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Disciplina: Teoria do Basquetebol

Aula 6: Tática defensiva


Apresentação

Nesta aula, você aprenderá a organizar defensivamente sua equipe. Dependendo do adversário e do momento da partida,
será necessário estabelecer estratégias diferentes e seus jogadores deverão estar preparados para tal.

Todo técnico deve ter sua loso a de defesa, que será passada aos jogadores por meio de algumas regras básicas, que, se
forem respeitadas, resultarão na forma de uma equipe defender. Claro que este enfoque pode variar de um técnico para o
outro, mas alguns conceitos são básicos e podem entrar em qualquer loso a de defesa adotada.

Objetivos

Identi car os diversos sistemas defensivos;

Discutir as principais vantagens e desvantagens dos sistemas defensivos.


Esporte de cooperação e oposição
O basquetebol é um esporte de cooperação e oposição, com ocupação comum dos espaços, ou seja, as duas equipes dividem
esses espaços e com participação simultânea de ambas (ataque versus defesa).

Uma vez que os jogadores tenham adquirido um bom nível nos fundamentos defensivos, o próximo passo é incorporar essas
destrezas individuais ao sistema defensivo da equipe. Seja utilizando defesa individual, zona ou combinada.

Ao ensinar iniciantes, não os sacri que em busca da cesta. Foque na compreensão do


movimento, desenvolva a coordenação, ritmo e equilíbrio.

 (Fonte: Shutterstock)

Princípios da defesa
A defesa tem como princípios:
 
Defender entre o atacante e a cesta. Di cultar a troca de passes e de arremessos.

 
Atrasar a progressão do adversário. Recuperar a posse da bola.

Fases da defesa
Temos as seguintes fases:

1 2

Equilíbrio defensivo Transição defensiva


Primeira ação após uma nalização ou perda da posse de Ajuste provisório de posicionamento na tentativa de atrasar o
bola. ataque, proporcionando a organização de todo o sistema
defensivo.

Defesa posicionada
Posicionamento de nitivo dos cinco defensores em seus
postos especí cos.

 (Fonte: Shutterstock)
Posicionamento na quadra
Os sistemas defensivos entram em ação assim que a posse de bola passa para a equipe adversária, e podem ser previamente
combinados para serem executados, em relação à quadra, da seguinte forma:

Quadra toda ¾ de quadra


Os defensores iniciam a ação de buscar seu marcador na Os defensores começarão sua tarefa assim que seu
quadra toda, independentemente de onde ele esteja. atacante passar de uma linha imaginária, localizada na
metade do campo defensivo do adversário.

½ quadra
É o mesmo conceito do item anterior, sendo que a ação
defensiva se iniciará quando o atacante passar para a
quadra de ataque.

Estes conceitos em relação à quadra podem ser aplicados a qualquer sistema defensivo
escolhido pelo técnico.
Defesa da bola
O defensor deve ser ensinado desde o início a marcar a bola
com agressividade e trabalhar bem os pés/pernas para não ser
cortado.

Quando o jogador com a bola está posicionado em um dos


lados do ataque, devemos favorecer o drible para o
fundo/lateral (trajetória verde) da quadra e impedir os cortes
pelo meio (trajetória vermelha).

O marcador deve se empenhar para chegar à linha de fundo


antes do driblador, para não ser cortado.

Defesa individual
A defesa individual tem como característica básica a responsabilidade de cada defensor marcar um determinado atacante.

A posição do defensor deve ser entre o atacante e a cesta a ser defendida. Esta é uma posição inicial básica que deve sofrer
ajustes de acordo com:
A posição da bola. A proximidade da cesta.

A ação do ataque. Os princípios estabelecidos pelo técnico.

A defesa individual é a defesa mais usada no basquetebol moderno.

Em suma, cada um dos 5 jogadores em quadra estará marcando efetivamente um adversário. Obviamente haverá momentos de
trocas de marcação, dobras e ajudas.

A defesa individual pode ser executada de várias maneiras, de acordo com a orientação do técnico.
Defesa individual pressionada
Uma forma mais agressiva é a defesa pressionada, que dá
uma atenção especial ao atacante com bola e aos atacantes
com maior possibilidade de receber o passe.

Para exercer esta defesa pressionada, o defensor deve manter


uma distância menor do que um braço em relação ao atacante
com bola, e ter boa condição de recuperação se o atacante
passar por ele.

