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Profa. Dra.

Beatriz Antoniassi Tavares


Por quê estudar?

• As propriedades de alguns materiais estão diretamente


associadas à sua estrutura cristalina (ex: magnésio e
berílio que têm a mesma estrutura se deformam muito
menos que ouro e prata que têm outra estrutura cristalina).

• Explica a diferença significativa nas propriedades de


materiais cristalinos e não cristalinos de mesma
composição (materiais cerâmicos e poliméricos não-
cristalinos tendem a ser opticamente transparentes
enquanto cristalinos não).
INTRODUÇÃO

 Todos os elementos puros existem como gases,


líquidos ou sólidos.

O estado no qual um elemento existe, depende das


condições de pressão e temperatura. Os gases e a
grande maioria dos líquidos não apresentam
periodicidade nos seus arranjos atômicos.

No entanto todos os metais, grande parte dos


cerâmicos e certos polímeros cristalizam-se quando
se solidificam.
INTRODUÇÃO
Os átomos se arranjam num modelo tridimensional,
ordenando e repetido.

 Estes tipos de estrutura são chamados cristais. As


forças que mantém juntas as unidades que constituem
os cristais são as forças de ligação covalentes e/ou
iônicas e/ou por exemplo ligações de hidrogênio.

Este modelo ordenado que caracteriza o cristal, e que


atinge um alcance de muitas distâncias atômicas, se
origina na coordenação atômica no interior do
material.
INTRODUÇÃO

O arranjo interno persiste mesmo que as


superfícies externas sejam alteradas.

 Por exemplo, a estrutura interna de um cristal de


quartzo não é alterada quando suas superfícies são
desgastadas para formar grãos de areia. Da mesma
forma existe um arranjo hexagonal das moléculas de
água, quer nos cubos de gelo, quer nos flocos de
neve.
 Os sólidos são duros e rígidos, não mostrando
praticamente tendência em fluir(escorrer) ou difundir(entrar
dentro de outro material); são geralmente incompressíveis.

 O fato de os sólidos serem tão incompressíveis é uma


consequência direta da falta de espaços vazios neste tipo
de estado da matéria.

 Os sólidos possuem a propriedade de produzir cristais,


que são muito importantes na elucidação da estrutura e da
geometria.Ex: o açúcar em estado líquido tem a capacidade de se transformar
em cristal quando a água evapora, mesma situação com o sal de cozinha.
 Definição:

“Sólido é uma substância que mantém um volume e uma


forma fixos”.

“Sólido é uma substância que apresenta suas partículas


constituintes dispostas num arranjo interno regularmente
ordenado.” Essa última definição exclui os SÓLIDOS AMORFOS. Por isso
o caso do vidro ser considerado líquido e não sólido.

“Também pode ser chamado de Sólido cristalino ou Sólido


verdadeiro”.
 Substâncias rígidas.
 Apresentam velocidades de fluxo e difusão extremamente
baixas.
 Estrutura extremamente compacta, na qual as partículas
estão fortemente interligadas.
 Se expandem à medida que a temperatura aumenta
(coeficiente de expansão térmica, ou seja, sua variação de
volume por aumento de grau Kelvin, é pequeno).
 Apresentam pouca variação de volume quando se altera a
pressão.

 Consideraremos os volumes (e formas) dos sólidos


independentes da temperatura e da pressão.

 Os materiais sólidos podem ser classificados em cristalinos


ou não-cristalinos de acordo com a regularidade na qual os
átomos ou íons se dispõem em relação à seus vizinhos.
 Nos materiais não-cristalinos ou amorfos não
existe ordem de longo alcance na disposição dos
átomos no momento da sua formação.

 Em geral, a maioria do materiais tende a formar


arranjos periódicos. Os materiais amorfos tendem a se
formar quando a cinética do processo de fabricação
não permite a organização dos átomos em arranjos
periódicos.

 Os vidros, que se formam normalmente em sistemas


cerâmicos e poliméricos, são bons exemplos de
materiais amorfos.
 Os materiais amorfos apresentam , em geral, uma
combinação exclusiva de propriedades, pois os
átomos ou íons não estão dispostos em seus arranjos
regulares e periódicos.

 A exemplo dos vidros inorgânicos, muitos plásticos


(polímeros) também são amorfos, embora possam
conter pequenas porções de material cristalino.
Durante o processamento, porém, cadeias
relativamente extensas de moléculas poliméricas
ficam emaranhadas entre si não se organizando sob a
forma de materiais cristalinos.
 “Tem volume e forma fixa , parece-se com o sólido
verdadeiro na aparência e comportamento externo, mas
possuem estrutura interna irregular.”

 É um líquido que foi super-resfriado bem abaixo do seu


ponto de solidificação”.
O Silício amorfo, é outro exemplo
importante de material que tem a ordem de
curto alcance básica do silício cristalino.
Contém hidrogênio em sua estrutura. No
silício amorfo, os tetraedros de silício não
estão conectados uns aos outros segundo
o arranjo periódico que ocorre no silício
cristalino. Além disso, algumas ligações
estão incompletas ou soltas.

