 16) mostra a
of the vocal organs during the bilabial nasal posição dos órgãos vocais durante a oclusiva
stop in my. nasal bilabial em my.
230. Apart from the presence of a velic opening, Além da presença de uma abertura velar, não
there is no difference between this stop and há diferença entre esta oclusiva e aquela em
the one in buy shown in Figure 1.9 (on page buy mostrada na Figura 1.9. (na página 16)
16).
231. Although both the nasal sounds and the oral Embora ambos, os sons nasais e os sons
sounds can be classified as stops, the term orais, possam ser classificados como
stop by itself is almost always used by oclusivos, o termo "oclusivo" (stop) por si só
phoneticians to indicate an oral stop, and the é quase sempre usado por foneticistas para
term nasal to indicate a nasal stop. indicar uma oclusiva oral, e o termo nasal
para indicar uma oclusiva nasal.
232. Thus, the consonants at the beginnings of Assim, as consoantes no começo das
the words day and neigh would be called an palavras day e neigh seriam chamadas de
oclusiva alveolar e nasal alveolar,
alveolar stop and an alveolar nasal,
respectivamente.
respectively.
233. Figure 1.9 The positions of the vocal organs in the Figura 1.9 As posições dos órgãos vocais na oclusiva
bilabial stop in buy. bilabial em buy.

224
234. Figure 1.10 The positions of the vocal organs in the Figura 1.10 As posições dos órgãos vocais na
bilabial nasal (stop) in my. oclusiva bilabial nasal em my.

235. Although the term stop may be defined so Embora o termo oclusivo (“stop”) possa ser
that it applies only to the prevention of air definido de modo que se aplique apenas à
escaping through the mouth, it is commonly prevenção do ar que escapa pela boca, é
used to imply a complete stoppage of the comumente usado para implicar uma
airflow through both the nose and the mouth. paralisação completa do fluxo de ar através
do nariz e da boca.
236. Figure 1.11 The positions of the vocal organs in the Figura 1.11 As posições dos órgãos vocais na
palato-alveolar (post-alveolar) fricative in shy. fricativa palato-alveolar (pós-alveolar) em shy.

237. Fricative (Close approximation of two Fricativa (Aproximação máxima de dois


articulators so that the airstream is partially articuladores de modo que o fluxo de ar seja
obstructed and turbulent airflow is parcialmente obstruído e o fluxo de ar
produced.) The mechanism involved in turbulento seja produzido). O mecanismo
making these slightly hissing sounds may be envolvido na produção desses sons
likened to that involved when the wind ligeiramente sibilantes pode ser comparado
whistles around a corner. àquele quando o vento assobia em torno da
esquina.

238. The consonants in fie, vie (labiodental), As consoantes em fie, vie (labiodental),
thigh, thy (dental), sigh, zoo (alveolar), and thigh, thy (dental), sigh, zoo (alveolar) e shy
shy (palato-alveolar) are examples of (palato-alveolar) são exemplos de sons
fricative sounds. fricativos.
239. Figure 1.11 illustrates one pronunciation of A Figura 1.10 ilustra uma pronúncia da
the palato-alveolar fricative consonant in consoante fricativa palato-alveolar em shy.
shy.
240. Note the narrowing of the vocal tract Observe o estreitamento do trato vocal entre
between the blade of the tongue and the back a lâmina da língua e a parte posterior da
part of the alveolar ridge. The higher-pitched crista alveolar. Os sons com pitch mais alto
sounds with a more obvious hiss, such as com um "chiado" mais óbvio, como aqueles

225
those in sigh and shy, are sometimes called em sigh, shy, são às vezes chamados de
sibilants. sibilantes.

241. Approximant (A gesture in which one Aproximante (Um gesto no qual um


articulator is close to another, but without the articulador está próximo de outro, mas sem
vocal tract being narrowed to such an extent que o trato vocal seja reduzido a tal ponto
that a turbulent airstream is produced.) In que um fluxo de ar turbulento seja
saying the first sound in yacht, the front of produzido). Ao dizer o primeiro som em
the tongue is raised toward the palatal area of yatch, a frente da língua é elevada em direção
the roof of the mouth, but it does not come à área palatina do céu da boca, mas não se
close enough for a fricative sound to be aproxima o suficiente para que um som
produced. fricativo seja produzido.
242. The consonants in the word we As consoantes na palavra we (aproximação
(approximation between the lips and in the entre os lábios e na região de Velar) e, para
velar region) and, for some people, in the algumas pessoas, na palavra raw
word raw (approximation in the alveolar (aproximação na região alveolar) também
region) are also examples of approximants. são exemplos de aproximantes.

243. Lateral (Approximant) (Obstruction of the Lateral (Aproximante) (Obstrução da


airstream at a point along the center of the corrente de ar em um ponto ao longo do
oral tract, with incomplete closure between centro do trato oral, com fechamento
one or both sides of the tongue and the roof incompleto entre um ou ambos os lados da
of the mouth.) Say the word lie and note how língua e o céu da boca.) Diga a palavra lie e
the tongue touches near the center of the observe como a língua toca perto do centro
alveolar ridge. da crista alveolar.

244. Prolong the initial consonant and note how, Prolongue a consoante inicial e observe
despite the closure formed by the tongue, air como, apesar do fechamento formado pela
flows out freely, over the side of the tongue. língua, o ar flui livremente, pelo lado da
Because there is no stoppage of the air, and língua. Porque não há paralisação do ar, nem
not even any fricative noises, these sounds mesmo ruídos fricativos, esses sons são
are classified as approximants. classificados como aproximantes.

226
245. The consonants in words such as lie and As consoantes em palavras como lie, laugh
laugh are alveolar lateral approximants, but são aproximantes laterais alveolares, mas
they are usually called just alveolar laterals, geralmente são chamadas apenas de laterais
their approximant status being assumed. You alveolares, sendo assumido o seu status de
may be able to find out which side of the aproximante. Você pode descobrir qual lado
tongue is not in contact with the roof of the da língua não está em contato com o céu da
mouth by holding the consonant position boca segurando a posição da consoante
while you breathe inward. enquanto você inspira.
246. The tongue will feel colder on the side that A língua ficará mais fria do lado que não está
is not in contact with the roof of the mouth. em contato com o céu da boca.
247. Additional Consonantal Gestures Gestos Consonantais Adicionais

248. In this preliminary chapter, it is not Neste capítulo preliminar, não é necessário
necessary to discuss all of the manners of discutir todos os modos de articulação
articulation used in the various languages of utilizados nas várias línguas do mundo -
the world—nor, for that matter, in English. nem, em particular, em inglês.

249. But it might be useful to know the terms trill Mas pode ser útil conhecer os termos trill (às
(sometimes called roll) and tap (sometimes vezes chamado de roll) e tepe (às vezes
called flap). chamado de flepe).
250. Tongue-tip trills occur in some forms of Os trills de ponta da língua ocorrem em
Scottish English in words such as rye and algumas formas do inglês escocês em
raw, and as the “rolled r” in Spanish. Taps, palavras como rye e raw. Os tepes, nos quais
in which the tongue makes a single tap a língua faz uma única batida contra a crista
against the alveolar ridge, occur in the alveolar, ocorrem no meio de uma palavra,
middle of a word such as pity in many forms como pity em muitas formas do inglês
of American English. americano.

251. The production of some sounds involves A produção de alguns sons envolve mais de
more than one of these manners of uma dessas maneiras de articulação. Diga a
articulation. Say the word cheap and think palavra cheap e pense em como você faz o

227
about how you make the first sound. At the primeiro som. No início, a língua sobe para
beginning, the tongue comes up to make fazer contato com a parte posterior da crista
contact with the back part of the alveolar alveolar para formar um fechamento
ridge to form a stop closure. oclusivo.
252. This contact is then slackened so that there Este contato é então relaxado de modo que
is a fricative at the same place of articulation. haja uma fricativa no mesmo local de
This kind of combination of a stop articulação. Esse tipo de combinação de uma
immediately followed by a fricative is called oclusiva imediatamente seguida por uma
an affricate, in this case a palato-alveolar (or fricativa é chamada de africada, neste caso
post-alveolar) affricate. uma africada palato-alveolar (ou pós-
alveolar).
253. There is a voiceless affricate at the Há uma africada surda no início e no final da
beginning and end of the word church. The palavra church. A africada sonora
corresponding voiced affricate occurs at the correspondente ocorre no início e no final de
beginning and end of judge. judge.
254. In all these sounds the articulators (tongue Em todos esses sons, os articuladores (ponta
tip or blade and alveolar ridge) come da língua ou lâmina e crista alveolar) se
together for the stop and then, instead of juntam para a oclusiva e, em vez de se
coming fully apart, separate only slightly so separarem completamente, separam-se
that a fricative is made at approximately the apenas um pouco, de modo que uma fricativa
same place of articulation. seja feita aproximadamente no mesmo ponto
de articulação.
255. Try to feel these movements in your own Tente sentir esses movimentos em sua
pronunciation of these words. própria pronúncia dessas palavras.

256. Words in English that start with a vowel in As palavras em inglês que começam com
the spelling (like eek, oak, ark, etc.) are uma vogal na grafia (como eek, oak, ark,
pronounced with a glottal stop at the etc.) são pronunciadas com uma oclusiva
beginning of the vowel. glotal no início da vogal.

257. This “glottal catch” sound isn’t written in Este som "glotal" não está escrito nestas
these words and is easy to overlook; but in a palavras e é fácil de ignorar; mas em uma

228
sequence of two words in which the first sequência de duas palavras em que a
word ends with a vowel and the second starts primeira termina com uma vogal e a segunda
with a vowel, the glottal stop is sometimes começa com uma vogal, a oclusiva glotal é
obvious. às vezes óbvia.
258. For example, the phrase flee east is different Por exemplo, a frase flee east é diferente da
from the word fleeced in that the first has a palavra fleeced, na medida em que a primeira
glottal stop at the beginning of east. tem uma oclusiva glotal no início de east.

259. To summarize, the consonants we have been Para resumir, as consoantes que discutimos
discussing so far may be described in terms até agora podem ser descritas em termos de
of five factors: cinco fatores:

260. 1. state of the vocal folds (voiced or 1. o estado das cordas vocais (vozeado ou
voiceless); desvozeado);
2. place of articulation; 2. o ponto de articulação;
3. central or lateral articulation; 3. a articulação central ou lateral;
4. soft palate raised to form a velic closure 4. o palato mole levantado para formar um
(oral sounds) or lowered (nasal sounds); fechamento velar (sons orais) ou abaixado
and (sons nasais) e

5. manner of articulatory action. 5. o modo de ação articulatória.


261. Thus, the consonant at the beginning of the Assim, a consoante no início da palavra sing
word sing is a (1) voiceless, alveolar, (3) é: (1) surda, (2) alveolar (3) central, (4) oral,
central, (4) oral, (5) fricative; and the (5) fricativa; e a consoante no final do sing é:
consonant at the end of sing is a (1) voiced, (1) sonora, (2) velar, (3) central, (4) nasal, (5)
(2) velar, (3) central, (4) nasal, (5) stop. On oclusiva. Na maioria das vezes, não é
most occasions, it is not necessary to state all necessário indicar os cinco pontos.
five points.

262. Unless a specific statement to the contrary is A menos que seja feita uma declaração
made, consonants are usually presumed to be específica em contrário, as consoantes
central, not lateral, and oral rather than nasal. geralmente são presumidas como sendo

229
centrais, não laterais e orais, em vez de
nasais.
263. Consequently, points (3) and (4) may often Consequentemente, os pontos (3) e (4)
be left out, so the consonant at the beginning geralmente podem ser deixados de fora,
of sing is simply called a voiceless alveolar então a consoante no início de sing é
fricative. simplesmente chamada de fricativa alveolar
surda.
264. When describing nasals, point (4) has to be Ao descrever as nasais, o ponto (4) deve ser
specifically mentioned and point (5) can be mencionado especificamente e o ponto (5)
left out, so the consonant at the end of sing is pode ser deixado de lado, de modo que a
simply called a voiced velar nasal. consoante no final de sing é simplesmente
chamada de nasal velar sonora.

265. THE ACOUSTICS OF CONSONANTS A ACÚSTICA DAS CONSOANTES

266. At this stage, we will not go too deeply into Nesta fase, não iremos aprofundar na
the acoustics of consonants, simply noting a acústica das consoantes, simplesmente
few distinctive points about them from observando alguns pontos distintivos a
waveforms and spectrograms. respeito delas de formas de onda e
espectrogramas.
267. The places of articulation are not obvious in Os pontos de articulação não são óbvios em
any waveform, but the differences in some of qualquer forma de onda, mas as diferenças
the principal manners of articulation—stop, em alguns dos principais modos de
nasal, fricative, and approximant—are articulação - oclusiva, nasal, fricativa e
usually apparent. aproximante - geralmente são aparentes.
268. Furthermore, as already pointed out, you Além disso, como já foi observado, você
can also see the differences between voiced também pode ver as diferenças entre os sons
and voiceless sounds. vozeados e desvozeados.
269. Place of articulation is more apparent in O ponto de articulação é mais aparente em
spectrograms, though it can still be a espectrogramas, embora ainda possa ser um
surprisingly subtle feature given how traço surpreendentemente sutil, devido a sua
important it is for speech communication.

230
importância para a comunicação através da
fala.

270. The top part of Figure 1.12 (on page 20) A parte superior da Figura 1.12 (na página
shows the waveform of the phrase It’s very 20) mostra a forma de onda da frase. It’s very
central and the apartment is really nice, central and the apartment is really nice, (É
labeled roughly in ordinary spelling. muito central e o apartamento é muito
bacana), rotulado a grosso modo em
ortografia comum.
271. The lower part shows a spectrogram of the A parte inferior mostra um espectrograma do
same utterance (this utterance is one of mesmo enunciado (este enunciado é um dos
several contributed by a Dubliner—listen to vários pronunciados por um dublinense -
it in the “Extras” section of the website for ouça-o na seção "Extras" do site para este
this book). livro).
272. This phrase took about two seconds. Essa frase demorou cerca de dois segundos.

273. Looking at the labels in the middle of the Olhando para os rótulos no meio da figura,
figure, you can see that fricatives (in it’s and você pode ver nas fricativas (em it's e nice)
nice) are very different from vowels in both são muito diferentes das vogais na forma de
the waveform and in the spectrogram. onda e no espectrograma.

274. But notice that the nasal in and and the Mas note que a nasal em and e a lateral em
lateral in really are much easier to see in the really são muito mais fáceis de ver no
spectrogram than in the waveform. espectrograma do que na forma de onda.
275. Try to guess where the “n” of nice is in the Tente adivinhar onde o "n" de nice está na
waveform and then look for it in the forma de onda e depois procure no
spectrogram. espectrograma.
276. Even though you don’t know exactly what Mesmo que você não saiba exatamente o que
to look for in the spectrogram, it is probably procurar no espectrograma, provavelmente é
apparent that something changed in the evidente que algo mudou no espectrograma
spectrogram (there is less energy, hence less (há menos energia, portanto, menos tinta,
ink, as if someone took an eraser and made a como se alguém tomasse uma borracha e

231
vertical white stripe), where it would be next fizesse uma faixa branca vertical), onde seria
to impossible to identify the nasal in the quase impossível identificar a nasal na forma
waveform. de onda.

277. Figure 1.12 The waveform and spectrogram Figura 1.12 A forma de onda e
of the phrase It's very central and the espectrograma da frase It’s very central and
apartment's really nice. the apartment’s really nice.

278. THE ARTICULATION OF VOWEL A ARTICULAÇÃO DOS SONS


SOUNDS VOCÁLICOS

279. In the production of vowel sounds, the Na produção de sons de vogais, os


articulators do not come very close together, articuladores não se aproximam muito, e a
and the passage of the airstream is relatively passagem do fluxo de ar é relativamente
unobstructed. desobstruída.

280. For this reason, it is much more difficult to Por esta razão, é muito mais difícil sentir a
feel the position of the tongue during vowel posição da língua durante os sons vocálicos
sounds, than in consonants. do que nas consoantes.
281. We can describe vowel sounds roughly in Podemos descrever os sons das vogais, a
terms of the position of the highest point of grosso modo, em termos da posição do ponto
the tongue and the position of the lips. mais alto da língua e da posição dos lábios.
282. (As we will see later, more accurate (Como veremos adiante, descrições mais
descriptions can be made in acoustic terms.) precisas podem ser feitas em termos
Figure 1.13 shows the articulatory position acústicos.) A Figura 1.12 mostra a posição
for the vowels in heed, hid, head, had, father, articulatória para as vogais em heed, hid,
good, food. head, had, father, good, food.
283. Of course, in saying these words, the tongue Claro, ao dizer estas palavras, a língua e os
and lips are in continuous motion throughout lábios estão em movimento contínuo ao
the vowels, as we saw in the x-ray movie in longo das vogais, como vimos no filme de
example 1.1 on the book’s website. raio-x no exemplo 1.1 no site do livro.

232
284. The positions shown in the figure are best As posições mostradas na figura são melhor
considered as the targets of the gestures for consideradas como alvos dos gestos para as
the vowels. vogais.

285. As you can see, in all these vowel gestures, Como você pode ver, em todos esses gestos
the tongue tip is down behind the lower front vocálicos, a ponta da língua está pra baixo,
teeth, and the body of the tongue is domed atrás dos incisivos inferiores e o corpo da
upward. língua está abobadado para cima.
286. Check that this is so in your own Verifique se é dessa forma a sua pronúncia.
pronunciation.
287. You will notice that you can prolong the [h] Você notará que pode prolongar o som [h] e
sound and that there is no mouth movement que não há movimento da boca entre o [h] e
between the [h] and the following vowel; the a vogal seguinte; o [h] é como uma versão
[h] is like a voiceless version of the vowel surda da vogal que vem depois dele. Nas
that comes after it. In the first four vowels, quatro primeiras vogais, o ponto mais alto da
the highest point of the tongue is in the front língua é na frente da boca.
of the mouth. Accordingly, these vowels are Consequentemente, essas vogais são
called front vowels. chamadas de vogais anteriores.
288. The tongue is fairly close to the roof of the A língua fica bastante próxima do céu da
mouth for the vowel in heed (you can feel boca para a vogal em heed (você pode sentir
that this is so by breathing inward while que isso é assim, respirando para dentro
holding the target position for this vowel), enquanto mantém a posição alvo para esta
slightly less close for the vowel in hid (for vogal), um pouco menos perto para a vogal
this and most other vowels it is difficult to em hid (para esta e para a maioria das outras
localize the position by breathing inward; the vogais é difícil localizar a posição respirando
articulators are too far apart), and lower still para dentro, os articuladores estão muito
for the vowels in head and had. distantes), e mais baixo ainda para as vogais
em head and had.

289. Figure 1.13 The positions of the vocal organs for Figura 1.13 As posições dos órgãos vocais para
the vowels in the words 1 heed, 2 hid, 3 head, 4 as vogais nas palavras 1 heed, 2 hid, 3 head, 4
had, 5 father, 6 good, 7 food. The lip positions had, 5 father, 6 good, 7 food. As posições do

233
for vowels 2, 3, and 4 are between those shown lábio para as vogais 2, 3 e 4 estão entre aquelas
for 1 and 5. The lip position for vowel 6 is mostradas para 1 e 5. A posição do lábio para a
between those shown for 1 and 7. vogal 6 está entre aquelas mostradas para 1 e 7.
290. If you look in a mirror while saying the Se você olhar no espelho enquanto diz as
vowels in these four words, you will find that vogais nessas quatro palavras, você notará
the mouth becomes progressively more open que a boca fica progressivamente mais aberta
while the tongue remains in the front of the enquanto a língua permanece na frente da
mouth. boca.
291. The vowel in heed is classified as a high A vogal em heed é classificada como um
front vowel, and the vowel in had as a low vogal anterior alta, e a vogal em had como
front vowel. um vogal anterior baixa.
292. The height of the tongue for the vowels in A altura da língua para as vogais nas outras
the other words is between these two palavras fica entre esses dois extremos e,
extremes, and they are therefore called mid- portanto, são chamadas de vogais médias
front vowels. anteriores.
293. The vowel in hid is a mid-high vowel, and A vogal em hid é uma vogal média-alta, e a
the vowel in head is a mid-low vowel. Now vogal em head é uma vogal média-baixa.
try saying the vowels in father, good, food. Agora, tente dizer as vogais em father, good,
food.
294. Figure 1.13 also shows the articulatory A Figura 1.13 também mostra os alvos
targets for these vowels. articulatórios para essas vogais.
295. In all three, the tongue is close to the back Em todas as três, a língua está próxima da
surface of the vocal tract. These vowels are superfície posterior do trato vocal. Estas
classified as back vowels. vogais são classificadas como vogais
posteriores.
296. The body of the tongue is highest in the O corpo da língua fica mais alto na vogal em
vowel in food (which is therefore called a food (que é, portanto, chamada de vogal
high back vowel) and lowest in the first posterior alta) e mais baixa na primeira vogal
vowel in father (which is therefore called a em father (que é, portanto, chamada de vogal
low back vowel). posterior baixa).

234
297. The vowel in good is a mid-high back A vogal em good é uma vogal posterior
vowel. média-alta.
298. The tongue may be near enough to the roof A língua pode estar perto o suficiente do céu
of the mouth for you to be able to feel the da boca para que você possa sentir a onda de
rush of cold air when you breathe inward ar frio quando você respira para dentro
while holding the position for the vowel in enquanto mantém a posição para a vogal em
food. food.

299. Lip gestures vary considerably in different Os gestos labiais variam consideravelmente
vowels. They are generally closer together in em diferentes vogais. Eles geralmente estão
the mid-high and high back vowels (as in mais próximos nas vogais médias-altas e
good, food), though in some forms of posteriores altas (como em good, food),
American English this is not so. embora em algumas formas do inglês
americano não seja assim.
300. Look at the position of your lips in a mirror Olhe para a posição dos seus lábios em um
while you say just the vowels in heed, hid, espelho enquanto você diz apenas as vogais
head, had, father, good, food. You will em heed, hid, head, had, father, good, food.
probably find that in the last two words, there Você provavelmente descobrirá que, nas
is a movement of the lips in addition to the duas últimas palavras, há um movimento dos
movement that occurs because of the lábios além do movimento que ocorre devido
lowering and raising of the jaw. o abaixamento e elevação do maxilar.
301. This movement is called lip rounding. It is Este movimento é chamado de
usually most noticeable in the inward arredondamento de lábios. Geralmente é
movement of the comers of the lips. Vowels mais perceptível no movimento para dentro
may be described as being rounded (as in dos cantos dos lábios. As vogais podem ser
who’d) or unrounded (as in heed). descritas como sendo arredondadas (como
em who'd) ou não arredondadas (como em
heed).

302. In summary, the targets for vowel gestures Em resumo, os alvos para gestos vocálicos
can be described in terms of three factors: (1) podem ser descritos em termos de três
the height of the body of the tongue; (2) the fatores: (1) a altura do corpo da língua; (2) a

235
front-back position of the tongue; and (3) the posição anterior-posterior da língua; e (3) o
degree of lip rounding. grau de arredondamento dos lábios.
303. The relative positions of the highest points As posições relativas dos pontos mais altos
of the tongue are given in Figure 1.14. da língua são dadas na Figura 1.14.
304. Say just the vowels in the words given in the Diga apenas as vogais nas palavras dadas na
figure caption and check that your tongue legenda da figura e note que sua língua se
moves in the pattern described by the points. move no padrão descrito pelos pontos.
305. It is very difficult to become aware of the É muito difícil estar consciente da posição da
position of the tongue in vowels, but you can língua nas vogais, mas você provavelmente
probably get some impression of tongue pode ter alguma impressão de altura da
height by observing the position of your jaw língua, observando a posição do seu maxilar
while saying just the vowels in the four enquanto diz apenas as vogais nas quatro
words heed, hid, head, had. palavras heed, hid, head, had.
306. You should also be able to feel the Você também pode sentir a diferença entre
difference between front and back vowels by as vogais anteriores e posteriores ao
contrasting words such as he and who. Say contrastar palavras como he e who. Diga
these words silently and concentrate on the estas palavras silenciosamente e concentre-
sensations involved. se nas sensações envolvidas.
307. You should feel the tongue going from front Você deve sentir a língua indo de frente para
to back as you say he, who. You can also feel trás quando você diz he, who. Você também
your lips becoming more rounded. pode sentir seus lábios cada vez mais
arredondados.

308. As you can see from Figure 1.14, the Como você pode ver na Figura 1.14, a
specification of vowels in terms of the especificação das vogais em termos da
position of the highest point of the tongue is posição do ponto mais alto da língua não é
not entirely satisfactory for a number of inteiramente satisfatória por vários motivos.
reasons.
309. First, the vowels classified as high do not Primeiro, as vogais classificadas como altas
have the same tongue height. The back high não têm a mesma altura da língua. A vogal

236
vowel (point 7) is nowhere near as high as posterior alta (ponto 7) está longe de ser tão
the front vowel (point 1). alta quanto a vogal anterior (ponto 1).
310. Second, the so-called back vowels vary Em segundo lugar, as assim chamadas
considerably in their degree of “backness.” vogais posteriores variam
Third, as you can see by looking at Figure consideravelmente em seu grau de
1.13, this kind of specification disregards “posterioridade”. Em terceiro lugar, como
considerable differences in the shape of the você pode ver, observando a figura 1.13, esse
tongue in front vowels and in back vowels. tipo de especificação ignora diferenças
consideráveis na forma da língua nas vogais
anteriores e nas vogais posteriores.
311. Nor does it take into account the width of the Também não leva em consideração a largura
pharynx, which varies considerably and is da faringe, que varia consideravelmente e
not entirely dependent on the height of the não depende inteiramente da altura da língua
tongue in different vowels. em diferentes vogais.
312. We will discuss better ways of describing Discutiremos melhores maneiras de
vowels in Chapters 4 and 9. descrever as vogais nos capítulos 4 e 9.

313. Figure 1.14 The relative positions of the Figura 1.14 As posições relativas dos pontos
highest points of the tongue in the vowels in mais altos da língua nas vogais em: 1 heed, 2
1 heed, 2 hid, 3 head, 4 had, 5 father, 6 good, hid, 3 head, 4 had, 5 father, 6 good, 7 food.
7 food.

314. THE SOUNDS OF VOWELS OS SONS DAS VOGAIS

315. Studying the sounds of vowels requires a Estudar os sons das vogais requer um maior
greater knowledge of acoustics than we can conhecimento de acústica do que podemos
handle at this stage of the book. We can, tratar nessa fase do livro. No entanto,
however, note some comparatively podemos notar alguns fatos
straightforward facts about vowel sounds. comparativamente simples sobre sons das
vogais.
316. Vowels, like all sounds except the pure tone Vogais, como todos os sons, exceto o tom
of a tuning fork, have complex structures. puro de um diapasão, têm estruturas

237
We can think of them as containing a number complexas. Podemos pensar neles como
of different pitches simultaneously. contendo uma série de alturas diferentes
simultaneamente.
317. There is the pitch at which the vowel is Existe a altura na qual a vogal é realmente
actually spoken, which depends on the falada, o que depende dos pulsos produzidos
pulses being produced by the vibrating vocal pelas cordas vocais em vibração; e, bastante
folds; and, quite separate from this, there are separado disto, existem alturas de sobretom
overtone pitches that depend on the shape of que dependem da forma das cavidades de
the resonating cavities of the vocal tract. ressonância do trato vocal.
318. These overtone pitches give the vowel its Esses pitches de sobretom conferem à vogal
distinctive quality. Look back at Figure 1.12 sua qualidade distinta. Olhe para a Figura
to see what these overtone pitches look like 1.12 para ver como esses pitches de
in a spectrogram. sobretons se parecem em um espectrograma.
319. The second vowel in apartment is labeled in A segunda vogal em apartment é rotulada
that figure, and when you look at it in the naquela figura, e quando você a observa no
spectrogram one key visual feature is that espectrograma, um aspecto visual
there are three dark bands running fundamental é que há três faixas escuras
horizontally through the vowel. correndo horizontalmente pela vogal.
320. These bands occur at different frequencies Essas bandas ocorrem em frequências
for different vowels. diferentes para diferentes vogais.
321. We will enlarge on this notion in Chapter 8. Vamos ampliar essa noção no Capítulo 8.
322. Here we will consider briefly how one Aqui, vamos considerar brevemente como
vowel is distinguished from another by the uma vogal se distingue de outra pelos
pitches of the overtones. “pitches dos sobretons”.
323. Normally, one cannot hear the separate Normalmente, não se pode ouvir os
overtones of a vowel as distinguishable sobretons separados de uma vogal como
pitches. pitches distinguíveis.
324. The only sensation of pitch is the note on A única sensação de pitch é a nota sobre a
which the vowel is said, which depends on qual a vogal é dita, o que depende da taxa de
the rate of vibration of the vocal folds. vibração das cordas vocais.

238
325. But there are circumstances in which the Mas há circunstâncias em que os sobretons
overtones of each vowel can be heard. de cada vogal podem ser ouvidos.
326. Try saying just the vowels in the words Tente dizer apenas as vogais nas palavras
heed, hid, head, had, hod, hawed, hood, heed, hid, head, had, hod, hawed, hood,
who’d, making all of them long vowels. Now who’d, fazendo delas todas vogais longas.
whisper these vowels. Agora sussurra essas vogais.
327. When you whisper, the vocal folds are not Quando você sussurra, as cordas vocais não
vibrating, and there is no regular pitch of the estão vibrando, e não há uma altura regular
voice. Nevertheless, you can hear that this set da voz. No entanto, você pode ouvir que esse
of vowels forms a series of sounds on a conjunto de vogais forma uma série de sons
continuously descending pitch. em um pitch continuamente descendente.
328. What you are hearing corresponds to a O que você está ouvindo corresponde a um
group of overtones that characterize the grupo de sobretons que caracterizam as
vowels. These overtones are highest for the vogais. Esses sobretons são os mais altos
vowel in heed and lowest for the vowel in para a vogal em heed e os mais baixos para a
either hawed, hood, or who’d. vogal em, ou hawed, hood ou who'd.

329. Which of the three vowels is the lowest Qual das três vogais é a menor depende do
depends on your regional accent. Accents of seu sotaque regional. Os sotaques do inglês
English differ slightly in the pronunciation of diferem ligeiramente na pronúncia dessas
these vowels. In the audio examples that vogais. Nos exemplos de áudio que
accompany this chapter, you can hear these acompanham este capítulo, você pode ouvir
vowels whispered. essas vogais sussurradas.
330. There is another way to produce something Há outra maneira de produzir algo
similar to this whispered pitch. Try whistling semelhante a esse pitch sussurrado. Tente
a very high note, and then the lowest note assobiar uma nota muito alta e, em seguida,
that you can. a nota mais baixa que você puder.
331. You will find that for the high note you have Você descobrirá que, para a nota alta, você
to have your tongue in the position for the tem que ter sua língua na posição para a
vowel in heed, and for the low note your vogal em heed, e para a nota baixa, sua

239
tongue is in the position for one of the vowels língua fica na posição para uma das vogais
in hawed, hood, who’d. em hawed, hood, who'd.
332. From this, it seems as if there is some kind Deste modo, parece que existe algum tipo de
of high pitch associated with the high front pitch elevado associado à vogal anterior alta
vowel in heed, and a low pitch associated em heed e um pitch baixo associado a uma
with one of the back vowels. The lowest das vogais posteriores. A nota assobiada
whistled note corresponds to the tongue and mais baixa corresponde aos gestos da língua
lip gestures very much like those used for the e dos lábios, muito parecido com os usados
vowel in who. para a vogal em who.
333. A good way to learn how to make a high Uma boa maneira de aprender como fazer
back vowel is to whistle your lowest note uma vogal posterior alta é assobiar a nota
possible, and then add voicing. mais baixa possível e, em seguida, adicionar
vozeamento.

334. Another way of minimizing the sound of the Outra maneira de minimizar o som das
vocal fold vibrations is to say the vowels in vibrações das cordas vocais é dizer as vogais
a very low, creaky voice (listen to example em uma voz muito baixa (a chamada voz
1.4 in the supplemental materials). crepitante (creaky-voice). (ouça o exemplo
1.4 nos materiais suplementares).
335. It is easiest to produce this kind of voice É mais fácil produzir esse tipo de voz com
with a vowel such as that in had or hod. uma vogal como as de had ou hod.
336. Some people can produce a creaky-voice Algumas pessoas podem produzir um som de
sound in which the rate of vibration of the voz crepitante em que a velocidade de
vocal folds is so low that you can hear the vibração das cordas vocais é tão baixa que
individual pulsations. Try saying just the você pode ouvir as pulsações individuais.
vowels in had, head, hid, heed in a creaky Tente dizer apenas as vogais em had, head,
voice. hid, heed com voz crepitante.

337. You should be able to hear a change in pitch, Você poderá ouvir uma mudança no pitch,
although, in one sense, the pitch of all of embora, em um sentido, o pitch de todas elas
them is just that of the low, creaky voice. seja apenas aquele da voz crepitante baixa.

240
338. When saying the vowels in the order heed, Ao dizer as vogais na ordem heed, hid, head,
hid, head, had, you can hear a sound that had, você pode ouvir um som que aumenta
steadily increases in pitch by approximately de maneira constante em pitch
equal steps with each vowel. aproximadamente em passos iguais a cada
vogal.
339. Now say the vowels in hod, hood, who’d in Agora, diga as vogais em hod, hood, who’d
a creaky voice. These three vowels have com voz crepitante. Estas três vogais têm
overtones with a steadily decreasing pitch. sobretons com um pitch constantemente
Example 1.4 has an audio file of Peter decrescente. O exemplo 1.4 tem um arquivo
Ladefoged saying the vowels in the words de áudio de Peter Ladefoged dizendo as
heed, hid, head, had, hod, hawed, hood, vogais nas palavras heed, hid, head, had,
who’d in his British accent. hod, hawed, hood, who’d, com seu sotaque
britânico.

340. The first four of these vowels have a quality As quatro primeiras dessas vogais têm uma
that clearly goes up in pitch, and the last four qualidade que claramente aumenta o pitch, e
have a declining pitch. as quatro últimas apresentam um declínio no
pitch.

341. In summary, vowel sounds may be said on a Em resumo, os sons das vogais podem ser
variety of notes (voice pitches), but they are ditos em uma variedade de notas (pitches de
distinguished from one another by two voz), mas são distinguidos um do outro por
characteristic vocal tract pitches associated dois pitches característicos do trato vocal
with their overtones. associados aos seus sobretons.
342. One of them (actually the higher of the two) Um deles (na verdade, o mais alto dos dois)
goes downward throughout most of the vai para baixo ao longo da maior parte da
series heed, hid, head, had, hod, hawed, série heed, hid, head, had, hod, hawed, hood,
hood, who ’d and corresponds roughly to the who’d e corresponde aproximadamente à
difference between front and back vowels. diferença entre as vogais anteriores e
posteriores.
343. The other is low for vowels in which the O outro é baixo para as vogais em que a
tongue position is high and high for vowels posição da língua é alta e alta para as vogais

241
in which the tongue position is low. It em que a posição da língua é baixa. Ele
corresponds (inversely) to what we called corresponde (inversamente) ao que
vowel height in articulatory terms. These chamamos de altura da vogal em termos
characteristic overtones are called the articulatórios. Esses sobretons
formants of the vowels. característicos são chamados de formantes
das vogais.

344. The one with the lower pitch O que tem o pitch mais baixo (distinguível
(distinguishable in creaky voice) is called the em voz crepitante) é chamado de primeiro
first formant, and the higher one (the one formante e o mais alto (o que se ouve ao
heard when whispering) is the second sussurrar) é o segundo formante.
formant.
345. The notion of a formant (actually the second A noção de um formante (na verdade, o
formant) distinguishing vowels has been segundo formante) que distingue vogais é
known for a long time. It was observed by conhecido há muito tempo. Foi observado
Isaac Newton, who, in about 1665, wrote in por Isaac Newton, que, em 1665, escreveu
his notebook: “The filling of a very deepe em seu caderno: "O enchimento de um
flaggon with a constant streame of beere or garrafão bem fundo com um fluxo constante
water sounds ye vowells in this order w, u, de cerveja ou água soa como as vogais nesta
co, o, a, e, i, y.” He was about twelve years ordem w, u, co, o, a, e, i, y”. “Ele tinha cerca
old at the time. de doze anos de idade na época.
346. (The symbols used here are the best matches (Os símbolos utilizados aqui são as melhores
to the letters in Newton’s handwriting in his correspondências à caligrafia de Newton em
notebook, which is in the British Museum seu caderno, que está no Museu Britânico.
They probably refer to the vowels in words Provavelmente se referem às vogais em
such as woo, hoot, foot, coat, cot, bait, bee, palavras como woo, hoot, foot, coat, cot,
ye.) Fill a deep narrow glass with water (or bait, bee, ye.) Encha um copo fundo com
beer!) and see if you can hear something like água (ou cerveja!) e veja se você pode ouvir
the second formant in the vowels in these algo como o segundo formante nas vogais
words as the glass fills up. nessas palavras enquanto o vidro se enche.
347. SUPRASEG MENTALS SUPRASEGMENTOS

242
348. Vowels and consonants can be thought of as Vogais e consoantes podem ser entendidos
the segments of which speech is composed. como os segmentos dos quais a fala é
Together they form the syllables that make composta. Juntos eles formam as sílabas que
up utterances. Superimposed on the syllables compõem enunciados. Sobrepostos às
are other features known as suprasegmentals. sílabas estão outros traços conhecidos como
suprassegmentos.
349. These include variations in stress and pitch. Estes incluem variações no acento e no pitch.
Variations in length are also usually As variações na duração também são
considered to be suprasegmental features, geralmente consideradas como
although they can affect single segments as características suprassegmentais, embora
well as whole syllables. possam afetar segmentos individuais, bem
como sílabas inteiras.
350. We will defer detailed descriptions of the Vamos adiar descrições detalhadas da
articulation and the corresponding acoustics articulação e da acústica correspondente
of these aspects of speech till later in this desses aspectos da fala até mais tarde neste
book. livro.

351. Variations in stress are used in English to As variações na tonicidade são usadas em
distinguish between a noun and a verb, as in inglês para distinguir entre um substantivo e
(an) insult versus (to) insult. um verbo, como em (an) insult versus (to)
insult.
352. Say these words yourself, and check which Diga estas palavras, e verifique qual sílaba
syllable has the greater stress. tem maior tonicidade.
353. Then compare similar pairs such as (a) Em seguida, compare pares semelhantes,
pervert, (to) pervert or (an) overflow, (to) como (a) pervert, (to) pervert or (an)
overflow. overflow, (to) overflow.
354. Listen to these words in the supplemental Ouça estas palavras nos materiais
materials. suplementares.
355. You should find that in the nouns, the stress Você deve descobrir que nos substantivos, a
is on the first syllable, but in the verbs, it is tonicidade está na primeira sílaba, mas nos
on the last. verbos, está na última.

243
356. Thus, stress can have a grammatical Desta forma, o acento pode ter uma função
function in English. gramatical em inglês.
357. It can also be used for contrastive emphasis Ele também pode ser usada para ênfase
(as in I want a red pen, not a black one). contrastiva (como em Eu quero uma caneta
vermelha, não uma preta).

358. Stress in English is produced by (1) O acento em inglês é produzido por (1)
increased activity of the respiratory muscles, aumento da atividade dos músculos
producing greater loudness, as well as by (2) respiratórios, produzindo maior volume,
exaggeration of consonant and vowel bem como por (2) exagero de propriedades
properties such as vowel height and stop de consoantes e vogais, como altura da vogal
aspiration, and (3) exaggeration of pitch so e aspiração na oclusiva, e (3) exagero no
that low pitches are lower and high pitches pitch de modo que os pitches baixos são mais
are higher. baixos e os pitches altos são mais altos.
359. You can usually find where the stress occurs Você pode descobrir onde é a sílaba tônica
on a word by trying to tap with your finger in de uma palavra ao bater com o dedo no
time with each syllable. It is much easier to tempo de cada sílaba. É muito mais fácil
tap on the stressed syllable. Try saying bater na sílaba tônica. Tente dizer
abominable and tapping first on the first abominable (abominável) batendo primeiro
syllable, then on the second, then on the na primeira sílaba, depois na segunda, depois
third, and so on. na terceira, e assim por diante.
360. If you say the word in your normal way, you Se você disser a palavra à sua maneira
will find it easiest to tap on the second normal (importante saber que se trata de
syllable. Many people cannot tap on the first palavra cuja sílaba tônica é a segunda), você
syllable without altering their normal achará mais fácil bater na segunda sílaba.
pronunciation. Pitch changes due to Muitas pessoas não conseguem bater na
variations in laryngeal activity can occur primeira sílaba sem alterar sua pronúncia
independently of stress changes. They are normal. As alterações de pitch devido a
associated with the rate of vibration of the variações na atividade laríngea podem
vocal folds. ocorrer independentemente das mudanças de

244
acento. Elas estão associadas à taxa de
vibração das cordas vocais.

361. Earlier in the chapter, we called this the Mais cedo no capítulo, chamamos isso de
“voice pitch” to distinguish between the "pitch de voz" para distinguir entre os
characteristic overtones of vowels (“vocal sobretons característicos das vogais
tract pitches”) and the rate of vocal fold (“pitches de trato vocal") e a taxa de vibração
vibration. Pitch of the voice is what you alter da prega vocal. O pitch da voz é o que você
to sing different notes in a song. Because altera para cantar notas diferentes em uma
each opening and closing of the vocal folds música. Como cada abertura e fechamento
causes a peak of air pressure in the sound das cordas vocais causa um pico de pressão
wave, we can estimate the pitch of a sound do ar na onda sonora, podemos estimar o
by observing the rate of occurrence of the pitch de um som observando a taxa de
peaks in the waveform. ocorrência dos picos na forma de onda.
362. To be more exact, we can measure the Para ser mais exato, podemos medir a
frequency of the sound in this way. frequência do som dessa maneira. A
Frequency is a technical term for an acoustic frequência é um termo técnico para uma
property of a sound—namely, the number of propriedade acústica de um som, ou seja, o
complete repetitions (cycles) of a pattern of número de repetições completas (ciclos) de
air pressure variation occurring in a second. um padrão de variação da pressão do ar que
The unit of frequency measurement is the ocorre em um segundo. A unidade de
hertz, usually abbreviated Hz. medição de frequência é o hertz, geralmente
abreviado Hz.

363. If the vocal folds make 220 complete Se as cordas vocais fazem 220 movimentos
opening and closing movements in a second, completos de abertura e fechamento em um
we say that the frequency of the sound is 220 segundo, dizemos que a frequência do som é
Hz. The frequency of the vowel [ a ] shown de 220 Hz. A frequência da vogal [a]
in Figure 1.4 was 100 Hz, as the vocal fold mostrada na Figura 1.4 foi de 100 Hz, pois
pulses occurred every 10 ms (one-hundredth os pulsos das cordas vocais ocorreram a cada
of a second). 10ms (um centésimo de segundo).

245
364. The pitch of a sound is an auditory property O pitch de um som é uma propriedade
that enables a listener to place it on a scale auditiva que permite a um ouvinte colocá-lo
going from low to high, without considering em uma escala que vai de baixo a alto, sem
its acoustic properties. In practice, when a considerar suas propriedades acústicas. Na
speech sound goes up in frequency, it also prática, quando um som de fala sobe em
goes up in pitch. frequência, ele também sobe no pitch.

365. For the most part, at an introductory level of Na maior parte, em um nível introdutório do
the subject, the pitch of a sound may be assunto, o pitch de um som pode ser igualado
equated with its fundamental frequency, and, com sua frequência fundamental e, de fato,
indeed, some books do not distinguish alguns livros não distinguem entre os dois
between the two terms, using pitch for both termos, usando o pitch tanto para a
the auditory property and the physical propriedade auditiva quanto para o atributo
attribute. físico.
366. The pitch pattern in a sentence is known as O padrão do pitch em uma frase é conhecido
the intonation. Listen to the intonation (the como entonação. Ouça a entonação (as
variations in the pitch of the voice) when variações no pitch da voz) quando alguém
someone says the sentence This is my father. diz a frase This is my father (Este é o meu
(You can either say the sentences yourself or pai). (Você mesmo pode dizer as frases ou
listen to the recordings of it in the ouvir as gravações delas nos materiais
supplemental materials.) Try to find out complementares.) Tente descobrir qual
which syllable has the highest pitch and sílaba tem o pitch mais alto e qual o menor.
which the lowest.
367. In most people’s speech, the highest pitch Na fala da maioria das pessoas, o pitch mais
will occur on the first syllable of father and alto ocorrerá na primeira sílaba de father e o
the lowest on the second, the last syllable in mais baixo na segunda, a última sílaba da
the sentence. Now observe the pitch changes frase. Agora observe as mudanças de pitch
in the question Is this your father? In this na questão. Is this your father? (Este é o seu
pai?) Nesta frase, a primeira sílaba de father

246
sentence, the first syllable of father is usually geralmente está em um pitch mais baixo do
on a lower pitch than the last syllable. que a última sílaba.
368. In English, it is even possible to change the Em inglês, é até possível mudar o significado
meaning of a sentence, such as That’s a cat, de uma frase, como That’s a cat (É um gato)
from a statement to a question without de uma declaração a uma pergunta sem
altering the order of the words. alterar a ordem das palavras.

369. If you substitute a mainly rising for a mainly Se você substituir uma entonação que é para
falling intonation, you will produce a baixo por uma entonação para cima, você
question spoken with an air of astonishment: produzirá uma pergunta falada com um ar de
That’s a cat? surpresa: That’s a cat? (Isso é um gato?)

370. All the suprasegmental features are Todos os traços suprasegmentais são
characterized by the fact that they must be caracterizados pelo fato de que eles devem
described in relation to other items in the ser descritos em relação a outros itens no
same utterance. mesmo enunciado.

371. It is the relative values of pitch, length, or São os valores relativos do pitch, duração ou
degree of stress of an item that are grau de acento (tonicidade) de um item que
significant. são significativos.
372. You can stress one syllable as opposed to Você pode acentuar uma sílaba em oposição
another irrespective of whether you are a outra, independentemente de estar gritando
shouting or talking softly. ou falando suavemente.
373. Children can also use the same intonation As crianças também podem usar os mesmos
patterns as adults, although their voices have padrões de entonação que os adultos, embora
a higher pitch. suas vozes tenham um pitch mais alto.
374. The absolute values are never linguistically Os valores absolutos nunca são
important. linguisticamente importantes.
375. But they do, of course, convey information Mas eles, obviamente, transmitem
about the speaker’s age, sex, emotional state, informações sobre a idade, o sexo, o estado
and attitude toward the topic under
discussion.

247
emocional e a atitude do falante em relação
ao tema em discussão.

376. RECAP RECAPITULANDO

377. This chapter introduces several key Este capítulo apresenta vários conceitos
concepts that provide a foundation for later fundamentais que fornecem uma base para
chapters in the book. os capítulos posteriores do livro.

378. Vocal tract anatomy. We named the major Anatomia do trato vocal. Nós nomeamos as
parts of the vocal tract used in speech principais partes do trato vocal usado na
production. produção da fala.

379. Taxonomy of terms describing consonants Taxonomia de termos que descrevem as


centering around five aspects of consonant consoantes centradas em torno de cinco
articulation: (1) place of articulation, (2) aspectos da articulação consonantal: (1)
manner of articulation, (3) voicing, (4) ponto de articulação, (2) modo de
nasality, and (5) laterality. articulação, (3) vocalização, (4) nasalidade e
(5) lateralidade.

380. Acoustic properties of consonants in Propriedades acústicas de consoantes em


waveforms and in spectrograms including formas de onda e em espectrogramas,
amplitude, periodicity, and frequency. incluindo amplitude, periodicidade e
frequência.

381. Taxonomy of vowel description, with three Taxonomia da descrição vocálica, com três
main parameters: front/back, high/low, and parâmetros principais: anterior / posterior,
rounding. alta / baixa e arredondamento.

382. Acoustic properties of vowels with a focus Propriedades acústicas das vogais com foco
on formant frequencies. nas frequências dos formantes.

248
383. A brief introduction to suprasegmentals, Uma breve introdução dos suprassegmentos,
mainly word stress, sentence stress, and principalmente o acento na palavra, o acento
intonation. na frase e a entonação.

384. The organization of this book is cyclical. A organização deste livro é cíclica.
385. Each of the concepts introduced in this Cada um dos conceitos apresentados neste
chapter will appear twice more in the book— capítulo aparecerá duas vezes mais no livro -
uma vez em conexão com a fonética do
once in connection with English phonetics
inglês (Parte 2) e novamente em conexão
(Part 2) and again in connection with general com a fonética geral (Parte 3).
phonetics (Part 3).
386. EXERCISES Todos os exercícios do livro serão
apresentados após os apêndices

1. CHAPTER 2 CAPÍTULO 2
2. Phonology and Phonetic Transcription Transcrição Fonética e Fonológica

3. Many people think that learning Muitas pessoas pensam que aprender fonética
phonetics means simply learning to use significa simplesmente aprender a usar a
phonetic transcription. But there is really transcrição fonética. Mas há muito mais para
much more to the subject than learning to o assunto do que aprender a usar um conjunto
use a set of symbols. A phonetician is a de símbolos. Um foneticista é uma pessoa
person who can describe speech, who que pode descrever a fala, que entende os
understands the mechanisms of speech mecanismos de produção e percepção da fala,
production and speech perception, and e que sabe como as línguas usam esses
who knows how languages use these mecanismos.
mechanisms.
4. Phonetic transcription is no more than a A transcrição fonética não é mais do que uma
useful tool that phoneticians use in the ferramenta útil que os foneticistas usam na

249
description of speech. It is, however, a descrição da fala. É, no entanto, uma
very important tool. ferramenta muito importante.

5. In this chapter, we are concerned with the Neste capítulo, estaremos lidando com a
phonetic transcription of careful speech— transcrição fonética da fala cuidadosa - o
the style of speech you use to show estilo de fala que você usa para mostrar a
someone how to pronounce a word. This alguém como pronunciar uma palavra. Isso é
is called the citation style of speech. chamado de estilo de citação do discurso. As
Transcriptions of citation style are transcrições de estilo de citação são
particularly useful in language particularmente úteis na documentação
documentation and lexicography, and linguística e lexicografia, e também servem
also serve as the basic phonetic como observações fonéticas básicas descritas
observations described in phonology. na fonologia.
6. In Chapter 5, we will discuss phonetic No capítulo 5, vamos discutir a transcrição
transcription of connected speech—the fonética da fala conectada - o estilo utilizado
style used in normal conversation. When na conversação normal. Quando os
phoneticians transcribe a citation speech foneticistas transcrevem um enunciado de
utterance, we are usually concerned with discurso de citação, normalmente nos
how the sounds convey differences in preocupa como os sons estabelecem
meaning. diferenças no significado.
7. For the most part, we describe only the Na maioria das vezes, descrevemos somente
significant articulations rather than the as articulações significativas ao invés dos
details of the sounds. For example, when detalhes dos sons. Por exemplo, ao dizer a
saying the English word tie, some people palavra inglesa tie, algumas pessoas
pronounce the consonant with the blade pronunciam a consoante com a lâmina da
of the tongue against the alveolar ridge, língua em contato com a crista alveolar,
others with the tip of the tongue. outras com a ponta da língua.
8. This kind of difference in articulation Esse tipo de diferença na articulação não
does not affect the meaning of the word afeta o significado da palavra e não é
(in English) and is not usually transcribed. normalmente transcrito. Começaremos
We will begin by considering just this considerando apenas esta forma mais simples

250
simplest form of transcription, sometimes de transcrição, às vezes chamada de
called a broad transcription. transcrição ampla.

9. In order to understand what we transcribe Para entender o que transcrevemos e o que


and what we don’t, it is necessary to não, é necessário compreender os princípios
understand the basic principles of básicos da fonologia. A Fonologia é a
phonology. Phonology is the description descrição dos sistemas e padrões de sons que
of the systems and patterns of sounds that ocorrem em um idioma. Envolve o estudo de
occur in a language. It involves studying uma língua para determinar as distribuições
a language to determine the distributions de sons nas palavras, ou seja, devemos
of sounds in words, that is, we must descobrir quando um contraste fonético é
discover when a phonetic contrast is distintivo, isto é, quando os sons em contraste
distinctive, that is, when the sounds in estabelecem uma diferença de significado e
contrast convey a difference in meaning quando um contraste fonético não estabelece
and when a phonetic contrast does not uma diferença no significado.
convey a difference in meaning.
10. Children have to do this when they are As crianças têm que fazer isso quando estão
learning to speak. They may not realize at aprendendo a falar. Elas podem não perceber,
first that, for example, there is a a princípio, que, por exemplo, há uma
difference between the consonants at the diferença entre as consoantes no começo de
beginnings of words such as white and palavras como white e right. Mais tarde,
right. They later realize that these words percebem que essas palavras começam com
begin with two distinct sounds. dois sons distintos.
11. Conversely, they may notice that the first Por outro lado, elas podem perceber que o
sound of lip is different from the last primeiro som de lip é diferente do último som
sound in pill and may expect to make de pill e podem esperar pronunciar palavras,
words by putting the “1” of lip at the end colocando o “1” de lip no final de pill.
of pill.

12. In order to develop a native-sounding Para desenvolver um sotaque como de um


accent in English, they must implicitly nativo em inglês, eles devem aprender
learn how sounds are distributed in the implicitamente como os sons são distribuídos

251
words of their language. Thus, in addition nas palavras de sua língua. Assim, além de
to learning to distinguish all the sounds aprender a distinguir todos os sons que
that can change the meanings of words, podem mudar os significados das palavras, e
and learning to control their vocal organs aprender a controlar seus órgãos vocais para
to produce the sounds, children must learn produzir os sons, as crianças devem aprender
the usage patterns, the distributions of os padrões de uso, as distribuições dos sons.
sounds.
13. One of the most important properties of a Uma das propriedades mais importantes de
phonological distribution is the uma distribuição fonológica é a relação
relationship called distinctiveness, or chamada distintividade ou contraste.
contrast. When two sounds can be used Quando dois sons podem ser usados para
to differentiate words, they are said to be diferenciar palavras, eles são chamados de
distinct, or contrastive. The phonetic distintos ou contrastivos. A diferença
difference is phonemic—as opposed to a fonética é fonêmica - em oposição a uma
simple phonetic difference. simples diferença fonética.
14. [In phonetics and phonology, these three [Em fonética e fonologia, esses três termos
terms are used synonymously distinctive, são usados como sinônimos - distintivos,
contrastive, phonemic.] Notice, for contrastivos, fonêmicos.] Repare, por
example, that your tongue touches the exemplo, que a sua língua toca o céu da boca
roof of the mouth at a different location in em um local diferente no “1” de pill do que
the “1” of pill than it does in the “1” of lip. no “1” de lip.
15. Suppose you said the word lip with the Suponha que você tenha dito a palavra lip
“1” from pill—we could write this llip. com o “1” de pill - poderíamos escrever isso
These two pronunciations are como llip. Estas duas pronúncias são
phonetically different because the tongue foneticamente diferentes porque a língua tem
has a different position or shape. uma posição ou forma diferente.
16. However, the difference is not No entanto, a diferença não é contrastiva,
contrastive, not phonemic, because it is nem fonêmica, porque não é usada em inglês
not used in English to differentiate para diferenciar palavras - lip e llip não são (e
words—lip and llip are not (and importante não poderiam ser) palavras
diferentes do inglês.

252
importantly could not be) different words
of English.
17. This means that if two words (such as Isso significa que se duas palavras (como
white and right or cat and hat) differ in white e right ou cat e hat) diferirem em
only a single sound, the sounds that differ apenas um som, os sons que diferem são
are distinctive in the language. distintos na língua.
18. Distinctive sounds get a special status in Sons distintos ganham um status especial na
phonetic transcription because sometimes transcrição fonética, porque às vezes
we want to simplify the transcription, queremos simplificar a transcrição, o que
which means that we don’t try to record significa que não tentamos gravar todos os
every single phonetic detail, but we would detalhes fonéticos, mas nunca queremos
never want to leave out so much deixar de lado tanta informação que
information that we end up disregarding acabamos ignorando diferenças contrastivas/
contrastive/phonemic differences. fonêmicas.
19. We cannot rely on the spelling to tell us Não podemos confiar na ortografia para dizer
whether two sounds contrast. For que dois sons contrastam. Por exemplo, as
example, the words phone and foam begin palavras phone e foam começam com os
with the same sounds, although they have mesmos sons, embora tenham grafias
different spellings. To take a more diferentes. Para tomar um exemplo mais
complex example, the words key and car complexo, as palavras key e car começam
begin with what we can regard as the com o que podemos considerar como o
same sound, despite the fact that one is mesmo som, apesar do fato de que um é
spelled with the letter k and the other with escrito com a letra k e o outro com c. Mas
c. But in this case, the two sounds are not neste caso, os dois sons não são exatamente
exactly the same. os mesmos.
20. The words key and car begin with As palavras key e car começam com sons
slightly different sounds. If you whisper ligeiramente diferentes. Se você sussurrar
just the first consonants in these two apenas as primeiras consoantes nessas duas
words, you can probably hear the palavras, provavelmente pode ouvir a
difference, and you may be able to feel diferença, e você pode sentir que sua língua

253
that your tongue touches the roof of the toca o céu da boca em um lugar diferente para
mouth in a different place for each word. cada palavra.

21. This example shows that there may be Este exemplo mostra que pode haver
very subtle differences between sounds diferenças muito sutis entre sons que não
that do not contrast with each other. The contrastam entre si. Os sons no início de key
sounds at the beginning of key and car are e car são ligeiramente diferentes, mas não é
slightly different, but it is not a difference uma diferença que muda o significado de
that changes the meaning of a word in uma palavra em inglês. A diferença fonética
English. The phonetic difference is not a não é uma diferença fonêmica.
phonemic difference.
22. We noted other small changes in sounds Nós observamos outras pequenas mudanças
that do not affect the meaning in Chapter nos sons que não afetam o significado no
1, where we saw that the tongue is farther Capítulo 1, onde vimos que a língua fica em
back in true than in tea, and the n in tenth posição mais posterior em true do que em tea,
is likely to be dental, whereas the n in ten e o n em tenth tende ser dental, enquanto o n
is usually alveolar. em ten é normalmente alveolar.

23. In some cases, noncontrastive phonetic Em alguns casos, diferenças fonéticas não-
differences can be larger than these subtle contrastivas podem ser maiores do que essas
phonetic differences. For example, most diferenças fonéticas sutis. Por exemplo, a
Americans (and some younger speakers maioria dos americanos (e alguns falantes
of British English) have a t in the middle mais jovens do inglês britânico) realizam um
of pity that is very different from the t at t no meio da palavra pitty que é muito
the end of the word pit. diferente do t no final da palavra pit.
24. The one in pity sounds more like a d. O t em pitty soa mais como um d. Considere
Consider also the l in play. You can say também o l em play. Você pode dizer apenas
just the first two consonants in this word as duas primeiras consoantes nesta palavra
without any voicing, but still hear the l sem qualquer vozeamento, mas ainda ouvir o
(try doing this). When you say the whole l (tente fazer isso). Quando você diz toda a
word play, the l is typically voiceless, and palavra play, o l é normalmente desvozeado
very different from the l in lay. e é muito diferente do l em lay.

254
25. Say the l at the beginning of lay, and Diga o l no início do lay, e você vai notar que
you’ll hear that it is definitely voiced. ele é definitivamente vozeado.

26. We often want to record all—and only— Muitas vezes, queremos gravar tudo - e
the variations between sounds that cause apenas - as variações entre os sons que
a difference in meaning—differences that causam uma diferença no significado -
are contrastive. Transcriptions of this diferenças que são contrastavas. As
kind are called phonemic transcriptions. transcrições desse tipo são chamadas de
Languages that have been written down transições fonêmicas. As línguas que foram
only comparatively recently (such as escritas apenas de forma comparativa
Swahili and most of the other languages recentemente (como o suaíli e a maioria das
of Africa) have a fairly phonemic spelling outras línguas da África) possuem um
system. sistema de ortografia bastante fonêmico.

27. There is very little difference between a Há pouca diferença entre uma versão escrita
written version of a Swahili sentence and de uma frase suaíli e uma transcrição
a phonemic transcription of that sentence. fonêmica dessa frase. Mas em virtude da
But because English pronunciation has pronúncia inglesa ter mudado ao longo dos
changed over the centuries while the séculos enquanto a ortografia permaneceu
spelling has remained basically the same, basicamente a mesma, as transcrições
phonemic transcriptions of English are fonêmicas do inglês são diferentes dos textos
different from written texts. escritos.

28. THE TRANSCRIPTION OF A TRANSCRIÇÃO DAS


CONSONANTS CONSOANTES

29. A good way to find consonants that are Uma boa maneira de encontrar consoantes
contrastive in a language is to find sets of que são contrastivas em uma língua é
words that rhyme. Take, for example, all encontrar conjuntos de palavras que rimam.
the words that rhyme with pie and have Tome, por exemplo, todas as palavras que
only a single consonant at the beginning. rimam com pie e tenham apenas uma

255
A set of words in which each differs from consoante no início. Um conjunto de palavras
all the others by only one sound is called em que cada uma difere de todas as outras por
a minimal set. apenas um som é chamado de conjunto
mínimo.
30. The second column of Table 2.1 lists a set A segunda coluna da Tabela 2.1 lista um
of this kind. conjunto desse tipo.
31. There are obviously many other words Há, obviamente, muitas outras palavras que
that rhyme with pie, such as spy, try, spry, rimam com pie, como spy, try, spry, mas
but these words begin with sequences of essas palavras começam com sequências de
two or more of the sounds already in the dois ou mais sons constantes no conjunto
minimal set. mínimo.

32. Some of the words in the list begin with Algumas das palavras da lista começam com
two consonant letters (thigh, thy, shy), but duas letras consoantes (thigh, thy, shy), mas
they each begin with a single consonant cada uma delas começa com um único som
sound. consoante.
33. Shy, for example, does not contain a Shy, por exemplo, não contém uma sequência
sequence of two consonant sounds in the de dois sons consonantais como spy e try.
way that spy and try do.
34. You can record these words and see the Você mesmo pode gravar essas palavras e ver
sequences in spy and try for yourself. as sequências em spy e try.
35. Some consonants do not occur in words Algumas consoantes não ocorrem em
rhyming with pie. palavras que rimam com pie.

36. If we allow using the names of the letters Se permitirmos o uso dos nomes das letras
as words, then we can find another large como palavras, poderemos encontrar outro
set of consonants beginning words grande conjunto de consoantes que começam
rhyming with pea. palavras que rimam com pea.
37. A list of such words is shown in the third Uma lista dessas palavras é mostrada na
column of Table 2.1. terceira coluna da Tabela 2.1.

256
38. (Speakers of British English will have to (Os falantes do inglês britânico terão que
remember that in American English, the lembrar que, no inglês americano, o nome da
name of the last letter of the alphabet última letra do alfabeto pertence a este
belongs in this set rather than in the set of conjunto e não ao conjunto de palavras que
words rhyming with bed.) rimam com bed).
39. Even in this set of words, we are still Mesmo neste conjunto de palavras, ainda
missing some consonant sounds that estamos sentindo falta de alguns sons de
contrast with others only in the middles or consoantes que contrastam com outros
at the ends of words. apenas no meio ou no final das palavras.

40. The letters ng often represent a single As letras ng geralmente representam um


consonant sound that does not occur at the único som de consoante que não ocorre no
beginning of a word. You can hear this início de uma palavra. Você pode ouvir este
sound at the end of the word rang, where som no final da palavra rang, onde contrasta
it contrasts with other nasals in words com outras nasais em palavras como ram e
such as ram and ran, though the vowel ran, embora o som da vogal em rang seja um
sound in rang is a little different in most pouco diferente na maioria das variedades do
varieties of English. inglês.
41. There is also a contrast between the Há também um contraste entre as consoantes
consonants in the middles of mission and no meio de mission and vision, embora
vision, although there are very few pairs existam muito poucos pares de palavras que
of words that are distinguished by this se distinguem por esse contraste em inglês.
contrast in English.
42. (One such pair for some speakers (Um desses pares para alguns falantes
involves the name of a chain of islands— envolve o nome de uma cadeia de ilhas-
Aleutian versus allusion.) Words Aleutian versus allusion). As palavras que
illustrating these consonants are given in ilustram estas consoantes são dadas na quarta
the fourth column of Table 2.1. coluna da Tabela 2.1.

43. TABELA 2.1 TABELA 2.1 Símbolos para a transcrição das


consoantes do Inglês. (Símbolos alternativos que

257
podem ser encontrados em outros livros são ilustrados
entre parênteses). A última coluna dá os nomes
convencionais para os símbolos fonéticos na primeira
coluna.

44. Most of the symbols in Table 2.1 are the A maioria dos símbolos na Tabela 2.1 são as
same letters we use in spelling these mesmas letras que usamos na ortografia
words, but there are a few differences. dessas palavras, mas há algumas diferenças.

45. One difference between spelling and Uma diferença entre a ortografia e o uso
phonetic usage occurs with the letter c, fonético ocorre com a letra c, que às vezes é
which is sometimes used to represent a [k] usada para representar um som [k], como em
sound, as in cup or bacon, and sometimes cup ou bacon, e às vezes para representar um
to represent an [s] sound, as in cellar or som de [s], como em cellar ou receive.
receive.
46. Two c’s may even represent a sequence Dois c's podem até representar uma
of [k] and [s] sounds in the same word, as sequência de sons de [k] e [s] na mesma
in accent and access. palavra, como em accent e access.
47. A symbol that sometimes differs from the Um símbolo que às vezes difere da letra
corresponding letter is [ɡ], which is used correspondente é [ɡ], que é usado para o som
for the sound in guy and guess, but never em guy e guess, mas nunca para o som em
for the sound in age or the sound in the age ou o som no nome da letra g.
name of the letter g.

48. A few other symbols are needed to Alguns outros símbolos são necessários para
supplement the regular alphabet. suplementar o alfabeto comum.
49. The phonetic symbols we will use are Os símbolos fonéticos que vamos usar fazem
part of the set approved by the parte do conjunto aprovado pela Associação
International Phonetic Association, a de Fonética Internacional, um órgão fundado
body founded in 1886 by a group of em 1886 por um grupo dos principais
leading phoneticians from France, foneticistas da França, Alemanha, Grã-
Germany, Britain, and Denmark. Bretanha e Dinamarca.

258
50. The complete set of IPA symbols is given O conjunto completo de símbolos do IPA é
in the chart on the inside covers of this dado nos quadros nas capas internas deste
book. It will be discussed in detail in livro. Isto será discutido em detalhes mais
Chapters 6 through 10. Because we often adiante neste livro. Como muitas vezes
need to talk about the symbols, the names precisamos falar sobre os símbolos, os nomes
that have been given to them are shown in que lhes foram atribuídos são mostrados na
the last column of Table 2.1. última coluna da Tabela 2.1.

51. The velar nasal at the end of rang is A velar nasal no final de rang foi escrita com
written with [ŋ], a letter n combined with [ŋ], uma letra n combinada com a cauda da
the tail of the letter g descending below letra g descendo abaixo da linha.
the line.
52. Some people call this symbol eng; others Algumas pessoas chamam esse símbolo de
pronounce it angma. The symbol [ɵ], an eng; outros a pronunciam angma. O símbolo
upright version of the Greek letter theta, [ɵ], uma versão vertical da letra grega theta,
is used for the voiceless dental fricative in é usada para a fricativa interdental surda em
words such as thigh, thin, thimble, ether, palavras como thigh, thin, thimble, ether,
breath, and mouth. breath, mouth.
53. The symbol [ð], called eth, is derived O símbolo [ð], chamado de eth, é derivado de
from an Anglo-Saxon letter. It is used for uma letra anglo-saxônica. É usada para o
the corresponding voiced sound in words fonema sonoro correspondente em palavras
such as thy, then, them, and breathe. Both como thy, then, them, breathe. Ambos os
these symbols are ascenders (letters that símbolos são ascendentes (letras que
go up from the line of writing rather than ultrapassam a linha de escrita para cima, em
descending below it). vez de descer abaixo da linha).
54. The spelling system of the English O sistema ortográfico da língua inglesa não
language does not distinguish between [ɵ] distingue entre [ɵ] e [ð]. Ambos são escritos
and [ð], They are both written with the com as letras th em pares, como em thigh, thy.
letters th in pairs such as thigh, thy.

259
55. The symbol for the voiceless palato- O símbolo da fricativa palato-alveolar (pós-
alveolar (post-alveolar) fricative [ʃ] (long alveolar) surda [ʃ] (o “s” longo) em shy,
s) in shy, sheep, rash is both an ascender sheep, rash é tanto ascendente quanto
and a descender. It is like a long, descendente. É como um s longo, esticado
straightened s going both above and indo tanto acima como abaixo da linha de
below the line of writing. escrita.
56. The corresponding voiced symbol [ʒ] is O símbolo vozeado correspondente [ʒ] é
like a long z descending below the line. como um z longo descendo a linha. Este som
This sound occurs in the middle of words ocorre no meio de palavras como vision,
such as vision, measure, leisure and at the measure, leisure e no início de palavras
beginning of foreign words such as the estrangeiras, como as palavras francesas
French Jean, gendarme, and foreign Jean, gendarme e nomes estrangeiros como
names such as Zsa Zsa. Zsa Zsa.

57. The sound at the beginning of the word O som no início da palavra rye foi
rye is symbolized by [ɹ], an upside-down simbolizado por [ɹ], uma letra r de cabeça
letter r. It might not matter too much in para baixo. Pode não importar muito ao
transcribing English whether we use the transcrevermos o inglês se usamos o r [ɹ] ou
turned r [ɹ] or the regular [r] to write the o [r] normal para escrevermos o primeiro
first sound of rye, but in order to be som de rye, mas para sermos consistentes
consistent with the conventions of the com as convenções do IPA usaremos [ɹ].
IPA we will use [ɹ].
58. You see, the most common r sound in the Veja você, o som de r mais comum nas
world’s languages is the trilled or rolled línguas do mundo é o [r] trill ou o rolled. que
[r] that is found in Spanish, Finish, é encontrado em espanhol, finlandês, russo,
Russian, Arabic, Persian, Thai, and so on. árabe, persa, tailandês, e assim por diante.
Reflecting its use as a general phonetic Refletindo a sua utilização como alfabeto
alphabet, then, the IPA uses the most fonético geral, o IPA usa a variante mais
common variant of the letter for the most comum da letra para a variante mais comum
common variant of the sound. do som.

260
59. This raises the issue that different books Isso levanta a questão de que diferentes livros
on phonetics use different forms of sobre fonética usam diferentes formas de
phonetic transcription. In this book, transcrições fonéticas. Neste livro, onde nos
where we are concerned with general preocupamos com a fonética geral, usamos o
phonetics, we use the IPA symbol [j] for símbolo do IPA [j] para o som inicial em yes,
the initial sound in yes, yet, yeast because yet, yeast porque o IPA reserva o símbolo [y]
the IPA reserves the symbol [y] for para outro som, a vogal na palavra francesa
another sound, the vowel in the French tu.
word tu.
60. Another reason for using [j] is that in Outra razão para usar [j] é que, em muitas
many languages (German, Dutch, línguas (alemão, holandês, norueguês, sueco
Norwegian, Swedish, and others) this e outras), esta letra é usada em palavras como
letter is used in words such as ja, which ja, que são pronunciadas com um som que no
are pronounced with a sound that in the sistema de ortografia do inglês seria escrito
English spelling system would be written com a letra y. Livros que se preocupam
with the letter y. Books that are concerned apenas com a fonética do inglês costumam
only with the phonetics of English often usar [y] onde este usa [j].
use [y] where this one uses [j].
61. Some books on phonetics also use [š] and Alguns livros de fonética também usam [š] e
[Ž] in place of the IPA symbols [J] and [Ž] no lugar dos símbolos do IPA [ʃ] e [ʒ],
[3], respectively. The first and last sounds respectivamente. O primeiro e o último som
in both church and judge are transcribed nas palavras church e judge são transcritos
with the digraph symbols [tʃ] and [dʒ] com os símbolos dígrafos [tʃ] e [dʒ].

62. These affricate sounds are phonetically a Estes sons africados são foneticamente uma
sequence of a stop followed by a fricative sequência de uma oclusiva seguida por uma
(hence the IPA symbols for them are fricativa (daí os símbolos do IPA para eles
digraphs), yet they function in English as serem dígrafos), e eles funcionam em inglês
if they are really a single unit, comparable como se fossem realmente uma unidade,
in some ways to other stop consonants. comparável de algumas maneiras a outras
consoantes oclusivas.

261
63. You can see that a word such as choose Você pode ver que uma palavra como choose
might be said to begin with [tʃ] if you pode ser dita começando com [tʃ] se você
compare your pronunciation of the comparar sua pronúncia das frases white
phrases white shoes and why choose. shoes e why choose.
64. In the first phrase, the [t] is at the end of Na primeira frase, o [t] está no final de uma
one word and the [ʃ] at the beginning of palavra e o [ʃ] no início da próxima; mas na
the next; but in the second phrase, these segunda frase, esses dois sons ocorrem juntos
two sounds occur together at the no início da segunda palavra.
beginning of the second word.
65. The difference between the two phrases A diferença entre as duas frases está em um
is one of the timing of the articulations dos momentos das articulações envolvidas. A
involved. The affricate in why choose has africada em why choose tem um início
a more abrupt fricative onset, and the fricativo mais abrupto, e o tempo da oclusiva
timing of the stop and fricative is more e fricativa é mais rígido do que o tempo da
rigid than is the timing of the sequence in sequência em white shoes.
white shoes.
66. Also, for some speakers, the final [t] of Além disso, para alguns falantes, o [t] final de
white may be said with simultaneous white pode ser dito com oclusivas glotais e
alveolar and glottal stops, while the [t] in alveolares simultâneas, enquanto que [t] na
the affricate [tʃ] is never said with glottal africada [tʃ] nunca é dito com oclusiva glotal.
stop.
67. Other pairs of phrases that demonstrate Outros pares de frases que demonstram esse
this point are heat sheets versus he cheats ponto são heat sheets versus he cheats e
and might shop versus my chop. There are might shop versus my chop. Não há pares de
no pairs of phrases illustrating the same frases que ilustram o mesmo ponto para a
point for the voiced counterpart [dʒ] contraparte sonora [dʒ] encontrada em jar,
found in jar, gentle, age, because no gentle, age, porque nenhuma palavra em
English word begins with [ʒ]. inglês começa com [ʒ].