Os defensores que marcam jogadores sem bola e com


possibilidade de receber o passe devem fazê-lo na linha do
passe. Essa pressão individual implica em aplicar todos os
conceitos defensivos vistos anteriormente, pois, se de um lado (Fonte: Shutterstock)
ela pode provocar erros dos atacantes, pode também sofrer
cortes ou passes agudos que resultam em cestas fáceis.

Uma defesa individual pressionada exige muito treinamento e muita sintonia nas ações
defensivas dos jogadores, além de preparo físico diferenciado. Bem aplicada esta defesa
pode trazer muitas vantagens à equipe defensiva.

Funções na defesa individual


Existem três funções na defesa individual:

Clique nos botões para ver as informações.


Defesa da bola 

Cabe a este jogador fazer com que o adversário drible em direção às linhas laterais e de fundo. Forçar roubadas de bola
normalmente está associado a problemas com faltas.

Defesa dos passes (defensores na linha do 1º passe) 

Estes jogadores devem ter uma mão e um pé na linha do passe, e devem ter condições de manter os olhos no seu jogador e
na bola. Caso contrário, carão vulneráveis ao backdoor.

Ajuda 

Qualquer jogador que está a dois ou mais passes da bola. A posição da ajuda se modi cará em relação à posição da bola. A
ajuda mais próxima da cesta é chamada de baixa, enquanto a mais próxima da linha do lance livre é chamada de alta.
Características da defesa individual
Cada defensor tem a função de marcar um atacante adversário:

O jogador com bola é marcado agressivamente di cultando o drible e o arremesso;

A troca de passes é prejudicada pela marcação dos jogadores próximos à bola;

É mais fácil determinar as responsabilidades de cada um;

Seus conceitos formam a base para a aprendizagem de todos os outros sistemas. Portanto, deve ser a primeira a ser
ensinada.

Dicas para a defesa individual


Há 3 funções na defesa individual:


O marcador do homem da bola.

Os defensores negando passes.


Os defensores da ajuda.

Vamos ver algumas dicas?

1. Não permita in ltrações pelo meio

2. Não permita os passes mais próximos


Estando a bola com ②, os defensores ❶ e ❹ deverão impedir o passe para 1 e 4, respectivamente.

3. Os jogadores que estão negando os passes não participam da ajuda.

Estando a bola com ②, caso este consiga in ltrar, é

importante destacar que ❶ e ❹ não participarão da ajuda.

Neste caso, a ajuda deverá ser desempenhada por ❺.

Estando a bola com ①, caso este consiga in ltrar, é

importante destacar que ❷, ❸ e ❺ não participarão da ajuda.

Neste caso, a ajuda deverá ser desempenhada por ❹.

Princípios para uma boa defesa individual


1. O trabalho defensivo deve começar imediatamente após a
tomada da posse de bola por parte do adversário.

2. Parar a bola – Assim que possível, a defesa deve trabalhar


para diminuir o ímpeto do contra-ataque adversário.

2. Marcar a bola agressivamente.

4. Pular para a bola – Sempre que a bola é passada, o


marcador deve imediatamente “pular para o lado da bola”.

5. Negar os passes mais próximos.

6. Contestar todas as nalizações do adversário.

7. Não permitir cortes principalmente pelo centro.

8. Sempre que houver uma penetração por meio de dribles ou


passes, a ajuda deve trabalhar para proteger a cesta e forçar o
passe para fora. Em seguida, correm para se recuperar (close
out).

(Fonte: Shutterstock)
9. Não perder o atacante nem a bola de vista (visão periférica
na ajuda).

10. Os defensores do lado de ajuda devem estar sempre com


pelo menos um pé do lado forte do ataque.

11. Evitar ao máximo o passe interior (antecipação).

12. Comunicar-se o tempo inteiro na defesa, principalmente


quem está marcando próximo à cesta e tem uma boa visão
geral de toda a equipe.

13. Quando o adversário parar o drible, o marcador deve avisar


aos companheiros e todos os defensores devem impedir o
passe.

14. Bloquear sempre (não permitir a 2ª chance no ataque do


adversário).

15. Impedir a inversão do passe para o lado contrário (lado


fraco).
JP Batista sendo marcado no poste baixo por Arthur Pecos,
após uma troca defensiva que gerou um jogador mais alto
sendo marcado por um mais baixo (mismatch).

