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Henrique - Handebol 1
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Instituto de Educação
Departamento de Educação e Desportos
Conteúdo de Handebol I e II
Fundamentos Básicos
Adaptação à quadra e ao material.
Nos estágios iniciais de aprendizagem é importante familiarizar o aluno com o
espaço de jogo e material (a bola). Este processo permite ao aluno se relacionar com o
objeto de aprendizagem, isto é, as regras elementares no que respeita às demarcações da
quadra e à bola, devendo esta última ser adaptada (tamanho e calibragem) em função do
estágio de desenvolvimento do aprendiz.
Técnica individual
Os fundamentos básicos do desporto serão objeto de aperfeiçoamento contínuo,
independente do estágio em que se encontre o aprendiz ou o atleta. Desse modo,
reportaremos todos os fundamentos, muito embora dando maior ênfase àqueles mais
complexos e destinados ao desenvolvimento em estágios mais avançados da formação
desportiva.
Recepção
Ação de receber, amortecer e reter a bola. Poderá ser feita com uma ou duas mãos,
parado ou em movimento.
Classificação:
Quanto à trajetória:
• Frontal: quando ocorre a troca de passe frente-a-frente;
• Diagonal: quando a recepção é realizada mediante a rotação do tronco;
• Lateral: quando recepção da bola requer a inclinação lateral do tronco ou um passo
lateral;
Quanto à altura:
• Alta: acima da cabeça;
• Média: Na altura do peito;
• Baixa: abaixo do quadril,
• No solo: a bola rolando ou parada no solo.
Erros freqüentes:
Não amortecer a bola
Demasiada rigidez dos dedos
As mãos não estão em forma de concha
Braços fletidos demais
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Cotovelos abertos
Passe
O passe consiste de uma forma de lançamento, podendo ser realizado com uma ou
duas mãos; parado, em movimento e com salto (suspensão). Funciona como elemento de
ligação dos jogadores, permitindo a progressão da defesa para o ataque e a preparação para
a finalização à meta.
Classificação:
Quanto à trajetória:
• Direto: descreve uma trajetória retilínea. É o passe mais rápido e que deve ser
priorizado em situação de jogo;
• Picado: a bola é lançada de modo a tocar o solo antes de chegar ao companheiro. O
desvio no solo é útil para evitar a interceptação por um marcador que se coloque
entre dois atacantes. È, também, muito utilizado para servir o pivô;
• Parabólico: é a trajetória característica dos passes de longa distância ou realizada
em situações em que exista a possibilidade de interceptação pelos defensores. É
também utilizado em situações de contra-ataque direto. Em função desta trajetória
são mais lentos.
Quanto ao movimento de execução:
• Parado;
• Em movimento (3 passos);
• Em suspensão.
Passes simples: Os mais indicados na iniciação.
• Passe de ombro reto e parabólico;
• Passe lateral;
• Passe picado.
Passes especiais: Utilizados em estágios mais avançados da aprendizagem.
• Passe com salto;
• Passe por baixo;
• Passe por trás do quadril c/ uma das mãos;
• Passe por trás da cabeça;
• Passe de envolvimento.
Erros freqüentes:
• Nos passes de ombro
o Cotovelo baixo;
o Falta de empunhadura da bola;
o Empurrar em vez de lançar;
• No passe lateral
o Movimento pendular;
o Falta de empunhadura;
o Não finalizar com flexão do punho.
Progressão
É a ação de evoluir ganhando terreno na quadra de jogo de posse da bola, respeitando as
regras do jogo e visando se aproximar da área adversária.
Tipos de progressão
• 3 passos;
• 3 passos com cruzada;
• Drible;
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• Passos combinados com o drible.
Drible
É a ação de lançar a bola em direção ao solo uma ou mais vezes, mantendo-a sobre o
próprio domínio. Deve-se evitar o abuso na utilização do drible como meio de transporte
da bola durante a evolução do jogo de defesa para o ataque, pois esta transição é mais
efetiva e rápida mediante o recurso ao passe. A única exceção diz respeito à utilização em
situações de contra-ataque, oportunidade em que um jogador se desloca sozinho em
direção à meta adversária.
Engajamento
Responde pela dinâmica do jogo de ataque. Consiste na troca de passes com
deslocamentos sucessivos escalonados em direção ao gol e nos espaços existentes entre os
adversários. Responde pela agressividade do jogo de ataque de uma equipe.
Arremesso
Consiste em formas de lançamentos à meta adversária visando à consecução de gols.
Difere do passe em função da força empregada. O êxito na realização deste fundamento
requer a conjugação de força e precisão.
Condições para um bom arremesso:
• Oportunidade;
• Rapidez na execução;
• Precisão;
• Força explosiva;
• Variedade de arremesso.
Classificação:
Quanto ao movimento de execução
• Com apoio:
• Arremesso de ombro
• Arremesso de quadril
• Em suspensão
• Com queda
• Com salto e queda
Quanto à distância
• Curto: 6-7metros. Em geral, realizados pelos pontas e pivôs.
