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UFRRJ - Professor Dr. J.

Henrique - Handebol 1
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Instituto de Educação
Departamento de Educação e Desportos
Conteúdo de Handebol I e II

Responsável: Prof. Dr. José Henrique dos Santos

Fundamentos Básicos
Adaptação à quadra e ao material.
Nos estágios iniciais de aprendizagem é importante familiarizar o aluno com o
espaço de jogo e material (a bola). Este processo permite ao aluno se relacionar com o
objeto de aprendizagem, isto é, as regras elementares no que respeita às demarcações da
quadra e à bola, devendo esta última ser adaptada (tamanho e calibragem) em função do
estágio de desenvolvimento do aprendiz.

Manejo de bola e do corpo.


Consiste no domínio coordenado dos movimentos com e sem a bola. Visa
desenvolver a destreza e o manejo do material. As características peculiares do jogo
demandam formas específicas de deslocamentos, coordenação geral, equilíbrio e ritmo.
Formas de trabalho: exercícios orientados e jogos recreativos.

Técnica individual
Os fundamentos básicos do desporto serão objeto de aperfeiçoamento contínuo,
independente do estágio em que se encontre o aprendiz ou o atleta. Desse modo,
reportaremos todos os fundamentos, muito embora dando maior ênfase àqueles mais
complexos e destinados ao desenvolvimento em estágios mais avançados da formação
desportiva.

Recepção
Ação de receber, amortecer e reter a bola. Poderá ser feita com uma ou duas mãos,
parado ou em movimento.
Classificação:
Quanto à trajetória:
• Frontal: quando ocorre a troca de passe frente-a-frente;
• Diagonal: quando a recepção é realizada mediante a rotação do tronco;
• Lateral: quando recepção da bola requer a inclinação lateral do tronco ou um passo
lateral;
Quanto à altura:
• Alta: acima da cabeça;
• Média: Na altura do peito;
• Baixa: abaixo do quadril,
• No solo: a bola rolando ou parada no solo.

Erros freqüentes:
Não amortecer a bola
Demasiada rigidez dos dedos
As mãos não estão em forma de concha
Braços fletidos demais
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Cotovelos abertos

Passe
O passe consiste de uma forma de lançamento, podendo ser realizado com uma ou
duas mãos; parado, em movimento e com salto (suspensão). Funciona como elemento de
ligação dos jogadores, permitindo a progressão da defesa para o ataque e a preparação para
a finalização à meta.
Classificação:
Quanto à trajetória:
• Direto: descreve uma trajetória retilínea. É o passe mais rápido e que deve ser
priorizado em situação de jogo;
• Picado: a bola é lançada de modo a tocar o solo antes de chegar ao companheiro. O
desvio no solo é útil para evitar a interceptação por um marcador que se coloque
entre dois atacantes. È, também, muito utilizado para servir o pivô;
• Parabólico: é a trajetória característica dos passes de longa distância ou realizada
em situações em que exista a possibilidade de interceptação pelos defensores. É
também utilizado em situações de contra-ataque direto. Em função desta trajetória
são mais lentos.
Quanto ao movimento de execução:
• Parado;
• Em movimento (3 passos);
• Em suspensão.
Passes simples: Os mais indicados na iniciação.
• Passe de ombro reto e parabólico;
• Passe lateral;
• Passe picado.
Passes especiais: Utilizados em estágios mais avançados da aprendizagem.
• Passe com salto;
• Passe por baixo;
• Passe por trás do quadril c/ uma das mãos;
• Passe por trás da cabeça;
• Passe de envolvimento.
Erros freqüentes:
• Nos passes de ombro
o Cotovelo baixo;
o Falta de empunhadura da bola;
o Empurrar em vez de lançar;
• No passe lateral
o Movimento pendular;
o Falta de empunhadura;
o Não finalizar com flexão do punho.

Progressão
É a ação de evoluir ganhando terreno na quadra de jogo de posse da bola, respeitando as
regras do jogo e visando se aproximar da área adversária.

Tipos de progressão
• 3 passos;
• 3 passos com cruzada;
• Drible;
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• Passos combinados com o drible.

Drible
É a ação de lançar a bola em direção ao solo uma ou mais vezes, mantendo-a sobre o
próprio domínio. Deve-se evitar o abuso na utilização do drible como meio de transporte
da bola durante a evolução do jogo de defesa para o ataque, pois esta transição é mais
efetiva e rápida mediante o recurso ao passe. A única exceção diz respeito à utilização em
situações de contra-ataque, oportunidade em que um jogador se desloca sozinho em
direção à meta adversária.

