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ESTRUTURA DE MATERIAIS

GRUPO DE ESTUDOS SOBRE FRATURA DE MATERIAIS


DEMET/EM/UFOP

ARQUITETURA CRISTALINA
ARQUITETURA CRISTALINA

– Considerações preliminares
– Definições básicas em cristalografia
– As redes espaciais de Bravais
– Estruturas metálicas
– Alotropia/Polimorfismo
– Direções e planos cristalográficos
– Projeção estereográfica
– Rede recíproca
– Monocristal e Policristal
– Anisotropia
Direção [0001]
Plano de
átomos
(0001)

Fotografia de difração de raios-X Diagrama esquemático que ilustra Estrutura cristalina hexagonal
para um monocristal de magnésio. como são produzidos os pontos na compacta do magnésio. A simetria
A grande mancha no centro é fotografia. hexagonal está indicada pelo
oriunda do feixe incidente, que é padrão de pontos de difração que
paralelo a uma direção foi gerado.
cristalográfica [0001].

Fotografia de uma
roda de magnésio
– uma roda de
Fotografia de um monocristal de automóvel de
magnésio que foi fraturado ao longo baixo peso feita
de um plano (0001). A direção em magnésio.
perpendicular a esse plano é uma
direção [0001].

A ESTRUTURA DOS SÓLIDOS CRISTALINOS


POR QUE ESTUDAR: A Estrutura dos Sólidos Cristalinos?

As propriedades de alguns materiais estão diretamente relacionadas às suas


estruturas cristalinas. Por exemplo, o magnésio e o berílio puros e não deformados
que possuem uma determinada estrutura cristalina (hc) são muito mais frágeis (isto
é, fraturam sob menores níveis de deformação) que metais puros e não
deformados, tais como o ouro e a prata, que possuem outra estrutura cristalina
(cfc).

Além disso, existem diferenças significativas de propriedades entre materiais


cristalinos e não cristalinos que possuem a mesma composição. Por exemplo, as
cerâmicas e os polímeros não cristalinos são, em geral, opticamente transparentes;
os mesmos materiais na forma cristalina (ou semicristalina) tendem a ser opacos
ou, na melhor das hipóteses, translúcidos.
OBJETIVOS DO APRENDIZADO:
Após estudar este Capítulo, você deverá ser capaz de fazer
o seguinte:

1. Descrever a diferença entre a estrutura atômica/molecular dos materiais


cristalinos e não cristalinos.
2. Desenhar células unitárias para as estruturas cristalinas cúbica de faces
centradas, cúbica de corpo centrado e hexagonal compacta.
3. Desenvolver as relações entre o comprimento da aresta da célula unitária e o
raio atômico para as estruturas cristalinas.
4. Calcular as massas específicas para os metais, dadas as dimensões das suas
células unitárias.
5. Dados três índices de direção, esboçar a direção correspondente a esses
índices em uma célula unitária.
6. Especificar os índices para um plano traçado no interior de uma célula
unitária.
7. Descrever como as estruturas cristalinas cúbica de faces centradas e hexagonal
compacta podem ser geradas por meio do empilhamento de planos compactos
de átomos.
8. Distinguir entre materiais monocristalinos e policristalinos.
9. Definir isotropia e anisotropia em relação às propriedades dos materiais.
Os estados físicos da matéria

A palavra estrutura vem do latim structura, derivada do verbo struere, construir.


No sentido mais geral, ela significa organização das partes ou dos elementos que
formam um todo.
ü O movimento atômico está confinado a uma
oscilação em torno de uma posição fixa;
ü A sua estrutura rígida geralmente resiste
bastante à compressão;
ü O sólido geralmente fratura, quando
Sólido submetido a uma força de deformação.

ü O movimento atômico é muito mais restrito;


ü O volume ocupado é limitado; ele somente
toma a forma da parte ocupada do recipiente;
sua superfície livre é plana exceto nas ü Os átomos estão em
regiões de contato com as paredes do movimento constante,
recipiente; vigoroso e aleatório;
ü Sua viscosidade é muito maior do que a do Tipos de ü Uma massa de gás toma a
gás, e é menos facilmente compressível.
Estruturas forma de seu recipiente;
ü É facilmente compressível e
exibe baixa viscosidade.
Líquido Gás
Ao chamado estado sólido, correspondem efetivamente duas
estruturas distintas:
Cristal
a) O estado amorfo (vítreo) difere aparentemente do estado
líquido pela diminuição da agitação de suas partículas
elementares (átomos, íons ou moléculas). Daí, a sua
pequena fluidez, cuja rigidez se assemelha à de um Estruturas
sólido. No entanto, a distribuição global das partículas é Sólidas
irregular.
b) O estado cristalino possui as suas partículas elementares
ordenadas de uma maneira regular no espaço. Cada
partícula tem uma posição média definida, em torno da
qual só realiza pequenas oscilações, salvo os casos em Amorfo
que se desencadeia uma ruptura do “edifício”.
Temperatura Gás
PE