262
68. Some other books on phonetics Alguns outros livros de fonética transcrevem
transcribe [tʃ] and [dʒ] (as in church and [tʃ] e [dʒ] (como em church e em judge) com
judge) with single symbols, such as [Č] símbolos simples, como [Č] e [J̌]. Essas
and [J̌]. These transcriptions highlight the transcrições destacam o fato de que as
fact that affricates are single units by africadas são unidades simples que usam uma
using a single letter to transcribe them. única letra para transcrevê-las.

69. We will see that some linguistic Veremos que alguns segmentos linguísticos
segments have two phonetic elements têm dois elementos fonéticos (por exemplo,
(e.g., vowel diphthongs) and it is usually ditongos vocálicos) e geralmente é
helpful to represent both of the elements importante representar ambos os elementos
in phonetic transcription. When we wish na transcrição fonética. Quando desejamos
to make perfectly clear that we are writing deixar perfeitamente claro que estamos
an affricate and not a consonant cluster, escrevendo uma africada e não um grupo de
the ligature symbol [ ͡ ] is used to tie consoantes, o símbolo de ligadura [ ͡ ] é usado
symbols together. para "amarrar" símbolos.
70. Thus, the affricate in why choose can be Assim, a africada em why choose pode ser
written [t͡ʃ] to distinguish it from the escrito [t͡ʃ] para distingui-la do grupo [tʃ] em
cluster [tʃ] in white shoes. The glottal stop white shoes. A oclusiva glotal que inicia
that begins words that are spelled with an palavras que são escritas com uma vogal
initial vowel (recall the example from inicial (lembremo-nos do exemplo do
Chapter 1 of the difference between flee capítulo 1 que trata da diferença entre flee
east and fleeced) is written phonetically east e fleeced) que é escrita foneticamente
with [ʔ], a symbol based on the question com [ʔ], um símbolo baseado no ponto de
mark. So flee east is pronounced [fli?ist], interrogação. Então, flee east é pronunciado
while fleeced is [flist]. [fliʔist], enquanto fleeced é [flist].
71. The status of glottal stop as a consonant O status da oclusiva glotal como um fonema
phoneme in English is questionable consonantal em inglês é questionável porque
because its distribution is limited. Where sua distribuição é limitada. Onde outras
other consonants may appear in a variety consoantes podem aparecer em uma
of positions in words (e.g., note the [k] in variedade de posições em palavras (por

263
cat, scab, back, active, across, etc.), exemplo, observe o [k] em cat, scab, back,
glottal stop only occurs at the beginnings active, across, etc.), uma oclusiva glotal
of words (i.e., word-initially) before ocorre apenas no começo das palavras (ou
vowels in American English. seja, em onset) antes de vogais no inglês
americano.
72. Compare the pronunciation of east [ʔist] Compare a pronúncia de east [ʔist] e yeast
and yeast [jist]. The “vowel initial” [jist]. A palavra da "vogal inicial" east é
word east is pronounced with an-initial pronunciada com uma oclusiva glotal inicial.
glottal stop. In London Cockney, glottal Em Cockney, a oclusiva glotal também
stop also appears between vowels in aparece entre vogais em palavras como
words like butter and button where other butter e bottom, onde outros dialetos têm uma
dialects have a variant of [ t]. variante de [t].

73. In American casual speech, the final [t] Na fala casual americana, o [t] no final de
in words like cat and bat can be palavras como cat e bat pode ser
“glottalized”—replaced by glottal stop, or "glotalizado" - substituído por uma oclusiva
more usually pronounced with glotal, ou mais comumente pronunciado com
simultaneous glottal stop (e.g., [ba͡tʔ] and oclusiva glotal simultânea (por exemplo,
[kæ͡tʔ]). [bæ͡tʔ] e [kæ͡tʔ]).

74. There is one minor matter still to be Há uma questão menor ainda a ser
considered in the transcription of the considerada na transcrição dos contrastes
consonant contrasts of English. consonantais do inglês.

75. In most forms of both British and Na maioria das formas do inglês britânico e
American English, which does not americano, which não contrasta com witch.
contrast with witch. Accordingly, both Consequentemente, ambos why e we, na
why and we in Table 2.1 are said to begin Tabela 2.1, começam simplesmente com [w].
simply with [ w ]. But some speakers of Mas alguns falantes de inglês contrastam
English contrast pairs of words such as pares de palavras como which, witch; why,
which, witch, why, wye; whether, wye; whether, weather.
weather.

264
76. The first consonants of each of these A primeira consoante de cada um desses
pairs of words sounds a little like the pares de palavras soa um pouco como a
sequence [hw] and that is a reasonable sequência [hw] e essa é uma maneira
way to transcribe this voiceless w, but razoável de transcrever este w desvozeado,
naturally the IPA provides a contrastive mas, naturalmente, o IPA fornece um
symbol [ʍ] that can be used to record this símbolo contrastivo [ʍ] que pode ser usado
constrastive sound. para registrar esse som contrastivo.
77. THE TRANSCRIPTION OF VOWELS A TRANSCRIÇÃO DAS VOGAIS
78. The transcription of the contrastive A transcrição das vogais contrastivas (os
vowels (the vowel phonemes) in English fonemas vocálicos) em inglês é mais difícil
is more difficult than the transcription of do que a transcrição das consoantes por duas
consonants for two reasons. razões.

79. First, accents of English differ more in Em primeiro lugar, os sotaques do inglês
their use of vowels than in their use of diferem mais no seu uso de vogais do que no
consonants. Second, authorities differ in seu uso de consoantes. Em segundo lugar, as
their views of what constitutes an autoridades diferem em suas opiniões sobre o
appropriate description of vowels. que constitui uma descrição apropriada das
vogais.

80. Taking the same approach in looking for Tomando a mesma abordagem na busca por
contrasting vowels as we did for vogais contrastivas como fizemos para
contrasting consonants, we might try to consoantes contrastivas, podemos tentar
find a minimal set of words that differ encontrar um conjunto mínimo de palavras
only in the vowel sounds. que diferem apenas nos sons das vogais.
81. We could, for example, look for Poderíamos, por exemplo, procurar
monosyllables that begin with [h] and end monossílabos que começam com [h] e
with [d] and supplement this minimal set terminam com [d] e complementar este
with other lists of monosyllables that conjunto mínimo com outras listas de
contrast only in their vowel sounds. monossílabos que contrastam apenas em seus
sons vocálicos.

265
82. Table 2.2 shows five such sets of words. A Tabela 2.2 mostra cinco desses conjuntos
You should listen to the recordings of de palavras. Você deve ouvir as gravações
these words on the website while reading dessas palavras no site enquanto lê a seguinte
the following discussion of the vowels. discussão sobre as vogais. Consideraremos
We will consider one form of British and uma forma de inglês britânico e uma forma
one form of American English. de inglês americano.
83. Table 2.2 Tabela 2.2
84. The major difference between the two is A principal diferença entre os dois é que os
that speakers of American English falantes do inglês americano pronunciam os
pronounce [r] sounds after vowels, as well sons do [r] após vogais, bem como antes
as before them, whereas in most forms of delas, enquanto na maioria das variedades do
British English, [r] can occur only before inglês britânico, o [r] pode ocorrer apenas
a vowel. antes de uma vogal.
85. American English speakers distinguish Os falantes do inglês americano distinguem
between words such as heart and hot not palavras como heart e hot sem fazer
by making a difference in vowel quality diferença na qualidade da vogal (como no
(as in Peter Ladefoged’s form of British inglês britânico de Peter Ladefoged), mas sim
English), but rather by pronouncing heart pronunciando heart com [r] e hot com a
with an [r] and hot with the same vowel mesma vogal, mas sem [r] na sequência.
but without an [r] following it.
86. In here, hair, hire, these speakers may use Em here, hair, hire, esses falantes podem
vowels similar to those in he, head, high usar vogais semelhantes às de he, head, high
respectively, but in each case with a respectivamente, mas em cada caso seguido
following [r]. por um [r].

87. Most speakers of British English A maioria dos falantes do inglês britânico
distinguish these words by using different distingue essas palavras usando ditongos
diphthongs—movements from one vowel diferentes movimentos de uma vogal para
to another within a single syllable. outra dentro da mesma sílaba.

266
88. Even within American English, there are Mesmo dentro do inglês americano, existem
variations in the number of contrasting variações no número de vogais contrastivas
vowels that occur. que ocorrem.

89. Many Midwestern speakers and most Muitos falantes do Centro-Oeste e a maioria
speakers in the western half of the United dos falantes da metade Oeste dos Estados
States do not distinguish between the Unidos não distinguem entre as vogais em
vowels in pairs of words such as odd, pares de palavras, como odd, awed e cot,
awed and cot, caught. caught.
90. Some forms of American English make Algumas formas do inglês americano fazem
additional distinctions not shown in Table distinções adicionais não mostradas na
2.2. Tabela 2.2.
91. For example, some speakers (mainly Por exemplo, alguns falantes (principalmente
from the East Coast) distinguish the da costa Leste) distinguem o verbo auxiliar
auxiliary verb can from the noun can, the can (poder) do substantivo can (lata), o
latter being more diphthongal. último sendo mais ditongal.
92. But we will have to overlook these small Mas teremos que ignorar essas pequenas
differences in this introductory textbook. diferenças neste livro introdutório.

93. There are several possible ways of Existem várias formas possíveis de
transcribing the contrasting vowels in transcrever as vogais contrastivas na Tabela
Table 2.2. The two principal forms that 2.2. As duas formas principais que serão
will be used in this book are shown in the usadas neste livro são mostradas na primeira
first and second columns. The first e segunda colunas. A primeira coluna é
column is suitable for many forms of adequada a muitas formas do inglês
American English and the second for americano e a segunda a muitas formas do
many forms of British English. inglês britânico.

94. The two columns have been kept as As duas colunas foram mantidas do modo
similar as possible; as you will see in mais similar possível; como você verá no

267
Chapter 4, we have tried to make the Capítulo 4, tentamos tornar as transcrições
transcriptions reasonably similar to those razoavelmente semelhantes às de autoridades
of well-known authorities on the bem conhecidas na fonética do inglês.
phonetics of English.
95. As in the case of the consonant symbols, Como no caso dos símbolos das consoantes,
the vowel symbols in Table 2.2 are used os símbolos das vogais na Tabela 2.2 são
in accordance with the principles of the usados de acordo com os princípios do IPA.
IPA. Those symbols that have the same Os símbolos que têm as mesmas formas que
shapes as ordinary letters of the alphabet as letras comuns do alfabeto representam
represent sounds similar to the sounds sons semelhantes aos sons que essas letras
these letters have in French or Spanish or possuem em francês ou espanhol ou italiano.
Italian.
96. Actually, the IPA usage of the vowel Na verdade, o uso das vogais no IPA é o da
letters conforms with usage in the great grande maioria das línguas do mundo quando
majority of the world’s languages when são escritas com o alfabeto romano, incluindo
they are written with the Roman alphabet, línguas tão diversas como o Suaíli, Turco e
including such diverse languages as Navajo.
Swahili, Turkish, and Navajo.
97. The present spelling of English reflects A ortografia atual do inglês reflete a forma
the way it sounded many centuries ago como ele soava há muitos séculos quando
when it still had vowel letters with values ainda tinha vogais com valores semelhantes
similar to those of the corresponding aos das letras correspondentes em todas essas
letters in all these other languages. outras línguas.

98. One of the principal problems in Um dos principais problemas na transcrição


transcribing English phonetically is that fonética do inglês é que há mais sons de
there are more vowel sounds than there vogais do que as letras vogais no alfabeto.
are vowel letters in the alphabet. In a Em uma transcrição da palavra inglesa sea
transcription of the English word sea as como em [si], o [i] representa um som
[si], the [i] represents a similar (but not semelhante (mas não idêntico) ao que é o si
do espanhol ou do italiano.

268
identical) sound to that in the Spanish or
Italian si.
99. But unlike Spanish and Italian, English Mas, ao contrário do espanhol e do italiano, o
differentiates between vowels such as inglês diferencia entre as vogais, como
those in seat, sit, and heed, hid. The aquelas em seat, sit, e heed, hid. As vogais
vowels in seat, heed differ from those in em seat, heed diferem daquelas em sit, hid de
sit, hid in two ways: They have a slightly duas maneiras: têm uma qualidade
different quality and they are longer. ligeiramente diferente e são mais longas.
100. Because the vowels in sit, hid are Como as vogais em sit, hid são de alguma
somewhat like those in seat, heed, they forma semelhantes àquelas em seat, heed,
are represented by the symbol, a small elas são representadas pelo símbolo [ɪ], um
capital I. The difference in length may pequeno I maiúsculo. A diferença de
also be shown by adding the symbol [:], comprimento também pode ser representada
which, as we will see later, can be used pela adição do símbolo [:], que, como
when it is necessary veremos mais adiante, pode ser usado quando
é necessário
101. to distinguish sounds that differ in length. Para distinguir sons que diferem em
Adding this symbol to some vowels comprimento. Adicionar este símbolo a
shows additional phonetic detail, but it algumas vogais mostra detalhes fonéticos
isn’t necessary in a phonemic adicionais, mas não é necessário em uma
transcription because words in English transcrição fonêmica porque as palavras em
aren’t distinguished, for example, by long inglês não são distinguidas, por exemplo, por
and short [i:] and [ɪ]. [i:] longo e [ɪ] curto.

102. The vowels in words such as hay, bait, As vogais em palavras como hay, bait, they
they are transcribed with a sequence of são transcritas com uma sequência de dois
two symbols, [ ei], indicating that for símbolos, [eɪ], indicando que, para a maioria
most speakers of English, these words dos falantes do inglês, essas palavras contêm
contain a diphthong. The first element in um ditongo. O primeiro elemento neste
this diphthong is similar to sounds in ditongo é semelhante a sons em espanhol ou

269
Spanish or Italian that use the letter e, italiano que usam a letra e, como a palavra
such as the Spanish word for ‘milk,’ em espanhol para "milk", que é escrito leche
which is written leche and pronounced e pronunciado [letʃe].
[letje].
103. The second element in the English words O segundo elemento nas palavras em inglês,
hay, bait, they is [ɪ], the symbol used for hay, bait, they, é [ɪ], o símbolo usado para
transcribing the vowel in hid. Two transcrever a vogal em hid. Dois símbolos
symbols that are not ordinary letters of the que não são letras comuns do alfabeto, [ɛ] e
alphabet, [ɛ] and [æ], are used for, the [æ], são usados para as vogais em head e had,
vowels in head and had, respectively. respectivamente.

104. The first is based on the Greek letter O primeiro é baseado na letra grega epsilon e
epsilon and the second on the letters a and o segundo nas letras a e e unidas. Eles podem
e joined together. They may be referred to ser referidos pelos nomes epsilon e ash.
by the names epsilon and ash.

105. Most Americans use the same vowel A maioria dos americanos usa o mesmo som
sound in the words heart and hot and can de vogal nas palavras heart e hot e podem
use one form of the letter a. They would utilizar apenas uma forma da letra a. Eles
transcribe these words as [haɹt] and [hɑt]. transcreveriam essas palavras como [haɹt] e
[hɑt].

106. But some East Coast Americans and Mas alguns americanos da Costa Leste e
speakers of British English who do not falantes de inglês britânico que não
pronounce [ɹ] sounds after a vowel pronunciam sons de [ɹ] depois de uma vogal
distinguish between these words by the distinguem essas palavras pelas qualidades
qualities of the vowels and have to use das vogais e têm que usar duas formas
two different forms of the letter a. They diferentes da letra a. Eles transcreveriam
would transcribe these words as [hɑt] and essas palavras como [hɑt] e [hɒt].
[hɒt].

270
107. Most speakers of British forms of A maioria dos falantes dos dialetos
English, and many American speakers, britânicos do inglês e muitos falantes
americanos distinguem entre pares de
distinguish between pairs of words such
palavras, como cot, caught; not, naught.
as cot, caught, not, naught.
108. The symbol [ͻ], an open letter o, may be O símbolo [ͻ], uma letra o aberta, pode ser
used in the second of each of these pairs usado no segundo de cada um desses pares de
of words and in words such as bawd, palavras e em palavras como bawd, bought,
bought, law. Many Midwestern and law. Muitos falantes do Centro-oeste e
Western American speakers do not need extremo Oeste americano não precisam usar
to use this symbol in any of these words, este símbolo em nenhuma dessas palavras,
as they do not distinguish between the pois não distinguem entre as vogais em
vowels in words such as cot and caught. palavras como cot e caught.
109. They may have different vowels in words Eles podem ter vogais diferentes em palavras
in which there is a following [ɹ] sound, nas quais há um som de [ɹ] na sequência,
such as horse, hoarse, but if there is no como horse, hoarse, mas se não há oposição
opposition between cot, caught or not, entre cot, caught ou not, naught, não há
naught, there is no need to mark this necessidade de marcar essa diferença usando
difference by using the symbol [ͻ ]. o símbolo [ͻ].
110. Doing so would simply be showing extra Fazer isso simplesmente mostraria detalhes
phonetic detail, straying from the fonéticos extras, desviando-se do princípio
principle of showing just the differences de mostrar apenas as diferenças entre os
between phonemes. Another special fonemas. Outro símbolo especial é usado
symbol is used for the vowel in hood, para a vogal em hood, could, good. Este
could, good. This symbol, [ʊ], may be símbolo, [ʊ], pode ser pensado como uma
thought of as a letter u with the ends letra u com as extremidades enroladas. A
curled out. The vowel in hoe, dough, code vogal em hoe, dough, code é um ditongo.
is a diphthong.

111. For most American English speakers, the Para a maioria dos falantes do inglês
first element is very similar to sounds that americano, o primeiro elemento é muito
are written in Spanish or Italian with the semelhante a sons escritos em espanhol ou

271
letter o. Many speakers of English from italiano com a letra o. Muitos falantes de
the southern parts of Britain use a inglês das partes do sul da Grã-Bretanha
different sound for the first element of the usam um som diferente para o primeiro
diphthong in these words, which we will elemento do ditongo nestas palavras, que
symbolize with [ə], an upside-down letter simbolizaremos com [ə], uma letra e de
e called schwa. cabeça para baixo chamada de schwa.
112. We will discuss this sound more fully in Vamos discutir este som mais completamente
a later section. The final element of the em uma seção adiante. O elemento final do
diphthong in words such as hoe and code ditongo em palavras como hoe e code é algo
is somewhat similar to the vowel [ʊ] in semelhante à vogal [ʊ] em hood. Uma letra v
hood. An upside-down letter v, [ʌ], is invertida, [ʌ], é usada para a vogal em
used for the vowel in words such as bud palavras como bud, hut. Este símbolo às
and hut. This symbol is sometimes called vezes é chamado de wedge.
wedge.
113. The sound is very similar to [ə], the O som é muito semelhante ao [ə] o som que
sound we noted at the beginning of some notamos no início de alguns dos ditongos do
of the diphthongs in British English. This inglês britânico. Este símbolo é normalmente
symbol is usually called by its German chamado por seu nome alemão schwa. Outro
name schwa. Another symbol, [ɜ], a símbolo, [ɜ], uma forma invertida da letra
reversed form of the Greek letter epsilon, grega epsilon, é usado para o som em pert,
is used for the sound in pert, bird, curt as bird, curt como pronunciado pela maioria dos
pronounced by most speakers of British falantes do inglês britânico e por aqueles
English and those speakers of American falantes do inglês americano que não têm um
English who do not have an [ɹ] in these [ɹ] nessas palavras.
words.
114. In most forms of American English, the r Na maioria das formas do inglês americano,
in these words is fully combined with the o r é totalmente combinado com a vogal, e o
vowel, and the symbol [ɚ] is used. The símbolo [ɚ] é usado. O pequeno gancho [˞]
little hook [˞] indicates the r-coloring of indica o traço rótico da vogal. Um nome um
the vowel. A somewhat whimsical name tanto estranho para [ɚ] é schwar. As
for [ɚ] is schwar. The next three words in próximas três palavras na tabela 2.2 contêm

272
Table 2.2 contain diphthongs composed ditongos compostos por elementos já
of elements that have been discussed discutidos.
already.
115. The vowel in hide [haId] begins with a A vogal em hide [haId] começa com um som
sound between that of the vowel in cat entre o da vogal em cat [kæt] e aquela em
[kæt] and that in hard [hɑd] or [hɑrd], and hard [hɑd] ou [hɑrd], e se move em direção à
moves toward the vowel [ɪ] as in hid [hid]. vogal [ɪ] como em hid [hɪd]. O símbolo [a] é
The symbol [a] is used for the first part of- usado para a primeira parte deste ditongo. A
this diphthong. The vowel in how [aʊ] vogal em how [aʊ] começa com um som
begins with a similar sound but moves semelhante, mas se move em direção a [ʊ]
toward [ʊ] as in hood. The vowel in boy como em hood. A vogal em boy [bͻI] é uma
[bͻI] is a combination of the sound [ͻ] as combinação do som [ͻ] como em bawd e [ɪ]
in bawd and [ɪ] as in hid. como em hid.

116. Most Americans pronounce the A maioria dos americanos pronuncia as


remaining words in Table 2.2 with one of palavras restantes da tabela 2.2 com uma das
the other vowels followed by [ɹ], while outras vogais seguidas de [ɹ], enquanto a
most British English speakers have maioria dos falantes do inglês britânico
additional diphthongs in these words. In realizam ditongos adicionais nessas palavras.
each case, the end of the diphthong is [ə], Em cada caso, o final do ditongo é [ə], o
the same symbol we used for the mesmo símbolo que usamos para o início do
beginning of the diphthong in hoe for ditongo em hoe para a maioria dos falantes do
most British English speakers. inglês britânico.
117. We will discuss this symbol further in the Discutiremos este símbolo adiante no
next paragraph. próximo parágrafo.

118. Some (usually old-fashioned) British Alguns falantes do inglês britânico


English speakers also use a diphthong in (normalmente os antigos) também usam um
words like poor, cure that can be ditongo em palavras como poor, cure, que
transcribed as [ʊə]. Some people have a podem ser transcritas como [ʊə]. Algumas

273
diphthong [aə] in words such as fire, hire pessoas realizam um ditongo [aə] em
[faə, haə]. . palavras como fire, hire [faə, haə].
119. Others pronounce these words as two Outras pronunciam estas palavras com duas
syllables (like higher, liar), transcribing sílabas (como higher, liar) transcrevendo-as
them as [fare, hare]. The words in Table como [faIə, haIə]. As palavras na Tabela 2.2
2.2 are all monosyllables except for ahoy. são todas monossílabas, exceto ahoy.

120. Consequently, none of them contains Consequentemente, nenhuma delas contém


both stressed and unstressed vowels. By vogais tônicas e átonas. De longe, a vogal
far, the most common unstressed vowel is não-tônica mais comum é [ə], schwa.
[a], schwa.
121. It occurs at the ends of words such as Ocorre nos finais de palavras como sofa, soda
sofa, soda [‘soʊfə, 'soʊdə], in the middles [‘soʊfə, 'soʊdə], no meio de palavras como
of words such as emphasis, demonstrate emphasis, demonstrate ['ɛmfəsIs,
['ɛmfəsIs,‘dɛmənstreIt], and at the ‘dɛmənstreIt], e no começo de palavras como
beginnings of words such as around, arise em around, arise [ə'raʊnd, ə'raIz]. (Em todas
[ə'raʊnd, ə'raIz], (In all these words, the estas palavras, o símbolo ['] é uma marca de
symbol ['] is a stress mark that has been acento que foi colocada antes da sílaba que
placed before the syllable carrying the carrega a sílaba mais forte.
main stress.
122. It is almost always a good idea to mark É uma boa ideia marcar a sílaba tônica em
stress in words of more than one syllable.) palavras de mais de uma sílaba). Uma
One common recommendation in recomendação comum na transcrição do
transcribing English is to reserve [ə] for inglês é reservar [ə] para uso apenas em
use in unstressed syllables only, but many sílabas átonas, mas muitos falantes do inglês
speakers of American English produce americano produzem palavras como bud e
words such as bud and hut with [ə] rather hut com [ə] ao invés de [ʌ].
than with [ʌ].
123. For these speakers, the stressed and Para esses falantes, as vogais tônicas e
unstressed vowels in words such as above átonas, em palavras como above e among

274
and among differ more in duration than in diferem mais em duração do que na qualidade
vowel quality—[ə'bə:v] and [əmə:ŋ]. da vogal - [ə'bə:v] e [əmə:ŋ].

124. In British English, [ə] is usually the sole No inglês britânico, [ə] geralmente é o único
component of the -er part of words such componente da parte -er de palavras como
as brother, brotherhood, simpler ['brʌðə, brother, brotherhood, simpler ['brʌðə,
'brʌðəhʊd, 'sɪmplə]. In forms of American 'brʌðəhʊd, 'sɪmplə]. Em formas do inglês
English with r-colored vowels, these americano com vogais róticas, estas palavras
words are usually ['brʌðɚ, 'brʌðɚhʊd, são geralmente ['brʌðɚ, 'brʌðɚhʊd, 'sɪmplɚ].
'sɪmplɚ].
125. Both [a] and [a-] are very common Ambos [ə] e [ɚ] são vogais muito comuns, [ə]
vowels, [a] occurring very frequently in ocorrendo muito frequentemente em
unstressed monosyllables such as the monossílabos não tônicos, como as palavras
grammatical function words the, a, to, de função gramatical, the, a, to, e but. Na fala
and, but. In connected speech, these conectada, essas palavras geralmente são [ðə,
words are usually [5a, a, ta, and, bat]. ə, tə, ənd, bət]. Algumas das outras vogais
Some of the other vowels also occur in também ocorrem em sílabas átonas, mas
unstressed syllables, but because of devido às diferenças de sotaques do inglês, é
differences in accents of English, it is a um pouco mais difícil dizer qual vogal ocorre
little more difficult to say which vowel em qual palavra.
occurs in which word.
126. For example, nearly all speakers of Por exemplo, quase todos os falantes de
English differentiate between the last inglês diferenciam entre as últimas vogais em
vowels in Sophie, sofa or pity, patter. But Sophie, sofa ou pitty, patter. Mas alguns
some accents have the vowel [i] as in heed sotaques têm a vogal [i] como em heed no
at the end of Sophie and pity. Others have final de Sophie, pitty. Outros têm [ɪ] como em
[ɪ] as in hid. Similarly, most accents make hid. Da mesma forma, a maioria dos sotaques
the vowel in the second syllable of taxis faz a vogal na segunda sílaba de taxis
different from that in Texas. diferente daquela em Texas.
127. Some have [i] and some have [ɪ] in taxis. Alguns pronunciam [i] e outros [ɪ] em taxis.
Nearly everybody pronounces Texas as Quase todo mundo pronuncia Texas como

275
['tɛksəs]. (Note that in English, the letter ['tɛksəs]. (Observe que, em inglês, a letra x
x often represents the sounds [ks].) geralmente representa os sons [ks].) Compare
Compare your pronunciation of these a sua pronúncia dessas palavras com as
words with the recordings on the website gravações no site e decida quais vogais
and decide which unstressed vowels you átonas você usa. Este é um momento
use. This is an appropriate moment to start apropriado para começar a fazer alguns
doing some transcription exercises. exercícios de transcrição.

128. There are a large number of them at the Há um grande número deles no final deste
end of this chapter. capítulo.
129. To ensure that you have grasped the basic Para garantir que você apreendeu os
principles, you should try Exercises A princípios básicos, você deve tentar os
through D. exercícios A a D.
130. CONSONANT AND VOWEL QUADROS DAS CONSOANTES E
CHARTS VOGAIS

131. So far, we have been using the consonant Até agora, temos utilizado os símbolos das
and vowel symbols mainly as ways of consoantes e vogais principalmente como
representing the contrasts that occur formas de representar os contrastes que
among words in English. But they can ocorrem entre as palavras do inglês. Mas eles
also be thought of in a completely também podem ser pensados de uma maneira
different way. We may regard them as completamente diferente. Podemos
shorthand descriptions of the articulations considerá-los como descrições resumidas das
involved. articulações envolvidas.
132. Thus, [p] is an abbreviation for voiceless Desta forma, [p] é uma abreviatura para
bilabial stop, and [1] is equivalent to oclusiva bilabial surda e [l] é equivalente a
voiced alveolar lateral approximant. The aproximante lateral alveolar sonora. Os
consonant symbols can then be arranged símbolos consoantes podem então ser
in the form of a chart as in Figure 2.1. The organizados na forma de um gráfico como na
places of articulation are shown across the Figura 2.1. Os pontos de articulação são
top of the chart, starting from the most mostrados no topo do gráfico, começando a
forward articulation (bilabial) and going partir da articulação mais avançada (bilabial)

276
toward those sounds made in the back of e indo em direção aos sons feitos na parte de
the mouth (velar) and in the throat trás da boca (velar) e na garganta (glotal).
(glottal).
133. The manners of articulation are shown on Os modos de articulação são mostrados no
the vertical axis of the chart. By eixo vertical do gráfico. Por convenção, a
convention, the voiced-voiceless distinção surdo-sonoro é mostrada colocando
distinction is shown by putting the os símbolos surdos à esquerda dos símbolos
voiceless symbols to the left of the voiced sonoros. O símbolo [w] é mostrado em dois
symbols. The symbol [ w] is shown in two lugares no gráfico de consoantes na Figura
places in the consonant chart in Figure 2.1 2.1. (na página 46).
(on page 46).
134. This is because it is articulated with both Isso ocorre porque é articulado com um
a narrowing of the lip aperture, which estreitamento da abertura do lábio, o que o
makes it bilabial, and a raising of the back torna bilabial, e uma elevação da parte de trás
of the tongue toward the soft palate, da língua em direção ao palato mole, o que o
which makes it velar. The affricate torna velar. Os símbolos das africadas [tʃ] e
symbols [tʃ] and [dʒ] are not listed [dʒ] não estão listados separadamente na
separately in the table even though they tabela, embora sejam sons contrastivos em
are contrastive sounds in English. inglês.
135. Note that if we were to include them in Veja que, se os incluíssemos na tabela,
the table, we would have the problem of teríamos o problema de decidir se colocá-los
deciding whether to put them in the na coluna palato-alveolar (o ponto do
palato-alveolar column (the place of the elemento fricativo) ou na coluna alveolar (o
fricative element) or in the alveolar ponto do elemento oclusivo). O alfabeto
column (the place of the stop element). fonético internacional evita a imprecisão que
The international phonetic alphabet é inevitável quando o elemento oclusivo e o
avoids the inaccuracy that is inevitable elemento fricativo da africada têm um ponto
when the stop element and fricative de articulação diferente ao listar apenas
element of the affricate have different símbolos fricativos e oclusivos na tabela de
place of articulation by listing only stop consoantes.

277
and fricative symbols in the consonant
chart.
136. The symbols we have been using for the Os símbolos que temos utilizado para as
contrasting vowels may also be regarded vogais contrastivas também podem ser
as shorthand descriptions for different considerados descrições resumidas para
vowel qualities. There are problems in diferentes qualidades de vogal. Há problemas
this respect in that we have been using a este respeito, pois, temos utilizado esses
these symbols somewhat loosely, símbolos um tanto "livremente", permitindo
allowing them to have different values for que eles tenham valores diferentes para
different accents. sotaques diferentes.

137. But the general values can be indicated Mas os valores gerais podem ser indicados
by a vowel chart as shown in Figure 2.2 por um quadro de vogais como na Figura 2.2.
(on page 46). The symbols have been (na página 46). Os símbolos foram colocados
placed within a quadrilateral, which dentro de um quadrilátero, que mostra a
shows the range of possible vowel extensão das possíveis qualidades da vogal.
qualities.

138. Figure 2.1 A phonetic chart of the Figura 2.1 Um quadro fonético das
English consonants we have dealt with so consoantes do inglês com as quais lidamos
far. Whenever there are two symbols até agora. Sempre que há dois símbolos
within a single cell, the one on the left dentro de uma única célula, o da esquerda
represents a voiceless sound. All other representa um som desvozeado. Todos os
symbols represent voiced sounds. Note outros símbolos representam sons vozeados.
also the consonant [h], which is not on Observe também a consoante [h], que não se
this chart, and the affricates [tj, d3], which encontra neste quadro, e as africadas [tʃ] e
are sequences of symbols on the chart. [dʒ], que são sequências dos símbolos no
quadro.

139. Figure 2.2 A vowel chart showing the Figura 2.2 Um quadro das vogais mostrando
relative vowel qualities represented by as qualidades vocálicas relativas

278
some of the symbols used in transcribing representadas por alguns dos símbolos
English. The symbols [e, a, o] occur as the utilizados na transcrição do inglês. Os
first elements of diphthongs. símbolos [e,a,o] ocorrem como primeiros
elementos de ditongos.

140. Thus, [i] is used for a high front vowel, Assim, [i] é usado para uma vogal anterior
[u] for a high back one, [ i ] for a mid-high alta, [u] para uma posterior alta, [ɪ] para uma
front vowel, [ e ] for a raised mid-front vogal anterior média-alta, [e] para uma vogal
vowel, [ e ] for a mid-low, and so on. médio-anterior levantada, [ɛ] para uma
médio-baixa, e assim por diante.

141. The simple vowel chart in Figure 2.2 O quadro simples das vogais na Figura 2.2
shows only two of the dimensions of mostra apenas duas das dimensões da
vowel quality. If they are taken to be qualidade da vogal e se forem consideradas
descriptions of what the tongue is doing, descrições do que a língua está fazendo, essas
these dimensions are not represented very dimensões não são representadas com muita
accurately (as we will see in later precisão (como veremos em capítulos
chapters). posteriores).
142. Furthermore, Figure 2.2 does not show Além disso, a Figura 2.2 nada mostra sobre
anything about the variations in the as variações no grau de arredondamento dos
degree of lip rounding in the different lábios nas diferentes vogais, e nada indica
vowels, nor does it indicate anything sobre a duração da vogal. Não mostra, por
about vowel length. It does not show, for exemplo, que na maioria das circunstâncias,
example, that in most circumstances, [i] [i] e [u] são mais longas do que [ɪ] e [ʊ]. Os
and [u] are longer than [ɪ] and [ʊ]. The quadros de consoantes e vogais nos permitem
consonant and vowel charts enable us to compreender a observação feita no Capítulo
understand the remark made in Chapter 1, 1, quando dissemos que os sons do inglês
when we said that the sounds of English envolvem cerca de vinte e cinco gestos
involve about twenty-five different diferentes da língua e dos lábios.
gestures of the tongue and lips.

279
143. The consonant chart has twenty-three O quadro das consoantes tem vinte e três
different symbols, but only eleven basic símbolos diferentes, mas apenas 11 gestos
gestures of the tongue and lips are needed básicos da língua e dos lábios são necessários
to make these different sounds. The para fazer esses diferentes sons. Os sons [p,
sounds [p, b, m] are all made with the b, m] são todos feitos com o mesmo gesto do
same lip gesture, and [ t, d, n] and [k, g, q] lábio, e [t, d, n] e [k, g, ŋ] com os mesmos
with the same tongue gestures. gestos da língua.
144. (There are slight differences in timing (Existem pequenas diferenças no tempo em
when these gestures are used for making que esses gestos são usados para fazer os
the different sounds, but we will neglect diferentes sons, mas os negligenciaremos
them here.) Four more gestures are aqui.) Mais quatro gestos são necessários
required for the sounds in the fricative para os sons na linha fricativa, mais três para
row, three more for the (central) as aproximantes (centrais) e outro para a
approximants, and another one for the aproximante lateral, perfazendo onze ao todo.
lateral approximant, making eleven in all.
145. The vowel chart has fourteen symbols, O quadro das vogais tem catorze símbolos,
each of which may be considered to cada um dos quais pode ser considerado
require a separate gesture. But, as we have exigir um gesto separado. Mas, como vimos,
seen, accents of English vary in the os acentos (sotaques) do inglês variam no
number of vowels that they distinguish, número de vogais que distinguem, e é por
which is why we said that English isso que dissemos que o inglês requer cerca
requires about twenty- five different de vinte e cinco gestos diferentes da língua e
gestures of the tongue and lips. dos lábios.

146. All these sounds will also require Todos esses sons também exigirão gestos dos
gestures of the other three main outros três principais componentes do
components of the speech mechanism— mecanismo da fala: o processo de fluxo de ar,
the airstream process, the phonation o processo de fonação e o processo oro-nasal.
process, and the oro-nasal process. The O processo do fluxo de ar envolve pressionar

280
airstream process involves pushing air out o ar para fora dos pulmões por todos os sons
of the lungs for all the sounds of English. do inglês.
147. The phonation process is responsible for O processo de fonação é responsável pelos
the gestures of the vocal folds that gestos das cordas vocais que distinguem sons
distinguish voiced and voiceless sounds, vozeados e desvozeados, e o processo oro-
and the oro-nasal process will be active in nasal será ativo para elevar e abaixar o véu
raising and lowering the velum so as to palatino, de modo a distinguir os sons nasais
distinguish nasal and oral sounds. e orais.

148. PHONOLOGY FONOLOGIA


149. At the beginning of this chapter, we No início deste capítulo, discutimos outra
discussed another reason why it is only razão pela qual é apenas aproximadamente
approximately true that in our verdadeiro que, em nossas transcrições do
transcriptions of English, the symbols inglês, os símbolos têm os valores mostrados
have the values shown in Figures 2.1 and nas Figuras 2.1 e 2.2. No estilo de transcrição
2.2. In the style of transcription, we have que temos usado até agora, temos focado em
been using so far, we have focused on sons que são distintivos, ou fonêmicos em
sounds that are distinctive, or phonemic, inglês.
in English.
150. From this point on, we will use slash lines A partir deste ponto, usaremos barras / / para
II to mark off symbols when we are marcar os símbolos quando os usarmos
explicitly using them to represent a explicitamente para representar transcrições
phonemic transcription. fonêmicas.

151. As we have noted, it is also possible to Como observamos, também é possível incluir
include more phonetic information than mais informações fonéticas do que isso em
this in a phonetic transcription. uma transcrição fonética.
152. For example, the final It/ sound in words Por exemplo, o som do / t / final em palavras
such as hut and cat may be released with como hut e cat pode ser liberado com um
a puff of air [hʌtʰ] or may be pronounced sopro de ar [hʌtʰ] ou pode ser pronunciado
without a noisy release of the stop [hʌt']. sem uma liberação ruidosa da oclusiva [hʌt'].

281
153. This is the exact opposite of a contrastive Isto é o oposto exato de uma distribuição
phonetic distribution—in the case of the fonética contrastiva - no caso do sopro
released and unreleased [tʰ] and [t'], we produzido e do não produzido [tʰ] e [t'],
say that they are in free variation. It is dizemos que eles estão em variação livre. É
important to note that this pattern of importante notar que esse padrão de variação
variation is a property of English that may é uma propriedade do inglês que pode não ser
not be shared by other languages. compartilhada por outras línguas.
154. For example, final /t/ in Cantonese is Por exemplo, o [t] final em cantonês é quase
almost always unreleased, while released nunca produzido, enquanto as oclusivas
stops are the norm in Tsou. pronunciadas são a norma em tsou.

155. A much more interesting type of phonetic Um tipo de distribuição fonética muito mais
distribution occurs when phonetic interessante ocorre quando os padrões
patterns seem to be conditioned by fonéticos parecem estar condicionados por
particular environments. For example, ambientes particulares. Por exemplo,
we mentioned above that the /1/ of lip is mencionamos acima que [l] de lip é diferente
different from the /1/ of pill. When /1/ do [l] de pill. Quando o [l] ocorre no início de
occurs at the beginning of a syllable the uma sílaba, o corpo da língua é mantido baixo
body of the tongue is held low in the na boca, mas quando [l] ocorre no final de
mouth, but when /1/ occurs at the end of a uma sílaba, o corpo da língua é levantado na
syllable the body of the tongue is raised in boca.
the mouth.
156. In this case, the /1/ is described as Neste caso, o [l] é descrito como velarizado e
velarized and written with the diacritic escrito com uma marca diacrítica para a
mark for velarization [ɫ]. The distribution velarização [ɫ]. A distribuição desses dois
of these two III sounds is called a sons de [l] é chamada de distribuição
complementary distribution—the plain complementar - o [l] comum ocorre em um
[1] occurs in one environment (beginning ambiente (início da sílaba), e o [ɫ] velarizado
of the syllable), and the velarized [I] ocorre em outro ambiente (final da sílaba).
occurs in another environment (end of the
syllable).

282
157. A similar non-overlapping, or Um conjunto de ambientes similares, não
complementary, set of environments is sobrepostos ou complementares, é evidente
evident in the phonetic realization of the na realização fonética dos sons de 'p' nas
“p” sounds in the words peak and speak. palavras peak e speak. Em peak, o /p/ é
In peak the / p / is released with a puff of liberado com um sopro de ar, um ruído de
air, an aspiration noise, while the / p / in aspiração, enquanto o /p/ em speak é muito
speak is much less noisy. menos ruidoso.
158. This difference is written with the same Essa diferença é escrita com o mesmo
small superscript [ʰ] that we used above to pequeno sobrescrito [ʰ] que usamos acima
indicate the aspirated release of /t/ in para indicar a aspiração de /t/ em [kætʰ],
[kætʰ], so we write peak as [phik] and então escrevemos peak como [pʰik] e speak
speak as [spik]. como [spik].
159. The complementary variants [ph] and [p] As variantes complementares [pʰ] e [p] são
are called allophones of/p / because native chamadas alofones de /p/ porque os falantes
speakers think of them both as “p” sounds nativos pensam em ambos como sons de 'p' (e
(and probably don’t notice the phonetic provavelmente não notam a diferença
difference that we are pointing out here). fonética que estamos apontando aqui).

160. The three types of phonetic distributions Os três tipos de distribuição fonética estão
are illustrated in Figure 2.3. ilustrados na Figura 2.3.
161. In the first two types of distributions Nos dois primeiros tipos de distribuições
(contrast and free variation), the sounds (contraste e variação livre), os sons ocorrem
occur in overlapping distributions—for em distribuições sobrepostas - por exemplo,
example, the rhyming words of Table 2.1 as palavras de rima da Tabela 2.1 e os
and the minimal sets of Figure 2.2, and the conjuntos mínimos da Figura 2.2 e os
identical environments in which free ambientes idênticos em que ocorrem
variants occur—while in complementary variantes livres - enquanto que em
distribution the sounds never appear in distribuição complementar, os sons nunca
the same environment—syllable initial aparecem no mesmo ambiente - posição

283
versus syllable final position, or after an / inicial da sílaba versus posição final de
s / or not after an / s /. sílaba, ou após um / s / ou não após um / s /.

162. The different types of phonetic Os diferentes tipos de distribuições fonéticas


distributions have important ramifications têm ramificações importantes para a prática
for the practice of phonetic transcription, da transcrição fonética, mas antes de abordar
but before we turn to these issues we essas questões, gostaríamos de registrar um
would like to make one point: All of the ponto: Todas as variações fonéticas que
phonetic variations that we are discussing estamos discutindo aqui ocorrem na fala de
here occur in citation speech and are not citações e não são simplesmente as resultado
simply the result of sloppy speech or de fala desleixada ou falha em "atingir o
failing to “hit the target” when speaking alvo" quando se fala rapidamente.
quickly.
163. The noncontrastive phonetic variations As variações fonéticas não-contrastivas que
that we observe in free variation and observamos na variação livre e distribuição
complementary distribution are a part of complementar são parte do que o falante
what the native speaker knows about how nativo sabe sobre como dizer as palavras do
to say the words of the language. idioma.
164. That means that if you want to sound like Isso significa que, se você quiser soar como
a native speaker of a language, you have falante nativo de um idioma, você deve
to master the phonology of the language; dominar a fonologia do idioma; você não só
you not only have to learn how to say the precisa aprender a dizer os sons do idioma,
sounds of the language, but you also have mas também deve aprender as distribuições
to learn the distributions of the sounds. dos sons.

165. It also means that if we are to have an Isso também significa que, se quisermos ter
accurate phonetic description of a uma descrição fonética precisa de um idioma,
language, we must not only describe the não devemos descrever apenas os sons, mas
sounds but also the phonetic distributions também as distribuições fonéticas dos sons.
of the sounds.

284
166. When you look closely at the phonetics Quando você olha atentamente para a
of a language, the number of fonética de uma língua, o número de
complementary distributions is distribuições complementares é notável e
remarkable and remarkably complex. In extraordinariamente complexo. De fato, toda
fact, a whole subdiscipline of linguistics uma subdisciplina de linguística (fonologia)
(phonology) is dedicated to describing é dedicada a descrever padrões de
patterns of complementary distributions. distribuições complementares.

167. Figure 2.3 Phonetic variation comes in Figura 2.3 A variação fonética se divide em
three basic types: contrastive (also called três tipos básicos: contrastiva (também
phonemic or distinctive distribution), free chamada de distribuição distintiva ou
variation, or complementary distribution. fonêmica), variação livre ou distribuição
As the figure indicates, the difference complementar. Como indicado na figura, a
between contrastive distribution and free diferença entre distribuição contrastiva e
variation is that phonetic variation results variação livre é que a variação fonética
in different words in phonemic variation resulta em palavras diferentes nas variações
while phonetic variation does not result in fonêmicas enquanto a variação fonética não
a different word in free variation. resulta em uma palavra diferente na variação
livre.

168. Chapters 3 and 4 focus on several of the Os capítulos 3 e 4 se concentram em muitos


sound patterns of English, but it doesn’t dos padrões de som do inglês, mas não é
hurt to give a few more examples here, so incômodo disponibilizar mais alguns
you will get a flavor of why we need to exemplos aqui, então você terá um a amostra
think carefully about different types of de por que precisamos pensar
phonetic transcription. cuidadosamente a respeito de diferentes tipos
de transcrição fonética.

169. The symbols /1 / and / r / normally stand Os símbolos / l / e / r / normalmente


for voiced approximants. But in words representam aproximantes vozeados. Mas em

285
such as ply /plaɪ/ and try /traɪ/, the palavras como ply /plaɪ/ e try /traɪ/, a
influence of the preceding stops makes influência das oclusivas anteriores as torna
them voiceless. Vowel sounds also vary. surdas. Os sons das vogais também variam. O
The / i / in heed / hid / is usually very /i/ in heed /hid/ geralmente é muito diferente
different from the / i / in heel /hil/, and do /i/ em heel /hil/, e muito mais longo que o
much longer than the / i / in heat. /i/ in heat.

170. Many of the variations we have been Muitas das variações que discutimos podem
discussing can be described in terms of ser descritas em termos de declarações
simple statements about the phonetic simples sobre as distribuições fonéticas
distributions because the sound patterns porque os padrões de som são encontrados
are found in all words that have the em todas as palavras que possuem os
relevant phonetic environments. ambientes fonéticos relevantes.
171. In most forms of American English, for Na maioria das formas do inglês americano,
example, /t / becomes voiced not only in por exemplo, /t/ se torna sonoro não apenas
catty, but on all occasions when it occurs em catty, mas em todas as ocasiões, quando
immediately after a vowel and before an ocorre imediatamente após uma vogal e antes
unstressed vowel (e.g., in pity, matter, de uma vogal não tônica (por exemplo, em
utter, divinity, etc.). pitty, matter, utter, divinity, etc.).
172. In English of nearly all kinds, we also No inglês de quase todos os tipos, também
find that whenever /t/ occurs before a achamos que sempre que /t/ ocorre antes de
dental fricative, it is pronounced as a uma fricativa dental, é pronunciado como
dental stop. We can show that this is a uma oclusiva dental. Podemos mostrar que
different kind of /t/ by adding a small este é um tipo diferente de /t/ adicionando
mark [ ̪ ] under it, making it [t̪ ]. (As this uma pequena marca [ ̪ ] abaixo dele,
symbol is not representing a phonemic tornando-o [ t̪ ]. (Como este símbolo não
contrast, it is placed between [ ].) The representa um contraste fonêmico, ele é
same is true of /d/, as in width [wɪd̪ð]; /n/, colocado entre [ ].) O mesmo é verdadeiro
as in tenth [tɛn̪θ]; and /1/, as in wealth para /d /, como em width [wɪd̪ð]; /n/, como
[wɛl̪ ɵ]. em tenth [tɛn̪θ]; e /l/, como em wealth [wɛl̪ ɵ].

286
173. In all these cases, the mark [ ̪ ] may be Em todos estes casos, a marca [ ̪ ] pode ser
added under the symbol to indicate that it adicionada sob o símbolo para indicar que
represents a dental articulation. Small representa uma articulação dental. Pequenos
marks that can be added to a symbol to sinais que podem ser adicionados a um
modify its value are known as diacritics. símbolo para modificar seu valor são
They provide a useful way of increasing conhecidos como diacríticos. Eles
the phonetic precision of a transcription. aumentam a precisão fonética de uma
transcrição.

174. Another diacritic, [o], a small circle Outro diacrítico, [o], um pequeno círculo
beneath a symbol, can be used to indicate embaixo de um símbolo, pode ser usado para
that the symbol represents a voiceless indicar que o símbolo representa um som
sound. Earlier we noted that the /l/ in play desvozeado. Mais cedo, observamos que o /l/
is voiceless. Accordingly, we can em play é desvozeado. Consequentemente,
transcribe this word as [pl̥ eɪ]. Similarly, podemos transcrever esta palavra como
ply and try can be written [pl̥ aɪ] and [tɹ̥ aɪ]. [pl̥ eɪ]. Da mesma forma, ply e try podem ser
escritos [pl̥ aɪ] e [tɹ̥ aɪ].

175. In addition to transcribing variants that Além de transcrever variantes que ocorrem
occur in free variation or in em variação livre ou em distribuição
complementary distribution, there is complementar, há outra maneira com a qual
another way we can show more phonetic podemos mostrar mais detalhes fonéticos.
detail. We can use more specialized Podemos utilizar símbolos fonéticos mais
phonetic symbols. For example, we noted especializados. Por exemplo, notamos que a
that the vowel /i/ is longer than the vowel vogal /i/ é mais longa que a vogal /ɪ/, como
/ ɪ /, as in sheep versus ship. em sheep versus ship.
176. This difference in length is always there Essa diferença no prolongamento sempre
as long as the two vowels are in the same existe enquanto as duas vogais estiverem no
phonetic context (between the same mesmo contexto fonético (entre os mesmos
sounds and with the same degree of stress, sons e com o mesmo grau de acento, etc.).
etc.).

287
177. We could transcribe this difference in Podemos transcrever essa diferença em
length by adding a length mark to the prolongamento, adicionando uma marca de
longer of the two sounds. The IPA prolongamento ao mais longo dos dois sons.
provides the symbol [:] to show that the O IPA fornece o símbolo [ː] para mostrar que
preceding symbol represents a longer o símbolo precedente representa um som
sound. Accordingly, we could transcribe mais longo. Desta forma, podemos
the two sounds as /i:/ and / ɪ /. transcrever os dois sons como /iː/ e /ɪ/.

178. We would still be representing a Estaríamos ainda representando um contraste


phonemic contrast in this particular fonêmico neste sotaque particular do Inglês,
accent of English, but doing so with mas fazendo isso com maior precisão
greater phonetic precision. fonética.

179. Students sometimes make the mistake of Estudantes às vezes cometem o erro de
thinking that allophonic transcription is pensar que a transcrição alofônica é escrita
written with diacritics while phonemic com diacríticos, enquanto os contrastes
contrasts are written with simple phonetic fonêmicos são escritos com símbolos
symbols. fonéticos simples.

180. Consider, though, the pronunciation of Considere, no entanto, a pronúncia da palavra


the word letter. For most speakers of letter. Para a maioria dos falantes do Inglês
American English, there is no [t] sound in americano, não há som de [t] nesta palavra.
this word. Instead, the medial consonant Em vez disso a consoante medial soa como
sounds like a very short [d]. It is different um [d] bem curto. Que por sua vez é diferente
enough from [d] (compare seedy and see de [d] (compare seedy e see Dee) que o IPA
Dee) that the IPA has a unique symbol for tem um símbolo exclusivo para o alofone
the tap allophone of /t/ and /d/. tepe de /t/ e /d/.

181. The alveolar tap sound in letter is written O som tepe alveolar em letter é escrito com o
with the symbol [ɾ], a letter derived from símbolo [ɾ], uma letra derivada da letra r.
the letter r. Note, therefore, that Observe, portanto, que a transcrição de
transcription of allophones may use alofones pode utilizar símbolos fonéticos

288
simple phonetic symbols as well as simples assim como símbolos com marcas
symbols with diacritic marks. diacríticas.

182. The term broad transcription is often O termo transcrição ampla é


used to designate a transcription that uses frequentemente usado para designar uma
the simplest possible set of symbols. transcrição que usa o conjunto de símbolos
Conversely, a narrow transcription is mais simples possível. Por outro lado, uma
one that shows more phonetic detail, transcrição restrita é aquela que mostra
either by using more specific symbols or mais detalhes fonéticos, usando símbolos
by representing some allophonic mais específicos ou representando algumas
differences. diferenças alofônicas.
183. A broad transcription of please and trip Uma transcrição ampla de please e trip seria
would be / pliz / and / trip /. A narrow (but /pliz/ e /trɪp/. Uma transcrição estreita (mas
still phonemic) transcription could be / ainda fonêmica) pode ser /pliːz/ e /trɪp/. Esta
pli:z / and / trip /. This transcription would transcrição seria fonêmica desde que sempre
be phonemic as long as we always used usássemos /iː/ para esse som de vogal
/i:/ for this contrastive vowel sound. contrastivo.
184. In this way, we would be distinguishing Desta forma, estaríamos distinguindo os sons
contrastive sounds without showing any contrastivos sem mostrar nenhuma variação
allophonic variation. A narrow allophonic alofônica. Uma transcrição alofônica estreita
transcription would be [pl̥ iːz] and [tɹ̥ ɪp], in seria [pl̥ iːz] e [tɹ̥ ɪp], em que [l̥ ] e [ɹ̥ ] são
which [l̥ ] e [ɹ̥ ] are allophones of /l/ and /r/. alofones de /l/ e /r/.

185. Every transcription should be considered Toda transcrição deve ser considerada como
as having two aspects, one of which is tendo dois aspectos, um dos quais muitas
often not explicit. There is the phonetic vezes não é explícito. Existe o próprio texto
text itself and, at least implicitly, there is fonético e, pelo menos, de forma implícita, há
a set of conventions for interpreting the um conjunto de convenções para interpretar o
text. These conventions are usually of two texto. Essas convenções são geralmente de
kinds. First, there are the conventions that dois tipos. Primeiro, existem as convenções

289
ascribe general phonetic values to the que atribuem valores fonéticos gerais aos
symbols. símbolos.
186. It was these conventions we had in mind Foram essas convenções que tínhamos em
when we said earlier that a symbol could mente quando dissemos anteriormente que
be regarded as an approximate um símbolo poderia ser considerado como
specification of the articulations involved. uma especificação aproximada das
If we want to remind readers of the articulações envolvidas. Se quisermos
implicit statements accompanying a lembrar os leitores das declarações implícitas
transcription, we can make them explicit. que acompanham uma transcrição, podemos
torná-las explícitas.
187. We could, for instance, say that, other Poderíamos, por exemplo, dizer que, sendo
things being equal, /i/ is longer than /ɪ/, outras coisas iguais, /i/ é mais longo que /ɪ/,
perhaps stating at the beginning of the talvez afirmando no início da transcrição /i/ =
transcription / i / = / i: /. We could also /iː/. Poderíamos também explicitar a análise
make explicit the phonological analysis fonológica que guia a escolha de símbolos
that guides the choice of particular particulares na transcrição, um tópico ao qual
symbols in the transcription, a topic we retornaremos no Capítulo 4.
will return to in Chapter 4.

188. When writing down an unknown Quando se escreve um idioma desconhecido


language or when transcribing the speech ou ao transcrever o discurso de uma criança
of a child or a patient not seen previously, ou um paciente não visto anteriormente, não
one does not know which phonetic se sabe quais diferenças fonéticas são
differences are contrastive and which are contrastivas e quais não são. Nessas
not. In these circumstances, the symbols circunstâncias, os símbolos indicam apenas o
indicate only the phonetic value of the valor fonético dos sons sem uma análise
sounds without a phonological analysis to fonológica para determinar os padrões de
determine the patterns of contrast and contraste e distribuições complementares.
complementary distributions. This kind of Esse tipo de transcrição é chamado de
transcription is called an impressionistic transcrição impressionista.
transcription.

290
189. We hope this brief survey of different Esperamos que esta breve pesquisa de
kinds of transcription makes plain that diferentes tipos de transcrição deixe claro que
there is no such thing as the IPA não existe outra coisa como a transcrição do
transcription of a particular utterance. IPA de um enunciado particular.
190. Sometimes, one wants to make a detailed Às vezes, quer-se apontar uma característica
phonetic transcription; at other times, it is fonética particular, como o comprimento da
more convenient to make a phonemic vogal; outras vezes, é mais conveniente fazer
transcription. uma transcrição fonêmica.
191. Sometimes, one wants to point out a Às vezes, quer-se apontar uma característica
particular phonetic feature such as vowel fonética particular, como o comprimento da
length; at other times, the vowels are not vogal; outras vezes, as vogais não são a
of concern and details of the consonants preocupação e os detalhes das consoantes são
are more important. mais importantes.
192. IPA transcriptions take many forms. As transcrições do IPA assumem várias
formas.
193. RECAP RECAPITULANDO
194. This chapter introduces the letters of the Este capítulo apresenta as letras do alfabeto
International Phonetic Alphabet that are fonético internacional que são usadas para
used to phonetically transcribe the transcrever foneticamente os sons
contrastive/phonemic sounds of English. contrastivos / fonêmicos do inglês.

195. The vowel sounds of American English Os sons de vogais do inglês americano são
are contrasted with the vowels of British contrastados com as vogais do inglês
English (don’t miss the audio examples of britânico (não deixe de ver os exemplos de
these vowel sounds on the website). áudio desses sons de vogais no site).

196. These IPA symbols are arranged in Estes símbolos IPA são organizados em um
consonant and vowel charts that highlight quadro de consoantes e de vogais que
the phonetic properties that the symbols destacam as propriedades fonéticas que os
stand for. símbolos representam.

291
197. The chapter also considers the types of O capítulo também considera os tipos de
distributions in which sounds occur distribuições em que os sons ocorrem
(contrastive, complementary, or free (contrastiva, complementar ou variação livre)
variation) and how these patterns relate to e como esses padrões se relacionam com a
phonemic, broad, and narrow phonetic transcrição fonêmica, e a transcrição fonética
transcription. ampla e restrita.
198. We emphasize that there is no one correct Nós enfatizamos que não há transcrição
IPA transcription—that what one conveys baseada no IPA totalmente correta—o que se
by transcription depends to an extent on transmite por transcrição depende, em certa
the focus of your attention. medida, do foco de sua atenção.
199. 52 CHAPTER 2 Phonology and Phonetic 52 CHAPTER 2 Phonology and Phonetic
Transcription Transcription
200. EXERCISES EXERCISES

1. CHAPTER 3 CAPÍTULO 3
2. PART II PARTE II
3. ENGLISH PHONETICS A FONÉTICA DO INGLÊS
4. The Consonants of English As Consoantes do Inglês
5. We begin this chapter by reviewing some of the Começamos este capítulo revendo alguns dos
gestures involved in producing the consonants of gestos envolvidos na produção das consoantes do
English. inglês.

6. In the materials for this chapter on the website, Nos materiais para este capítulo no site, há dois
there are two movies. The first shows the filmes. O primeiro mostra a pronúncia de
pronunciation of consonants that have different consoantes que têm diferentes pontos de
places of articulation. The stops [p, t, k] are

292
illustrated in the nonsense utterances [həpa, həta, articulação. As oclusivas [p, t, k] são ilustradas
həka]. nas expressões sem sentido [həpa, həta, həka].
7. These stops are said to be bilabial, alveolar, and Estas oclusivas são consideradas bilabiais,
velar. But it is not just the different places on the alveolares e velares. Mas não são apenas os
roof of the mouth that distinguish these sounds. diferentes pontos no céu da boca que distinguem
They are equally characterized by the movements esses sons. Eles são igualmente caracterizados
of the lips and different parts of the tongue. pelos movimentos dos lábios e diferentes partes
da língua.

8. Look at the movie and note the rapid movements Olhe para o filme e observe os movimentos
of the lips for the first consonant, of the tip of the rápidos dos lábios para a primeira consoante, da
tongue for the second, and of the back of the ponta da língua para a segunda e da parte de trás
tongue for the third. The second movie shows da língua para a terceira. O segundo filme mostra
different manners of articulation, illustrating the diferentes maneiras de articulação, ilustrando as
consonants [d, n, s] in the nonsense words [hədɛ, consoantes [d, n, s] nas palavras absurdas ou sem
hənɛ, həsɛ]. Look at the movie, and then go sentido [hədɛ, hənɛ, həsɛ]. Olhe o filme e depois
through it slowly. acompanhe-o lentamente.
9. In [hədɛ],, note how, at the left of the picture, the Em [hədɛ], observe como, à esquerda da imagem,
soft palate rises to form a velic closure in the first o palato mole se levanta para formar um
few frames, even before the tip of the tongue fechamento velar nos primeiros quadros, mesmo
moves up to form a closure on the alveolar ridge. antes que a ponta da língua se mova para formar
Conversely, in [hənɛ], note that the soft palate um fechamento na crista alveolar. Por outro lado,
moves up before the tongue moves, but this time em [hənɛ], observe que o palato mole se move pra
only slightly. cima antes que a língua se mova, mas desta vez
apenas ligeiramente.
10. The soft palate does not make a complete closure O palato mole não faz um fechamento completo
and thus allows air to escape through the nose e, portanto, permite que o ar escape pelo nariz
after the tongue tip has made a closure on the depois que a ponta da língua faz um fechamento
alveolar ridge for [n]. The third nonsense word in na crista alveolar para [n]. A terceira palavra sem
this movie, [həsɛ], has tongue and soft palate sentido neste filme, [həsɛ], tem gestos de língua e
gestures very similar to those in [hədɛ]. palato mole muito semelhantes aos de [hədɛ].

293
11. The small differences in tongue shape are hard to As pequenas diferenças na forma da língua são
see in this film, even when you step through it one difíceis de ver neste filme, mesmo quando você
frame at a time. But if you superimpose tracings passa por um quadro por vez. Mas se você
of the articulators at the [ d ] and [ s ] midpoints, sobrepor traços dos articuladores nos pontos
you will find that in the [s], the center of the médios [d] e [s], você descobrirá que no [s], o
tongue is slightly hollowed; the location of the centro da língua está ligeiramente esvaziado; A
constriction in [d] is slightly behind that for [s ]. localização da constrição em [d] está ligeiramente
atrás daquela para [s].
12. Also, during the [s ], the teeth are closer together Além disso, durante o [s], os dentes estão mais
and slightly more forward than during the [ d ]. próximos e ligeiramente mais para a frente do que
Much of the sound of [ s ] is produced by a jet of durante o [d]. Grande parte do som de [s] é
air striking the edges of the teeth. The rapidly produzido por um jato de ar atingindo as bordas
moving airstream is formed by the narrow gap dos dentes. O fluxo de ar que se move
between the tongue and the alveolar ridge. rapidamente é formado pela distância estreita
entre a língua e a crista alveolar.
13. These requirements of the [s] sound may explain Esses requisitos do som [s] podem explicar por
why this speaker has slightly different tongue and que este falante articula com posições
jaw positions for [d] and [s]. ligeiramente diferentes de língua e mandíbula
para [d] e [s].

14. STOP CONSONANTS CONSOANTES OCLUSIVAS


15. Consider the difference between the words in the Considere a diferença entre as palavras na
first column in Table 3.1 and the corresponding primeira coluna na Tabela 3.1 e as palavras
correspondentes na segunda coluna.
words in the second column.
16. This opposition may be said to be between the set Esta oposição pode ser dita estar entre o conjunto
of voiceless stop consonants and the set of voiced de consoantes oclusivas surdas e o conjunto de
stop consonants. consoantes oclusivas sonoras.
17. But the difference is really not just one of voicing Mas a diferença não é realmente apenas a de
during the consonant closure, as you can see by vozeamento durante o fechamento da consoante,
saying these words yourself. Most people have como você pode perceber, ao repetir estas

294
very little voicing going on while the lips are palavras. A maioria das pessoas produz
closed during either pie or buy. Both stop pouquíssimo vozeamento enquanto os lábios
consonants are essentially voiceless. estão fechados durante a produção de pie ou buy.
Ambas as oclusivas são essencialmente surdas.
18. But in pie, after the release of the lip closure, Mas em pie, após a liberação do fechamento dos
there is a moment of aspiration, a period of lábios, há um momento de aspiração, um período
voicelessness after the stop articulation and de desvozeamento após a articulação da oclusiva
before the start of the voicing for the vowel. e antes do início do vozeamento para a vogal.

19. If you put your hand in front of your lips while Se você colocar sua mão na frente de seus lábios
saying pie, you can feel the burst of air that comes ao dizer pie, você pode sentir a explosão de ar que
oht during the period of voicelessness after the sai durante o período desvozeamento depois da
release of the stop. articulação da oclusiva.

20. In the spectrograms linked to example 3.2, this Nos espectrogramas relacionados ao exemplo 3.2,
puff of air is noticeable at the start of pie and tie esta baforada de ar é perceptível no início de pie,
and kye. In a narrow transcription, aspiration may tie e kye. Em uma transcrição restrita, a aspiração
be indicated by a small raised h, [h]. Accordingly, pode ser indicada por um pequeno h suspenso, [h].
these words may be transcribed as [phaɪ, thaɪ, Consequentemente, essas palavras podem ser
khaɪ]. You may not be able to feel the burst of air transcritas como [phaɪ, thaɪ, khaɪ]. Você pode não
in tie and kye because these stop closures are ser capaz de sentir a explosão de ar em tie e kye
made well inside the mouth cavity. porque estes fechamentos de oclusivas são feitos
bem dentro da cavidade bucal.
21. But listen carefully and notice that you can hear Mas ouça atentamente e note que você pode ouvir
the period of voicelessness after the release of the o período de falta de vozeamento após a
stop closure in each of the words. It is this interval articulação do fechamento da oclusiva em cada
that indicates that the stop is aspirated. The major uma das palavras. É esse intervalo que indica que
difference between the words in the first two a oclusiva é aspirada. A principal diferença entre
columns is not that one has voiceless stops and the as palavras nas duas primeiras colunas não é que
other voiced stops.

295
uma tem oclusivas surdas e a outra oclusivas
sonoras.
22. It is that the first column has (voiceless) aspirated É que a primeira coluna tem oclusivas aspiradas
stops and the second column has (perhaps voiced) (surdas) e a segunda coluna tem oclusivas não
unaspirated stops. The amount of voicing in each aspiradas (talvez sonoras). A quantidade de
of the stops [ b, d, g ] depends on the context in vozeamento em cada uma das oclusivas [b, d, g]
which it occurs. When it is in the middle of a word depende do contexto no qual ocorre. Quando está
or phrase in which a voiced sound occurs on either no meio de uma palavra ou frase em que um som
side (as in column 3 in Table 3.1), voicing usually vozeado ocorre em ambos os lados (como na
occurs throughout the stop closure. coluna 3 na Tabela 3.1), o vozeamento geralmente
ocorre durante o fechamento da oclusiva.
23. However, most speakers of English have no Mas a maioria dos falantes de inglês não produz
voicing during the closure of so-called voiced vibrações durante o fechamento das chamadas
stops in sentence initial position, or when they oclusivos sonoras na posição inicial da frase, ou
occur after a voiceless sound as in that boy. quando elas ocorrem após um som desvozeado
como em that boy.

24. One of the main objects of this book is to teach Um dos principais objetos deste livro é ensinar
you to become a phonetician by learning to listen você a se tornar um foneticista que precisa
very carefully. aprender a ouvir com muito cuidado.
25. You should be able to hear these differences, but Você deve ser capaz de ouvir essas diferenças,
Figure 3.1 The waveforms of the words tie and mas você também pode vê-las em forma de ondas
die. you can also see them in acoustic waveforms. acústicas. A Figura 3.1 é um registro das palavras
Figure 3.1 is a record of the words tie and die. tie e die.
26. It is quite easy to see the different segments in the É bastante fácil ver os diferentes segmentos na
sound wave. In the first word, tie, there is a spike onda sonora. Na primeira palavra, tie, há um pico
indicating the burst of noise that occurs when the que indica a explosão de ruído que ocorre quando
stop closure is released, followed by a period of o fechamento da oclusiva é liberado, seguido por
very small semi-random variations during the um período de variações semi-aleatórias muito
aspiration, and then a regular, repeating wave as pequenas durante a aspiração e, em seguida, uma
the vocal folds begin to vibrate for the vowel.

296
onda regular e repetida quando as cordas vocais
começam a vibrar para a vogal.
27. In die, the noise burst is smaller, and there is very In die, a explosão de ruído é menor, e há muito
little gap between the burst and the start of the pouco espaço entre o explodir e o início da onda
wave for the vowel. As you can see, the major para a vogal. Como você pode ver, a maior
difference between tie and die is the increase in diferença entre tie e die é o aumento de tempo
time between the release of the stop and the start entre a liberação da oclusiva e o início da vogal.
of the vowel. We will discuss this distinction Vamos discutir esta distinção ainda mais no
further in Chapter 6. Capítulo 6.
28. Now consider the words in the fourth column of Agora considere as palavras na quarta coluna da
Table 3.1. Tabela 3.1.

29. Are the sounds of the stop consonants more like Os sons das consoantes oclusivas são mais
those in the first column or those in the second? parecidos com aqueles na primeira coluna ou aos
As in many cases, English spelling is misleading, na segunda? Como em muitos casos, a ortografia
and the sounds are in fact more like those in the do inglês é enganosa, e os sons são de fato mais
second column. parecidos com os da segunda coluna.
30. There is no opposition in English between words Não há oposição em inglês entre palavras que
beginning with / sp / and / sb /, or / st / and / sd /, começam com / sp / e / sb /, ou / st / e / sd /, ou /
or / sk / and / sg /. sk / e / sg /.
31. English spelling has words beginning with sp, st, A ortografia do inglês tem palavras começando
sc, or sk, and none that begin with sb, sd, or sg, com sp, st, sc ou sk, e nenhuma que comece com
but the stops that occur after / s / are really sb, sd ou sg, mas as oclusivas que ocorrem após
somewhere between initial / p / and / b /, /1 / and /s/ estão realmente em algum lugar entre /p/ e /b /,
/ d /, / k / and / g /, and usually more like the so- /t/ e /d/, /k/ e /g/ iniciais, e geralmente mais
called voiced stops / b, d, g / in that they are parecidas com as chamadas oclusivas sonoras /b,
completely unaspirated. d, g/ no fato de que são completamente não
aspirados.
32. Figure 3.2 shows the acoustic waveform in sty. A Figura 3.2 mostra a forma de onda acústica em
sty.
33. You can see the small variations in the waveform Você pode ver as pequenas variações na forma de
corresponding to the fricative Is/, followed by a onda correspondentes à fricativa / s /, seguida por

297
straight line during the period in which there is no uma linha reta durante o período em que não há
sound because there is a complete stop for the /t/. som porque há uma oclusão completa para / t /.
34. This is followed by a sound wave very similar to Isto é seguido por uma onda sonora muito
that of the / d / in Figure 3.1. semelhante à de / d / na Figura 3.1.

35. If you have access to a computer that can record Se você tem acesso a um computador que pode
sounds and let you see the waveforms of words, gravar sons e permita que você veja as formas de
you can verify this for yourself. onda das palavras, você poderá visualizar isso.

36. We recommend three different free programs for Recomendamos três diferentes programas
acoustic phonetics (you can find them with an gratuitos para fonética acústica (você pode
Internet search): WaveSurfer for the great encontrá-los com uma pesquisa na Internet):
visualization of spectra and spectrograms, and for WaveSurfer para uma ótima visualização de
each plain text output of analyses; Praat for great espectros e espectrogramas, e para cada saída de
user support and a large base of user scripts; texto comum de análises; Praat para um
Audacity for good recording interface and simple excelente suporte e uma grande base de instruções
editing. para usuários; Audacity para uma boa interface
de gravação e edição simples.

37. Record words such as spy, sty, sky, spill, still, Grave palavras como spy, sty, sky, spill, still, skill,
skill, each said as a separate word. Now find the cada uma delas como uma palavra separada.
beginning and end of each /s/, and cut this part Agora, encontre o início e o final de cada /s/, e
out. When you play the edited recordings to corte esta parte. Quando você reproduz as
others and ask them to write down the words they gravações editadas para outros e pede-lhes para
hear, they will almost certainly write buy, die, escrever as palavras que ouvem, eles quase
guy, bill, dill, gill. certamente escreverão buy, die, guy, bill, dill, gill.

38. What about the differences between the words in E a respeito das diferenças entre as palavras na
the fifth and sixth columns? The consonants at the quinta e sexta colunas? As consoantes no final de
end of nap, mat, knack are certainly voiceless. But nap, mat, knack são certamente surdas. Mas se
if you listen carefully to the sounds at the end of você ouvir atentamente os sons no final das

298
the words nab, mad, nag, you may find that the palavras nab, mad nag, você pode descobrir que
so-called voiced consonants / b, d, g / have very as chamadas consoantes sonoras / b, d, g / têm
little voicing and might also be called voiceless. muito pouco vozeamento e também podem ser
Try saying these words separately. chamadas de surdas. Tente dizer estas palavras
separadamente.

39. You can, of course, say each of them with the Você pode, é claro, dizer cada uma delas com a
final consonant released with a noise burst and a consoante final articulada com uma explosão de
short vowel-like sound afterward. But it would be ruído e um som curto de vogal depois. Mas seria
more normal to say each of them without mais normal dizer cada uma delas sem liberar as
releasing the final consonants, or at least without consoantes finais, ou pelo menos sem nada como
anything like a vowel. You could even say cab uma vogal ao final. Você poderia até dizer cab e
and not open your lips for a considerable period não abrir os lábios por um período de tempo
of time if it were the last word of an utterance. considerável, se fosse a última palavra de um
enunciado.
40. In such circumstances, it is quite clear that the Nessas circunstâncias, é bastante claro que as
final consonants are not fully voiced throughout consoantes finais não sejam plenamente sonoras
the closure. There is, however, a clear distinction durante todo o fechamento. Há, no entanto, uma
between the words in the fifth and sixth columns. distinção clara entre as palavras na quinta e sexta
colunas.