Engajamento
Responde pela dinâmica do jogo de ataque. Consiste na troca de passes com
deslocamentos sucessivos escalonados em direção ao gol e nos espaços existentes entre os
adversários. Responde pela agressividade do jogo de ataque de uma equipe.

Arremesso
Consiste em formas de lançamentos à meta adversária visando à consecução de gols.
Difere do passe em função da força empregada. O êxito na realização deste fundamento
requer a conjugação de força e precisão.
Condições para um bom arremesso:
• Oportunidade;
• Rapidez na execução;
• Precisão;
• Força explosiva;
• Variedade de arremesso.
Classificação:
Quanto ao movimento de execução
• Com apoio:
• Arremesso de ombro
• Arremesso de quadril
• Em suspensão
• Com queda
• Com salto e queda
Quanto à distância
• Curto: 6-7metros. Em geral, realizados pelos pontas e pivôs.
• Médio: nas imediações dos nove metros.
• Longo: além dos 9 metros.
Os arremessos médios e longos são realizados geralmente pelos armadores centrais
e laterais.

Fintas
È ação que o jogador realiza, estando ou não de posse da bola, visando
desequilibrar o adversário debilitando a sua prontidão defensiva. Durante a execução de
uma finta, o atacante simula falsos deslocamentos de cabeça, tronco e membros desviando
a atenção do defensor e/ou levando-o a mover-se na direção contrária à sua real intenção
de progressão ou finalização.
Tipos de finta
• Sem bola: mudança de direção e de entradas
• Com bola: de passe, arremesso, de entrada (simples e dupla), cruzeta e com giros.
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Estas ações podem ser combinadas gerando movimentos mais complexos.
Condições para a realização bem sucedida da finta
Velocidade de reação (nem muito rápido, nem lento demais);
Equilíbrio e destreza;
Domínio na troca de direção

Técnica individual do pivô


Localização + Posição básica (boa base)
O pivô se posiciona entre os defensores e nas proximidades da segunda linha
ofensiva (área de gol ou 6 metros). É o único jogador que atua de costas ou de lado para o
gol, necessitando, por isso, recorrer ao giro para realizar a finalização. O pivô deve alternar
entre a base simétrica ou assimétrica, em função do posicionamento assumido em relação
ao adversário durante as ações de bloqueio ofensivo e cortina, de modo a sustentar a
“pressão” do adversário e, ao mesmo tempo, manter-se equilibrado para realizar o seu jogo
e as finalizações.
O jogador na função de pivô deve assumir uma base simétrica ou assimétrica com
afastamento dos pés correspondendo, aproximadamente, à largura dos ombros, joelhos
levemente fletidos e pronto para realizar a recepção da bola, girar com agilidade e finalizar
com rapidez.

Deslocamento
A movimentação do pivô próximo à linha dos 6 metros e entre os defensores ocorre
mediante deslocamentos frontais e laterais. Dependendo da situação defensiva, pode ser
necessário o pivô realizar bloqueios na primeira linha ofensiva (9 metros), visando apoiar o
jogo de armadores e pontas (Figura 1).

Flutuação para bloqueio

Figura 1. Trajetórias de deslocamento do pivô

Técnica:
• Giros: realizados para o lado do braço da bola ou para o lado contrário ao braço
da bola. Haja vista o espaço restrito para a realização do giro, recomenda-se um
trabalho técnico visando o domínio do giro, inicialmente, no calcanhar, finalizando
com o giro sobre a parte plantar anterior do pé de apoio;
• Boa recepção: estar sempre atento à possibilidade de receber e concluir à meta;
• Arremessos com suspensão e/ou queda: em função da situação de
jogo, optar pela melhor forma de realizar a finalização. Quando for em queda,
recorrer ao “peixinho” ou rolamentos;
• Bloqueio e cortina: Constituem ações táticas de base constantemente
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utilizadas pelo pivô em apoio aos companheiros de primeira linha de ataque e,
mesmo, visando à criação de superioridade numérica.