Treino do C.R. do Flamengo em 29/01/2018. Arena Carioca 1

(Fonte: Acervo do autor)

Na sequência, após realizar um giro em direção à cesta, este


encontra a ajuda na marcação vinda de Ronald Ramon.

Treino do C.R. do Flamengo em 29/01/2018. Arena Carioca 1

(Fonte: Acervo do autor)

 (Fonte: Shutterstock)
Construção de um sistema defensivo
A construção de um sistema defensivo passa necessariamente por uma série de exercícios que, se praticados de forma
pedagogicamente progressiva, levam o jogador a entender o sistema como um todo.

Todos os princípios estabelecidos pelo técnico necessitam ser treinados separadamente, em um momento inicial, e depois
treinados em conjunto, até serem assimilados por todos jogadores.

Mesmo depois de estabelecido para toda a equipe, o sistema de defesa deve ser treinado separadamente durante toda
temporada.

Muitas situações podem ser previstas e treinadas, mas a equipe precisa estar preparada para agir por princípios e regras em
função de ações ofensivas apresentadas no jogo.

Defesa por zona


Neste tipo de defesa, os jogadores são responsáveis por defender áreas, ao contrário da defesa individual, onde os defensores
são responsáveis por jogadores especí cos.

Percebe-se que a defesa por zona é bastante efetiva ao impedir penetrações e jogadas de 1
contra 1.

Dentre as possíveis justi cativas para se utilizar a defesa por zona, pode-se destacar:

 
Os jogadores da defesa podem evitar faltas mais facilmente, É possível que jogadores sicamente menos condicionados se
por estarem mais bem postados e mais protegidos por outros adaptem melhor, uma vez que devem se movimentar menos
jogadores. na defesa.


Conceitualmente, por ser menos complexa, permite que se
tenha mais tempo para treinar mais as jogadas de ataque.
 
É um “equalizador de forças”, pois di culta a atuação de Abre possibilidade para poucas jogadas de ataque e que
jogadores excepcionais. acabam sendo bastante similares.


Facilita o contra-ataque em virtude da organização dos
jogadores na defesa.

São possíveis desvantagens da defesa por zona:

1. Alguns tipos de defesa por zona são mais vulneráveis para arremessos de 3 pontos.

2. Limitam o desenvolvimento atlético dos jogadores.

3. O ataque pode tirar vantagem colocando um jogador melhor na zona de um jogador mais fraco da defesa.

4. Não ca claro de quem é a responsabilidade de efetuar o bloqueio do rebote.

5. A movimentação dos jogadores de defesa será determinada pela posição da bola, mas mantendo os limites de seu setor.

6. Embora este tipo de defesa tenha diversas formações possíveis, todas elas, de maneira geral, protegem mais a região
próxima da cesta, levando o ataque à nalização com arremessos fora do garrafão.

7. A construção da defesa por zona envolve todos os princípios da defesa individual, aplicados dentro do conceito de que cada
defensor permanecerá em sua região pré-determinada.

8. Os exercícios táticos deverão mostrar aos jogadores suas funções e responsabilidades, de forma progressiva, passando da
situação de 3 jogadores, depois 4 e nalmente o sistema completo de 5 jogadores. Esta progressão facilita a compreensão e
atuação dos defensores.

Atenção
1. Não se recomenda este tipo de defesa para jovens atletas, por limitar o desenvolvimento dos jogadores, tanto física quanto
tecnicamente.

2. Tal estratégia acaba se tornando e caz contra jovens, pois os mesmos não têm força para passar a bola para jogadores
mais distantes, além de não terem técnica su ciente para realizar arremessos de 3 pontos.

3. O professor de Educação Física deve formar atletas e não meramente vencedores de jogos. Diversas confederações no
mundo, inclusive a CBB, exigem nas suas competições que as equipes mais jovens joguem usando a defesa individual.

Diagramas com a posição dos jogadores


Os diagramas apresentados abaixo levam em consideração a posição dos jogadores em quadra e que, por convenção, tem um
número associado:

Posição Position Número

Armador PG (point guard) 1

Ala-armador SG (shooting guard) 2

Ala SF (small foward) 3

Ala-pivô PF (power foward) 4

Pivô C (Center) 5

Defesa 2-3 (2-1-2)


Tipo de defesa por zona mais comum no basquetebol, na qual
o armador e o ala-armador se posicionam no poste alto, o ala e
o ala-pivô no poste baixo e o pivô no centro do garrafão.