Líquido
PF
Sólido

Tempo Tempo

Quando aquecidos, os sólidos amorfos Os sólidos cristalinos, por aquecimento


passam suavemente a um estado pastoso e gradual, passam ao estado líquido e depois ao
posteriormente nitidamente líquido, sem que estado gasoso. As mudanças de estado
se registre um ponto de fusão. Igualmente, ocorrem a temperaturas bem determinadas,
durante esse aquecimento, não se observa que se mantêm constantes enquanto houver
qualquer descontinuidade nos valores duas fases distintas em equilíbrio.
assumidos pelas diferentes propriedades
físicas. Essas observações experimentais
significam que vidros e líquidos são
estruturalmente semelhantes, sendo que os
vidros são considerados “líquidos super-
resfriados”.
Calor Específico
Líquido
CP2

Variação do calor específico com a temperatura


para um vidro e para um cristal com a mesma
Vidro composição química.
CP1
Cristal

PF
Temperatura

Um sólido cristalino, ao passar para o estado líquido, adquire uma estrutura completamente diferente,
de tal sorte que as propriedades físicas assumem nas duas fases, cristalina e líquida, valores distintos.
Em consequência, ao contrário do que acontece nos vidros, durante o aquecimento de um sólido
cristalino verificam-se descontinuidades na variação dos valores daquelas propriedades. As
temperaturas a que se verificam tais descontinuidades correspondem a alterações estruturais da matéria,
isto é, a mudanças de estado.
Estado gasoso:
a) Em constante movimento, os átomos ou
moléculas não estão em contato.
b) O número de partículas por unidade de
volume e sua velocidade dependem da
temperatura e da pressão.
c) Desordem completa.

livre caminho médio

Probabilidade de encontrar o centro de uma partícula


(átomo ou molécula) de gás, a partir do centro de uma
outra partícula situada a uma distância d.
Estado líquido:
a) Os átomos ou moléculas estão em contato,
mas em constante movimento.
b) O número de partículas por unidade de
volume varia pouco em função da
temperatura e da pressão.
c) Ordem a curta distância.

agitação térmica

Probabilidade de encontrar o centro de um átomo


dist. média entre dois vizinhos situado a uma distância d de um átomo onde o centro
é colocado como origem, em um líquido ou em um
sólido amorfo.
Estado sólido cristalino:
a) Os átomos ou moléculas estão em
contato, vibrando ao redor de sua
posição de equilíbrio.
b) O número de partículas por unidade de
volume varia pouco em função da
temperatura e da pressão.
c) Posição de equilíbrio fixa e perfeitamente
definida no espaço.
d) Ordem a longa distância.
e) Estrutura típica de metais, de muitos
cerâmicos e raramente de polímeros.

Probabilidade de encontrar o centro de um átomo


situado a uma distância d de um átomo onde o centro
é colocado como origem, em um cristal cúbico simples
(a é o parâmetro da rede).
Estado sólido amorfo ou vítreo:
a) Os átomos ou moléculas estão em
contato, vibrando ao redor de sua Exemplo: SiO2
posição de equilíbrio.
b) O número de partículas por unidade de
volume varia pouco em função da
temperatura e da pressão.
c) Posições de equilíbrio dispostas de
maneira irregular no espaço.
d) Ordem a curta distância.
e) Estrutura típica de vidros, de alguns
cerâmicos e da grande maioria de
polímeros.