Função:
• Auxílio aos homens de 1ª linha: Através de bloqueios (na 1ª e 2ª linha de
ataque) e cortinas, com a possibilidade de criação de superioridade numérica;
• Confundir o sistema defensivo: sua presença e movimentação na segunda
linha ofensiva exigem a constante troca de marcação por parte dos homens de
defesa, provocando falhas na estrutura defensiva e proporcionando situações de
superioridade numérica setorial e/ou vagas para infiltração;
Superioridade numérica: situações em que um defensor tem a responsabilidade de
marcação sobre mais de um atacante. Em geral, é ocasionada pela dinâmica do ataque,
envolvendo a constante movimentação do pivô em situações de ataque posicional ou em
circulação.

Técnica individual do Goleiro


O goleiro tem uma importância fundamental na equipe. Sua ação é tanto ou mais
relevante que as ações dos companheiros de “linha” e, em geral, a literatura refere que o
goleiro pode influenciar em mais de 50% do resultado do jogo. Esta influência pode ser
positiva ou negativa, consoante a performance realizada. Quanto mais seguro e eficaz for o
goleiro, mais positivamente influenciará o grupo ou, do contrário, provocará o desânimo de
seus companheiros, reduzindo as expectativas e a luta pelo resultado favorável à equipe. O
goleiro representa o primeiro atacante e o último defensor da equipe. Seu sucesso ou sua
falha influencia fortemente o ânimo e os resultados da equipe. A função do goleiro requer
uma preparação específica, haja vista as particularidades técnicas próprias da posição.

Posição básica do goleiro (W; U; V)


O goleiro deve sempre visar a bola e se colocar sobre a bissetriz do ângulo formado
desta com os postes verticais da baliza. A posição básica envolve a base,
aproximadamente, na largura dos ombros, joelhos levemente fletidos e peso discretamente
projetado sobre a parte plantar anterior do pé. A posição dos braços varia conforme as
características biotipológicas ou estilo adotado pelo jogador, mediante a qual se define a
postura do goleiro em (a) alta ou em “V”, quando os braços encontram-se estendidos para
cima; (b) média ou em “U”, quando os cotovelos encontram-se na altura dos ombros e
fletidos a 90°; ou (c) baixa ou em “W” quando os cotovelos encontram-se abaixo da linha
dos ombros e levemente fletidos (Figura 2).

Figura 2. Posição básica face ao posicionamento dos braços

A posição na baliza varia conforme a bola se encontre na região central ou lateral do


campo de jogo, mas sempre tendo como referência a bissetriz do ângulo formado pela bola
com os postes da baliza.
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• No centro: quando a bola se encontra na região central (correspondente à posição
dos armadores central e laterais);
• Junto aos postes: quando a bola se encontra nas regiões laterais (correspondente à
posição dos pontas), obrigando o goleiro a realizar a defesa junto ao poste
correspondente;
• Defesa do ângulo curto e longo: na defesa do ângulo curto o goleiro se posiciona de
modo a defender o ângulo correspondente ao poste mais próximo da bola, enquanto
na defesa do ângulo longo o goleiro se posiciona de modo a defender o ângulo
correspondente ao poste mais distante da bola. Na iniciação do jovem goleiro o
posicionamento sobre a bissetriz do ângulo deve ser prioritário. Num nível mais
avançado, a variação da defesa no ângulo curto e longo é um recurso muito
utilizado nas situações em que o goleiro recorre à finta de defesa ou defesa de tiros
livres, sendo característico neste último, a divisão de responsabilidades com os
jogadores de defesa.

Deslocamento e posicionamento do goleiro em relação à bola (colocação)


Os deslocamentos na baliza são um fator fundamental nas primeiras etapas de
aprendizagem. Como já referimos, na iniciação, recomenda-se ensinar ao goleiro a
movimentar-se em função da posição da bola, procurando manter o posicionamento no
centro (bissetriz) dos ângulos de remate (Figura 3).

Figura 3. Posicionamento do goleiro em relação ao ângulo de arremesso (Martini,1980)

A trajetória de deslocamento de um poste ao outro pode ser realizado descrevendo


um pequeno semicírculo, triângulo ou dois pequenos semicírculos (Martini, 1980),
sendo as duas primeiras trajetórias, mais recomendada na iniciação da técnica (Figura 4). O
deslocamento do goleiro deve ser realizado através de pequenos passos laterais, evitando
perder o contacto com o solo, pois a base é de fundamental importância para a sua reação
aos arremessos.