• Médio: nas imediações dos nove metros.
• Longo: além dos 9 metros.
Os arremessos médios e longos são realizados geralmente pelos armadores centrais
e laterais.
Fintas
È ação que o jogador realiza, estando ou não de posse da bola, visando
desequilibrar o adversário debilitando a sua prontidão defensiva. Durante a execução de
uma finta, o atacante simula falsos deslocamentos de cabeça, tronco e membros desviando
a atenção do defensor e/ou levando-o a mover-se na direção contrária à sua real intenção
de progressão ou finalização.
Tipos de finta
• Sem bola: mudança de direção e de entradas
• Com bola: de passe, arremesso, de entrada (simples e dupla), cruzeta e com giros.
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Estas ações podem ser combinadas gerando movimentos mais complexos.
Condições para a realização bem sucedida da finta
Velocidade de reação (nem muito rápido, nem lento demais);
Equilíbrio e destreza;
Domínio na troca de direção
Deslocamento
A movimentação do pivô próximo à linha dos 6 metros e entre os defensores ocorre
mediante deslocamentos frontais e laterais. Dependendo da situação defensiva, pode ser
necessário o pivô realizar bloqueios na primeira linha ofensiva (9 metros), visando apoiar o
jogo de armadores e pontas (Figura 1).
Técnica:
• Giros: realizados para o lado do braço da bola ou para o lado contrário ao braço
da bola. Haja vista o espaço restrito para a realização do giro, recomenda-se um
trabalho técnico visando o domínio do giro, inicialmente, no calcanhar, finalizando
com o giro sobre a parte plantar anterior do pé de apoio;
• Boa recepção: estar sempre atento à possibilidade de receber e concluir à meta;
• Arremessos com suspensão e/ou queda: em função da situação de
jogo, optar pela melhor forma de realizar a finalização. Quando for em queda,
recorrer ao “peixinho” ou rolamentos;
• Bloqueio e cortina: Constituem ações táticas de base constantemente
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utilizadas pelo pivô em apoio aos companheiros de primeira linha de ataque e,
mesmo, visando à criação de superioridade numérica.
Função:
• Auxílio aos homens de 1ª linha: Através de bloqueios (na 1ª e 2ª linha de
ataque) e cortinas, com a possibilidade de criação de superioridade numérica;
• Confundir o sistema defensivo: sua presença e movimentação na segunda
linha ofensiva exigem a constante troca de marcação por parte dos homens de
defesa, provocando falhas na estrutura defensiva e proporcionando situações de
superioridade numérica setorial e/ou vagas para infiltração;
Superioridade numérica: situações em que um defensor tem a responsabilidade de
marcação sobre mais de um atacante. Em geral, é ocasionada pela dinâmica do ataque,
envolvendo a constante movimentação do pivô em situações de ataque posicional ou em
circulação.
Tipos de defesa
Tendo em vista a força, velocidade e precisão dos arremessos, a técnica de defesa
do goleiro de handebol difere dos congêneres em outras modalidades esportivas, como por
exemplo o futebol. Embora não se elimine a possibilidade de, no handebol, o goleiro
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recorrer a vôos, estes são raramente observados na prática desta modalidade. No handebol
o goleiro utiliza o próprio corpo, lançando os membros ou oferecendo o próprio tronco
(quando o arremesso de dirige à posição em que se encontra) para interceptar a trajetória
da bola. Isto torna as reações mais rápidas e as investidas de defesa mais eficazes.
Podemos caracterizar a técnica de defesa da seguinte forma:
• Alta: nas bolas arremessadas nos ângulos superiores o goleiro utiliza os membros
superiores na direção da trajetória do lançamento;
• Média: nas bolas arremessadas na altura do quadril o goleiro lança,
simultaneamente, os braços e as pernas na direção da trajetória do lançamento;
• Baixa: nas bolas arremessadas na altura das pernas ou no solo, o goleiro lança os
membros inferiores na direção da trajetória do lançamento;
• Defesas de recurso: o goleiro pode realizar defesas alta, média e baixa lançando os
dois membros superiores e/ou um dos membros inferiores (dependendo da sua
elasticidade) visando à interceptação dos lançamentos ao gol;
• Saída em X; Y; combinada: em geral constituem um recurso utilizado pelo goleiro
nas situações de contra-ataque ou outras em que se depara frente-a-frente com o
atacante na situação de finalização.
Sistemas de defesa
Defesa individual
Neste tipo de defesa, cada defensor é responsável por um adversário, devendo
acompanhá-lo durante todo o período até que a equipe recupere a posse de bola. O
defensor deverá se posicionar de modo a evitar que o oponente ganhe a linha de passe ou
de arremesso. De referir que a defesa individual permite maior desenvolvimento das
habilidades defensivas e, por esse motivo, deveria ser priorizada na iniciação elementar.
Quando aplicar este sistema.