41. Say these words in pairs—nap, nab; mat, mad; Diga estas palavras em pares - nap, nab; mat,
knack, nag—and try to decide which has the mad; knack, nag - e tente decidir qual tem a vogal
longer vowel. In these pairs, and in all similar mais longa. Nesses pares, e em todos os pares
pairs—such as cap, cab; cat, cad; back, bag—the semelhantes - como cap, cab; cat, cad; back, bag
vowel is much shorter before the voiceless - a vogal é muito mais curta antes das consoantes
consonants / p, t, k / than it is before the voiced surdas / p, t, k / do que antes das consoantes
consonants / b, d, g /. sonoras / b, d, g /.
42. In addition to hearing the difference, when you Além de ouvir a diferença, quando você olha os
look at the spectrograms for example 3.2, you can espectrogramas para o exemplo 3.2, você pode
see the length difference. The major difference ver a diferença de duração. A maior diferença

299
between such pairs of words is in the vowel entre esses pares de palavras é na duração da
length, not in the voicing of the final consonants. vogal, não no vozeamento das consoantes finais.

43. You can hear that both speakers on the website Você pode ouvir que ambos os falantes no site
also distinguish these words by vowel length. In também distinguem essas palavras pela duração
these recordings, each of the speakers said the da vogal. Nessas gravações, cada um dos falantes
words nap, nab; mat, mad; knack, nag in the same disse as palavras nap, nab; mat, mad; knack, nag
phonetic context, I’ll say again. no mesmo contexto fonético, ‘I’ll say it again’
(vou dizer novamente).

44. Figure 3.2 The waveform of the word sty. Figura 3.2 A forma de onda da palavra sty.

45. Figure 3.3 The waveforms of the words mat and Figura 3.3 As formas de onda das palavras
mad. mat and mad.

46. By saying each word in a separate sentence, it’s Ao dizer cada palavra em uma frase separada, é
easier to give each of them the same stress and mais fácil dar a cada uma delas o mesmo acento e
intonation, and thus avoid the influence of these entonação e, assim, evitar a influência desses
factors on the length of a word. fatores na duração de uma palavra

47. This length difference is very evident in Figure Essa diferença na duração é muito evidente na
3.3, which shows the waveforms of the words mat Figura 3.3, que mostra as formas de onda das
and mad. palavras mat e mad.
48. In this case, the vowel in mad is almost twice as Neste caso, a vogal em mad é quase duas vezes
long as the vowel in mat. mais longa do que a vogal em mat.

49. You can see small voicing vibrations during the Você pode ver pequenas vibrações de voz durante
/d / in mad, but there is nothing noteworthy at the o / d / em mad, mas não há nada notável no final
end of mat except the slightly irregular voicing at de mat, exceto o vozeamento ligeiramente
the time of the closure. irregular no momento do fechamento.
50. We will return to this point later in this section. Voltaremos a este ponto mais adiante nesta seção.

300
51. Try comparing the length differences in short Tente comparar as diferenças de duração em
sentences such as Take a cap now and Take a cab frases curtas, como em Take a cap now e Take a
cab now.
now.
52. If you say these sentences with a regular rhythm, Se você disser essas frases com um ritmo regular,
you will find that the length of time between Take você notará que o tempo entre Take e now é
and now is about the same in both. This is because aproximadamente o mesmo em ambos. Isso
the whole word cap is only slightly shorter than ocorre porque a palavra inteira cap é apenas um
the whole word cab. The vowel is much shorter in pouco mais curta do que toda a palavra cab. A
cap than in cab. vogal é muito mais curta em cap do que em cab.
53. But the consonant / p / makes up for this by being Mas a consoante /p/ compensa isso por ser um
slightly longer than the consonant / b /. It is a pouco mais longa do que a consoante / b /. É uma
general rule of English (and of most other regra geral do inglês (e da maioria das outras
languages) that syllable final voiceless línguas) que as consoantes surdas em final de
consonants are longer than the corresponding sílabas são mais longas que as consoantes sonoras
voiced consonants after the same vowel. correspondentes após a mesma vogal.

54. The phrases Take a cap now and Take a cab now As frases Take a cap now e Take a cab now.
also illustrate a further point about English stop também ilustram um outro ponto sobre as
consonants at the end of a word (or, in fact, at the consoantes oclusivas do Inglês no final de uma
end of a stressed syllable). Say each of these palavra (ou, na verdade, no final de uma sílaba
phrases without a pause before now. Do your lips tônica). Diga cada uma dessas frases sem pausa
open before the [n] of now begins, or do they open antes de now. Seus lábios se abrem antes que o [n]
during the [n]? de now comece, ou eles abrem durante o [n]?
55. If they open before the [ n ], there will be a short Se eles abrem antes do [n], haverá uma pequena
burst of aspiration or a short vowel-like sound explosão de aspiração ou um som curto de vogal
between the two words. entre as duas palavras.
56. Releasing the stops produces a somewhat O ato de liberar as oclusivas produz uma
unnatural pronunciation. Generally, final stops pronúncia um tanto artificial. Geralmente, as
are unreleased when the next word begins with a oclusivas finais não são produzidas quando a
próxima palavra começa com uma nasal. O

301
nasal. The same is true if the next word begins mesmo é verdade se a próxima palavra começa
with a stop. com uma oclusiva.
57. The final [ t ] in cat is nearly always unexploded O [t] final em cat é quase sempre não plosivo em
in phrases like the cat pushed. In a narrow frases como the cat pushed. Em uma transcrição
transcription, we can symbolize the fact that a restrita, podemos simbolizar o fato de que uma
consonant is unreleased by adding a small raised consoante não é produzida, adicionando uma
mark [˺], which stands for “no audible release.” pequena marca levantada [˺], que significa
We could therefore transcribe the phrase as [ðə "nenhuma liberação fonêmica audível". Portanto,
'kʰæt˺ pʰʊʃt]. podemos transcrever a frase como [ðə 'kʰæt˺
pʰʊʃt].

58. The same phenomenon occurs even within a O mesmo fenômeno ocorre mesmo dentro de uma
word such as apt [æp˺t] or act [æk˺t]. palavra, como apt [æp˺t] ou act [æk˺t]. Além
Furthermore, across a word boundary, the two disso, ao longo do limite da palavra, as duas
consonants involved can even be identical, as in consoantes envolvidas podem até ser idênticas,
the phrase white teeth. como na frase white teeth.
59. To convince yourself that there are two examples Para convencer-se de que existem dois exemplos
of / t / in this phrase, try contrasting it with why de /t/ nesta frase, tente contrastá-la com why teeth.
teeth.
60. Not only is the vowel in white much shorter than Não só a vogal em white é muito mais curta do
the vowel in why (because the vowel in white is que a vogal em why (porque a vogal em white está
in a syllable with a voiceless consonant at the em uma sílaba com uma consonante surda no
end), but also the stop closure in white teeth is final), mas também o fechamento da oclusiva em
much longer than the stop in the phrase with only white teeth é muito mais longo do que a oclusiva
one /t/. na frase com apenas um / t /.
61. In white teeth, there really are two examples of Em white teeth, existem realmente dois exemplos
/t/ involved, the first of which is unreleased. Other de /t/ envolvidos, o primeiro dos quais não é
languages do not have this pattern. liberado. Outras línguas não possuem esse
padrão.

302
62. For example, it is a mark of speakers with an Por exemplo, é uma marca de falantes com um
Italian accent (at least as caricatured in films and sotaque italiano (pelo menos como caricaturado
on television) that they release all their final stop em filmes e na televisão) que liberam todas as
consonants, producing an extra vowel at the end, suas consoantes oclusivas finais, produzindo uma
as they normally would in their own language. vogal adicional no final, como eles normalmente
fariam em sua própria língua.
63. Authors trying to indicate an Italian speaking Os autores na tentativa de indicar um italiano
English will write the sentence It’s a big day as falando em inglês escreverão a frase. It’s a big day
It’s a bigga day. They are presumably trying to como It’s a bigga day. Eles estão
indicate the difference between the normal [ɪts ə presumivelmente tentando indicar a diferença
‘bɪg˺ 'deɪ] and the foreign accent [ɪts ə ‘bɪgə ‘deɪ]. entre o normal [ɪts ə ‘bɪg˺ 'deɪ] e o sotaque
estrangeiro [ɪts ə ‘bɪgə ‘deɪ].

64. It is interesting that words such as rap, rat, rack É interessante que palavras como rap, rat, rack
are all distinguishable, even when the final sejam todas distinguíveis, mesmo quando as
consoantes finais não são pronunciadas.
consonants are unreleased.
65. The difference in the sounds must therefore be in A diferença nos sons deve, portanto, estar na
the way that the vowels end—after all, the rest is maneira que as vogais terminam - afinal, o resto é
silence. silêncio.
66. The consonants before and after a vowel always As consoantes antes e depois de uma vogal
affect it, so there is a slight but noticeable sempre a afetam, então há uma diferença leve,
difference in its quality. mas notável em sua qualidade.
67. Compare your pronunciation of words such as Compare sua pronúncia de palavras como pip, tit,
pip, tit, and kick. Your tongue tip is up throughout kick. A sua ponta da língua está alta em toda a
the word tit, whereas in pip and kick it stays palavra tit, enquanto que pra pip e kick ela fica
behind the lower front teeth. atrás dos incisivos inferiores.
68. In kick, it is the back of the tongue that is raised Em kick, é a parte de trás da língua que é alçada
throughout the word, and in pip, the lip gestures ao longo da palavra, e em pip, os gestos dos lábios
affect the entire vowel. The same is true for words afetam toda a vogal. O mesmo é verdadeiro para
with voiced consonants such as bib, did, and gig. palavras com consoantes sonoras, como bib, did,

303
The consonant gestures are superimposed on the gig. Os gestos consonantais são superpostos na
vowel in such a way that their effect is audible vogal de tal forma que seu efeito é audível durante
throughout much of the syllable. grande parte da sílaba.

69. The sounds [ p, t, k ] are not the only voiceless Os sons [p, t, k] não são as únicas oclusivas surdas
stops that occur in English. Many people also que ocorrem em inglês. Muitas pessoas também
pronounce a glottal stop in some words. A glottal pronunciam uma oclusiva glotal em algumas
stop is the sound (or, to be more exact, the lack of palavras. Uma oclusiva glotal é o som (ou, para
sound) that occurs when the vocal folds are held ser mais exato, a falta de som) que ocorre quando
tightly together. as cordas vocais são mantidas firmemente juntas.
70. As we have seen, the symbol for a glottal stop is Como vimos, o símbolo de uma oclusiva glotal é
[ʔ], resembling a question mark without the dot. [ʔ], parecido com um ponto de interrogação sem
When you lift something heavy you will probably o ponto. Quando você levanta algo pesado, você
produce a glottal stop to trap the air in your lungs provavelmente produzirá uma oclusiva glotal para
and stabilize your abdomen and chest, and then prender o ar em seus pulmões e estabilizar o
release the stop with a grunt. Glottal stops also abdômen e o peito, e depois soltar a oclusiva com
occur whenever one coughs. um gemido. As oclusivas de glotais ocorrem
sempre que alguém tosse.

71. You should be able to get the sensation of the Você pode ter a sensação das cordas vocais sendo
vocal folds being pressed together by making pressionadas juntas fazendo pequenos sons de
small coughing noises. Next, take a deep breath tosse. Em seguida, respire fundo e segure o ar com
and hold it with your mouth open. Listen to the a boca aberta. Ouça o pequeno som plosivo que
small plosive sound that occurs when you let the ocorre quando você deixa a respiração sair.
breath go.

72. Now, while breathing out through your mouth, Agora, enquanto você expira pela boca, tente
try to check and then release the breath by making verificar e solte a respiração fazendo e soltando
and releasing a short glottal stop. Then, do the uma oclusiva glotal curta. Em seguida, faça o
same while making a voiced sound such as the mesmo enquanto faz um som vozeado, como a
vowel [ɑ]. vogal [ɑ].

304
73. Practice producing glottal stops between vowels, Pratique a produção de oclusivas glotais entre
saying [ɑʔɑ] or [iʔi], so that you get to know what vogais, dizendo [ɑʔɑ] ou [iʔi], para que você
they feel like. descubra como elas acontecem.

74. One of the most common occurrences of a glottal Uma das ocorrências mais comuns de uma
stop is in the utterance meaning no, often spelled oclusiva glotal está na expressão que significa
uh-uh. If someone asks you a question, you can não, frequentemente escrita uh-uh. Se alguém lhe
reply no by saying ['ʔʌʔʌ] (usually with a fizer uma pergunta, você pode responder não
nasalized vowel, which we will symbolize later). dizendo ['ʔʌʔʌ] (geralmente com uma vogal
nasalizada, que simbolizaremos mais tarde).
75. Note that there is a contrast between the utterance Note-se que há um contraste entre o enunciado
meaning no and that meaning yes that is que significa não e aquele que significa sim que
dependent on the presence of the glottal stop. If depende da presença da oclusiva glotal. Se você
you had meant to say yes, you might well have quisesse dizer que sim, você poderia ter dito
said ['ʌhʌ]. ['ʌhʌ].
76. We can tell that it is the glottal stop that is Podemos dizer que é a oclusiva glotal que é
important in conveying the meaning by the fact importante em transmitir o significado pelo fato
that one could be understood equally well by de que se poderia ser entendido igualmente bem
using a syllabic consonant (shown by putting the usando uma consoante silábica (mostrada
mark [ˌ] under the consonant) instead of a vowel, colocando-se a marca [ˌ] sob a consoante) em vez
and saying ['m̩hm̩] for yes and ['ʔm̩ʔm̩] for no. de uma vogal, e dizendo ['m̩hm̩] para sim e
['ʔm̩ʔm̩] para não.
77. As long as there is a glottal stop between the two Enquanto houver uma oclusiva glotal entre as
syllables, the utterance will mean no, irrespective duas sílabas, o enunciado significará não,
of what vowel or nasal is used. Glottal stops independentemente de qual vogal ou nasal seja
frequently occur as variants of /1 /. Probably most usada. Oclusivas glotais frequentemente ocorrem
Americans and many British speakers have a como variantes de / t /. Provavelmente, a maioria
glottal stop followed by a syllabic nasal in words dos americanos e muitos falantes britânicos
such as beaten, kitten, fatten ['biʔn̩, 'kIʔn̩, 'fæʔn̩]. realizam uma oclusiva glotal seguida por uma
nasal silábica em palavras como beaten, kitten,
fatten ['biʔn̩, 'kIʔn̩, 'fæʔn̩].

305
78. London Cockney and many forms of Estuary London Cockney e muitas formas de inglês do
English also have a glottal stop between vowels Estuário também têm uma oclusiva glotal entre
such as in butter, kitty, fatter ['bʌʔə,' kIʔI, 'fæʔə]. vogais, como em butter, kitty, fatter ['bʌʔə,' kIʔI,
'fæʔə].
79. Many speakers in both Britain and America have Muitos falantes na Grã-Bretanha e na América
a glottal stop just before final voiceless stops in têm uma oclusiva glotal exatamente antes das
words such as rap, rat, and rack. oclusivas surdas finais em palavras como rap, rat,
rack.
80. Usually, the articulatory gesture for the other Normalmente, o gesto articulatório para a outra
stop is still audible, so these words could be oclusiva ainda é audível, então essas palavras
transcribed [ɹæʔ͡p, ɹæʔ͡t, ɹæʔ͡k]. poderiam ser transcritas [ɹæʔ͡p, ɹæʔ͡t, ɹæʔ͡k].
81. When Peter Ladefoged recorded the word mat for Quando Peter Ladefoged gravou a palavra mat
Figure 3.3, he pronounced it as [mæʔ͡t], with the para a Figura 3.3, ele a pronunciou como [mæʔ͡t],
glottal stop and the closure for [t] occurring com a oclusiva glotal e o fechamento para [t]
almost simultaneously. ocorrendo quase simultaneamente.

82. Practice producing words with and without a Pratique a produção de palavras com e sem uma
glottal stop. oclusiva glotal.

83. After you have some awareness of what a glottal Depois de ter alguma consciência do que parece
stop feels like, try saying the words rap, rat, and ser uma oclusiva glotal, tente dizer as palavras
rack in several different ways. Begin by saying rap, rat, rack de várias maneiras diferentes.
them with a glottal stop and a final release [ɹæʔ͡pʰ, Comece dizendo-as com uma oclusiva glotal e
ɹæʔ͡tʰ, ɹæʔ͡kʰ]. Next, say them without a glottal uma liberação final [ɹæʔ͡pʰ, ɹæʔ͡tʰ, ɹæʔ͡kʰ]. Em
stop and with the final stops unexploded [ɹæp˺, seguida, diga-as sem uma oclusiva glotal e com as
ɹæt˺, ɹæk˺]. oclusivas finais não explodidas [ɹæp˺, ɹæt˺, ɹæk˺].

84. Then, say them with a glottal stop and a final Então, diga-as com uma oclusiva glotal e uma
unexploded consonant [ɹæʔ͡p˺, ɹæʔ͡t˺, ɹæʔ͡k˺]. consoante final não explodida [ɹæʔ͡p˺, ɹæʔ͡t˺,
Finally, say them with a glottal stop and no other ɹæʔ͡k˺]. Finalmente, diga-os com uma oclusiva
final consonant [ɹæʔ, ɹæʔ, ɹæʔ].

306
glotal e nenhuma outra consoante final [ɹæʔ, ɹæʔ,
ɹæʔ].
85. When a voiced stop and a nasal occur in the same Quando uma oclusiva sonora e uma nasal ocorrem
word, as in hidden, the stop is not released in the na mesma palavra, como em hidden, a oclusiva
usual way. Both the [ d ] and the [ n ] are alveolar não é liberada da maneira usual. Tanto [d] como
consonants. The tongue comes up and contacts [n] são consoantes alveolares. A língua é alçada e
the alveolar ridge for [d] and stays there for the entra em contato com a crista alveolar para [d] e
nasal, which becomes syllabic ['hɪdn̩]. permanece lá para a nasal, daí se torna silábico
['hɪdn̩].
86. Consequently, as shown in Figure 3.4, the air Consequentemente, como mostrado na Figura
pressure built up behind the stop closure is 3.4, a pressão do ar acumulada atrás do
released through the nose by the lowering of the fechamento da oclusiva é liberada através do nariz
soft palate (the velum) for the nasal consonant. pelo abaixamento do palato mole (o véu palatino)
This phenomenon, known as nasal plosion, is para a consoante nasal. Esse fenômeno,
normally used in pronouncing words such as conhecido como plosão nasal, é normalmente
sadden, sudden, leaden [‘sædn̩, 'sʌdn̩, 'lɛdn̩]. usado na pronúncia de palavras como sadden,
sudden, leaden [‘sædn̩, 'sʌdn̩, 'lɛdn̩].
87. It is considered a mark of a foreign accent to add É considerado uma marca de um sotaque
a vowel [sædən̩, 'sʌdən̩,' lɛdən̩]. estrangeiro adicionar uma vogal [sædən̩, 'sʌdən̩,'
lɛdən̩].
88. Nasal plosion also occurs in the pronunciation of A explosão nasal também ocorre na pronúncia de
words with [t] followed by [n], as in kitten ['kitn palavras com [t] seguido de [n], como em kitten
], for those people who do not have a glottal stop ['kɪtn̩], para as pessoas que não realizam uma
instead of the [t], but the majority of speakers of oclusiva glotal em vez do [t], mas a maioria dos
English pronounce this word with a glottal stop falantes do inglês pronuncia esta palavra com uma
['kɪʔn̩]. oclusiva glotal ['kɪʔn̩].

89. Figure 3.4 Nasal plosion. Figura 3.4 Plosão Nasal.


90. It is worth spending some time thinking exactly Vale a pena passar algum tempo pensando em
how you and others pronounce words such as como exatamente você e outras pessoas

307
kitten and button, in that it enables you to practice pronunciam palavras como kitten e button, na
making detailed phonetic observations. medida em que isto permite praticar a realização
de observações fonéticas detalhadas.

91. There are a number of different possibilities. Há várias possibilidades diferentes. A maioria
Most British and American English speakers dos falantes britânicos e americanos faz uma
make a glottal stop at the end of the vowel, before oclusiva glotal no final da vogal, antes de fazer
making an alveolar closure. Then, while still um fechamento alveolar. Então, enquanto
maintaining the glottal stop, they lower the velum mantêm a oclusiva glotal, eles abaixam o véu
and raise the tongue for the alveolar closure. But palatino e levantam a língua para o fechamento
which comes first? If they lower the velum before alveolar. Mas o que vem primeiro? Se abaixam o
making the alveolar closure, there is only [ʔn] and véu palatino antes de fazer o fechamento alveolar,
no [t]. há apenas [ʔn] e não [t].
92. If they make the alveolar closure first, we could Se eles fazem o fechamento alveolar primeiro,
say that there is [?tn], but there would not be any poderíamos dizer que há [ʔtn], mas não haveria
nasal plosion, as there would be no pressure built plosão nasal, pois não haveria pressão acumulada
up behind the [t] closure. Nasal plosion occurs atrás do fechamento de [t]. A plosão nasal ocorre
only if there is no glottal stop, or if the glottal stop apenas se não há oclusiva glotal, ou se a oclusiva
is released after the alveolar closure has been glotal é liberada depois que o fechamento alveolar
made and before the velum is lowered. tenha sido feito e antes que o véu palatino seja
abaixado.

93. These are fairly difficult sequences to determine, Estas são sequências um tanto difíceis para se
but there are some simple things you can do to determinar, mas há algumas coisas simples que
help you find out what articulations you use. First você pode fazer para ajudá-lo a descobrir quais
of all, find a drinking straw and something to articulações você usa. Para iniciar, encontre um
drink. Put one end of the straw between your lips canudinho e algo para beber. Coloque uma ponta
and hold the other end just (and only just) below do canudo entre os lábios e segure a outra
the surface of the liquid. extremidade apenas (e somente apenas) abaixo da
superfície do líquido.

308
94. Now say [apa], and note how bubbles form Agora diga [ɑpɑ] e observe como as bolhas se
during [pj. This is because pressure is built up formam durante [ɑpɑ]. Isso ocorre porque a
behind your closed lips. Now push the straw pressão é acumulada atrás de seus lábios
slightly farther into your mouth and say [ata]. It fechados. Agora, empurre o canudo um pouco
will not sound quite right because the straw gets mais para dentro da boca e diga [ɑtɑ]. Não soará
in the way of your tongue when it makes the bem porque o canudo entra no caminho da sua
alveolar closure. língua quando ela faz o fechamento alveolar.
95. You may have to try different positions of the Você pode ter que tentar diferentes posições do
straw. Go on until you can see bubbles coming canudo. Continue até que você possa ver as bolhas
out, and convince yourself that pressure builds up saindo e convença-se de que a pressão se acumula
behind the [t]. Now try saying button. Of course atrás do [t]. Agora tente dizer button. Claro que
there will be bubbles during the [b], but are there haverá bolhas durante o [b], mas há alguma no
any at the end of the word, or do you have a glottal final da palavra, ou você tem uma oclusiva glotal
stop and no [t] behind which pressure builds up? e não [t] por trás do qual a pressão se acumula?

96. When two sounds have the same place of Quando dois sons têm o mesmo ponto de
articulation, they are said to be homorganic. articulação, eles são considerados homorgânicos.
Thus, the consonants [d] and [n], which are both Então, as consoantes [d] e [n], ambas articuladas
articulated on the alveolar ridge, are homorganic. na crista alveolar, são homorgânicas. Para que a
For nasal plosion to occur within a word, there explosão nasal ocorra dentro de uma palavra,
must be a stop followed by a homorganic nasal. deve haver uma oclusiva seguida por uma nasal
homorgânica.
97. Only in these circumstances can there be pressure Somente nessas circunstâncias pode haver
first built up in the mouth during the stop, and pressão primeiramente construída na boca durante
then released through the nose by lowering the a oclusiva e depois liberada pelo nariz, baixando
soft palate. Many forms of English do not have o palato mole. Muitas formas de inglês não têm
any words with a bilabial stop [p] or [b] followed palavras com uma oclusiva bilabial [p] ou [b]
by the homorganic nasal [ m ] at the end of the seguida pela nasal homorgânica [m] no final da
word. palavra.

309
98. Nor in most forms of English are there any words Nem na maioria das formas de inglês existem
in which the velar stops [ k ] or [ g ] are normally palavras nas quais as oclusivas velares [k] ou [g]
followed by the velar nasal [ŋ]. Consequently, são normalmente seguidas pela velar nasal [ŋ].
both bilabial and velar nasal plosion are less Consequentemente, a explosão nasal bilabial e
common than alveolar nasal plosion in English. velar é menos comum do que a explosão nasal
alveolar em inglês.
99. But when talking in a rapid conversational style, Mas quando falamos em um estilo de
many people pronounce the word open as conversação rápida, muitas pessoas pronunciam a
['oʊpm̩], particularly if the next word begins with palavra open como ['oʊpm̩], particularmente se a
[ m ], as in open my door, please. próxima palavra começa com [m], como em open
my door, please.
100. Quite frequently, when counting, people will Muitas vezes, ao contar, as pessoas vão
pronounce seven as ['sɛbm̩`], and something, pronunciar seven como ['sɛbm̩`], e something,
captain, bacon are sometimes pronounced captain, bacon às vezes são pronunciados
[sʌmpm̩, 'kæpm̩, 'beɪkm̩]. You should try to [sʌmpm̩, 'kæpm̩, 'beɪkm̩]. Você deve tentar
pronounce all these words in these ways yourself. pronunciar todas essas palavras nestas maneiras.

101. A phenomenon similar to nasal plosion may take Um fenômeno semelhante à explosão nasal pode
place when an alveolar stop [t] or [d] occurs ocorrer quando uma oclusiva alveolar [t] ou [d]
before a homorganic lateral [1], as in little, ladle ocorre antes de uma lateral homorgânica [l], como
[‘lɪtl̩ , 'leɪdl̩ ]. em little, ladle [‘lɪtl̩ , 'leɪdl̩ ].

102. The air pressure built up during the stop can be A pressão do ar acumulada durante a oclusiva
released by lowering the sides of the tongue; this pode ser liberada ao abaixar os lados da língua;
effect is called lateral plosion. Say the word este efeito é chamado de plosão lateral. Diga a
middle and note the action of the tongue. Many palavra middle e note a ação da língua. Muitas
people (particularly British speakers) maintain pessoas (sobretudo falantes britânicos) mantêm o
the tongue contact on the alveolar ridge through contato da língua na crista alveolar durante
both the stop and the lateral, releasing it only at ambas, a oclusiva e a lateral, liberando-a apenas
the end of the word. no final da palavra.
103. Others (most Americans) pronounce a very short Outros (a maioria dos americanos) pronunciam
vowel in the second syllable. For those who have uma vogal muito curta na segunda sílaba. Para

310
lateral plosion, no vowel sound occurs in the aqueles que têm plosão lateral, nenhum som de
second syllables of little, ladle. The final vogal ocorre nas segundas sílabas de little, ladle.
consonants in all these words are syllabic. As consoantes finais em todas estas palavras são
silábicas.
104. There may also be lateral plosion in words such Também pode haver uma plosão lateral em
as Atlantic, in which the [t] may be resyllabified palavras como o Atlantic, na qual o [t] pode ser
so that it is at the beginning of the stressed ressilabificado de modo que esteja no início da
(second) syllable. We should also note that most sílaba tônica (a segunda). Devemos também
Americans, irrespective of whether they have perceber que a maioria dos americanos,
lateral plosion, do not have a voiceless stop in independentemente de se eles realizam a plosão
little. lateral, eles não articulam uma oclusiva surda em
little.
105. There is a general rule in American English that Há uma regra geral no inglês americano que,
whenever /t/ occurs after a stressed vowel and sempre que / t / ocorre após uma vogal tônica e
before an unstressed syllable other than [n̩], it is antes de uma sílaba não tônica que não seja [n̩], é
changed into a voiced sound. For those transformado em um som vozeado. Para os
Americans who have lateral plosion, this will be americanos que produzem a plosão lateral, este
the stop [d]. This brings us to another important será a oclusiva [d]. Isso nos leva a outro ponto
point about coronal stops and nasals. importante sobre as oclusivas coronais e nasais.

106. For many speakers, including most Americans, Para muitos falantes, incluindo a maioria dos
the consonant between the vowels in words such americanos, a consoante entre as vogais em
as city, better, writer is not really a stop but a palavras como city, better, writer não é realmente
quick tap in which the tongue tip is thrown against uma oclusiva, mas uma batida rápida na qual a
the alveolar ridge. ponta da língua é jogada contra a crista alveolar.

107. This sound is written in the IPA with the symbol Este som está escrito no IPA com o símbolo [ɾ] de
[ɾ] so that city can be transcribed as ['sɪɾi]. Many forma que city possa ser transcrita como ['sɪɾi].
Americans also make this kind of tap when / d / Muitos americanos também fazem este tipo de
occurs after a stressed vowel and before an batida quando /d/ ocorre após uma vogal tônica e
unstressed vowel. As a result, they do not antes de uma vogal não-tônica. Como resultado,

311
distinguish between pairs of words such as latter eles não distinguem entre pares de palavras como
and ladder. latter e ladder.
108. But some maintain a distinction by having a Mas alguns mantêm uma distinção ao produzir
shorter vowel in words such as latter that have a uma vogal mais curta em palavras como latter que
voiceless consonant in their underlying form. tem uma consoante surda na sua forma
Vowel duration is usually just a redundant cue to subjacente. A duração da vogal geralmente é
the voicing of the intervocalic consonant, and the apenas uma pista redundante para o vozeamento
consonant voicing is the main cue. da consoante intervocálica, e o vozeamento da
consoante é a pista principal.
109. Figure 3.5 Stop consonant releases. Figura 3.5 Liberações de Consoante Oclusiva.
110. However, in words with a tapped /1 / or / d / the No entanto, em palavras com um tepe alveolar /t/
consonant voicing cue has been neutralized, or /d/ o sinal de vozeamento da consonante foi
leaving the redundant cue (vowel length) to carry neutralizado, deixando o sinal redundante
the contrast on its own. (duração da vogal) carregar o contraste por conta
própria.

111. Some dialects of North American English, Alguns dialetos do inglês norte-americano,
particularly from central Canada, also distinguish particularmente do centro do Canadá, também
between word pairs like writer and rider, which distinguem entre pares de palavras como writer e
are both said with a tap [ r ] with an additional rider que são ditos com um teve [ɾ] com uma
vowel quality difference that is redundant with diferença de qualidade da vogal adicional que é
the vowel length difference found in other redundante com a diferença de comprimento da
dialects. vogal encontrada em outros dialetos.
112. So, where a Midwesterner in the United States Então, onde um sujeito do Centro-oeste nos
would say [ɹaɪɾɚ] and [ɹaːɪɾɚ], with a length Estados Unidos diria [ɹaɪɾɚ] e [ɹaːɪɾɚ], com uma
difference in the diphthong, in Canadian vowel diferença de comprimento no ditongo, na vogal
“raising” we hear [ɹəɪɾɚ] e [ɹaːɪɾɚ] with a short canadense 'alçada', ouvimos [ɹəɪɾɚ] e [ɹaːɪɾɚ] com
“schwa.” um “schwa” curto.

113. We can summarize the discussion of stop Podemos resumir a discussão a respeito das
consonants by thinking of the possibilities there consoantes oclusivas pensando nas possibilidades

312
are in the form of a branching diagram, as shown existentes na forma de um diagrama ramificado,
in Figure 3.5. The first question to consider is como mostrado na Figura 3.5. A primeira questão
whether the gesture for the stop is released a se considerar é se o gesto para a oclusiva é
(exploded) or not. liberado (explodido) ou não.
114. If it is released, then is it oral plosion, or is the Se for liberado, então é uma explosão oral, ou a
release due to the lowering of the velum, with air liberação é devido ao abaixamento do palato
escaping through the nose, making it nasal mole, com o ar escapando pelo nariz, tornando-se
plosion? If it is oral plosion, then is the closure in uma explosão nasal? Se for explosão oral, então o
the mouth entirely removed, or is the articulation fechamento na boca é completamente removido,
in the midline retained and one or both sides of ou a articulação na linha média é mantida e um ou
the tongue lowered so that air escapes laterally? ambos os lados da língua são baixados para que o
ar escape lateralmente?
115. You should be able to produce words illustrating Você deve ser capaz de produzir palavras que
all these possibilities. For coronal stops, there is ilustram todas essas possibilidades. Para as
an additional point not shown in Figure 3.5; oclusivas coronais, há um ponto adicional não
namely, is the [t] or [d] sound produced as a tap mostrado na Figura 3.5; ou seja, o som [t] ou [d]
[ɾ]? é produzido como um tepe [ɾ]?

116. FRICATIVES FRICATIVAS


117. The fricatives of English vary less than the stop As fricativas do inglês variam menos do que as
consonants, yet the major allo- phonic variations consoantes oclusivas, no entanto, as principais
that do occur are in many ways similar to those of variações alofônicas que ocorrem são de muitas
the stops. maneiras semelhantes às das oclusivas.

118. Earlier we saw that when a vowel occurs before Anteriormente, vimos que quando uma vogal
one of the voiceless stops / p, t, k /, it is shorter ocorre antes de uma das oclusivas surdas /p, t, k /,
than it would be before one of the voiced stops / é mais curta do que seria antes de uma das
b, d, g /. oclusivas sonoras / b, d, g /.

119. The same kind of difference in vowel length O mesmo tipo de diferença na duração da vogal
occurs before voiceless and voiced fricatives. The ocorre antes de fricativas surdas e sonoras. A
vowel is shorter in the first word of each of these vogal é mais curta na primeira palavra de cada um

313
pairs: strife, strive [stɹaɪf, stɹaɪv-]; teeth, teethe desses pares, strife, strive [stɹaɪf, stɹaɪv-]; teeth,
[tiθ, tið]; rice, rise [raɪs, raɪz]; mission, vision teethe [tiθ, tið]; rice, rise [raɪs, raɪz]; mission,
['mɪʃsn,' vɪʒn]. vision ['mɪʃsn,' vɪʒn].

120. Stops and fricatives are the only English Oclusivas e fricativas são as únicas consoantes
consonants that can be either voiced or voiceless. inglesas que podem ser sonoras ou surdas.
Consequently, our observation that vowels are Consequentemente, podemos revisar nossa
shorter before voiceless stops than before voiced afirmação de que as vogais são mais curtas antes
stops should be revised. The correct observation das oclusivas surdas do que antes das oclusivas
is that vowels are shorter before all voiceless sonoras. Em vez disso, podemos dizer que as
consonants than before all voiced consonants, vogais são mais curtas antes de todas as
whether fricatives or stops. consoantes surdas do que antes de todas as
consoantes sonoras. Se fricativas ou oclusivas.
121. We also saw that a voiceless stop at the end of a Nós também vimos que uma oclusiva surda no
syllable (as in hit) is longer than the final de uma sílaba (como em hit) é mais longa do
corresponding voiced stop (as in hid). Similarly, que a oclusiva sonora correspondente (como em
the voiceless fricatives are longer than their hid). Da mesma forma, as fricativas sem voz são
voiced counterparts in each of the pairs safe, save mais longas do que suas contrapartes sonoras em
[seif, seiv], lace, laze [leis, leiz], and all the other cada um dos pares, safe, save [seɪf, seɪv], lace,
pairs of words we have been discussing in this laze [leɪs, leɪz] e todos os outros pares de palavras
section. que discutimos nesta seção.
122. Again, because fricatives behave like stops, a Novamente, pelo fato das fricativas se comportam
linguistically significant generalization would como as oclusivas, uma generalização
have been missed if we had regarded each class linguisticamente significativa teria sido perdida se
of consonants completely separately. Fricatives tivéssemos considerado cada classe de consoantes
are also like stops in another way. completamente separadamente. As fricativas
também são como as oclusivas de outra maneira.

123. Consider the degree of voicing that occurs in the Considere o grau de vozeamento que ocorre na
fricative at the end of the word ooze, pronounced fricativa no final da palavra ooze, pronunciada por
by itself. In most pronunciations, the voicing that si só. Na maioria das pronúncias, o vozeamento

314
occurs during the final [z] does not last que ocorre durante o [z] final, não dura durante
throughout the articulation but changes in the last toda a articulação, mas muda na última parte para
part to a voiceless sound like [s]. um som dessaozeado como [s].
124. In general, voiced fricatives at the end of a word, Em geral, as fricativas sonoras no final de uma
as in prove, smooth, choose, rouge [pɹuv, smuð, palavra, como em prove, smooth, choose, rouge
tʃuz, ɹuʒ], are voiced throughout their articulation [pɹuv, smuð, tʃuz, ɹuʒ], são vozesdas ao longo de
only when they are followed by another voiced sua articulação apenas quando são seguidas por
sound. In a phrase such as prove it, the [v] is fully outro som vozeado. Em uma frase como prove it,
voiced because it is followed by a vowel. o [v] é totalmente vozeado porque é seguido por
uma vogal.
125. But in prove two times two is four or try to Mas em prove two times two is four ou try to
improve, where the [ v ] is followed by a voiceless improve, onde o [v] é seguido por um som
sound [t] or by a pause at the end of the phrase, it desvozeado [t] ou por uma pausa no final da frase,
is not fully voiced. Briefly stated, then, fricatives ele não é totalmente vozeado. Resumidamente,
are like stops in three ways. então, as fricativas são como oclusivas de três
maneiras.

126. First, stops and fricatives influence vowel length Primeiro, as oclusivas e as fricativas influenciam
in similar ways—vowels before voiceless stops or a duração da vogal de maneiras semelhantes: as
fricatives ’are shorter than before voiced stops or vogais antes das oclusivas surdas ou as fricativas
fricatives. Second, final voiceless stops and são mais curtas do que antes das oclusivas ou
fricatives are longer than final voiced stops and fricativas. Em segundo lugar, as oclusivas surdas
fricatives. finais e as fricativas são mais longas do que as
oclusivas e fricativas sonoras.
127. Third, the final stops and fricatives classified as Em terceiro lugar, as oclusivas finais e as
voiced are not actually voiced throughout the fricativas classificadas como sonoras não são
articulation unless the adjacent sounds are also realmente sonoras durante toda a articulação, a
voiced. menos que os sons adjacentes também sejam
sonoros.
128. In addition, both these types of articulation Além disso, ambos os tipos de articulação
involve an obstruction of the air- stream. Because envolvem uma obstrução do fluxo de ar. Porque

315
they have an articulatory feature in common and elas têm um traço articulatório em comum e
because they act together in phonological porque agem juntos em padrões fonológicos, nos
patterns, we refer to fricatives and stops together referimos a fricativas e oclusivas juntas como
as a natural class of sounds called obstruents. uma classe natural de sons chamados de
obstruintes.

129. However, fricatives do differ from stops in that No entanto, as fricativas diferem das oclusivas na
they sometimes involve actions of the lips that are medida em que às vezes envolvem ações dos
not immediately obvious. Try saying fin, thin, sin, lábios que não são imediatamente óbvias. Tente
shin [fɪn, θɪn, sɪn, ʃɪn]. There is clearly a lip action dizer fin, thin, sin, shin [fɪn, θɪn, sɪn, ʃɪn]. Existe
in the first word as it involves the labiodental claramente uma ação labial na primeira palavra,
sound [ f ]. But do your lips move in any of the pois envolve o som labiodental [f]. Mas seus
other three words? lábios se movem em qualquer uma das outras três
palavras?

130. Most people find that their lips move slightly in A maioria das pessoas descobrem que seus lábios
any word containing / s / (sin, kiss) and quite se movem ligeiramente em qualquer palavra
considerably in any word containing /ʃ/ (shin, contendo /s/ (sin, kiss) e consideravelmente em
quiche), but that there is no lip action in words qualquer palavra contendo /ʃ/ (shin, quiche), mas
containing / θ / (thin, teeth). There is also lip que não há ação de lábio em palavras contendo /θ/
movement in the voiced sounds corresponding to (thin, teeth). Também há movimento dos lábios
/ s / and /ʃ/, namely / z / as in zeal, zest and / ʒ / in em segmentos sonoros correspondentes a /s/ e /ʃ /,
leisure, treasure, but none in / ð /, as in that, teethe. ou seja /z/ como em zeal, zest e /ʒ/ em leisure,
treasure, mas nenhum em /ð/ como em that,
teethe.

131. The primary articulatory gesture in these O gesto articulatório primário nestas fricativas é a
fricatives is the close approximation of two aproximação de dois articuladores de maneira que
articulators so that friction can be heard. The lip a fricção possa ser ouvida. O arredondamento dos
rounding is a lesser articulation in that the two lábios é uma articulação menor, na medida em
articulators (the lower lip and the upper lip) que os dois articuladores (o lábio inferior e o lábio

316
approach one another but not sufficiently to cause superior) se aproximam um do outro, mas não o
friction. suficiente para causar fricção.
132. A lesser degree of closure by two articulators not Um menor grau de fechamento por dois
involved in the primary articulation is called a articuladores não envolvido na articulação
secondary articulation. This particular one, in primária é chamado de articulação secundária.
which the action of the lips is added to another Esta em particular, na qual a ação dos lábios é
articulation, is called labialization. adicionada a outra articulação, é chamada de
labialização.
133. The English fricatives / ʃ, ʒ / are strongly As fricativas inglesas / ʃ, ʒ / são fortemente
labialized, and the fricatives /s, z / are slightly labializadas, e as fricativas / s, z / são levemente
labialized. labializadas.

134. AFFRICATES AFRICADAS


135. This is, a convenient place to review the status of Este é um lugar conveniente para revisar o status
affricates in English. das africadas em inglês.

136. An affricate is a sequence of a stop followed by Uma africada é uma sequência de uma oclusiva
a fricative that functions as if it were a single seguida por uma fricativa que funciona como se
sound. Some stop, fricative sequences, for fosse um único som. Algumas sequências
example the dental affricate [tθ] as in eighth or the oclusiva-fricativa, por exemplo, a africada dental
alveolar affricate [ ts ] as in cats, are simply [tθ] como em eighth ou a africada alveolar [ts]
consonant clusters comparable to those at the como em cats, são simplesmente encontros
beginning of spy and sky. consonantais comparados aos do início do spy e
sky.
137. But, as we noted in the discussion of symbols for Mas, como observamos na discussão de símbolos
transcribing English, it is sometimes appropriate para o inglês transcrito, é as vezes apropriado
to regard the sequences [tʃ] and [dʒ] as different considerar as sequências [tʃ] e [dʒ] como
from other sequences of consonants. They are the diferentes de outras sequências de consoantes.
only stop, fricative sequences in English that can Elas são as únicas sequências de oclusiva,
occur at both the beginning and the end of words. fricativa em inglês, que podem ocorrer no início e
no final das palavras.

317
138. In fact, even the other stop, fricative sequences Na verdade, mesmo as outras sequências de
that can occur at the end of words will usually do oclusiva, fricativa que podem ocorrer no final das
so only as the result of the formation of a plural palavras geralmente o farão apenas como
or some other suffix, as in eighth. From the point resultado da formação de um plural ou de algum
of view of a phonologist considering the sound outro sufixo, como em eighth. Do ponto de vista
pattern of English, the post-alveolar affricates are de um fonologista considerando o padrão de som
plainly single units, but [ ts ] as in cats is simply a do inglês, as africadas pós-alveolares são
sequence of two consonants. segmentos claramente simples, mas [ts] como em
cats é simplesmente uma sequência de duas
consoantes.
139. One way to convince yourself that the affricates Uma maneira de convencer-se de que as africadas
[tf] and [d3] are phonetic sequences of stop [tʃ] e [dʒ] são sequências fonéticas de oclusiva
followed by fricative is to record yourself saying seguida de fricativa é gravar-se dizendo itch e
itch and badge, and then play them backwards badge e depois tocá-las de trás pra frente (use a
(e.g., use the WaveSurfer “reverse” function to do função "reverso" do WaveSurfer para fazer isso).
this).

140. The fricative stop sequence is usually pretty easy A sequência fricativa oclusiva geralmente é
to hear in the backwards versions. bastante fácil de ouvir nas versões de trás pra
frente.
141. NASALS NASAIS

142. The nasal consonants of English vary even less As consoantes nasais do inglês variam ainda
than the fricatives. Nasals, together with [ɹ,1], can menos do que as fricativas. Nasais, juntamente
be syllabic when they occur at the end of words. com [ɹ,l], podem ser silábicos quando ocorrem no
As we have seen, the mark [ˌ] under a consonant final de palavras. Como vimos, a marca [ˌ] sob
indicates that it is syllabic. (Vowels, of course, are uma consoante indica que é silábica. (As vogais,
always syllabic and therefore need no special é claro, são sempre silábicas e, portanto, não
mark.) In a narrow transcription, we may precisam de marca especial.) Em uma transcrição
transcribe the words sadden and table as ['sædn̩, estreita, podemos transcrever as palavras sadden,
'teɪbl̩ ]. table como ['sædn̩, 'teɪbl̩ ].

318
143. In most pronunciations, prism and prison can be Na maioria das pronúncias, prism, prison podem
transcribed ['pɹɪzm̩, 'pɹɪzn̩], as these words do not ser transcritos ['pɹɪzm̩, 'pɹɪzn̩], pois essas palavras
usually have a vowel between the last two geralmente não têm uma vogal entre as duas
consonants. Syllabic consonants can also occur in últimas consoantes. As consoantes silábicas
phrases such as Jack and Kate ['dʒæk ŋ̩ 'keɪt]. também podem ocorrer em frases como Jack and
Kate ['dʒæk ŋ̩ 'keɪt].

144. The nasal [ŋ] differs from the other nasals in a A nasal [ŋ] difere das outras nasais de várias
number of ways. No English word can begin with maneiras. Nenhuma palavra em inglês pode
[ŋ]. This sound can occur only within or at the end começar com [ŋ]. Este som pode ocorrer somente
of a word, and even in these circumstances it does no meio ou no final de uma palavra, e mesmo
not behave like the other nasals. It can be nessas circunstâncias não se comporta como as
preceded only by the vowels / ɪ, ɛ, æ, ʌ / e / ɑ / outras nasais. Pode ser precedida apenas pelas
(American English) vogais / ɪ, ɛ, æ, ʌ / e / ɑ / (inglês americano)

145. or / ɒ / (British English), and it cannot be syllabic ou /ɒ/ (inglês britânico), e não pode ser silábico
(except in slightly unusual pronunciations, such (exceto em pronuncias um tanto incomuns, como
as bacon ['beɪkŋ̩], and phrases such as Jack and bacon ['beɪkŋ̩], e frases como Jack and Kate
Kate mentioned earlier). mencionada anteriormente).
146. One way to consider the different status of [i] is Uma maneira de considerar o status diferente de
that in the history of English, it was derived from [ŋ] é que na história do inglês, ele foi derivado de
a sequence of the phonemes / n / and / g /. Looking uma sequência dos fonemas /n/ e /ɡ/. Olhando
at it this way, sing was at an earlier time in history para ele dessa maneira, sing foi em uma época
/ sɪng /, and sink was / sink /. remota na história / sɪnɡ /, e sink foi /sɪnk/.
147. There was then a sound change in which /n/ Houve então uma mudança de som em que / n / se
became the new phoneme / ŋ / in those words tornou o novo fonema / ŋ / nas palavras nas quais
where it occurred before / g / and / k /, turning / ocorria antes /ɡ/ e /k/, transformando /sɪng/ em
sing / into / sɪŋɡ / and / sink / into / sɪŋk /. /sɪŋɡ/ e /sɪnk/ em /sɪŋk/.
148. Another change resulted in the deletion of / ɡ / Outra mudança resultou na eliminação do /ɡ/ (mas
(but not of / k /) whenever it occurred after / ij / at não do /k/) sempre que ele ocorria após /ŋ/ no final

319
the end of either a word (as in sing) or a stem de uma palavra (como em sing) ou de uma raiz
followed by a suffix such as -er or -ing. seguida por um sufixo como -er ou - ing.
149. In this way, the / ɡ / would be dropped in singer, Desta forma, o /ɡ/ apagaria em singer, que contém
which contains a suffix -er, but is retained in um sufixo -er, mas é mantido em finger, no qual
finger, in which the -er is not a suffix. o -er não é um sufixo.

150. The second change has been undone by some A segunda mudança foi desfeita no caso de alguns
New Yorkers who make singer rhyme with finger. falantes da área de Nova York que fazem singer
rimar com finger.
151. APPROXIMANTS APROXIMANTES
152. The voiced approximants are / w, a, j, 1 / as in As aproximantes sonoras são / w, ɹ, j, l / como em
whack, rack, yak, and lack. whack, rack, yak, lack.

153. The first three of these sounds are central Os três primeiros desses sons são aproximantes
approximants, and the last is a lateral approxi- centrais, e o último é uma aproximante lateral. A
mant. The articulation of each of them varies articulação de cada um deles varia ligeiramente
slightly depending on the articulation of the dependendo da articulação da vogal seguinte.
following vowel. You can feel that the tongue is Você pode sentir que a língua está em uma
in a different position in the first sounds of we and posição diferente nos primeiros sons de we e
water. water.
154. The same is true for reap and raw, lee and law, O mesmo é verdade para reap e raw, lee e law, e
and ye and yaw. Try to feel where your tongue is ye e yaw. Tente sentir onde a sua língua se
in each of these words. These consonants also posiciona em cada uma dessas palavras. Estas
share the possibility of occurring in consonant consoantes também compartilham a possibilidade
clusters with stop consonants. de ocorrer em encontros consonantais com
consoantes oclusivas.

155. The approximants / ɹ, w, 1 / combine with stops As aproximantes / ɹ, w, l / combinam com


in words such as pray, bray, tray, dray, Cray, gray, oclusivas em palavras como pray, bray, tray,
twin, dwell, quell, Gwen, play, blade, clay, and dray, Cray, gray, twin, dwell, quell, Gwen, play,
glaze. blade, clay, glaze.

320
156. The approximants are largely voiceless when As aproximantes são potencialmente surdas
they follow one of the voiceless stops / p, t, k / as quando seguem uma das oclusivas surdas /p, t, k /
in play, twice, and clay. como em play, twice, clay.
157. This voicelessness is a manifestation of the Esse desvozeamento é uma manifestação da
aspiration that occurs after voiceless stops, which aspiração que ocorre após oclusivas surdas, que
we discussed at the beginning of this chapter. At discutimos no início deste capítulo. Naquele
that time, we introduced a small raised h symbol, momento, introduzimos um pequeno símbolo de
[ʰ], which can be used to show that the first part h elevado, [ʰ], que pode ser usado para mostrar
of the vowel is voiceless. que a primeira parte da vogal é surda.
158. When there is no immediately following vowel, Quando não existe uma vogal imediatamente
we can use the diacritic [o] to indicate a voiceless seguinte, podemos usar o diacrítico [o] para
sound. We can transcribe the words play, twice, indicar um som desvozeado. Podemos transcrever
clay, in which there are approximants after initial as palavras play, twice, clay, em que há
voiceless plosives, as [pl̥ eɪ, tw̥aɪs, kl̥ eɪ]. The aproximantes após plosivas surdas iniciais, como
approximant / j / as in you [ju] can occur in similar [pl̥ eɪ, tw̥aɪs, kl̥ eɪ]. A aproximante /j/ como em you
consonant clusters, as in pew, cue [pj̥u, kj̥u], and, [ju] pode ocorrer em encontros de consoantes
for speakers of British English, tune [tj̥un]. semelhantes, como em pew, cue [pj̥u, kj̥u], e, para
os falantes do inglês britânico, tune [tj̥un].

159. We will discuss the sequence [ju] again when we Vamos discutir a sequência [ju] novamente
consider vowels in more detail. quando considerarmos as vogais com mais
detalhes.

160. In most forms of British English, there is a Na maioria das formas do inglês britânico, há
considerable difference in the articulation of /1/ uma diferença considerável na articulação de /l/
before a vowel or between vowels, as in leaf or antes de uma vogal ou entre vogais, como em leaf
feeling, as compared with / 1 / before a consonant ou feeling, em comparação com /l/ antes de uma
or at the end of a word, as in field or feel. In most consoante ou no final de uma palavra, como em
forms of American English, there is less field or feel. Na maioria das formas de inglês
distinction between these two kinds of /1/. americano, há menos distinção entre esses dois
tipos de /l/.

321
161. Note the articulation of /1 / in your own Observe a articulação de / l / em sua própria
pronunciation. Try to feel where the tongue is pronúncia. Tente sentir onde a língua se posiciona
during the /1 / in leaf. You will probably find that durante o /l/ em leaf. Você provavelmente
the tip is touching the alveolar ridge, and one or descobrirá que a ponta está tocando a crista
both sides are near the upper side teeth, but not alveolar e um ou ambos os lados estão próximos
quite touching. dos dentes laterais superiores, mas sem tocar
neles.
162. Now compare this articulation with the /1 / in Agora, compare essa articulação com o /l/ em
feel. Try playing leaf backwards to see if it sounds feel. Tente reproduzir leaf de trás para frente para
like feel. Does feel backwards sound like leaf? ver se se parece com feel. será que feel de trás pra
Most (but not all) speakers make /1 / with the frente soa como leaf? A maioria (mas não todos)
tongue tip touching the alveolar ridge. os falantes fazem /l/ com a ponta da língua
tocando a crista alveolar.
163. But in both British and American English, the Mas no inglês britânico e americano, o centro da
center of the tongue is pulled down and the back língua é puxado para baixo e o dorso está
is arched upward as in a back vowel. If there is arqueado para cima, como em uma vogal
contact on the alveolar ridge, it is the primary posterior. Se houver contato com a crista alveolar,
articulation. The arching upward of the back of trata-se de articulação primária. O arqueamento
the tongue forms a secondary articulation, which para cima da parte de trás da língua forma uma
we will call velarization. articulação secundária, que chamaremos de
velarização.
164. In most forms of American English, all examples Na maioria das formas do inglês americano, todos
of /1 / are comparatively velarized, except os exemplos de /l/ são comparativamente
perhaps, those that are syllable initial and between velarizados, exceto, talvez, aqueles que iniciam
high front vowels, as in freely. In British English, sílabas e entre vogais anteriores altas, como em
/1 / is usually not velarized when it is before a freely. No inglês britânico, o /l/ geralmente não é
vowel, as in lamb or swelling, but it is velarized velarizado quando está antes de uma vogal, como
when word final or before a consonant, as in ball em lamb ou swelling, mas é velarizado quando no
or filled. final da palavra ou antes de uma consoante, como
em ball ou filled.

322
165. Also, compare the velarized / 1 / in Don't kill Além disso, compare o /l/ velarizado em Don’t
dogs with the one in Don’t kill it. Most people kill dogs com o de Don’t kill it. A maioria das
don’t have a velarized /1 / in kill it, despite the pessoas não produz um /l/ velarizado em kill it,
fact that it is seemingly at the end of a word. This apesar do fato de que ele aparentemente esteja no
is because the it in kill it acts like a suffix final de uma palavra. Isso ocorre porque o it em
(technically a clitic), just like the suffix -ing in kill it age como um sufixo (tecnicamente um
killing. clítico), assim como o sufixo -ing em killing.
166. (Note: The differences between the two types of (Nota: as diferenças entre os dois tipos de /l/ são
/1 / are more noticeable in British English.) One mais perceptíveis no inglês britânico.) Um
symbol for velarization, that was introduced símbolo para a velarização, que foi introduzido de
briefly in Chapter 2, is the mark [~] through the forma breve no Capítulo 2, é a marca [~] que corta
middle of the symbol. Accordingly, a narrow o meio do símbolo. Consequentemente, uma
transcription of feel would be [fiɫ]. transcrição estreita de feel seria [fiɫ].

167. For many speakers, the whole body of the tongue Para muitos falantes, todo o corpo da língua é
is drawn up and back in the mouth so that the tip alçado para cima e para trás na boca, de modo que
of the tongue no longer makes contact with the a ponta da língua já não faça contato com a crista
alveolar ridge. Strictly speaking, therefore, this alveolar. Em termos estritos, portanto, esse som
sound is not an alveolar consonant, but more like não é uma consoante alveolar, porém mais como
some kind of back vowel. This variant is called a um tipo de vogal posterior. Esta variante é
“vocalized /1 /.” chamada de "/ l /vocalizado".
168. Finally, we must consider the status of / h /. Finalmente, devemos considerar o status de /h/.
Earlier we suggested that the English / h / is the Anteriormente, sugerimos que o /h/ do inglês é a
voiceless counterpart of the surrounding sounds. contraparte surda dos sons que o circundam. No
At the beginning of a sentence, / h / is like a início de uma frase, /h/ é como uma vogal surda,
voiceless vowel, but / h / can also occur between mas /h/ também pode ocorrer entre vogais em
vowels in words or phrases like behind the head. palavras ou frases como behind the head.

169. As you move from one vowel through / h / to À medida que você muda de uma vogal para outra
another, the articulatory movement is continuous, na presença de /h/, o movimento articulatório é

323
and the / h / is signaled by a weakening of the contínuo e o /h/ é sinalizado por um
voicing, which may not even result in a enfraquecimento do vozeamento, que pode não
completely voiceless sound. resultar em um som completamente surdo.
170. In many accents of English, / h / can occur only Em muitos sotaques do inglês, o / h / pode ocorrer
before stressed vowels or before the approximant somente antes das vogais tônicas ou antes da
/ j /, as in hue [hju]. Some speakers of English also aproximante /j/, como em hue [hju]. Alguns
sound / h / before / w / so that they contrast which falantes do inglês também produzem / h / antes de
[hwitʃ] and witch [ witʃ]. The symbol [ʍ] (an /w/, de modo que eles contrastam which [hwɪtʃ] e
inverted w) is a better transcription for this witch [wɪtʃ]. O símbolo [ʍ] (um w invertido) é
contrastive, phonemic voiceless approximant. uma melhor transcrição para esta aproximante
surda fonêmica contrastiva.
171. The contrast between / w / and / ʍ / is O contraste entre /w/ e / ʍ / está desaparecendo
disappearing in most forms of English. In those na maioria das formas do inglês. Nos dialetos em
dialects in which it occurs, [ʍ] is more likely to que ocorre, [ʍ] é mais propenso de ser encontrado
be found only in the less common words such as apenas nas palavras menos comuns, como
whether rather than in frequently used words such whether, em vez de em palavras usadas com
as what. frequência, como what.
172. OVERLAPPING GESTURES GESTOS SOBREPOSTOS

173. All the sounds we have been considering involve Todos os sons que consideramos envolvem
movements of the articulators. movimentos dos articuladores.

174. They are often described in terms of the São muitas vezes descritos em termos de posições
articulatory positions that characterize these articulatórias que caracterizam esses movimentos.
movements. But, rather than thinking in terms of Mas, ao invés de pensar em termos de posições
static positions, we should really consider each estáticas, devemos considerar cada som como um
sound as a movement. movimento.
175. This makes it easier to understand the Isso facilita a compreensão da sobreposição de
overlapping of consonant and vowel gestures in gestos de consoantes e vogais em palavras como
words such as bib, did, gig, mentioned earlier in bib, did, gig, mencionadas anteriormente neste
this chapter. capítulo.

324
176. As we noted, in the first word, bib, the tongue tip Como observamos, na primeira palavra, bib, a
is behind the lower.front teeth throughout the ponta da língua está atrás dos dentes incisivos
word. In the second word, did, the tip of the inferiores ao longo da palavra. Na segunda
tongue goes up for the first / d 1 and remains close palavra, did, a ponta da língua sobe para o
to the alveolar ridge during the vowel so that it is primeiro /d/ e permanece próxima da crista
ready for the second / d /. In the third word, gig, alveolar durante a vogal de maneira que esteja
the back of the tongue is raised for the first / g / pronta para o segundo /d/. Na terceira palavra,
and remains near the soft palate during the vowel. gig, a parte de trás da língua é elevada para o
primeiro /g/ e permanece perto do palato mole
durante a vogal.

177. In all these cases, the gestures for the vowels and Em todos esses casos, os gestos para as vogais e
consonants overlap. as consoantes se sobrepõem.
178. The same kind of thing happens with respect to O mesmo tipo de coisa acontece com respeito aos
gestures of the lips. Lip rounding is an essential gestos dos lábios. O arredondamento de lábios é
part of / w /. Because there is a tendency for uma parte essencial de /w/. Porque existe uma
gestures to overlap with those for adjacent tendência para que os gestos se sobreponham
sounds, stops are slightly rounded when they `aqueles para sons adjacentes, as oclusivas são
occur in clusters in which / w / is the second ligeiramente arredondadas quando ocorrem em
element, as in twice, dwindle, quick [tw̥aɪs, encontros em que /w/ é o segundo elemento, como
'dwɪndl̩ , kw̥ɪk]. em twice, dwindle, quick [tw̥aɪs, 'dwɪndl̩ , kw̥ɪk].
179. This kind of gestural overlapping, in which a Esse tipo de sobreposição gestual, em que um
second gesture starts during the first gesture, is segundo gesto começa durante o primeiro gesto,
sometimes called anticipatory coarticulation. The às vezes é chamado de coarticulação antecipada.
gesture for the approximant is anticipated during O gesto para a aproximante é antecipado durante
the gesture for the stop. In many people’s speech, o gesto para a oclusiva. Na pronúncia de muitas
/ɹ/ also has some degree of lip rounding. Try pessoas, o /ɹ/ também tem algum grau de
saying words such as reed and heed. arredondamento dos lábios. Tente dizer palavras
como reed e heed.

325
180. Do you get some movement of the lips in the first Você começa algum movimento dos lábios na
word but not in the second? Use a mirror to see primeira palavra, mas não na segunda? Use um
whether you get anticipatory lip rounding for the espelho para ver se você faz arredondamento
stops [t, d] so that they are slightly rounded in antecipatório para as oclusivas [t, d] de forma que
words such as tree and dream, as opposed to tee elas estejam ligeiramente arredondadas em
and deem. We can often think of the gestures for palavras como tree e dream, em oposição a tee e
different articulations as movements toward deem.Muitas vezes, podemos pensar nos gestos
certain targets. para diferentes articulações como movimentos em
direção a determinados alvos.

181. A target is something that one aims at but does Um alvo é algo ao qual se mira, mas não é
not necessarily hit, perhaps because one is drawn necessariamente atingido, talvez porque tenha
off by having to aim at a second target. Ideally, que se desviar por ter que apontar para um
the description of an utterance might consist of segundo alvo. Idealmente, a descrição de um
the specification of a string of target gestures that enunciado pode consistir na especificação de uma
must be made one after another. The data in série de gestos de alvos que devem ser feitos um
Figure 3.6 are traces of the vocal tract during [b], após o outro. Os dados na Figura 3.6 são
[d], and [g] in a variety of vowel contexts in contornos do trato vocal durante [b], [d] e [g] em
French; similar observations have been made for uma variedade de contextos de vogais em francês;
English as well. Observações semelhantes também foram feitas
para o inglês.
182. The patterns of stability and variation are Os padrões de estabilidade e variação são
interesting. For instance, the traces for [b ] show interessantes. Por exemplo, os contornos de [b]
that the lips, jaw, and soft palate have about the mostram que os lábios, a mandíbula e o palato
same position no matter what the vowel context mole têm aproximadamente a mesma posição
is, while the tongue position and larynx height independentemente do contexto da vogal,
varies quite a bit. If you look at the tongue traces enquanto a posição da língua e a altura da laringe
closely, you can see tongue positions during [b] variam um pouco. Se você olhar os contornos da
for the French vowels [i], [u], [a], and the umlaut língua de perto, você pode ver as posições da
u, which is transcribed [y] in the IPA. língua durante [b] para as vogais francesas [i], [u],
[ɑ] e a umlaut u, que é transcrita [y] no IPA.

326
183. In the traces for [d], we see again that some parts Nos contornos de [d], vemos novamente que
of the vocal tract take the same position in all of algumas partes do trato vocal ocupam a mesma
the vowel contexts (the tongue tip, soft palate, and posição em todos os contextos das vogais (a ponta
jaw are the least variable). Interestingly, tongue da língua, o palato mole e a mandíbula são os
body variation is much smaller in [d], which menos variáveis). Curiosamente, a variação do
requires a tongue tip or blade gesture, than it is in corpo da língua é muito menor em [d], o que
[b], while in [d] the lip position is more variable. requer um gesto da ponta ou da lâmina da língua,
do que em [b], enquanto que em [d] a posição do
lábio é mais variável.
184. We also see a good deal of variation in the lip Também vemos uma boa variação nas posições
positions for [ g ], as well as a good deal of dos lábios para [ɡ], bem como uma bastante
variation in the front/back location of the variação na localização anterior / posterior da
tongue—unlike [b] and [d], the place of língua - ao contrário de [b] e [d], o ponto de
articulation of [ɡ] varies a good deal as a function articulação de [ɡ] varia muito como uma função
of the neighboring vowel. The increased da vogal vizinha. A coarticulação aumentada de
coarticulation of [ɡ] with surrounding vowels, as [ɡ] com vogais circundantes, em comparação com
compared with [d], suggests that the [d], sugere que as especificações dos gestos da
specifications of the consonant and vowel consoante e da vogal estão competindo entre si
gestures are competing with each other for control para controlar o corpo da língua.
of the tongue body.
185. The vowel [ u ] wants the tongue body to go quite A vogal [u] quer que o corpo da língua vá bastante
far back in the mouth, as you can see it does in the para atrás na boca, como você pode ver nos traços
[b] traces, while the [ɡ](wants the tongue body to de [b], enquanto o [ɡ] quer que o corpo da língua
be located a bit farther toward the front than this. fique um pouco mais distante em direção à frente
do que esta.
Figure 3.6 Mid-sagittal sections of [b], [d], and [g] Figura 3.6 Seções do meio sagital de [b], [d] e [ɡ]
adjacent to different vowels (courtesy of Anne Vilain, adjacentes a diferentes vogais. (Cortesia de Anne Vilain,
Pierre Badin, & Christian Abry, with permission of the Pierre Badin e Christian Abry, com permissão da
Australasian Speech Science and Technology Australian Speech and Technology Association.
Association).

327
186. Similarly, the vowel [i] wants the tongue body to Da mesma forma, a vogal [i] quer que o corpo da
be further front than is required or specified for língua fique mais à frente do que é exigido ou
[ɡ]. What we see in the figure is that the exact especificado para [ɡ]. O que vemos na figura é
location of the [ɡ] stop closure is more variable que a localização exata do fechamento da oclusiva
than are the locations of the stop closures in [b] or [ɡ] é mais variável do que as localizações dos
[d]. This is probably because [ɡ] requires fechamentos das oclusivas em [b] ou [d]. Isto é
significant tongue body movement, just as do provavelmente porque [ɡ] requer um movimento
vowels. significativo do corpo da língua, assim como as
vogais.
187. Coarticulation between sounds will always result A coarticulação entre os sons sempre resultará
in the positions of some parts of the vocal tract nas posições de algumas partes do trato vocal
being influenced quite a lot, whereas others will sendo bastante influenciadas, enquanto outras não
not be so much affected by neighboring targets. serão tão afetadas por alvos vizinhos.

188. The extent to which anticipatory coarticulation A frequência em que a coarticulação antecipatória
occurs depends on the extent to which the position ocorre depende da frequência em que a posição
of that part of the vocal tract is specified in the dessa parte do trato vocal é especificada nos dois
two gestures. The degree of coarticulation also gestos. O grau de coarticulação também depende
depends on the interval between them. For do intervalo entre elas. Por exemplo, um volume
example, a considerable amount of lip rounding considerável de arredondamento dos lábios ocorre
occurs during [k] when the next sound is rounded, durante [k] quando o próximo som é arredondado,
as in coo [ku]. como em coo [ku].
189. Slightly less lip rounding occurs if the [k] and the Um pouco menos arredondamento dos lábios
[u] are separated by another sound, as in clue ocorre se o [k] e o [u] estiverem separados por
[klu], and even less occurs if there is also a word outro som, como em clue [klu], e ocorre ainda
boundary between the two sounds, as in the menos se houver também um limite de palavra
phrase sack Lou [sæklu]. Nevertheless, some entre os dois sons, como na frase sack Lou
rounding may occur, and sometimes anticipatory [sæklu]. No entanto, algum arredondamento pode
coarticulations can be observed over even longer ocorrer, e às vezes coarticulações antecipatórias
sequences. podem ser observadas em sequências ainda mais
longas.

328
190. In the phrase tackle Lou [tækllu], the lip rounding Na frase tackle Lou [tækɫ̩ lu], o arredondamento
for the [u] may start in the [k], which is separated dos lábios para [u] pode começar no [k], que é
from it by two segments and a word boundary. separado dele por dois segmentos e um limite de
There is no simple relationship between the palavras. Não existe uma relação simples entre a
description of a language in terms of phonetic descrição de uma língua em termos de
distributions and the description of utterances in distribuição fonética e a descrição de enunciados
terms of gestural targets. Sometimes the different em termos de alvos gestuais. Às vezes, os
members of a phonetic distribution arise because diferentes membros de uma distribuição fonética
of overlapping gestures. surgem devido a gestos sobrepostos.

191. The difference between the [k] in key and the [k] A diferença entre o [k] em key e o [k] em caw
in caw may be simply due to their overlapping pode ser simplesmente devido à sua sobreposição
with different vowels. Similarly, we do not com diferentes vogais. Da mesma forma, não
necessarily have to specify separate targets for the precisamos especificar alvos separados para o [n]
alveolar [n] in ten and the dental [n] in tenth. Both alveolar em ten e o [n̪] dental em tenth. Ambos
may be the result of aiming at the same target, but podem ser o resultado de visar o mesmo alvo, mas
in tenth, the realization of the phoneme / n / is em tenth, a realização do fonema /n/ é
influenced by the dental target required for the influenciada pelo alvo dental requerido para o
following sound. som seguinte.
192. However, some phonetic variation is actually the No entanto, algumas variações fonéticas são, na
result of aiming at different targets. For many verdade, o resultado de visar alvos diferentes.
American English speakers, the initial [ɹ] in reed Para muitos falantes do inglês americanos, o [ɹ]
is made with a tongue gesture that is very different inicial em reed é feito com um gesto de língua que
from that for the final [r] in deer. é muito diferente daquele para o [r] final em deer.
193. In most forms of British English, the [1] in leaf Na maioria das formas do inglês britânico, o [l]
and the [1] in feel differ in ways that cannot be em leaf e o [l] em feel diferem em formas que não
ascribed to coarticulation. podem ser atribuídas à coarticulação.
194. To drive home the point that coarticulation isn’t Para deixar claro o ponto de que a coarticulação
the only source of phonetic variation, consider the não é a única fonte de variação fonética, considere
realization of the / t / in button spoken carefully a realização de /t/ em button falado lentamentee
['bʌtʰən] and quickly ['bʌʔən̩], in which one word ['bʌtʰən] e rapidamente ['bʌʔən̩], no qual uma

329
is realized with two completely different gestures palavra é realizada com dois gestos
for the medial consonant, [tʰ] e [ʔ]. completamente diferentes para a consoante
medial, [tʰ] e [ʔ].
195. Sometimes, phonetic variation is the result of Às vezes, a variação fonética é o resultado de
overlapping gestures, producing what have been gestos sobrepostos, produzindo o que tem se
called intrinsic allophones; sometimes, they chamado de alofones intrínsecos; às vezes,
involve different gestures, which may be called envolvem gestos diferentes, que podem ser
extrinsic allophones. To summarize, gestural chamados de alofones extrínsecos. Para resumir,
targets are units that can be used in descriptions os alvos gestuais são unidades que podem ser
of how a speaker produces utterances. Virtually usadas nas descrições de como um falante produz
all the gestures for neighboring sounds overlap. enunciados. Praticamente todos os gestos para
sons vizinhos se sobrepõem.

196. Differences in the timing of one gesture with Diferenças no tempo de um gesto em relação a
respect to another account for a wide range of the outro representam uma ampla gama de
phenomena that we observe in speech. The next fenômenos que observamos na fala. A próxima
section provides a number of additional seção apresenta uma série de exemplos
examples. adicionais.
197. ENGLISH CONSONANT ALLOPHONES ALOFONES CONSONANTAIS DO INGLÊS

198. A good way of summarizing (and slightly Uma boa maneira de resumir (e ampliar um
extending) all that we have said about English pouco) tudo o que dissemos sobre as consoantes
consonants so far is to list a number of phonetic da língua inglesa até agora é listar uma série de
distributions that describe the consonant distribuições fonéticas que descrevem os alofones
allophones of English. consonantais do inglês.

199. The first of these deals with consonant length. O primeiro destes trata do comprimento da
consoante.

200. (1) Consonants are longer when at the end of a (1) As consoantes são mais longas quando no final
phrase. de uma frase.

330
201. You can see this pattern by comparing the Você pode ver esse padrão comparando a
duration of / s / in “what will you miss” to the duração de / s / em “What will you miss” com a
duration of / s / in “I’ll miss it all.” duração de / s / em “I'll miss it all.”
202. Use WaveSurfer or Praat to make recordings and Use WaveSurfer ou Praat para fazer gravações e
spectrograms of words in phrases such as this espectrogramas de palavras em frases como esta.
(where the word is at the end of one phrase and in (onde a palavra esteja no final de uma frase e no
the middle of the other). meio da outra).

203. You can check the duration to see if consonants Você pode verificar a duração para ver se as
really are longer at the ends of phrases. consoantes são realmente mais longas no final das
frases.
204. Most patterns of phonetic variation apply to only A maioria dos padrões de variação fonética se
selected groups of consonants. aplicam apenas a grupos específicos de
consoantes.

205. (2) Voiceless stops (i.e., / p, t, k /) are aspirated (2) Oclusivas surdas (isto é, / p, t, k /) são
when they are syllable initial, as in words such as aspiradas quando onset silábico (início de sílaba),
pip, test, kick [pʰɪp, tʰɛst, kʰɪk]. como em palavras como pip, test, kick [pʰɪp, tʰɛst,
kʰɪk].

206. (3) Obstruents—stops and fricatives—classified (3) Obstruintes - oclusivas e fricativas -


as voiced (i.e., / b, d, ɡ, v, ð, z, ʒ /) are voiced classificadas como sonoras (ou seja, / b, d, ɡ, v, ð,
through only a small part of the articulation when z, ʒ /) são sonoras apenas numa pequena parte da
they occur at the end of an utterance or before a articulação quando ocorrem no final de um
voiceless sound. enunciado ou antes de um som desvozeado.

207. Listen to the / v / when you say try to improve, Ouça o / v / quando você diz try to improve, e o
and the / d / when you say add two. / d / quando você diz, add two.
208. (4) So-called voiced stops and affricates / b, d, g, (4) As chamadas oclusivas sonoras e africadas
d3 / are voiceless when syllable initial, except /b,d, ɡ, dʒ / são surdas quando em onset

331
when immediately preceded by a voiced sound silábico (início de sílaba), exceto quando
(as in a day as compared with this day). imediatamente precedidas por um som
vozeado (como em a day em comparação
com this day).

209. Listen to the sday part of your own recording of Ouça a parte da sua gravação de “sday” de this
this day. Does it sound like stay? day. Soa como stay?
210. (5) Voiceless stops / p, t, k / are unaspirated after (5) Oclusivas surdas (/ p, t, k /) não são aspiradas
/s / in words such as spew, stew, skew. após / s / em palavras como spew, stew,
skew.