SiO2 cristalino SiO2 amorfo


Micrografia eletrônica de alta resolução de uma amostra de silício, onde se pode ver uma
região amorfa (superior) e uma região cristalina (inferior).
Ampliação da foto = 5.400.000X. S.W.Feng e A.A.Morrone, University of Florida.
As propriedades físicas

Escalares

Propriedades
Físicas Contínuas

Direcionais

Descontínuas
Qualquer propriedade física exprime uma relação entre grandezas associadas, susceptíveis de
medição. A capacidade calorífica, por exemplo, exprime uma relação entre calor cedido a um
corpo e o aumento de temperatura do mesmo; a massa específica de uma substância traduz a
razão existente entre massa e volume de qualquer corpo dessa substância; a condutibilidade
térmica relaciona um gradiente de temperatura com fluxo de calor.
Nos dois primeiros exemplos, as grandezas a medir não envolvem qualquer ideia de direção. Tais
propriedades são expressas por grandezas escalares, isto é, simplesmente por um número. Estas
propriedades, em cuja definição não intervém a direção, dizem-se escalares.
No terceiro exemplo citado, relacionam-se duas grandezas orientadas, que exigem vetores para
que fiquem perfeitamente determinadas. Tais propriedades, em cuja definição intervém o
conceito de direção, designam-se por vetoriais ou direcionais. Essas propriedades, geralmente,
assumem valores diferentes, consoante a direção considerada, pelo que uma grandeza escalar não
basta para as definir.
Para visualizar o comportamento de uma substância relativamente a determinada propriedade
direcional, é usual definir, a partir de um ponto do espaço, vetores que, pela sua amplitude e
direção, indiquem os valores assumidos por essa propriedade nas diferentes direções. Os
extremos desses vetores definem uma superfície representativa. Assim, propriedades
direcionais representáveis por quadráticas (geralmente elipsóides) são chamadas de direcionais
contínuas. Quando, por outro lado, as propriedades se afastam da forma de quadrática e que no
seu limite se representam por um feixe descontínuo de reta ou de plano, as propriedades são
chamadas de direcionais descontínuas. Exemplos do primeiro caso: dilatação térmica,
propriedades ópticas, condutibilidade térmica e elétrica. Exemplos do segundo caso: resistência
mecânica, difração de raios-X, velocidade de crescimento de faces cristalinas.
Tipos estruturais da matéria – Noção de cristal
Um cristal é geralmente definido como um sólido com seus átomos, moléculas ou
íons arranjados em um reticulado (rede) periódico tridimensional.

Idealmente, o arranjo mais estável dos átomos em um cristal será aquele que
minimiza a energia livre (*) por unidade de volume ou, em outras palavras, aquele
que:
a) Preserva a neutralidade elétrica;
b) Satisfaz o caráter direcional das ligações covalentes;
c) Minimiza as repulsões íon-íon;
d) Agrupa os átomos o mais compactamente possível.

Quando átomos estão ligados quimicamente uns aos outros, eles possuem
separações bem definidas de equilíbrio, que são determinadas por condições que
minimizem a energia total do sistema. Desta forma, em um sólido composto por
diversos átomos idênticos (ou por mais de um elemento) a energia é minimizada
somente quando cada átomo apresenta uma vizinhança idêntica.
Na construção de “edifícios” com uma energia interna mínima, quanto menor for a energia potencial de um tal
(*)

edifício maior será a sua estabilidade.


No estado cristalino, certos “blocos de construção” que compreendem uma
quantidade mínima de átomos são chamados de unidades repetidas
periodicamente, ou células unitárias.

A periodicidade é responsável por um conjunto de propriedades típicas dos sólidos.


A periodicidade também simplifica bastante a formulação teórica para
conhecimento dos sólidos.

Embora um sólido real nunca possua exatamente esta periodicidade tridimensional,


assume-se a periodicidade perfeita como um modelo, e trata-se com os defeitos
como uma perturbação da ordem.

A grande maioria dos sólidos é cristalina. Os cristais encontrados na natureza


tiveram um crescimento muito lento ao longo dos processos geológicos e são
geralmente muito maiores que os produzidos sinteticamente.
A ideia de que os cristais apresentam regularidade e simetria vem da observação de
sua aparência externa, e remonta à antiguidade. Neste contexto, surgiu a suspeita
de que as formas externas de um cristal poderiam estar relacionadas com sua
ordem interna.

O cristal real pode se apresentar sob a forma de um poliedro, onde a sua forma e os ângulos
entre as faces bem definidas dependem das características da sua célula unitária.
Por outro lado, nem todos os sólidos são cristalinos. Alguns, como os vidros e as
resinas termorígidas são totalmente amorfos. Outros, como muitos termoplásticos
apresentam regiões cristalinas em uma matriz amorfa.

Do ponto de vista estrutural, não existem diferenças significativas entre um sólido


amorfo e um líquido. Por convenção, a viscosidade é utilizada para distinguir um
vidro de um líquido. Acima de 1015 poises, a substância é considerada amorfa.