• Inferioridade numérica do adversário;
• Contra uma equipe mal preparada fisicamente;
• Contra uma equipe mal preparada tecnicamente;
• Final de jogo, quando a equipe se encontra inferiorizada no placar;
• Como fator surpresa.
A defesa individual pode ser:
• Meia-quadra- quando utilizada apenas até a metade da quadra;
• Quadra-toda - quando utilizada em toda a extensão da quadra.
Vantagens:
• A bola é recuperada mais vezes que na defesa por zona;
• Pode ser empregado contra qualquer sistema de ataque;
• Quebra uma jogada combinada pelo adversário;
• Cria dificuldades na troca de passes e arremessos da equipe adversária.
Desvantagens:
• Grande gasto de energia;
• A cobertura fica prejudicada;
• A possibilidade de contra-ataque diminui.
Fases do ataque
Podemos observar um conjunto de características que são comuns ao jogo de ataque
no handebol. Desse modo, o jogo de ataque pode ser dividido em quatro fases:
• Contra-ataque direto: em geral, quando um ou mais jogadores partem em
velocidade para o ataque, recebe(m) a bola diretamente do goleiro ou de um
companheiro de equipe localizado próximo à própria área de gol, seguindo-se
então a conclusão na meta adversária;
• Contra-ataque apoiado ou sustentado: quando não ocorre a concretização da fase
anterior, outros jogadores da equipe atacante podem sustentar o contra-ataque,
realizando trocas de passe rápidas de modo a concluir o ataque enquanto a defesa
adversária ainda se encontra desorganizada;
• Organização e recuperação: quando não ocorreu a finalização ao gol nas fases
anteriores e a defesa adversária está organizada, a equipe de posse da bola
suspende as ações de contra-ataque e inicia a organização dos jogadores na
formação de ataque posicional;
• Ataque em sistema: esta fase se concretiza quando todos os jogadores de ataque se
encontram nas respectivas posições, caracterizando o sistema de ataque posicional
adotado pela equipe.
Sistemas de ataque
O jogo de ataque pode ser realizado mediante sistemas mais ou menos dinâmicos,
representados, respectivamente, pelo ataque em circulação e ataque posicional.
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diferencia do cruzamento pelo fato da bola ser passada antes que os jogadores
cruzem a trajetória de deslocamento.
• Cruzamentos: durante o engajamento os jogadores cruzam a trajetória de
deslocamento, incorrendo na troca de setores de atuação. Deste modo, o jogador de
posse da bola se desloca até o setor de um companheiro e passa-lhe a bola, em
geral, no momento em que ocorre o cruzamento das trajetórias. Este último, de
posse da bola, ficará momentaneamente livre de marcação com a possibilidade de
arremessar à baliza adversária. Caso não conclua a jogada, deslocará até o setor do
jogador que lhe passou a bola e dará continuidade ao jogo de ataque. Conforme o
número de jogadores envolvidos poder ser:
o Simples: realizado por dois jogadores em qualquer parte do campo de jogo;
o Duplo: realizado por três jogadores em qualquer parte do campo de jogo.
A seqüência continuada de cruzamentos incide em formas de circulação mais
complexas, como o “carrossel” ou grande oito, oportunidade em que se aplicam,
também, as demais ações táticas de base (bloqueios, cortinas, passa-e-vai, etc.).
• Bloqueio ofensivo: é a ação tática que visa impedir ou retardar a
movimentação do defensor, evitando a sua intervenção, a tempo e com equilíbrio,
sobre um companheiro de ataque de posse da bola, criando condições para a
finalização à meta através de uma infiltração. Mediante a utilização do próprio
corpo e de boa base, o atacante se coloca junto ao defensor, no lado em que
pretende limitar o seu deslocamento, visando abrir espaço ou evitar a ação direta do
defensor sobre o companheiro de equipe. Quando o atacante desfaz o bloqueio,
surge a oportunidade de criar superioridade numérica e, com ela, a possibilidade de
receber um passe em condições de finalização.
• Cortina: tem uma função semelhante ao bloqueio, entretanto, visa evitar que o(s)
defensor(es) atue(m) diretamente sobre um atacante que realiza o arremesso nas
imediações da primeira linha ofensiva. É muito utilizado nas cobranças de tiro livre
nos 9 metros.
Muito embora tenhamos caracterizado individualmente às ações táticas de base, em
situação de jogo elas são realizadas de forma combinada como, por exemplo, a realização
de cruzamento seguido de bloqueio ou cortina, corta-luz seguido de bloqueio ou cortina,
cruzamentos combinados com bloqueios e seu desmanche (desfazer bloqueio). Rememore-
se que no ataque em circulação as ações são realizadas conforme o trajeto da bola e
jogadores, definidos com antecipação, em função das características dos jogadores que se
pretenda potencializar no jogo de ataque.
Referências e Bibliografia
Diversos. (Ver-a). Andebol Top. Retrieved, from the World Wide Web:
www.handeboltop.com
Diversos. (Ver-b). Revista Treino Desportivo. CEFD. Retrieved, from the World Wide
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