211. (6) Voiceless obstruents / p, t, k, tʃ, f, θ, s, ʃ / are (6) Obstruintes surdas / p, t, k, tʃ, f, θ, s, ʃ / são
longer than the corresponding voiced obstruents mais longas do que as obstruintes sonoras
/b, d, ɡ, dʒ, v, ð, z, ʒ / when at the end of a syllable. correspondentes / b, d, ɡ, dʒ, v, ð, z, ʒ / quando no
final de uma sílaba.

212. Words exemplifying this rule are cap as opposed Palavras que exemplificam esta regra são cap em
to cab and back as opposed to bag. Try contrasting oposição ao cab e back em oposição a bag. Tente
these words in sentences, and you may be able to contrastar essas palavras em frases, e você poderá
hear the differences more clearly. ouvir as diferenças com mais clareza.

213. (7) The approximants /w, ɹ, j, 1 / are at least (7) As aproximantes / w, ɹ, j, l / são pelo menos
partially voiceless when they occur after initial / parcialmente surdas quando ocorrem após /p, t,
p, t, k /, as in play, twin, cue [pl̥ eɪ, tw̥ɪn, kj̥u]. k/ inicial, como em play, twin, cue [pl̥ eɪ, tw̥ɪn,
kj̥u].

214. This is due to the overlapping of the gesture Isto é devido à sobreposição do gesto necessário
required for aspiration with the voicing gesture para a aspiração com o gesto de vozeamento
required for the approximants. (Note that the exigido para as aproximantes. (Note que a

332
observation is that they are at least partially observação é que eles são pelo menos
voiceless, but the transcription marks the parcialmente desvozeados, mas a transcrição
approximants as being completely voiceless. marca as aproximantes como sendo
completamente surdas.

215. Conflicts between statements and transcriptions Conflitos entre declarações e transcrições desse
of this kind will be discussed further below.) tipo serão discutidos mais adiante.)
216. (8) The gestures for consecutive stops overlap so (8) Os gestos para oclusivas consecutivas se
that stops are unexploded when they occur before sobrepõem de forma que as oclusivas não
another stop in words such as apt [æp˺t] and sejam explodidas quando ocorrem antes
rubbed [rʌb˺d]. de outra oclusiva em palavras como apt
[æp˺t] e rubbed [rʌb˺d].

217. (9) In many accents of English, syllable final /p, (9) Em muitos sotaques do inglês, / p, t, k / em
t, k/ are accompanied by an overlapping glottal coda silábica são acompanhados por um
stop gesture, as in pronunciations of tip, pit, kick gesto de oclusiva glotal sobreposto, como
as [tɪʔ͡p, pɪʔ͡t, kɪʔ͡k]. nas pronúncias de tip, pit, kick como [tɪʔ͡p,
pɪʔ͡t, kɪʔ͡k].

218. (This is another case where transcription cannot (Este é outro caso em que a transcrição não pode
fully describe what is going on.) descrever completamente o que está
acontecendo.)

219. This is not found in all varieties of English. Isso não é encontrado em todas as variedades do
inglês.
220. Some people do not have any glottal stops in Algumas pessoas não realizam oclusivas glotais
these circumstances, and others have glottal stops nestas circunstâncias, e outras realizam oclusivas
completely replacing some or all of the voiceless glotais substituindo completamente algumas ou
stops. todas as oclusivas surdas.

333
221. In any case, even for those who simply add a De qualquer forma, mesmo para aqueles que
glottal stop, the statement is not completely simplesmente adicionam uma oclusiva glotal, a
accurate. Many people will have a glottal stop at afirmação não é completamente precisa. Muitas
the end of cat in phrases such as that’s a cat or the pessoas produzirão uma oclusiva glotal no final
cat sat on the mat, but they will not have this de cat em frases como that’s a cat or the cat sat
allophone of /t/ in the cat eats fish. on the mat, mas eles não articularão esse alofone
de /t/ em the cat eats fish.

222. (10) In many accents of English, / t / is replaced (10) Em muitos sotaques do inglês, o /t/ é
by a glottal stop when it occurs before an alveolar substituído por uma oclusiva glotal quando ocorre
nasal in the same word, as in beaten ['biʔn̩]. antes de uma nasal alveolar na mesma palavra,
(11) Nasals are syllabic at the end of a word when como em beaten ['biʔn̩]. (11) As nasais são
immediately after an obstruent, as in leaden, silábicas no final de uma palavra quando
chasm ['lɛdn̩,' kæzm̩]. Note that we cannot say imediatamente após uma obstruinte, como em
that nasals become syllabic whenever they occur leaden, chasm ['lɛdn̩,' kæzm̩]. Observe que não
at the end of a word and after a consonant. podemos dizer que as nasais se tornam silábicas
sempre que ocorrem no final de uma palavra e
depois de uma consoante.

223. The nasals in kiln and film are not syllabic in As nasais em kiln e film, não são silábicas na
most accents of English. We can, however, state maioria dos sotaques do inglês. Podemos, no
a rule describing the syllabicity of /1 / by saying entanto, indicar uma regra descrevendo a
simply: (12) The lateral /1 / is syllabic at the end silabicidade de / l / dizendo simplesmente: (12) A
of a word when immediately after a consonant. lateral /l/ é silábica no final de uma palavra
quando imediatamente após uma consoante.

224. This statement summarizes the fact that /1 / is Esta afirmação resume o fato de que / l / é silábico
syllabic not only after stops and fricatives (as in não só após oclusivas e fricativas (como em
paddle, whistle ['pædl̩ ,' wɪsl̩ ]), but also after paddle, whistle ['pædl̩ ,' wɪsl̩ ]), mas também após
nasals (as in kennel, channel ['kɛnl̩ ,' tʃænl̩ ]). The nasais (como em kennel, channel ['kɛnl̩ ,' tʃænl̩ ]).

334
only problem with this rule is what happens after O único problema com esta regra é o que acontece
/ ɹ /. depois de / ɹ /.
225. It is correct for words such as barrel ['bærl̩ ], but É correto para palavras como barrel ['bærl̩ ], mas
does not work in most forms of American English não funciona na maioria das formas do inglês
in words such as snarl [snɑɹl], when / ɹ / has to be americano em palavras como snarl [snɑɹl],
considered as part of the vowel. When it is not quando /ɹ/ tem que ser considerado como parte da
part of the vowel, / ɹ / is like /1 / in most forms of vogal. Quando não faz parte da vogal, o /ɹ/ é como
American English in that it, too, can be syllabic /l/ na maioria das formas de inglês americano,
when it occurs at the end of a word and after a pois também pode ser silábico quando ocorre no
consonant, as in saber, razor, hammer, tailor final de uma palavra e depois de uma consoante,
['seɪbɹ̩ , reɪzɹ̩ , hæmɹ̩ ,'teɪlɹ̩ ]. como em saber, razor, hammer, tailor ['seɪbɹ̩ ,
reɪzɹ̩ , hæmɹ̩ ,'teɪlɹ̩ ].

226. If we introduce a new term, liquid, which is used Se introduzirmos um novo termo, líquidas, que é
simply as a cover term for the consonants /1, r /, usado simplesmente como um termo provisório
we may rephrase the observation in (12) and say: para as consoantes /l, r/, podemos reformular a
(12a) The liquids / 1, r/ are syllabic at the end of observação em (12) e dizer: (12a) As líquidas /l,
a word when immediately after a consonant. The r/ são silábicas no final de uma palavra quando
next statement also applies more to American imediatamente após uma consoante. A próxima
English than to British English. afirmação também se aplica mais ao inglês
americano do que ao inglês britânico.

227. It accounts for the / t / in fatty, data ['fæɾi,' deɪɾə]. Ela explica o /t/ in fatty, data ['fæɾi,' deɪɾə]. Mas
But note that these are not the only contexts in note que estes não são os únicos contextos nos
which these changes occur. This is not simply a quais essas mudanças ocorrem. Esta não é
change that affects /t/ after a stressed vowel and simplesmente uma mudança que afeta o /t/ depois
before an unstressed one, in that /t/ between two de uma vogal tônica e antes de uma não-tônica,
unstressed vowels (as in divinity) is also affected. em que /t/ entre duas vogais não-tônicas (como
However, not all cases of /t/ between vowels em divinity) também é afetado. No entanto, nem
change in this way. todos os casos de /t/ entre vogais mudam dessa
maneira.

335
228. The /1 / in attack (i.e., before a stressed syllable) O /t/ em attack (ou seja, antes de uma sílaba
is voiceless, and It/ after another consonant (e.g., tônica) é surdo, e /t/ depois de outra consoante
in hasty and captive) is also voiceless. Note also (por exemplo, em hasty e captive) também é
that most American English speakers have a very surdo. Note também que a maioria dos falantes do
similar articulatory gesture in words containing inglês americano têm um gesto articulatório
/d/ and / n / in similar circumstances, such as muito similar em palavras contendo /d/ e /n/ em
daddy and many. The first of these two words circunstâncias semelhantes, como em daddy e
could well be transcribed ['dæɾi]. many. A primeira dessas duas palavras poderia ser
transcrita ['dæɾi].
229. The second has the same sound, except that it is A segunda tem o mesmo som, exceto que é
nasalized, so it could be transcribed ['mɛɾi] in a nasalizado, então ela pode ser transcrita ['mɛɾi]
narrow transcription. Nasalization is shown by em uma transcrição estreita. A nasalização é
the diacritic [˜] over a symbol. The following mostrada pelo diacrítico [˜] sobre um símbolo. A
statement accounts for all these facts: seguinte declaração explica todos esses fatos:

230. (13) Alveolar stops become voiced taps when (13) Oclusivas alveolares se transformam em
they occur between two vowels, the second of tepes sonoros quando ocorrem entre duas vogais,
which is unstressed. Many speakers of American quando a segunda não é tônica. Muitos falantes de
English show a similar pattern in a sequence of an inglês americano mostram um padrão semelhante
alveolar nasal followed by a stop. In words such em uma sequência de uma nasal alveolar seguida
as painter and splinter, the / t / is lost and a nasal de uma oclusiva. Em palavras como painter e
tap occurs. splinter, o / t / é perdido e ocorre um tepe nasal.

231. This has resulted in winter and winner and Isso resultou em winter e winner e panting e
panting and panning being pronounced in the panning sendo pronunciadas da mesma maneira.
same way. For these speakers, we can restate (13), Para esses falantes, podemos reafirmar (13),
making it: (13a) Alveolar stops and alveolar nasal realizando: (13a) Oclusivas alveolares e nasais
plus stop sequences become voiced taps when alveolares mais sequências de oclusivas tornam-
they occur between two vowels, the second of se tepes sonoros quando ocorrem entre duas
which is unstressed. vogais, sendo a segunda átona.

336
232. There is a great deal of variation among speakers Existe uma grande variação entre os falantes em
with respect to this. Some make taps in familiar relação a isso. Alguns fazem tepes em palavras
words such as auntie, but not in less common familiares como em auntie, mas não em palavras
words such as Dante. Some make them only in menos comuns, como Dante. Alguns os
fast speech. What is the pattern in your own produzem apenas em discurso rápido. Qual é o
speech? padrão em seu próprio discurso?

233. (14) Where we would expect to have an alveolar (14) Onde esperaríamos ter uma consoante
consonant, we find it to be dental when the next alveolar, descobrimos ser dental quando o
segment is a dental consonant, as in eighth, tenth, próximo segmento é uma consoante dental, como
wealth [eɪt̪ θ, ten̪θ, wɛl̪ θ]. Note that this statement em eighth, tenth, wealth [eɪt̪ θ, ten̪θ, wɛl̪ θ].
applies to all alveolar consonants, not just stops, Observe que esta afirmação se aplica a todas as
and often applies across word boundaries, as in at consoantes alveolares, não apenas a oclusivas, e
this [æt̪ ðɪs]. This phenomenon, in English, may muitas vezes se aplica nos limites de palavras,
be from gestural overlap so that the place of como em at this [æt̪ ðɪs]. Esse fenômeno, em
articulation for the first consonant is changed. inglês, pode ser de sobreposição gestual de
maneira que o ponto de articulação da primeira
consoante seja alterado.

234. In a more rapid style of speech, some of these Num estilo de fala mais rápido, algumas dessas
dental consonants tend to be omitted altogether. consoantes dentais tendem a ser omitidas por
Say these words first slowly and then more completo. Diga estas palavras primeiro
rapidly, and see what you do yourself. It is lentamente e depois mais rapidamente, e veja o
difficult to make precise statements about when que você mesmo faz. É difícil fazer afirmações
consonants get deleted, because this depends so precisas sobre quando as consoantes são
much on the style of speech being used. excluídas, porque isso depende muito do estilo de
fala que está sendo usado.

337
235. Alveolar stops often appear to get dropped in Oclusivas alveolares muitas vezes parecem sumir
phrases such as factfinding. Most people say most em frases como fact finding. A maioria das
people as [ 'mous pipl] with no audible [ t], and pessoas fala most people [‘moʊs 'pipl̩ ] sem [t]
they produce phrases such as send papers with no audível, e produzem frases como send papers sem
audible [ d ]. [d] audível.
236. We could state this as follows: Poderíamos afirmar o seguinte:
237. (15) Alveolar stops are reduced or omitted when (15) Oclusivas alveolares são reduzidas ou
between two consonants. This raises an omitidas quando entre duas consoantes. Isto
interesting point of phonetic theory. Note that we levanta um ponto interessante da teoria fonética.
said “alveolar stops often appear to get dropped,” Note que dissemos que "oclusivas alveolares
and there may be “no audible [d].” However, the geralmente parecem cair", e pode haver “nenhum
tongue tip gesture for the alveolar stop in most [d] audível". No entanto, o gesto da ponta da
people may be present but just not audible língua para a oclusiva alveolar em most people
because it is completely overlapped by the labial pode estar presente, mas não apenas audível
stop that follows. porque está completamente sobreposta pela
oclusiva labial seguinte.

238. More commonly, it is partially omitted; that is to Mais comumente, é parcialmente omitida; isto é,
say, the tongue tip moves up for the alveolar stop a ponta da língua move-se para cima para a
but does not make a complete closure. When we oclusiva alveolar, mas não realiza um fechamento
think in terms of phonetic symbols, we can write completo. Quando pensamos em termos de
['moʊs' pipl̩ ] or ['moʊst' pipl̩ ]. This makes it a símbolos fonéticos, podemos escrever ['moʊs'
question of whether the [t] is there or not. But that pipl̩ ] ou ['moʊst' pipl̩ ]. Isso produz uma pergunta
is not really the issue. de saber se o [t] está lá ou não. Mas esse não é
realmente o problema.

239. Part of the tongue tip gesture may have been Parte do gesto da ponta da língua pode ter sido
made, a fact that we have no way of symbolizing. feito, um fato que não temos como simbolizar.
Check how you say phrases such as best game and Verifique como você diz frases como best game
grand master. Say these and similar phrases with and grand master. Diga estas e frases semelhantes
and without the alveolar stop. You may find it com e sem a oclusiva alveolar. Você pode achar

338
difficult to formulate a statement that takes into difícil formular uma afirmação que leve em
account all the contexts where alveolar stops may consideração todos os contextos onde as oclusivas
not appear in your speech. alveolares podem não aparecer no seu discurso.

240. We must state not only where consonants get Devemos indicar não só onde as consoantes caem,
dropped, but also where they get added. Words mas também onde elas são adicionadas. Palavras
such as something and youngster often get como something e youngster geralmente são
pronounced as ['sʌmpθiŋ] and ['jʌŋkstɚ]. In a pronunciadas como ['sʌmpθiŋ] e ['jʌŋkstɚ]. De
similar way, many people do not distinguish forma semelhante, muitas pessoas não distinguem
between prince and prints, or tense and tents. All entre prince and prints, ou tense and tents. Todas
these words may be pronounced with a short essas palavras podem ser pronunciadas com uma
voiceless stop between the nasal and the voiceless breve oclusiva surda entre a nasal e a fricativa
fricative. surda.

241. But the stop is not really an added gesture. It is Mas a oclusiva não é realmente um gesto
simply the result of changing the timing of the adicional. É simplesmente o resultado de mudar o
nasal gesture with respect to the oral gesture. By tempo do gesto nasal em relação ao gesto oral. Ao
rushing the raising of the velum for the nasal, a acelerar a elevação do palato mole para a nasal,
moment of complete closure—a stop—occurs. um momento de fechamento completo - ocorre
The apparent insertion of a stop into the middle of uma oclusiva. A aparente inserção de uma
a word in this way is one type of epenthesis. One oclusiva no meio de uma palavra dessa maneira é
way to state the observation is to say: um tipo de epêntese. Uma maneira de afirmar a
observação é dizer:

242. (16) A homorganic voiceless stop may occur (16) Uma oclusiva homônima surda pode ocorrer
after a nasal before a voiceless fricative followed após uma nasal antes de uma fricativa surda
by an unstressed vowel in the same word. seguida de uma vogal átona na mesma palavra.

243. Note that it is necessary to mention that the Observe que é necessário mencionar que a vogal
following vowel must be unstressed. Speakers seguinte deve ser átona. Os falantes que fazem

339
who have an epenthetic stop in the noun concert uma oclusiva epentética no substantivo concert
do not usually have one in verbal derivatives such não costumam fazê-la em derivativos verbais,
as concerted, or in words such as concern. como concerted, ou em palavras como concern.

244. Nothing need be said about the vowel before the Nada precisa ser dito sobre a vogal antes da nasal.
nasal. Epenthesis may—like the [t]-to-[ɾ] change A epêntese pode, como a mudança de [t] -para- [ɾ]
described in (13)—occur between unstressed descrita (13) - ocorrer entre vogais átonas. É
vowels. It is possible to hear an inserted [t] in both possível ouvir um [t] inserido em agency e
agency and grievances. grievances.

245. Pattern (16) raises a theoretical point similar to O padrão (16) traz à tona um ponto teórico
that discussed in connection with (15), where we semelhante ao discutido em relação com (15),
were concerned with whether a segment had been onde nos preocupava se um segmento havia sido
deleted. Now we are concerned with whether a excluído. Agora nos preocupamos com o fato de
segment has been added. In each case, it is better um segmento ter sido adicionado. Em cada caso,
to treat these as misleading questions and to think é melhor tratá-los como perguntas enganosas e
about the gestures involved rather than worry pensar nos gestos envolvidos em vez de se
about the symbols that might or might not preocupar com os símbolos que podem ou não
represent separate segments. representar segmentos separados.

246. It may be convenient to transcribe something as Pode ser conveniente transcrever something
['sʌmpθiŋ], but transcription is only a tool and como ['sʌmpθiŋ], mas a transcrição é apenas uma
should not be thought of as necessarily portraying ferramenta e não deve ser pensada como
the units used in the production of speech. necessariamente retratando as unidades usadas na
produção de fala.
247. Observation (17) accounts for the shortening A observação (17) explica os efeitos de
effects that occur when two identical consonants encurtamento que ocorrem quando duas
come next to one another, as in big game and top consoantes idênticas se aproximam, como em big
post. It is usually not accurate to say that one of game e top post. Geralmente não é correto dizer
these consonants is dropped. There are two que uma dessas consoantes é descartada. Há dois

340
consonantal gestures, but they overlap gestos consonantais, mas eles se sobrepõem
considerably. Even in casual speech, most people consideravelmente. Mesmo em um discurso
would distinguish between stray tissue, straight casual, a maioria das pessoas distinguiria entre
issue, and straight tissue. stray tissue, straight issue, e straight tissue.
248. (Try saying these in sentences such as That’s a (Tente dizer isso em frases como That’s a stray
stray tissue and see for yourself.) But there clearly tissue e observe). Mas há claramente um efeito de
is a shortening effect that we can state as follows: encurtamento que podemos afirmar da seguinte
(17) A consonant is shortened when it is before an maneira: (17) Uma consoante é encurtada quando
identical consonant. está antes de uma consoante idêntica.

249. We can describe the overlapping gestures that Podemos descrever os gestos de sobreposição
result in more advanced articulations of / k / in que resultam em articulações mais avançadas de
cap, kept, kit, key [kʰæp, kʰɛpt, kʰɪt, kʰi] and of / /k/ em cap, kept, kit, key [kʰæp, kʰɛpt, kʰɪt, kʰi] e
g / in gap, get, give, geese [ɡæp, ɡɛt ɡɪv, ɡis]. You de /ɡ/ em gap, get, give, geese [ɡæp, ɡɛt ɡɪv, ɡis].
should be able to feel the fronted position of your Você deve ser capaz de sentir a posição frontal da
tongue contact in the latter words of these series. língua entrar em contato nas últimas palavras
We can say: dessas séries. Nós podemos dizer:

250. (18) Velar stops are more front before front (18) As oclusivas velares se tornam mais
vowels. Finally, we need to note the difference in anteriores antes de vogais mais anteriores.
the quality of /1 / in life [laɪf] and file [faɪɫ], or Finalmente, precisamos notar a diferença na
clap [ klæp ] and talc [tæɫk], ox feeling [filɪŋ] and qualidade de /l/ em life [laɪf] e file [faɪɫ], ou clap
feel [fiɫ]. (19) The lateral /1 / is velarized when [klæp] e talc [tæɫk], ou feeling [filɪŋ] e feel [fiɫ].
after a vowel or before a consonant at the end of (19) A lateral /l/ é velarizada quando após uma
a word. vogal ou antes de uma consoante no final de uma
palavra.

251. Note that there are clearly distinct gestures Observe que há claramente gestos distintos
required for /1 / in the different circumstances. necessários para / l / nas diferentes circunstâncias.

341
These are not differences that can be ascribed to Estas não são diferenças que podem ser atribuídas
overlapping gestures. a gestos de sobreposição.

252. DIACRITICS DIACRíTICOS

253. In this and the previous chapter, we have seen Neste e no capítulo anterior, vimos como a
how the transcription of English can be made transcrição do inglês pode ser mais detalhada pelo
more detailed by the use of diacritics, small marks uso de diacríticos, pequenas marcas adicionadas a
added to a symbol to narrow its meaning. um símbolo para restringir seu significado.

254. The six diacritics we have introduced so far are Os seis diacríticos que apresentamos até agora são
shown in Table 3.2. You should learn the use of mostrados na Tabela 3.2. Você deve aprender o
these diacritics before you attempt any further uso desses diacríticos antes de tentar qualquer
detailed transcription exercises. outro exercício detalhado de transcrição.
255. Note that the nasalization diacritic is a small Note que o diacrítico de nasalização é uma
wavy line above a symbol (the “tilde” symbol), pequena linha ondulada acima de um símbolo (o
and the velarization diacritic is a tilde through the símbolo "til"), e o diacrítico de velarização é um
middle of a symbol. til que passa pelo meio de um símbolo.
256. You can also mark velarization with a small Você também pode marcar a velarização com
superscript version of the Greek letter gamma (the uma pequena versão superescrita da letra grega
“baby gamma”). Nasalization is more common gama ("the baby gamma"). A nasalização é mais
among vowels, which will be discussed in the comum entre as vogais, que serão discutidas no
next chapter. próximo capítulo.

257. RECAP RECAPITULANDO


258. This chapter goes into considerable detail on the Este capítulo entra em detalhes consideráveis
consonants of English. sobre as consoantes do inglês.
259. And the main observations of the chapter are E as principais observações do capítulo estão
summarized in the section on consonant resumidas na seção sobre alofones consonantais.
allophones. Perhaps the most important point to Talvez o ponto mais importante a surgir dos

342
emerge from the many details covered in this muitos detalhes abordados neste capítulo seja que
chapter is that consonant sounds are not emitted sons consonantais não são emitidos pela boca do
from the mouth of the speaker like letters typed falante da mesma forma que as letras são digitadas
on a computer screen. na tela de um computador.
260. (1) The information we use to identify speech (1) As informações que usamos para identificar os
sounds is spread over several adjacent sounds. For sons de fala estão espalhadas por vários sons
example, the most reliable difference between the adjacentes. Por exemplo, a diferença mais
/ d / and /t/ in mad versus mat is the duration of confiável entre / d / e / t / em mad versus mat é a
the vowel before the stop consonants. duração da vogal antes das consoantes oclusivas.
261. (2) Speech sounds in sequence influence each (2) Os sons da fala em sequência se influenciam.
other. For example, the [n] in button is Por exemplo, o [n] em botton é “pronunciado”
“pronounced” without a tongue movement—the sem o movimento da língua - a língua permanece
tongue stays in place from the preceding [t] and no lugar do [t] anterior e a pronuncia envolve
the pronunciation involves adding voicing and adicionar vozeamento e abertura do nariz a esse
nose opening to this existing tongue gesture. gesto da língua (pré-existente).
262. We notice also in Figure 3.6 the extensive degree Notamos também na Figura 3.6 o extenso grau de
of vocal tract variation that results from particular variação do trato vocal que resulta de
vowel and consonant combinations. These combinações específicas de vogais e consoantes.
observations lead us to conclude that underlying Essas observações nos levam a concluir que,
the descriptive convenience of using letters in a subjacente à conveniência descritiva do uso de
phonetic alphabet, and describing the letras em um alfabeto fonético, e descrevendo as
distributions of sounds as contrastive versus distribuições de sons como contrastivos versus
complementary, is a more fundamental reality. complementares, é uma realidade mais
fundamental.
263. Ultimately, we have a more explanatory view of Por fim, temos uma visão mais explicativa dos
language sound patterns, and particularly the padrões sonoros da língua, e particularmente os
phonetic details of these patterns by focusing on detalhes fonéticos desses padrões, concentrando-
the gestures that are used to produce speech. nos nos gestos usados para produzir a fala.
264. EXERCISES EXERCÍCIOS

343
1. CHAPTER 4 CAPÍTULO 4
2. English Vowels As vogais do Inglês
3. TRANSCRIPTION AND PHONETIC DICIONÁRIOS DE TRANSCRIÇÃO E
DICTIONARIES FONÉTICA

4. The vowels of English can be transcribed As vogais do inglês podem ser transcritas de
in many different ways, partly because muitas maneiras diferentes, em parte porque
accents of English differ greatly in the os sotaques do inglês diferem muito nas
vowels they use and partly because there vogais que usam e, em parte, porque não
is no one right way of transcribing even a existe uma maneira correta de transcrever até
single accent of English. mesmo um único sotaque do inglês.

5. The set of symbols used depends on the O conjunto de símbolos utilizados depende
reason for making the transcription. If one do motivo da transcrição. Se alguém
is aiming to reduce English to the smallest pretende reduzir o inglês para o menor
possible set of symbols, then sheep and conjunto possível de símbolos, então sheep e
ship, Luke and look, and all the other pairs ship, Luke e look, e todos os outros pares de
of vowels that differ in length could be vogais que diferem em duração podem ser
transcribed using one symbol per pair plus transcritas usando-se um símbolo por par,
a length mark [: ], as [ʃiːp, ʃip], [luːk, luk], mais uma marca de duração [ː] , como [ʃiːp,
and so on. ʃip], [luːk, luk], e assim por diante.
6. In this way, one could reduce the number Desta forma, poder-se-ia reduzir
of vowel symbols considerably, but at the consideravelmente o número de símbolos de
expense of making the reader remember vogais, mas à custa de fazer o leitor lembrar
that the vowel pairs that differed by the que os pares de vogais que diferiam pelo uso
use of the length mark also differed in da marca de comprimento também diferiam
quality. A different approach would be to em qualidade. Uma abordagem diferente
emphasize all the differences between seria enfatizar todas as diferenças entre as
English vowels. vogais inglesas.

344
7. This would require noting that both Isso exigiria observar que tanto o
length and quality differences occur, comprimento quanto as diferenças de
making [ʃiːp, ʃɪp] the preferable qualidade ocorrem, tornando [ʃiːp, ʃɪp] a
transcription. Using this kind of transcrição preferível. Usar esse tipo de
transcription would hide the fact that transcrição esconde o fato de que a qualidade
vowel quality and vowel length are linked, da vogal e o comprimento da vogal estão
and there is no need to mark both. vinculados, e não há necessidade de marcar
ambos.

8. In this book, we have chosen to use the Neste livro, escolhemos usar a transcrição
transcription that most phonetics que a maioria dos professores de fonética
instructors prefer and write [ʃip, ʃɪp], preferem e escrevem [ʃip, ʃɪp], deixando o
leaving the reader to infer the difference in leitor inferir a diferença de duração.
length.
9. Using this simple style of transcription, O uso deste estilo simples de transcrição, que
which was introduced in Chapter 2, carries foi introduzido no Capítulo 2, traz uma
a small penalty. There are some widely pequena penalidade. Existem alguns livros
accepted reference books that specify de referência amplamente aceitos que
pronunciations in both British and especificam pronuncias do inglês britânico e
American English, none of which use americano, nenhum dos quais usa
exactly this style. exatamente esse estilo.
10. One is an updated version of the Um é uma versão atualizada do dicionário
dictionary produced by the English produzido pelo foneticista inglês Daniel
phonetician Daniel Jones, whose acute Jones, cujas observações agudas do inglês
observations of English dominated British dominaram a fonética britânica na primeira
phonetics in the first half of the twentieth metade do século XX.
century.
11. The current edition, English Pronouncing A edição atual, English Pronouncing
Dictionary, 18th edition (Cambridge: Dictionary, 18a edição (Cambridge:
Cambridge University Press, 2011), is Cambridge University Press, 2011), é

345
familiarly known as “EPD 18.” It still familiarmente conhecida como "EPD 18."
bears Daniel Jones’s name but has been Ainda tem o nome de Daniel Jones, mas foi
completely revised by the new editors, completamente revisada pelos novos
Peter Roach, Jane Setter, and John Esling. editores, Peter Roach, Jane Setter e John
Esling.

12. It now shows both British and American Ele agora mostra as pronúncias briânica e
pronunciations. Americana.
13. A CD accompanies one version so that Um CD acompanha uma versão para que
you can hear both the British and você possa ouvir as pronúncias britânicas e
American pronunciations. americanas.

14. Another authoritative work is the Outro trabalho de autoridade é o Longman


Longman Pronunciation Dictionary, 3rd Pronunciation Dictionary, 3rd edition
edition (Harlow, U. K.: Pearson, 2008), by (Harlow, U.K .: Pearson, 2008), de John
John Wells. Wells.
15. This dictionary, known as “LPD 3,” also Este dicionário, conhecido como "LPD 3",
gives the British and American também disponibiliza as pronuncias
pronunciations, and has an accompanying britânica e americana, e tem um CD de
CD. acompanhamento.
16. Professor Wells until recently held the O professor Wells até recentemente ocupou
chair in phonetics at University College, a cadeira em fonética na University College
London, that Daniel Jones previously de Londres, que Daniel Jones anteriormente
held. He is clearly the leading authority on ocupava. Ele é claramente a principal
contemporary English pronunciation in all autoridade na pronúncia do inglês
its forms— British, American, and other contemporâneo em todas as suas formas -
variants of the worldwide language. britânica, americana e outras variantes da
língua internacional.
17. Both these dictionaries, EPD 18 and LPD Ambos os dicionários, EPD 18 e LPD 3,
3, use transcriptions in which the length usam transcrições em que as diferenças de

346
differences in vowels are marked, not just duração das vogais são marcadas, não apenas
the quality differences as in this book. as diferenças de qualidade como neste livro.
18. They write [ʃiːp, ʃɪp] where we have [ʃip, Eles escrevem [ʃiːp, ʃɪp] onde temos [ʃip,
ʃɪp]. A third dictionary, Oxford ʃɪp]. Um terceiro dicionário, Oxford
Dictionary of Pronunciation for Current Dictionary of Pronunciation for Current
English (Oxford: Oxford University English (Oxford: Oxford University Press,
Press, 2003) by Clive Upton, William 2003) de Clive Upton, William Kretzschmar
Kretzschmar, and Rafal Konopka, is e Rafal Konopka, é um pouco diferente dos
slightly different from the other two outros dois dicionários, na medida em que
dictionaries in that it gives a wider range oferece uma gama mais ampla de pronuncias
of both British and American britânica e americana.
pronunciations.

19. To show more detail, it also uses a larger Para mostrar mais detalhes, ele também usa
set of symbols and a more allophonic um conjunto maior de símbolos e uma
transcription than either of the other two transcrição mais alofônica do que qualquer
dictionaries. um dos outros dois dicionários.
20. Everyone seriously interested in English Todos os seriamente interessados na
pronunciation should be using one of pronúncia da língua inglesa deveriam utilizar
these dictionaries. Each of them shows the um desses dicionários. Cada um deles mostra
pronunciations typically used by national as pronúncias tipicamente usadas pelos
newscasters—what we may regard as locutores de notícias nacionais - o que
“Standard American Newscaster English” podemos considerar como "Standard
and “Standard BBC English” (often American News-caster English" e "Standard
shortened to just “American English” and BBC English" (muitas vezes resumido para
“British English” in this book). apenas "inglês americano" e "inglês
britânico" neste livro).
21. Of course, in neither country is there Claro, em nenhum dos países existe
really a standard accent. realmente um sotaque padrão.

347
22. Some newscasters in both countries have Alguns apresentadores de notícias em
notable local accents. ambos os países têm sotaques locais
perceptíveis.
23. The dictionaries give what would be Os dicionários dão o que seria aceito como
accepted as reasonable pronunciations for pronuncias razoáveis para se comunicar nos
communicating in the two countries. They dois países. Eles permitem comparar as
allow one to compare British and pronúncias britânicas e americanas com
American pronunciations in great detail, grande detalhe, observando, por exemplo,
noting, for example, that most British que a maioria dos falantes britânicos
speakers pronounce Caribbean as pronunciam Caribbean como [kæɹɪ'biən],
[kæɹɪ'biən], with the stress on the third com a tônica na terceira sílaba, enquanto os
syllable, whereas Americans typically say americanos normalmente dizem [kə'ɹɪbiən],
[kə'ɹɪbiən], with the stress on the second com a tônica na segunda sílaba.
syllable.

24. Ordinary American college dictionaries Os dicionários americanos mais antigos


also provide pronunciations, but the (American college dictionaries) também
symbols they use are not in accordance oferecem pronúncias, mas os símbolos que
with the principles of the IPA and are of eles utilizam não estão de acordo com os
little use for comparative phonetic princípios do IPA e são pouco úteis para fins
purposes. fonéticos comparativos.
25. American dictionary makers sometimes Os lexicógrafos americanos às vezes dizem
say that they deliberately do not use IPA que eles deliberadamente não usam símbolos
symbols because their dictionaries are do IPA porque seus dicionários são usados
used by speakers with different regional por falantes com diferentes acentos
accents, and they want readers to be able regionais, e eles querem que os leitores
to learn how to pronounce an unfamiliar possam aprender a pronunciar uma palavra
word correctly in their own accent. desconhecida corretamente em seu próprio
sotaque.
26. ■ But, as we have been observing, IPA ■ Mas, como observamos, os símbolos do
symbols are often used to represent broad IPA são frequentemente usados para

348
regions of sounds, and there is no reason representar amplas regiões de sons, e não há
why dictionary makers should not assign razão para que os fabricantes de dicionário
them values in terms of key words, just as não devam atribuir a eles valores em termos
they do for their ad hoc symbols. de palavras-chave, assim como fazem para
seus símbolos ad hoc.

27. Two of the three dictionaries we have Dois dos três dicionários que discutimos,
been discussing, LPD 3 and EPD 18, use LPD 3 e EPD 18, usam praticamente o
virtually the same set of symbols, mesmo conjunto de símbolos, diferindo
differing only in the way they transcribe apenas na forma como transcrevem a vogal
the vowel in American English bird: LPD no inglês americano em bird: o LPD 3 utiliza
3 has [ɝ], whereas EPD 18 has [ɜr], [ɝ], enquanto o EPD 18 utiliza [ɜr]. O Oxford
Oxford Dictionary of Pronunciation for Dictionary of Pronunciation for Current
Current English uses a slightly different English usa um conjunto de símbolos
set of symbols, but they are readily ligeiramente diferente, mas são facilmente
interpretable within the IPA tradition. interpretáveis dentro da tradição do IPA.
28. This book keeps to the style of Este livro mantém o estilo de transcrição
transcription used in Wells’s LPD 3 utilizado no LPD 3 da Wells, exceto pela
except for the omission of the length mark omissão da marca de prolongamento e
and a few simple typographical changes. algumas simples mudanças tipográficas.

29. We use [ɛ] in words such as head, bed Usamos [ɛ] em palavras como head, bed em
instead of [e]. vez de [e].
30. In later chapters, we will be comparing Em capítulos posteriores, compararemos
vowels in other languages such as French vogais em outras línguas, como francês e
and German, and we will need to use both alemão, e precisaremos usar ambos [e] e [ɛ].
[e] and [e].
31. We also use [ɹ] instead of [r] as the IPA Nós também usamos [ɹ] ao invés de [r] como
does, reserving [r] for the cross- o IPA faz, reservando [r] para o trill de ponta
linguistically more common tongue tip
trill.

349
de língua que é inter-linguisticamente mais
comum.

32. VOWEL QUALITY A QUALIDADE DA VOGAL

33. In the discussion so far, we have Na discussão até agora, evitamos


deliberately avoided making precise deliberadamente fazer observações precisas
remarks about the quality of the different sobre a qualidade das diferentes vogais.
vowels.
34. This is because, as we said in Chapter 1, Isso ocorre porque, como dissemos no
the traditional articulatory descriptions of Capítulo 1, as descrições articulatórias
vowels are not very satisfactory. Try tradicionais das vogais não são muito
asking people who know as much about satisfatórias. Tente perguntar às pessoas que
phonetics as you do to describe where the sabem tanto sobre fonética quanto você para
tongue is at the beginning of the vowel in descreverem onde a língua está no início da
boy, and you will get a variety of vogal em boy, e você receberá uma variedade
responses. de respostas.

35. Can you describe where your own tongue Você pode descrever onde sua própria língua
is in a set of vowels? está em um conjunto de vogais?
36. Figure 4.1 (on page 92) shows a set of A Figura 4.1 (na página 92) mostra um
MRI images taken from the midpoints of conjunto de imagens de ressonância
vowels in British English (kindly made magnética (MRI) tiradas dos pontos médios
available by Prof. John Coleman, head of das vogais do inglês britânico (Gentilmente,
the Oxford Phonetics Lab). In these disponibilizado pelo Prof. John Coleman,
images IPA vowel symbols are placed on chefe do Laboratório de Fonética do Oxford
the tongue, and the vocal tract airway is Phonetics Lab). Nessas imagens, os
shaded dark. símbolos das vogais do IPA são colocados na

350
língua e a via aérea do trato vocal é
sombreada.
37. (Prof. Coleman recommends the IPA (O Prof. Coleman recomenda o símbolo do
symbol [a] to transcribe the vowel in pat IPA [a] para transcrever a vogal em pat para
for this speaker.) The speaker is facing to este falante.) O falante está voltado para a
the left, but unfortunately the MRI esquerda, mas, infelizmente, o receptor de
receiver did not capture the lips. As we MRI não capturou os lábios. Como vimos
saw with the x-ray tongue traces in Figure com os traços da língua do raio X na Figura
1.13, the vowel height difference among 1.13, a diferença de altura da vogal entre as
front vowels is pretty clearly visible. vogais anteriores é claramente visível.
38. The vocal tract airway between the front A via aérea do trato vocal entre a frente da
of the tongue and the hard palate is very língua e o palato duro é muito pequena
small (not much black space) in [i] while (pouco espaço escuro) em [i] enquanto a via
the airway is quite expanded in [a]. It is aérea é bastante expandida em [a]. É possível
possible also to see that the tongue is também ver que a língua é retraída na boca
retracted in the mouth in the back vowels nas vogais posteriores [u] e [ʊ].
[u] and [ʊ].
39. So what is unsatisfactory about Então, o que não é satisfatório sobre as
articulatory descriptions of vowels? Part descrições articulatórias das vogais? Parte do
of the problem for English has to do with problema para o inglês tem a ver com as
vowels that we don’t show in Figure 4.1— vogais que não mostramos na Figura 4.1- [eɪ]
[eɪ] and [ oʊ ] generally have higher e [oʊ] geralmente têm posições mais altas da
tongue positions than [ɪ ] and [ʊ]. língua do que [ɪ] e [ʊ].
40. This is unexpected given the description Isso é inesperado, dadas as descrições dessas
of these vowels. Another source of trouble palavras. Outra fonte de problemas com as
with the articulatory description of vowels descrições articulatórias das vogais tem a ver
has to do with the low vowels in Figure com as vogais baixas na Figura 4.1. As
4.1. The articulatory differences between diferenças articulatórias entre [a], [ɒ] e [ɑ]
[a], [ɒ] and [ɑ] are quite subtle, but the são um tanto sutis, mas as diferenças
auditory differences are substantial. auditivas são substanciais.

351
41. This comparison isn’t entirely fair Essa comparação não é inteiramente justa
because we don’t get to see the lips, which porque não conseguimos ver os lábios, que
probably distinguish [n] and [a]. provavelmente distinguem [ɒ] e [ɑ]. No
Nonetheless, the magnitude of the entanto, a magnitude das diferenças
articulatory differences doesn’t seem to articulatórias não parece combinar com os
match the auditory and linguistic contrasts contrastes auditivos e linguísticos que são
that are evident among the vowels. evidentes entre as vogais.
42. To compound the difficulties, because the Para ampliar as dificuldades, porque a língua
tongue doesn’t touch the midline of the não toca a linha média do céu da boca em
roof of the mouth in vowels, it is difficult vogais, é difícil sentir a posição da língua de
to feel the tongue position of a vowel in uma vogal na pronúncia do próprio
one’s own speech. This makes it difficult indivíduo. Isso torna difícil ter uma intuição
to have an intuition about what another sobre o que outra pessoa pode estar fazendo
person might be doing to produce the para produzir a vogal e, portanto, leva a
vowel, and thus leads to confusion in confusão na transcrição fonética da vogal.
phonetic vowel transcription.

43. Very often, people can only repeat what Muitas vezes, as pessoas só conseguem
the books have told them—they cannot repetir o que os livros lhe disseram - não
determine for themselves where their podem determinar por si mesmas onde estão
tongues are. It is quite easy for a book to suas línguas. É bastante fácil para um livro
build up a set of terms that are not really criar um conjunto de termos que não sejam
descriptive but are in fact fairly undefined realmente descritivos, mas que de fato são
labels. rótulos bastante indefinidos.
44. We started introducing an auditory basis Começamos a introduzir uma base auditiva
for vowel transcription in Chapters 1 and para a transcrição das vogais nos Capítulos 1
2 and will continue with this procedure e 2 e continuaremos com este procedimento
here. But it is important for you to aqui. Mas é importante que você se lembre
remember that though the terms we are de que, embora os termos que estamos
using ostensibly refer to tongue position, usando ostensivamente se referem à posição

352
it is more accurate to think of them as da língua, é mais preciso pensar neles como
labels that describe how vowels sound in rótulos que descrevem como as vogais soam
relation to one another. na relação de uma à outra.
45. They are not absolute descriptions of the Não são descrições absolutas da posição do
position of the body of the tongue. corpo da língua.
46. Figure 4.1 MRI images of tongue positions in Figura 4.1 Imagens de MRI das posições da língua
the vowels of British English. (© John Coleman. nas vogais do inglês britânico. (© John Coleman.
Usado com permissão. Todos os direitos
Used with permission. All rights reserved.)
reservados)

47. Part of the problem in describing vowels Parte do problema na descrição das vogais é
is that there are no distinct boundaries que não há limites distintos entre um tipo de
between one type of vowel and another. vogal e outro.

48. When talking about consonants, the Ao falar sobre consoantes, as categorias são
categories are much more distinct. A muito mais distintas. Um som pode ser uma
sound may be a stop or a fricative, or a oclusiva ou uma fricativa, ou uma sequência
sequence of the two. But it cannot be das duas. Mas não pode estar na metade do
halfway between a stop and a fricative. caminho entre uma oclusiva e uma fricativa.
Vowels are different. It is perfectly As vogais são diferentes. É perfeitamente
possible to make a vowel that is halfway possível fazer uma vogal que está a meio do
between a high vowel and a mid vowel. caminho entre uma vogal alta e uma média.

49. In theory (as opposed to what a particular Na teoria (em oposição ao que um indivíduo
individual can do in practice), it is particular pode fazer na prática), é possível
possible to make a vowel at any specified fazer uma vogal a qualquer distância
distance between any two other vowels. especificada entre quaisquer duas outras
vogais.
50. In order to appreciate the fact that vowel Para apreciar o fato de que os sons das vogais
sounds form a continuum, try gliding from formam um contínuo, tente passar de uma
one vowel to another. Say [æ] as in had vogal para outra. Diga [æ] como em had e
and then try to move gradually to [ i ] as depois tente mudar gradualmente para [i]

353
in he. Do not say just [æ-i ], but try to como em he. Não diga apenas [æ-i], mas
spend as long as possible on the sounds tente passar o maior tempo possível nos sons
between them. entre eles.

51. When you do this, you should pass Quando você faz isso, você deve passar por
through sounds that are something like [ɛ] sons que são algo como [ɛ] como em head e
as in head and [ eɪ] as in hay. If you have [eɪ] como em hay. Se você ainda não
not achieved this effect already, try saying alcançou esse efeito, tente dizer [æ-ɛ-eɪ-i] de
[æ-ɛ-eɪ-i] again, slurring slowly from one novo, fazendo uma modulação lenta de uma
vowel to another. vogal para outra.

52. Now do the same in the reverse direction, Agora faça o mesmo na direção inversa, indo
going slowly and smoothly from [i] as in devagar e suavemente de [i] como em he para
he to [æ] as in had. Take as long as [æ] como em had. Leve o maior tempo
possible over the in-between sounds. You possível nos sons intermediários. Você deve
should learn to stop at any point in this aprender a parar em qualquer ponto deste
continuum so that you can make, for contínuo de maneira que você possa fazer,
example, a vowel like [ɛ] as in head, but por exemplo, a vogal [ɛ] como em head, mas
slightly closer to [æ] as in had. um pouco mais perto de [æ] como em had.
53. Next, try going from [æ] as in had slowly Em seguida, tente ir de [æ] como em had
toward [a] as in father. When you say [æ- lentamente em direção a [ɑ] como em father.
ɑ], you may not pass through any other Quando você disser [æ-ɑ], você poderá não
vowel of your own speech. passar por qualquer outra vogal de seu
próprio idioleto.
54. But there is a continuum of possible Mas há um contínuo de possíveis sons de
vowel sounds between these two vowels. vogais entre essas duas vogais. Você pode
You may be able to hear sounds between ouvir sons entre [æ] e [ɑ] que são mais
[æ] and [ɑ] that are more like those used parecidos com aqueles usados por pessoas
by people with other accents in had and com outros sotaques em had e father.
father. Some forms of Scottish English, Algumas formas do inglês escocês, por

354
for example, do not distinguish between exemplo, não distinguem entre as vogais
the vowels in these words (or between nessas palavras (ou entre cam e calm).
cam and calm).
55. Speakers with these accents pronounce Os falantes com esses sotaques pronunciam
both had and father with a vowel about ambos had e father com uma vogal a meio
halfway between the usual Midwestern caminho entre a pronúncia normal do
American pronunciation of these two Centro-oeste americano dessas duas vogais.
vowels.
56. Some speakers of American English in Alguns falantes do inglês americano na área
the Boston area pronounce words such as de Boston pronunciam palavras como car e
car and park with a vowel between the park com uma vogal entre as vogais
more usual American vowels in cam and americanas mais usuais em cam e calm. Eles,
calm. They do, however, also distinguish no entanto, também distinguem as duas
the latter two words. Last, in order to últimas palavras. Por último, para apreciar a
appreciate the notion of a continuum of noção de um contínuo de sons vocálicos,
vowel sounds, glide from [ɑ] as in father percorra de [ɑ] como em father para [u]
to [u] as in who. como em who.

57. In this case, it is difficult to be specific as Nesse caso, é difícil ser específico quanto às
to the vowels that you will go through on vogais que você vai passar no caminho,
the way, because English accents differ porque os acentos do inglês diferem
considerably in this respect. But you consideravelmente a este respeito. Mas você
should be able to hear that the movement deve saber ouvir que o movimento de um
from one of these sounds to the other desses sons para o outro cobre uma série de
covers a range of vowel qualities that have qualidades de vogais que não foram
not been discussed so far in this section. discutidas até agora nesta seção.

58. THE AUDITORY VOWEL SPACE O ESPAÇO VOCÁLICO AUDITIVO

355
59. When you move from one vowel to Quando você muda de uma vogal para outra,
another, you are changing the auditory você está mudando a qualidade auditiva da
vogal.
quality of the vowel.
60. You are, of course, doing this by moving Você está, naturalmente, fazendo isso
your tongue and your lips, but, as we have movendo sua língua e seus lábios, mas, como
noted, it is very difficult to say exactly observamos, é muito difícil dizer exatamente
how your tongue is moving. como sua língua está se movendo.
Consequently, because phoneticians Consequentemente, como os foneticistas não
cannot be very precise about the positions podem ser muito precisos sobre as posições
of the vocal organs in the vowels unless dos órgãos vocais nas vogais, a menos que
we use x-ray or MRI to monitor the usemos radiografia ou (MRI) ressonância
tongue, we often simply use labels for the magnética para monitorar a língua, muitas
auditory qualities of the different vowels. vezes simplesmente usamos rótulos para as
qualidades auditivas das diferentes vogais.
61. The vowel [i] as in heed is called high A vogal [i] como em heed é chamada de
front, meaning, roughly, that the tongue is anterior alta, o que significa, grosso modo,
high and in the front of the mouth but, que a língua está alta e na frente da boca,
more precisely, that it has the auditory mas, mais precisamente, que tem a qualidade
quality we will call high, and the auditory auditiva que chamaremos de alta e a
quality front. qualidade auditiva anterior.
62. Similarly, the vowel [æ] as in had has a Da mesma forma, a vogal [æ] como em had
low tongue position and, more important, tem uma baixa posição de língua e, mais
an auditory quality that may be called low importante, uma qualidade auditiva que pode
front. ser chamada de anterior baixa.
63. The vowel [e] as in head sounds A vogal [ɛ] como em head soa em algum
somewhere between [i] and[as J, but a ponto entre [i] e [æ], mas um pouco mais
little nearer to [ ae ], so we call it mid-low perto de [æ], então a chamamos de anterior
front. média-baixa.
64. Figure 4.2 The vowel space. Figura 4.2 O espaço da vogal.

65. (Say the series [ i, ɛ, æ ] and check for (Diga a série [i, ɛ, æ] e verifique por si
yourself that this is true.) The vowel [ɑ ] mesmo que isso é verdade.) A vogal [ɑ]

356
as in father has a tongue position that is como em father tem uma posição baixa e
low and back in the mouth and auditory posterior da língua e qualidades auditivas
qualities that we will call low back. Last, que chamaremos de posterior baixa. Por
the vowel [u] in who is a high, fairly back último, a vogal [u] em who é uma vogal alta
vowel. e um tanto posterior.
66. The four vowels [i, æ, a, u], therefore, As quatro vogais [i, æ, ɑ, u], portanto, nos
give us something like the four comers of dão algo como os quatro cantos de um espaço
a space showing the auditory qualities of que mostra as qualidades auditivas das
vowels, which may be drawn as in Figure vogais, que podem ser desenhadas como na
4.2. None of the vowels has been put in an Figura 4.2. Nenhuma das vogais foi posta em
extreme comer of the space in Figure 4.2. um canto extremo do espaço na Figura 4.2.
67. It is possible to make a vowel that sounds É possível pronunciar uma vogal que soa
more back than the vowel [ u ] that most mais para trás que a vogal [u] que a maioria
people use in who. You should be able to das pessoas usa em who. Você pode,
find this fully back vowel for yourself. sozinho, encontrar essa vogal
Start by making a long [u], then round and completamente posterior. Comece fazendo
protrude your lips a bit more. um [u] longo, depois arredonde e projete
seus lábios um pouco mais.

68. Now, try to move your tongue back in Agora tente mover a língua pra trás na boca,
your mouth while still keeping it raised mantendo-a alçada em direção ao palato
toward the soft palate. mole.
69. The result should be a fully back [u]. O resultado deve ser um [u] totalmente
posterior.
70. Another way of making this sound is to Outra maneira de fazer esse som é assoviar a
whistle the lowest note that you can and nota mais baixa que você puder e, então,
then, while retaining the same tongue and mantendo a mesma posição da língua e do
lip position, voice this sound. lábio, vozeie esse som.
71. Again, the result will be an [u] sound that Novamente, o resultado será um som [u] que
is farther back than the vowel in who. Try é mais posterior do que a vogal em who.
saying [i] as in heed, [ u ] as in who, and Tente dizer [i] como em heed, [u] como em

357
then this new sound, which we may who, e então este novo som, que podemos
symbolize with an added underline [u]. If simbolizar com um [u] sublinhado. Se você
you say the series [i, u, u], you should be disser a sequência [i, u, u], você deverá ouvir
able to hear that [u] is intermediate que [u] é intermediário entre [i] e [u], mas -
between [i] and [u], but—for most para a maioria dos falantes - muito mais
speakers—much nearer [u]. próximo de [u].

72. Similarly, it is possible to make vowels Da mesma forma, é possível fazer vogais
with a more extreme quality than the usual com uma qualidade mais extrema do que as
English vowels [i, æ, a]. If, for example, vogais usuais da língua inglesa [i, æ, ɑ]. Se,
while saying [æ] as in had, you lower your por exemplo, enquanto se diz [æ] como em
tongue or open your jaw slightly farther, had, você abaixa sua língua ou abre seu
you will produce a vowel that sounds maxilar um pouco mais, você produzirá uma
relatively farther from [ i ] as in heed. It vogal que soa relativamente mais distante de
will probably also sound a little more like [i] como em heed. Ela provavelmente
[ɑ] as in father. também soará um pouco mais como [ɑ] de
father.

73. Given a notion of an auditory vowel Dada a noção de um espaço vocálico


space of this kind, we can plot the relative auditivo deste tipo, podemos traçar a
quality of the different vowels. Remember qualidade relativa das diferentes vogais.
that the labels high!low and front/ back Lembre-se de que os rótulos alta / baixa e
should not be taken as descriptions of anterior / posterior não devem ser tomadas
tongue positions. como descrições das posições da língua.

74. They are simply indicators of the way one Eles são simplesmente indicadores da forma
vowel sounds relative to another. The como uma vogal soa em relação a outra. Os
labels describe the relative auditory rótulos descrevem as qualidades auditivas
qualities, not the articulations. relativas, e não as articulações.

358
75. Students of phonetics often ask why we Estudantes de fonética muitas vezes
use terms like high, low, back, and front if perguntam por que usamos termos como
we are simply labeling auditory qualities alta, baixa, posterior e anterior, se estamos
and not describing tongue positions. The simplesmente rotulando qualidades auditivas
answer is that it is largely a matter of e não descrevendo posições de língua. A
tradition. For many years, phoneticians resposta é que, na maioria das vezes, trata-se
thought they were describing tongue de uma questão de tradição. Durante muitos
positions when they used these terms to anos, os foneticistas achavam que estavam
specify vowel quality. descrevendo as posições da língua quando
usavam esses termos para especificar a
qualidade da vogal.
76. But there is only a rough correspondence Mas há apenas uma correspondência
between the traditional descriptions in aproximada entre as descrições tradicionais
terms of tongue positions and the actual em termos de posições de língua e as
auditory qualities of vowels. If you could qualidades auditivas reais das vogais. Se
take x-ray pictures showing the position of você pudesse tirar fotos de raio X mostrando
your tongue while you were saying the a posição da sua língua enquanto dissesse as
vowels [i, æ, a, u], you would find that the vogais [i, æ, ɑ, u], você iria achar que as
relative positions were not as indicated in posições relativas não seriam como foram
Figure 4.2. indicadas na Figura 4.2.

77. But, as we will see in Chapter 8, if you Mas, como veremos no Capítulo 8, se você
use acoustic phonetic techniques to usar técnicas fonéticas acústicas para
establish the auditory qualities, you will estabelecer as qualidades auditivas, você
find that these vowels do have the descobrirá que essas vogais têm as relações
relationships indicated in this figure. indicadas nesta figura.

78. Indeed, linguists have used terms such as Na verdade, os linguistas usaram termos
acute and grave instead of front and back como agudo e grave em vez de anterior e
in the description of vowels. But, for a posterior na descrição das vogais. Mas, por
variety of reasons, these terms did not uma série de razões, esses termos não se

359
become widely used. It seems preferable tornaram amplamente utilizados. Parece
to stick with the old terms high, low, front, preferível ficar com os termos antigos alto,
and back, even though they are being used baixo, anterior e posterior, embora estejam
to describe auditory qualities rather than sendo usados para descrever qualidades
tongue positions. auditivas em vez de posições na língua.

79. AMERICAN AND BRITISH AS VOGAIS AMERICANAS E


VOWELS BRITÂNICAS

80. Most of the vowels of a form of Standard A maioria das vogais de uma forma de
American Newscaster English typical of (Standard American Newscaster) Inglês
many Midwestern speakers are shown in Americano Padrão, típico de muitos falantes
the upper part of Figure 4.3 (on page 96). do Centro-Oeste são mostrados na parte
superior da Figura 4.3. (na pág 96)

81. A comparable diagram of the vowels of Um diagrama comparável das vogais do


British English as spoken by BBC inglês britânico como falado pelos locutores
newscasters is shown in the lower part of da BBC é mostrado na parte inferior da
Figure 4.3. In both diagrams, the solid Figura 4.3. Nos dois diagramas, os pontos
points represent the vowels that we are sólidos representam as vogais que estamos
treating as monophthongs, and the lines tratando como monotongos, e as linhas
represent the movements involved in the representam os movimentos envolvidos nos
diphthongs. ditongos.
82. The symbols labeling the diphthongs are Os símbolos rotulando os ditongos são
placed near their origins. There is a good colocados perto de suas origens. Existe uma
scientific basis for placing the vowels as boa base científica para posicionar as vogais
shown here. The positions of both como mostradas aqui. As posições de
monophthongs and diphthongs are not just monotongos e ditongos não são apenas o
the result of auditory impressions. resultado de impressões auditivas.

360
83. The data are taken from the acoustic Os dados são retirados das análises acústicas
analyses of a number of authorities, a de várias autoridades, um ponto ao qual
point we will return to in Chapter 8 when retornaremos no Capítulo 8 quando
we discuss acoustic phonetics. discutirmos fonética acústica. Enquanto isso,
Meanwhile, when you listen to the quando você ouve um falante de inglês
speakers of American English and British americano e inglês britânico gravado no site,
English linked on the website, you should você deve ouvir que as qualidades relativas
be able to hear that the relative vowel da vogal são como indicadas.
qualities are as indicated.

84. Other varieties of English will differ in Outras variedades do inglês serão diferentes
some respects, but you should find that in em alguns aspectos, mas você deve descobrir
most accents, the majority of the que na maioria dos sotaques, a maior parte
relationships are the same. We will note das relações são as mesmas. Observaremos
the cases in which there are substantial os casos em que há diferenças substanciais à
differences as we discuss the individual medida que discutirmos as vogais de forma
vowels. individualizada.

85. Listen first of all to your pronunciation of Escute, antes de tudo, a sua própria
the vowels [i, i, e, ae] as in heed, hid, head, pronúncia das vogais [i, ɪ, ɛ, æ] como em
had. (Use the website example 4.1 in heed, hid, head, had. (Use o exemplo do site
connection with this section and listen to 4.1 em conexão com esta seção e ouça os
the speakers there, and compare their falantes lá, e compare a fala deles com a sua,
speech with your own. If you are not a se você não for falante nativo de inglês, você
native speaker of English, you can listen pode ouvir gravações dessas palavras, no
to recordings of these words on the site.
website.

86. Do these vowels sound as if they differ by Essas vogais soam como se elas diferissem
a series of equal steps? Make each vowel por uma série de etapas iguais. Pronuncie

361
about the same length (although in actual cada vogal com a mesma duração (embora
words they differ considerably), saying em palavras reais elas se diferenciem
just [i, ɪ, ɛ, æ]. Now say them in pairs, first consideravelmente), dizendo apenas [i, ɪ, ɛ,
[i, ɪ], then [i, ɛ], then [ɛ, æ]. æ]. Agora pronuncie-as em pares, primeiro
[i, ɪ], depois [ɪ, ɛ], e finalmente [ɛ, æ].
87. In many forms of English, [i] sounds Em muitas formas do inglês, [i] soa
about the same distance from [ɪ] as [ɪ] is aproximadamente à mesma distância de [ɪ]
from [ɛ], and as [ɛ] is from [æ]. como o [ɪ] está para [ɛ] e como [ɛ] para [æ].
88. Figure 4.3 The relative auditory qualities of Figura 4.3 As qualidades auditivas relativas de
some of the vowels of Standard American algumas das vogais do inglês padrão americano
Newscaster English and British (BBC (Newscaster) e britânico (inglês da BBC).
newscaster) English.
89. Some Eastern American speakers make a Alguns falantes americanos do Leste fazem
distinct diphthong in heed so that their [i] um ditongo distinto em heed, de modo que
is really a glide starting from almost the seus [i] sejam na verdade um glide que
same vowel as that in hid. Other forms of começa a partir de quase a mesma vogal que
English, for example as spoken in the ocorre em hid. Outras formas do inglês, por
Midlands and the North of England, make exemplo, como falado no centro e no norte
a lower and more back vowel in had, da Inglaterra, produzem uma vogal mais
making it sound a little more like the [ɑ ] baixa e mais posterior em had, fazendo com
in father. que pareça um pouco mais como o [ɑ] em
father.

90. This may result in the distance between Isso pode resultar na distância entre [ɛ] e [æ]
[ɛ] and [æ] being greater than that between sendo maior do que entre [i] e [ɪ]. Mas os
[i] and [ɪ]. But speakers who have a lower falantes que articulam um [æ] mais baixo
[ae] may also have a slightly lower [ɛ], também podem articular um [ɛ] um pouco
thus keeping the distances between the mais baixo, mantendo assim as distâncias
four vowels [i, ɪ, ɛ, æ] approximately the entre as quatro vogais [i, ɪ, ɛ, æ]
same. aproximadamente as mesmas.

362
91. The remaining front vowel in English is A vogal anterior restante em inglês é [eɪ]
[eɪ ] as in hay. We will discuss this vowel como em hay. Vamos discutir essa vogal
after we have discussed some of the back depois de termos discutido algumas das
vowels. The back vowels vary vogais posteriores. As vogais posteriores
considerably in different forms of English, variam consideravelmente nas diferentes
but no form of English has them evenly formas do inglês, mas nenhuma forma do
spaced like the front vowels. inglês as organiza uniformemente como as
vogais anteriores.

92. Say for yourself [a, o, u, u] as in father, Diga pra si mesmo [ɑ, ɔ, ʊ, u] como em
author, good, food. As before, make each father, author, good, food. Como antes, faça
vowel about the same length, and say just cada vogal com a mesma duração e diga
[a, o, u, u], (If, like many Californians, apenas [ɑ, ɔ, ʊ, u]. (Se, como muitos
you do not distinguish between the vowels californianos, você não faz distinção entre as
in father and author, just say the three vogais em father e author, apenas diga as três
vowels [a, u, u].) Consider pairs of vowels vogais [ɑ, ʊ, u].) Considere pares de vogais
as you did the front vowels. como você fez com as vogais anteriores.

93. Estimate the distances between each of Estime as distâncias entre cada uma dessas
these vowels, and compare them with vogais e compare-as com as mostradas na
those shown in Figure 4.3. Figura 4.3.
94. We noted that many Californian and other Observamos que muitos falantes do oeste e
speakers in the western United States do californianos não distinguem [ɑ] e [ɔ] como
not distinguish [ɑ] and [ɔ] as in cot and em cot e caught. Eles geralmente têm uma
caught. They usually have a vowel vogal intermediária em qualidade entre os
intermediate in quality between the two dois pontos mostrados no gráfico, mas mais
points shown on the chart but closer to [ɑ]. perto de [ɑ].

95. On the other hand, most speakers of Por outro lado, a maioria dos falantes do
British English have an additional vowel inglês britânico tem uma vogal adicional
in this area. nesta área.

363
96. They distinguish between the vowels [ɑ, Eles distinguem entre as vogais [ɑ, ɒ ɔ]
ɒ ɔ] as in balm, bomb, bought. como em balm, bomb, bought.
97. This results in a different number of Isso resulta em um número diferente de
vowel qualities, as shown in the lower qualidades de vogal, como mostrado no
diagram in Figure 4.3. diagrama inferior da Figura 4.3.
98. The additional vowel [ɒ] is more back A vogal adicional [ɒ] é mais posterior e um
and slightly more rounded than [ɑ]. pouco mais arredondada do que [ɑ].

99. The vowels [ʊ, u] as in good, food also As vogais [ʊ, u] como em good, food
vary considerably. Many speakers have a também variam consideravelmente. Muitos
very unrounded vowel in good and a falantes realizam uma vogal um tanto não
rounded but central vowel in food. Look arredondada em good e uma vogal
in a mirror and observe your own lip arredondada, mas central, em food. Olhe em
positions in these two vowels. British um espelho e observe suas próprias posições
speakers have a mid-low central vowel [ʌ] labiais nessas duas vogais. Os falantes
as in bud while in American English the britânicos têm uma vogal central média-
vowel in bud is [ə]. baixa [ʌ] como em bud enquanto no inglês
americano a vogal em bud é [ə].

100. The lower [ʌ] in British English is thus O [ʌ] mais baixo no Inglês britânico é,
more distinct from the central vowel [ɜ] in portanto, mais distinto do que a vogal central
bird. The vowel in American English bird [ɜ] em bird, A vogal de bird no inglês
is not shown in the upper part of Figure americano não é mostrada na parte superior
4.3 because it is distinguished from the da figura 4.3 porque se distingue da vogal em
vowel in bud by having r-coloring, which bud por ser uma vogal rótica, que
we will discuss later. discutiremos mais tarde.

101. DIPHTHONGS DITONGOS

364
102. We will now consider the diphthongs Vamos agora considerar os ditongos
shown in Figure 4.3. mostrados na Figura 4.3.

103. Each of these sounds involves a change in Cada um desses sons envolve uma mudança
quality within the one vowel. As a matter de qualidade dentro de uma vogal. Por uma
of convenience, they can be described as questão de conveniência, eles podem ser
movements from one vowel quality to descritos como movimentos de uma vogal
another. In English, the first part of the para outra. Em inglês, a primeira parte do
diphthong is usually more prominent than ditongo é geralmente mais proeminente do
the last. que a última.

104. In fact, the last part is often so brief and Na verdade, a última parte é muitas vezes
transitory that it is difficult to determine tão breve e transitória que é difícil
its exact quality. Furthermore, the determinar sua qualidade exata. Além disso,
diphthongs often do not begin and end os ditongos geralmente não começam e
with any of the sounds that occur in simple terminam com qualquer um dos sons que
vowels. ocorrem em vogais simples.

105. For maximum clarity, the difference in Para máxima clareza, a diferença na
the prominence of the two vowel qualities proeminência das duas qualidades de vogal
of a diphthong can be indicated by writing de um ditongo pode ser indicada ao escrever
the “nonsyllabic” diacritic symbol under o símbolo diacrítico "não-silábico" sob a
the less prominent portion, as in [aɪ̯ ]. This porção menos proeminente, como em [aɪ̯ ].
makes explicit the distinction between a Isso torna explícita a distinção entre uma
two-syllable vowel sequence (gnaw it sequência de vogais de duas sílabas (gnaw it
[naɪt]) and a single syllable vowel [naɪt]) e uma sequência de vogais de uma
sequence (night [naɪ̯ t]). única sílaba (night [naɪ̯ t]).

106. It is also common among phoneticians to Também é comum entre os foneticistas usar
use another method to mark diphthongs: outro método para marcar os ditongos: com

365
with the nonsyllabic element printed as a o elemento não-silábico impresso como uma
superscript letter (e.g., [aᴵ]). letra sobrescrita (por exemplo, [aᴵ]).

107. You can see from Figure 4.3 that the Você pode ver a partir da Figura 4.3, que os
diphthongs [ai, aʊ], as in high, how, start ditongos [aɪ, aʊ], como em high, how,
from more or less the same low central começam mais ou menos na mesma posição
vowel position, midway between [æ] and da vogal (baixa, central), a meio caminho
[ɑ] and, in BBC English, closer to [ʌ ] than entre [æ] e [ɑ] e, no inglês da BBC, mais
to any of the other vowels. (The Oxford perto de [ʌ] do que para qualquer outra
Dictionary of Pronunciation for Current vogal. (O Oxford Dictionary of
English transcribes the American [aɪ] as Pronunciation for Current English
[ʌɪ] in British English.) Say the word eye transcreve o [aɪ] americano como [ʌɪ] no
very slowly and try to isolate the first part inglês britânico.) Diga a palavra eye bem
of it. devagar e tente isolar a primeira parte dela.

108. Compare this sound with the vowels [ae, Compare este som com as vogais [æ, ʌ, ɑ]
a, a] as in bad, bud, father. Now make a como em bad, bud, father. Agora, faça um
long [a] as in father, and then say the word [ɑ] longo como em father, e depois diga a
eye as if it began with this sound. The palavra eye como se começasse com esse
result should be something like some som. O resultado deve ser algo como
forms of New York or London Cockney algumas formas de pronúncias de eye em
English pronunciations of eye. Nova York ou no inglês Cockney de
Londres.
109. Try some other pronunciations, starting, Experimente algumas outras pronúncias,
for example, with the vowel [ae] as in bad. começando, por exemplo, com a vogal [æ]
In this case, the result is a somewhat como em bad. Nesse caso, o resultado é uma
affected pronunciation. The diphthong pronúncia um tanto afetada.O ditongo [aɪ],
[ai], as in high, buy, moves toward a high como em high, buy, move-se em direção a
front vowel, but in most forms of English, uma vogal anterior alta, mas na maioria das

366
it does not go much beyond a mid-front formas do inglês, não vai muito além de uma
vowel. vogal média-anterior.

110. Say a word such as buy, making it end Diga uma palavra como buy, fazendo com
with the vowel [ɛ ] as in bed (as if you que ela termine com a vogal [ɛ] como em bed
were saying [baɛ]). (como se estivesse dizendo [baɛ]).
111. A diphthong of this kind probably has a Um ditongo desse tipo provavelmente tem
smaller change in quality than occurs in uma menor mudança de qualidade do que
your normal pronunciation (unless you are ocorre em sua pronúncia normal (a menos
one of the speakers from Texas or que você seja um dos falantes do Texas ou de
elsewhere in the South and Southwest outros lugares do Sul e Sudoeste que
who make such words as buy, die into pronunciam tais palavras como, by, die como
long monophthongs - [baː, daː]). Then say monotongos longos [baː, daː]). Então diga
buy, deliberately making it end with the buy, deliberadamente fazendo com que
vowel [ɪ ] as in bid. termine com a vogal [ɪ] como em bid.
112. This vowel is usually slightly higher than Esta vogal é geralmente ligeiramente mais
the ending of this diphthong for many alta do que o final deste ditongo para muitos
speakers of English. Finally, say buy with falantes do inglês. Finalmente, diga buy com
the vowel [ i ] as in heed at the end. a vogal [i] como em heed no final.
113. This is a much larger change in quality Esta é uma mudança de qualidade muito
than normally occurs in this word. But maior do que normalmente ocorre nesta
some speakers of Scottish English and palavra. Mas alguns falantes do inglês
Canadian English have a diphthong of this escocês e inglês canadense pronunciam um
kind in words such as sight, which is ditongo desse tipo em palavras como sight,
different from the diphthong that they que é diferente do ditongo que eles articulam
have in side. The diphthong [ aʊ ] in how em side. O ditongo [aʊ] em how geralmente
usually starts with a quality very similar to começa com uma qualidade muito
that at the beginning of high. semelhante à do início de high.

114. Try to say owl as if it started with [æ ] as Tente dizer owl como se começasse com [æ]
in had, and note the difference from your como em had, e observe a diferença de sua
usual pronunciation. pronúncia usual.

367
115. Some speakers of the type of English Alguns falantes do tipo de inglês falado em
spoken around London and the Thames Londres e no estuário do Tâmisa (muitas
estuary (often called Estuary English) vezes chamado Estuary English "Inglês do
have a complicated movement in this Estuário") têm um movimento complicado
diphthong, making a sequence of qualities nesse ditongo, fazendo uma sequência de
like those of [ɛ] as in bed, [ʌ] as in bud, qualidades como as de [ɛ] como em bed, [ʌ]
and [u] as in food. como em bud, e [u] como em food.

116. Say [ɛ, ʌ, u] in quick succession. Now say Diga [ɛ, ʌ, u] em rápida sucessão. Agora
the phrase how now brown cow using a diga a frase how now brown cow usando um
diphthong of this type. ditongo desse tipo.
117. The diphthong [ei], as in hay, varies O ditongo [eɪ] como em hay varia
considerably in different forms of English. consideravelmente em diferentes formas do
Some American English speakers have a inglês. Alguns falantes do inglês americanos
diphthong starting with a vowel very produzem um ditongo começando com uma
much like [ e ] in head (as shown in the vogal muito parecida com [ɛ] em head (como
upper part of Figure 4.3). Most BBC mostrado na parte superior da Figura 4.3). A
English speakers and many Midwestern maioria dos falantes do inglês da BBC e
Americans have a smaller diphthong, muitos americanos do Centro-Oeste
starting closer to [ɪ] as in hid. articulam um ditongo mais curto, começando
mais perto de [ɪ] como em hid.
118. Estuary English, as described above, has O inglês do Estuário, como descrito acima,
a larger diphthong so that words such as tem um ditongo mais longo, de modo que
mate, take sound somewhat like might, palavras como mate, take soam parecido com
tyke. might, tyke.
119. Conversely, others (including many Por outro lado, outros (incluindo muitos
Scots) have a higher vowel, a escoceses) realizam uma vogal mais alta, um
monophthong that can be written [ e ]. monotongo que pode ser escrito [e].
Check your own pronunciation of hay and Verifique sua própria pronúncia de hay e

368
try to decide how it should be represented tente decidir como deveria ser representado
on a chart as in Figure 4.3. The diphthong em um gráfico como na Figura 4.3. O
[ oʊ ], as in hoe, may be regarded as the ditongo [oʊ] como em hoe pode ser
back counterpart of [ eɪ ]. considerado como a contraparte de [eɪ].