Devido a possível fragilidade na marcação de arremessos de


longa distância, é recomendável que os jogadores
permaneçam sempre em postura ativa de marcação, ou seja,
em base para coibir in ltrações, mas, principalmente, com as
mãos ativas a m de di cultar os arremessos.

A defesa se posicionará levando em consideração a


localização da bola e dos jogadores de ataque.

A seguir encontram-se algumas possibilidades:

Defesa 3-2 (1-2-2)


Visa aumentar a proteção contra arremessos de média e longa distância e di cultar a ação dos jogadores de fora, negando
passes para as laterais.

Todavia, ao jogar contra equipes que movimentam bastante a bola, este tipo de defesa demonstra ser vulnerável às in ltrações
partindo dos cantos da quadra.
Atenção

Diferencia-se da defesa 1-2-2 basicamente pelo posicionamento dos jogadores localizados no poste alto.

3-2 1-2-2

Defesa 1-3-1
Este tipo de defesa permite que a equipe saia mais rápido para
o ataque pois em virtude do posicionamento dos seus
jogadores, confere boas oportunidades para interceptação dos
passes.

Por outro lado, exige muita coordenação e preparo físico dos


atletas, o que poderá ocasionar cestas fáceis aos adversários.
Clique nos botões para ver as informações.
Posição 1 

Chamado de warrior. Deve cobrir toda linha de fundo da quadra. Não são raras as vezes nas quais as equipes utilizam seus
armadores para esta função.

Posições 2 e 3 

Chamados de wings. São responsáveis por realizar a marcação nas laterais e possíveis dobras na marcação. Normalmente,
quando um está marcando em cima (mais próximo da linha de 3 pontos), o outro estará marcando embaixo (mais próximo
da linha de fundo).

Posição 4 

Chamado de chaser. Deve ser atlético e ter grande capacidade de antecipação. Não deve permitir cortes pelo meio.

Posição 5 

Chamado de center. Deve sempre permanecer entre a bola e a cesta, além de ter que manter a bola longe dos postes.

Defesa combinada (Match up)


Match up é um tipo de defesa que combina características da defesa individual e da defesa por zona.

Neste caso, o homem que estiver marcando a bola deverá se comportar como na defesa individual, enquanto os demais utuam,
já que as trocas de marcação são prioritárias.

É uma defesa por zona com princípios da defesa individual, o que acaba confundindo o adversário quanto à estratégia de ataque
que ele deve utilizar.

Atenção

Independentemente do sistema defensivo, o conceito de “ lado forte 1 ” e “ lado fraco 2 ” da defesa deve ser claro.

Estes termos estão relacionados à localização da bola e à respectiva proximidade dos jogadores da defesa em relação aos
jogadores do ataque.

Imagine que há uma linha que se estenda da cesta até a metade do campo, dividindo a quadra em duas partes iguais. Se uma
equipe começa seu ataque com a bola do lado direito da quadra, esse é o “lado forte”. No entanto, quando a bola é passada para o
outro lado, o “lado forte” acaba sendo o lado esquerdo.
Atividade
1 - Quais são as fases da defesa?

2 - Cite e conceitue as 3 funções na defesa individual.

3 - Conceitue a defesa individual.

4 - Conceitue a defesa por zona.

5 - Complete o quadro abaixo:

Posição Position Número

Ala-armador

C (Center)

PF (power foward)

Ala

6 - De na a defesa match up:


Notas

Lado forte1

É o lado da quadra onde a bola está localizada.

Lado fraco2

É o lado da quadra oposto ao “lado forte” (longe da bola).

Referências

RIBEIRO, L. G. Metodologia do Ensino do Basquetebol. Rio de Janeiro: SESES, 2018.

MARONEZE, Sergio. Basquetebol - Manual de Ensino. São Paulo: Ícone, 2013.

De Rose Jr., D. Modalidades Esportivas Coletivas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

Próxima aula

Variedade de defesas para coibir as ações de ataque;

Seleção da defesa que melhor se adapte ao seu time, ao adversário e à situação do jogo;

Avaliação de pontos fortes e fracos da sua equipe, bem como as ameaças e oportunidades geradas.

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