Figura 4. Trajetórias de deslocamento do goleiro (Martini, 1980)

Tipos de defesa
Tendo em vista a força, velocidade e precisão dos arremessos, a técnica de defesa
do goleiro de handebol difere dos congêneres em outras modalidades esportivas, como por
exemplo o futebol. Embora não se elimine a possibilidade de, no handebol, o goleiro
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recorrer a vôos, estes são raramente observados na prática desta modalidade. No handebol
o goleiro utiliza o próprio corpo, lançando os membros ou oferecendo o próprio tronco
(quando o arremesso de dirige à posição em que se encontra) para interceptar a trajetória
da bola. Isto torna as reações mais rápidas e as investidas de defesa mais eficazes.
Podemos caracterizar a técnica de defesa da seguinte forma:
• Alta: nas bolas arremessadas nos ângulos superiores o goleiro utiliza os membros
superiores na direção da trajetória do lançamento;
• Média: nas bolas arremessadas na altura do quadril o goleiro lança,
simultaneamente, os braços e as pernas na direção da trajetória do lançamento;
• Baixa: nas bolas arremessadas na altura das pernas ou no solo, o goleiro lança os
membros inferiores na direção da trajetória do lançamento;
• Defesas de recurso: o goleiro pode realizar defesas alta, média e baixa lançando os
dois membros superiores e/ou um dos membros inferiores (dependendo da sua
elasticidade) visando à interceptação dos lançamentos ao gol;
• Saída em X; Y; combinada: em geral constituem um recurso utilizado pelo goleiro
nas situações de contra-ataque ou outras em que se depara frente-a-frente com o
atacante na situação de finalização.

Qualidades básicas requeridas para a posição de goleiro:


• Coragem;
• Estatura + envergadura;
• Velocidade + agilidade;
Atenção + concentração.

Técnica e Tática Defensiva


Jogo de defesa
Consiste num conjunto de ações individual ou coletiva, com a finalidade principal
de evitar a conclusão de uma jogada do ataque adversário. Esta situação de defesa se inicia
logo após a conclusão de um ataque ou quando a equipe está na iminência de perder a
posse de bola. Alguns princípios básicos devem se observados (Zamberlan, 1996):
• Posicionar-se entre o atacante e o gol;
• Observar e marcar o braço de arremesso do adversário;
• Manter-se na posição básica de equilíbrio;
• Manter observação constante sobre o atacante direto;
• Evitar a penetração, agindo com antecipação de forma oportuna e segura;
• Ajudar o companheiro lateral;
• Observar e acompanhar a trajetória da bola;
• Evitar o bloqueio ofensivo;
• Marcar o pivô (pela frente ou por trás), evitando que se posicione favoravelmente
para receber a bola.
• Sair no momento oportuno para a marcação.

Técnica individual de defesa.


• Posição básica de defesa;
• Deslocamento;
• Bloqueio defensivo;
• Marcação.
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Fases da defesa
Podemos dizer que a defesa começa ainda no ataque, quando se perde ou esta na
iminência de perder a posse da bola. Dividiremos então, em quatro fases:
• Retorno imediato- após perder a posse da bola os jogadores deverão retornar em
velocidade para a sua defesa, utilizando para isso o caminho mais curto (em linha
reta), correndo de frente até o meio da quadra e depois de costas, para observar e
cortar possíveis lançamentos;
• Defesa temporária- após o retorno imediato, independente de estarem nas
respectivas posições originais de defesa, os defensores deverão realizar a defesa na
posição em que se encontram, podendo neste momento o marcador recorrer à
marcação individual;
• Organização da defesa- evitando o contra-ataque direto do adversário, a defesa se
organiza enquanto os jogadores se reposicionam nos setores pelos quais são
responsáveis;
• Defesa em sistema- ultrapassada com sucesso as fases anteriores, a equipe deve
defender-se de forma sistematizada, conforme o sistema previamente adotado.

Sistemas de defesa

Defesa individual
Neste tipo de defesa, cada defensor é responsável por um adversário, devendo
acompanhá-lo durante todo o período até que a equipe recupere a posse de bola. O
defensor deverá se posicionar de modo a evitar que o oponente ganhe a linha de passe ou
de arremesso. De referir que a defesa individual permite maior desenvolvimento das
habilidades defensivas e, por esse motivo, deveria ser priorizada na iniciação elementar.
Quando aplicar este sistema.
• Inferioridade numérica do adversário;
• Contra uma equipe mal preparada fisicamente;
• Contra uma equipe mal preparada tecnicamente;
• Final de jogo, quando a equipe se encontra inferiorizada no placar;
• Como fator surpresa.
A defesa individual pode ser:
• Meia-quadra- quando utilizada apenas até a metade da quadra;
• Quadra-toda - quando utilizada em toda a extensão da quadra.
Vantagens:
• A bola é recuperada mais vezes que na defesa por zona;
• Pode ser empregado contra qualquer sistema de ataque;
• Quebra uma jogada combinada pelo adversário;
• Cria dificuldades na troca de passes e arremessos da equipe adversária.
Desvantagens:
• Grande gasto de energia;
• A cobertura fica prejudicada;
• A possibilidade de contra-ataque diminui.