Utilizam-se películas de silício amorfo para


fazer transistores destinados a telas
interativas em computadores. Esse
material é também amplamente usado em
células e painéis solares.
Células mono-cristalinas representam
a primeira geração. O seu rendimento
elétrico é relativamente elevado
(aproximadamente 16%, podendo subir
até cerca de 23% em laboratório), mas
as técnicas utilizadas na sua produção
são complexas e caras. Por outro lado,
é necessária uma grande quantidade
de energia na sua produção, devido à
exigência de utilizar materiais em
estado muito puro e com uma estrutura
de cristal perfeita.
As células poli-cristalinas têm um
custo de produção inferior por
necessitarem de menos energia na
fabricação, mas apresentam um
rendimento elétrico inferior (entre
11% e 13%, obtendo-se até 18%
em laboratório). Esta redução de
rendimento é causada pela
imperfeição do cristal, devido ao
sistema de fabricação.
As células de silício amorfo são as
que apresentam o custo mais
reduzido, mas em contrapartida o
seu rendimento elétrico é também o
mais reduzido (aproximadamente
8% a 10%, ou 13% em laboratório).
As células de silício amorfo são
películas muito finas, o que permite
serem utilizadas como material de
construção, tirando ainda o proveito
energético.
Cristal Líquido
“Os cristais líquidos são materiais poliméricos com um tipo especial de
ordem. De fato, os polímeros de cristal líquido comportam-se como
materiais amorofos (ou seja, semelhantes a líquidos), estando, porém,
no estado sólido. No entanto, ao ser aplicado um estímulo externo (tal
como campo elétrico ou variação da temperatura), algumas moléculas
do polímero ficam alinhadas e formam pequenas regiões cristalinas;
daí o nome “cristais líquidos.”
Cristal Líquido
Há três estados comuns da matéria: sólido, líquido ou
gasoso.
◦ Os sólidos agem dessa maneira porque suas moléculas sempre
mantêm sua orientação e ficam na mesma posição em relação umas às
outras.
◦ As moléculas nos líquidos são justamente o oposto: elas podem mudar
sua orientação e se mover para qualquer lugar no líquido.

Há algumas substâncias que podem existir em um estado


peculiar que é líquido e sólido.
◦Tendem a manter sua orientação, como as em estado sólido, mas
também se movem para posições diferentes, como as em estado
líquido.

 Isso significa que cristais líquidos não são nem sólidos nem
líquidos. É por isso que esse nome aparentemente
contraditório surgiu.

Cristal Líquido
 Cristais líquidos estão mais próximos do estado líquido que do
sólido.
 É necessário uma grande quantidade de calor para transformar uma
substância de cristal sólido para líquido e é necessário apenas um
pouco mais de calor para transformar esse mesmo cristal líquido em
líquido real. Isso explica porque os cristais líquidos são muito
sensíveis à temperatura e porque são usados para fazer termômetros e
anéis de humor. Também explica porque uma tela de laptop pode agir
de forma estranha no tempo frio ou durante um dia quente na praia.
Cristal Líquido
 Há muito mais coisas envolvidas no processo de construção
de uma LCD (`Liquid Crystal Display`) do que
simplesmente criar uma lâmina de cristal líquido. A
combinação de 4 fatores torna as LCDs possíveis:

◦ a luz pode ser polarizada (veja Como funcionam os óculos


de sol para informações fascinantes sobre polarização);
◦ os cristais líquidos conseguem transmitir e mudar a luz
polarizada;
◦ a estrutura dos cristais líquidos pode ser mudada pela
corrente elétrica;
◦ existem substâncias transparentes que podem conduzir
eletricidade.

Uma LCD é um aparelho que usa esses 4 fatores de


maneira surpreendente!
 As propriedades dos materiais sólidos cristalinos depende
da estrutura cristalina, ou seja, da maneira na qual os
átomos, moléculas ou íons estão espacialmente dispostos.

 Há um número grande de diferentes estruturas cristalinas,


desde estruturas simples exibidas pelos metais até
estruturas mais complexas exibidas pelos cerâmicos e
polímeros
 Sua formação exige crescimento extremamente lento num meio
uniforme.
 Na ausência destas condições ao invés de se obter cristais grandes
e perfeitamente formados, teremos cristais que apresentam
distorções.

 As impurezas muitas vezes afetam a forma de um cristal.


 Um material cristalino é aquele no qual os átomos estão situados
em um arranjo que se repete ou que é periódico ao longo de
grandes distâncias atômicas.

 Rede cristalina: é uma matriz tridimensional de pontos que


coincidem com as posições dos átomos (ou centros das esferas).
 Células unitárias: são pequenas entidades que se repetem,
possuem a forma de um cubo. Uma célula unitária é escolhida
para representar a simetria da estrutura cristalina, além da sua
geometria e das posições dos átomos no seu interior.
– Cúbica primitiva, átomos nas extremidades de um cubo
simples.
 cada átomo é compartilhado por oito células unitárias.
– Cúbica de corpo centrado (ccc), átomos nos vértices de um
cubo mais um no centro do corpo do cubo.
 Os átomos das extremidades são compartilhados por oito
células unitárias, e o átomo central está completamente
incluso em uma célula unitária.
 Célula unitária cúbica, com átomos localizados em todos os oito
vértices e um único átomo localizado no centro do cubo.
 Cromo, ferro, tungstênio.
 Os átomos no centro e nos vértices tocam-se ao longo da
diagonal do cubo.

a = 4R / √3

Aresta do cubo Raio Atômico


- Cada átomo em um vértice é
compartilhado por 8 células
unitárias.