Os gases e a grande maioria dos líquidos não apresentam periodicidade nos seus
arranjos atômicos. Alguns líquidos, denominados cristais líquidos, apresentam
moléculas longas e pouco espessas que podem estar alinhadas paralelamente como
em um cristal.

As substâncias cristalinas exibem anisotropia de várias propriedades tais como,


constantes elásticas, constantes ópticas, condutividade elétrica, condutividade
térmica, dilatação térmica e até a reatividade química de suas superfícies depende
da orientação cristalina.

As substâncias amorfas são habitualmente isotrópicas.


A manifestação, por parte dos cristais, de anisotropia relativamente a certas
propriedades físicas, aliada à ideia de descontinuidade da matéria, levou os
pesquisadores a atribuir aos cristais uma estrutura regular.

Se num cristal, ao longo de uma dada direção, uma propriedade manifesta sempre
o mesmo valor, é porque as partículas materiais (átomos, íons ou moléculas) se
distribuem de maneira constante ao longo dessa direção. Mas, se noutra direção do
mesmo cristal aquela propriedade assume um valor diferente do anteriormente
verificado, é porque a distância constante entre as partículas nessa segunda direção
é diferente da que caracteriza a primeira.

Desse modo, chega-se à conclusão de as partículas elementares definem uma


distribuição regular, e de que uma estrutura cristalina pode ser descrita pela
repetição periódica de átomos ou de agrupamentos de átomos. Diz-se, por essa
razão, que a matéria cristalina apresenta uma homogeneidade periódica, quanto à
distribuição das suas partículas elementares.
Representação esquemática dos diferentes tipos estruturais da matéria.
(a) Substância amorfa. (b1) Cristal líquido nemático. (b2) Cristal líquido colestérico.
(c) Cristais líquidos esméticos. (d) Cristal.
Definições Básicas em Cristalografia

Cristalografia: tem por objetivo a descrição do estado cristalino.

Cristalografia • Estuda as propriedades geométricas dos cristais


geométrica

Cristalografia • Determina a estrutura interna de cada espécie cristalina


estrutural

Cristalografia • Estuda os tipos de ligações químicas entre os átomos nas


química diferentes estruturas cristalinas

Cristalografia • Estuda o comportamento dos cristais relativamente às


propriedades físicas e procura explicar as propriedades
física observadas num cristal em termos da sua estrutura
Trabalhos pioneiros (1):

O primeiro pesquisador que atentou para a relação entre a forma externa de um cristal e a
sua estrutura interna foi Johannes Kepler (1611). Em seu livro Strena Seu de Nive
Sexangula (talvez o primeiro tratado de cristalografia geométrica), ele especulou o motivo
pelo qual flocos de neve sempre possuem 6 lados, nunca 5 ou 7. Ele sugeriu que os flocos
seriam compostos por pequenos glóbulos de gelo e neve, que estariam empacotados e
criariam a estrutura de 6 lados.

Robert Hooke, no seu livro Micrographia publicado em 1665, generalizou essas ideias
para todos os cristais.

Esquema VII do livro de Hooke, mostrando cristais de uma peça de sílex (variedade do quartzo) fraturado.
Trabalhos pioneiros (2):

Em 1669, Niels Stensen observou uma característica interessante de todos cristais de


quartzo, independente de seu tamanho ou número de faces: o ângulo entre duas faces é
constante.

Figuras de Stensen, obtidas por seccionamento do prisma haxagonal, corrente nos cristais de quartzo.

A generalização destas observações a todos os cristais, ou seja, a formulação de uma lei, é


creditada a Romé de l’Isle em 1772. Ele postulou a chamada lei da constância dos ângulos
interfaciais: “os ângulos entre faces correspondentes em diferentes cristais de uma dada
substância, independentemente da sua forma e desenvolvimento, à temperatura constante,
são constantes”.
Trabalhos pioneiros (3):

Em 1784, René Haüy deu um passo além e postulou a


chamada lei da racionalidade dos índices.

Sejam OAB, OAC, OBC e ABC, quatro planos de um


cristal, tais que nenhum deles seja paralelo à interseção
de quaisquer outros dois. Seja PQR um outro plano, não
paralelo a qualquer dos precedentes. Um plano não é
caracterizado pela sua dimensão, mas pela sua
orientação, isto é, são irrelevantes os comprimentos OA,
OB e OC, mas as relações de comprimento OA:OB,
OB:OC e OC:OA :

Planos não paralelos de um mesmo cristal.