120. For many speakers of American English, Para muitos falantes do inglês americano, é
it is principally a movement in the high- principalmente um movimento na dimensão
low dimension, but in most forms of alta-baixa, mas na maioria das formas do
British English, the movement is more in inglês britânico, o movimento está mais na
the front-back dimension, as you can see dimensão anterior-posterior, como você
in Figure 4.3. pode ver na Figura 4.3.
121. Some British English speakers make this Alguns falantes do inglês britânico fazem
vowel start near [ɛ] and end a little higher esta vogal começar perto de [ɛ] e terminar
than [ʊ]. Say each part of this diphthong um pouco mais alto do que [ʊ]. Diga cada
and compare it with other vowels. The parte deste ditongo e compare-o com outras
remaining diphthong moving in the vogais. O ditongo remanescente que se move
upward direction is [ɔɪ], as in boy. Again, na direção ascendente é [ɔɪ] como em boy.
this diphthong does not end in a very high Mais uma vez, este ditongo não termina em
vowel. uma vogal muito alta.

122. It often ends with a vowel similar to that Muitas vezes, termina com uma vogal
in bed. We might well have transcribed semelhante à de bed. Poderíamos ter
boy as [bɔɛ ] if we had not been trying to transcrito boy como [bɔɛ] se não
keep the style of transcription used in this estivéssemos tentando manter o estilo de
book as similar as possible to other widely transcrição usado neste livro tão parecido
used transcriptions. quanto possível com outras transcrições
amplamente utilizadas.

369
123. The last diphthong, [ju], as in cue, differs O último ditongo, [ju] como em cue, difere
from all the other diphthongs in that the de todos os outros ditongos, na medida em
more prominent part occurs at the end. que a parte mais proeminente ocorre no final.
Because it is the only vowel of this kind, Porque é a única vogal deste tipo, muitos
many books on English phonetics do not livros sobre fonética inglesa nem sequer o
even consider it a diphthong; they treat it consideram um ditongo; eles o tratam como
as a sequence of a consonant followed by uma sequência de uma consoante seguida de
a vowel. We have considered it to be a uma vogal. Nós o consideramos um ditongo
diphthong because of the way it patterns devido à forma como ele se apresenta em
in English. inglês.
124. Historically, it is a vowel, just like the Historicamente, é uma vogal, assim como as
other vowels we have been considering. outras vogais que consideramos. Além disso,
Furthermore, if it is not a vowel, then we se não é uma vogal, então devemos dizer que
have to say that there is a whole series of há uma série inteira de encontros
consonant clusters in English that can consonantais em inglês que podem ocorrer
occur before only one vowel. antes de apenas uma vogal.
125. The sounds at the beginning of pew, Os sons no início de pew, beauty, cue, spew,
beauty, cue, spew, skew and (for most skew e (para a maioria dos falantes do inglês
speakers of British English) tune, due, sue, britânico), tune, due, sue, Zeus, new, lieu,
Zeus, new, lieu, stew occur only before / u stew ocorrem apenas antes de / u /. (Observe
/.(Note that in British English, do and due que em inglês britânico, do e due são
are pronounced differently, the one being pronunciados de forma diferente, o primeiro
[du] and the other [ dju ].) There are no é [du] e o outro [dju].) Não há palavras em
English words beginning with / pje / or / inglês que começam com / pje / ou / kjæ /, ou
kjæ /, or any combination of stop plus [j] qualquer combinação de oclusiva mais [j]
before any other vowel. antes de qualquer outra vogal.

126. In stating the distributional properties of Ao declarar as propriedades distributivas


English sounds, it seems much simpler to dos sons do inglês, parece muito mais
recognize / ju / as a diphthong and thus simples reconhecer /ju/ como um ditongo e,
reduce the complexity of the statements assim, reduzir a complexidade das

370
one has to make about the English afirmações que é preciso fazer sobre os
consonant clusters. encontros consonantais do inglês.
127. RHOTIC VOWELS VOGAIS RÓTICAS

128. The only common stressed vowel of A única vogal tônica comum do inglês
American English not shown in Figure 4.3 americano não mostrada na Figura 4.3 é [ɝ]
is [s'-] as in sir, herd, fur. como em sir, herd, fur.

129. This vowel does not fit on the chart Esta vogal não se enquadra no gráfico
because it cannot be described simply in porque não pode ser descrita simplesmente
terms of the features high-low, front-back, em termos de traços alta—baixa, anterior—
and rounded- unrounded. The vowel [ɝ] posterior e arredondada—não arredondada.
can be said to be r-colored. It involves an A vogal [ɝ] pode ser chamada de rótica. Ela
additional feature called rhotacization. Envolve uma característica adicional
Just like high-low and front-back, the chamada rotacização. Exatamente como
feature rhotacization describes an auditory alta-baixa e anterior-posterior, o traço
property, the r-coloring, of a vowel. rotacização descreve uma propriedade
auditiva, a rotacização, de uma vogal.
130. When we describe the height of a vowel, Quando descrevemos a altura de uma vogal,
we are saying something about how it estamos dizendo algo sobre como ela soa ao
sounds rather than something about the invés de algo sobre o gesto da língua
tongue gesture necessary to produce it. necessário para produzi-la. Da mesma forma,
Similarly, when we describe a sound as a quando descrevemos um som como uma
rhotacized vowel, we are saying vogal rotacizada, estamos dizendo algo
something about how it sounds. In most sobre como ela soa. Na maioria das formas
forms of American English, there are both do inglês americano, há vogais rotacizadas
stressed and unstressed rhotacized tônicas e átonas.
vowels.

131. For younger speakers there is very little Para os falantes mais jovens, há
difference in vowel quality as a function pouquíssima diferença na qualidade da vogal

371
of stress—so the two vowels of further are como uma função de acento - então as duas
practically identical [fɚðɚ]. vogais de further são praticamente idênticas
[fɚðɚ].
132. For speakers who do have different rhotic Para falantes que articulam qualidades
qualities in stressed and unstressed róticas diferentes em sílabas tônicas e átonas,
syllables, the transcription for the phrase a transcrição para a frase my sister’s bird
my sister’s bird would be [maɪ ‘sɪstɚs seria [maɪ ‘sɪstɚs ‘bɝd].
‘bɝd].
133. Rhotacized vowels are often called As vogais rotacizadas muitas vezes são
retroflex vowels, but there are at least two chamadas de vogais retroflexas, mas existem
distinct ways in which the r-coloring can pelo menos duas formas distintas nas quais a
be produced (see Figure 4.4). rotacização pode ser realizada (ver Figura
4.4).
134. Figure 4.4 Magnetic resonance imaging (MRI) Figura 4.4 Escaneamento de imagem de
scans of two American English speakers ressonância magnética (MRI) de dois falantes do
inglês americano produzindo [ɚ] (© Xinhui Zhou,
producing [&].(© Xinhui Zhou, Carol Espy-
Carol Espy-Wilson, Mark Tiede e Suzane Boyce,
Wilson, MarkTiede, Suzanne Boyce. Used with utilizadas sob permissão. Todos os direitos
permission. All rights reserved.) reservados).

135. Some speakers have the tip of the tongue Alguns falantes levantam a ponta da língua,
raised, as in a retroflex consonant. The como em uma consoante retroflexa. O
speaker shown in the top panel of Figure falante mostrado na parte superior da Figura
4.4 has this type of tongue configuration 4.4 possui este tipo de configuração da
in [ɚ]. Others (such as the speaker in the língua em [ɚ]. Outros (como o falante na
bottom panel) keep the tip down and parte inferior) mantêm a ponta da língua para
produce a high bunched tongue position. baixo e articulam com uma posição de língua
elevada.

136. These two gestures produce a very similar Esses dois gestos produzem um efeito
auditory effect. X-ray studies of speech auditivo muito parecido. Os estudos de raio-
have shown that in both these ways of X de fala mostraram que, em ambas as
producing a rhotacized quality, there is formas de produzir uma qualidade

372
usually a constriction in the pharynx rotacizada, geralmente existe uma constrição
caused by retraction of the part of the na faringe causada pela retração da parte da
tongue near the epiglottis. língua que fica próxima à epiglote.
137. The most noticeable difference among A diferença mais notável entre os sotaques
accents of English is in whether they have do inglês é se eles têm vogais róticas.
r-colored vowels.
138. In many forms of American English, Em muitas formas do inglês americano, a
rhotacization occurs when vowels are rotacização ocorre quando as vogais são
followed by [i], as in beard, bared, bard, seguidas por [r], como em beard, bared,
board, poor, tire, hour. Accents that permit bard, board, poor, tire, hour. Os sotaques
some form of [ i ] after a vowel are said to que permitem alguma forma de [r] depois de
be rhotic. The rhotacization of the vowel uma vogal são ditos róticos. A rotacização
is often not so evident at the beginning of da vogal muitas vezes não é tão evidente no
the vowel, and something of the quality of início da vogal, e alguma coisa da qualidade
the individual vowel remains. da vogal individual permanece.

139. But in sir, herd, fur the whole vowel is Mas em sir, herd, fur, a vogal toda é
rhotacized (which is why [ɚ] is preferable rotacizada (é por isso que [ɚ] é preferível a
to [ər]). Insofar as the quality of this vowel [ər]). Na medida em que a qualidade desta
can be described in terms of the features vogal pode ser descrita em termos de
high-low and front-back, it appears to be a características de alta-baixa e anterior-
mid-central vowel such as [ə] with added posterior, ela parece ser uma vogal média-
rhotacization. central, como [ə] com rotacização
adicionada.

140. Rhotic accents are the norm in most parts Os sotaques Róticos são a norma na maioria
of North America. They were prevalent das partes da América do Norte. Eles eram
throughout Britain in Shakespeare’s time, prevalentes em toda a Grã-Bretanha no
and still occur in the West Country, tempo de Shakespeare, e ainda ocorrem no

373
Scotland, and other regions distant from País Ocidental, Escócia e em outras regiões
London. Shortly after it became distantes de Londres. Pouco depois, tornou-
fashionable in the Southeast of England to se moda no Sudeste da Inglaterra abandonar
drop the post-vocalic / ɹ /, this habit spread o / ɹ / pós-vocálico, este hábito se espalhou
to areas of the United States in New para áreas dos Estados Unidos na Nova
England and parts of the South. Inglaterra e partes do Sul.

141. These regions are now non-rhotic to Essas regiões agora não são róticas em vários
various degrees. Try to find a speaker of graus. Tente encontrar um falante de inglês
English with an accent that is the opposite com um sotaque que seja o oposto do seu -
of yours—rhotic or non-rhotic, as the case rótico ou não-rótico, conforme o caso. Ouça
may be. Listen to their vowels in words como ele(a) pronuncia as vogais em palavras
such as mirror, fairer, surer, poorer, purer como mirror, fairer, surer, poorer, purer e
and compare them with your own. compare-as com as suas.
142. Standard BBC English is not rhotic and O inglês BBC padrão não é rótico e tem
has diphthongs (not shown in Figure 4.3) ditongos (não mostrado na Figura 4.3)
going from a vowel near the outside of the partindo de uma vogal perto de seu espaço
vowel space toward the central vowel [ə]. exterior para a vogal central [ə]. Em palavras
In words such as here and there, these are como here e there, estas são transcritas [ɪə] e
transcribed [ɪə] and [ɛə]. Some speakers [ɛə]. Alguns falantes realizam um [ɛ] longo
have a long [ɛ] instead of [ɛə] particularly ao invés de [ɛə], particularmente antes de [ɹ]
before [ɹ] as in fairy and bearing. como em fairy and bearing.

143. Some people have a centering diphthong Algumas pessoas realizam um ditongo
[ʊə] in words such as poor, but this is central [ʊə] em palavras como poor, mas
probably being replaced by [ɔ] in most provavelmente isto está sendo substituído
non-rhotic accents of British English. We por [ɔ] na maioria dos acentos não-róticos do
also noticed in Chapter 2 that some inglês britânico. Também percebemos no
speakers have a centering diphthong Capítulo 2 que alguns falantes realizam um

374
(though we did not call it that at the time) ditongo central (embora não o tenhamos
in hire, fire, which are [haə, faə]. chamado assim naquele momento) em hire,
que são [haə, faə].

144. LEXICAL SETS CONJUNTOS LEXICAIS


145. One of the challenges facing the student Um dos desafios enfrentados pelo estudante
of English phonetics is that the accents of de fonética inglesa é que os sotaques do
English differ from each other quite inglês diferem um do outro
substantially. substancialmente.

146. Each accent contrasts a certain number of Cada sotaque contrasta um certo número de
vowels. The first difference between two vogais. A primeira diferença entre dois
accents may be in the number of vowels sotaques pode estar no número de vogais que
they contrast. Californian English, for eles contrastam. O inglês californiano, por
example, differs from many Midwestern exemplo, difere de muitos sotaques do inglês
accents of English in having lost the do Centro-Oeste por terem perdido o
contrast between [ɑ] and [ɔ], as in cot contraste entre [ɑ] e [ɔ], como em cot versus
versus caught, so there is one fewer vowel caught, então há uma vogal a menos no
in the Californian system. sistema californiano.

147. Similarly, most British English accents Da mesma forma, a maioria dos sotaques do
have systemic differences from most inglês britânico têm diferenças sistêmicas da
American English accents in that they maioria dos sotaques do inglês americano, na
have additional vowels, distinguishing medida em que possuem vogais adicionais,
cart, cot, court by vowels that we can distinguindo cart, cot, court, por vogais que
represent by /ɑ, ɒ, ɔ/. Another way in podemos representar por /ɑ, ɒ, ɔ/. Outra
which accents can differ is in the vowels maneira na qual os sotaques podem variar é
that occur in certain words. nas vogais que ocorrem em certas palavras.
148. Both BBC English and American Ambos os ingleses, o BBC e o American
Newscaster English have vowels that can Newscaster têm vogais que podem ser
be symbolized by /æ / and / ɑ /, as in simbolizadas por / æ / e /ɑ/ como em fat e

375
fat and father, but BBC English has / ɑ / in father, mas o Inglês da BBC tem / ɑ / em
glass and last, while American English has glass e last, enquanto o inglês americano tem
/ æ /. An even more pointed comparison of /æ/. Uma comparação ainda mais pontual
this kind of difference occurs between deste tipo de diferença é a de alguns sotaques
some Standard Northern accents of British padrão do inglês britânico do Norte e o da
English and BBC English. BBC.
149. Both these accents have the same number Estes dois sotaques têm o mesmo número de
of vowel contrasts (the same vowel contrastes de vogais (os mesmos sistemas de
systems), but they use / ae / and / a / in vogais), mas eles usam / æ / e / ɑ / em
different words, Standard Northern palavras diferentes, o Standard Northern
having / ae / in castle, glass, and much the (dialeto padrão do norte) tendo / æ / em
same words as those for which this vowel castle, glass e nas mesmas palavras (como
is used in American English. aquelas) nas quais esta vogal é usada no
inglês americano.
150. This kind of difference between accents Esse tipo de diferença entre sotaques é
is known as a difference in distribution (of conhecido como uma diferença na
vowel qualities) as opposed to a difference distribuição (de qualidades de vogal) em
in system (the number of distinct vowels). oposição a uma diferença no sistema (o
número de vogais distintas).
151. Finally, some differences between Finalmente, algumas diferenças entre os
accents have to do with the particular sotaques têm a ver com as qualidades de
phonetic vowel qualities that they use. vogais fonéticas particulares que eles usam.
Two accents can have exactly the same Dois sotaques podem ter exatamente o
number of vowel distinctions and the mesmo número de distinções de vogais e as
same vowel distributions, but the vowels mesmas distribuições de vogais, mas as
can differ in phonetic quality. vogais podem diferir em qualidade fonética.
152. Thus, Texans and Midwestern Americans Assim, Americanos do Centro-Oeste e
have similar vowel systems and Texanos têm sistemas de vogais e
distributions, but use different ways of distribuições similares, mas usam maneiras
distinguishing the vowels in words such as diferentes de distinguir as vogais em
pie and the word for ‘father,’ pa.

376
palavras como pie e a palavra para "father",
pa.
153. Texans are likely to have a long Os texanos são susceptíveis de ter um longo
monophthong in each of these words, monotongo em cada uma dessas palavras,
making them best symbolized as [paː] and tornando-as melhor simbolizadas como [paː]
[pɑː], whereas Midwestern Americans are e [pɑː], enquanto os americanos do Centro-
more likely to say [paɪ] and [pɑ]. Or, to Oeste são mais propensos a dizer [paɪ] e [pɑ].
take a British English example, an old- Ou, para tomar um exemplo do inglês
fashioned Cockney English and a modem britânico, um antigo inglês Cockney e um
Estuary English accent may have the same sotaque do inglês Estuário moderno podem
vowel distinctions (the same systems) and ter as mesmas distinções de vogais (os
use them in the same words (the same mesmos sistemas) e usá-los nas mesmas
distributions), but use different vowel palavras (as mesmas distribuições), mas usar
qualities. diferentes qualidades de vogal.

154. Cockney will have vowels best O Cockney terá vogais melhor representadas
represented as [ʌɪ] and [ɑɪ] in mate and como [ʌɪ] e [ɑɪ] em mate e might; No Inglês
might, Estuary English pronounces these do Estuário pronuncia-se essas palavras mais
words more like [mɛɪt] and [mʌɪt]. como [mɛɪt] e [mʌɪt].
155. To help keep the comparison of many Para ajudar a manter organizada a
English accents organized, the comparação de muitos sotaques ingleses, o
phonetician J. C. Wells devised a system foneticista J.C. Wells desenvolveu um
of lexical sets as a way of naming English sistema de conjuntos lexicais como forma
vowels. de nomear as vogais do inglês.
156. Table 4.1 illustrates Wells’s lexical sets. A Tabela 4.1 ilustra os conjuntos lexicais de
Wells.
157. The vowels are ordered from KIT to As vogais são ordenadas da palavra KIT até
CURE from vowel types that show the CURE, desde tipos de vogais que mostram
(roughly) least amount of variation across (aproximadamente) a menor quantidade de
accents to vowels that are most different variação entre sotaques até as vogais que são
from accent to accent. mais diferentes de sotaque a sotaque.

377
158. This means that in Wells’s estimation Isso significa que, na estimativa de Wells,
KIT and DRESS tend to have the same KIT e DRESS tendem a ter a mesma
quality [i] and [ɛ] in most accents, while qualidade [i] e [ɛ] na maioria dos sotaques,
rhotic vowels show the greatest range of enquanto as vogais róticas mostram a maior
variation. extensão de variação.
159. The key words are also chosen to As palavras-chave também são escolhidas
highlight vowel differences by embedding para destacar as diferenças vocálicas,
them in familiar and unmistakably incorporando-as a palavras familiares e
different words—sort of the opposite of palavras (inconfundivelmente) diferentes -
the idea behind the minimal sets we used mais ou menos o oposto das ideias por trás
in Chapter 2. There is one lexical key dos conjuntos mínimos que usamos no
word for each subset of words that tend to capítulo 2. Há uma palavra-chave lexical
pattern together across accents. para cada subconjunto de palavras que
tendem a padronizar juntas em diferentes
sotaques.

160. For example, Wells (1982) defined the Por exemplo, Wells (1982) definiu os
BATH lexical set as “those words whose conjuntos lexicais em BATH como “aquelas
citation form contains the stressed vowel / palavras cuja forma de citação contém a
ae / in General American, but / a: / in RP vogal tônica /æ / no inglês americano, mas
[the “received pronunciation of British /ɑː/ em PR [a “pronúncia recebida do inglês
English]” (p. 133). britânico]” (p. 133).
161. The lexical set system provides O sistema do conjunto lexical fornece
information (obviously schematic in informações (obviamente esquemáticas por
nature) about the three important natureza) sobre os três parâmetros
parameters of accent variation in English importantes da variação de sotaque/acento
vowels: (1) the number of phonological nas vogais do inglês: (1) o número de
vowel categories in an accent is indicated categorias de vogais fonológicas em um
by the number of distinct vowel symbols sotaque é indicado pelo número de símbolos
in each column, (2) the phonetic vowel vocálicos distintos em cada coluna, (2) as

378
qualities in an accent is given by the IPA qualidades de vogais fonéticas em um
symbols in each column, and (3) the sotaque são mostradas pelos símbolos do
distribution of vowels in the lexicon is IPA em cada coluna, e (3) a distribuição das
given by overlapping and intersecting vogais no léxico é mostrada por conjuntos de
word sets. palavras que se sobrepõem e se intersectam.

162. On this last point about distributions, Neste último ponto sobre distribuição,
consider the TRAP, PALM, and BATH considere as vogais em TRAP, PALM e
vowels in American and British English. BATH no inglês americano e britânico. A
The table shows that there are two sets of tabela mostra que há dois conjuntos de
words in American English that are palavras no inglês americano que são
pronounced with [æ] (the TRAP words, pronunciadas com / æ / (as palavras em
and the BATH words) while only one of TRAP e as palavras em BATH) enquanto
these sets (the TRAP set) is pronounced apenas um desses conjuntos (o conjunto
with [æ] in British English. TRAP) é pronunciado com / æ/ no inglês
britânico.

163. The difference between the vowel A diferença entre as qualidades vocálicas
qualities in an accent and their lexical em um sotaque e sua distribuição lexical
distribution is also highlighted by também é destacada ao se comparar o inglês
comparing Australian and Irish English. australiano e o inglês da Irlanda.
164. Both accents have an [e:] vowel, but in Ambos os sotaques têm uma vogal [e:], mas
Australian the vowel is used in the no australiano a vogal é usada no conjunto de
SQUARE set of words, while in Irish palavras em SQUARE, enquanto no inglês
English [e:] is used in the FACE set. irlandês [e:] é usada no conjunto FACE.

165. Compare Australian hair [he:] with Irish Compare hair australiano [he:] com hay
hay [he:]. Comparisons such as this irlandês [he:]. Comparações como essa
emphasize that accent differences involve enfatizam que as diferenças de sotaque

379
lexical vowel distributions as well as envolvem distribuições de vogais lexicais,
phonetic vowel qualities. bem como qualidades de vogais fonéticas.
166. Try to compare your own accent of Tente comparar seu próprio sotaque de
English with another accent and say which inglês com outro sotaque e diga quais das
of the vowel differences are best described diferenças vocálicas são mais bem descritas
as differences in the system of vowels, como diferenças no sistema de vogais, quais
which are differences of distribution, and são diferenças de distribuição, e quais
which involve just differences in vowel envolvem apenas diferenças na qualidade da
quality. vogal.
167. Often all three of these factors—systemic Frequentemente, todos esses três fatores -
differences, distributional differences, and diferenças sistêmicas, diferenças
vowel quality differences—distinguish distribucionais e diferenças na qualidade das
one accent from another. Nevertheless, vogais - distinguem um sotaque de outro. No
considering the three factors provides a entanto, considerar os três fatores nos
useful way of looking at differences proporciona uma maneira importante de
between accents. analisar as diferenças entre os sotaques.
168. UNSTRESSED SYLLABLES SÍLABAS ÁTONAS

169. In all forms of English, the symbol [ a ] Em todas as formas de inglês, o símbolo [ə]
may be used to specify a range of mid- pode ser usado para especificar uma gama de
qualidades vocálicas médio-centrais.
central vowel qualities.
170. As we saw in Chapter 2, this vowel Como vimos no Capítulo 2, essa vogal
occurs in grammatical function words ocorre em palavras de função gramatical
such as to, the, at [tə, ðə, ət]. It also occurs como to, the, at [tə, ðə, ət]. Também ocorre
at the end of the words sofa, China ['soʊfə, no final das palavras sofa, China ['soʊfə,
'tʃaɪnə], and for most British speakers, 'tʃaɪnə], e para a maioria dos falantes do
better, farmer ['bɛtə,' fɑmə]. In American inglês britânico, better, farmer ['bɛtə,' fɑmə].
English, the vowel at the end of words No inglês americano, a vogal no final das
with the -er spelling is usually [ɚ], a very palavras com a escrita -er é geralmente [ɚ],
similar quality, but with added r-coloring.

380
uma qualidade muito semelhante, mas com
adição de (r-rótico).

171. As the vowel chart in Figure 4.3 Como o quadro de vogais na Figura 4.3
represents a kind of auditory space, representa um tipo de espaço auditivo, as
vowels near the outside of the chart are vogais próximas ao exterior do quadro são
more distinct from one another than mais distintas umas das outras do que as
vowels in the middle, and differences in vogais que estão no meio, e as diferenças na
vowel quality become progressively qualidade vocálica se reduzem
reduced among vowels nearer the center. progressivamente entre as vogais mais
The symbol [ə ] is often produced when próximas do centro. O símbolo [ə] é
vowels have a central, reduced vowel frequentemente produzido quando as vogais
quality. têm uma qualidade vocálica central
reduzida.

172. We will be considering the nature of Consideraremos a natureza do acento (stress)


stress in English in the next chapter, but em inglês no próximo capítulo, no entanto
we can note here that vowels in unstressed podemos verificar aqui que as vogais em
syllables do not necessarily have a sílabas átonas não têm necessariamente uma
completely reduced quality. All the qualidade completamente reduzida. Todas as
English vowels can occur in unstressed vogais do inglês podem ocorrer em sílabas
syllables in their full, unreduced forms. átonas em suas formas completas, não
Many of them can occur in three forms, as reduzidas. Muitas delas podem ocorrer em
shown in Table 4.2. três formas, como mostra a Tabela 4.2.

173. In this table, the vowel to be considered Nesta tabela, a vogal a ser considerada está
is in the first column. The words in the na primeira coluna. As palavras da segunda
second column illustrate the full forms of coluna ilustram as formas completas das
the vowels. vogais.

381
174. The third column gives an example of the A terceira coluna dá um exemplo da mesma
same unreduced vowel in an unstressed vogal não reduzida em uma sílaba átona. A
syllable. The fourth column illustrates a quarta coluna ilustra uma variante reduzida
reduced variant of the vowel. da vogal.
175. For many people, the reduced vowels in Para muitas pessoas, as vogais reduzidas
this last column are all very similar. Some nesta última coluna são todas muito
accents have slightly different qualities in semelhantes. Alguns sotaques têm
some of these words, but all are still within qualidades ligeiramente diferentes em
the range of a mid-central vowel that can algumas dessas palavras, mas todas ainda
be symbolized by [ə]. Others have [ɪ] in estão dentro do escopo de uma vogal média-
some of these words, such as recitation, or central que pode ser simbolizada por [ə].
a high-central vowel, which may be Outros têm [ɪ] em algumas dessas palavras,
symbolized by [ɨ]—a symbol that is como recitation, ou uma vogal alta-central,
sometimes called “barred i.” que pode ser simbolizada por [ɨ] - um
símbolo que às vezes é chamado de “i
barrado".

176. Yet others, particularly speakers of Outros, porém, particularmente falantes de


various forms of American English, do not várias formas do inglês americano, não
reduce the vowels in the fourth column reduzem nitidamente as vogais na quarta
appreciably, keeping them with much the coluna, mantendo-as com a mesma
same vowel quality as in the third column. qualidade vocálica que na terceira coluna.
177. The transcription of vowels with one A transcrição de vogais com um símbolo ou
symbol or another sometimes disguises outro, por vezes, disfarça o fato de que a
the fact that the vowel in question might vogal em questão pode ter uma qualidade
have an intermediate quality, neither that intermediária, nem a vogal átona nem a de
of the unstressed vowel nor that of a vowel uma vogal totalmente reduzida a [ə].
fully reduced to [ə ].
178. Say all the words in Table 4.2 yourself Pronuncie todas as palavras da Tabela 4.2 e
and find out which vowels you have. descubra quais vogais você realiza. Algumas
Some reduced vowels are in vogais reduzidas estão em correspondência

382
correspondence with unreduced vowels in com vogais não reduzidas em palavras
related words, as illustrated by some of the relacionadas, conforme ilustrado por alguns
pairs in the second and fourth columns in dos pares na segunda e quarta colunas da
Table 4.2. Tabela 4.2.
179. It is important, however, to recognize that É importante, entretanto, reconhecer que
these lexical correspondences are the essas correspondências lexicais são o
result of diachronic processes of sound resultado de processos diacrônicos de
change rather than the result of a mudança de som, e não o resultado de um
synchronic process of phonetic reduction. processo sincrônico de redução fonética.
Many, if not most, reduced vowels in Muitas, se não a maioria, das vogais
English words are not in correspondence reduzidas em palavras da língua inglesa não
with a full vowel in a semantically related estão em correspondência com uma vogal
word. completa em uma palavra semanticamente
relacionada.

180. For example, the [ə] in along [əloŋ] does Por exemplo, o [ə] em along [əloŋ] não
not correspond with any full vowel corresponde a nenhuma vogal completa
(hypothetically consider alongize (considere hipoteticamente o alongize
['eɪləŋ,aɪz]). ['eɪləŋ,aɪz]).
181. Along has come to be pronounced with an Along veio a ser pronunciado com um schwa
initial schwa through some path of inicial através de algum caminho de
historical development, but now [ə ] is the desenvolvimento histórico, mas agora [ə] é o
vowel target that speakers intend to reach. alvo da vogal que os falantes pretendem
alcançar.
182. This [ə] is reduced in the sense that it is Este [ə] é reduzido no sentido de que ele está
near the center of the auditory vowel perto do centro do espaço vocálico auditivo,
space, but it is not a phonetically reduced mas não é uma versão foneticamente
version of an underlying full vowel. reduzida de uma vogal subjacente completa.

383
183. The idea (probably correct) that reduced A idéia (provavelmente correta) de que as
vowels in English may have their historic vogais reduzidas em inglês possam ter sua
origin in full vowels is suggested by origem histórica em vogais completas é
correspondences like [aɪ] / [ə] in sugerida por correspondências como [aɪ] / [ə]
recite/recitation, but the presence of em recite, recitation, mas a presença de
reduced vowels without corresponding vogais reduzidas sem correspondentes
full vowels indicates that the emergence vogais completas indica que o surgimento de
of reduced vowels in English is a vogais reduzidas em inglês é um processo
completed historical process. histórico completo.

184. Most British and some American English A maioria dos britânicos e alguns falantes do
speakers have a vowel more like [ɪ] in inglês americano pronunciam uma vogal
suffixes such as -ed, -(e)s at the ends of mais parecida com [ɪ] em sufixos como -ed,
words with alveolar consonants such as -(e)s no final das palavras com consoantes
hunted, houses ['hʌntɪd, 'haʊzɪz]. alveolares como hunted, houses ['hʌntɪd,
'haʊzɪz].
185. For these speakers, both vowels in pitted Para esses falantes, ambas as vogais em
['pɪtɪd] have much the same quality. A pitted ['pɪtɪd] têm a mesma qualidade. Uma
reduced vowel more like [ʊ] may occur in vogal reduzida mais como [ʊ] pode ocorrer
the suffix -ful as in dreadful ['dɹɛdfʊl], but no sufixo -ful como em dreadful ['dɹɛdfʊl],
for many people this is just a syllabic [l̩ ], mas para muitas pessoas isso é apenas um [l]
['dɹɛdfl̩ ]. silábico [l̩ ], ['dɹɛdfl̩ ].

186. TENSE AND LAX VOWELS VOGAIS TENSAS E FROUXAS


187. The vowels of English can be divided into As vogais do inglês podem ser divididas no
what may be called tense and lax sets. que pode ser chamado de conjuntos tensos e
frouxos.

188. These terms are really just labels used to Esses termos são apenas rótulos usados para
designate two groups of vowels that designar dois grupos de vogais que se
behave differently in English words. comportam de maneira diferente em palavras

384
There are phonetic differences between do inglês. Existem diferenças fonéticas entre
the two groups, but they are not simply a os dois grupos, mas elas não são
matter of muscular tenseness versus simplesmente uma questão de tensão
laxness. To some extent, the differences muscular versus relaxamento. Até certo
between the two sets are due to ponto, as diferenças entre os dois conjuntos
developments in the history of the English são devidas a desenvolvimentos na história
language that are still represented in the da língua inglesa que ainda estão
spelling. representados na ortografia.

189. The tense vowels occur in the words with As vogais tensas ocorrem nas palavras com
a final, so-called silent e in the spelling, um final, conhecido como -e mudo na
for example, mate, mete, kite, cute. The ortografia, por exemplo, mate, mete, kite,
lax vowels occur in the corresponding cute. As vogais frouxas ocorrem nas palavras
words without a silent e: mat, met, kit, cut. correspondentes sem um -e mudo: mat, met,
kit, cut.
190. In addition, the vowel in good, which, for Além disso, a vogal em good, que, por razões
reasons connected with the history of ligadas à história do inglês, não tem
English, has no silent e partner, is also a "parceiro" silencioso, é também membro do
member of the lax set. This spelling-based conjunto das vogais frouxas. Esta distinção
distinction is, however, only a rough baseada em ortografia é, no entanto, apenas
indication of the difference between the uma indicação aproximada da diferença
two sets. It is better exemplified by the entre os dois conjuntos. É melhor
data in Table 4.3. exemplificado pelos dados da Tabela 4.3.

191. 106 CHAPTER 4 English Vowels 106 CAPÍTULO 4 As Vogais inglesas


192. The difference between the two sets can A diferença entre os dois conjuntos pode ser
be discussed in terms of the different kinds discutida em termos dos diferentes tipos de
of syllables in which they can occur. sílabas em que eles podem ocorrer.

385
193. Table 4.3 shows some of the restrictions A Tabela 4.3 mostra algumas das restrições
for one form of American English. The para uma forma do inglês americano. A
first column of words illustrates a set of primeira coluna de palavras ilustra um
closed syllables—those that have a conjunto de sílabas fechadas - aquelas que
consonant at the end. All of the vowels can têm uma consoante no final. Todas as vogais
occur in these circumstances. The next podem ocorrer nessas circunstâncias. A
column shows that in open syllables— próxima coluna mostra que, em sílabas
those without a consonant at the end— abertas - aquelas sem uma consoante no final
only a restricted set of vowels can occur. - apenas um conjunto restrito de vogais pode
ocorrer.
194. None of the vowels [ɪ ɛ æ ʊ ʌ] as in bid, Nenhuma das vogais [ɪ ɛ æ ʊ ʌ] como em bid,
bed, bad, good, bud can appear in stressed bed, bad, good, bud pode aparecer em sílabas
open syllables. This is the set of vowels tônicas abertas. Este é o conjunto de vogais
that may be called lax vowels, as opposed que podem ser chamadas de vogais frouxas,
to the tense vowels in the other words. ao contrário das vogais tensas nas outras
palavras.
195. To characterize the differences between Para caracterizar as diferenças entre as
tense and lax vowels, we can consider vogais tensas e frouxas, podemos considerar
some of them in pairs, each pair consisting algumas delas em pares, cada par consistindo
of a tense vowel and the lax vowel that is de uma vogal tensa e da vogal frouxa mais
nearest to it in quality. Three pairs of this próxima dela em qualidade. Três pares deste
kind are [ i, ɪ ] as in beat, bit; [ e, ɛ ] as in tipo são [i, ɪ] como em beat, bit; [e, ɛ] como
bait, bet; and [u, ʊ] as in boot, foot. In each em bait, bet; e [u, ʊ] como em boot, foot. Em
of these pairs, the lax vowel is shorter, cada um desses pares, a vogal frouxa é mais
lower, and slightly more centralized than curta, mais baixa e ligeiramente mais
the corresponding tense vowel. centralizada que a correspondente vogal
tensa.

196. There are no vowels that are very similar Não há vogais que sejam muito semelhantes
in quality to the remaining two lax vowels em termos de qualidade às duas vogais
in most forms of American English, [æ ] frouxas restantes na maioria das formas do

386
as in hat, cam and [ʌ] as in hut, come. But inglês americano, [æ] como em hat, cam e
both of these low lax vowels are shorter [ʌ] como em hut, come. Mas ambas as vogais
than the low tense vowel [ɑ] as in spa. ([æ] e [ʌ] que são baixas e frouxas) são mais
curtas do que a vogal (baixa e tensa) [ɑ]
como em spa.
197. Speakers of most forms of British English Os falantes da maioria das formas do inglês
have an additional lax vowel. They have britânico produzem uma vogal frouxa
the tense vowel [ɑ] as in calm, car, card in adicional. Eles têm a vogal tensa [ɑ] como
both open and closed syllables, and they em calm, car, card em sílabas abertas e
also have a lax vowel [ɒ] as in cod, fechadas, e eles também têm uma vogal
common, con [kɒd, kɒmən, kɒn], which frouxa [ɒ] como em cod, common, con [kɒd,
occurs only in closed syllables. kɒmən, kɒn], que ocorre somente em sílabas
fechadas.

198. The fifth column in Table 4.3 shows the A quinta coluna da Tabela 4.3 mostra as
vowels that can occur in syllables closed vogais que podem ocorrer em sílabas
by / ɹ / in American English. In a syllable fechadas por / ɹ / no inglês americano. Em
closed by / ɹ /, there is no contrast in uma sílaba fechada por / ɹ /, não há contraste
quality between a tense vowel and the lax na qualidade entre uma vogal tensa e a frouxa
vowel nearest to it. Consequently, as often mais próxima. Consequentemente, como
happens in contexts in which there is no normalmente acontece em contextos nos
opposition between two sounds, the actual quais não há oposição entre dois sons, o som
sound produced is somewhere between real produzido está em algum lugar entre os
the two. dois.

199. (We have already observed another (Já observamos outro exemplo dessa
example of this tendency. We saw that tendência. Vimos que após / s / no início de
after / s / at the beginning of a word, there uma palavra, não há contraste entre / p / e / b
is no contrast between / p / and / b /, or /1 /, ou / t / e / d / ou / k / e / g /.
/ and / d /, or / k / and / g /. Consequently, Consequentemente, as oclusivas que
the stops that occur in words such as spy, ocorrem em palavras como spy, sty, sky estão

387
sty, sky are between the corresponding entre as correspondentes oclusivas sonoras e
voiced and voiceless stops; they are surdas; elas não são aspiradas, mas nunca são
unaspirated, but they are never voiced.) sonoras.)

200. The words boar and coir are in As palavras boar e coir estão entre
parentheses in this column because for parênteses nesta coluna porque para muitas
many people, [ oʊ ] and [ɔɪ ] do not occur pessoas, [oʊ] e [ɔɪ] não ocorrem antes de /ɹ/.
before / ɹ/. The word coir [kɔɪɹ ], perhaps A palavra coir [kɔɪɹ], talvez a única palavra
the only word in English pronounced with em inglês pronunciada com [ɔɪɹ], não se
[ɔɪɹ], is not in many people’s encontre nos vocabulários de muitas pessoas,
vocabularies, and many people make no e muitas pessoas não fazem diferença entre
difference between bore and boar. bore e boar.
201. But some speakers do contrast [ɔ] and Mas alguns falantes contrastam [ɔ] e [oʊ]
[oʊ] in these two words, or in other pairs nessas duas palavras, ou em outros pares,
such as horse and hoarse. como em horse e hoarse.
202. The next column shows the vowels that A coluna seguinte mostra as vogais que
occur before [ŋ ]. In these circumstances, ocorrem antes de [ŋ]. Nessas circunstâncias,
again, there is no possible contrast novamente, não há contraste possível entre
between tense and lax vowels. But, as vogais tensas e frouxas. Mas, em geral,
generally speaking, it is the lax vowels são as vogais frouxas que ocorrem. No
that occur. However, many younger entanto, muitos americanos mais jovens
Americans pronounce sing with a vowel pronunciam sing com uma vogal mais
closer to that in scene rather than that in próxima de scene do que daquela em sin.
sin.
203. And in some accents, length is regularly E em alguns sotaques, length é pronunciada
pronounced with virtually the same vowel regularmente com a mesma vogal como
as that in bait rather than that in bet; in aquela em bait, em vez daquela em bet; em
others, it is pronounced with the vowel in outros, ela é pronunciada com a vogal em bit.
bit.

388
204. The pronunciation of long varies. It is A pronúncia de long varia. É [lɑŋ] ou [lɔŋ]
[lɑŋ ] or [lɔŋ ] in most forms of American na maioria das formas do inglês americano e
English and [lɒŋ] in most forms of British [lɒŋ] na maioria das formas do inglês
English. Several other changes are true of britânico. Várias outras mudanças são
vowels before all nasals in many forms of verdadeiras nas vogais antes de todas as
American English. nasais em muitas formas do inglês
americano.
205. For example, [ae] may be considerably Por exemplo, [æ] pode ser
raised in ban, lamb as compared with bad, consideravelmente levantada em ban, lamb
lab. In many accents, pin, pen and gym, em comparação com bad, lab. Em muitos
gem are not distinguished. The last sotaques, pin, pen e gym, gem não são
column shows that there are similar distinguidos.
restrictions in the vowels that can occur A última coluna mostra que há
before [J], By far, the majority of words restrições semelhantes nas vogais que podem
ending in / J / have lax vowels for most ocorrer antes de [ʃ], De longe, a maioria das
speakers, although some accents (e.g„ that palavras terminadas em /ʃ/ têm vogais
used in parts of Appalachia) have [ i ] in frouxas para a maioria dos falantes, embora
fish (making it like fiche) and [u] in push alguns sotaques (por exemplo, aquele usado
and bush. em partes de Appalachia) tem [i] em fish
(tornando-se como fiche) e [u] em push e
bush.
206. In Peter Ladefoged’s speech, the only Na fala de Peter Ladefoged, as únicas
words containing the tense vowel / i / palavras que contêm a vogal tensa /i/ antes
before / ʃ / are leash, fiche, quiche. Some de /ʃ/ são leash, fiche, quiche. Alguns
speakers have tense vowels in a few new falantes articulam vogais tensas em algumas
or unusual words such as creche, gauche, palavras novas ou incomuns, como creche,
which may be [kreɪʃ, goʊʃ]. The gauche, que podem ser [kreɪʃ, goʊʃ]. A
pronunciation of wash varies in much the pronúncia de wash varia muito da mesma
same way as that of long. Both [wɑʃ] and maneira que a de long. Ambas [wɑʃ] e [wɔʃ]
[wɔʃ] occur in American English. ocorrem no inglês americano.

389
207. ENGLISH VOWEL ALLOPHONES ALOFONES VOCÁLICOS DO INGLÊS

208. As we did in the previous chapter in Como fizemos no capítulo anterior, ao


discussing consonant allophones, we can discutirmos os alofones consonantais,
podemos concluir este capítulo listando
conclude this chapter by listing some
algumas observações sobre as vogais no
observations about vowels in English. The inglês. O primeiro diz respeito ao
first concerns vowel length. prolongamento da vogal.

209. (1) Other things being equal, a given (1) Outras coisas que são iguais, uma
vowel is longest in an open syllable, next determinada vogal é mais longa em uma
longest in a syllable closed by a voiced sílaba aberta, a próxima mais longa em uma
consonant, and shortest in a syllable sílaba fechada por uma consoante sonora e a
closed by a voiceless consonant. If you mais curta em uma sílaba fechada por uma
compare words such as sea, seed, seat or consoante surda. Se você comparar palavras
sigh, side, site, you will hear that the como sea, seed, seat ou sigh, side, site,
vowel is longest in the first word in each perceberá que a vogal é mais longa na
set, next longest in the second, and primeira palavra de cada série, a segunda
shortest in the last. mais longa na segunda e a mais curta na
última.

210. You can see an example of this in Figure Você pode ver um exemplo disso na Figura
3.3, which showed the waveforms of the 3.3, que mostra as formas de onda das
words mat and mad. Because some vowels palavras mat e mad. Como algumas vogais
(particularly the tense vowels) are (particularmente as vogais tensas) são
inherently longer than others (the lax inerentemente mais longas do que outras (as
vowels), we have to restrict statement (1) vogais frouxas), temos que restringir o
to a vowel of a given quality. enunciado (1) para uma vogal de uma
determinada qualidade.
211. Although it is in a syllable closed by a Embora esteja em uma sílaba fechada por
voiced consonant, the lax vowel in bid is uma consoante sonora, a vogal frouxa em bid
often shorter than the tense vowel in beat, é frequentemente mais curta que a vogal
which is a syllable closed by a voiceless tensa em beat, que é uma sílaba fechada por
consonant. We also have to note “other uma consoante surda. Também temos que

390
things being equal” because, as we will perceber “outras coisas que são iguais”
see in the next statement*, there are other porque, como veremos no próximo
things that affect vowel length. enunciado, há outras coisas que afetam a
duração da vogal.

212. Even when we are considering the same Mesmo quando estamos considerando a
vowel in syllables with the same mesma vogal em sílabas com as mesmas
consonants, there may be a difference in consoantes, pode haver uma diferença na
vowel length. Stressed syllables are longer duração da vogal. As sílabas tônicas são mais
than the corresponding unstressed longas que as correspondentes sílabas
syllables. Compare words such as below átonas. Compare palavras como below e
and billow. You will find that the vowel billow. Você descobrirá que a vogal [oʊ] na
[ou] in the stressed syllable in the first sílaba tônica na primeira palavra é mais
word is longer than the same vowel in the longa que a mesma vogal na segunda
second word, where it occurs in an palavra, onde ocorre em uma sílaba átona.
unstressed syllable.
213. We therefore have the following formal Portanto, temos o seguinte enunciado
statement: 2. Other things being equal, formal: (2) Outras coisas que são iguais, as
vowels are longer in stressed syllables. vogais são mais longas em sílabas tônicas.
We still have to hedge this statement with Ainda temos que limitar essa afirmação com
the phrase “other things being equal,” as a frase “outras coisas que são iguais”, pois há
there are other causes of variation in outras causas de variação na duração da
vowel length. Another kind of length vogal. Outro tipo de variação de duração é
variation is exemplified by sets of words exemplificado por conjuntos de palavras
such as speed, speedy, speedily. como speed, speedy, speedily.

214. Here, the vowel in the stressed syllable Aqui, a vogal na sílaba tônica fica
gets progressively shorter as extra progressivamente mais curta à medida que
syllables are added to the same word. The sílabas extras são adicionadas à mesma
reasons for this phenomenon will be dealt palavra. As razões para esse fenômeno serão

391
with in the next chapter. Here, we will tratadas no próximo capítulo. Aqui,
simply state: simplesmente afirmaremos:

215. 3. Other things being equal, vowels are (3) Outras coisas que são iguais, as vogais
longest in monosyllabic words, next são mais longas em palavras monossílabas,
longest in words with two syllables, and as próximas mais longas em palavras com
shortest in words with more than two duas sílabas e as mais curtas em palavras
syllables. We should also add a statement com mais de duas sílabas. Devemos também
about unstressed vowels, which may acrescentar uma afirmação sobre as vogais
become voiceless in words such as potato, átonas, que podem se tornar surdas em
catastrophe. palavras como potato, catástrofe.

216. For some people, this happens only if the Para algumas pessoas, isso acontece apenas
following syllable begins with a voiceless se a sílaba seguinte começar com uma
stop, but for many, it also happens in a oclusiva surda, mas para muitos, isso
normal conversational style in words such também acontece em um estilo
as permission, tomato, compare. conversacional normal em palavras como
permission, tomato, compare.
217. In terms of the gestures involved, this is Em termos dos gestos envolvidos, trata-se
simply a case of the voiceless gesture for simplesmente de um caso de gesto
the glottis associated with the initial desvozeado para a glote associada às
voiceless stops overlapping with the oclusivas surdas iniciais, sobrepondo-se ao
voicing gesture normally associated with gesto de vozeamento normalmente associado
the vowels. The observation is thus: às vogais. A afirmação é assim:

218. 4. A reduced vowel may be voiceless (4) Uma vogal reduzida pode ser surda após
after a voiceless stop (and before a uma oclusiva surda (e antes de uma oclusiva
voiceless stop). The parenthesized phrase surda). A frase entre parênteses pode ser
can be omitted for many people. 5. omitida para muitas pessoas. (5) As vogais
Vowels are nasalized in syllables closed são nasalizadas em sílabas fechadas por uma

392
by a nasal consonant. The degree of consoante nasal. O grau de nasalização em
nasalization in a vowel varies extensively. uma vogal varia extensivamente.

219. Many people will have the velum lowered Muitas pessoas terão o véu palatino
throughout a syllable beginning and rebaixado ao longo de um início de sílaba e
ending with a nasal, such as man, making terminando com uma nasal, como em man,
the vowel fully nasalized. fazendo com que a vogal seja totalmente
nasalizada.

220. Finally, we must note the variants Finalmente, devemos observar as variantes
produced when vowels occur in syllables produzidas quando as vogais ocorrem em
closed by / 1 /. Compare your sílabas fechadas por / 1 /. Compare sua
pronunciation of / i / in heed and heel, of pronúncia de / i / em heed e em heel, de /eɪ/
/eɪ / in paid and pail, and [æ ] in pad and em paid e pail, e [æ] em pad e pal.
pal.
221. In each case, you should be able to hear a Em cada caso, deve-se ouvir uma qualidade
noticeably different vowel quality before de vogal visivelmente diferente antes do [ɫ]
the velarized [ɫ]. All the front vowels velarizado. Todas as vogais anteriores ficam
become considerably retracted in these consideravelmente retraídas nessas
circumstances. circunstâncias.
222. It is almost as if they became diphthongs É quase como se elas se tornassem ditongos
with an unrounded form of [ʊ] as the last com uma forma não arredondada de [ʊ]
element. como o último elemento.
223. In a narrow transcription, we could Em uma transcrição restrita, poderíamos
transcribe this element so that peel, pail, transcrever esse elemento de modo que peel,
pal would be [pʰiʊɫ, pʰeʊɫ, pʰæʊɫ], Note pail, pal seriam [pʰiʊɫ, pʰeʊɫ, pʰæʊɫ], Perceba
that we omitted the usual second element que omitimos o segundo elemento usual do
of the diphthong [ eɪ ] in order to show that ditongo [eɪ], a fim de mostrar que, nessas
in these circumstances the vowel moved circunstâncias, o vogal mudou-se de uma
from a mid-front to a mid-central (rather qualidade média-frontal para uma média-
than to a high front) quality. central (ao invés de anterior alta).

393
224. Back vowels, as in haul, pull, pool, are As vogais posteriores, como em haul, pull,
usually less affected by the final [ɫ] pool, são geralmente menos afetadas pelo [ɫ]
because they already have a tongue final, porque elas já possuem uma posição de
position similar to that of [ɫ]. But there is língua similar à de [ɫ]. Mas muitas vezes há
often a great difference in quality in the uma grande diferença de qualidade nas
vowels in hoe and hole. As we have seen, vogais em hoe e hole. Como vimos, muitos
many speakers of British English have a falantes do inglês britânico produzem uma
fairly front vowel as the first element in vogal um tanto anterior como o primeiro
the diphthong [əʊ]. elemento no ditongo [əʊ].

225. This vowel becomes considerably Esta vogal torna-se consideravelmente


retracted before / ɫ / at the end of the retraída antes de / ɫ / no final da sílaba.
syllable.
226. You can observe the change by Você pode observar a mudança comparando
comparing words such as holy, where palavras como holy, onde não há sílaba final
there is no syllable final [ɫ], and wholly, [ɫ], e wholly, onde a primeira sílaba é fechada
where the first syllable is closed by [ɫ]. por [ɫ].

227. The change of vowel quality before [ɫ] is A mudança da qualidade da vogal antes de
yet another example of overlapping [ɫ] é mais um exemplo de sobreposição de
gestures. The exact form of the statement gestos. A forma exata da assertiva para
for specifying vowel allophones before [ɫ] especificar alofones de vogal antes de [ɫ] irá
will vary from speaker to speaker. But, so variar de falante para falante. Mas, para que
that we can include a statement in our set possamos incluir uma assertiva em nosso
summarizing some of the main allophones conjunto resumindo alguns dos principais
of vowels in English, we may say: alofones das vogais em inglês, podemos
dizer:

228. 6. Vowels are retracted before syllable (6) As vogais são retraídas antes do [ɫ] em
final [ɫ]. final de sílaba.

394
229. Some speakers also have vowel retraction Alguns falantes também realizam retração
before / r / as in hear, there, which might vocálica antes de / r / como em hear, there,
be [hiər, ðeaɹ]. Note again how /1, ɹ / act que pode ser [hiər, ðeaɹ]. Perceba novamente
in similar ways, as we found in the como /1, ɹ / ocorrem de maneiras
preceding chapter when discussing semelhantes, como encontramos no capítulo
consonants. anterior ao discutir consoantes.

230. Again, it is important to understand that Novamente, é importante entender que essas
these observations only cover some of the observações abrangem apenas alguns dos
major aspects of the pronunciation of principais aspectos da pronúncia do inglês.
English.
231. They do not state everything that is Eles não afirmam tudo o que é geralmente
generally true about the phonology of verdadeiro sobre a fonologia das vogais do
English vowels, nor are they formulated inglês, nem são formuladas com total
with complete accuracy. precisão.
232. There are problems, for example, in Há problemas, por exemplo, em dizer
saying exactly what is meant by word or exatamente o que se entende por word or
syllable, and it is possible to find both syllable (palavra ou sílaba), e é possível
exceptions to these statements and encontrar ambas as exceções a essas
additional generalizations that can be afirmações e generalizações adicionais que
made. podem ser feitas.
233. RECAP RECAPITULANDO
234. This chapter emphasized that vowel Este capítulo enfatizou que os sons das
sounds are best described as sounds—in vogais são mais bem descritos como sons -
terms of their auditory properties. em termos de suas propriedades auditivas.

235. We suggested that a focus on properties Sugerimos que um foco nas propriedades de
of their articulation, such as the highest sua articulação, como o ponto mais alto da
point of the tongue, does not lead to língua, não leva a classificações confiáveis
classifications that are reliable for para a descrição linguística. Redefinimos os
linguistic description. We redefined the termos “alto”, “baixo”, “anterior” e

395
terms “high,” “low,” “front,” and “back” “posterior” para se referir a posições dentro
to refer to positions within an auditory de um espaço vocálico auditivo, e
vowel space, and encouraged you to encorajamos o leitor a praticar a audição de
practice hearing auditory similarities and similaridades e diferenças auditivas das
differences among the vowels-—vowel vogais - qualidade da vogal.
quality.
236. We discussed the monophthongs and Discutimos os monotongos e ditongos do
diphthongs of American and British inglês americano e britânico, os efeitos
English, the particular effects of / ɹ / on particulares de / ɹ / nas vogais, a qualidade da
vowels, the reduced vowel quality found vogal reduzida encontrada nas vogais átonas
in unstressed vowels, and the tense/lax e a distinção tensa/frouxa no sistema
distinction in the English vowel system. vocálico inglês.
237. We also mentioned the use of lexical sets Também mencionamos o uso de conjuntos
as a way of exploring vowel differences lexicais como uma maneira de explorar as
among the many English accents, and diferenças vocálicas entre os muitos sotaques
ended with a short discussion of ingleses, e terminamos com uma breve
phonological variation in vowels. discussão sobre a variação fonológica nas
vogais.
238. We suggested that the distribution of Sugerimos que a distribuição das qualidades
vowel qualities in English is such that one vocálicas em inglês é tal que se poderia
could consider that there are different considerar que existem diferentes
phonetic inventories in different inventários fonéticos em diferentes
environments— a vowel system in closed ambientes - um sistema de vogais em sílabas
syllables, and a separate system in open fechadas e um sistema separado em sílabas
syllables, and yet another system of abertas, e ainda outro sistema de contrastes
contrasts in syllables closed by /ɹ / or /1 /. em sílabas fechadas por / ɹ / ou / 1 /.

239. EXERCISES EXERCISES

396
1. CHAPTER 5 CAPÍTULO 5
2. English Words and Sentences Palavras e Frases do Inglês
3. WORDS IN CONNECTED SPEECH PALAVRAS NO DISCURSO
CONECTADO
4. In previous chapters, we considered lists of Nos capítulos anteriores, consideramos
words that illustrated the contrasts between listas de palavras que ilustravam os
consonants and the contrasts between contrastes entre consoantes e os contrastes
vowels. entre as vogais.

5. This is a good way of starting to look at the Esta é uma boa maneira de começar a olhar
gestures that make up the words of English para os gestos que compõem as palavras do
(or, indeed, of any language, as we will see inglês (ou, na realidade, de qualquer
later). But speech is not really composed of idioma, como veremos mais adiante). Mas
a series of distinct gestures, and, anyway, a fala não é realmente composta de uma
we don’t usually speak using isolated série de gestos distintos e, de qualquer
words. maneira, nós geralmente não falamos
usando palavras isoladas.

6. As we saw in Chapter 1, when looking at Como vimos no Capítulo 1, ao observar o


the short movie clip of on top of his deck, filme curto da frase on top of his deck, todas
all the actions ran together, making it very as ações correram juntas, tornando muito
hard to see separate gestures. It’s useful to difícil ver gestos separados. É vantajoso
look at short, specially constructed phrases observar frases curtas e especialmente
to be able to see the main aspects of construídas para poder ver os principais
individual vowels and consonants, as we aspectos de vogais e consoantes em
did using x-ray clips in Chapters 2 and 3. isolamento, como fizemos usando filmes de
raio-x nos Capítulos 2 e 3.

397
7. But now we must look at how Mas agora devemos observar como as
pronunciations of individual words pronúncias das palavras individuais são
compare with what happens in more comparadas com o que acontece na fala
normal, connected speech. The form of a mais normal e conectada. A forma de uma
word that occurs when you say it by itself palavra que ocorre quando você a articula
is called the citation form. At least one em isolamento é chamada de forma de
syllable is fully stressed and there is no citação. Pelo menos uma sílaba é
reduction of the vowel quality. totalmente acentuada e não há redução da
qualidade da vogal.

8. But in connected speech, many changes Mas no discurso conectado, muitas


may take place. Consider, for example, the mudanças podem ocorrer. Considere, por
spectrogram in Figure 5.1. This is our first exemplo, o espectrograma na Figura 5.1.
spectrogram of speech, so you shouldn’t Este é o nosso primeiro espectrograma de
expect to get much out of it at first, but even fala, então você não deve esperar tirar
with only a little explanation of how to muito proveito disso no começo, mas
“read” a spectrogram, you should be able to mesmo com apenas uma pequena
tell that the word opposite was said in two explicação de como “ler” um
different ways in this utterance. espectrograma, você deve ser capaz de
dizer que a palavra opposite foi dita de duas
maneiras diferentes neste enunciado.
9. The speaker was being interviewed, and O falante estava sendo entrevistado e o
the topic of life choices came up. He was assunto “escolhas de vida” surgiu. Ele
talking about choosing between a life of estava falando sobre a escolha entre uma
crime or a life in a religious discipline, and vida de crime ou uma vida em uma
he said, “or I was going to go in the disciplina religiosa, e ele disse, “or I was
opposite direction, and I went in the going to go in the opposite direction, and I
opposite direction.” Before reading on, went in the opposite direction.” (“ou eu
listen to this utterance at the website. iria na direção oposta, e eu fui na direção
oposta”). Antes de ler, escute a este
enunciado no site.

398
10. Can you hear any differences in the word Você consegue ouvir alguma diferença na
opposite between the first time he says it palavra opposite entre a primeira vez que
and the second? They both seem to be ele a pronuncia e a segunda? Ambas
perfectly acceptable (American) parecem perfeitamente pronúncias
pronunciations of the word, but the (americanas) aceitáveis da palavra, mas o
spectrogram shows some differences. The espectrograma mostra algumas diferenças.
second opposite is phonetically reduced. O segundo opposite é reduzido
There are arrows under the portions of the foneticamente. Há setas sob as porções do
spectrogram that correspond to vowel espectrograma que correspondem a sons de
sounds. vogais.

11. The first opposite has three arrows O primeiro opposite tem três setas
corresponding to the three vowels that we correspondentes às três vogais que
expect in the citation form of the word, esperamos na forma de citação da palavra,
while in the second production we can only enquanto na segunda produção só podemos
identify two vowel segments. identificar dois segmentos de vogais.

12. Figure 5.1 A spectrogram of the utterance "the Figura 5.1 Um espectrograma do enunciado "the
opposite direction, and I went in the opposite opposite
direction, and I went in the opposite direction."
direction."
("na direção oposta, e eu fui na direção oposta".)
13. In reading spectrograms, the first and most Na leitura de espectrogramas, a primeira e
basic observation to make is that there are mais básica observação a ser feita é que
three basic types of sounds. A stop appears existem três tipos básicos de sons. Uma
as a white gap (silence) followed by a very oclusiva aparece como uma lacuna branca
thin vertical stripe (the release burst). You (silêncio) seguida por uma faixa vertical
can see this pattern in the [p] of both muito fina (a explosão da liberação). Você
productions of opposite in Figure 5.1. pode ver este padrão no [p] de ambas as
produções de opposite na Figura 5.1.

399
14. Fricatives appear as dark patches near the As fricativas aparecem como manchas
top of the spectrogram. The [ s ] of opposite escuras perto do topo do espectrograma. O
is visible in both productions, as is the [ʃ] [s] de opposite é visível em ambas as
of direction ['dɹɛkʃn̩]. produções, como é o [ʃ] em direction
['dɹɛkʃn̩].
15. The third basic type of sound includes O terceiro tipo básico de som inclui vogais,
vowels, approximants, and nasals and has aproximantes e nasais e têm de duas a cinco
anywhere from two to five roughly parallel bandas horizontais aproximadamente
horizontal bands, generally with one band paralelas, geralmente com uma das bandas
below a thousand Hertz (Hz on the vertical abaixo de mil Hertz (Hz na escala vertical),
scale), one between one thousand and two uma entre mil e dois mil Hz, e outra entre
thousand Hz, and another between two dois mil e três mil Hz.
thousand and three thousand Hz.
16. You can see that the unstressed vowels of Pode-se perceber que as vogais átonas do
the first opposite are quite short in primeiro opposite têm duração muito curta
duration—less than 0.05 seconds on the - menos de 0,05 segundos na escala
horizontal scale—and one of the two has horizontal - e um dos dois desapareceu
completely vanished in the second opposite completamente no segundo opposite, de
so that it is now pronounced ['apsɪt]. modo que agora é pronunciado ['apsɪt].
17. There are other indications of reduced Há outras indicações de pronúncia reduzida
pronunciation in the second production of na segunda produção desta palavra - todos
this word—all of the segments are shorter, os segmentos são mais curtos, a primeira
the first vowel has no steady-state portion vogal não tem uma porção de postura
(see how the second highest dark band goes estável do trato vocal (veja como a segunda
down in frequency throughout the vowel, faixa escura mais alta desce em frequência
where in the first production there was a ao longo da vogal, onde na primeira
plateau), and the [ s ] is lighter at the top of produção houve um platô), e o [s] é mais
the spectrogram. claro no topo do espectrograma.

18. When words are said in connected speech, Quando as palavras são ditas em fala
they may be pronounced with varying conectada, elas podem ser pronunciadas

400
degrees of emphasis, and this results in com graus variados de ênfase, e isso resulta
varying degrees of deviation from the em graus variados de desvio da forma de
citation form (which can be taken as the citação (que pode ser entendida como a
most emphatic, phonetically full form of forma mais enfática, forma foneticamente
the word). completa da palavra).
19. In Chapters 3 and 4, we discussed Nos capítulos 3 e 4, discutimos os alofones
consonant and vowel allophones that help de consoantes e vogais que nos ajudam a
us describe the patterns of pronunciation descrever os padrões de pronúncia
found in citation forms. encontrados nas formas de citação.
20. The range of phonetic variability found in A gama de variabilidade fonética
connected speech is a good deal greater and encontrada na fala conectada é bem maior e
more subtle than the variability found in mais sutil do que a variabilidade encontrada
citation forms, and this makes it difficult to nas formas de citação, e isso dificulta a
describe the sound patterns of descrição dos padrões sonoros da fala
conversational speech as alternations conversacional como alternâncias entre os
among phonetic symbols; quantitative símbolos fonéticos; A medição quantitativa
measurement of duration, amplitude, and da duração, amplitude e frequência é,
frequency is often a more insightful ways to muitas vezes, uma maneira mais perspicaz
proceed. de proceder.
21. Nevertheless, some useful observations No entanto, algumas observações
about phonetic reduction in conversational proveitosas sobre redução fonética na fala
speech can be based on careful phonetic conversacional podem ser baseadas em
transcription. transcrição fonética cuidadosa.
22. The key difference between citation A principal diferença entre a fala de citação
speech and connected speech is the variable e a fala conectada é o grau variado de
degree of emphasis placed on words in ênfase colocado nas palavras na fala
connected speech. This “degree of conectada. Esse “grau de ênfase”
emphasis” is probably related to the amount provavelmente está relacionado à
of information that a word conveys in a quantidade de informação que uma palavra
particular utterance in conversation. transmite em um enunciado particular na
conversa.

401
23. For example, repetitions such as the Por exemplo, repetições como o segundo
second opposite in Figure 5.1 are almost opposite na Figura 5.1 quase sempre são
always reduced compared to the first reduzidas em comparação com a primeira
mention of the word—but here we will menção da palavra - mas aqui nos
focus on the phonetics of reduction, not its concentraremos na fonética da redução, não
semantics. em sua semântica.
24. The citation speech/conversational speech A diferença entre a fala de citação e a fala
difference is particularly noticeable for one de conversação é particularmente
class of words. Closed-class words such as perceptível para uma classe de palavras.
determiners (a, an, the), conjunctions {and, Palavras de classe fechada, tais como
or), and prepositions {of, in, with)—the determinantes (a, an, the), conjunções
grammatical words—are very rarely {and, or), e preposições {of, in, with) - as
emphasized in connected speech, and thus palavras gramaticais - são muito raramente
their normal pronunciation in connected enfatizadas na fala conectada e, portanto,
speech is quite different from their citation sua pronúncia normal na fala conectada é
speech forms. bem diferente de suas formas de fala de
citação.
25. As with other words, closed-class words Como com outras palavras, as palavras de
show a strong form, which occurs when classe fechada mostram uma forma forte,
the word is emphasized, as in sentences que ocorre quando a palavra é enfatizada,
such as He wanted pie and ice cream, not como em frases do tipo He wanted pie and
pie or ice cream. There is also a weak ice cream, not pie or ice cream. (Ele queria
form, which occurs when the word is in an torta e sorvete, não torta ou sorvete). Há também
unstressed position. Table 5.1 lists strong uma forma fraca, que ocorre quando a
and weak forms of a number of common palavra está em uma posição átona. A
English words. Tabela 5.1 lista formas fortes e fracas de
várias palavras inglesas comuns.

26. Several of the words in Table 5.1 have Várias das palavras da Tabela 5.1 têm mais
more than one weak form. Sometimes, as in de uma forma fraca. Às vezes, como no

402
the case of and, there are no clear rules as caso de and, não há regras claras sobre
to when one as opposed to another of these quando é provável que uma, em oposição a
forms is likely to occur. outra dessas formas, ocorra.
27. After a word ending with an alveolar Depois de uma palavra que termina com
consonant, most speakers of English have a uma consoante alveolar, a maioria dos
tendency to drop the vowel and say [n̩ ] or falantes de inglês tem a tendência de
[n̩d] in phrases such as cat and dog or his suprimir a vogal e dizer [n̩] ou [n̩d] em
and hers. But this is far from invariable. frases como cat and dog ou his and hers.
Mas isso está longe de ser invariável.

28. For some words, however, there are rules Para algumas palavras, no entanto, existem
that are nearly always applicable. The regras que são quase sempre aplicáveis. A
alternation between a [ə] before a alternância entre a [ə] antes de uma
consonant and an [ən ] before a vowel is consoante e an [ən] antes de uma vogal é
even recognized in the spelling. Similar até mesmo reconhecida na ortografia.
alternations occur with the words the and Alternações semelhantes ocorrem com as
to, which are [ðə, tə] before consonants and palavras the e to, que são [ðə, tə] antes das
are often [ði, tu ] or [ðɨ, tʊ] before vowels. consoantes e são frequentemente [ði, tu] ou
[ðɨ, tʊ] antes das vogais.

29. Listen to your own pronunciation of these Ouça a sua própria pronúncia dessas
words in the sentence The [ðə] man and the palavras na frase The [ðə] man and the [ðɨ]
[ðɨ] old woman went to [ tə] Britain and to old woman went to [tə] Britain and to [tʊ]
[ tʊ] America. America.
30. The two examples of the will often be Os dois exemplos de the serão
pronounced differently. It should be noted, frequentemente pronunciados
however, that there is a growing tendency diferentemente. Deve-se perceber, no
for younger American English speakers to entanto, que há uma tendência crescente de
use the form [ðə] in all circumstances, even jovens falantes de inglês americano usarem
before a vowel.

403
a forma [ðə] em todas as circunstâncias,
mesmo antes de uma vogal.

31. If a glottal stop is inserted before words Se uma oclusiva glotal for inserida antes de
beginning with a vowel (another growing palavras que começam com uma vogal
tendency in American English), then the (outra tendência crescente no inglês
form [ðə ] is even more likely to be used. americano), então a forma [ðə] é ainda mais
provável de ser usada.
32. Some of the words in Table 5.1 are Algumas das palavras da Tabela 5.1 nos
confusing in that the same spelling confundem, pois, a mesma ortografia
represents two words with different representa duas palavras com significados
meanings (two homonyms). Thus, the diferentes (dois homônimos). Assim, a
spelling that represents a demonstrative ortografia that representa um pronome
pronoun in a phrase such as “that boy and demonstrativo em uma frase como “that
the man,” but it represents a subordinate boy and the man,”, mas representa uma
conjunction in he said that women were conjunção subordinada em he said that
better. women were better.

33. The conjunction is much more likely to É muito mais provável que a conjunção
have a weak form. The demonstrative that tenha uma forma fraca. O demonstrativo
is always pronounced [ðæt]. Similarly, that é sempre pronunciado [ðæt]. Da
when has is an auxiliary verb, it may be [z], mesma forma, quando has é um verbo
as in she’s gone, but it is [həz] or [əz] when auxiliar, pode ser [z], como em she’s gone,
it indicates possession, as in she has nice mas é [həz] ou [əz] quando indica posse,
eyes. como em she has nice eyes.

34. At this point, we should note a weakness in Neste ponto, devemos notar uma fraqueza
the above discussion and in Table 5.1. We na discussão acima e na Tabela 5.1. Temos
have been using phonetic transcription to usado a transcrição fonética para observar
note changes that occur. But although as mudanças que ocorrem. Mas, embora a
transcription is a wonderful tool for transcrição seja uma ferramenta

404
phoneticians to use (please go on practicing maravilhosa para os foneticistas usarem
it), it is not a perfect one. (por favor, continue praticando), ela não é
perfeita.
35. All transcriptions use a limited set of Todas as transcrições usam um conjunto
symbols, giving the impression that a sound limitado de símbolos, dando a impressão de
is one thing or another. The word has, for que um som é uma coisa ou outra. A palavra
example, has been transcribed as [hæz] or has, por exemplo, foi transcrita como [hæz]
[əz] or [z], but there are really lots of ou [əz] ou [z], mas existem, na verdade,
intermediate gestures. The word to has muitos gestos intermediários. A palavra to
more possibilities than [tu, tʊ, tə]. tem mais possibilidades que [tu, tʊ, tə].
36. Similarly, in the previous chapter, we Da mesma forma, no capítulo anterior,
discussed the first syllable in words such as discutimos a primeira sílaba em palavras
potato, noting that the vowel can be there or como potato, observando que a vogal pode
not. But it’s really not as absolute as that. estar presente ou não. Mas realmente a
There may be anything from just the [ph], coisa não é tão absoluta quanto isso. Pode
through a single glottal pulse of a vowel, to haver qualquer coisa, desde apenas o [ph],
(rather unusually) a full vowel [ou]. passando por um único pulso glotal de uma
vogal, até (mais raramente) uma vogal
completa [oʊ].

37. Speech is a continuum of gestures that may A fala é um contínuo de gestos que podem
be produced fully or in a reduced form, or ser produzidos integralmente ou de forma
may be virtually not present at all. reduzida, ou podem estar praticamente
ausentes.
38. These considerations also apply to another Essas considerações também se aplicam a
way in which words can be affected when outra maneira pela qual as palavras podem
they occur in connected speech. As you ser afetadas quando ocorrem na fala
already know, sounds are often affected by conectada. Como você já sabe, os sons são
adjacent sounds—for example, the [n] in frequentemente afetados por sons
tenth is articulated on the teeth (or nearer to adjacentes - por exemplo, o [n] em tenth é
them) because of the following dental articulado nos dentes (ou mais próximo a

405
fricative [θ], Similar effects commonly eles) devido à fricativa dental seguinte [θ].
occur across word boundaries, so that in Efeitos semelhantes ocorrem comumente
phrases such as in the and on the, the [n] is através dos limites de palavras, de maneira
realized as a dental [n̪] because of the que em frases como in the e on the, o [n] é
following [ð]. realizado como uma dental [n̪] por causa do
[ð] seguinte.
39. But it isn’t a simple choice of the nasal Mas não é uma simples escolha da nasal ser
being either dental or alveolar. Using ou dental ou alveolar. Usando a transcrição
phonetic transcription, we have only those fonética, temos apenas essas duas
two possibilities. Transcription puts things possibilidades. A transcrição coloca as
in one category or another, but in fact there coisas em uma categoria ou em outra, mas
is a continuum of possibilities between the na verdade há um contínuo de
two possible transcriptions. Finally, in this possibilidades entre as duas transcrições
discussion of the limitations of possíveis. Finalmente, nesta discussão das
transcription, think how you say phrases limitações da transcrição, pense em como
such as fact finding. você diz frases como fact finding.
40. Do you pronounce the [ t] at the end of Você pronuncia o [t] no final de fact? A
fact? Most people.don’t say ['fækfaɪndɪŋ] maioria das pessoas não diz ['fækfaɪndɪŋ]
with no [t] gesture, nor do they say sem nenhum gesto de [t], nem eles dizem
['fæktfaɪndɪŋ] with a complete [t] gesture. ['fæktfaɪndɪŋ] com um gesto completo de
[t].
41. Instead, there is probably a small [t] Em vez disso, provavelmente há um
gesture in which the tip of the tongue pequeno gesto de [t] no qual a ponta da
moves up slightly A similar partial gesture língua se move ligeiramente para cima. Um
probably occurs in phrases like apt motto gesto parcial parecido provavelmente
and wrapped parcel. You cannot say that ocorre em frases como apt motto e wrapped
there is or is not a [ t]. parcel. Não se pode dizer que há ou não um
[t].

406
42. When one sound is changed into another Quando um som é transformado em outro
because of the influence of a neighboring por causa da influência de um som vizinho,
sound, there is said to be a process of diz-se que há um processo de assimilação.
assimilation. There is an assimilation of [n] Há uma assimilação de [n] a [n̪] por causa
to [n̪] because of the [ð] in the phrase in the. do [ð] na frase in the. A assimilação pode
The assimilation may be complete if the ser completa se a nasal se tornar
nasal becomes absolutely dental, or partial absolutamente dental, ou parcial, se for em
if it is somewhere between dental and algum ponto entre a dental e a alveolar, uma
alveolar, a form we cannot symbolize in forma que não podemos simbolizar na
transcription. transcrição.