Defesa por zona


Neste tipo de defesa os jogadores são responsáveis por determinados setores do
campo defensivo. Neste espaço ocorrem os confrontos com os oponentes diretos, que
podem ser mudados de acordo com a movimentação do adversário.
Tipos de defesa por zona.
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• 6x0- é um sistema de defesa em que os seis jogadores se posicionam junto à linha
da área do goleiro formam, portanto, apenas uma linha de defesa.
• 5x1-neste sistema, cinco jogadores se posicionam próximo da área do goleiro,
formando a segunda linha defensiva e um defensor se coloca à frente destes,
próximo a linha tracejada, formando a primeira linha de defesa.
• 4x2- a defesa deve ser formada com quatro jogadores junto à área do goleiro,
formando a segunda linha de defensores e dois jogadores na tracejada, formando a
primeira linha de defesa.
• 3x2x1- neste tipo de defesa, três jogadores ficam junto à área do goleiro formando
a terceira linha de defesa, dois jogadores formando a segunda linha de defesa estão
próximos à tracejada e finalmente um jogador um passo a frente da tracejada forma
a primeira linha de defesa.
Dinâmica da defesa por zona
O sistema de defesa por zona pode ser mais ou menos dinâmico conforme se
destine a evitar as infiltrações, defendendo em bloco a linha dos 6 metros, ou diminuindo
o espaço ofensivo dos atacantes, através de flutuações ou defesas mais avançadas. Em
termos metodológicos, aconselha-se o ensino das defesas menos avançadas para as mais
avançadas priorizando, deste modo, o domínio da defesa na linha dos 6 metros como base
para o aprendizado e desenvolvimento dos demais sistemas defensivos.
Vantagens:
• Provoca menos desgaste físico, quando comparada à defesa individual;
• Quanto menos avançada, proporciona melhor proteção da região dos 6 metros e, à
medida que se tornam mais avançadas, restringem o espaço ofensivo dos atacantes
nas zonas de maior ângulo de arremesso;
• As tarefas dos defensores são definidas e se modificam pouco no decorrer do jogo,
facilitando a coordenação tática;
• Proporciona maior rapidez ao contra-ataque, face ao adiantamento do(s)
avançado(s)
Desvantagens:
As desvantagens dizem respeito à relação entre a amplitude e a profundidade e às
exigências físicas e técnicas exigidas devendo, portanto serem consideradas em relação às
características dos próprios jogadores e ao jogo da equipe adversária. Assim, as defesas
mais avançadas, embora mais agressivas, exigem maior qualidade técnica, provocam maior
desgaste físico, e se caracterizam pela menor amplitude, debilitando a defesa na linha dos 6
metros. Por outro lado, as defesas menos avançadas exigem menos física e tecnicamente
dos jogadores e proporcionam maior proteção dos 6 metros. Contudo perdem em
profundidade permitindo maior liberdade para os arremessos dos 9 metros.

Sistema de defesa combinada


• 5x0+1 e 4x0+2- Quando cinco ou quatro jogadores realizam marcação por zona
junto à área do goleiro e um ou dois jogadores realizam marcação individual.
Aplicação
É de extrema utilidade quando se pretende anular um ou dois atacantes mais
habilidosos, tanto nos arremessos dos médios e longos, quanto em infiltrações. A
neutralização de atacantes habilidosos enfraquece o jogo ofensivo do adversário e aumenta
a possibilidade de recuperação da posse de bola.
Vantagens
• limitação do jogo ofensivo adversário, sem perder demasiada amplitude da defesa;
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• compromete o ritmo e a coordenação tática do ataque;


• Proporciona maior rapidez ao contra-ataque, face ao adiantamento do(s)
avançado(s).
Desvantagem
• O bloqueio ofensivo dos defensores avançados, pode comprometer o sistema
defensivo, caso não haja boa coordenação tática entre as duas linhas de defesa;
• Caso o(s) defensor(es) avançado(s) não possua(m) qualidade(s) compatível(is) com
a do(s) atacante(s), todo sistema defensivo pode ser desestruturado.