Em que m/n, n/p e p/q são números racionais simples,


isto é, m, n e p são números inteiros pequenos.
Trabalhos pioneiros (4):
As ideias de Haüy surgiram a partir
de um acidente. A clivagem
sucessiva de um cristal de calcita foi
gerando faces truncadas, até se
chegar a um romboedro
(paralelepípedo).
Obtenção do núcleo da calcita (romboedro) por
clivagem de um cristal prismático inicial.

Haüy propôs, no seu livro Essai d’une théorie


sur la structure des cristaux, que os cristais
poderiam ser entendidos como um
empilhamento de paralelepípedos iguais, que ele
denominou “moléculas integrantes”. Os cristais
teriam, então, uma estrutura triperiódica em que
motivo e ritmo se confundem na molécula
integrante. O conceito da molécula integrante foi
o precursor direto de nossa imagem moderna da
Um escalenoedro de calcita, tal como Haüy o
célula unitária. imaginava: resultante do empilhamento compacto de
moléculas integrantes sobre um núcleo romboédrico.
Trabalhos pioneiros (5):

A evidência experimental inequívoca da existência de estrutura cristalina nos cristais só


aconteceu a partir de 1912, data da primeira publicação sobre difração de raios-X pelas
redes cristalinas (W.Friedrich, P.Knipping e M.Laue). Essas experiências comprovaram o
caráter triperiódico da repetição de átomos, íons ou moléculas nas estruturas cristalinas.

Posteriormente, resultados obtidos por W.H.Bragg e W.L.Bragg em cristais de NaCl


determinaram o comprimento de onda dos raios-X, tornando-se possível a obtenção do
valor absoluto de constantes reticulares de diversos cristais.

Lauegrama do ZnS (1912).


Definições importantes (1)

Retículo, reticulado ou rede espacial : arranjo infinito de pontos no espaço, de tal sorte que
cada ponto tenha a mesma vizinhança.

Ponto (nó) do retículo: local onde se situam os átomos (ou íons ou moléculas).

Estrutura: empilhamento de átomos (ou íons ou moléculas) no espaço.

Estrutura cristalina: arranjo ordenado/periódico de átomos (ou íons ou moléculas) no espaço.

Célula unitária: menor grupo de átomos portadores da simetria do cristal, e que quando
repetida em todas as direções desenvolve a rede cristalina. A célula define o tipo de rede.

Parâmetro da rede: é uma distância característica entre centros de dois átomos da rede. A
estrutura cristalina é definida por este parâmetro e pelo tipo da rede.

Direção cristalográfica: definida por todo segmento de reta que liga dois nós da rede.

Plano cristalográfico: definido por, pelo menos, três nós da rede.


Definições importantes (2)

Direções e planos de maior densidade atômica: direções e planos em que o espaço deixado
entre os átomos é mínimo. Nestas direções e planos é que a deformação plástica do cristal é
favorecida.

Distância interatômica mínima: menor distância entre dois átomos de uma determinada rede.

Número de átomos por célula: número de átomos que participa em cada célula. É calculado
contando-se o número de átomos de cada célula, e vendo em que proporção cada átomo
participa daquela célula. NA = Ni + Nf/2 + Nv/8 (Ni = interior; Nf = faces; Nv = vértices)

Número de coordenação: número de vizinhos que circunda um determinado átomo no cristal.


Para os elementos à direita na Tabela Periódica, NC = 8-N, onde N é o número de elétrons de
valência.

Fator de empilhamento (empacotamento) atômico: volume ocupado pelos átomos em relação


ao volume total da rede.
Célula Unitária
Ordem Perfeita
(a) Representação esquemática de um cristal formado a partir de um empilhamento de cubos.
(b) O mesmo cristal, onde átomos estão colocados nos nós do empilhamento. O conjunto de
átomos de cor azul forma a célula unitária do sistema cúbico simples.
Simetria:

Ao olhar para certos elementos decorativos, como paredes recobertas de azulejo ou forradas
de papel, ou o desenho de alguns tecidos estampados, sobressai a harmonia do desenho
global, como resultado da distribuição regular dos elementos geométricos, ou figuras, que
os compõem. Esse sentimento de harmonia, de apaziguamento visual, é a expressão da
percepção, mesmo que inconsciente, de uma regularidade no esquema de repetição dos
elementos que compõem o desenho, ou seja, da simetria deste.

