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Disciplina: Piano Funcional I

Professor: Danilo Ramos


1º semestre de 2022

Cadências tonais principais


Encadeamentos são sequências de acordes construídas por procedimento de
condução de vozes. Nos encadeamentos, cada nota deve ser pensada como uma voz, como
se fosse um coro. Em encadeamentos a quatro vozes, por exemplo, elas seriam: soprano,
contralto, tenor e baixo1.
Grandes arranjadores, acompanhadores e harmonizadores de melodias dominam a
habilidade de encadear os acordes por meio de procedimentos de condução de vozes. Além
disso, essa técnica poderá ser utilizada pelos estudantes para tocarem as famosas “levadas”,
ou seja, acompanhamentos feitos por processo de condução de vozes, nos mais diversos
estilos musicais, como o pop, o rock, as baladas ou até mesmo na música de concerto.
Portanto, trata-se de uma atividade extremamente útil para ser aplicada na vida de qualquer
estudante de música fora da universidade. Para maiores detalhes sobre as levadas de estilos
musicais para piano, consulte Collura (2009) e Adolfo (2010), cujas bibliografias são
fornecidas ao final desse material.
É importante que antes de executar as cadências principais tonais, o estudante
consulte as regras básicas de harmonia e cifragem, para poder transpor as cadências em
diversas tonalidades. Nesses exercícios serão aplicadas as regras da harmonia popular,
utilizada nos materiais acima sugeridos.
Para uma melhor adaptação dos exercícios para as levadas, sugiro que apenas uma
nota seja tocada com a mão esquerda (o baixo) e as outras notas sejam tocadas com a mão
direita (soprano, contralto e tenor).

1 Não é o intuito desse exercício a construção de arranjos para coros. Nesse caso, recomenda-se que os
estudantes consultem material à parte, para se familiarizarem com as extensões de cada timbre vocal. O intuito
aqui é apenas se apropriar dessa estratégia para a construção de sequências harmônicas bem encadeadas,
independentemente da região do piano a ser considerada.
Para se executar as cadências tonais principais ao piano, deve-se utilizar a seguinte
estratégia:
• Se a passagem de um acorde para outro tiver alguma nota comum, então ela deve ser
mantida, como na cadência plagal (I-IV-I) abaixo, na tonalidade de Dó Maior:

C F C

No exemplo acima, as notas do soprano foram mantidas porque elas acontecem tanto
em um acorde (C) como em outro (F).

• Se a passagem de um acorde para outro não tiver nenhuma nota em comum, como
na cadência I-ii-I abaixo, então o segundo acorde deve ser tocado na mesma posição
que o acorde anterior. Exemplo:

C Dm C

No exemplo acima, não havia nenhuma nota comum entre os acordes envolvidos.
Nesse caso, a posição do segundo acorde foi mantida em relação ao primeiro, ou seja, Dó
Maior na primeira inversão e Ré Menor na primeira inversão, respectivamente.

• As figuras abaixo apresentam três maneiras de se executar a cadência perfeita (I – IV


– V7 – I):
C F G7 C C F G7 C C F G7 C

Note que, em cada uma das execuções, a nota superior inicial (voz do soprano) muda,
em função das regras do procedimento de condução de vozes, que foram mantidas nos três
exemplos.
A escolha pelo movimento adequado das vozes leva em conta qual voz o
harmonizador irá querer utilizar na voz do soprano, já que na maioria dos casos a voz aguda
costuma ter mais destaque e pode, dessa forma, induzir a uma melodia, conforme no
primeiro exemplo (Dó, Dó, Ré, Dó), no segundo (Mi, Fá, Fá, Mi) e no terceiro (Sol, Lá, Si,
Dó).
É importante lembrar também que acordes dominantes (função V7) já vêm com uma
sétima (menor), diferentemente dos acordes I e IV, que são tríades. Assim, enquanto os
primeiros devem ser encadeados sem dobramentos, ou seja, com os graus 1, 3, 5 e 7, os
acordes de função I e IV devem ser encadeados com o dobramento do baixo, com os graus
1, 3, 5 e 8 (nota fundamental dobrada, uma ou duas oitavas acima).
Começaremos a estudar os encadeamentos em dez cadências tonais que considero as
principais, nos modos maiores e menores, ou seja, aquelas sequências de acordes que
costumam ser as mais conhecidas e utilizadas em diversas músicas nos estilos supracitados.

• Aplique o mesmo conceito para executar as cadências abaixo na tonalidade de Dó


maior:
- Cadência Autêntica: I / V7 / I
- Cadência Plagal: I / IV / I
- Cadência Perfeita: I / IV / V7 / I
- Cadência de engano: I / IV / V7 / vi
- Cadência do sucesso (maior): I / V / vi / IV
Sugestão para estudo:
(1) Escreva o encadeamento no seu caderno de música e depois toque aquilo que escrever
(2) Com o passar do tempo, pratique as cadências sem escrevê-las, de modo a pensar nelas
durante a sua execução
(3) Em seguida, toque todas as mesmas cadências (maiores) em pelo menos cinco
tonalidades. Sugestão: Sol Maior / Ré Maior / Lá Maior / Fá Maior e Si bemol Maior.

• Aplique o mesmo conceito para executar as cadências abaixo na tonalidade de Lá


menor:
- Cadência Autêntica: i / V7 / i
- Cadência Plagal: i / iv / i
- Cadência Perfeita: i / iv / V7 / i
- Cadência de engano: I / iv / V7 / bVI
- Cadência do sucesso (menor): I / bVII / bVI / V7

Sugestão para estudo:


(1) Escreva o encadeamento no seu caderno de música e depois toque aquilo que escrever
(2) Com o passar do tempo, pratique as cadências sem escrevê-las, de modo a pensar nelas
durante a sua execução
(3) Em seguida, toque todas as mesmas cadências (menores) em pelo menos cinco
tonalidades. Sugestão: Mi menor / Si menor / Ré Menor / Sol Menor e Dó Menor.

Para fazer uma “levada”, você pode iniciar o seu encadeamento a partir de qualquer
posição do acorde inicial (fundamental, primeira ou segunda inversão), desde que você fique
na região média do piano. Uma sugestão para essa prática é a de que você observe
atentamente quantas notas no primeiro acorde de sua cadência estão acima ou abaixo do Dó
central.
Se você gostou dos exercícios e quer se aprimorar na técnica de acompanhamento
ao piano, execute as dez cadências apresentadas em todas as tonalidades, pelo círculo das
quintas. É um ótimo exercício para o domínio dessa atividade. Bons estudos!

Referências
Adolfo, A. (2010). Harmonia e estilos para teclado. Rio de Janeiro: Lumiar.

Collura, T. (2009). Rítmicas e levadas brasileiras para o piano: novos conceitos para a rítmica pianística.
Vitória: Salvatore Collura.

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