43. Anticipatory coarticulation is by far the A coarticulação antecipada é de longe a


most common cause of assimilations in causa mais comum de assimilação em
English. In this process, the gesture for one inglês. Nesse processo, o gesto para um
sound is affected by anticipating the gesture som é afetado pela antecipação do gesto
for the next sound. But there are also para o próximo som. Mas há também
perseverative assimilations in which the assimilações perseverantes nas quais o
gesture for one sound perseveres into the gesto de para um som persevera no gesto do
gesture for the next sound. The próximo som. A pronúncia da frase it is [ɪt
pronunciation of the phrase it is [it iz] as it’s ɪz] como it’s [ɪts] é um resultado da
[its] is a result of the perseveration of the perseverança do desvozeamento de [t].
voicelessness of [ t ].
44. There is, of course, nothing slovenly or Não há, é claro, nada desleixado ou
lazy about using weak forms and preguiçoso quanto ao uso de formas fracas
assimilations. Only people with artificial e assimilações. Somente pessoas com
notions about what constitutes so-called noções artificiais sobre o que constitui a
good speech could use adjectives such as chamada boa fala poderiam usar adjetivos
these to label the kind of speech we have como esses para rotular o tipo de pronúncia
been describing. Rather than being labeled que descrevemos. Em vez de ser rotulada
lazy, it could be described as being more como preguiçosa, pode ser descrita como

407
efficient, in that it conveys the same mais eficiente, na medida em que transmite
meaning with less effort. o mesmo significado com menos esforço.
45. Weak forms and assimilations are common Formas fracas e assimilações são comuns
in the speech of every sort of speaker in no discurso de todo tipo de falante na Grã-
both Britain and America. Foreigners who Bretanha e na América. Os estrangeiros que
make insufficient use of them sound stilted. fazem uso insuficiente delas soam
artificiais.
46. STRESS ACENTO

47. Stress is most easily identified in citation O acento é mais facilmente identificado nas
forms. formas de citação.

48. In conversational speech, words can be Na fala de conversação, as palavras podem


unemphasized, and when this happens, ficar sem ênfase e, quando isso acontece,
some of the properties of stressed syllables algumas das propriedades das sílabas
may not be realized. In citation forms, a acentuadas podem não se realizar. Nas
stressed syllable is usually produced by formas de citação, uma sílaba tônica é
pushing more air out of the lungs in one geralmente produzida expirando-se mais ar
syllable relative to others. A stressed para fora dos pulmões em uma sílaba em
syllable thus has greater respiratory energy relação a outras. Uma sílaba tônica,
than neighboring unstressed syllables. It portanto, exige maior energia respiratória
may also have an increase in laryngeal do que as sílabas átonas vizinhas. Pode
activity. também acontecer um aumento na
atividade laríngea.

49. Stress can always be defined in terms of O acento sempre pode ser definido em
something a speaker does in one part of an termos de algo que um falante faz em uma
utterance relative to another. parte de um enunciado em relação a outro.
50. It is difficult to define stress from a É difícil definir o acento do ponto de vista
listener’s point of view. A stressed syllable de um ouvinte. Uma sílaba tônica é
is often, but not always, louder than an frequentemente, mas nem sempre, mais
unstressed syllable. In declarative sonora que uma sílaba átona. Em frases

408
utterances it is usually, but not always, on a declarativas, é geralmente, mas nem
higher pitch. sempre, em pitch mais alto.

51. The most reliable thing for a listener to A coisa mais confiável para um ouvinte
detect is that a stressed syllable frequently detectar é que uma sílaba tônica
has a longer vowel than it would have if it frequentemente tem uma vogal mais longa
were unstressed. But this does not mean do que se ela fosse átona. Mas isso não
that all long vowels are necessarily significa que todas as vogais longas sejam
stressed. necessariamente tônicas.
52. The second and third vowels in radio, for A segunda e terceira vogais em radio, por
example, are comparatively long, but they exemplo, são comparativamente longas,
do not have the extra push of air from the mas não têm o impulso extra de ar dos
lungs that occurs on the first vowel. pulmões que ocorre na primeira vogal. Por
Conversely, the vowels in the first syllables outro lado, as vogais nas primeiras sílabas
of cupcake and hit man are comparatively de cupcake e hit man são
short, but they have extra respiratory comparativamente curtas, mas elas têm
energy and so are felt to be stressed. Stress energia respiratória extra e, portanto,
can always be correlated with something a parecem ser tônicas.
speaker does rather than with some O acento pode sempre ser correlacionado
particular acoustic attribute of the sounds. com algo que um falante faz, e não com
algum atributo acústico particular dos sons.
53. Consequently, you will find that the best Consequentemente, você descobrirá que a
way to decide whether a syllable is stressed melhor maneira de decidir se uma sílaba é
is to try to tap out the beat as a word is said. tônica é tentar conferir as sílabas com
This is because it is always easier to batidas no ritmo quando uma palavra for
produce one increase in muscular dita. Isso ocorre porque é sempre mais fácil
activity—a tap—in time with an existing produzir um aumento na atividade
increase in activity. muscular - uma batida - no tempo com um
aumento existente na atividade.
54. When as listeners we perceive the stresses Quando, na condição de ouvintes,
that other people are making, we are percebemos os acentos tônicos que outras

409
probably putting together all the cues pessoas estão fazendo, provavelmente
available in a particular utterance in order estamos reunindo todas as pistas
to deduce the motor activity (principally the disponíveis em um enunciado particular a
respiratory gestures) we would use to fim de deduzir a atividade motora
produce those same stresses. (principalmente os gestos respiratórios) que
usaríamos para produzir esses mesmos
acentos.
55. It seems as if listeners sometimes perceive Parece que os ouvintes às vezes percebem
an utterance by reference to their own um enunciado por referência a suas
motor activities. When we listen to speech, próprias atividades motoras. Quando
we may be considering, in some way, what ouvimos a fala, podemos estar
we would have to do in order to make considerando, de alguma forma, o que
similar sounds. We will return to this point teríamos que fazer para produzir sons
when we discuss phonetic theories in a later semelhantes. Voltaremos a este ponto
chapter. quando discutirmos teorias fonéticas em
um capítulo posterior.
56. Stress has several different functions in O acento tem várias funções diferentes em
English. In the first place, it can be used in
inglês. Em primeiro lugar, pode ser usado
sentences to give special emphasis to a em frases para dar ênfase especial a uma
word or to contrast one word with another. palavra ou para contrastar uma palavra com
As we have seen, even a word such as and outra. Como vimos, até mesmo uma
can be given a contrastive stress. The palavra como and pode receber um acento
contrast can be implicit rather than explicit. contrastivo. O contraste pode ser implícito

e não explícito.
57. For example, if someone else says, or if Por exemplo, se alguém disser, ou se você
you even thought that someone else might mesmo pensou que alguém poderia dizer
possibly say (using stress marks within (usando marcas de acento dentro da
regular orthography): ortografia regular):

58. 'John or 'Mary should 'go. 'João ou 'Maria deveria 'ir.

410
You might, without any prior context
Você pode, sem qualquer contexto anterior,
actually spoken, say: falar:
I think 'John 'and 'Mary should 'go.
Eu acho que 'João 'e 'Maria deveriam 'ir.
59. Another major function of stress in English Outra função importante do acento em
is to indicate the syntactic category of a inglês é indicar a categoria sintática de uma
word. There are many noun-verb palavra. Existem muitas oposições
oppositions, such as an 'insult, to in'sult; an substantivo-verbo, como an 'insult, to
'overflow, to over'flow, an 'increase, to in'sult; an 'overflow, to over'flow, an
in'crease. In these three pairs of words, the 'increase, to in'crease. Nestes três pares de
noun has the stress on the first syllable and palavras, o substantivo tem o acento na
the verb has it on the last. primeira sílaba e o verbo na última.

60. The placement of the stress indicates the A colocação do acento indica a categoria
syntactic category of the word. (Of course, sintática da palavra. (Claro, há substantivos
there are nouns with second-syllable com acento na segunda sílaba - como
stress—like gui'tar, pi'ano, and gui'tar, pi'ano e trom'bone - e verbos com
trom'bone—and verbs with first-syllable acento na primeira sílaba - como to
stress—like to 'tremble, to 'flutter, and to 'tremble, to 'flutter, e to 'simper — então a
'simper—so stress placement is not colocação do acento não é determinada pela
determined by syntactic category but is categoria sintática, mas é simplesmente
simply a cue in certain noun—verb pairs as uma sugestão em certos pares nomes-
to the identity of the word.) verbos quanto à identidade da palavra.)

61. Similar oppositions occur in cases where Oposições semelhantes ocorrem nos casos
two-word phrases form compounds, such em que frases de duas palavras formam
as a 'walkout, to 'walk 'out\ a 'put-on, to 'put compostos, tais como a 'walkout, to 'walk
'on\ a 'pushover, to 'push 'over. In these 'out\ a 'put-on, to 'put 'on\ a 'pushover, to
cases, there is a stress only on the first 'push 'over. Nesses casos, há um acento
element of the compound for the nouns but apenas no primeiro elemento do composto
on both elements for the verbs. Stress also para os substantivos, mas em ambos os

411
has a syntactic function in distinguishing elementos para os verbos. O acento também
between a compound noun, such as a 'hot tem uma função sintática na distinção entre
dog (a form of food), and an adjective um substantivo composto, como a 'hot dog
followed by a noun, as in the phrase a 'hot (uma forma de comida), e um adjetivo
'dog (an overheated animal). seguido de um substantivo, como na frase
um a 'hot 'dog (um animal superaquecido).
62. Compound nouns have a single stress on Substantivos compostos têm um único
the first element, and the adjective-plus- acento no primeiro elemento, e as frases
noun phrases have stresses on both adjetivo-mais-substantivo têm acento em
elements. ambos os elementos.
63. Many other variations in stress can be Muitas outras variações no acento podem
associated with the grammatical structure ser associadas à estrutura gramatical das
of the words. Table 5.2 exemplifies the palavras. A Tabela 5.2 exemplifica os tipos
kinds of alternations that can occur. All the de alternações que podem ocorrer. Todas as
words in the first column have the main palavras da primeira coluna têm o acento
stress on the first syllable. When the noun- principal na primeira sílaba. Quando o
forming suffix -y occurs, the stress in these sufixo formador de substantivo -y ocorre, o
words shifts to the second syllable. acento nessas palavras muda para a
segunda sílaba.
64. But as you can see in the third column, the Mas, como você pode ver na terceira
adjectival suffix —ic moves the stress to coluna, o sufixo adjetival —ic move o
the syllable immediately preceding it, acento para a sílaba imediatamente
which in these words is the third syllable. precedente, que nestas palavras é a terceira
sílaba.

65. If you make a sufficiently complex set of Se você fizer um conjunto de regras
rules, it is possible to predict the location of suficientemente complexo, é possível
the stress in the majority of English words. prever a localização do acento na maioria
das palavras em inglês.
66. There are very few examples of lexical Existem poucos exemplos de itens lexicais,
items such as differ and defer that have the como differ e defer, que possuem a mesma

412
same syntactic function (they are both função sintática (ambos são verbos), mas
verbs) but different stress patterns. Billow diferentes padrões de acento. Billow e
and below are another pair of words below são outro par de palavras que
illustrating that differences in stress are not ilustram que as diferenças de acento nem
always differences between nouns and sempre são diferenças entre substantivos e
verbs. verbos.
67. DEGREES OF STRESS GRAUS DE ACENTO
68. In some longer words, it may seem as if Em algumas palavras mais longas, pode
there is more than one stressed syllable. For parecer que há mais de uma sílaba tônica.
example, say the word multiplication and Por exemplo, diga a palavra multiplication
try to tap on the stressed syllables. You will e tente bater no ritmo nas sílabas
find that you can tap on the first and the acentuadas. Você descobrirá que pode bater
fourth syllables— 'multipli'cation. mais forte na primeira e quarta sílabas
'multipli'cation.
69. The fourth syllable seems to have a higher A quarta sílaba parece ter um grau maior
degree of stress. The same is true of other de acento. O mesmo se aplica a outras
long words such as 'magnification and palavras longas, como 'magnifi’cation e
'psycholin'guistics. 'psycholin'guistics.
70. But this apparently higher degree of stress Mas esse grau aparentemente mais alto de
on the later syllable occurs only when the acento na quarta sílaba ocorre apenas
word is said in isolation or at the end of a quando a palavra é articulada em
phrase. Try saying a sentence such as The isolamento ou no final de uma frase. Tente
‘psycholin'guistics 'course was fun. If you dizer que uma frase como The
tap on each stressed syllable, you will find ‘psycholin'guistics 'course was fun. Se você
that there is no difference between the first bater no ritmo em cada sílaba tônica, verá
and fourth syllables of psycholinguistics. que não há diferença entre a primeira e a
quarta sílabas de psycholinguistics.
71. If you have a higher degree of stress on the Se você pronunciar com um grau maior de
fourth syllable in psycholinguistics, this acento na quarta sílaba em
word will be given a special emphasis, as psycholinguistics, essa palavra receberá
though you were contrasting some other uma ênfase especial, como se você

413
psychology course with a psycholinguistics estivesse contrastando algum outro curso
course. de psicologia com um curso de
psicolinguística.
72. The same is true of the word magnification O mesmo é verdadeiro para a palavra
in a sentence such as The de'gree of magnification em uma frase como The
'magnification de'pends on the 'lens. The de'gree of 'magnification de'pends on the
word magnification will not have a larger 'lens. A palavra magnification não terá um
stress on the fourth syllable as long as you acento maior na quarta sílaba, desde que
do not break the sentence into two parts and você não divida a frase em duas partes e
leave this word at the end of a phrase. deixe essa palavra no final de uma frase.

73. Why does it seem as if there are two Por que parece que há dois graus de acento
degrees of stress in a word when it occurs em uma palavra quando ocorre no final de
at the end of a phrase or when it is said uma frase ou quando é pronunciada em
alone—which is, of course, at the end of a isolamento - que está, obviamente, no final
phrase? The answer is that in these de uma frase? A resposta é que, nessas
circumstances another factor is present. As circunstâncias, outro fator está presente.
we will see in the next section, the last Como veremos na próxima seção, a última
stressed syllable in a phrase often sílaba tônica em uma frase geralmente
accompanies a special peak in the acompanha um pico especial na entonação
intonation (the “tonic accent”). (o “acento tônico”).
74. In longer words containing two stresses, Em palavras mais longas contendo dois
the apparent difference in the levels of the acentos, a diferença aparente nos níveis do
first and the second stress is really due to primeiro e do segundo acento é realmente
the superimposition of an intonation devido à superposição de um padrão de
pattern. entonação.
75. When these words occur within a sentence Quando essas palavras ocorrem dentro de
in a position where the word does not uma frase em uma posição em que a palavra
receive tonic accent, then there are no não recebe o acento tônico, então não há
differences in the stress levels. diferenças nos níveis de acento.

414
76. A lower level of stress may also seem to Um nível mais baixo de acento também
occur in some English words. Compare the parece ocorrer em algumas palavras em
words in the two columns in Table 5.3. The inglês. Compare as palavras nas duas
words in both columns have the stress on colunas da Tabela 5.3. As palavras em
the first syllable. The words in the first ambas as colunas têm o acento na primeira
column might seem to have a second, sílaba. As palavras da primeira coluna
weaker, stress on the last syllable as well, parecem ter um segundo acento, mais fraco,
but this is not so. na última sílaba também, mas isso não é
verdade.
77. The words in the first column differ from As palavras na primeira coluna diferem
those in the second by having a full vowel daquelas na segunda por terem uma vogal
in the final syllable. completa na última sílaba.
78. This vowel is always longer than the Essa vogal é sempre mais longa do que a
reduced vowel—usually [ə]—in the final vogal reduzida - geralmente [ə] - na última
syllable of the words in the second column. sílaba das palavras da segunda coluna. O
The result is that there is a difference in the resultado é que há uma diferença no ritmo
rhythm of the two sets of words. This is due dos dois conjuntos de palavras. Isto é
to a difference in the vowels that are present devido a uma diferença nas vogais que
in the final vowel; it is not a difference in estão presentes na vogal final; não se trata
stress. de uma diferença de acento.

79. In summary, we can note that the syllables Em resumo, podemos perceber que as
in an utterance vary in their degrees of sílabas em um enunciado variam em seus
prominence, but these variations are not all graus de proeminência, mas essas variações
associated with what we want to call stress. não estão todas associadas ao que queremos
A syllable may be especially prominent chamar de acento. Uma sílaba pode ser
because it accompanies the final peak in the especialmente proeminente porque
intonation. We will say that syllables of this acompanha o pico final da entonação. Nós
kind have a tonic accent. diremos que sílabas desse tipo têm um
acento tônico.

415
80. Given this, we can note that English Perante isto, podemos notar que as sílabas
syllables are either stressed or unstressed. If inglesas são acentuadas ou não acentuadas.
they are stressed, they may or may not be Se elas forem acentuadas, eles podem ou
the tonic stress syllables that carry the não ser as sílabas de acento tônico que
major pitch changes in the phrase. If they carregam as principais mudanças de pitch
are unstressed, they may or may not have a na frase. Se elas forem não-acentuadas, elas
reduced vowel. These relationships are podem ou não ter uma vogal reduzida.
shown in Figure 5.2. Essas relações são mostradas na Figura 5.2.

81. As an aid to understanding the difference Como uma ajuda para entender a diferença
between these processes, consider the set of entre esses processos, considere o conjunto
words explain, explanation, and exploit, de palavras explain, explanation, e exploit,
exploitation. If each of these words is said exploitation. Se cada uma dessas palavras
in its citation form, as a separate tone for pronunciada em sua forma de citação,
group, the set will be pronounced as shown como um grupo de tom separado, o
below (using a schematic representation of conjunto será pronunciado como mostrado
the intonation peak). abaixo (usando uma representação
esquemática do pico de entoação).

82. Figure 5.2 Degrees of prominence of different Figura 5.2 Graus de proeminência de sílabas
syllables in a sentence. diferentes em uma frase.
83. Another way of representing some of these Outra maneira de representar alguns desses
same facts is shown in Table 5.4. This table mesmos fatos é mostrada na Tabela 5.4.
shows just the presence (+) or absence (-) Esta tabela mostra apenas a presença (+) ou
of an intonation peak (a tonic accent), a a ausência (-) de um pico de entonação (um
stress, and a full vowel in each syllable in acento tônico), um acento e uma vogal
these four words. Considering first the completa em cada sílaba nessas quatro
stress (in the middle row), note that the two- palavras. Considerando primeiro o acento
syllable words are marked [+ stress] on the (na coluna do meio), observe que as
second syllable, and the four-syllable palavras de duas sílabas estão marcadas
com [+ acento] na segunda sílaba, e as

416
words are marked [+ stress] on both the first palavras de quatro sílabas estão marcadas
and the third syllables. com [+ acento] na primeira e terceira
sílabas.
84. As you can see by comparing the middle Como você pode ver comparando a coluna
row with the top row, the last [+ stress] do meio com a coluna superior, a última
syllable in each word has been marked [+ sílaba [+ acento] em cada palavra foi
tonic accent]. There is a [ + ] in the third marcada com [+ acento tônico]. Existe um
row if the vowel is not reduced. Note that [+] na terceira coluna se a vogal não for
the difference in rhythm between reduzida. Observe que a diferença de ritmo
explanation and exploitation is that the entre explanation e exploitation é que a
second syllable of explanation has a segunda sílaba de explanation tem uma
reduced vowel, but this syllable in vogal reduzida, mas essa sílaba em
exploitation has a full vowel. exploitation tem uma vogal completa.

85. As we saw in the previous chapter, there Como vimos no capítulo anterior, há várias
are a number of vowels that do not occur in vogais que não ocorrem em sílabas
reduced syllables. Furthermore, the actual reduzidas. Além disso, a qualidade fonética
phonetic quality of the vowel in a reduced real da vogal em uma sílaba reduzida varia
syllable varies considerably from accent to consideravelmente de sotaque a sotaque.
accent. We have transcribed the first vowel Nós transcrevemos a primeira vogal em
in explain as [ɪ] because that is the form explain como [ɪ] porque essa é a forma que
Peter Ladefoged used. But other accents Peter Ladefoged usava. Mas outros
(such as Keith Johnson’s) have [ɛ]. sotaques (como o de Keith Johnson) têm
[ɛ].
86. Some other books do not make the Alguns outros livros não fazem as
distinctions described here, maintaining distinções descritas aqui, mantendo, em vez
instead that there are several levels of stress disso, que existem vários níveis de acentos
in English. The greatest degree of stress is em inglês. O maior grau de acento é
called stress level one, the next is level two, chamado de nível de acento um, o próximo
the next level three, a lower level still is é o nível dois, o próximo nível três, um
level four, and so on. Note that in this nível mais baixo ainda é o nível quatro e

417
system, a smaller degree of stress has a assim por diante. Perceba que neste
larger number. sistema, um menor grau de acento tem um
número maior.

87. You can easily convert our system into a Você pode facilmente converter nosso
multilevel stress system by adding the sistema em um sistema de acento
number of [+] marks on a syllable in a table multinível adicionando o número de marcas
of the sort just used and subtracting this [+] em uma sílaba em uma tabela do tipo
number from four. If there are three [+] que acabou de usar e subtraindo esse
marks, it is stress level one; if two, stress número de quatro. Se houver três marcas
level two; if one, stress level three; and if [+], é o nível de acento um; se dois, acento
none, stress level four. nível dois; se um, acento nível três; e se não
houver as marcas, acento nível quatro.

88. Try this for yourself with the data in Table Tente isso com os dados da Tabela 5.4.
5.4. Writing the stress levels as superscripts Escrevendo os níveis de acento como
after the vowels, you will find that sobrescritos após as vogais, você
explanation and exploitation are descobrirá que explanation e exploitation
e2xpla4naItio4n (a pattern of 2-4—1—4) são e2xpla4naItio4n (um padrão de 2-4-1-4)
and e2xploi3taItio4n (a pattern of 2-3-1-4). e e2xploi3taItio4n (um padrão de 2-3-1-4).
89. We do not consider it useful to think of Não consideramos vantajoso pensar no
stress in terms of a multilevel system, acento em termos de um sistema multinível,
feeling that descriptions of this sort are not sentindo que descrições desse tipo não
in accord with the phonological facts. estão de acordo com os fatos fonológicos.
90. But as it is so commonly said that there are Mas como é tão comum dizer que há muitos
many levels of stress in English, we thought níveis de acento em inglês, achamos que
we should explain how these terms are deveríamos explicar como esses termos são
used. In this book, however, we will usados. Neste livro, no entanto,
continue to regard stress as something that continuaremos a considerar o acento como
either does or does not occur on a syllable algo que ocorre ou não em uma sílaba em
in English, and we will view vowel

418
reduction and intonation as separate inglês, e veremos a redução e a entonação
processes. da vogal como processos separados.

91. We can sometimes predict whether a Às vezes podemos prever se uma vogal será
vowel will be reduced to [ o ] or not. For reduzida a [ə] ou não. Por exemplo, [ɔɪ]
example, [oi] never reduces. But other nunca reduz. Mas outros casos parecem ser
cases seem to be a matter of how recently uma questão de quão recentemente a
the word came into common use. Factors of palavra entrou em uso comum. Fatores
this sort seem to be the reason why there desse tipo parecem ser a razão pela qual
should be reduced vowels at the end of deveriam ser reduzidas as vogais no final de
postman, bacon, and gentleman, but not at postman, bacon, e gentleman, mas não no
the end of mailman, moron, and superman. final de mailman, moron, and superman.

92. SENTENCE RHYTHM RITMO NA FRASE


93. The stresses that can occur on words Os acentos que podem ocorrer nas palavras
sometimes become modified when the às vezes se modificam quando elas fazem
words are part of sentences. parte das frases.
94. The most frequent modification is the A modificação mais frequente é a queda de
dropping of some of the stresses. There is a alguns dos acentos. Há um acento na
stress on the first syllable of each of the primeira sílaba de cada uma das palavras
words Mary, younger, brother, wanted, Mary, younger, brother, wanted, fifty,
fifty, chocolate, peanuts when these words chocolate, peanuts quando essas palavras
are said in isolation. But there are normally são ditas isoladamente. Mas normalmente
fewer stresses when they occur in a há menos acentos quando ocorrem em uma
sentence, for example, Mary’s younger frase, por exemplo, Mary’s younger brother
brother wanted fifty chocolate peanuts. wanted fifty chocolate peanuts.
95. Tap with your finger at each stressed Bata com os seus dedos a cada sílaba
syllable while you say this phrase in a acentuada enquanto você diz esta frase em
normal conversational style. You will um estilo normal de conversação. Você
probably find it quite natural to tap on the provavelmente achará natural bater nas
first syllables marked with a preceding primeiras sílabas com uma marca anterior

419
stress mark in 'Mary’s younger 'brother de acento ( ' ) em 'Mary’s younger 'brother
wanted fifty chocolate 'peanuts. Thus, the wanted fifty chocolate 'peanuts. Assim, as
first syllables of younger, wanted, and primeiras sílabas de younger, wanted e
chocolate are pronounced without stresses chocolate são pronunciadas sem acento
(but with their full vowel qualities). (mas com suas qualidades vocálicas
completas).
96. The same kind of phenomenon can be O mesmo tipo de fenômeno pode ser
demonstrated with monosyllabic words. demonstrado com palavras monossílabas.
Say the sentence The big brown bear bit ten Diga a frase ‘The big brown bear bit ten
white mice. It sounds unnatural if you put a white mice’. Parece antinatural se você
stress on every word. Most people will say enfatizar cada palavra. A maioria das
The 'big brown 'bear bit 'ten white 'mice. As pessoas vai dizer The 'big brown 'bear bit
a general rule, English does not have 'ten white 'mice. Como regra geral, o
stresses too close together. inglês não tem acentos muito próximos.

97. Very often, stresses on alternate words are Muitas vezes, os acentos nas palavras
dropped in sentences where they would alternadas são abandonados em frases em
otherwise come too near one another. The que, caso contrário, eles se aproximassem
tendency to avoid having stresses too close demais uns dos outros. A tendência de
together may cause the stress on a evitar ter acentos perto demais pode fazer
polysyllabic word to be on one syllable in com que o acento em uma palavra
one sentence and on another syllable in polissilábica esteja em uma sílaba em uma
another. frase e em outra sílaba em uma frase
diferente.
98. Consider the word clarinet in He had a Considere a palavra clarinet em He had a
'clarinet 'solo and in He 'plays the clarinet. 'clarinet 'solo e em He 'plays the clarinet. O
The stress is on the first or the third syllable, acento fica na primeira ou terceira sílaba,
depending on the position of the other dependendo da posição dos outros acentos
stresses in the sentence. Similar shifts occur na frase. Mudanças parecidas ocorrem em
in phrases such as 'Vice-president 'Jones frases como 'Vice-president 'Jones versus
versus 'Jones, the vice-president. 'Jones, the vice-president.

420
99. Numbers such as fourteen, fifteen, 'sixteen Os números como 'fourteen, 'fifteen,
are stressed on the first syllable when 'sixteen são acentuados na primeira sílaba
counting, but sometimes not in phrases quando se conta, mas às vezes não em
such as She’s 'only sixteen. Read all these frases como She’s 'only sixteen. Leia todas
phrases with the stresses as indicated and estas frases com os acentos indicados e
check that it is natural to tap on the stressed perceba que é natural bater nas sílabas mais
syllables. Then try tapping on the indicated fortes nas sílabas acentuadas. Em seguida,
syllables while you read the next paragraph. tente bater nas sílabas indicadas enquanto
lê o próximo parágrafo.

100. 'Stresses in 'English 'tend to re'cur at


Os a'centos em in'glês 'tendem a oco'rrer em
'regular 'intervals of 'time (') It’s 'often
inter'valos regu'lares de 'tempo (') É
'perfectly 'possible to 'tap on the 'stresses in
frequente'mente perfeita'mente po'ssível
'time with a 'metronome. (') The 'rhythm
mar'car nos a'centos no 'tempo com um
can 'even be 'said to de'termine the 'length
me'trônomo. (') O 'ritmo pode até
of the 'pause between 'phrases. (') An 'extra
determi'nar a dura'ção da 'pausa entre
'tap can be 'put in the 'silence, (') as 'shown
'frases. (') Uma ba'tida extra pode ser
by the 'marks within the pa'rentheses.
colo'cado no si'lêncio (') como mos'trado
pelas 'marcas 'dentro dos pa'rênteses.

101. Figure 5.3 shows another example of A figura 5.3 mostra outro exemplo de
speech rhythm. This musical notation of the ritmo de fala. Essa notação musical do
rhythm of the first forty-seven seconds of ritmo dos primeiros quarenta e sete
Barack Obama’s victory speech after the segundos do discurso de vitória de Barack
Iowa primary election of 2008 shows that Obama após a eleição primária de 2008 em
he came in “on the beat” after interruptions Iowa mostra que ele reentrou “no ritmo”
by a cheering crowd of supporters—even a após interrupções de uma multidão de
long interruption of sixteen beats. admiradores - até uma longa interrupção de
dezesseis “batidas”.

421
102. This and other instances of public speaking Esta e outras instâncias de fala em público
are so noticeably rhythmic that some artists são tão visivelmente rítmicas que alguns
have set them to music, dubbing rhythm artistas as colocaram em música, copiando
tracks under the spoken word. faixas de ritmo sob a palavra falada.

103. Of course, not all sentences are as regular É claro que nem todas as frases são tão
as those discussed in the preceding regulares quanto as discutidas nos
paragraphs. Stresses tend to recur at regular parágrafos anteriores. Os acentos tendem a
intervals. It would be quite untrue to say recorrer em intervalos regulares. Seria
that there is always an equal interval muito errado dizer que há sempre um
between stresses in English. It is just that intervalo igual entre os acentos em inglês.
English has a number of processes that act O inglês tem vários processos que atuam
together to maintain the rhythm. We have juntos para manter o ritmo. Já
already mentioned two of these processes. mencionamos dois desses processos.
104. First, we saw that some words that might Primeiro, vimos que algumas palavras que
have been stressed are nevertheless often poderiam ter sido acentuadas muitas vezes
unstressed, thus preventing too many não são, evitando assim que muitos acentos
stresses coming together. To give another se juntem. Para dar outro exemplo, ambos
example, both wanted and pretty can be wanted e pretty podem ser acentuados em
stressed in She 'wanted a 'pretty 'parrot, but She 'wanted a 'pretty 'parrot, mas elas
they may not be in My 'aunt wanted 'ten podem não ser em My 'aunt wanted 'ten
pretty 'parrots. pretty 'parrots.
105. Figure 5.3 The first forty-seven seconds of Figura 5.3 Os primeiros quarenta e sete segundos
Barack Obama's Iowa victory speech. do discurso de vitória de Barack Obama em Iowa.

106. Second, we saw that some words have Em segundo lugar, vimos que algumas
variable stress; compare the 'unknown 'man palavras têm acento variável; compare the
with the 'man is un'known. 'unknown 'man com the 'man is un'known.
107. We can also, consider some of the facts Podemos também considerar alguns dos
mentioned in the previous chapter as part of fatos mencionados no capítulo anterior
this same tendency to reduce the variation como parte dessa mesma tendência para
in the interval between stresses. We saw reduzir a variação no intervalo entre os

422
that the vowel in speed is longer than the acentos. Vimos que a vogal em speed é
first vowel in speedy, and this in turn is mais longa do que a primeira vogal em
longer than the first vowel in speedily. speedy, e esta por sua vez é mais longa que
a primeira vogal em speedily.
108. This can be interpreted as a tendency to Isso pode ser interpretado como uma
minimize the variation in the length of tendência de minimizar a variação na
words containing only a single stress, so duração das palavras que contêm apenas
that adjacent stresses remain much the um acento, de modo que os acentos
same distance apart. adjacentes permaneçam a mesma distância.

109. Taking all these facts together, along with Tomando todos esses fatos juntos, junto
others that will not be dealt with here, it is com outros que não serão tratados aqui, é
as if there were a conspiracy in English to como se houvesse uma conspiração no
maintain a regular rhythm. However, this inglês para manter um ritmo regular. No
conspiracy is not strong enough to entanto, esta conspiração não é forte o
completely override the irregularities suficiente para substituir completamente as
caused by variations in the number and type irregularidades causadas por variações no
of unstressed syllables. número e no tipo de sílabas átonas.
110. In a sentence such as The 'red 'bird flew Em uma frase como The 'red 'bird flew
'speedily 'home, the interval between the 'speedily 'home, o intervalo entre o primeiro
first and second stresses will be far shorter e o segundo acento será muito menor do
than that between the third and fourth. que aquele entre o terceiro e o quarto. Os
Stresses tend to recur at regular intervals. acentos tendem a recorrer em intervalos
regulares.
111. But the sound pattern of English does not Mas o padrão sonoro do inglês não faz com
make it an overriding necessity to adjust the que seja uma necessidade primordial
lengths of syllables so as to enforce ajustar a duração das sílabas, de modo a
complete regularity. The interval between garantir a regularidade completa. O
stresses is affected by the number of intervalo entre os acentos é afetado pelo
syllables within the stress group, by the número de sílabas dentro do grupo de
number and type of vowels and consonants acento, pelo número e tipo de vogais e

423
within each syllable, and by other factors consoantes dentro de cada sílaba e por
such as the variations in emphasis that are outros fatores, como as variações de ênfase
given to each word. que são dadas a cada palavra.

112. INTONATION ENTONAÇÃO


113. Listen to the pitch of the voice while Ouça a pitch da voz enquanto alguém diz
someone says a sentence. uma frase.

114. You will find that it is changing Você descobrirá que isso está mudando
continuously. The difference between continuamente. A diferença entre falar e
speaking and singing is that in singing, you cantar é que, ao cantar, você segura uma
hold a given note for a noticeable length of determinada nota por um período de tempo
time and then jump to the pitch of the next perceptível e, em seguida, pula para o pitch
note. But when one is speaking, there are no da próxima nota. Mas quando se está
steady- state pitches. Throughout every falando, não há pitches em estado estável.
syllable in a normal conversational Ao longo de cada sílaba em uma expressão
utterance, the pitch is going up or down. conversacional normal, o pitch vai subindo
ou descendo.

115. (Try talking with steady-state pitches and (Tente falar com pitches estáveis e observe
notice how odd it sounds.) como soa estranho.)
116. The intonation of a sentence is its pattern A entonação de uma frase é o seu padrão de
of pitch changes. The part of a sentence mudanças de pitch. A parte de uma oracão
over which a particular pattern extends is sobre a qual um padrão particular se
called an intonational phrase. A short estende é chamada de frase entonacional.
sentence forming a single intonational Uma frase curta formando uma única frase
phrase is shown in sentence (1) below. In entonacional é mostrada na frase (1)
this and all the subsequent illustrations of abaixo. Nesta e em todas as ilustrações
different intonations in this chapter, two subsequentes de diferentes entonações
curves are shown. neste capítulo, são mostradas duas curvas.

424
117. The top one always represents the changes A de cima representa sempre as mudanças
in pitch for a British English speaker, and de pitch para um falante do inglês britânico
the lower one for an American English e a de baixo para um falante do inglês
speaker. They are not completely smooth americano. Elas não são curvas
curves because they show the actual pitches completamente suaves porque mostram os
of the utterances. This sentence and all of pitches reais dos enunciados. Esta frase e
the sentences illustrating intonation are todas as frases que ilustram a entonação
available for you to listen to and analyze on estão disponíveis para você ouvir e analisar
the book website. no site do livro.
118. The irregularities reflect how the vocal As irregularidades refletem como as cordas
folds vibrated when producing these vocais vibravam ao produzir essas frases.
sentences. In most cases, there is no pitch Na maioria dos casos, não há escala de
scale indicated, as it is usually the relative pitch indicada, pois geralmente são os
pitches within a phrase that are important. pitches relativos dentro de uma frase que
The time scale varies from utterance to são importantes. A escala de tempo varia de
utterance, allowing the graphs to fit the enunciado para enunciado, permitindo que
dimensions of the page. os gráficos se ajustem às dimensões da
página.

119. Below the American speaker, there is Abaixo do falante americano, há sempre
always a thin line representing a duration of uma linha fina representando uma duração
500 ms (half a second). Phonetic de 500 ms (meio segundo). A transcrição
transcription of the intonation contour is fonética do contorno de entoação é marcada
marked with starred tones (H*) on com tons de asteriscos (H *) em acentos de
prominent pitch accents, and percent tones pitch proeminente e por tons de
(L%) marking the tones at the boundary of percentagens (L%) marcando os tons no
the phrase. This transcription system is limite da frase. Este sistema de transcrição
discussed in more detail in the next section. é discutido com mais detalhes na próxima
seção.

425
120. The sentence spoken is shown below the A frase falada é mostrada abaixo da curva
pitch curve in ordinary spelling, but with do pitch em grafia comum, mas adicionadas
IPA stress marks added, and one syllable com marcas de acento do IPA, e uma sílaba
preceded by an asterisk. Within an precedida por um asterisco. Dentro de uma
intonational phrase, stressed syllables frase entonacional, as sílabas acentuadas
usually have a pitch change; but there is geralmente têm uma mudança de pitch; mas
also a single syllable that stands out também há uma única sílaba que se destaca
because it carries the major pitch change. porque carrega a maior mudança de pitch.
121. This syllable, which carries the tonic Esta sílaba, que carrega o acento tônico,
accent, will be marked in this section by an será marcada nesta seção por um asterisco.
asterisk. In sentence (1), the first syllable of Na frase (1), a primeira sílaba de mayor tem
mayor has the tonic accent, and, as you can o acento tônico, e, como você pode ver,
see, this word is the last one with a large essa palavra é a última com uma grande
overall pitch change. mudança no pitch geral.
122. There is a pitch peak on the stressed Há um pico de pitch na sílaba acentuada
syllable know, indicating that this syllable know, indicando que esta sílaba também
also had an accent, though the tonic accent tinha um acento, embora o acento tônico
on mayor is more prominent. em mayor seja mais proeminente.
123. (1) We 'know the new *mayor. (1) Nós ‘conhecemos o novo *prefeito.
124. The tonic accent usually occurs on the last O acento tônico geralmente ocorre na
stressed syllable in a tone group in neutral última sílaba tônica em um grupo de tons
intonation if you don’t intend to put any em entonação neutra, se você não pretende
special focus on any of the words in the colocar nenhum foco especial em nenhuma
utterance. das palavras do enunciado.

125. But it may occur earlier, if some word Mas isso pode ocorrer mais cedo, se
requires emphasis. If we want to emphasize alguma palavra exigir ênfase. Se queremos
that we know the new mayor but not the old enfatizar que conhecemos o novo prefeito
one, then we can put the tonic accent on (mayor), mas não o antigo, então podemos
new, as in sentence (2). There are no further colocar o acento tônico em new (novo),
accents after new.

426
como na frase (2). Não há mais acentos
após new.
126. (2) We 'know the *new 'mayor. (2) Nós ‘conhecemos o *novo 'prefeito.
127. Sometimes, there are two or more Às vezes, há duas ou mais frases
intonational phrases within an utterance. entonacionais em um enunciado.

128. When this happens, the first one ends in a Quando isso ocorre, a primeira termina em
small rise, which we may call a um pequeno aumento, que podemos
continuation rise. It indicates that there is chamar de aumento de continuação. Isto
more to come and the speaker has not yet indica que há mais por vir e que o falante
completed the utterance. The break ainda não completou seu enunciado. O
between two intonational phrases may be intervalo entre duas frases entonacionais
marked, as in sentence (3), by a single pode ser marcado, como na frase (3), por
vertical stroke. um único traço vertical.

129. The British English speaker in (3) signals O falante do inglês britânico em (3) sinaliza
that there is more to come by having a fall que há mais por vir ao realizar uma queda
on in, the last word in the phrase, followed de entonação na palavra in, a última palavra
by a marked continuation rise. na frase, seguida de um aumento de
continuação marcado.
130. The American speaker does this by O falante americano faz isso prolongando a
prolonging the word in (which starts at the palavra in (que começa no pico do contorno
peak of the pitch contour) and making a do pitch) e fazendo uma queda bastante
very large fall followed by a more slight acentuada, seguida por um aumento de
continuation rise. In this way of showing continuação mais suave. Nesta forma de
there is more to come (which occurs quite mostrar há mais por vir (o que ocorre com
frequently), it is not that there is much of a bastante frequência), não é que haja muito
continuation rise, it’s more that there is no de um aumento de continuação, é que não
sentence final fall. há mais queda final da frase.
131. Note also that the British speaker put a Perceba também que o falante britânico
high accent on when, while the American colocou um grande destaque em when,
speaker didn’t. enquanto o falante americano não o fez.

427
132. (3) 'When we came 'in, | we had *’dinner. 3) ‘Quando nós ‘entramos, nós
*’jantamos.

133. In (3), the two intonational phrases can be Em (3), as duas frases entoacionais podem
associated with the two syntactic clauses ser associadas às duas cláusulas sintáticas
within the sentence, but the clause structure dentro da frase, mas a estrutura da cláusula
does not always determine the intonation. nem sempre determina a entoação.
134. An intonational phrase is a unit of Uma frase entonacional é uma unidade de
information rather than a syntactically informação em vez de uma unidade
defined unit. Because it is the information definida sintaticamente. Como é a
that matters, it is difficult to tell not only informação que importa, é difícil dizer não
where the intonation breaks occur but also apenas onde as rupturas de entonação
where the tonic accent will fall. ocorrem, mas também onde o acento tônico
cairá.
135. As one linguist put it, “Intonation is Como disse um linguista, “A entonação é
predictable (if you are a mind reader).” You previsível (se você for um leitor de
have to know what is in the speaker’s mind mentes)”. Você precisaria saber o que está
before you can say exactly what will be na mente do falante antes de poder dizer
accented. exatamente o que será acentuado.
136. The intonation is also considerably A entonação também é consideravelmente
affected by the speaker’s style. When afetada pelo estilo do falante. Quando se
speaking slowly in a formal style, a speaker fala devagar em um estilo formal, um
may choose to break a sentence up. falante pode optar por quebrar uma frase. A
Obamian oratory will produce a large oratória Obamiana produzirá um grande
number of intonational phrases, but in a número de frases entonacionais, mas em
rapid conversational style, there is likely to um estilo de conversação rápida,
be only one per sentence. provavelmente haverá apenas uma por
frase.

137. Although one cannot entirely predict Embora não se possa prever precisamente
which syllable will be the tonic syllable in qual sílaba será a sílaba tônica em uma frase

428
an intonational phrase, some general entonacional, algumas afirmações gerais
statements can be made. New information podem ser feitas. Informações novas são
is more likely to receive a tonic accent than mais propensas a receber um acento tônico
material that has already been mentioned. do que o material que já tenha sido
mencionado.
138. The topic of a sentence is less likely to O tópico de uma frase é menos provável de
receive the tonic accent than the comment receber o acento tônico do que o
that is made on that topic. Thus, if you were comentário feito sobre esse tópico. Assim,
telling someone a number of facts about se você estivesse contando a alguém uma
lions, you might say the sentence shown in série de fatos sobre leões, você poderia
(4). The topic of the discussion is lions, and dizer a frase mostrada em (4). O tópico da
the comment on that topic is that a lion is a discussão é leões, e o comentário sobre esse
mammal. tópico é que um leão é um mamífero.
139. The two speakers in (4) differ slightly in Os dois falantes em (4) diferem
that the American English speaker puts ligeiramente considerando que o falante do
accents on both lion and mammal and uses inglês americano dá ênfase tanto a leão
the more prominent L+H* accent. (lion) quanto a mamífero (mammal) e usa o
acento mais proeminente L + H *.
140. Nevertheless, even for this speaker, the Contudo, mesmo para esse falante, o acento
tonic accent is the last accent of the tônico é o último da frase intonacional; para
intonational phrase; for both speakers, this ambos os falantes, o acento fica na última
is on the last word, mammal, making it palavra, mammal, deixando claro que este
clear that this is the comment, the new é o comentário, a nova informação que está
information that is being given about an sendo dada sobre um tópico já conhecido.
already known topic.
141. (4) A 'lion is a *mammal. (4) Um ‘leão é um *mamífero.
142. In a discussion of mammals, and Em uma discussão sobre mamíferos e
considering all the animals that fit into that considerando todos os animais que se
category, the comment—the new encaixam nessa categoria, o comentário - a
information—is that a lion fits into the informação nova - é que um leão se encaixa
category, as illustrated in sentence (5). na categoria, como ilustrado na frase (5).

429
Here, for both speakers, the tonic accent is Aqui, para ambos os falantes, o acento
on lion. tônico está em lion.
143. (5) A lion is a 'mammal. (5) Um leão é um ‘mamífero.
144. Various pitch changes are possible within Várias alterações de pitch são possíveis
the tonic accent. In sentences (1) through dentro do acento tônico. Nas frases (1) a
(5), the intonation may be simply described (5), a entonação pode ser simplesmente
as having a falling contour, except for the descrita como tendo um contorno em
continuation rise in the middle of (3). queda, exceto pelo aumento de continuação
Another possibility is that the tonic syllable no meio de (3). Outra possibilidade é que a
is marked by a low target followed by a rise. sílaba tônica seja marcada por um alvo
baixo seguido por um aumento.
145. This kind of pitch change, which we will Esse tipo de mudança de pitch, a que nos
refer to as a rising contour, is typical in referiremos como um contorno de
questions requiring yes or no answers, as aumento, é típico em questões que exigem
exemplified in (6). respostas do tipo sim ou não, como
exemplificado em (6).
146. For the British speaker (the upper pitch Para o falante britânico (a curva de pitch
curve), the first part of the sentence is on a superior), a primeira parte da frase está em
fairly level pitch, with most of the rise on um pitch razoavelmente mediano, com a
the last word. The American speaker asks maior parte do aumento na última palavra.
the question without a rising contour. He O falante americano faz a pergunta sem um
does have a rising pitch for much of the last contorno de aumento. Ele realiza um pitch
two-thirds of the sentence starting from the ascendente durante a maior parte dos
low accent on mail to the high accent on últimos dois terços da frase, desde o acento
money, and then a final fall. baixo em mail até o acento alto em money,
e depois a queda final.

147. (6) Will you 'mail me my *money? (6) Você vai me ‘enviar meu *dinheiro?
148. As with falling contours, the syllable that Assim como ocorre com os contornos
has the prominent rising contour is not decrescentes, a sílaba que possui o contorno
necessarily the last stressed syllable in an ascendente proeminente não é

430
intonational phrase. If the question in (6) is necessariamente a última sílaba tônica de
really about whether the money will be uma frase entonacional. Se a pergunta em
mailed or whether it has to be picked up, (6) é realmente sobre se o dinheiro será
then emphasis will be on an earlier word, enviado ou se deve ser buscado, daí a
and the pitch will start going up at that ênfase estará em uma palavra anterior e o
point, as illustrated in (7). pitch começará a subir nesse ponto, como
ilustrado em (7)

149. For the British speaker, there is a major Para o falante britânico, há um grande
rise on mail, and then, after a comparatively aumento em mail e, depois de um trecho
level piece, a further rise on money. The comparativamente neutro, um aumento
American speaker, who says this sentence adicional em money. O falante americano,
considerably faster, has a rise starting on que diz esta frase de maneira
mail and a fall on the first syllable of consideravelmente mais rápida, tem um
money, followed by a small rise on the last aumento inicial em mail e uma queda na
syllable in the sentence. primeira sílaba de money, seguida de um
pequeno aumento na última sílaba da frase.
150. (7) Will you *mail me my 'money? (7) Você vai me *enviar meu 'dinheiro?
151. Now consider what you do in questions Agora, considere o que você faz nas
that cannot be answered by yes or no, such perguntas que não podem ser respondidas
as that in (8). Of course, there are many por sim ou não, como em (8). É claro que
possible ways of saying this sentence, but há muitas maneiras possíveis de dizer essa
probably the most neutral is with a falling frase, mas provavelmente a mais neutra é
contour starting on the final stressed com um contorno decrescente que começa
syllable. na sílaba tônica final.
152. Apparently, the British English speaker Aparentemente, o falante britânico, por
has instead put an accent very early in the outro lado, realizou um acento muito cedo
question—on when—and then a lower, less na questão – sobre a palavra when - e, em
prominent accent on mail. seguida, um acento mais baixo e menos
proeminente na palavra mail.

431
153. [This example illustrates that intonation [Este exemplo ilustra que a transcrição da
transcription requires listening as well as entonação exige que você escute, assim
looking at pitch traces—be sure to go to the como observe dos traços do pitch -
website and see if you can hear why we put certifique-se de acessar o site e veja se
an accent on mail in the British speaker’s consegue entender por que colocamos um
rendition of (8).] Questions that begin with acento em mail na versão do falante
w/i-question words—where, when, who, britânico em (8).] Perguntas que começam
why, what—-are usually pronounced with com as palavras iniciadas por wh- como
a falling intonation, though as the pitch where, when, who, why, what - são
traces illustrate the words can be put to geralmente pronunciadas com uma
many different tunes even when the tunes entonação decrescente, embora, como os
share a feature like the falling final contour. traços do pitch ilustram as palavras podem
ser colocadas em muitos tons diferentes
mesmo quando os tons compartilham uma
característica como o contorno final
decrescente.
154. (8) 'When will you 'mail me my *money? 8) ‘Quando você vai me ‘enviar meu
*dinheiro?

155. As we saw in (3), a small rising intonation Como vimos em (3), uma pequena
occurs in the middle of sentences, typically entonação ascendente ocorre no meio de
at the end of an intonational phrase. frases, tipicamente no final de uma frase
Another example is given in (9). entonacional. Outro exemplo é dado em
(9).
156. Again, there is a difference between the Novamente, há uma diferença entre os
British and the American English speaker. falantes britânico e o americano. O falante
The British English speaker has a fall do inglês britânico realiza uma queda
followed by a rise in the word winning. The seguida de um aumento na palavra winning.
American English speaker has a sharp rise O falante do inglês americano realiza um
followed by a large fall that levels off at the forte aumento, seguido por uma grande
end. queda que se estabiliza no final.

432
157. (9) 'When you are *winning, | I will run (9) ‘Quando você estiver ‘ganhando, | eu vou
a*way. *correr.

158. A list of items can also have rising Uma lista de itens também pode ter
intonation on each item in the list, as in entonação crescente em cada item da lista,
sentence (10). The first three names in this como na frase (10). Os três primeiros
list have much higher pitches on their nomes nesta lista têm pitches muito mais
second syllables. The fourth name, the last, altos em suas segundas sílabas. O quarto
falls—as is usual—at the end of a sentence. nome, o último, cai - como de costume - no
final de uma frase.
159. (10) We knew 'Anna, 'Lenny, 'Mary, and (10) Nós conhecemos 'Anna,‘Lenny,‘Mary
*Nora. e *Nora.
160. Note that yes/no questions can often be Observe que as perguntas de respostas
reworded so that they fit into this rising sim/não podem ser reformuladas de
pattern, signaling that there is more to maneira que se encaixem nesse padrão
come. crescente, sinalizando que há mais por vir.
161. The British speaker has a rise on mail and O falante britânico realiza um aumento em
money, followed by a regular sentence mail e money, seguido por uma frase
ending with a fall on or not. The American regular que termina com uma queda em or
English speaker has a rise starting on not. O falante do inglês americano realiza
money and continuing through or not, um aumento começando com money e
which again drops rapidly into a creaky continuando até or not, que novamente cai
voice at the end. rapidamente em forma de voz crepitante ou
laringalizada (creaky voice) no final.

162. (11) Will you 'mail me my 'money or *not? (11) Você vai me ‘enviar meu ‘dinheiro ou
*não?
163. It is useful to distinguish between two É muito importante distinguir entre dois
kinds of rising intonation. In one, which tipos de entonação ascendente. Em uma
typically occurs in yes/no questions, there delas, que tipicamente ocorre em perguntas
is a large upward movement of pitch.

433
de respostas sim/não, há um grande
movimento ascendente de pitch.
164. In the other, the continuation rise that Na outra, o aumento de continuação que
usually occurs in the middle of sentences, geralmente ocorre no meio das frases, há
there is a smaller upward movement. um movimento ascendente menor.
165. These two intonations are often used Essas duas entonações são frequentemente
contrastively. Thus, a low rising intonation usadas de maneira contrastiva. Desta
on an utterance means that there is forma, uma entonação ascendente baixa em
something more to come. There is a slightly um enunciado significa que há algo a mais
rising intonation in the utterances in (12) por vir. Há uma entonação levemente
and (13). crescente nos enunciados em (12) e (13).
166. These are the kinds of utterances one Estes são os tipos de enunciados que
makes when listening to someone telling a alguém faz ao ouvir alguém contando uma
story. They are equivalent to I hear you; história. Eles são equivalentes a I hear you;
please continue. In the center of this please continue (Eu lhe ouço/ por favor
illustration are two vertical lines, indicating continue). No centro desta ilustração estão
the normal voice ranges of the two duas linhas verticais, indicando as faixas
speakers. normais de voz dos dois falantes.
167. The British English speaker (the upper pair O falante do inglês britânico (o par de
of graphs) uses about half his pitch range in gráficos da parte superior) usa cerca da
these words. The American English metade de sua faixa de pitch nestas
speaker (the lower pair of graphs) uses a palavras. O falante do inglês americano (o
slightly wider range. par de gráficos da parte inferior) usa um
intervalo ligeiramente mais amplo.

168. (12) Yes. (12) Sim


169. (13) Go on. (13) Continue
170. If there is a larger rise in pitch, as in Se houver um aumento maior no pitch,
sentences (14) and (15), there is a change in como nas frases (14) e (15), há uma
meaning to something more like Did you mudança de significado para algo mais
say “ Yes” ? or Did you say “Go on ” ?

434
parecido com o seguinte: Você disse "sim"?
Ou você disse "Vá em frente"?

171. The British English speaker uses more than O falante do inglês britânico usa mais de
75 percent of his full range, and the 75% de toda a sua extensão, e o falante do
American English speaker uses an even inglês americano usa uma extensão ainda
greater range. It should be noted, however, maior. Deve-se perceber, no entanto, que as
that people are not entirely consistent in the pessoas não são inteiramente consistentes
way they use this difference in intonation. na forma como usam essa diferença na
entonação.
172. Both rising and falling intonations can Ambas as entonações ascendentes e
occur within the same tonic accent. If descendentes podem ocorrer dentro do
someone tells you something that surprises mesmo acento tônico. Se alguém lhe disser
you, you might have a distinct fall-rise on algo que o surpreenda, você poderá realizar
the tonic syllable followed by a further rise uma queda/aumento distintos na sílaba
on the remainder of the intonational phrase. tônica, seguida por um aumento adicional
no restante da frase entonacional.

173. Both speakers in (16) follow this pattern. Ambos os falantes em (16) seguem esse
padrão.
174. (16) Your *mom will marry a lawyer? (16) Sua *mãe vai se casar com um
advogado?
175. One can also use distinct intonation Um falante também pode usar padrões de
patterns when answering, addressing, or entonação distintos ao responder, perguntar
ou telefonar para alguém.
calling someone.
176. The answer to a question such as Who is A resposta para uma pergunta como Who is
that over there? is shown in (17). The that over there? (Quem é aquele ali?) é
British English speaker has a falling mostrado em (17). O falante do inglês
intonation over the lower half of his pitch britânico realiza uma entonação
range. The American English speaker has a decrescente sobre a metade inferior de sua

435
rise and then, a fall to nearly the bottom of faixa de pitch. O falante do inglês
his range. americano realiza um aumento e depois
uma queda para quase que à base de sua
faixa.
177. When addressing someone, perhaps Ao se dirigir a alguém, talvez indicando
indicating that it is their turn to speak, as in que é a vez dele(a) de falar, como em (18),
(18), there is a smaller fall or, in the case of há uma queda menor ou, no caso do falante
the American English speaker, a pitch do inglês americano, uma mudança de pitch
change with half the range of the answer to com metade da faixa da resposta a uma
a question. pergunta.
178. Calling to someone normally involves a Telefonar para alguém normalmente
fall over a larger interval than that in the envolve uma queda em um intervalo maior
response to a question. There is also a do que na resposta a uma pergunta. Há
stereotypical way of calling to someone not também uma maneira estereotipada de ligar
in sight with comparatively steady pitches para alguém (que não está à vista) com
after the first rise, as in (19). pitches comparativamente estáveis após o
primeiro aumento, como em (19).

179. (17) Laura (statement of the name). (17) Laura (declaração do nome)
180. (18) Laura (addressing Laura). (18) Laura (dirigindo-se a Laura)

181. (19) Laura (calling from a distance). (19) Laura (chamando de longe).

182. We can sum up many differences in Podemos resumir muitas diferenças na


intonation by referring to the different ways entonação, referindo-nos às diferentes
in which a name can be said, particularly if maneiras pelas quais um nome pode ser
the name is long enough to show the pitch dito, particularmente se o nome for longo o
curve reasonably fully. suficiente para mostrar a curva do pitch de
forma razoavelmente completa.
183. Curves (20) through (24) show different As curvas (20) a (24) mostram diferentes
pronunciations of the name Amelia. (20) is pronúncias do nome Amélia. A (20) é uma
a simple statement, equivalent to Her name afirmação simples, equivalente a: O nome

436
is Amelia. In (21) the question is equivalent dela é Amélia. Em (21) a pergunta é
to Did you say Amelia? equivalente a Você disse Amélia?
184. The form with the continuation rise in (22) A forma com o aumento da continuação em
might be used when addressing Amelia, (22) pode ser usada ao se abordar Amélia,
indicating that it is her turn to speak. The indicando que é sua vez de falar. A questão
question expressing surprise in (23) is que expressa surpresa em (23) é
equivalent to Was it really Amelia who did equivalente a: Foi realmente a Amélia
that? quem fez isso?
185. The British English speaker does this by an O falante do inglês britânico faz isso
initial fall followed by a high rise. The através de uma queda inicial seguida de um
American English speaker follows the aumento acentuado. O falante do inglês
reverse procedure, a sharp rise followed by americano executa o procedimento inverso,
a deep fall. um aumento acentuado seguido por uma
queda acentuada.
186. Last, (24) is the form for a strong reaction, A Última, (24) retrata a forma para uma
reprimanding Amelia. reação forte, repreendendo Amélia.

187. Several considerations emerge from this Várias considerações emergem desse
look at the intonation patterns of a British olhar sobre os padrões de entonação de
and an American speaker. um falante britânico e americano.
188. Many of them apply to other accents of Muitos deles se aplicam a outros sotaques
English, and to other languages. One of the do inglês e de outras línguas. Um dos
most important points is that intonation pontos mais importantes é que a entonação
cannot be as neatly specified as other não pode ser tão perfeitamente especificada
aspects of speech. In the first four chapters quanto outros aspectos da fala. Nos
of this book, English has been described primeiros quatro capítulos deste livro, o
mainly by considering phonemic contrasts. inglês tem sido descrito principalmente por
considerar contrastes fonêmicos.

189. We have noted that there are twenty-two Observamos que existem vinte e duas
consonants in most forms of English and a consoantes na maioria das formas do inglês

437
specific number of vowels in each accent. e um número específico de vogais em cada
Each of the contrasting vowels and sotaque. Cada uma das vogais e consoantes
consonants has certain phonetic properties. contrastivas tem certas propriedades
fonéticas.
190. Contrasts in intonation are often more Os contrastes na entonação são
difficult to pin down. Usually, in an frequentemente mais difíceis de definir.
intonational phrase, the last stressed Normalmente, em uma frase entonacional,
syllable that conveys new information is a última sílaba acentuada que transmite a
the tonic syllable. It has a falling pitch, nova informação é a sílaba tônica (tonic
unless it is part of a sentence in which there syllable). Ela tem um pitch em queda, a
is another intonational phrase to follow, in menos que seja parte de uma frase em que
which case there may be a continuation rise haja outra frase entonacional a seguir, em
(or, at least, a lack of a final fall) in the cada caso pode haver um aumento de
pitch. continuação (ou, pelo menos, a falta de uma
queda final) no pitch.
191. Questions that can be answered by yes or As perguntas que podem ser respondidas
no usually have a rising intonation, one that por sim ou não costumam ter uma
is larger than the continuation rise. entonação crescente, que é mais
prolongado do que o aumento de
continuação.
192. Questions beginning with a question word Perguntas que começam com uma
—where, when, what, why, how—usually palavra que começa com wh- —where,
have a falling pitch. But intonation is highly when, what, why, how— costumam ter
colored by individual variation. It is much um pitch em queda. Mas a entonação é
more affected by nuances of meaning than altamente influenciada pela variação
are the vowels and consonants that make up individual. A entonação é muito mais
words in the discussion. afetada por nuances de significado do que
as vogais e consoantes que compõem as
palavras na discussão.

438
193. In a sense, intonation is how the words of Em certo sentido, a entonação é como as
an utterance are put to music. The music palavras de um enunciado são musicadas.
adds information to the utterance, but it is A melodia adiciona informações ao
highly contextual and individual in nature. enunciado, mas é altamente contextual e
individual por natureza.

194. TARGET TONES TONS ALVO


195. The examples of intonation have used Os exemplos de entonação usaram
some high (H) and low (L) tone marks to algumas marcas de tom alto high (H) e
transcribe the intonation patterns. In this baixo low (L) para transcrever os padrões
section we will discuss this system of de entonação. Nesta seção, discutiremos
transcription. esse sistema de transcrição.

196. It is common to think of intonation in terms É comum pensar na entonação em termos


of tunes that apply over whole sentences or de melodias que se aplicam a orações ou
phrases, and sometimes we give names to frases inteiras, e às vezes damos nomes a
these basic tunes (such as “statement essas melodias básicas (tal como
intonation”, “question intonation”, “calling "entonação de declaração", "entonação de
contour”, “list intonation”, and so on). pergunta", "contorno de chamada",
"entonação de lista"), e assim por diante).
197. There are a number of other ways in which Há várias outras maneiras pelas quais a
intonation can be phonetically described. entonação pode ser descrita foneticamente.
Instead of considering the shape of the pitch Em vez de considerar a forma da curva do
curve over a whole phrase, we could pitch sobre uma frase inteira, poderíamos
describe the intonation in terms of a descrever a entonação em termos de uma
sequence of high (H) and low (L) target sequência de pitches alvo classificadas por
pitches. When people talk, they aim to altas (H) e baixas (L). Quando as pessoas
make either a high or a low pitch on a falam, elas visam fazer um pitch alto ou
stressed syllable and to move upward or baixo em uma sílaba tônica e alternam para
downward as they go into or come away cima ou para baixo quando entram ou saem
from this target. desse alvo.

439
198. One system for representing pitch changes Um sistema para representar mudanças de
of this kind is known as ToBI, standing for pitch desse tipo é conhecido como ToBI,
tone and break indices. In this system, que significa tone and break indices
target tones H* and L* (called H star and L (índices de tons e intervalos). Nesse
star) are typically written on a line (called a sistema, os tons alvo H * e L * (chamados
tier) above the segmental symbols that de estrela H e estrela L) são tipicamente
represent stressed syllables. The star (*) escritos em uma linha (chamada de tier
indicates the alignment of the target tone (camada) acima dos símbolos segmentais
with the stressed syllable. que representam sílabas tônicas. A estrela
(*) indica o alinhamento do tom alvo com a
sílaba tônica.
199. A high tone, H*, can be preceded by a Um tom alto, H *, pode ser precedido de
closely attached low pitch, written L+H*, um pitch baixo estreitamente ligado, escrito
so that the listener hears a sharply rising L+H*, de modo que o ouvinte ouça um
pitch onto a stressed syllable. Similarly, L* pitch acentuadamente crescente em uma
can be followed by a closely attached high sílaba tônica. Da mesma forma, L* pode ser
pitch, L*+H, so that the listener hears a seguido de um pitch alto estreitamente
scoop upward in pitch after the low pitch at ligado, L*+H, de modo que o ouvinte ouça
the beginning of the stressed syllable. uma curva para cima no pitch após o pitch
baixo no início da sílaba tônica.
200. Sometimes, a stressed syllable can be high Às vezes, uma sílaba tônica pode ser alta,
but nevertheless can contain a small step- mas pode conter um pequeno abaixamento
down of the pitch. This, known as high plus de pitch. Isto é conhecido como high plus
downstepped high, is written H+!H*, with downstepped high, é escrito H+!H*, com o
the exclamation mark indicating the small ponto de exclamação indicando a pequena
downstep in pitch. queda no pitch.
201. In special circumstances, to be discussed at Em circunstâncias especiais, a serem
the end of this section, a downstepped high discutidas no final desta seção, uma
syllable, !H*, can itself be a pitch accent. sílaba alta rebaixada, H *, pode ser um
There are therefore six possibilities, shown acento de pitch. Há, portanto, seis

440
in Table 5.5, that can be regarded as the possibilidades, mostradas na Tabela 5.5,
possible pitch accents that occur in English. que podem ser consideradas como os
possíveis acentos de pitch que ocorrem
em inglês.

202. The last pitch accent in a phrase is called O último acento de pitch em uma frase é
the nuclear pitch accent. The ToBI system chamado de acento de pitch nuclear. O
notes that the pitch pattern after the nuclear sistema ToBI observa que o padrão do pitch
pitch accent is meaningful. após o acento de pitch nuclear é
significativo.
203. The post-nuclear pitch pattern (at least in O padrão de pitch pós-nuclear (pelo menos
simple phrases) is described with two em frases simples) é descrito com dois
components. The first is called the phrase componentes. O primeiro é chamado de o
accent and is written H- (H minus) or L- (L acento de frase e é escrito H- (H menos) ou
minus). L- (L menos).
204. The second is called the boundary tone, O segundo é chamado de tom de contorno,
which is marked H% or L%. The four que é marcado com H% ou L%. As quatro
combinations of phrase accent and combinações de acento de frase e tom de
boundary tone define four ways to close a contorno definem quatro maneiras de
tune—fall (L-L%), rise (H-H%), plateau fechar um tom: queda (L-L%), aumento (H-
(H-L%), and low rise (L-H%). H%), platô (H-L%) e baixo aumento (L-
H%).

205. In this framework, all English intonations Nesse contexto, todas as entonações do
consist of a sequence of tones formed as inglês consistem em uma sequência de tons
shown in Table 5.5. As you can see formados como mostra a Tabela 5.5. Como
exemplified by the first column, there may você pode ver exemplificado pela primeira
or may not be a number of pitch accents on coluna, pode haver ou não um certo número
stressed syllables before the nuclear pitch de acentos de pitch em sílabas tônicas antes
accent. The second column shows the acento de pitch nuclear. A segunda coluna
mostra os acentos de pitch nuclear, um dos

441
nuclear pitch accents, one of which must quais deve estar sempre presente em uma
always be present in a phrase. frase.

206. The part of the intonational phrase after the A parte da frase entonacional após o
nuclear pitch accent must be high or low, acento de pitch nuclear deve ser alta ou
and there must be a high or low boundary baixa, e deve haver um tom de contorno
tone. alto ou baixo.

207. The ToBI system also allows us to O sistema ToBI também nos permite
transcribe the strength of the boundary transcrever a força do contorno entre
between words by means of a number palavras por meio de um número chamado
called a break index. If there is no break, as, de índice de intervalo. Se não houver
for example, in you’re (which is usually intervalo, como, por exemplo, em you’re
identical with your), the break index can be (que geralmente é idêntico a your), o índice
marked as 0. de intervalo pode ser marcado como 0.
208. This is a useful way of showing that a Esta é uma maneira interessante de mostrar
phrase such as to Mexico is usually que uma frase como to Mexico é
pronounced as if it were a single word— geralmente pronunciada como se fosse uma
there is no added break into Mexico as única palavra - não há pausa adicional em
compared with that in tomorrow. to Mexico em comparação com tomorrow.
209. Intervals between words are more usually Os intervalos entre as palavras são mais
classified as having break index 1 (although comumente classificados como tendo o
there is usually no acoustic pause that can índice de intervalo 1 (embora geralmente
be called a break between words). Higher não haja pausa acústica que possa ser
levels of break indices show, roughly chamada de pausa entre palavras). Níveis
speaking, greater pauses. A break index of mais altos de índices de intervalo mostram,
3 is usual between clauses that form a grosso modo, pausas maiores. Um índice
intermediate intonational phrases, and a de intervalo de 3 é comum entre cláusulas
break index of 4 occurs between larger que formam frases entonacionais
intonational phrases such as whole intermediárias e um índice de intervalo de
sentences.

442
4 ocorre entre frases entoacionais maiores,
como em frases inteiras.

210. The American speaker’s intonation curves As curvas de entonação do falante do


in examples (20) through (24) were ToBI inglês americano nos exemplos (20) a (24)
transcribed as follows (without indicating foram ToBI transcritas da seguinte forma
the break indices, which would always be a (sem indicar os índices de intervalo, que
4 at the end of each of these utterances): sempre seriam 4 no final de cada um desses
enunciados):
211. The ToBI transcription for (20), [ H* L- A transcrição de ToBI para (20), [H*L-
L% ], is typical of a simple statement with L%], é típica de uma frase declarativa
only one stressed syllable receiving a pitch simples com apenas uma sílaba tônica
accent, and it ends with a falling pitch recebendo um acento de pitch, e termina
pattern. com um padrão de pitch em queda.
212. Similarly, the transcription for (21), [ L* Da mesma forma, a transcrição para
H- H% ], is a typical tune for a question that (21), [L*H-H%], é um tom típico para
can be answered by yes or no, which ends uma pergunta que pode ser respondida
with a fairly large pitch rise. por sim ou não, que termina com um
aumento de pitch significativo.
213. At the end of the next phrase, (22), there is No final da frase seguinte, (22), há um
a smaller rise of the kind that occurs in an aumento menor do tipo que ocorre em um
unfinished utterance, or in a list df words enunciado inacabado, ou em uma lista de
such as those exemplified in (10),... Anna, palavras como aquelas exemplificadas em
Lenny, Mary, and… The way in which (10), ... Anna, Lenny, Mary e ... A maneira
ToBI separates the large pitch rise in (21)— na qual o ToBI separa o grande aumento de
the question rise—from the smaller rise in pitch em (21) - o aumento na entonação da
(22)—the continuation rise—is by making pergunta - do menor aumento em (22) - o
the phrase tone L-, so that (22) has the tune aumento da continuação - é fazendo-se o
[L* L- H%] instead of [ L* H- H% ], as in tom da frase L-, de modo que (22) tenha o
(21). tom [L * L-H%] em vez de [L * H- H%],
como em (21).

443
214. The low phrase tone prevents the final high O tom de frase baixo impede que o limite
boundary from being so high. The stressed alto final seja tão alto. As sílabas tônicas
syllables of the final two tunes begin with dos dois últimos tons começam com um L,
an L, ensuring that the H* indicates a sharp assegurando que o H* indica um aumento
rise from a low pitch. Thus, in (23), we have acentuado de um pitch baixo. Assim, em
[ L + H* L- H% ], with a low phrase tone (23), temos [L + H * L-H%], com um tom
and a small pitch rise at the end, much as in de frase baixo e um pequeno aumento de
(22). altura no final, como em (22).
215. This tune can also be used to signal Este tom também pode ser usado para
uncertainty. Finally, (24), [ L + H* L- L% sinalizar incerteza. Finalmente, (24),
], is like (23) in that it begins with a strong [L+H*L-L%], é como (23) na medida em
rise, but it ends with a low boundary tone. que começa com um forte aumento, mas
The simple statements, questions, and other termina com um tom de contorno baixo. As
intonations that we discussed earlier can be simples afirmações, perguntas e outras
transcribed in a similar way. entonações que discutimos anteriormente
podem ser transcritas de maneira
semelhante.
216. The break indices are shown in (9) above. Os índices de intervalo são mostrados em
(9) acima.
217. At the end of the first intonational phrase, No final da primeira frase entonacional, há
there is a continuation rise represented by [ um aumento de continuação representado
L- H% ], and a break index of 4. por [L-H%], e um índice de intervalo de 4.
218. All the words are closely joined together, Todas as palavras estão intimamente
so in each case the break index is 1. Finally, ligadas, portanto, em cada caso, o índice de
we must consider how to transcribe another intervalo é 1.
fact about English intonation (which also Finalmente, devemos considerar como
applies to many other languages). The pitch transcrever outro fato sobre a entonação do
in most sentences has a tendency to drift inglês (que também se aplica a muitas
down. outras línguas). O Pitch na maioria das
frases tem tendência a cair.

444
219. Earlier, when discussing stress, we Antes, ao discutirmos o acento,
considered the sentence Mary’s younger consideramos a frase Mary’s younger
'brother wanted 'fifty chocolate 'peanuts, 'brother wanted 'fifty chocolate 'peanuts,
with stresses on alternate words, Mary’s, com acento em palavras alternadas, Mary’s,
brother, fifty, peanuts. brother, fifty, peanuts.
220. If you say this sentence with these stresses, Se você disser esta frase com estes acentos,
you will find that there is an H* pitch accent você descobrirá que há um acento de pitch
on each of the stressed syllables, but each do tipo H* em cada uma das sílabas tônicas,
of these high pitches is usually a little lower mas cada um desses pitches altos é
than the preceding high pitch. This geralmente um pouco mais baixo do que o
phenomenon is known as downdrift. We pitch alto anterior. Esse fenômeno é
can represent this in the transcription by conhecido como downdrift. Podemos
marking the H* pitch accents as being representá-lo na transcrição marcando os
downstepped, a notion that was mentioned acentos de pitch H* como sendo
earlier in connection with a fall from a high rebaixados, uma noção que foi mencionada
pitch within a syllable. anteriormente em conexão com uma queda
de um pitch alto dentro de uma sílaba.
221. In Table 5.5 and example sentence (8), we Na Tabela 5.5 e na frase exemplo (8),
used an exclamation mark, “!”. usamos um ponto de exclamação, “!”.
222. We can indicate that each of the H* tones Podemos indicar que cada um dos tons H*
is a little lower than the preceding one by é um pouco mais baixo do que o anterior,
transcribing them as downstepped highs, transcrevendo-os como alturas rebaixadas,
!H*, in the tone tier for this sentence: ! H *, no nível de camada para esta frase:
223. [H* !H* !H* !H*L-L%] [H* H* !H* !H*L-L%]
(25) Mary’s younger brother wanted fifty chocolate (25) O irmão caçula da Mary queria cinquenta
peanuts. amendoins de chocolate.
224. Note that successive H* pitch accents do Perceba que os acentos de pitch H*
not have to be downstepped. sucessivos não precisam ser diminuídos.
225. If we had wanted to put a very slight Se quiséssemos colocar uma ênfase muito
emphasis on brother, indicating that it was leve em brother, indicando que era o irmão
Mary’s younger brother, not her younger caçula de Mary, não sua irmã caçula, que

445
sister, who had this peculiar desire, then we tinha esse desejo peculiar, então
could have made the downstepping begin at poderíamos ter começado a diminuição aos
“fifty” and said: Mary’s younger brother “cinquenta” e dito:
wanted fifty chocolate peanuts. (26) Mary’s younger brother wanted fifty chocolate
peanuts.
226. The ToBI system is a way of O sistema ToBI é uma forma de
characterizing English intonation in terms caracterizar a entonação da língua inglesa
of a limited set of symbols—a set of six em termos de um conjunto limitado de
possible pitch accents including a downstep símbolos - um conjunto de seis acentos de
mark, two possible phrase accents, two pitch possíveis, incluindo uma marca de
possible boundary tones, and four possible declínio, dois possíveis acentos de frase,
break indices, going from 1 (close dois possíveis tons de contorno e quatro
connection) to 4 (a boundary between índices de intervalo possíveis. de 1
intonation phrases). (conexão aproximada) a 4 (um limite entre
frases entonacionais).