Simetria na arte: trabalhos de M.C.Escher, 1967/1976.


Simetria:

A observação das formas geométricas dos cristais sugere a existência de um certo


grau de simetria.

O conceito de simetria implica sempre uma repetição em que se deve considerar


duas entidades fundamentais: o motivo (isto é, aquilo que se repete) e o período ou
ritmo (isto é, a lei de repetição).

O ritmo é constante, e resulta da aplicação de operações de simetria, as quais se


podem definir mediante os chamados operadores de repetição ou operadores de
simetria (ponto, reta ou plano).

Operações de simetria: translação, rotação própria, inversão, reflexão, rotação


helicoidal, reflexão deslizante, rotorreflexão, rotoinversão.

A existência de simetria pode ser usada como uma forma para classificação dos
cristais.
Repetição de um motivo num espaço
a duas dimensões.
(a) construção assimétrica.
(b) construção simétrica.

Por associações de leis de repetição, resultam


17 possíveis modos de distribuição regular do
motivo, num espaço a duas dimensões.

Num espaço a três dimensões, são possíveis


diversas associações dos operadores de
simetria, resultando em 230 simetrias
espaciais, que se designam por grupos
espaciais. A dedução destas possibilidades foi
feita simultânea e independentemente por
Fedorov (1890), Schönflies (1891) e Barlow
(1894).
Uma construção simétrica pode ser limitada, isto é, o motivo é repetido um número finito de vezes
pelos operadores de simetria. Tal é o caso de um poliedro que só admite operadores de simetria tais
que, ao fim de um certo número de operações sucessivas, se regresse à operação inicial.

Exemplo de um edifício simétrico limitado: o tetraedro, sólido cujas faces são triângulos equiláteros.

Posto isto, em um poliedro cristalino existem somente 32 possibilidades de combinações entre os


operadores de simetria: são os chamados 32 grupos pontuais (os operadores presentes se interceptam
em num ponto único) ou 32 classes de simetria.

Por conveniência, as 32 classes são agrupadas em 7 sistemas, conhecidos pelos seguintes nomes:
² Cúbico (5 classes possíveis)
² Tetragonal (7)
² Ortorrômbico (3)
² Monoclínico (3)
² Triclínico (2)
² Trigonal (5)
² Hexagonal (7)
Sistemas Cristalinos.
Exemplo de operadores de simetria de um cubo. Existem 3 eixos quaternários, 4 eixos
ternários e 6 eixos binários. Existem 3 espelhos {100} e 6 espelhos {110} (somente dois
são mostrados). O grau n de rotação de um eixo de simetria se refere a uma rotação de
(360/n)o que traz o sólido para uma posição coincidente ao original.
Os sete sistemas de simetria cristalinas, com operações relevantes.
As Redes Espaciais de Bravais

A presença, em muitas espécies minerais, de formas com simetria inferior à de paralelepípedo, sempre
embaraçou Haüy. Efetivamente, já que uma forma cristalográfica reproduz necessariamente a simetria
da molécula integrante, esta não tem naqueles minerais a simetria de paralelepípedo, e o seu
empilhamento não poderia, geralmente, preencher totalmente o espaço.

Esta dificuldade foi eliminada pela teoria que Auguste Bravais apresentou em 1848-1850, e que por
algum tempo substituiu a de Haüy.

A teoria das moléculas poliédricas de Bravais pode sintetizar-se em três pontos:


i. A molécula constituinte do cristal (isto é, o motivo da sua estrutura interna) não preenche
totalmente o espaço.
ii. Essa molécula tem a simetria de um poliedro que não é, necessariamente, a de um paralelepípedo.
iii. A distribuição das moléculas poliédricas obedece a um esquema triperiódico, designado por rede
cristalográfica (rede de Bravais).

Esta teoria pouco difere da de Haüy. A sua originalidade não reside no esquema de distribuição
periódica dos poliedros, mas na ideia de cristal aberto, onde as unidades estruturais estão separadas por
vazios. Bravais, como se vê, para caracterizar a estrutura cristalina dissociou-a em duas entidades
distintas: o motivo e o ritmo. Foi isso que lhe permitiu resolver a dificuldade acima referida.