Técnica e Tática Ofensiva


Jogo de ataque
O ataque abrange as ações técnicas e táticas, individual e de grupo, com ou sem a
bola, na luta com a defesa adversária (Martini, 1980), visando a obtenção de gols em favor
da equipe. O jogo de ataque inicia quando uma equipe está prestes a retomar a posse da
bola ou quando a tem sob domínio. A tática de ataque, exige o respeito a alguns princípios
básicos:
• Otimizar a utilização da técnica, face aos contextos do jogo;
• Proteger e manter a posse da bola;
• Praticar o jogo com amplitude e profundidade;
• Recorrer às ações táticas de base, com vista ao auxílio mútuo;
• Antecipar as ações dos defensores;
• Adaptar a sistemática de ataque às situações do jogo de defesa;
• Criar situações de superioridade numérica;
• Fixar o defensor direto;
• Evitar a automatização tática, pois favorece a adaptação da defesa.

Fases do ataque
Podemos observar um conjunto de características que são comuns ao jogo de ataque
no handebol. Desse modo, o jogo de ataque pode ser dividido em quatro fases:
• Contra-ataque direto: em geral, quando um ou mais jogadores partem em
velocidade para o ataque, recebe(m) a bola diretamente do goleiro ou de um
companheiro de equipe localizado próximo à própria área de gol, seguindo-se
então a conclusão na meta adversária;
• Contra-ataque apoiado ou sustentado: quando não ocorre a concretização da fase
anterior, outros jogadores da equipe atacante podem sustentar o contra-ataque,
realizando trocas de passe rápidas de modo a concluir o ataque enquanto a defesa
adversária ainda se encontra desorganizada;
• Organização e recuperação: quando não ocorreu a finalização ao gol nas fases
anteriores e a defesa adversária está organizada, a equipe de posse da bola
suspende as ações de contra-ataque e inicia a organização dos jogadores na
formação de ataque posicional;
• Ataque em sistema: esta fase se concretiza quando todos os jogadores de ataque se
encontram nas respectivas posições, caracterizando o sistema de ataque posicional
adotado pela equipe.

Sistemas de ataque
O jogo de ataque pode ser realizado mediante sistemas mais ou menos dinâmicos,
representados, respectivamente, pelo ataque em circulação e ataque posicional.
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Os sistemas posicionais representam as formas mais simples de ataque e são os mais


utilizados. A dinâmica do jogo é garantida pelo engajamento constante e pequenas
combinações de ações táticas de base (bloqueio, cortina, cruzamentos, trocas eventuais de
posição). Estes sistemas são caracterizados em função da disposição dos jogadores na 1ª e
2ª linha ofensiva (respectivamente os 9 e os 6 metros). Assim, os sistemas de ataque
podem ser (Figura 5):
• 5x1: cinco jogadores na primeira linha (dois pontas, dois armadores laterais e um
armador central) e um na segunda linha (pivô);
• 4x2: quatro jogadores na primeira linha (dois laterais flutuando nas pontas e dois
armadores centrais) e dois na segunda linha (pivôs);
• 3x3: semelhante à formação 5x1, no entanto os dois pontas se posicionam próximo
à linha de fundo e da área de gol;
• 2x4: semelhante à formação 4x2, no entanto os dois laterais atuam próximo ao
fundo de quadra e junto à área de gol, flutuando para receber a bola, de modo a
preservar a amplitude do jogo de ataque.

5x1 4x2 3x3 2x4

Figura 5. Formação dos sistemas de ataque

O ataque em circulação é mais dinâmico, entretanto, a sua manutenção exige


maior habilidade dos jogadores. Consiste de uma forma complexa de ataque, se
caracterizando pela constante movimentação, trocas de posições e realização de ações
táticas de base envolvendo um grupo de jogadores ou toda a equipe. O trajeto da bola e dos
jogadores é previamente definido, requerendo a exploração de várias alternativas de
finalização para que o jogo não caia no automatismo facilitando, assim, a ação defensiva.
O ataque em circulação demanda que os jogadores dominem o jogo nas duas linhas
ofensivas e, sobretudo, possuam bom domínio dos fundamentos de recepção, passe e
progressão, pois eles asseguram a dinâmica, a segurança e a agressividade do jogo de
ataque. Tendo em vista a constante troca de posições, em geral, a circulação induz à
variação dos sistemas de ataque. Qualquer que seja a opção pelas inúmeras formas de
circulação, esta sempre tem início após a efetivação da quarta fase do ataque, isto é, o
ataque em sistema posicional.
Tenroler (2004), refere ao ataque combinado como um sistema que reúne, num
dado momento, o jogo posicional e em circulação.