227. It was designed specifically for English Ele foi projetado especificamente para
intonations, but, with a few modifications, entonações inglesas, mas, com algumas
it may be appropriate for other languages as modificações, pode ser apropriado para
well. outras línguas também.
228. RECAP RECAPITULANDO
229. This chapter highlights phonetic Este capítulo destaca fenômenos fonéticos
phenomena in English that occur when you em inglês que ocorrem quando você
pronuncia palavras em enunciados.
put words together in utterances.
230. In connected speech, words may reduce so No discurso conectado, as palavras podem
that their pronunciations are weaker than reduzir de modo que suas pronúncias sejam
they are when you cite them from a list of mais fracas do que quando você as cita de
words. Vowels become more like schwa, uma lista de palavras. As vogais se tornam
consonant constrictions are not as stop-like, mais parecidas com schwa, as constrições
or may delete entirely. One factor that is consonantais não são tão parecidas com
related to this weakening is stress. We note uma oclusiva ou podem ser apagadas

446
that some syllables in multisyllabic words completamente. Um fator relacionado a
are stressed while others are not. esse enfraquecimento é o acento.
Percebemos que algumas sílabas em
palavras multissilábicas são acentuadas,
enquanto outras não.
231. The vowels and consonants that are most As vogais e consoantes que são mais
prone to weakening in connected speech propensas a enfraquecer na fala conectada
are those in unstressed syllables. são aquelas em sílabas átonas.
Interestingly, there are two kinds of Curiosamente, há dois tipos de acento - um
stress—one we call “tonic stress” and the que chamamos de “acento tônico” e o outro
other is usually called “word stress.” é geralmente chamado de “acento da
palavra”.
232. Tonic stress is produced when an O acento tônico é produzido quando um
intonational accent is placed on a word (as sotaque entonacional é colocado em uma
it is usually done in isolated word reading). palavra (como é geralmente feito em
So to predict which syllables will undergo leituras isoladas de palavras). Assim, para
the most reduction in connected speech we prever quais sílabas sofrerão a maior
must know both the locations of word redução na fala conectada, devemos
stresses (which can be looked up in the conhecer tanto as localizações dos acentos
dictionary) and the locations of intonational nas palavras (que podem ser pesquisadas no
accents (which vary from utterance to dicionário) quanto as localizações de
utterance, as we show in the intonation sotaques entonacionais (que variam de
section of the chapter). enunciado para enunciado, como nós
mostramos na seção de entonação do
capítulo).
233. The ToBI system for transcribing O sistema ToBI para a transcrição de
intonation contours is also introduced in contornos de entonação também é
this chapter and many examples are given. apresentado neste capítulo e muitos
One important point, that bears repeating, is exemplos são dados. Um ponto importante,
that accurate intonation transcription que vale a pena repetir, é que a transcrição
de entonação precisa requer uma escuta

447
requires careful listening as well as cuidadosa, bem como a inspeção dos traços
inspection of pitch traces. do pitch.
234. We also placed words over our pitch Nós também colocamos palavras sobre
traces, showing roughly where the word nossos traços de pitch, mostrando mais ou
boundaries are, this information is also menos onde estão os limites das palavras,
vital. essa informação também é vital.
235. EXERCISES EXERCÍCIOS
236. (Printable versions of all the exercises are (Printable versions of all the exercises are
available at the book website.) available at the book website.)

1. CHAPTER 6 CAPÍTULO 6
2. PART III PARTE III
3. GENERAL PHONETICS FONÉTICA GERAL
4. Airstream Mechanisms and Phonation Mecanismos da Corrente de Ar e Tipos de
Types Fonação

5. In this part of the book, we will start Nesta parte do livro, começaremos a
considering the total range of human considerar o alcance total das capacidades
phonetic capabilities, not just those used in fonéticas humanas, não apenas aquelas
normal English speech. usadas no discurso normal em inglês.
6. We will look at the sounds of the world’s Vamos olhar para os sons das línguas do
languages, as in this way we can find stable, mundo, pois desta forma podemos encontrar
repeatable examples of almost all the exemplos estáveis e repetíveis de quase
different speech sounds that people can todos os diferentes sons de fala que as
make. pessoas podem fazer.
7. To do this, we will have to enlarge the sets Para fazer isso, teremos que ampliar os
of terms we have been using to describe conjuntos de termos que temos usado para
English. In the first place, all English sounds descrever o inglês. Em primeiro lugar, todos
are initiated by the action of lung air going os sons da língua inglesa são iniciados pela

448
outward; other languages may use ação do ar dos pulmões ejetados para fora;
additional ways of producing an air- stream. outras línguas podem usar formas adicionais
de produzir uma corrente (fluxo) de ar.
8. Second, all English sounds can be Em segundo lugar, todos os sons da língua
categorized as voiced or voiceless; in some inglesa podem ser categorizados como
languages, additional states of the glottis are vozeados ou desvozeados; em algumas
used. línguas, estados adicionais da glote são
utilizados.
9. This chapter will survey the general Este capítulo examinará as categorias
phonetic categories needed to describe the fonéticas gerais necessárias para descrever
airstream mechanisms and phonation types os mecanismos do fluxo de ar e os tipos de
that occur in other languages. Subsequent fonação que ocorrem em outras línguas. Os
chapters will survey other ways in which capítulos subsequentes pesquisarão outras
languages differ. maneiras em que as línguas diferem.
10. These foreign sounds should be studied Esses sons estrangeiros devem ser estudados
even by those who are concerned only with até mesmo por aqueles que se preocupam
the phonetics of English, both because they apenas com a fonética do inglês, tanto
shed light on general human phonetic porque esclarecem as capacidades fonéticas
capabilities and also because they are humanas gerais quanto porque são
important for a precise description of the importantes para uma descrição precisa das
shades of sounds present in normal English nuances de sons presentes nos enunciados
utterances. normais da língua inglesa.
11. In addition, practitioners of clinical speech Além disso, os praticantes de treinamento
training find that the study of general clínico de fala acham que o estudo da
phonetics is essential because disordered fonética geral é essencial porque os
speech contains many non- English forms— distúrbios da fala contêm muitas formas que
the speech pathologist needs the whole IPA, não pertencem à língua inglesa - o
not just the portion used to describe English. fonoaudiólogo precisa de um IPA completo,
não apenas a parte usada para descrever o
inglês.

449
12. Air coming out of the lungs is the source of O ar que sai dos pulmões é a fonte de energia
power in nearly all speech sounds. em quase todos os sons da fala.
13. When lung air is pushed out, we say that Quando o ar pulmonar é empurrado para
there is a pulmonic airstream mechanism. fora, dizemos que existe um mecanismo de
fluxo de ar pulmonar.
14. The lungs are spongelike tissues within a Os pulmões são tecidos esponjosos dentro
cavity formed by the rib cage and the de uma cavidade formada pela caixa
diaphragm (a dome-shaped muscle torácica e pelo diafragma (um músculo em
indicated by the curved line at the bottom of forma de cúpula indicado pela linha curva
Figure 1.3). When the diaphragm contracts, na parte inferior da Figura 1.3). Quando o
it enlarges the lung cavity so that air flows diafragma se contrai, ele aumenta a
into the lungs. The lung cavity can also be cavidade do pulmão para que o ar flua para
enlarged by raising the rib cage, a normal os pulmões. A cavidade pulmonar também
way of taking a deep breath in. pode ser aumentada pelo levantamento da
caixa torácica, uma forma normal de
inspirar profundamente.
15. Air can be pushed out of the lungs by O ar pode ser empurrado para fora dos
pulling the rib cage down, or by pushing the pulmões, puxando a caixa torácica para
diaphragm upward by contracting the baixo ou empurrando o diafragma para
abdominal muscles. cima, contraindo os músculos abdominais.
16. In the description of most sounds, we take Na descrição da maioria dos sons, damos
it for granted that the pulmonic airstream como certo de que o mecanismo da corrente
mechanism is the source of power. But in de ar pulmonar é a fonte de energia. Mas, no
the case of obstruent consonants (stops and caso das consoantes obstruintes (oclusivas e
fricatives), other airstream mechanisms may fricativas), outros mecanismos de fluxo de
be involved. ar podem estar envolvidos.
17. Stops that use only an egressive, or As oclusivas que usam apenas uma corrente
outward-moving, pulmonic airstream are de ar pulmonar egressiva (ou que se move
called plosives. Obstruents made with other para fora) são chamadas de plosivas. As
airstream mechanisms will be specified by obstruentes feitas com outros mecanismos
other terms.

450
de fluxo de ar serão especificadas por outros
termos.

18. In some languages, speech sounds are Em algumas línguas, os sons da fala são
produced by moving different bodies of air. produzidos movendo-se diferentes porções
If you make a glottal stop, so that the air in de ar. Se você fizer uma oclusiva glotal, de
the lungs is contained below the glottis, then modo que o ar nos pulmões seja contido
the air in the vocal tract itself will form a abaixo da glote, então o ar no trato vocal em
body of air that can be moved. An upward si formará uma porção de ar que pode ser
movement of the closed glottis will move movida. Um movimento ascendente da
this air out of the mouth. glote fechada deslocará esse ar para fora da
boca.
19. A downward movement of the closed Um movimento descendente da glote
glottis will cause air to be sucked into the fechada fará com que o ar seja sugado pela
mouth. When either of these actions occurs, boca. Quando qualquer uma dessas ações
there is said to be a glottalic airstream ocorre, diz-se que existe um mecanismo de
mechanism. fluxo de ar glotálico.

20. An egressive glottalic airstream mechanism Um mecanismo glotálico de fluxo de ar


occurs in about 18% of the languages of the egressivo ocorre em cerca de 18% das
world. Hausa, the principal language of línguas do mundo. hausa, a principal língua
northern Nigeria, uses this mechanism in the do norte da Nigéria, usa esse mecanismo na
formation of a velar stop that contrasts with formação de uma oclusiva velar que
the voiceless and voiced velar stops [k, g ]. contrasta com as oclusivas velares surdas e
sonoras [k,g].
21. The movements of the vocal organs are Os movimentos dos órgãos vocais são
shown in Figure 6.1. These are estimated, mostrados na Figura 6.1. Estes são
not drawn on the basis of x-rays. estimados, não desenhados com base em
raios-x.

451
22. In Hausa, the velar closure and the glottal Em hausa, o fechamento velar e o
closure are formed at about the same time. fechamento glótico são formados mais ou
Then, when the vocal folds are tightly menos ao mesmo tempo. Então, quando as
together, the larynx is pulled upward, about cordas vocais estão bem juntas, a laringe é
1 cm. In this way it acts like a piston, puxada para cima, cerca de 1 cm. Desta
compressing the air in the pharynx. forma, age como um pistão, comprimindo o
ar na faringe.

23. The compressed air is released by lowering O ar comprimido é liberado abaixando a


the back of the tongue while the glottal stop parte de trás da língua enquanto a oclusiva
is maintained, producing a sound with a glotal é mantida, produzindo um som com
quality different from that in an English [k]. uma qualidade diferente daquela em [k] no
Very shortly after the release of the velar inglês. Logo após a liberação do fechamento
closure, the glottal stop is released and the velar, a oclusiva glotal é liberada e a
voicing for the following vowel begins. vocalização para a vogal seguinte começa.
24. Figure 6.1 The sequence of events that occurs in Figura 6.1 A sequência de eventos que ocorre em
a glottalic egressive velar stop [k’ ]. uma oclusiva velar egressiva glotal [k’].

25. Stops made with a glottalic egressive As oclusivas feitas com um mecanismo
airstream mechanism are called ejectives. glotal de fluxo de ar egressivo são chamadas
The diacritic indicating an ejective is an de ejetivas. O diacrítico que indica um
apostrophe [ ’ ] placed after a symbol. ejetivo é um apóstrofo [’] colocado após um
símbolo.
26. The Hausa sound we have just described is O som do Hausa que acabamos de
a velar ejective, symbolized [k’ ], as in the descrever é um velar ejetivo, simbolizado
Hausa word for ‘increase’ [k’aːrà], which, [k’], como na palavra Hausa para 'increase’
as you can hear at the website, contrasts with (aumentar) [k’aːrà], que, como se pode ouvir
[kaːràː] ‘put near.’ (The symbol [ː] indicates no site, contrasta com [kaːràː] 'put near.'
that the vowels are long. (‘colocado perto’) (O símbolo [ː] indica que
as vogais são longas.
27. The accents over the vowels indicate the Os acentos sobre as vogais indicam o pitch,
pitch, a low tone. (We will discuss tones in um tom baixo. (Vamos discursar os tons no

452
Chapter 10.) The website also illustrates the Capítulo 10.) O site também apresenta os
contrasts between the Hausa words [kwaːràː] contrastes entre as palavras do hausa
‘pour’ and [kw’aːràː] ‘shea nut.’ It is possible [kwaːràː] ‘pour’ ('derramar') e [kw’aːràː]
to use an ejective mechanism to produce ‘shea nut’ ('noz de karité'). É possível usar
fricatives as well as stops, as Hausa does in um mecanismo ejetivo para produzir
the words [saːràː] ‘cut’ and [s'aːràː] fricativas, bem como oclusivas, como o
‘arrange,’ which are also on the website. hausa faz nas palavras [saːràː] ‘cut’ ('cortar')
e [s'aːràː] ‘arrange’ ('organizar'), que
também estão no site.
28. Of course, a fricative made in this way can É claro, que uma fricativa feita dessa
continue only for a short length of time, as maneira pode continuar apenas por um
there is a comparatively small amount of air curto período de tempo, já que há uma
that can be moved by raising the closed quantidade comparativamente pequena
glottis. de ar que pode ser movida levantando-se
a glote fechada.
29. Ejectives of different kinds occur in a wide Os ejetivos de tipos diferentes ocorrem em
variety of languages, including Native uma ampla variedade de línguas, incluindo
American languages, African languages, línguas nativas americanas, línguas
and languages spoken in the Caucasus.' africanas e línguas faladas no Cáucaso. A
Table 6.1 gives examples of ejectives and Tabela 6.1 dá exemplos de sons ejetivos e
contrasting sounds made with a pulmonic contrastivos feitos com um mecanismo de
airstream mechanism in Lakhota, a Native corrente de ar pulmonar em dacota, uma
American language. língua nativa americana.
30. The sounds of Lakhota differ from those of Os sons da língua dacota diferem dos do
English in many ways, in addition to having inglês de muitas maneiras, além de
contrastive ejectives. Later in this book, we terem ejetivos contrastivos. Mais
will discuss the unfamiliar symbols in this adiante neste livro, discutiremos os
table. símbolos não familiares nesta tabela.
31. You can probably hear the difference Provavelmente você pode perceber a
between the Lakhota syllables [t̪ u] and [t̪ ’u] diferença entre as sílabas de lakhota [t̪ u]
in the audio files that accompany Table 6.1, e [t̪ ’u] nos arquivos de áudio que

453
and these differences are also apparent in the acompanham a Tabela 6.1, e essas
acoustic waveforms and spectrograms of the diferenças também são aparentes nas
syllables shown in Figure 6.2. formas de ondas acústicas e
espectrogramas das sílabas mostradas na
Figura 6.2.
32. Both of these syllables begin with a short Ambas as sílabas começam com uma breve
burst of noise—the release burst of the stop. explosão de ruído - a explosão da liberação
In the case of the pulmonic egressive stop da oclusiva. No caso da oclusiva egressiva
[t̪ ], the vowel starts about 30 milliseconds pulmonar [t̪ ], a vogal começa cerca de 30
later, while in the glottalic egressive stop milissegundos depois, enquanto que na
[t̪ ’], there is a gap of over 120 milliseconds oclusiva glotal egressiva [t̪ ’], há um
and then a second stop release burst (the intervalo de mais de 120 milissegundos e
second burst is marked by the double- depois um segundo ruído da liberação da
headed arrow that points at the release burst oclusiva (o segundo ruído é marcado pela
in the waveform at the top of the figure and seta de duas pontas que aponta para a plosão
in the time-aligned spectrogram at the de liberação na forma de onda no topo da
bottom of the figure). figura e no espectrograma alinhado no
tempo na base da figura).
33. This second stop release is the release of the Esta segunda liberação de oclusiva é a
glottal closure. This is a clear acoustic cue liberação do fechamento glotal. Esta é
telling us that the stop release burst in [t̪ ’u] uma clara pista acústica que nos diz que
was produced by a glottalic egressive ruído da liberação da oclusiva [t̪ ’u] foi
airstream mechanism. produzida por um mecanismo glotal de
corrente de ar egressiva.

34. Figure 6.2 Acoustic waveforms and spectrograms of Figura 6.2 Formas de ondas acústicas e
the Lakhota dental voiceless unaspirated and ejective espectrogramas das oclusivas ejetivas e não-
aspiradas dentais surdas da língua dacota.
stops.
35. Some people make ejectives at the ends of Algumas pessoas realizam ejetivas no final
words in English, particularly in sentence das palavras em inglês, particularmente em
final position. posição final da frase.

454
36. You might notice this in words such as bike Podemos perceber isso em palavras como
with a glottal stop accompanying the final bike com uma oclusiva glotal
[k]. acompanhando o [k] final.

37. If the velar stop is released while the glottal Se a oclusiva velar for liberada enquanto a
stop is still being held, a weak ejective may oclusiva glotal ainda estiver sendo
be heard. See if you can superimpose a realizada, uma ejetiva fraca poderá ser
glottal stop on a final [k] and produce an ouvida. Veja se você pode sobrepor uma
ejective. Now try to make a slightly more oclusiva glotal em um [k] final e produzir
forceful ejective stop. By now, you should uma ejetiva. Agora tente fazer uma
be fully able to make a glottal stop in a oclusiva ejetiva um pouco mais forte. Até
sequence such as [aʔa], so the next step is to agora, você deve pode fazer uma oclusiva
learn to raise and lower the glottis. glotal em uma sequência como [aʔa],
então o próximo passo é aprender a
levantar e abaixar a glote.

38. If you hold your breath and make [k] Se você prender a respiração e fizer sons
sounds while you keep holding your breath, de [k] enquanto mantém a respiração
you are probably making ejective stops. The presa, você provavelmente estará fazendo
glottis remains closed because you are oclusivas ejetivas. A glote permanece
holding your breath, and it moves up and fechada porque você está prendendo a
down in the throat to produce the [k]. respiração e ela sobe e desce na garganta
para produzir o [k].
39. Feel your larynx and see if it moves up in Sinta sua laringe e veja se ela se move para
the throat. Another way to learn to recognize cima na garganta. Outra maneira de
what it feels like to raise the glottis is by aprender a reconhecer como é levantar a
singing a very low note and then moving to glote é cantando uma nota muito baixa e,
the position for singing the highest note that em seguida, mudando para a posição de
you possibly can. cantar a nota mais alta possível.
40. Doing this silently makes it easier to Fazer isso silenciosamente, torna mais
concentrate on feeling the muscular fácil se concentrar em sentir as sensações

455
sensations involved. Putting your fingers on musculares envolvidas. Colocar os dedos
your throat above the larynx is also a help in na garganta acima da laringe também
feeling the movements. Repeat (silently) ajuda a sentir os movimentos. Repita
this sequence—low note, very high note— (silenciosamente) essa sequência - nota
until you have thoroughly experienced the baixa, nota muito alta - até que você tenha
sensation of raising your glottis. experimentado a sensação de elevar sua
glote.

41. Now try to make this movement with a Agora tente fazer esse movimento com a
closed glottis. There will, of course, be no glote fechada. Naturalmente, não haverá
sounds produced by these movements alone. sons produzidos apenas por esses
movimentos.
42. Practice superimposing larynx movement Pratique a superposição do movimento da
on a velar stop. Say the sequence [ɑk]. Then laringe em uma oclusiva velar. Diga a
say this sequence again, very slowly, sequência [ɑk]. Depois, repita essa
holding your tongue in the position for the [ sequência, muito lentamente, mantendo sua
k ] closure at the end for a second or so. língua na posição para o fechamento em [k]
no final por um segundo ou mais.

43. Now say it again, and while maintaining the Agora diga novamente, e enquanto mantém
[k] closure, do three things: (1) make a o fechamento em [k], faça três coisas: (1)
glottal stop; (2) if you can, raise your larynx; faça uma oclusiva glotal; (2) se você puder,
and (3) release the [k] closure while levante sua laringe; e (3) libere o
maintaining the glottal stop. Don’t worry fechamento em [k] enquanto mantém a
about step (2) too much. The important thing oclusiva glotal. Não se preocupe muito com
to concentrate on is having a glottal stop and o passo (2). O importante para se concentrar
a velar closure going on at the same time, é manter uma oclusiva glotal e um
and then releasing the velar closure before fechamento velar acontecendo ao mesmo
releasing the glottal stop. tempo, e depois liberar o fechamento velar
antes de liberar a oclusiva glotal.

456
44. The release of the velar closure will A liberação do fechamento velar produzirá
produce only a very small noise, but it will somente um ruído baixinho, mas será um
be an ejective [k’]. Next, try to produce a [k’] ejetivo. Em seguida, tente produzir uma
vowel after the ejective. This time start from vogal após a ejetiva. Desta vez comece pela
the sequence [ɑkɑ]. Say this sequence sequência [ɑkɑ]. Diga essa sequência
slowly, with a long [k] closure. Then, during lentamente, com um longo fechamento para
this closure, make a glottal stop and raise the [k]. Então, durante este fechamento, faça
larynx. uma oclusiva glotal e levante a laringe.
45. Then release the [k] closure while still Em seguida, libere o fechamento de [k]
maintaining the glottal stop. Finally, release enquanto ainda mantém a oclusiva glotal.
the glottal stop and follow it with a vowel. Finalmente, libere a oclusiva glotal e
You should have produced something like acrescente uma vogal. Você deve ter
[ɑk'ʔɑ]. produzido algo como [ɑk'ʔɑ].
46. When this sequence becomes more fluent, Quando essa sequência se torna mais
so that there is very little pause between the fluente, de modo que haja pouquíssima
release of the velar closure and the release pausa entre a liberação do fechamento velar
of the glottal stop, it will be simply an e a liberação da oclusiva glotal, será
ejective followed by a vowel: [ɑk’ɑ]. simplesmente uma ejetiva seguida por uma
vogal: [ɑk’ɑ].
47. There is, of course, still a glottal stop after Obviamente, ainda há uma oclusiva glotal
the release of the velar stop and before the após a liberação da oclusiva velar e antes da
vowel, but unless it is exceptionally long, vogal, mas, a menos que seja
we may consider it to be implied by the excepcionalmente longa, podemos
symbol for the ejective. Another way of considerar que ela esteja implícita no
learning to produce an ejective is to start símbolo da ejetiva. Outra maneira de
from the usual American (and common aprender a produzir uma ejetiva é começar
British) pronunciation of button as ['bʌʔn,]. com a pronúncia americana e britânica usual
de button (botão) como ['bʌʔn,].

48. Try starting to say button but finishing with Tente começar a dizer o button, mas
another vowel [ʌ] instead of the nasal [n]. If terminando com outra vogal [ʌ] ao invés da

457
you make sure you do include the glottal nasal [n]. Se você se certificar de incluir a
stop form of /t /, the result will probably be forma de oclusiva glotal /t/, o resultado
['bʌʔtʌ]. If you say this slowly, you should provavelmente será ['bʌʔtʌ]. Se você falar
be able to convert it, first into ['bʌʔt’ʔʌ], devagar, possivelmente irá convertê-lo,
then into ['bʌt’ʌ], and finally, altering the primeiro para ['bʌʔt’ʔʌ], depois para ['bʌt’ʌ]
stress, into [bʌ’t’ʌ]. e, finalmente, alterando o acento para
[bʌ’t’ʌ].

49. Eventually, you should be able to produce Posteriormente, você poderá produzir
sequences such as [p’a, t’a, k’a] and perhaps sequências como [p'ɑ, t’ɑ, k'ɑ] e talvez [tʃ’ɑ,
[tʃ’ɑ, s'ɑ] as well. Practice producing s'ɑ] também. Pratique a produção de
ejectives before, after, and between a wide ejetivos antes, depois e entre uma ampla
variety of vowels. You should also try to say variedade de vogais. Você também deve
the Lakhota words in Table 6.1. But if you tentar pronunciar as palavras do dacota na
find ejectives difficult to produce, don’t Tabela 6.1. Mas se você achar que os
worry. ejetivos são difíceis de produzir, não se
preocupe.
50. As you might gather from this discussion, Como se pode entender nessa discussão,
many people aren’t able to say ejectives muitas pessoas não conseguem dizer os
right away. Just keep on practicing. It is also ejetivos imediatamente. É importante
possible to use a downward movement of continuar praticando.
the larynx to suck air inward. Stops made Também é possível usar um movimento
with an ingressive glottalic airstream descendente da laringe para sugar o ar para
mechanism are called implosives. In the dentro. As oclusivas feitas com um
production of implosives, the downward- mecanismo de fluxo de ar glotálico
moving larynx is not usually completely ingressivo são denominadas implosivas. Na
closed. produção de implosivas, a laringe com o
movimento descendente geralmente não é
completamente fechada.
51. The air in the lungs is still being pushed out, O ar nos pulmões ainda está sendo
and some of it passes between the vocal empurrado para fora, e parte dele passa entre

458
folds, keeping them in motion so that the as cordas vocais, mantendo-as em
sound is voiced. movimento de maneira que o som seja
vozeado.
52. Figure 6.3 shows the movements in a A Figura 6.3 mostra os movimentos em uma
voiced bilabial implosive of a kind that implosiva bilabial sonora de um tipo que
occurs in Sindhi (an Indo-Aryan language ocorre em Sindhi (uma língua indo-ariana
spoken in India and Pakistan). Implosives falada na Índia e no Paquistão). As
sometimes occur as allophones in English, implosivas às vezes ocorrem como alofones
particularly in emphatic articulations of em inglês, particularmente em articulações
bilabial stops, as in absolutely billions and enfáticas de oclusivas bilabiais, como em
billions. absolutely billions and billions.
53. In all the implosives we have measured, the Em todas as implosivas que medimos, o
articulatory closure—in this case, the lips fechamento articulatório - neste caso, os
coming together—occurs first. lábios se unindo - ocorre primeiro.
54. The downward movement of the glottis, O movimento descendente da glote, que
which occurs next, is like that of a piston ocorre em seguida, é como o de um pistão
that would cause a reduction in the pressure que causaria uma redução na pressão do ar
of the air in the oral tract. But it is a leaky no trato oral. Mas é um pistão com
piston in that the air in the lungs continues vazamento, pois o ar dos pulmões continua
to flow through the glottis. As a result, the a fluir pela glote. Como resultado, a pressão
pressure of the air in the oral tract is often do ar no trato oral muitas vezes não é muito
not affected very much. (In a plosive [b] afetada. (Em um [b] plosivo há, obviamente,
there is, of course, an increase in the um aumento na pressão do ar no trato vocal.)
pressure of the air in the vocal tract.) When Quando o fechamento articulatório é
the articulatory closure is released, there liberado, pode haver ação implosiva com o
may be implosive action with air sucked into ar sugado pela boca, mas em implosivas
the mouth, but in less emphatic implosives menos enfáticas, pode não haver uma
there may not be actual ingressive airflow. corrente de ar ingressiva real.
55. Instead, the peculiar quality of the sound Em vez disso, a qualidade peculiar do som
arises from the complex changes in the surge das mudanças complexas na forma do
shape of the vocal tract and in the vibratory

459
pattern of the vocal folds. In many trato oral e no padrão vibratório das cordas
languages, such as Sindhi and several vocais.
African and Native American languages, Em muitas línguas, como em sindi e em
implosives contrast with plosives. várias línguas africanas e nativas
americanas, as implosivas contrastam com
plosivas.
56. However, in some languages (e.g., No entanto, em algumas línguas (como por
Vietnamese), implosives are simply variants exemplo, o vietnamita), as implosivas são
(allophones) of voiced plosives and are not simplesmente variantes (alofones) de
in contrast with those sounds. The top line plosivas sonoras e não estão em contraste
of Table 6.2 (on page 150) illustrates com esses sons. A linha superior da Tabela
implosives in Sindhi. 6.2 (na página 150) ilustra implosivas em
Sindi.
57. The symbols for implosives have a small Os símbolos para as implosivas têm um
hook on the top of the regular symbol. pequeno gancho no topo do sinal normal.
58. For the moment, we will consider only the Por enquanto, consideraremos apenas a
first and second rows in Table 6.2, which primeira e segunda linha da Tabela 6.2, que
illustrate ingressive glottalic stops ilustram as plosivas glotalálicas ingressivas
(implosives) in the first row, contrasting (implosivas) na primeira linha, contrastando
with regular pulmonic plosives in the com as plosivas pulmonares regulares na
second row. segunda linha.
59. Sindhi has unfamiliar places of articulation O Sindi tem pontos de articulação
illustrated in the third and fourth columns, desconhecidos ilustrados na terceira e quarta
which we will consider in Chapter 7. coluna, que serão considerados no Capítulo
7.
60. The lower rows in the table illustrate As linhas inferiores da tabela ilustram os
phonation types that we will consider later tipos de fonação que consideraremos mais
in this chapter. adiante neste capítulo.
61. Acoustic waveforms and spectrograms of Formas de onda acústicas e espectrogramas
two of the words in Table 6.2 are shown in de duas das palavras na Tabela 6.2 são
Figure 6.4 (on page 150). mostrados na Figura 6.4 (na página 150).

460
62. There are several differences in these Existem várias diferenças nessas
displays relating to the differences between apresentações relacionadas às diferenças
the vowels and intervocalic consonants that entre as vogais e as consoantes
we will return to later in this book. For now, intervocálicas às quais voltaremos mais
we would like to focus on the initial adiante neste livro. Por enquanto,
consonants [ɖ] and [ᶑ]. gostaríamos de nos concentrar nas
consoantes iniciais [ɖ ] e [ᶑ ].
63. Both of these start with a short period of Ambas começam com um curto período de
low amplitude voicing, which in the vozeamento de baixa amplitude, que no
spectrogram appears as a gray bar at the espectrograma aparece como uma barra
bottom of the spectrogram. cinza na parte inferior.
64. This is called the voice bar and is an Isso é chamado de barra de voz e é uma
acoustic property of all (phonetically) propriedade acústica de todas as oclusivas
voiced stops. So, both [ɖ] and [ᶑ] are voiced. sonoras (foneticamente). Então, ambas [ɖ] e
[ᶑ] são sonoras.
65. Interestingly, the pulmonic voiced stop [ɖ ] Curiosamente, a oclusiva sonora pulmônica
has a longer voice bar than the glottalic [ɖ ] tem uma barra de voz mais longa do que
ingressive stop [ᶑ]. This characteristic is a oclusiva glotálica ingressiva [ᶑ ]. Esta
present for the other Lakhota pairs in Table característica está presente nos outros pares
6.2 but has not been reported as a phonetic da língua dacota na Tabela 6.2, mas não foi
characteristic of the pulmonic/implosive relatada como uma característica fonética do
contrast in other languages. contraste pulmonar/implosivo em outras
línguas.
66. Figure 6.4 Acoustic waveforms and spectrograms Figura 6.4 Formas de onda acústicas e
of the Sindhi retroflex voiced and implosive stops. espectrogramas das oclusivas implosivas e
retroflexas sonoras do sindi.
67. There is one other difference between [ɖ ] Há outra diferença entre [ɖ ] e [ᶑ ] que está
and [ᶑ ] that is consistently present for consistentemente presente para contrastes
contrasts between implosives and plosives. entre implosivas e plosivas. Você perceberá
You will notice that in the implosive [ᶑ ], the que na implosiva [ᶑ ], a barra de voz se torna
voice bar grows louder over time, while in mais alta com o tempo, enquanto na oclusiva

461
the pulmonic stop [ɖ ], the amplitude of the pulmônica [ɖ ], a amplitude da barra de voz
voice bar decreases over time. diminui com o tempo.
68. This difference is almost always seen when Essa diferença é quase sempre vista quando
we compare regular pulmonic stops and comparamos oclusivas pulmonares comuns
implosives— and might be a good cue to e implosivas - e pode ser uma boa sugestão
look for as you practice making the para pesquisar enquanto você pratica a
distinction. We do not know any foolproof distinção. Não conhecemos nenhuma
way of teaching people to make implosives. maneira infalível de ensinar as pessoas a
Some people can learn to make them just by pronunciarem fonemas implosivos.
imitating their instructor; others can’t. Algumas pessoas podem aprender a fazê-los
apenas imitando seu professor; outros não
conseguem.
69. (Peter Ladefoged, incidentally, was one of (Peter Ladefoged, aliás, era um dos que não
the latter group. He did not learn to make conseguiam. Ele não aprendeu a fazer
implosives until nearly the end of a year implosivos até quase um ano estudando
studying phonetics. fonética.
70. Keith Johnson learned to make implosives Keith Johnson aprendeu a fazer implosivos
by imitating his instructor’s funny imitando a pronúncia engraçada de seu
pronunciation of “Alabama” and then instrutor na palavra “Alabama” e então
realized that he also used the implosive [ɠ ] percebeu que ele também usou o implosivo
in imitating the noise of liquid pouring from [ɠ] ao imitar o ruído do líquido que flui de
a bottle [ɠ ə ɠ ə ɠ ə ɠ ə] The best suggestion uma garrafa [ɠ ə ɠ ə ɠ ə ɠ ə] A melhor
we can make is to start from a fully voiced sugestão que podemos fazer é começar a
plosive. partir de uma plosiva totalmente sonora.
71. Say [ɑbɑ], making sure that the voicing Diga [ɑbɑ], certificando-se de que a voz
continues throughout the closure of [b]. continue até o fechamento de [b]. Agora
Now say this sequence slowly, making the diga essa sequência lentamente, fazendo o
closure last as long as you can while fechamento durar o máximo que puder
maintaining strong vocal fold vibrations. enquanto mantém fortes vibrações nas
cordas vocais.

462
72. Release the closure (open the lips) before Libere o fechamento (abra os lábios) antes
the voicing stops. If you put your fingers on que o vozeamento pare. Se você colocar
your throat above the larynx while doing seus dedos em sua garganta acima da laringe
this, you will probably be able to feel the ao fazer isso, você provavelmente sentirá a
larynx moving down during the closure. laringe descendo durante o fechamento.

73. There are straightforward mechanical Existem razões mecânicas diretas pelas
reasons why the larynx moves down in these quais a laringe se move pra baixo nessas
circumstances. To maintain voicing circunstâncias. Para manter o vozeamento
throughout a [b], air must continue to flow ao longo de um [b], o ar deve continuar a
through the glottis. But it cannot continue to fluir através da glote. Mas não pode
flow for very long, because while the continuar a fluir por muito tempo, porque
articulatory position of [ b ] is being held, enquanto a posição articulatória de [b] está
the pressure of the air in the mouth is sendo mantida, a pressão do ar na boca está
continually increasing as more air flows aumentando continuamente à medida que
through the glottis. mais ar flui através da glote.

74. To keep the vocal folds vibrating, the air in Para manter as cordas vocais vibrando, o ar
the lungs must be at an appreciably higher nos pulmões deve estar a uma pressão
pressure than the air in the vocal tract so that apreciavelmente mais alta que o ar no trato
there is a pressure drop across the glottis. vocal, de modo que haja uma queda de
One of the ways of maintaining the pressure pressão através da glote. Uma das maneiras
drop across the glottis is to lower the larynx de manter a queda de pressão na glote é
and thus increase the space available in the abaixar a laringe e, assim, aumentar o
vocal tract. espaço disponível no trato vocal.
75. Consequently, when saying a long [b], there Consequentemente, ao dizer um [b] longo,
is a natural tendency to lower the larynx. If há uma tendência natural de abaixar a
you try to make a long, fully voiced [b] very laringe. Se você tentar fazer um [b] longo
forcibly but open the lips before the voicing totalmente vozeado, com bastante força,
stops, you may end up producing an mas abra os lábios antes que o vozeamento
implosive [ɓ]. You can check your progress pare, você pode acabar produzindo uma

463
in learning to produce implosives by using a implosão [ɓ]. Você pode verificar seu
straw in a drink. progresso em aprender a produzir
implosivos usando um canudo em uma
bebida.

76. Hold a straw immersed in a liquid between Segure um canudo imerso em um líquido
your lips while you say [ɑbɑ]. You should entre seus lábios enquanto você diz [ɑbɑ].
see the liquid move upward in the straw Você deve ver o líquido mover-se para cima
during the [ɓ]. no canudo durante o [ɓ].
77. Historically, languages seem to develop Historicamente, as línguas parecem
implosives from plosives that have become desenvolver fonemas implosivos a partir de
more and more voiced. In many languages, plosivos que se tornaram mais e mais
as we mentioned earlier, voiced implosives sonoros. Em muitas línguas, como
are simply allophones of voiced plosives. mencionado anteriormente, os implosivos
Often, as in Vietnamese, these languages sonoros são simplesmente alofones de
have voiced plosives that have, to be fully plosivos sonoros. Frequentemente, como
voiced to keep them distinct from two other em vietnamita, essas línguas têm plosivas
sets of plosives that we will discuss in the sonoras que devem ser plenamente sonoras
next section. para mantê-las distintas de outros dois
conjuntos de plosivas que discutiremos na
próxima seção.

78. In languages such as Sindhi, for which we Em línguas como sindi, para a qual temos
have good evidence of the earlier stages of boas evidências de seus estágios iniciais,
the language, we can clearly see that the podemos ver claramente que os atuais
present implosives grew out of older voiced implosivos cresceram a partir de plosivos
plosives in this way; the present contrasting sonoros mais antigos, dessa maneira; os
voiced plosives are due to later influences of atuais plosivos vozeados contrastivos se
neighboring languages. devem às influências posteriores das línguas
vizinhas.

464
79. One other airstream mechanism is used in a Outro mecanismo de fluxo de ar é usado em
few languages. This is the mechanism that is algumas línguas. Esse é o mecanismo usado
used in producing clicks, such as the na produção de cliques, como a interjeição
interjection expressing disapproval that que expressa a desaprovação que os
novelists write tuttut or tsktsk. Another type romancistas escrevem tuttut ou tsktsk50.
of click is commonly used to show approval Outro tipo de clique é comumente usado
or to signal horses to go faster. para mostrar aprovação ou sinalizar para que
cavalos corram mais rápido.

80. Still another click in common use is the Ainda outro clique de uso comum é do tipo
gentle, pursed-lips type of kiss that one beijos suaves com os lábios franzidos que se
might drop on one’s grandmother’s cheek. pode dar na bochecha de uma avó. Os
Clicks occur in words (in addition to cliques ocorrem em palavras (além de
interjections or nonlinguistic gestures) in interjeições ou gestos não linguísticos) em
several African languages. Zulu, for várias línguas africanas. O zulu, por
example, has a number of clicks, including exemplo, tem vários cliques, incluindo um
one that is very similar to our expression of que é muito semelhante à nossa expressão
disapproval. de reprovação.

81. The easiest click to start studying is the O clique mais fácil para começar a estudar é
gentle-kiss-with-pursed-lips type. In a do tipo beijo suave com lábios franzidos.
language that uses bilabial clicks of this sort, Em uma língua que usa cliques bilabiais
the gesture is not quite the same as that used desse tipo, o gesto não é o mesmo daquele
by most people making a friendly kiss. The usado pela maioria das pessoas ao darem um
linguistic gesture does not involve beijo amigável. O gesto linguístico não
puckering the lips. envolve franzir os lábios.

50 para mostrar desaprovação fazendo um som (como "tut-tut"): com um movimento de


clique implosivo para dizer algo que expresse desaprovação fonte: https://www.merriam-
webster.com/dictionary/tut-tut Grifo meu.

465
82. They are simply compressed in a grimmer Eles são simplesmente comprimidos de uma
manner. Make a “kiss” of this type. Say this maneira mais séria. Faça um "beijo" desse
sound while holding a finger lightly along tipo. Diga este som enquanto mantem um
the lips. You might be able to feel that air dedo levemente ao longo dos lábios. Você
rushes into the mouth when your lips come poderá sentir que o ar entra na boca quando
apart. seus lábios se separam.
83. Note that while you are making this sound, Perceba que enquanto você está fazendo
you can continue to breathe through your esse som, você pode continuar a respirar
nose. pelo nariz.
84. This is because the back of the tongue is Isso ocorre porque a parte de trás da língua
touching the velum, so that the air in the está tocando o palato mole, de modo que o
mouth used in making this sound is ar na boca usado para fazer esse som é
separated from the airstream flowing in and separado da corrente de ar que entra e sai do
out of the nose. nariz.

85. Now say the click expressing disapproval Agora diga o clique expressando
(with the blade of the tongue touching the desaprovação (com a lâmina da língua
teeth and alveolar ridge), the one that tocando os dentes e a crista alveolar), aquela
authors sometimes write tuttut or tsktsk que os autores às vezes escrevem tuttut ou
when they wish to indicate a click sound; tsktsk quando desejam indicar um som de
they do not, of course, mean [tʌt tʌt] or [tɪsk clique; eles não significam, obviamente, [tʌt
tɪsk]. tʌt] ou [tɪsk tɪsk].
86. Say a single click of this kind and try to feel Pronuncie um clique desse tipo e tente sentir
how your tongue moves. The positions of como sua língua se move. As posições dos
the vocal organs in the corresponding Zulu órgãos vocais no som zulu correspondente
sound are shown in Figure 6.5. At the são mostradas na Figura 6.5. No início deste
beginning of this sound, there are both som, existem fechamentos dentais e velares.
dental and velar closures.
87. As a result, the body of air shown in the Como resultado, a porção de ar mostrada na
dark shaded area in Figure 6.5 is totally área sombreada escura na Figura 6.5 está
enclosed. totalmente confinado.

466
88. When the back and central parts of the Quando as partes de trás e central da língua
tongue move down, this air becomes se movem para baixo, esse ar se torna
rarefied. A click is produced when this rarefeito. Um clique é produzido quando
partial vacuum is released by lowering the este vácuo parcial é liberado, abaixando-se
tip of the tongue. The IPA symbol for a a ponta da língua. O símbolo IPA para um
dental click is [|], a single vertical stroke clique dental é [|], um traço vertical único
extending both above and below the line of que se estende acima e abaixo da linha de
writing. escrita.
89. Movement of the body of air in the mouth O movimento da porção de ar na boca é
is called a velaric airstream mechanism. chamado de mecanismo de fluxo de ar
Clicks are stops made with an ingressive velárico. Cliques são oclusivas feitas com
velaric airstream mechanism (as shown in um mecanismo de fluxo de ar velárico
Figure 6.5). ingressivo (como mostrado na Figura 6.5).
90. It is also possible to use this mechanism to Também é possível usar este mecanismo
cause the airstream to flow outward by para fazer com que a corrente de ar flua para
raising the tongue and squeezing the fora, levantando a língua e apertando a
contained body of air, but this latter porção de ar contido, mas esta
possibility is not actually used in any known última possibilidade não é realmente usada
language. em nenhuma língua conhecida.

91. The sound described in Figure 6.5 is a O som descrito na Figura 6.5 é um clique
dental click. If the partial vacuum is released dental. Se o vácuo parcial for liberado,
by lowering the side of the tongue, a lateral abaixando-se o lado da língua, será um
click—the sound sometimes used for clique lateral - o som algumas vezes usado
encouraging horses—is produced. para incentivar cavalos - é produzido.
92. The phonetic symbol is [||], a pair of vertical O símbolo fonético é [||], um par de traços
strokes, again going both above and below verticais, indo novamente acima e abaixo da
the line of writing. Clicks can also be made linha de escrita. Os cliques também podem
with the tip (not the blade) of the tongue ser feitos com a ponta (não a lâmina) da
touching the posterior part of the alveolar língua tocando a parte posterior da crista
ridge. alveolar.

467
93. The phonetic symbol for a click of this kind O símbolo fonético de um clique deste tipo
is [!], an exclamation point (this time resting é [!], um ponto de exclamação (desta vez
on the line of writing). These three descansando na linha de escrita). Todas
possibilities all occur in Zulu and in the essas três possibilidades ocorrem em zulu e
neighboring language Xhosa. Some of the na língua vizinha xhosa. Algumas das
aboriginal South African languages, such as línguas aborígenes sul-africanas, como
Nama and !xóõ, have an even wider variety nama e !xóõ, têm uma variedade ainda
of click articulations. !xóõ, spoken in maior de articulações de cliques. O !xóõ,
Botswana, is one of the few languages that falado em Botswana, é uma das poucas
have bilabial clicks—a sort of thin, straight- línguas que têm cliques bilabiais - uma
lips kiss sound, for which the symbol is [ʘ]. espécie de som de beijo com os lábios finos
e retos, cujo símbolo é [ʘ].

94. In the production of click sounds, there is a Na produção de cliques, existe um


velar closure, and the body of air involved is fechamento velar e a porção de ar envolvido
in front of this closure (i.e., in the front of fica na frente deste fechamento (isto é, na
the mouth). frente da boca).
95. Consequently, it is possible to produce a Consequentemente, é possível produzir um
velar sound with a glottalic or pulmonic som velar com um mecanismo de fluxo de
airstream mechanism while a click is being ar glotálico ou pulmonar, enquanto um
made. clique está sendo feito.
96. You can demonstrate this for yourself by Você pode reproduzir isso cantarolando
humming on the velar nasal [ŋ] continuously com a nasal velar [ŋ] continuamente
while producing clicks. This is probably the enquanto produz cliques. Esta é
easiest way to start to learn how to produce provavelmente a maneira mais fácil de
clicks. We may symbolize the co- começar a aprender a produzir cliques.
occurrence of a nasal and a click by writing Podemos simbolizar a co-ocorrência de uma
a tie bar [͡ ] over the two symbols. nasal e um clique, incluindo uma barra de
ligação [͡ ] sobre os dois símbolos.
97. Thus, a dental click and a velar nasal would Assim, um clique dental e uma nasal velar
be written [ŋ͡|], and the hummed sequence is seriam representados assim: [ŋ͡|], e a

468
[ŋ͡| ŋ͡| ŋ͡| ŋ͡| ŋ͡| ŋ͡| ŋ͡| ŋ͡|]. In transcribing click sequência cantarolada é [ŋ͡| ŋ͡| ŋ͡| ŋ͡| ŋ͡| ŋ͡| ŋ͡| ŋ͡|].
languages, the tie bar is usually left off, and Ao transcrevermos línguas com cliques, a
simultaneity is assumed. Even if the soft barra de ligação é geralmente deixada de
palate is raised so that air cannot flow fora e presume-se a simultaneidade. Mesmo
through the nose, the pulmonic airstream que o palato mole seja elevado de modo que
mechanism can still be used to keep the o ar não possa fluir pelo nariz, o mecanismo
vocal folds vibrating for a short time during de fluxo de ar pulmonar ainda pode ser
a click. usado para manter as cordas vocais vibrando
por um curto período de tempo durante um
clique.

98. When the back of the tongue is raised for a Quando a parte de trás da língua é levantada
click and there is also a velic closure, the para um clique e exista também um
articulators are in the position for [ɡ]. A fechamento vélico, os articuladores estarão
voiced dental click of this kind is therefore na posição de [ɡ]. Um clique dental sonoro
a combination of [ɡ] and [|] and may be deste tipo é, portanto, uma combinação de
symbolized [ɡ|] (omitting the tie bar). [ɡ] e [|] e pode ser simbolizado [ɡ|]
(omitindo-se a barra de ligação).

99. At this point we should note that, strictly Neste ponto, devemos observar que,
speaking, the transcription of clicks always estritamente falando, a transcrição de
requires a symbol for both the click itself cliques sempre requer um símbolo para o
and for the activity associated with the velar próprio clique e para a atividade associada
closure. We transcribed the voiced click ao fechamento velar. Transcrevemos o
with a [ɡ] plus the click symbol, and the clique sonoro com um [ɡ] mais o símbolo do
nasalized click with [ŋ ] plus the click clique e o clique nasalizado com [ŋ] mais o
symbol. símbolo do clique.

100. We should also transcribe the voiceless Também devemos transcrever o clique
click with [k] plus the click symbol. It is surdo com [k] mais o símbolo do clique.
perhaps not necessary for a beginning Talvez não seja necessário que um aluno

469
student in phonetics to be able to produce all iniciante em fonética esteja apto a produzir
sorts of different clicks in regular words. todos os tipos de cliques diferentes em
palavras comuns.
101. But you should be able to produce at least a Mas você deve ser capaz de produzir pelo
simple click followed by a vowel. Try menos um clique simples seguido por uma
saying [k|] followed by [ɑ]. Make a vowel vogal. Tente dizer [k|] seguido por [ɑ].
as soon after the click as possible, so that it Pronuncie uma vogal logo que possível após
sounds like a single syllable [k|ɑ] (using the o clique, para que este soe como uma sílaba
convention that regards the [k] and the click [k|ɑ] (usando-se a convenção que considera
as simultaneous, as if there were a tie bar). o [k] e o clique como simultâneos, como se
houvesse uma barra de ligação).

102. As a more challenging exercise, learn to Como um exercício mais desafiador,


produce clicks between vowels. Start by aprenda a produzir cliques entre vogais.
repeating [k|ɑ] a number of times, so that Comece repetindo [k|ɑ] várias vezes, de
you are saying [k|ɑ k|ɑ k|ɑ]. Now say modo que você esteja dizendo [k|ɑ k|ɑ k|ɑ].
dental, post-alveolar, and lateral clicks in Agora, diga cliques dentais, pós-alveolares
sequences such as [ɑk|ɑ ɑk!ɑ, ɑk||ɑ]. Make e laterais em sequências como [ɑk|ɑ ɑk!ɑ,
sure there are no pauses between the vowels ɑk||ɑ]. Certifique-se de que não haja pausas
and the clicks. entre as vogais e os cliques.
103. Now try to keep the voicing going Agora tente manter a voz ao longo das
throughout the sequences, so that you sequências, de maneira que você produza
produce [ɑɡ|ɑ, ɑɡ!ɑ, ɑɡ||ɑ]. Last, produce [ɑɡ|ɑ, ɑɡ!ɑ, ɑɡ||ɑ]. Por último, produza
nasalized clicks, perhaps with nasalized cliques nasalizados, talvez com vogais
vowels on either side [ɑŋ|ɑ, ɑŋ!ɑ, ɑŋ||ɑ]. nasalizadas de ambos os lados [ɑŋ|ɑ, ɑŋ!ɑ,
(again with the nasal being simultaneous ɑŋ||ɑ]. (novamente com o nasal sendo
with the click). simultâneo com o clique).
104. Repeat with other vowels. Repita com outras vogais.
105. The spelling system regularly used in books O sistema ortográfico usado regularmente
and newspapers in Zulu and Xhosa employs em livros e jornais em zulu e xhosa emprega
the letters c, q, x for the dental, post- as letras c, q, x para os cliques dentais, pós-

470
alveolar, and lateral clicks for which we alveolares e laterais para os quais usamos os
have been using the symbols [|, !, ||], símbolos [|, !, ||], respectivamente.
respectively.
106. The name of the language Xhosa should O nome da língua xhosa deve, portanto, ser
therefore be pronounced with a lateral click pronunciado com um clique lateral no
at the beginning. The h following the início. O h que segue o X ortográfico indica
orthographic X indicates a short burst of uma pequena explosão de aspiração após o
aspiration following the click. Try saying clique. Tente dizer o nome da língua com
the name of the language with an aspirated um clique geral aspirado no começo.
lateral click at the beginning.
107. Table 6.3 shows a set of contrasting clicks A Tabela 6.3 mostra um conjunto de cliques
in Xhosa. contrastivos em xhosa.
108. Nearly all the words in this table are Quase todas as palavras nesta tabela são
infinitive forms of words, which is why they formas infinitivas de palavras, e é por isso
begin with the prefix [ukú]. que elas começam com o prefixo [ukú].

109. The website also illustrates clicks in Zulu, a O site também ilustra cliques em zulu, uma
language closely related to Xhosa, and in língua intimamente relacionada com o
Nama and !xóõ, two Khoisan languages xhosa, e em nama e !xóõ, duas línguas
spoken in Namibia and Botswana. khoisan faladas na Namíbia e em Botswana.
110. You can find examples of these languages Você pode encontrar exemplos desses
by going to the index of languages, the index idiomas acessando o índice de idiomas, o
of sounds, or the map index, all of which are índice de sons ou o índice do mapa, todos
accessible in the “Extras” section of the acessíveis na seção “Extras” do site.
website.
111. Table 6.4 summarizes the principal A Tabela 6.4 resume os principais
airstream mechanisms. Note that pulmonic mecanismos de fluxo de ar. Perceba que os
sounds can be voiced or voiceless. Glottalic sons pulmonares podem ser sonoros ou
egressive sounds—ejectives—are always surdos. Os sons egressivos glotálicos -
voiceless. ejetivos - são sempre surdos.

471
112. Glottalic ingressive sounds—implosives— Os sons ingressivos glotálicos - implosivos
are nearly always voiced by being combined - são quase sempre sonoros ao serem
with a pulmonic egressive airstream, but combinados com uma corrente de ar
voiceless glottalic ingressive sounds pulmonar egressiva, mas os sons ingressivos
(voiceless implosives) have been reported in glotálicos surdos (implosivos surdos) foram
a few languages, such as the Owerri dialect relatados em algumas línguas, como no
of Igbo, spoken in Nigeria. dialeto owerri de Igbo, falado na Nigéria.
113. (Igbo examples are among the extra (Os exemplos de Igbo estão entre os
material on the website, accessible through materiais extras no site, acessíveis através
the index of languages.) Velaric ingressive do índice de idiomas.) Os sons ingressivos
sounds (clicks) may be combined with veláricos (cliques) podem ser combinados
pulmonic egressive sounds so that the com sons egressivos pulmonares de modo
resulting combination can be voiced or que a combinação resultante possa ser
voiceless. These combinations can also be sonora ou surda. Essas combinações
oral or nasal. também podem ser orais ou nasais.
114. STATES OF THE GLOTTIS ESTADOS DA GLOTE

115. So far, we have been considering sounds to Até agora, temos considerado que os sons
be either voiceless, with the vocal folds são desvozeados, com as cordas vocais
apart, or voiced, with the folds nearly separadas, ou vozeados, com as cordas
together so that they will vibrate when air quase juntas para que elas vibrem quando o
passes between them. ar passa entre elas.
116. But in fact, the glottis (which is defined as Mas, na verdade, a glote (que é definida
the space between the vocal folds) can como o espaço entre as cordas vocais) pode
assume a number of other states. assumir vários outros estados.
117. Some of these glottal states are important in Alguns desses estados glóticos são
the description of other languages, and in the importantes na descrição de outras línguas e
description of pathological voices. na descrição de vozes patológicas. Na
Photographs of four states of the glottis are Figura 6.6 são mostradas fotografias de
shown in Figure 6.6. These photographs quatro estados da glote. Estas fotografias
were taken by placing a small mirror at the foram tiradas colocando-se um pequeno

472
back of the mouth so that it was possible to espelho na parte de trás da boca, de modo
look straight down the pharynx toward the que era possível olhar diretamente para a
larynx. parte baixa da faringe em direção à laringe.

118. The top of the picture is toward the front of A parte superior da imagem está em direção
the neck, the lower part toward the back. à frente do pescoço, a parte inferior voltada
The vocal folds are the white bands running para a parte de trás. As cordas vocais são as
vertically in each picture. Their position can faixas brancas correndo verticalmente em
be adjusted by the movements of the cada imagem. Sua posição pode ser ajustada
arytenoid cartilages, which are underneath pelos movimentos das cartilagens
the small protuberances visible in the lower aritenóides, que estão sob as pequenas
part of the pictures. protuberâncias visíveis na parte inferior das
fotos.
119. Figure 6.6 Four states of the glottis. Figura 6.6 Quatro estados da glote.

120. In a voiced sound, the vocal folds are close Em um fonema sonoro, as cordas vocais
together and vibrating, as in the first estão próximas e vibrando, como na
photograph. primeira fotografia.
121. In a voiceless sound, as in the second Em um fonema surdo, como na
photograph, they are pulled apart. segunda fotografia, elas são separadas.
122. This position will produce a completely Esta posição produzirá um som
voiceless sound if there is little or no airflow completamente surdo se houver pouco ou
through the glottis, as in the case of a nenhum fluxo de ar através da glote, como
voiceless fricative or an unaspirated stop. no caso de uma fricativa surda ou uma
oclusiva não aspirada.
123. But if there is considerable airflow, as in an Mas se houver um fluxo de ar considerável,
/z-like sound, the vocal folds will be set como em um som semelhante ao de um h, as
vibrating while remaining apart. In this way, cordas vocais ficarão vibrando enquanto
they produce what is called breathy voice, permanecerão separadas. Dessa forma, elas
or murmur. produzem o que é chamado de voz soprosa
ou murmúrio.

473
124. The second photograph is labeled A segunda fotografia é rotulada como
“voiceless” because this is the usual position "surda" porque esta é a posição usual em
in voiceless fricatives. But in an intervocalic fricativas surdas. Mas em um [h]
[ h ] as in ahead, the vocal folds are in a very intervocálico como em ahead, as cordas
similar position. vocais estão em uma posição muito
semelhante.
125. In these circumstances, they will produce Nessas circunstâncias, elas produzirão
breathy voice, vibrating loosely, so they voz soprosa, vibrando frouxamente, de
appear to be simply flapping in the modo que pareçam estar simplesmente
airstream. The third photograph shows tremulando na corrente de ar. A
another kind of breathy voice. In this sound, terceira fotografia mostra outro tipo de
the vocal folds are apart between the voz soprosa. Nesse som, as cordas
arytenoid cartilages in the lower (posterior) vocais estão separadas entre as
part of the photograph. cartilagens aritenoides na parte
inferior (posterior) da fotografia.

126. They can still vibrate, but at the same time, Elas ainda podem vibrar, mas, ao mesmo
a great deal of air passes out through the tempo, uma grande quantidade de ar passa
glottis. pela glote.
127. Murmured sounds occur in English in the Sons soprosos ocorrem em inglês na
pronunciation of / h / in between vowels as pronúncia de /h/ entre vogais como em
in ahead and behind. In most of the speakers ahead e behind. Na maioria dos falantes de
of English we have been able to observe, the inglês que pudemos observar, o /h/ nessas
/ h / in these words is made with the vocal palavras é feito com as cordas vocais
folds slightly apart along their entire length, ligeiramente separadas ao longo de todo o
but still continuing to vibrate as if they were comprimento, mas ainda continuam a vibrar
waving in the breeze. como se estivessem tremulando na brisa.

128. The term “voiced h” is sometimes used for O termo “h sonoro” é algumas vezes usado
this sound, but the vocal fold vibration is para esse som, mas a vibração das cordas
different from the usual, or modal, mode of vocais é diferente do modo usual de

474
voicing. The term “murmured h” is vozeamento. O termo “h murmurado” é
preferable. The symbol for this sound is [ɦ]. preferível. O símbolo para este som é [ɦ].
129. Learn to distinguish between the murmured Aprenda a distinguir entre o som soproso [ɦ]
sound [ɦ] as in aha and the voiceless sound como em aha e o som surdo [h] como no
[h] as at the beginning of an English word começo de uma palavra inglesa como heart.
such as heart. The murmured sound is like a O som soproso é como um suspiro
sigh produced while breathing heavily. Take produzido enquanto respiramos
a deep breath and see how long you can pesadamente. Respire fundo e veja quanto
make first [ɦ] and then [h]. tempo você pode fazer primeiro o [ɦ] e
depois o [h].

130. In the voiceless sound [h], the air from the No som surdo [h], o ar dos pulmões escapa
lungs escapes very rapidly so that this sound muito rapidamente, de modo que esse som
cannot be prolonged to any great extent. But não pode ser prolongado em grande medida.
you can make the murmured sound [ɦ] last Mas você pode fazer o som murmurado [ɦ]
much longer, as the flow of air from the durar muito mais tempo, pois o fluxo de ar
lungs is slowed down by the vibrating vocal dos pulmões é retardado pelas cordas vocais
folds. Note that [ɦ] can be said on a range of vibrantes. Note que [ɦ] pode ser dito em
different pitches. uma variedade de pitches diferentes.

131. Now say [fi] before a vowel. When you say Agora diga [ɦ] antes de uma vogal. Quando
[ɦɑ], you will probably find that the você diz [ɦɑ], você provavelmente
breathiness extends into the vowel. But try descobrirá que a aspiração se estende até a
to make only the first part of the syllable vogal. Mas tente fazer apenas a primeira
breathy and produce regular voicing at the parte da sílaba de forma soprosa e produza
end. vozeamento normal no final.
132. Finally, try to produce the sequence [fia] Finalmente, tente produzir a sequência [ɦɑ]
after a stop consonant. Murmured stops of após uma consoante oclusiva. Oclusivas
this kind occur in Hindi and in many other soprosas desse tipo ocorrem em hindi e em
languages spoken in India. These sounds muitas outras línguas faladas na Índia. Esses

475
will be discussed more fully in the next sons serão discutidos mais detalhadamente
section. na próxima seção.

133. But we can note here that in murmured Mas podemos perceber aqui que, em
stops, the murmur occurs only during the oclusivas soprosas, o sopro/aspiração ocorre
release of the stop. There must be a apenas durante a liberação da oclusiva.
comparatively high rate of flow of air out of Deve haver uma taxa comparativamente alta
the lungs to produce murmur, and this de fluxo de ar para fora dos pulmões para
cannot happen during the stop closure. produzir sopro, e isso não pode acontecer
durante o fechamento da oclusiva.

134. It is fairly easy to produce the required flow É bastante fácil produzir a taxa de fluxo
rate for murmur during a vowel. necessária para o sopro durante uma vogal.
135. Some languages contrast plain and Algumas línguas contrastam vogais simples
murmured vowels. Table 6.5 (on page 158) e soprosas. A Tabela 6.5 (na página 158)
shows a set of words in Gujarati, another mostra um conjunto de palavras em gujarati,
language spoken in India. You can hear outra língua falada na Índia. Você pode
these words at the Course in Phonetics ouvir essas palavras no site do livro. Sons
website. Murmured sounds are indicated by soprosos são indicados colocando-se dois
placing two dots below the symbol. pontos abaixo do símbolo.

136. In Gujarati, the contrast between murmured Na língua gujarati, o contraste entre sons
or breathy voiced sounds and regular, modal murmurados ou soprosos sonoros e voz
voice can occur in both consonants and modal regular pode ocorrer tanto em
vowels. consoantes quanto em vogais.
137. In the first row, you can hear a three-way Na primeira linha, você pode ouvir um
contrast between a murmured vowel, a contraste de três vias entre uma vogal
murmured release of a stop, and a word that soprosa, uma liberação soprosa de uma
has only modal voice. oclusiva e uma palavra que tenha apenas voz
modal.

476
138. In creaky voice, which is the fourth state of Na voz crepitante, que é o quarto estado da
the glottis illustrated in Figure 6.6, the glote ilustrada na Figura 6.6, as cartilagens
arytenoid cartilages are tightly together so aritenoides estão firmemente juntas, de
that the vocal folds can vibrate only at the modo que as cordas vocais podem vibrar
anterior end (the small opening at the top of apenas na extremidade anterior (a pequena
the photograph). abertura na parte superior da fotografia).
139. Note that the vocal folds appear to be much Observe que as cordas vocais parecem ser
shorter in this photograph. This is partly muito mais curtas nesta fotografia. Isso
because the posterior portion at the bottom ocorre em parte porque a porção posterior na
of the photograph is not visible when the parte inferior da fotografia não é visível
arytenoid cartilages are pulled together. But quando as cartilagens aritenóides estão
it is also the case that in creaky voice, the unidas. Mas também é o caso de que, na voz
folds are not stretched from front to back as crepitante, as cordas não são esticadas da
they are on higher pitches. frente para trás, como elas ficam em pitches
mais altos.

140. It is not possible to make accurate Não é possível fazer medições precisas dos
measurements of the lengths of the vibrating comprimentos das cordas vibratórias nessas
folds in these photographs, as the glottis is fotografias, já que a glote está a distâncias
at varying distances from the camera, but variáveis da câmera, mas isso
this probably accounts for only a small provavelmente representa apenas uma
proportion of the variation in length pequena proporção da variação no
apparent in the photographs. comprimento aparente nas fotografias.
141. Creaky voice is a very low-pitched sound A voz crepitante é um som cujo pitch é
that occurs at the ends of falling intonations muito baixo que ocorre nos finais de
for some speakers of English. Other entonações descendentes (em queda) para
speakers (generally younger speakers in the alguns falantes de Inglês. Outros falantes
United States) produce a creaky phonation (geralmente falantes mais jovens nos
most of the time in a voice quality that has Estados Unidos) produzem uma fonação
been noticed in the popular press as vocal crepitante na maioria das vezes em uma
“fry.” You can probably learn to produce qualidade de voz que foi percebida na

477
creaky voice, if you don’t already use it, by imprensa popular como “fry” vocal. Você
singing the lowest note that you can, and provavelmente pode aprender a produzir
then trying to go even lower. voz crepitante, se você não já faz uso disso,
ao cantar a nota mais baixa que puder e, em
seguida, tentando diminuir ainda mais.
142. Creaky-voiced sounds may also be called Sons crepitantes também podem ser
laryngealized. In some languages, chamados de laringalização. Em algumas
laryngealization is used to distinguish one línguas, a laringalização é usada para
sound from another. Hausa and many other distinguir um som do outro. Hausa e muitas
Chadic languages of northern Nigeria outras línguas chadicas do norte da Nigéria
distinguish between two palatal distinguem duas aproximantes palatais.
approximants.
143. One has regular voicing, rather like the Uma tem vocalização regular, mais ou
English sound at the beginning of yacht menos como o som inglês no início da
[jɑːt], and the other has creaky voice. palavra yacht [jɑːt] e a outra tem voz
crepitante.
144. The IPA diacritic to indicate creaky voice is O diacrítico do IPA para indicar voz
[ ̰ ] placed under the symbol. Hausa crepitante é [ ̰ ] colocado sob o símbolo. A
orthography uses an apostrophe (’) before ortografia hausa usa um apóstrofo (’) antes
the symbol for the corresponding voiced do símbolo do som vozeado correspondente,
sound, thus contrasting y and ’y. The Hausa contrastando, assim, y e ’y. As letras hausa
letters y and 'y correspond to IPA [j ] and [ j̰ y e ’y correspondem a IPA [j] e [j̰].
].
145. Try differentiating between the Tente diferenciar entre os sons
laryngealized and nonlaryn- gealized laringalizados e não-laringalizados nas
sounds in the Hausa words [ja:] ya (‘he’) and palavras da língua hausa [jaː] ya ('ele') e [j̰a:]
[ ja:] ’ya (‘daughter’), which are included at ’ya ('filha'), que estão incluídas no site com
the website with the other Hausa words as outras palavras da língua hausa discutidas
discussed earlier in this chapter. anteriormente neste capítulo.

478
146. A slightly more common use of Um uso um pouco mais comum da
laryngealization is to distinguish one stop laringalização é distinguir uma oclusiva de
from another. Hausa and many other West outra. Hausa e muitas outras línguas da
African languages have voiced stops [b, d] África Ocidental possuem oclusivas sonoras
contrasting with laryngealized stops [b̰, d̰], [b,d] contrastando com as oclusivas
which are sometimes implo- sives. In these laringalizadas [b̰, d̰], que às vezes são
sounds, the creaky voice is most evident not implosivas. Nesses sons, a voz crepitante é
during the stop closure itself but during the mais evidente não durante o fechamento da
first part of the following vowel. oclusiva, mas durante a primeira parte da
vogal seguinte.

147. Similar sounds occur in some Native Sons semelhantes ocorrem em algumas
American languages. You can find línguas americanas nativas. Você pode
examples on the website in the “Extras” encontrar exemplos no site na seção
section. “Extras”.
148. VOICE ONSET TIME TEMPO DE INÍCIO DE VOZ (voice onset time)
VOT

149. We saw earlier that the terms voiced and Vimos anteriormente que os termos vozeado
voiceless refer to the state of the glottis e desvozeado se referem ao estado da glote
during a given articulation. durante uma dada articulação.
150. We also saw that the terms aspirated and Vimos também que os termos aspirado e
unaspircited refer to the presence or absence não-aspirado referem-se à presença ou
of a period of voicelessness during and after ausência de um período de falta de voz
the release of an articulation. The interval durante e após a liberação de uma
between the release of a consonant closure articulação. O intervalo entre a liberação de
and the start of the voicing is called the um fechamento de consoante e o início do
voice onset time (usually abbreviated vozeamento é chamado de voice onset time
VOT). (tempo de início de voz) (geralmente
abreviado VOT).

479
151. The easiest way to visualize VOT is by A maneira mais fácil de visualizar o VOT é
reference to the waveform of a sound. por referência à forma de onda de um som.
152. This is the technique used in Chapter 3 to Esta é a técnica usada no Capítulo 3 para
discuss the differences between tie and die. discutir as diferenças entre tie e die.
153. The VOT is measured in milliseconds (ms) O VOT é medido em milissegundos (ms) a
from the spike indicating the release of the partir do pico, indicando a liberação do
stop closure to the start of the oscillating fechamento da oclusiva para o início do
pattern indicating the vibrations of the vocal padrão oscilante, indicando as vibrações das
folds in the vowel. If the voicing begins cordas vocais na vogal. Se o vozeamento
during the stop closure (i.e., before the começar durante o fechamento da oclusiva
release), the VOT has a negative value. (isto é, antes da liberação), o VOT tem um
valor negativo.

154. The top part of Figure 6.7 (on page 160) A parte superior da Figura 6.7 (na página
shows the waveforms of the first parts of 160) mostra as formas de onda das primeiras
three of the Sindhi words in Table 6.2: partes de três das palavras da língua Sindi na
[daru] (‘door’), [tʰaru] (‘bottom’), and [ Tabela 6.2: [daru] ('porta'), [taru] ('botão') e
Cara] (name of a district). The dashed line [tʰaru] (nome de um distrito). A linha
indicates the moment of release of the stop tracejada indica o momento de liberação do
closure. fechamento da oclusiva.
155. A time scale centered on that moment is at Uma escala de tempo centrada nesse
the bottom of the figure. In the waveform for momento está na parte inferior da figura. Na
[da], at the top of the figure, there is voicing forma de onda de [da], no topo da figura, há
throughout the closure, the release, and the vozeamento durante todo o fechamento, a
vowel. This is a fully voiced stop that has a liberação e a vogal. Esta é uma oclusiva
negative VOT of -130 ms. totalmente sonora que tem um VOT
negativo de -130 ms.

156. In the next waveform, [ta], there are no Na próxima forma de onda, [ta], não há
voicing vibrations during the closure (before vibrações de vozeamento durante o
the dashed line). This is, therefore, a fechamento (antes da linha tracejada). Esta

480
voiceless stop. The voicing starts very é, portanto, uma oclusiva surda. O
shortly after the closure, the VOT being less vozeamento começa pouco depois do
than 20 ms, making this an unaspirated stop. fechamento, sendo o VOT inferior a 20 ms,
o que a revela como uma oclusiva não
aspirada.
157. To produce this stop, the vocal folds are Para produzir essa oclusiva, as cordas vocais
apart during the whole of the closure period ficam separadas durante todo o período de
but close together at the moment of release fechamento, mas juntas no momento da
of the closure, so that voicing starts as soon liberação do fechamento, de modo que o
as there is sufficient airflow through the vozeamento comece assim que haja fluxo de
glottis. ar suficiente através da glote.
158. In the middle of the closure, the vocal folds No meio do fechamento, as cordas vocais
might be in a position similar to that shown podem estar em uma posição similar àquela
in the top right photograph in Figure 6.6. mostrada no canto superior direito da foto na
Figura 6.6.

159. The third waveform, [tha], shows an A terceira forma de onda, [tha], mostra uma
aspirated stop with a VOT of about 50 ms. oclusiva aspirada com um VOT de
In producing this sound, the vocal folds are aproximadamente 50 ms. Ao produzir esse
apart during the stop closure and the glottis som, as cordas vocais estão separadas
is still open at the moment of the release of durante o fechamento da oclusiva e a glote
the stop closure. There is a continuum of ainda está aberta no momento da liberação
possible voice onset times. Some languages, do fechamento da oclusiva. Existe um
such as Sindhi, have fully voiced stops with contínuo de possíveis tempos de início da
a large negative VOT. voz. Algumas línguas, como sindi, têm
oclusivas totalmente sonoras com um
grande VOT negativo.
160. Others, such as English, have little or no Outras, como o inglês, têm pouco ou
voicing during the closure unless the stop is nenhum vozeamento durante o fechamento,
preceded by a sound in which the vocal folds a menos que a oclusiva seja precedida por
um som no qual as cordas vocais já estejam

481
are already vibrating, in which case the vibrando, de qualquer maneira, a vibração
vibration may continue through the closure. pode continuar através do fechamento.
161. Similarly, languages vary in the VOT they Da mesma forma, as línguas variam no VOT
use for aspirated stops. que elas usam para as oclusivas aspiradas.
162. In the Sindhi [tha] Figure 6.7, it is only 50 No [tha] do sindhi Figura 6.7, são apenas 50
ms. In Navajo, as shown in the last row in ms. Em navajo, como mostrado na última
Figure 6.7, aspirated stops have a VOT of linha da Figura 6.7, as oclusivas aspiradas
about 150 ms. When producing a strongly têm um VOT de aproximadamente 150 ms.
aspirated stop such as this, the maximum Ao produzir uma oclusiva fortemente
opening of the vocal folds will be much aspirada como essa, a abertura máxima das
larger than that shown in the top right cordas vocais será muito maior do que a
photograph in Figure 6.6. mostrada na fotografia superior direita da
Figura 6.6.
163. Figure 6.7 Waveforms showing stops with Figura 6.7 Formas de onda que mostram oclusivas
different degrees of voicing and aspiration. com graus diferentes de vozeamento e aspiração.