O modo de distribuição das moléculas, embora implícito na teoria de Haüy, é geralmente designado por
“rede de Bravais”, dado o claro desenvolvimento matemático que Bravais lhe deu.
Operadores
de simetria Sistemas Redes de
(8) cristalinos Bravais
(7) (14)

Combinação entre
operadores de simetria
(interpenetração de redes)

Grupos
pontuais
(32) Grupos
espaciais
(230)
Os diferentes tamanhos e formas das células podem ser descritos
em termos dos parâmetros lineares e dos parâmetros angulares.

Parâmetros lineares: a ,b , c
Parâmetros angulares: a , b , g
Segundo Bravais, os pontos do reticulado podem estar arranjados de 14 maneiras diferentes
– redes de Bravais, envolvendo 7 sistemas diferentes – sistemas de Bravais.
Parâmetros lineares e parâmetros angulares dos 7 sistemas de Bravais.
Tabela Periódica com identificação das estruturas cristalinas adotadas pelos diversos elementos, na
temperatura ambiente. Cada elemento possui uma estrutura em função de sua distribuição eletrônica e
da natureza de suas ligações. McMahon e Graham (1992).
Arranjo de átomos em uma célula unitária

Estruturas cúbicas de faces centradas:


(a) do cobre; (b) do NaCl; (c) da cristobalita SiO2.
Estruturas Cristalinas Metálicas

• Tendem a ser densamente empilhadas.


• Razões para o empilhamento denso:
- Tipicamente, somente um elemento está presente, então todos os
raios atômicos são idênticos.
- A ligação metálica não é direcional.
- As distâncias dos vizinhos mais próximos tendem a ser pequenas,
para minimizar a energia de ligação.
- A núvem de elétrons faz uma blindagem entre os núcleos.
• Possuem as estruturas cristalinas mais simples.
Arranjos de átomos nas estruturas (a) CFC, (b) HC e (c) CCC.
CFC CCC HC
Raio atômico e estrutura cristalina para alguns metais

Exemplos de estruturas cristalinas, temperatura ambiente.


Estrutura cristalina e distância interatômica mínima para alguns metais

Exemplos de estruturas cristalinas, temperatura ambiente.


Estrutura cúbica simples (CS)
• É rara, devido à baixa densidade de empilhamento (somente o Po
possui esta estrutura)
• As direções mais densas são as arestas do cubo.
• # coordenação = 6
(# vizinhos mais próximos)
Fator de empilhamento atômico (APF)

Volume de átomos na célula*


APF =
Volume da célula unitária
*assumir esferas rígidas
• APF de uma estrutura cúbica simples = 0.52
volume
atoms atom
a 4
unit cell 1 p (0.5a) 3
3
R=0.5a APF =
a3 volume
close-packed directions
unit cell
contains 8 x 1/8 =
1 atom/unit cell
Estrutura cúbica de corpo centrado (CCC)
• Átomos se tocam ao longo das diagonais do cubo.
--Nota: Todos os átomos são idênticos; o átomo central foi
colorido de forma diferente somente para facilidade de
visualização. ex: Cr, W, Fe (a), Ta, Mo
• # coordenação = 8

2 atoms/unit cell: 1 center + 8 corners x 1/8


Fator de empilhamento atômico (APF) : CCC
• APF para a estrutura cúbica de corpo centrado = 0.68
3a

2a

Close-packed directions:
R length = 4R = 3 a
a
atoms volume
4
unit cell 2 p ( 3a/4 ) 3
3 atom
APF =
volume
a3
unit cell
Sítios intersticiais

Sítios intersticiais da estrutura CCC: (a) octaédricos; (b) tetraédricos.


Estrutura cúbica de faces centradas (CFC)
• Átomos se tocam ao longo das diagonais das faces.
--Nota: Todos os átomos são idênticos; o átomo central foi
colorido de forma diferente somente para facilidade de
visualização. ex: Al, Cu, Au, Pb, Ni, Pt, Ag
• # coordenação = 12

4 atoms/unit cell: 6 face x 1/2 + 8 corners x 1/8


Exercício de fixação 1
Fator de empilhamento atômico (APF) : CFC
• APF para a estrutura cúbica de faces centradas = 0.74
maximum achievable APF
Close-packed directions:
length = 4R = 2 a
2a
Unit cell contains:
6 x 1/2 + 8 x 1/8
a = 4 atoms/unit cell

atoms volume
4
unit cell 4 p ( 2a/4 ) 3
3 atom
APF =
volume
a3
unit cell
Exercício de fixação 2
Sítios intersticiais

Sítios intersticiais da estrutura CFC: (a) octaédricos; (b) tetraédricos.