Ações táticas de base


Como já foi referido, as ações táticas de base são utilizadas tanto no ataque
posicional, quanto no ataque em circulação. Originalmente, constituem pequenas
combinações envolvendo dois ou três jogadores, mas que na dinâmica do jogo
(principalmente no ataque em circulação) pode se caracterizar em ações continuadas.
Assim, além da tática ofensiva individual, o jogo ofensivo de uma equipe demanda o
recurso às ações táticas de base seguintes:
• Corta-luz: realizado por dois atacantes visa, momentaneamente, tirar a visão do
defensor sobre o companheiro de equipe que tem a posse da bola. A sua realização
envolve a troca de setor por, no mínimo, um dos jogadores que o realiza. Se
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diferencia do cruzamento pelo fato da bola ser passada antes que os jogadores
cruzem a trajetória de deslocamento.
• Cruzamentos: durante o engajamento os jogadores cruzam a trajetória de
deslocamento, incorrendo na troca de setores de atuação. Deste modo, o jogador de
posse da bola se desloca até o setor de um companheiro e passa-lhe a bola, em
geral, no momento em que ocorre o cruzamento das trajetórias. Este último, de
posse da bola, ficará momentaneamente livre de marcação com a possibilidade de
arremessar à baliza adversária. Caso não conclua a jogada, deslocará até o setor do
jogador que lhe passou a bola e dará continuidade ao jogo de ataque. Conforme o
número de jogadores envolvidos poder ser:
o Simples: realizado por dois jogadores em qualquer parte do campo de jogo;
o Duplo: realizado por três jogadores em qualquer parte do campo de jogo.
A seqüência continuada de cruzamentos incide em formas de circulação mais
complexas, como o “carrossel” ou grande oito, oportunidade em que se aplicam,
também, as demais ações táticas de base (bloqueios, cortinas, passa-e-vai, etc.).
• Bloqueio ofensivo: é a ação tática que visa impedir ou retardar a
movimentação do defensor, evitando a sua intervenção, a tempo e com equilíbrio,
sobre um companheiro de ataque de posse da bola, criando condições para a
finalização à meta através de uma infiltração. Mediante a utilização do próprio
corpo e de boa base, o atacante se coloca junto ao defensor, no lado em que
pretende limitar o seu deslocamento, visando abrir espaço ou evitar a ação direta do
defensor sobre o companheiro de equipe. Quando o atacante desfaz o bloqueio,
surge a oportunidade de criar superioridade numérica e, com ela, a possibilidade de
receber um passe em condições de finalização.
• Cortina: tem uma função semelhante ao bloqueio, entretanto, visa evitar que o(s)
defensor(es) atue(m) diretamente sobre um atacante que realiza o arremesso nas
imediações da primeira linha ofensiva. É muito utilizado nas cobranças de tiro livre
nos 9 metros.
Muito embora tenhamos caracterizado individualmente às ações táticas de base, em
situação de jogo elas são realizadas de forma combinada como, por exemplo, a realização
de cruzamento seguido de bloqueio ou cortina, corta-luz seguido de bloqueio ou cortina,
cruzamentos combinados com bloqueios e seu desmanche (desfazer bloqueio). Rememore-
se que no ataque em circulação as ações são realizadas conforme o trajeto da bola e
jogadores, definidos com antecipação, em função das características dos jogadores que se
pretenda potencializar no jogo de ataque.

Referências e Bibliografia
Diversos. (Ver-a). Andebol Top. Retrieved, from the World Wide Web:
www.handeboltop.com

Diversos. (Ver-b). Revista Treino Desportivo. CEFD. Retrieved, from the World Wide
Web: www.cefd.pt

Famose, J.-P. (1992). Aprendizaje Motor y Dificultad de la Tarefa. Barcelona: Paidotribo.

Martini, K. (1980). O Andebol: técnica, táctica, metodologia (A. Prudente, Trans.). Sintra:
Publicações Europa-America.
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