- O único átomo do centro está


totalmente contido dentro da sua
célula.

- 2 átomos inteiros por célula


unitária.
– Cúbica de face centrada (cfc), átomos nas extremidades de um
cubo mais um átomo no centro de cada face do cubo.
 os átomos das extremidades são compartilhados por oito
células unitárias, e os átomos das faces são compartilhados
por duas células unitárias.
 Geometria cúbica, com os átomos localizados em cada um dos
vértices e nos centros de todas as faces.
 Ocorrem no Cobre, alumínio, prata e ouro.
 As esferas ou núcleos iônicos se tocam através de uma diagonal
da face onde:

a = 2R . √2

Raio Atômico

Aresta do cubo
- Cada átomo em um vértice é
compartilhado por 8 células
unitárias.

-Um átomo centrado em uma


face pertence a duas células
unitárias.

- 4 átomos inteiros por célula


unitária.
 Através das fórmulas podemos demonstrar a relação existente
entre o raio atômico do elemento químico e a estrutura na qual
ele será representado.

 Na Platina, devido ao seu tamanho de raio, só existe a forma


cúbica de face centrada. Sendo assim não é de fácil unir
elementos com estruturas cristalinas diferentes.

 O mesmo ocorre com o aço, que variam as composições com os


mesmos elementos químicos. (Variam o quanto, a quantidade de
cada elemento, mas não o elemento em si. )
 Célula unitária com formado hexagonal.
 Cádmio, magnésio, titânio e zinco.
 Cada átomo em um vértice é compartilhado por 6 células
unitárias.
 Cada átomo central pertence a duas células unitárias.
 3 átomos no interior do plano intermediário.
 6 átomos inteiros por célula unitária.

Vc = 24 R3 . Raiz 2
(1/6 x 12) + (1/2 x 2) + 3 = 6
 É o número de vizinhos mais próximos atômicos ou iônicos.
 “Ou seja, corresponde ao número de átomos que está em
contato com um átomo específico. Esse número como os
átomos estão estreita e eficientemente compactados entre
si.”

◦ CS : 6

◦ CFC: 12 (sendo 4 nos vértices da face frontal)

◦ CCC: 8

◦ HC: 12
 É a fração do volume de uma célula unitária que está ocupada
por átomos ou íons como “esferas rígidas”.
 Corresponde à fração do espaço ocupada por átomos,
pressupondo que eles são esferas rígidas dimensionadas de
forma a tocar, sempre que possível, seu vizinho mais próximo.

FEA = volume de átomos em uma célula unitária


volume total da célula unitária

◦ CS: 0,52
◦ CFC: 0,74
◦ CCC: 0,68
◦ HC: 0,74
 A geometria da célula unitária é definida em
termos de seis parâmetros:
◦ Comprimentos das três arestas: a, b e c
◦ Três ângulos entre os eixos: ,  e 
 Estes parâmetros são chamados de
parâmetros de rede de uma estrutura
cristalina.
 Com base neste princípio, são encontrados cristais que
possuem sete possíveis combinações diferentes entre
esses parâmetros, cada um representa um sistema
cristalino.

 Os 7 sistemas cristalinos são:


◦ Cúbico
◦ Tetragonal
◦ Hexagonal
◦ Ortorrômbico
◦ Romboédrico
◦ Monoclínico
◦ Triclínico
Material cristalino: é aquele no qual os átomos encontram-se
ordenados sobre longas distâncias atômicas formando uma
estrutura tridimensional que se chama de rede cristalina ou a
rede de Bravais.

- Todos os metais, muitas cerâmicas e alguns polímeros


formam estruturas cristalinas sob condições normais de
solidificação.
Redes de Bravais:

•Em homenagem a Auguste Bravais que demonstrou a sua


existência em 1848.

•É a denominação dada às configurações básicas que


resultam da combinação dos sistemas de cristalização com a
disposição das partículas em cada uma das células unitárias
de uma estrutura cristalina.

•Sendo estas células entendidas como os paralelepípedos


que constituem a menor subdivisão de uma rede cristalina
que conserva as características gerais de todo o retículo,
permitindo que por simples replicação da mesma se possa
reconstruir o sólido cristalino completo.
Cálculo de densidade

 = n . A / VC . NA

Onde: n = número de átomos associados a cada célula unitária


A = peso atômico
VC = volume da célula unitária
NA = número de Avogadro (6,023 x 1023 átomos/mol)

Exemplo: O cobre possui um raio atômico de 0,128 nm, uma


estrutura cristalina CFC, e um peso atômico de 63,5 g/mol.
Calcule a sua densidade e compare com a sua densidade
medida experimentalmente (= 8,94 g/cm3). OBS : Converter
nm para cm.

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