164. The maximum opening will occur at about A abertura máxima ocorrerá
the moment of release of the stop closure. aproximadamente no momento da liberação
do fechamento da oclusiva.
165. In general, the degree of aspiration (the Em geral, o grau de aspiração (a quantidade
amount of lag in the voice onset time) will de atraso no (vot) tempo de início de voz)
depend on the degree of glottal aperture dependerá do grau de abertura glótica
during the closure. durante o fechamento.
166. The greater the opening of the vocal folds Quanto maior a abertura das cordas vocais
during a stop, the longer the amount of the durante uma oclusiva, maior será a
following aspiration. Different languages quantidade da aspiração que segue.
make use of different points along the VOT Diferentes línguas fazem uso de pontos
continuum in forming oppositions among diferentes ao longo do contínuo do VOT na
stop consonants. This point is illustrated in formação de oposições entre consoantes
Figure 6.8, in which some of the oclusivas. Esse ponto é ilustrado na Figura
possibilities that occur in different 6.8, na qual algumas das possibilidades que

482
languages are shown with reference to a ocorrem em diferentes línguas são
scale going from most aspirated (largest mostradas com referência a uma escala que
positive VOT) at the left to most voiced vai da mais aspirada (maior VOT positivo)
(largest negative VOT) at the right. The à esquerda para a mais sonora (maior VOT
Navajo aspirated stops, shown in the first negativo) à direita. As oclusivas aspiradas
row, have a very large VOT that is quite do navajo, mostradas na primeira linha, têm
exceptional. um VOT muito grande que é um tanto
excepcional.
167. Figure 6.8 Differences in voice onset time in Figura 6.8 Diferenças no tempo de início de voz em
different languages on a scale going from most diferentes línguas numa escala que vai desde a mais
voiced (largest negative VOT) to most aspirated sonora (maior VOT negativo) até a mais aspirada
(largest positive VOT). (maior VOT positivo).

168. Navajo does not have a bilabial stop series, O navajo não possui uma série de oclusivas
but for all the other languages, the positions bilabiais, mas para todas as outras línguas,
shown on the scale correspond to bilabial as posições mostradas na escala
stops. As is indicated, in the second row, a correspondem a oclusivas bilabiais. Como é
normal value for the VOT of English indicado, na segunda linha, um valor normal
stressed initial / p / would be between 50 and para o VOT do /p/ inicial tônico do inglês
60 ms. English initial / b / may have a VOT estaria entre 50 e 60 ms. O /b/ inicial do
of about 10 ms, but it may be less and even inglês pode ter um VOT de cerca de 10 ms,
slightly negative. mas pode ser menos e até um pouco
negativo.

169. After an initial / s /, English / p / will have Após um / s / inicial, o /p/ do inglês terá um
a VOT much like English initial / b /. VOT muito parecido com o /b/ inicial do
inglês.

170. Other languages make the contrast between Outras línguas fazem o contraste entre
phonemes such as / p, t, k / and / b, d, ɡ / in fonemas como / p, t, k / e / b, d, ɡ / na
initial position with very different VOTs. posição inicial com VOTs bastante
Navajo contrasts initial / k / with a / g / that diferentes. O navajo contrasta o / k / inicial

483
is far from voiced; it has a VOT of over 40 com um /ɡ/ que está longe de ser vozeado;
ms. As this sound is completely voiceless, it ele tem um VOT de mais de 40 ms. Como
might be better to say that the contrast in esse som é completamente desvozeado,
Navajo is between / kh / and / k /, rather than pode ser melhor afirmar que o contraste em
between / k / and / ɡ /. navajo é entre /kh/ e / k /, em vez de entre / k
/ e / ɡ /.
171. However, both ways of transcribing Navajo No entanto, ambas as formas de transcrição
are perfectly valid. do navajo são perfeitamente válidas.
172. As we saw in Chapter 2, you can make a Como vimos no Capítulo 2, você pode fazer
broad transcription that shows the phonemic uma transcrição ampla que mostra os
contrasts in a language using the simplest contrastes fonêmicos em uma língua usando
possible symbols, or you can make a narrow os símbolos mais simples possíveis, ou pode
transcription that shows the phonetic detail. fazer uma transcrição restrita que mostre os
As long as the broad transcription is detalhes fonéticos. Desde que a transcrição
accompanied by a statement that specifies ampla seja acompanhada por uma
how it should be interpreted, it is equally afirmativa que especifique como ela deve
accurate. ser interpretada, ela é igualmente precisa.
173. The choice of symbol depends in part on the A escolha do símbolo depende em parte do
reason for making the transcription. In broad motivo para fazer a transcrição. Em
transcriptions of English, it is sufficient just transcrições amplas do inglês, basta usar / b,
to use / b, p /. But if one wants to show more p /. Mas se alguém quiser mostrar mais
phonetic detail, one can specify that the detalhes fonéticos, pode-se especificar que o
phoneme / b / is a completely voiceless [b] fonema / b / trata-se de um /b̥/
in, for instance, that boy [ðæʔtb̥ɔɪ]. completamente desvozeado, por exemplo,
em that boy [ðæʔtb̥ɔɪ].
174. Similarly, one might want to show phonetic Da mesma forma, pode-se querer mostrar
details such as the aspirated-/ p / that occurs detalhes fonéticos como o /p/ aspirado que
in pie [ phai ] or the unaspirated / p / in spy ocorre em pie [phaɪ] ou o /p/ não-aspirado
[ spax ]. The top row in Figure 6.8 shows em spy [spaɪ]. A linha superior da Figura 6.8
how the sounds of French line up with those mostra como os sons do francês se alinham
of English and Navajo. The voiced stops in com os do inglês e do navajo. As oclusivas

484
French (and Spanish, Italian, and many sonoras em francês (e espanhol, italiano e
other languages) are nearly always fully muitas outras línguas) são quase sempre
voiced. totalmente sonoras.

175. Voiceless stops in these languages are As oclusivas surdas nestas línguas não são
unaspirated, making French / p / similar to aspiradas, tornando o /p/ francês similar ao
English initial / b /. French / p / is even more /b/ inicial do inglês. O /p/ francês é ainda
like Gaelic / b /, which is virtually never mais parecido com o /b/ gaélico, que
voiced, even between vowels. The Gaelic praticamente nunca é sonoro, mesmo entre
opposition between / b / and / p / is, in a as vogais. A oposição gaélica entre /b/ e /p/
narrow phonetic transcription, / p / versus é, em uma transcrição fonética restrita, /p/
/ph/. versus /ph/.
176. In the Gaelic spoken in the Outer Hebrides No gaélico falado nas Ilhas Hébridas da
of Scotland, the VOT of / ph / is around 65 Escócia, o VOT de /ph/ é de cerca de 65 ms,
ms, not nearly as long as that in Navajo, but não tão longo quanto o de navajo, mas mais
longer than that in English. longo que o do inglês.

177. Some languages contrast three different Algumas línguas contrastam três tempos de
voice onset times. Thai has voiced, início de voz (vots) diferentes. O tailandês
voiceless unaspirated, and aspirated stops, tem oclusivas sonoras, surdas e com e sem
as shown in Figure 6.8. Words illustrating aspiração, como mostrado na Figura 6.8.
these contrasts in Thai are given in Table Palavras que ilustram esses contrastes em
6.6. tailandês são mostradas na Tabela 6.6.

178. As in the case of French, the voiced stops Como no caso do francês, as oclusivas
are fully voiced, with the duration of the sonoras são totalmente sonoras, com a
voicing depending on the length of the stop duração do vozeamento dependendo do
closure. comprimento do fechamento da oclusiva.
179. Many languages spoken in India, such as Muitas línguas faladas na Índia, como o
Hindi and Sindhi, have not only the three hindi e o sindi, têm não apenas as três
possibilities that occur in Thai, but possibilidades que ocorrem em tailandês,

485
murmured stops as well. After the release of mas têm oclusivas soprosas também. Após a
the closure, there is a period of breathy voice liberação do fechamento, há um período de
or murmur before the regular voicing starts. voz soprosa ou murmúrio antes que o
vozeamento normal comece.
180. Some illustrative Hindi words are given in Algumas palavras ilustrativas em hindi são
Table 6.7. mostradas na Tabela 6.7.
181. The breathy voice release of these stops is A liberação da voz soprosa dessas oclusivas
indicated by [ʱ], a raised, hooked letter h. é indicada por [ʱ], “uma letra h levantada,
The Sindhi words in the last row of Table com gancho”. As palavras da língua sindi na
6.2 also illustrate breathy voiced stops. última linha da Tabela 6.2 também ilustram
as oclusivas sonoras soprosas.
182. As shown in the tables, in addition to the Como mostrado nas tabelas, além das
breathy voiced stops, both Sindhi and Hindi oclusivas sonoras soprosas, tanto o sindi
also contrast stops with three different voice quanto o hindi também contrastam as
onset times. oclusivas com três diferentes tempos de
início da voz.
183. Figure 6.9 shows the waveforms of the A Figura 6.9 mostra as formas de onda das
Hindi dental stops in the second row of oclusivas dentais do hindi na segunda linha
Table 6.7. There is voicing during the stop da Tabela 6.7. Há vozeamento durante o
closure of [d ] (in the top line), but not fechamento da oclusiva de [d̪] (na linha
during the stops in the second and third superior), mas não durante as oclusivas na
lines. segunda e terceira linhas.
184. The second line has a voiceless unaspirated A segunda linha tem um [t̪ ] não-aspirado
[t̪ ] with a VOT of about 20 ms. The third line desvozeado com um VOT de
has an aspirated [t̪ h] with a VOT of almost aproximadamente 20 ms. A terceira linha
100 ms. In the fourth line, the [d̪ʱ] has tem um [t̪ h] aspirado com um VOT de quase
voicing during the closure followed by a 100 ms. Na quarta linha, o [d̪ʱ] tem
waveform that has some of the appearance vozeamento durante o fechamento seguido
of voicing—a wavy line—but also has noise por uma forma de onda que tem uma certa
superimposed on it. This is breathy voicing. aparência de vozeamento- uma linha

486
ondulada - mas também tem ruído
sobreposto a ela. Isso é uma voz soprosa.
185. It is difficult to say how long this breathy É difícil dizer quanto tempo dura essa
voiced aspiration lasts, as it shades into the aspiração de voz soprosa, pois ela
regular voicing for the vowel. During this assume o vozeamento regular da vogal.
breathy voicing, the vocal folds are drawn Durante essa voz soprosa, as cordas
into loose vibrations and do not come fully vocais realizam vibrações de forma
together. frouxa e não se unem totalmente.

186. Figure 6.9 Waveforms showing the VOT of the Figura 6.9 Formas de onda que mostram o VOT das
stops in Hindi. oclusivas em Hindi.

187. The difference between voiceless A diferença entre as oclusivas sem


unaspirated, aspirated, and murmured stops aspiração, aspiradas e soprosas (as últimas
(the last three rows in Figure 6.9) is largely três linhas na Figura 6.9) é, em grande parte,
a matter of the size and timing of the uma questão do tamanho e do tempo de
opening of the vocal folds. abertura das cordas vocais.
188. In voiceless unaspirated stops, the Nas oclusivas sem aspiração surdas, a
maximum opening of the glottis (which is abertura máxima da glote (que não é muito
not very great) occurs during the stop grande) ocorre durante o fechamento da
closure. oclusiva.
189. In (voiceless) aspirated stops, the glottal Nas oclusivas aspiradas (surdas), a abertura
opening is larger and occurs later, near the glótica é maior e ocorre mais tardiamente,
moment of release of the stop closure. In próximo ao momento de liberação do
murmured stops, the glottal opening is fechamento da oclusiva. Em oclusivas
similar in size to that in voiceless soprosas, a abertura glótica é semelhante em
unaspirated stops, but it occurs later, during tamanho àquela em oclusivas sem
the release of the closure. aspiração, mas ocorre mais tarde, durante a
liberação do fechamento.
190. Because there is a rapid flow of air through Como há um fluxo rápido de ar através das
the vocal folds at this time, the vocal folds cordas vocais nesse momento, as cordas

487
vibrate while remaining slightly apart, thus vocais vibram enquanto permanecem
producing breathy voice. Learn to produce a ligeiramente separadas, produzindo assim a
series of sounds with different voice onset voz soprosa. Aprenda a produzir uma série
times. Start by producing fully voiced stops de sons com diferentes tempos de início de
[ b, d, ɡ ]. voz. Comece produzindo oclusivas
totalmente sonoras [b, d, ɡ].
191. For instance, to make a fully voiced [ b ], Por exemplo, para fazer um [b] totalmente
try first to keep both the lips and the nose vozeado, tente primeiro manter ambos os
closed while you produce voicing— an lábios e o nariz fechados enquanto você
unreleased the [b]. You should be making a produz vozeamento - um [b] não liberado.
short murmur. Você deveria estar fazendo uma curta
aspiração.
192. See how long you can make the voicing Veja quanto tempo você pode fazer o
continue during the unreleased stop. You vozeamento continuar durante a oclusiva
will find that you can make it last longer não liberada. Você descobrirá que pode
during [b] than during [d] or [ɡ], because fazer com que dure mais durante [b] do que
there is a fairly large space above the glottis durante [d] ou [ɡ], porque existe um espaço
in [b]. Air from the lungs can flow through relativamente grande acima da glote em [b].
the glottis for a longer period of time before O ar dos pulmões pode fluir através da glote
the pressure above the glottis begins to por um longo período de tempo antes que a
approach that of the air in the lungs. pressão acima da glote comece a se
aproximar da pressão do ar nos pulmões.
193. The vocal folds can be kept vibrating As cordas vocais podem ser mantidas
throughout this period. But in [ɡ], there is vibrando durante esse período. Mas em [ɡ],
only a small space above the glottis into há apenas um pequeno espaço acima da
which air can flow, so the voicing can be glote no qual o ar pode fluir, de modo que o
maintained only briefly. vozeamento possa ser mantido apenas
brevemente.
194. Languages often fail to have fully voiced Muitas vezes, as línguas frequentemente
velar stops. Note that Thai does not have a falham em realizar oclusivas velares
voiced stop contrasting with a voiceless totalmente sonoras. Perceba que o tailandês

488
unaspirated stop at this place of articulation. não tem uma oclusiva sonora contrastando
When you can produce fully voiced stops com uma oclusiva não-aspirada desvozeada
satisfactorily, try saying voiceless neste ponto de articulação. Quando você
unaspirated [p, t, k]. You may find it easiest puder produzir oclusivas totalmente sonoras
to start with words such as spy, sty, sky. Say satisfatoriamente, tente dizer os sons
these words very slowly. desvozeados sem aspiração [p, t, k]. Você
pode achar mais fácil começar com palavras
como spy,[spaɪ] sty,[staɪ] sky [skaɪ]. Diga
essas palavras bem devagar.
195. Now say words like them, but without the Agora diga palavras como essas, mas sem o
initial [ s]. You will have less difficulty [s] inicial. Você terá menos dificuldade em
making aspirated stops because they occur fazer as oclusivas aspiradas porque elas
in most forms of English—in words such as ocorrem na maioria das formas do inglês -
pie [phai] and tie [ thai ]. But do try em palavras como pie [phaɪ] e tie [thaɪ]. Mas
pronouncing all of the Thai and Hindi words tente pronunciar todas as palavras
in Tables 6.6 and 6.7. tailandesas e hindis nas Tabelas 6.6 e 6.7.

196. SUMMARY OF ACTIONS OF THE RESUMO DAS AÇÕES DA


GLOTTIS GLOTE

197. The vocal folds are involved in many As cordas vocais estão envolvidas em
different kinds of actions. They are used in muitos tipos diferentes de ações. São
the production of implosives and ejectives, utilizadas na produção de implosivos e
and in forming different phonation types. ejetivos e na formação de diferentes tipos de
These two types of activities often are not fonação. Esses dois tipos de atividades
clearly separable. geralmente não são claramente separáveis.
198. The implosives of some forms of Hausa are Os implosivos de algumas formas de hausa
as likely to be marked by creaky voice as by são tão propensos de serem marcados pela
a downward movement of the glottis, and voz crepitante quanto por um movimento
Zulu has weak ejectives that could well be descendente da glote, e o zulu tem ejetivos
considered simply as glottal stops fracos que poderiam ser considerados
superimposed on plosives.

489
simplesmente como oclusivos glóticos
sobrepostos em plosivas.
199. Consequently, it is convenient
to Consequentemente, é conveniente
summarize all these activities in a single resumir todas essas atividades em uma
única tabela.
table.
200. Table 6.8 shows the principal actions of the glottis. A Tabela 6.8 mostra as principais ações da
glote.
201. RECAP RECAPITULANDO
202. The main aim of this chapter was to expand O principal objetivo deste capítulo foi
your phonetic vocabulary (both in terms of expandir o seu vocabulário fonético (tanto
what you know about phonetics abstractly em termos do que você sabe sobre a fonética
and in terms of which of the sounds of the abstratamente quanto em termos de qual dos
world’s languages you can make) by sons das línguas do mundo você pode fazer)
focusing on the different airstream concentrando-se nos diferentes mecanismos
mechanisms and phonations types that are de fluxo de ar e tipos de fonações que são
used in languages around the world. usados nas línguas em todo o mundo.
203. We discussed (1) the velaric ingressive Discutimos (1) o mecanismo de fluxo de ar
airstream mechanism (clicks—[k! ], [ŋ͡|], velárico ingressivo (cliques - [k͡ǃ], [ŋ͡|], etc.),
etc.), (2) the glottalic egressive mechanism (2) o mecanismo glotálico egressivo
(ejectives—[k’], [s’], etc.), and (3) the (ejetivos - [k'], [s'], etc.) e (3) o mecanismo
glottalic ingressive mechanism glotálico ingressivo (implosivos— [ɓ], [ɗ],
(implosives—[ɓ], [ɗ ], etc.). etc.).
204. We also discussed different phonation Discutimos também diferentes tipos de
types: (1) creaky voice, which is also called fonação: (1) voz crepitante, também
laryngealization, and (2) breathy voice, chamada de laringalização, e (2) voz
which is also called murmur. The term given soprosa, também denominada murmúrio. O
to non-creaky and non-breathy phonation is termo dado à fonação não-crepitante e não
modal voice. soprosa é a voz modal.
205. The chapter ended with a discussion of O capítulo terminou com uma discussão
voice onset time (VOT) and showed how sobre o tempo de início de voz (VOT) e
this one phonetic dimension for separating mostrou como essa dimensão fonética para

490
“voiced” and “voiceless” stop consonants is separar consoantes oclusivas “sonoras” e
deployed in different ways in different “surdas” é implantada de diferentes
languages. maneiras em diferentes línguas.
206. EXERCISES EXERCISES
207. (Printable versions of all the exercises are (Printable versions of all the exercises are
available on the website.) available on the website.)

EXERCÍCIOS (UNIDADE 1)

(versões para impressão de todos os exercícios estão disponíveis no website.)

A. Preencha as seguintes linhas com os nomes dos órgãos vocais numerados na Figura
1.15.

1) 8. ________________________

2) 9. ________________________

3) 10. ________________________

4) 11. ________________________

5) 12. ________________________

6) 13. ________________________

7) 14. ________________________

Figure 1.15

491
B. Descreva as consoantes na palavra skinflint usando o quadro abaixo. Preencha todas as
cinco colunas, e ponha entre parênteses os termos que ficarem de fora, como mostrado pela
primeira consoante.

C. 1 2 3 4 5

Sonora ou Ponto de Central Oral ou nasal Ação

surda. articulação ou lateral articulatória

surda alveolar (central) (oral) fricativa

D. A Figura 1.16 a-g apresenta todos os pontos para os gestos articulatórios que já discutimos
até agora, com exceção dos sons retroflexos (que serão mostrados no capítulo 7).

Nas linhas abaixo, (1) indique o ponto de articulação e (2) indique o modo de articulação de
cada som, e (3) dê um exemplo de uma palavra em inglês que comece com o som
apresentado.

492
(1) Ponto de articulação (2) Modo de articulação (3) Exemplo

a. ______________________ _______________________ ______________________

b. ______________________ _______________________ ______________________

c. ______________________ _______________________ ______________________

d. ______________________ _______________________ ______________________

e. ______________________ _______________________ ______________________

f. ______________________ _______________________ ______________________

g. ______________________ _______________________ ______________________

E. O estudo de um assunto novo normalmente envolve o aprendizado de um grande número


de termos técnicos. A Fonética é particularmente desafiadora neste respeito. Leia as
definições dos termos neste capítulo antes de completar os exercícios abaixo. Diga cada uma
das palavras, e ouça os sons. Tenha o cuidado de não se confundir com a ortografia. Utilizar
um espelho pode ajudar.

1. Circule as palavras que começam com uma consoante bilabial.

met net set bet let pet

2. Circule as palavras que começam com uma consoante velar:

knot got lot cot hot pot

Figura 1.16 Sons que ilustram todos os pontos de articulação que já foram discutidos até agora, com
exceção dos sons retroflexos.

493
3. Circule as palavras que começam com uma consoante labiodental:

fat cat that mat chat vat

4. Circule as palavras que começam com uma consoante alveolar:

zip nip lip sip tip dip


5. Circule as palavras que começam com uma a consoante dental:

pie guy shy thigh thy high

6. Circule as palavras que começam com uma consoante palato-alveolar:


sigh shy tie thigh thy lie

7. Circule as palavras que terminam com uma fricativa:


race wreath bush bring breathe bang

8. Circule as palavras que terminam com uma nasal:


rain rang dumb deaf

9. Circule as palavras que terminam com uma oclusiva:


pill lip lit graph crab dog hide laugh back

10. Circule as palavras que começam com uma lateral:


nut lull bar rob one

11. Circule as palavras que começam com uma aproximante:


we you one run

494
12. Circule as palavras que terminam com uma africada:

much back edge ooze

13. Circule as palavras nas quais a consoante do meio é sonora:

tracking mother robber leisure massive stomach razor

14. Circule as palavras que contêm uma vogal alta:

sat suit got meet mud

15. Circule as palavras que contêm uma vogal baixa:

weed wad load lad rude

16. Circule as palavras que contêm uma vogal anterior:

gate caught cat kit put

17. Circule as palavras que contêm uma vogal posterior:

maid weep coop cop good

18. Circule as palavras que contêm uma vogal arredondada:

who me us but him

F. Defina os sons de consoantes no meio de cada uma das seguintes palavras como

indicado no exemplo:

Sonora ou surda Ponto de articulação Modo de articulação

sonora alveolar oclusiva

adder

father

singing

etching

495
robber

ether

pleasure

hopper

selling

sunny

lodger

G. Complete os diagramas na Figura 1.17 para ilustrar o alvo para o gesto dos órgãos vocais
para as primeiras consoantes em cada uma das seguintes palavras. Se o som for vozeado,
esquematize as cordas vocais em vibração, desenhando uma linha ondulada na glote. Se for
uma surda, use uma linha reta.

H. A Figura 1.18 mostra a forma de onda da frase Tom saw nine wasps (Tom viu nove
vespas). Marque essa figura de forma semelhante à da Figura 1.12. Usando apenas ortografia
comum, mostre o centro de cada som. Indique também o modo de articulação.


I. Faça sua própria forma de onda de uma frase que ilustre diferentes modos de articulação.
Você pode usar o aplicativo WaveSurfer disponível em
http://www.speech.kth.se/wavesurfer/ ou Praat, que está disponível em
http://www.praat.org.

J. Lembre-se do pitch do primeiro formante (ouvido melhor com voz crepitante) e o segundo
formante (ouvido melhor com voz sussurrada) nas vogais nas palavras heed, hid, head, had,
hod, hawed, hood, who’d. Compare seus formantes com aqueles nas primeiras partes das
vogais nas seguintes palavras:

Primeiro formante similar Segundo formante similar

àquele na vogal em: àquele na vogal em:

bite _________________________ ___________________________________

bait _________________________ ___________________________________

boat _________________________ __________________________________

Figura 1.17

496
Exemplo: mat e day

cat think nut

Figura 1.18 A forma de onda da frase "Tom saw nine wasps".

497
0 0.5 1.0 1.5 segundos

k. No próximo capítulo, começaremos a usar transcrições fonéticas. Os seguintes exercícios


preparam pra isso apontando as diferenças entre sons e ortografia.

Quantos sons diferentes há em cada uma das seguintes palavras? Circule o número correto.

L. Nos seguintes conjuntos de palavras, o som da vogal é o mesmo em cada caso exceto um.
Circule a palavra que tem um som de vogal diferente.

498
EXERCÍCIOS (UNIDADE 2)

(As versões imprimíveis ou interativas dos exercícios estão disponíveis no site).

A. Encontre os erros nas transcrições dos sons de consoante nas seguintes palavras. Em cada
palavra, há um erro, indicando uma pronúncia impossível dessa palavra para um falante
nativo de inglês de qualquer variedade. Faça uma transcrição correta no espaço fornecido
após a palavra.

B. Agora tente mais dez palavras nas quais os erros estão todos nas vogais. Mais uma vez,
há apenas um erro possível, mas devido a diferenças nas variedades do inglês, algumas
vezes pode haver possíveis correções alternativas.

499
C. Faça uma transcrição correta das seguintes palavras. Ainda há um único erro por
palavra, mas pode estar entre as vogais, as consoantes ou nas marcas de sílaba tônica.

D. Transcreva as seguintes palavras ou frases, tal como são pronunciadas por falante britânico
ou americano no site (siga o link "clipes de áudio" para este exercício). Tenha cuidado para
colocar as marcas de tonicidade nos locais apropriados. Use uma transcrição fonêmica e
especifique a origem do falante que você está transcrevendo.

31. languages

32. impossibility

33. boisterous

34. youngster

35. another

36. diabolical

37. nearly over

38. red riding hood

39. inexcusable

40. chocolate pudding

E. Que tipo de distribuição é encontrada para os sons nessas palavras (variação livre,
distribuição complementar ou contrastiva)?

F. ‘l’ sounds in: play, lean, feel ________________________________________________

500
G. The first sounds in: pie, tie, sigh _____________________________________________

H. The last sounds in: pat˺, matʰ , seat˺ _________________________________________

I. The ’t’ sounds in: ten, tenth ________________________________________________

J. The ’n’ sound in: ten, tenth ________________________________________________

K. The medial sounds in: awesome, autumn, awning ______________________________

F. Pirahã, uma língua falada por cerca de 300 caçadores-coletores que vivem na floresta
amazônica, tem apenas três vogais (i, a, o) e oito consoantes (p, t, k, ʔ, b, g, s, h). (A oclusiva
glotal, ʔ não tem nenhuma ação de lábio ou língua.) Quantos gestos diferentes da língua e
dos lábios os falantes dessa língua têm que fazer? Note quais são os gestos vocálicos (vogal)
e quais são gestos consonantais.

G. O Havaiano, agora passando por uma revivificação embora falado nativamente por
apenas algumas centenas de pessoas, tem as seguintes vogais e consoantes: i, e, a, o, u, p,
k, ʔ, m, n, w, l, h. Quantos gestos diferentes da língua e dos lábios os falantes deste
idioma têm que fazer? Observe quais são gestos vocálicos e quais são gestos
consonantais.

H. Transcreva as seguintes frases como elas são pronunciadas pelo falante do inglês
britânico ou do inglês americano no site. Diga se o falante do inglês britânico ou
americano está sendo transcrito.

1. We can see three real trees.

2. He still lives in the big city.

3. The waiter gave the lady stale cakes.

4. They sell ten red pens for a penny.

5. His pal packed his bag with jackets.

6. Father calmly parked the car in the yard.

7. The doll at the top costs lots.

8. He was always calling for more laws.

501
9. Don’t stroll slowly on a lonely road.

10. The good-looking cook pulled sugar.

11. Sue threw the soup into the pool.

12. He loved a dull muddy-colored rug.

13. The girl with curls has furs and pearls.

14. I like miles of bright lights.

15. He howled out loud as the cow drowned.

16. The boy was annoyed by boiled oysters.

I. Transcreva as seguintes frases, tal como são pronunciadas pelo falante do inglês britânico
ou pelo falante do inglês americano no site. Faça as duas (a) uma transcrição ampla e (b)
uma transcrição mais restrita. Diga se o inglês do falante britânico ou americano está
sendo transcrito.

Please come home.

(a)

(b)

He is going by train.

(a)

(b)

The tenth American.

(a)

(b)

His knowledge of the truth.

(a)

(b)

502
I prefer sugar and cream.

(a)

(b)

Sarah took pity on the young children.

(a)

(b)

J. Leia as seguintes passagens na transcrição fonética. A primeira, que representa uma forma
do inglês britânico do tipo falado por Peter Ladefoged, é uma transcrição ampla. A segunda,
que representa uma pronúncia americana típica de um falante do meio oeste ou extremo oeste,
é um pouco mais restrita, mostrando alguns alofones. Neste momento, você deve ser capaz
de ler transcrições de diferentes formas do inglês, embora você possa ter dificuldade em
pronunciar cada palavra exatamente como é representada. No entanto, leia cada passagem
várias vezes e tente pronunciá-la conforme o indicado. Tome cuidado para colocar a
tonicidade sobre as sílabas corretas e diga as sílabas átonas com as vogais, como mostrado.
Agora ouça essas passagens no site e comente quaisquer problemas com as transcrições.

Inglês britânico
It ɪz 'pɒsəbl tə tɹæn'skɹaɪb fə’nɛtɪklɪ

ɛni 'ʌtɹəns, ɪn 'ɛnɪ "læŋgwɪdʒ,

ɪn 'sɛvɹəl 'dɪfɹənt 'weɪz

'ɔl əv ðəm 'juzɪŋ ði 'ælfəbət ənd kən’vɛnʃnz

əv ði 'aɪ 'pi 'eɪ.

ðə 'seɪm 'θɪŋ ɪz 'pɒsəbl

wɪð 'məʊst 'ʌðə ɪntə'næʃənl fə'nɛtɪk ‘ælfəbəts.

ə tɹæn'skɹɪpʃn wɪtʃ ɪz 'meɪd baɪ 'juzɪŋ 'lɛtəz əv ðə 'sɪmplɪst ‘pɒsəbl ‘ʃeps,

ənd ɪn ðə 'sɪmplɪst 'pɒsəbl 'nʌmbə,

ɪz 'kɔld ə 'sɪmpl fəʊ'nimɪk træn'skɹɪpʃn.

503
American English

ɪf ðə ‘nʌmbɚ əv 'dɪfɹənt 'lɛɾɚz ɪz "mɔɹ ðen̪ ðə ‘mɪnəməm

əz dəfaɪnd ə'bəv

ðə træn'skɹIpʃn wɪl 'nɑt bi ə fə'nimɪk,

bəɾ ən ælə'fɑnɪk wʌn.

'sʌm əv ðə foʊ'nimz, 'ðæɾ ɪz tə "seɪ,

wɪl bɪ ɹɛprə'zɛntəd baɪ 'mɔɹ ðən 'wʌn 'dɪfɹənt 'sɪmbl.

ɪn ‘ʌðɚ 'wɝdz 'sʌm 'æləfoʊnz əv 'sʌm 'foʊnimz

wɪl bɪ 'sɪŋgld 'aʊt fɚ 'ɹɛpɹəzɛn'teɪʃn ɪn̪ ðə tɹæn'skɹɪpʃn,

'hɛns ðə "tɝm 'ælə'fɑnɪk.

(Ambas as passagens acima são adaptadas de David Abercrombie, English Phonetic Texts
[Salem, N.H .: Faber & Faber, 1964].)

EXERCÍCIOS DE PERFORMANCE

É extremamente importante desenvolver habilidades fonéticas práticas à medida que você


aprende os conceitos teóricos. Uma maneira de fazer isso é aprender a pronunciar palavras
sem sentido. Você também deve transcrever palavras absurdas que são ditadas para você. Ao
usar palavras sem sentido, você é forçado a ouvir os sons que estão sendo falados. Todas as
seguintes palavras estão no site.

A. Aprenda a dizer palavras simples sem sentido. Uma boa maneira é começar com uma
vogal simples, e depois adicionar consoantes e vogais, uma a uma no início. Desta forma,
você está lendo sempre material familiar, em vez de ter novas dificuldades à sua frente.
Faça conjuntos de palavras como:

ɪ'z ɑ

tɪ'zɑ

'œtɪ'zɑ

504
'mœtɪ'zɑ

ʌ'mœtɪ'zɑ

tʌ'mœtɪ'zɑ

B. Leia as seguintes palavras e ouça-as conforme elas aparecem no site. Peça a um colega
para clicar nas palavras em uma ordem diferente. Digite a ordem em que as palavras são
tocadas.

pi'suz

pi'sus

pi'zus

pi'zuz

pi'zuʒ

C. Repita o Exercício B com os seguintes conjuntos de palavras.

tɑ'θɛð 'kipik 'læmæm 'mʌlʌl

tɑ'θɛθ 'kɪpik 'læmæn 'mʌrʌl

tɑ'ðɛθ 'kipɪk 'lænæm 'mʌwʌl

tɑ’ðɛð 'kɪpɪk 'lænæn 'nʌlʌl

tɑ’fɛð 'kɪpɪt 'lænæŋ 'nʌrʌl

D. Há um conjunto de palavras sem sentido no site numeradas D 1-5. Clique nelas uma por
vez e tente transcrevê-las.

1.____________________________

2.____________________________

3. ____________________________

4. ____________________________

505
5. ____________________________

E. Depois de ter feito o Exercício D, veja as seguintes palavras sem sentido, quais são as
respostas ao Exercício D. Agora, faça um conjunto de palavras semelhantes e dite-as a um
colega. Suas palavras podem ser diferentes da amostra dada em tantos sons quanto desejar.
Mas sugerimos que você não deve torná-las muito longas no início. Você também notará
ser aconselhável escrever suas palavras e praticá-las por algum tempo sozinho para que
você possa pronunciá-las fluentemente quando as ditar ao seu colega.

'skɑnzil

'bɹaɪgbluzd

'dʒɪŋsmœŋ

'flɔɪʃ''θɹaɪðz

'pjut'peɪtʃ'

Quando você terminar de dizer cada palavra várias vezes e seu colega escrevê-las, compare
as notas. Tente decidir se alguma discrepância se deveu a erros ao dizer as palavras ou a ouvi-
las. Se possível, o falante deve tentar ilustrar discrepâncias ao pronunciar a palavra em ambos
as maneiras, dizendo, por exemplo: "Eu disse ['skɑnzil], mas você escreveu ['skɑnsil]”.

Não há uma melhor maneira de fazer um trabalho de treinamento de audição desse tipo. É
útil olhar atentamente para uma pessoa que pronuncia uma palavra desconhecida, então tente
dizer a palavra imediatamente depois, obtendo o máximo de acurácia possível, mas não se
preocupe se você perder algumas coisas na primeira audição. Em seguida, escreva tudo o que
puder, deixando espaços em branco para serem preenchidos quando você ouvir a palavra
novamente. É importante obter pelo menos o número de sílabas e a colocação da sílaba tônica
de forma correta na primeira audição, de modo que você tenha uma estrutura na qual se
encaixem observações posteriores. Repita esse tipo de produção e exercício de percepção
com a frequência que puder. Você deve fazer alguns minutos de trabalho desse tipo todos os
dias, de maneira que você passe pelo menos uma hora por semana fazendo exercícios
práticos.

EXERCÍCIOS (UNIDADE 3)

(As versões para imprimir de todos os exercícios estão disponíveis no site.)

506
A. sequência dos diagramas anotados a seguir ilustra as ações que ocorrem durante as
consoantes no final da palavra bench. Preencha os espaços em branco.

B. Explique o diagrama abaixo para descrever as ações necessárias para as consoantes no


meio da palavra implant. Certifique-se de que suas anotações mencionem a ação dos lábios,
as diferentes partes da língua, o palato mole e as cordas vocais em cada diagrama. Tente
esclarecer quais dos órgãos vocais se movem primeiro ao passar de uma consoante para outra.
A pronúncia ilustrada é a de um enunciado conversacional normal; observe a posição da
língua durante a nasal bilabial.

507
C. Desenhe e explique diagramas semelhantes aos dos exercícios anteriores, mas desta vez
ilustre as ações que ocorrem ao pronunciar as consoantes no meio da frase thick snow.
Certifique-se de mostrar claramente a sequência de eventos, observando o que os lábios,
língua, palato mole e cordas vocais fazem em cada momento. Antes de começar, diga a frase
para você mesmo várias vezes a uma velocidade normal. Note especialmente se a parte
posterior da língua abaixa antes ou depois da ponta da língua formar a articulação para
consoantes subsequentes.
D. Como um exercício de transcrição, dê uma série de exemplos para cada observação (2 a
19) disponibilizadas neste capítulo. Faça uma transcrição restrita de algumas palavras
adicionais que ilustram os padrões. Seus exemplos não devem incluir as palavras que tenham
sido transcritas neste livro até agora. Lembre-se de marcar a sílaba tônica nas palavras de
mais de uma sílaba.

Declaração (2) três exemplos (um para cada oclusiva surda)

____________ _____________ _____________

Declaração (3) sete exemplos (um para cada obstruinte sonora)

____________ _____________ ______________

____________ _____________ _______________

____________

Declaração (4) oito exemplos (dois para cada oclusiva sonora ou africada)

____________ ______________ ______________

____________ ______________ ______________

508
____________ ______________ _______________

____________ ______________ _______________

Declaração (5) três exemplos (um para cada oclusiva surda)

_____________ ______________ _______________

Declaração (6) quatro pares contrastivos (um para cada ponto de articulação)

_____________ _______________

_____________ _______________

_____________ _______________

_____________ _______________

Declaração (7) quatro exemplos (um para cada aproximante)

_____________ _____________ _____________


_____________

Declaração (8) seis exemplos (um para cada oclusiva sonora e surda)

_____________ _______________ _________________

_____________ _______________ _________________

Declaração (9) três exemplos (não necessariamente de seu próprio discurso)

_____________ _______________ ________________

Declaração (10) três exemplos (use três vogais diferentes)

_____________ _______________ ________________

Declaração (11) três exemplos (use pelo menos duas nasais diferentes)

_____________ _______________ ________________

Declaração (12a) seis exemplos (três de cada com / l / e / r /)

_____________ _______________ ________________

_____________ _______________ ________________

509
Declaração (13a) seis exemplos (dois de cada com / t, d, n /, sendo um depois de uma vogal
átona)

_____________ _______________ ________________

_____________ _______________ ________________

Declaração (14) três exemplos (um para cada / t, d, n /)

_____________ _______________ ________________

Declaração (15) três exemplos (qualquer tipo)

_____________ _______________ ________________

Declaração (16) dois exemplos (use duas nasais diferentes)

_____________ _______________

Declaração (17) três exemplos (qualquer tipo)

_____________ _______________ ________________

Declaração (18) quatro exemplos (use quatro vogais diferentes)

_____________ _______________

_____________ _______________

Declaração (19) dois pares contrastivos (tente fazer delas palavras reversíveis)

_____________ _______________

_____________ ________________

E. Como um exercício mais desafiador, tente listar duas exceções para algumas dessas
declarativas.

Declarativa 1 ( ) _____________ Declarativa 2 ( ) _____________

F. Escreva uma declaração que descreva a distribuição fonética de /h/.

510
G. Transcreva ambos, o falante britânico e o Americano dizendo o seguinte:

Falante do inglês britânico

Once there was a young rat named Arthur,

who could never make up his mind.

Whenever his friends asked him

if he would like to go out with them,

he would only answer, “I don’t know.”

He wouldn’t say “yes” or “no” either.

He would always shirk making a choice.

Falante do inglês americano

Once there was a young rat named Arthur,

who could never make up his mind.

Whenever his friends asked him

if he would like to go out with them,

he would only answer, “I don’t know.”

He wouldn’t say “yes” or “no” either.

He would always shirk making a choice.

EXERCÍCIOS DE PERFORMANCE

A. Aprenda a produzir alguns sons que não sejam do inglês. Em primeiro lugar, para lembrar
a sensação de adicionar e subtrair vozeamento enquanto se mantém uma articulação
constante, repita o exercício dizendo [ssszzzssszzz]. Agora experimente um exercício
semelhante, dizendo [mmmm̥m̥m̥mmmm̥m̥m̥]. Certifique-se de que seus lábios permaneçam

511
juntos o tempo todo. Durante [m̥], você deve estar produzindo exatamente a mesma ação de
quando se expira através do nariz. Agora diga [m̥] entre vogais, produzindo sequências como
[am̥a, im̥i], e assim por diante. Tente não ter nenhum espaço entre a consoante e as vogais.

B. Repita este exercício com [n, ŋ, l, ɹ, w, j], aprendendo a produzir [an̥a, aŋ̥a, al̥ a, ar̥a,
aw̥a, aj̥a] e sequências semelhantes com outras vogais.

C. Certifique-se de que você pode diferenciar entre as palavras inglesas whether, weather;
which, witch, mesmo se você normalmente não faz isso.

Diga:

[ʍɛðə(ɹ)] whether

[wɛðə(ɹ)] weather

[ʍɪtʃ] which

[wɪtʃ] which

D. Aprenda a produzir as seguintes palavras em birmanês. (Você pode, por enquanto,


negligenciar os tons, indicados por acentos acima das vogais. O diacrítico surdo é colocado
em cima de [ŋ̊] porque o descendente da letra choca-se com ele [ŋ̥].)

Nasais sonoras Nasais surdas

mâ ‘lift up’ m̥â ‘from’

nǎ ‘pain’ n̥ǎ ‘nose’

ŋa ‘fish’ ŋ̊a ‘borrow’

E. Trabalhando com um colega, produza e transcreva vários conjuntos de palavras sem


sentido. Você deve usar conjuntos um pouco mais complicados do que anteriormente. Faça
seus próprios conjuntos com base no conjunto ilustrativo abaixo, incluindo oclusivas glotais,
explosão nasal e lateral, e algumas combinações de sons do inglês que não poderiam ocorrer
em inglês. Lembre-se de marcar a sílaba tônica.

‘kl̥ ɑntʃʊps'kweɪdʒ

‘ʒiʒm̩'spobm̩

‘tsɪʔɪ'bɛʔɪdl̩

512
mbu’tr̥ɪɡŋ

‘tw̥aɪbrɛʔɪp

F. Para aumentar sua capacidade de memória na percepção de sons, inclua algumas palavras
mais simples, mas mais longas, em seus exercícios de produção-percepção. Um conjunto de
palavras possíveis é dado abaixo. Palavras como as duas últimas, que têm oito sílabas cada,
podem ser muito difíceis para você nesse momento. Mas tente empurrar sua capacidade
auditiva para o limite. Quando você está ouvindo seu colega ditar palavras, lembre-se de
tentar (1) olhar para os movimentos articulatórios; (2) repetir para si mesmo tantas vezes
quanto possível imediatamente depois; e (3) anotar o máximo possível, incluindo a
tonicidade, o mais rápido possível.

‘kiputu'pikitu ‘bɛɡɪ'ɡɪdɛ'dɛdɪ tr̥i'tʃɪʔitʃu'drudʒi 'rilɛ'tolɛ'mɑnu'dʊli 'faɪθiði'vɔɪðuvu'θifi

EXERCÍCIOS (UNIDADE 4)

(Versões para impressão de todos os exercícios estão disponíveis no site.)

A. Coloque suas próprias vogais neste gráfico, usando os conjuntos lexicais da Tabela 4.1.
Quais das palavras da Tabela 2.2 se encaixam melhor nas palavras da Tabela 4.1? Ouça cada
vogal cuidadosamente e tente julgar como soam em relação às outras vogais. Provavelmente
achará melhor dizer cada vogal como a vogal média de uma série de três membros, com as
vogais nas palavras acima e abaixo formando a primeira e a última vogal da série. No caso
dos ditongos, deve-se fazer isso com os pontos inicial e final.

front= anterior high= alta back= posterior low= baixa

B. Tente encontrar um falante com um sotaque diferente do seu (ou talvez alguém que fale
inglês como segunda língua) e repita o Exercício A usando este gráfico em branco.

513
sotaque: ________________________

C. Liste palavras que ilustram a ocorrência de vogais em monossílabos fechados por / p /.


Não inclua nomes ou palavras de origem estrangeira recente. Você descobrirá que algumas
vogais não podem ocorrer nessas circunstâncias.
i
ɪ

ɛ
æ
ɑ
ɔ

ʊ
u
ʌ


ɔɪ

D. Considerando apenas as vogais que não podem ocorrer em monossílabos fechados por
/p/ como no Exercício C, cite palavras, se possível, ilustrando sua ocorrência em sílabas
fechadas pelas seguintes consoantes.

E. Qual vogal ocorre antes do menor número de consoantes? Além disso, qual classe de
consoantes ocorre após o maior número de vogais? (Defina a classe em termos do ponto de
articulação no qual essas consoantes são produzidas.)
_________________________________________________________________________

514
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

F. Olhe a Tabela 4.2. Encontre exemplos adicionais ilustrando a relação entre as palavras da
segunda e quarta colunas. Transcreva cada par de palavras como no exemplo da vogal /i/.

Vogal Sílaba tônica Sílaba reduzida

secrete [sə’kɹit] secretive [‘sikɹətɪv]

ɑ ou ɒ

G. Escreva e transcreva uma frase contendo pelo menos oito vogais diferentes.

_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

H. Dê um número de exemplos para cada uma das afirmações (1) a (6), fazendo uma
transcrição de algumas palavras adicionais que se encaixam nas regras. Seus exemplos não
devem incluir nenhuma palavra que tenha sido transcrita neste livro até o momento. Lembre-
se de marcar o acento tônico nas palavras de mais de uma sílaba.
(1) três exemplos (um para cada tipo de sílaba)
______________________ ______________________ _______________________
(2) dois pares de exemplos (cada um mostrando palavras que diferem principalmente no
acento)
______________________ ________________________
______________________ ________________________

515
(3) dois conjuntos de exemplos (cada um contend uma palavra de uma sílaba, de duas silabas
e de três sílabas, com a primeira sílaba tônica permanecendo constante)
______________________ ________________________ _____________________
______________________ ________________________ _____________________

(4) quatro exemplos


______________________ ________________________
______________________ ________________________
(5) Quatro exemplos (utilize vogais e nasais diferentes)
______________________ ________________________
______________________ ________________________
(6) dois conjuntos de exemplos, cada um contendo um par de palavras contrastantes.
______________________ ________________________
______________________ ________________________

I. Transcreva as frases a seguir, registradas por falantes ingleses e americanos (os arquivos
de áudio estão disponíveis no site do livro).
(1) I’ve called several times, but never found you there51.
(2) Someone, somewhere, wants a letter from you.
(3) We were away a year ago.
(4) We all heard a yellow lion roar.
(5) What did you say before that?
(6) Never kill a snake with your bare hands.
(7) It’s easy to tell the depth of a well.
(8) I enjoy the simple life.

Como os professores variam nos tipos de exercícios de transcrição que desejam sugerir, não
serão dados exercícios adicionais no final deste e nos próximos capítulos. Em vez disso, mais
exercícios podem ser encontrados no site do livro, nos materiais do Capítulo 11 e na seção
"extras" do site.

51 (1) Eu liguei várias vezes, mas nunca encontrei você lá. (2) Alguém, em algum lugar, quer uma carta sua. (3) Nós estávamos
fora um ano atrás. (4) Todos ouvimos o rugido de um leão amarelo. (5) O que você disse antes disso? (6) Nunca mate uma cobra
com as mãos desprotegidas. (7) É fácil supor a profundidade de um poço. (8) Eu gosto da vida simples.

516
EXERCÍCIOS DE DESEMPENHO

A. Aprenda a produzir apenas a primeira parte da vogal [eɪ] como em hay. Tente dizer este
som no lugar do seu ditongo normal em palavras como they came late. Da mesma forma, aprenda
a produzir uma vogal média-alta [o] e a pronuncie em palavras que você está transcrevendo
com o ditongo [oʊ] como em Don’t go home. Você pode ouvir enunciados como esse no site do
livro, nos materiais do Capítulo 4, para os “exercícios de desempenho”.

B. Acrescente [e] e [o] em palavras sem sentido para exercícios de produção e percepção.
Essas palavras também podem agora incluir os sons desvozeados [m̥, n̥, ŋ̊, w̥, j̥]. Lembre-se
de praticar dizendo as palavras sozinho para que se possa dizê-las fluentemente. Como
mencionamos nos exercícios de desempenho do Capítulo 3, geralmente é muito produtivo
trabalhar com um colega. Comece com palavras fáceis como:
ma'ŋ̊a
'n̥eme
'ŋ̊ale
'moʔi
'l̥ ele

Depois continue com palavras mais difíceis como:

he'm̥an̥e
'ŋambm̩bel̥
'spoʔetn̩ʔɔi
'w̥oθʃo'r̥esfi
'tlepr̥idʒi'kuʒ
C. Novamente, trabalhando com um colega, escreva os números de 1 a 5 em algum lugar em
um gráfico de vogais como, por exemplo, o mostrado aqui.

Agora pronuncie as vogais correspondentes a essas posições numeradas em monossílabos


sem sentido. Por exemplo, diga algo como [dub]. Seu colega deve tentar posicionar essas
vogais em um gráfico em branco. Quando você tiver pronunciado cinco palavras, compare

517
as anotações e, em seguida, discuta as razões de quaisquer discrepâncias entre os dois
gráficos. Em seguida, inverta os papéis e repita o exercício.

D. Repita o Exercício C com tantos colegas diferentes quanto possível. É difícil fazer
julgamentos perceptivos das diferenças entre as vogais, mas você deve ser capaz de encontrar
um consenso aproximado.

E. Além das palavras sem sentido do tipo dado no Exercício B, continue praticando com
palavras para aumentar seu tempo de memória auditiva. Diga cada palavra apenas duas ou
três vezes. Lembre-se de que você deve passar pelo menos uma hora por semana fazendo
exercícios de produção e percepção.

EXERCÍCIOS (UNIDADE 5)

(As versões para impressão de todos os exercícios estão disponíveis no site do livro.)
A. Liste as formas fortes e fracas de dez palavras não mencionadas neste capítulo. Para cada
palavra, transcreva um pequeno enunciado ilustrando a forma fraca (como na Tabela 5.1).
palavra forma forte forma fraca Exemplo de
forma fraca

B. Dê dois novos exemplos de cada um dos seguintes tipos de assimilação, um dos


exemplos envolvendo uma mudança dentro de uma palavra, o outro envolvendo uma
mudança nos contornos das palavras. Em cada caso, mostre as palavras em ortografia
e em uma transcrição fonética restrita, como nos exemplos. (Mesmo que você mesmo
não articule assimilações do tipo ilustrado, invente exemplos plausíveis.)

Uma mudança de uma consoante alveolar para uma consoante bilabial.

Uma mudança de uma consoante alveolar para uma consoante dental.

518
Uma mudança de uma consoante alveolar para uma consoante velar.

Uma mudança de uma consoante surda para uma consoante sonora.

C. Dê mais cinco exemplos de assimilação. Escolha exemplos tão diferentes quanto possível
de qualquer um que tenha sido dado antes.
------------------------------ [---------------------------------- ]
------------------------------ [---------------------------------- ]
----- ----------------------- [---------------------------------- ]
------------------------------ [---------------------------------- ]
------------------------------ [---------------------------------- ]

D. Crie pares de frases ou frases que mostrem como cada uma das seguintes palavras pode
ter dois padrões diferentes de acento.

Example: continental
It's a 'continental 'breakfast.
She’s 'very conti'nental,

afternoon
_____________________________________
____________________________________
artificial
_____________________________________
_____________________________________
diplomatic
_____________________________________
_____________________________________
absentminded
_____________________________________
_____________________________________

New York
_____________________________________
_____________________________________

519
E. Preencha com sinais de mais e de menos para indicar quais sílabas na tabela abaixo têm
acentos tônicos, quais têm acento e quais têm vogais completas. Pode ser útil consultar
novamente a Tabela 5.4
computation compute inclination incline (verb)
acentos tônicos

acento

vogal completa

F. Cerca de cem anos atrás, as seguintes palavras tinham o acento, como mostrado. Algumas
delas ainda têm para algumas pessoas. Mas muitas delas (na pronúncia de Peter Ladefoged,
todas elas) são acentuadas de maneira diferente hoje em dia. Transcreva estas palavras e
mostre o acento em cada uma delas em sua própria pronúncia. Em seguida, indique uma regra
geral descrevendo essa tendência de a posição do acento mudar para uma sílaba em particular.

G. Liste mais três conjuntos de palavras mostrando as alternações de acento do tipo mostrado
na Tabela 5.2.

H. Indique os padrões de acento e entonação que podem ocorrer nas situações descritas para
os seguintes enunciados. Desenhe curvas indicativas do pitch em vez de usar os símbolos
ToBI. 1. Você pode me passar aquele livro? 2. Onde você esteve ontem? 3. Isto deve ser impresso? 4.Quem é aquela na esquina?
(1) Can you pass me that book? (dito educadamente a um amigo)
(2) Where were you last night? (de um pai irritado para a filha)

520
(3) Must it be printed? (pergunta educada)
(4) Who is the one in the corner? (animadamente para um amigo)

EXERCÍCIOS DE DESEMPENHO

A. Pronuncie as seguintes frases exatamente como foram transcritas, com todas as


assimilações e elisões. (Cada uma dessas transcrições é um registro de um enunciado
realmente ouvido em conversas normais entre falantes instruídos).

“What are you doing?” ['wɒdʒə'duɪn]


“I can inquire.” ['aɪkŋ̩ ŋ̩ ‘kwaɪə]
“Did you eat yet?” ['dʒiʔjɛʔ]
“I don’t believe him.” [aɪ'doʊmbə'livɪm]
“We ought to have come.” [wi'ɔtf̩ 'kʌm]
"O que você está fazendo?" “Eu posso perguntar.” “Você já comeu?” "Eu não acredito nele." "Deveríamos ter vindo"

B. Trabalhando com um colega, tente transcrever a entonação de algumas frases. Pode ser
difícil repetir uma frase várias vezes com a mesma entonação. Se for, tente trabalhar com
uma gravação. Em todo caso, escreva a frase e a entonação que você pretende produzir.
Pratique antes de pronunciar ao seu colega.

C. Reveze com seu colega dizendo palavras sem sentido, como as mostradas abaixo,
transcrevendo-as e comparando transcrições.
ʃkeɪʒdʒ'minʒe
‘ʔɑŋ̩kliθuntθ
sfe'eʔəm,ɑ
grɔɪpst'braɪgz
D. Faça também listas de palavras para melhorar o seu tempo de memória. Essas palavras são mais
difíceis se o acento é variado e se os sons são principalmente da mesma classe (oclusivas, vogais
anteriores, fricativas surdas, etc).

tipe'kiketi'pe
θɔɪ'saɪθaʊ'fɔɪʃaʊθaʊ
'monaŋu'ŋonɔmɑ
wo'ʔɔɪlaʊrɑ'rɔlojɔ
bəbdɪg'bɛdgɪbɛd'bɛdəd

521
EXERCÍCIOS (UNIDADE 6)

(As versões para impressão de todos os exercícios estão disponíveis no site.)


A. Rotule o diagrama para mostrar a sequência de eventos envolvidos na produção de uma
implosiva alveolar sonora.

B. Complete o diagrama para mostrar os gestos dos órgãos vocais necessários para produzir
[ŋ͡ǁ]. Adicione rótulos para que a sequência de eventos seja clara.

C. Meça (com base em 10 ms) o VOT nas formas de onda das oclusivas em a pie, a buy, a
spy.

522
D. Coloque uma transcrição restrita acima da forma de onda do sintagma He started to tidy
it (ele começou a arrumar). O sintagma foi dividido durante o fechamento do [t] em to. A
localização do [d] em tidy também é mostrada. Meça (com base em 10 ms) o VOT nas formas
de onda das oclusivas.
Primeira oclusiva em started ___ ms. Primeira oclusiva em tidy ___ ms.
Segunda oclusiva em started ___ ms. Segunda oclusiva em tidy ___ ms.
Oclusiva em to ___ ms.

A. Preencha os espaços na seguinte passagem.

Existem três mecanismos principais de fluxo de ar: o mecanismo de fluxo de ar ___________


o mecanismo de fluxo de ar ______________e o mecanismo de fluxo de ar ______________.
Em enunciados normais em todas as línguas do mundo, a corrente de ar está sempre fluindo
para fora se _______________o mecanismo do fluxo de ar estiver envolvido. As oclusivas
feitas com este mecanismo são chamadas de _______________. O único mecanismo usado
em algumas línguas para produzir alguns sons com fluxo de ar para dentro e alguns sons com
fluxo de ar para fora é o mecanismo de fluxo de ar ___________________. As oclusivas
feitas com este mecanismo atuando de forma ingressiva são chamadas
de______________________. As oclusivas feitas com este mecanismo atuando de forma
egressiva são chamadas___________________. O mecanismo usado na língua para produzir
sons somente com o ar para dentro é o mecanismo ________________________. As
oclusivas feitas com este mecanismo são chamadas ______________________. As oclusivas
podem variar no tempo de início da voz. A este respeito, [ob, d, ɡ] são oclusivas
____________________ [p,t,k] são oclusivas ____________, e [ph, th, k] são oclusivas
______________. As oclusivas [bʱ, dʱ, gʱ], que ocorrem no hindi, são chamadas de oclusivas

523
____________________. As oclusivas [b̰, d̰], que ocorrem em línguas africanas, como hausa,
são chamadas de oclusivas ______________________

EXERCÍCIOS DE DESEMPENHO

Um grande número de sons não ingleses foi discutido neste capítulo. O mesmo
número de sons adicionais será considerado no próximo capítulo. Começando com os
exercícios a seguir, você deve passar mais tempo fazendo um trabalho fonético prático. Tente
dobrar o tempo que você gasta fazendo esse tipo de trabalho. Se possível, você deve passar
cerca de vinte minutos por dia trabalhando com um colega, revisando o material no capítulo
e fazendo os exercícios abaixo.
A. Revise os diferentes tipos de fonação. Comece simplesmente diferenciando sons sonoros
e surdos, dizendo:
(1) [ɑɑɑɑ̥ɑ̥ɑ̥ɑɑɑɑ̥ɑ̥ɑ̥]
Agora adicione sons com voz soprosa à sequência.
(2) [ɑɑɑɑ̤ɑ̤ɑ̤ɑ̥ɑ̥ɑ̥]
Em seguida, adicione sons com voz crepitante (laringalizada).
(3) [ɑ̰ɑ̰ɑ̰ɑɑɑɑ̤ɑ̤ɑ̤ɑ̥ɑ̥ɑ̥]
Então, faça a sequência começar com uma oclusiva glotal.
(4) [ʔɑ̰ɑ̰ɑ̰ɑɑɑɑ̤ɑ̤ɑ̤ɑ̥ɑ̥ɑ̥]
Finalmente, pratique dizendo esta sequência na ordem inversa.
(5) [ɑ̥ɑ̥ɑ̥ɑ̤ɑ̤ɑ̤ɑɑɑɑ̰ɑ̰ɑ̰ʔ]
B. Tente fazer um movimento suave através de todos esses estados da glote, dizendo,
rapidamente:
1) [ʔɑ̰ɑɑ̤ɑ̥]
e a sequência inversa:
(2) [ɑ̥ɑ̤ɑɑ̰ʔ]

C. Repita os Exercícios A e B devagar, rapidamente,


invertidos e assim por diante, com outras articulações.
Por exemplo:
( 1 ) [ ʔ m̰ m m̤ m̥ ] m̰ m̥ n̤ n̤ n̥ ŋ̰ ŋ̤ ŋ̥ l ̰ l ̤ l ̥
( 2 ) [ ʔ n̰ n n̤ n̥ ]
( 3 ) [ ʔ ŋ̰ ŋ ŋ̤ ŋ̥ ]
( 4 ) [ ʔ l̰ l l̤ l̥ ]

524
( 5 ) [ ʔ ḭ i i̤ i̥ ]

D. Tente sobrepor a voz soprosa às consoantes intervocálicas, dizendo:


[ɑm̤ɑ, ɑn̤ɑ, ɑl̤ ɑ]
Não se preocupe se a voz soprosa também é evidente nas vogais adjacentes.

E. Agora tente adicionar voz soprosa para as oclusivas. A liberação do fechamento deve ser
seguida por um período de aspiração que se estende até a vogal.
[ɑbʱɑ, ɑdʱɑ, ɑɡʱɑ]

F. Da mesma forma, adicione voz crepitante (laringalização) a consoantes intervocálicas,


dizendo
[ɑm̰ɑ, ɑn̰ɑ, ɑl̰ ɑ]
G. Em seguida, produza oclusivas com voz crepitante (laringalização).
[ɑb̰ɑ, ɑd̰ɑ, ɑɡ̰ɑ]
Novamente, não se preocupe se a voz crepitante é mais evidente nas vogais adjacentes.

H. Diga [ɑbɑ], certificando-se de que você pronuncia uma oclusiva intervocálica totalmente
sonora. Agora repita essa sequência várias vezes, aumentando a duração do fechamento da
consoante. Tente fazer o fechamento da consoante o mais prolongado possível, mantendo o
vozeamento.
I. Repita o Exercício H com as sequências [ɑdɑ] e [ɑɡɑ].

J. Produza oclusivas longas e totalmente sonoras antes das vogais: [bɑ, dɑ, ɡɑ]. Certifique-
se de que há um fechamento vélico e que você não está dizendo [mbɑ, ndɑ, ŋɡɑ], mas
está dizendo corretamente uma oclusiva oral longa e totalmente sonora.

K. Produza oclusivas surdas e não aspiradas antes das vogais: [pɑ, tɑ, kɑ]. Você pode achar
importante imaginar que há um [s] precedente como em spar, star, scar.

L. Diga uma série de oclusivas com mais aspiração do que o habitual: [p hɑ, thɑ, khɑ].
Certifique-se de que há um período realmente longo de falta de vibração nas cordas vocais
após a liberação do fechamento e antes do início da vogal.

525
M. Pratique dizendo sequências de plosivas sonoras, surdas, não aspiradas e aspiradas: [bɑ,
pɑ, phɑ], [dɑ, tɑ, thɑ], and [ɡɑ, kɑ, khɑ].

N. Tente produzir tantos estágios intermediários quanto puder em cada uma dessas séries.
Você deve ser capaz de produzir cada série com

(1) uma oclusiva longa e totalmente sonora.


(2) uma oclusiva parcialmente sonora, mais curta e parcialmente sonora.
(3) uma oclusiva não-aspirada completamente surda.
(4) uma oclusiva levemente aspirada.
(5) uma oclusiva fortemente aspirada.

O. Pratique esses exercícios até ter certeza de que pode produzir com segurança uma
distinção entre pelo menos (1) oclusiva sonora, (2) oclusiva surda e sem aspiração e (3)
oclusivas aspiradas em cada ponto de articulação.

P. Estenda esta série começando com uma oclusiva laringalizada e terminando com uma
oclusiva murmurada. Diga:

Q. Incorpore todos esses sons em simples séries de palavras sem sentido. Se você está
fazendo sua própria série para dizer a outra pessoa, não a torne muito difícil. Tente dizer
algo como o seguinte.

R. Revise a descrição dos ejetivos. Ao fazer um ejetivo, você deve saber (1) fazer um
fechamento articulatório (por exemplo, traga seus lábios juntos); (2) fazer uma oclusiva

526
glotal (sinta que você está prendendo a respiração fechando sua glote); (3) levantar a
laringe (coloque os dedos na garganta para sentir esse movimento); (4) liberar o
fechamento articulatório (abrir os lábios); e (5) liberar o fechamento glotal (solte a
respiração).

S. Se você não conseguir produzir as sequências [p'ɑ, t’ɑ, k'ɑ], releia a seção sobre os ejetivos
para encontrar algumas dicas úteis que podem ajudá-lo.

T. Revise a descrição de implosivos sonoros. Partindo de uma oclusiva totalmente sonora,


tente sentir o movimento descendente da laringe. Tente dizer [ɓɑ, ɗɑ, ɠɑ].

U. Revise a descrição dos cliques. Tente dizer uma versão surda de cada clique entre vogais
[ɑk|ɑ, ɑkǃɑ, ɑkǁɑ], depois uma versão sa [ɑɡ|ɑ, ɑɡǃɑ, ɑɡǁɑ], e finalmente uma versão
nasalizada [ɑŋ|ɑ, ɑŋǃɑ, ɑŋǁɑ].

V. Incorpore todos esses sons em simples séries de palavras sem sentido, tais como:

EXERCÍCIOS (UNIDADE 7)

(Versões para impressão de todos os exercícios estão disponíveis no site do livro.)


Há menos exercícios no final deste e nos capítulos subsequentes, porque nessa etapa do
curso de fonética é apropriado que os alunos pensem em termos de projetos maiores. Um
possível projeto para estudantes de linguística geral é encontrar um falante de outra
língua e descrever as principais características fonéticas daquela língua. Estudantes de
inglês podem tentar fazer o mesmo com alguém que tenha um sotaque de inglês muito
diferente do deles. Os fonoaudiólogos podem descrever a fala de uma criança em

527
particular. Em cada caso, os alunos devem compilar uma lista de palavras ilustrando as
principais características da fala da pessoa que está sendo analisada. Eles devem então
fazer uma gravação dessa lista de palavras e usá-la como base para sua descrição. Um
bom modelo a seguir é o da Associação Internacional de Fonética, que publica uma série
de artigos curtos (de quatro a seis páginas) descrevendo as estruturas fonéticas de uma
língua.

Seu formato recomendado para a descrição está em ‘Sources’ (Fontes) no final do livro.
Alguns alunos poderão publicar trabalhos desse tipo.
A tabela abaixo lista a maioria dos termos necessários para classificar as consoantes.
Cerifique-se que você sabe o significado de todos esses termos. Os exercícios abaixo se
referem à tabela.
(1) (2) (3) (4) (5)
Fluxo de ar Direção Glote Língua Ponto
pulmonar egressiva vozeado apical bilabial
glotálico ingressiva desvozeado laminal labiodental
velárico soproso (nenhum) dental
laringalizado alveolar
fechada retroflex
palato-alveolar
palatal
velar
uvular
faríngeo
labial-velar

(6) (7) (8)


Centralidade Nasalidade Modo
central oral oclusiva
lateral nasal fricativa
aproximante
trill
flepe
tepe

A. Dê uma descrição completa dos seguintes sons, usando um termo de cada uma das oito
colunas na tabela acima.

[b] ______________________________________________________________________
[tʰ] ______________________________________________________________________

528
[t’] ______________________________________________________________________
[ɫ] _______________________________________________________________________
[!] _______________________________________________________________________
[R ] ______________________________________________________________________

B. Liste cinco combinações de termos que são impossíveis.


_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

C. Se negligenciarmos as articulações secundárias, como o arredondamento, a maioria


das consoantes pode ser especificada usando-se um termo de cada uma dessas oito
colunas. Mas, além das africadas como [tʃ, dʒ], uma das consoantes listadas no Capítulo
2 não pode ser especificada dessa maneira. Qual consoante é essa? Como esta deficiência
pode ser remediada?

D. Ainda sem considerar as articulações secundárias e as africadas, quais sons


mencionados neste capítulo não podem ser especificados tomando-se um termo de cada
uma das oito colunas?

EXERCÍCIOS DE DESEMPENHO

Este capítulo, como o último, introduziu muitos sons não ingleses. Durante esta
parte do curso, é importante fazer tanto trabalho prático quanto o tempo permitir. Mas
não tente ir muito rápido. Certifique-se de ter dominado completamente os exercícios de
desempenho no final do Capítulo 6 antes de prosseguir com os exercícios abaixo.
Perceba que não há exercícios de desempenho no final do Capítulo 8, então você pode
dedicar mais tempo para os exercícios aqui e no final do Capítulo 6.

A. Aprenda a produzir oclusivas surdas antes de [ɑ] em vários pontos de articulação


diferentes. Comece fazendo uma oclusiva claramente interdental [t̪ ɑ], com a ponta da
língua entre os dentes. Em seguida, faça uma oclusiva bem retroflexa, [ʈɑ], com a ponta
da língua enrolada para trás e para cima em direção ao palato duro. Agora tente fazer
tantas oclusivas quanto puder com as posições da língua entre esses dois extremos.

529
Usando os diacríticos [ ̟ ] e [ ̠ ] para classificar como ‘mais para a frente’ e ‘mais retraído’,
respectivamente, uma série desse tipo poderia ser simbolizada da seguinte maneira
[ t̪̟ ɑ t̪ ɑ t̟ ɑ tɑ t̠ ɑ ʈɑ ʈ̠ɑ ]. Tente sentir diferentes posições articulatórias como essas.

B. Repita o exercício A usando uma oclusiva sonora:


[d̟̪ ɑ d̪ɑ d̟ɑ dɑ d̠ɑ d̠ɑ ɖɑ ɖ̠ɑ]

C. Repita o exercício A usando uma nasal:


[n̟̪ ɑ n̪ɑ n̟ɑ nɑ n̠ɑ ɳɑ ɳ̠ɑ]

D. Repita o exercício A usando uma fricativa sibilante surda do tipo [s]. Perceba que é
perfeitamente possível fazer uma fricativa dental sibilante [s̪ ], mas uma sibilante
interdental verdadeira não é possível.
[s̪ ɑ s̟ ɑ sɑ s̠ ɑ ʂɑ ʂ̠ɑ]
E. Repita o exercício A usando uma fricativa sibilante sonora do tipo [ z ]. Diga:
[z̪ɑ z̟ɑ zɑ z̠ɑ ʐɑ ʐ̠ɑ]

F. Faça uma série de articulações fricativas surdas com a ponta da língua para baixo.
Comece com uma fricativa palato-alveolar [ʃ] com a lâmina da língua. (Cuidado, não é
feito com a ponta da língua para cima, o que pode ser a sua articulação normal deste som.)
Em seguida, mova o ponto de articulação para trás, levantando a frente da língua, de modo
que você produza uma fricativa palatal [ç]. Em seguida, mova a articulação mais para trás,
produzindo primeiro [x] e, em seguida, [χ]. Finalmente, puxe a raiz da língua para trás, de
modo a produzir uma fricativa faríngea [ħ]. Tente mover em uma série contínua, passando
por todas as articulações:
[ʃ, ç, x, χ, ħ]

G. Diga essas fricativas antes de vogais:


[ʃɑ, çɑ, xɑ, χɑ, ħɑ ]

H. Repita o exercício F com os sons vozeados correspondentes, produzindo a série:


[ʒ, ʝ, ɣ, ʁ, ʕ]

I. Diga essas fricativas antes de vogais:


[ʒɑ, ʝɑ, ɣɑ, ʁɑ, ʕɑ]

530
J. Depois que você estiver totalmente ciente das posições da língua em todas essas
fricativas, tente dizer algumas das oclusivas surdas correspondentes. Não há diferença
significativa entre as oclusivas palato-alveolares e oclusivas palatais e as oclusivas
faríngeas não ocorrem, portanto, basta dizer:
[cɑ, ɡɑ, qɑ]

K. Repita o exercício J com as oclusivas sonoras:


[Jɑ, ɡɑ, ɢɑ]

L. Repita o exercício J com as nasais sonoras:


[ɲɑ, ŋɑ, ɴɑ]

M. Consolide sua capacidade de produzir sons em diferentes pontos de articulação.


Produza uma série completa de nasais entre vogais:
[ɑmɑ, ɑn̪ɑ, ɑnɑ, ɑɳɑ, ɑɲɑ, ɑŋɑ, ɑɴɑ]

N. Produza uma série de oclusivas surdas entre vogais:


[ɑpɑ, ɑt̪ a, ɑtɑ, ɑʈɑ, ɑcɑ, ɑkɑ, ɑqɑ]

O. Produza uma série de oclusivas sonoras entre vogais:


[ɑbɑ, ɑd̪ɑ, ɑdɑ, ɑɖɑ, ɑɟɑ, ɑɡɑ, ɑɢɑ]

P. Produza uma série de fricativas surdas entre vogais:


[ɑɸɑ, ɑfɑ, ɑθɑ, ɑsɑ, ɑʂɑ, ɑʃɑ, ɑçɑ, ɑxɑ, ɑχɑ, ɑħɑ]

Q. Produza uma série de fricativas sonoras entre vogais:


[ɑβɑ, ɑvɑ, ɑðɑ, ɑzɑ, ɑʐɑ, ɑʒɑ, ɑʝɑ, ɑɣɑ, ɑʁɑ, ɑʕɑ]

R. Repita todos estes exercícios usando outras vogais.

S. Reveja a pronúncia de trills, tepes, flepes e aproximantes de som similar. Diga:


[ɑrɑ, ɑɾɑ, ɑɽɑ, ɑɹɑ, ɑR ɑ, ɑʁɑ]

T. Alguns desses sons são mais difíceis de pronunciar entre vogais altas. Diga:
[iri, iɾi, iɽi, iɹi, iR i, iʁi]

U. Certifique-sede que pode produzir sons laterais contrastivos. Diga:


[lɑ, ɮɑ, ɬɑ, ɭɑ, ʎɑ, tl̥ ɑ, tɬ’ɑ, dlɑ]

531
V. Repita o exercício U com outras vogais.

W. Incorpore todos esses sons em séries simples de palavras sem sentido, tal como:

Lembre-se de que você deve olhar, bem como escutar, qualquer pessoa que esteja dizendo
palavras para treinar o ouvido.
Remember that you should look at, as well as listen to, anyone saying ear training words.

Lembre-se de que você deve olhar, bem como ouvir, alguém dizendo palavras de treinamento
auditivo.

ANEXOS:

Remembering Peter Ladefoged


A recent picture of Peter with Jenny; the academic regalia was for purposes of receiving an
honorary degree at Queen Margaret University in Edinburgh. Thanks to Kuniko Neilsen.

532
A 1997 picture of Peter Ladefoged with John Wells. Thanks for John Wells for the image.

From Michal Temkin Martinez:


[This is] a photo of Peter taken during a seminar he held on "old school" palatography at
USC. He is holding up two molds of his palate (one taken many years ago - which I
believed served as an ashtray in My Fair Lady, and the other taken more recently - showing
fewer teeth - which he did not fail to mention laughing…).

533
From Peri Bhaskararao
The last fieldwork. Peter with Peri Bhaskararao and a group of native speaker consultants
assisting them in their research on Toda. Photo taken at Kiawiarh Village on January 22,
2006.

534
(original copy in full size)
"Peter explaining the use of air-flow mask to a couple of our Toda consultants”

535
(original copy in full size)

From Pat Keating and Bruce Hayes:


A picture of Peter and Jenny at our wedding in 1989. We named our son after Peter.

536
Photo taken fall 2004 at Mike Cahill’s home in Duncanville, Texas. On the left is Norris
McKinney, and on the right is Bob Longacre.
This very nice picture of Peter has been chosen by his family as the one they would prefer
for obituaries or other public use. The version below is a small-size version; for the full-
size original click here.

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