Estrutura hexagonal compacta (HC)
• ABAB... Sequência de empilhamento

• Projeção 3D • Projeção 2D

A sites Top layer


c
B sites Middle layer

A sites Bottom layer


a

• # coordenação = 12 • c/a ideal = 1.633


c/a real:
• APF = 0.74
• 6 átomos/célula
ex: Cd, Mg, Ti, Zn
Características das células unitárias

CCC CFC HC
d aÖ3/2 aÖ2/2 a

R aÖ3/4 aÖ2/4 a/2

N 2 4 6

NC 8 12 12

APF 68% 74% 74%

a: parâmetro da rede
d: distância interatômica mínima
R: raio atômico
N: número de átomos por célula
NC: número de coordenação
APF: fator de empilhamento atômico
Interstícios octaédricos
e tetraédricos no Fe-a
/Fe-d e Fe-g.
Características das posições intersticiais no Fe-a e no Fe-g.

Obs.: A grande diferença de tamanho entre os interstícios octaédricos do Fe- α e do


Fe-γ explica a diferença de solubilidade de C e de N nestas estruturas.
Diâmetro de átomos intersticiais.

nm

Fe-α Fe-γ

Exemplo: Elementos intersticiais que são comumente dissolvidos no Fe- α e no Fe-γ .


Deformação das ligações
Fe-Fe causada por um
átomo intersticial de C.

Energia de deformação elástica de um átomo intersticial de C em sítios


octaédricos e tetraédricos no Fe-a e no Fe-g.

x: variação de comprimento da ligação Fe-Fe.; k: “constante de mola” da ligação Fe-Fe.


Obs.: Posições tetragonais não são posições intersticiais favoráveis no Fe- α, a despeito do fato de que
possuem um maior tamanho. Isto é devido à menor energia de deformação associada com a posição
intersticial octaédrica, que requer apenas uma deformação direcional envolvendo somente 2 átomos de Fe.
Densidade teórica, ρ
Mass of Atoms in Unit Cell
Densidade = r =
Total Volume of Unit Cell

nA
r =
VC NA

onde n = número de átomos/célula unitária


A = peso atômico
VC = volume da célula unitária = a3 para cubo
NA = número de Avogadro
= 6.022 x 1023 atomos/mol
Densidade teórica, ρ

• Ex: Cr (CCC)
A = 52.00 g/mol
R = 0.125 nm
n=2
R
a a = 4R/ 3 = 0.2887 nm

atoms
g
unit cell 2 52.00 rteórica = 7.18 g/cm3
mol
r= rreal = 7.19 g/cm3
a 3 6.023 x 1023
volume atoms
unit cell mol
Exercício de fixação 3
Classes de Densidade de Materiais
Em geral Graphite/
Metals/ Composites/
rmetais > rcerâmicos > rpolímeros Alloys
Ceramics/
Semicond
Polymers
fibers
30
Por que? 20 Platinum *GFRE, CFRE, & AFRE are Glass,
Gold, W
Tantalum Carbon, & Aramid Fiber-Reinforced
Metais têm... Epoxy composites (values based on
60% volume fraction of aligned fibers
• empilhamento denso 10 Silver, Mo in an epoxy matrix).
Cu,Ni
(ligação metálica) Steels
Tin, Zinc
Zirconia
• em geral alto peso atômico 5
Titanium
4 Al oxide
Diamond
Si nitride
Cerâmicos têm... 3
Aluminum Glass -soda Glass fibers
Concrete
• empilhamento menos denso 2 Silicon PTFE GFRE*
Carbon fibers
Magnesium G raphite CFRE *
• em geral elementos mais leves Silicone
PVC Aramid fibers
PET AFRE *
1 PC
HDPE, PS
Polímeros têm... PP, LDPE

• baixa densidade de empilhamento


0.5
r (g/cm 3)

(em geral amorfos) 0.4


Wood

• elementos leves (C,H,O) 0.3

Compósitos têm...
• valores intermediários
Empilhamento de planos
compactos para as estruturas
CFC e HC

Existem duas
Estrutura Ordem de Compacidade
possibilidades de
empilhamento
construção do
HC ...ABABAB... 74% empilhamento
CFC ...ABCABC... 74%
Empilhamento HC
Empilhamento CFC
Modos de empilhamento compacto. Os planos compactos
são planos {111}.
(a) Empilhamento ABAB, hexagonal compacto.
(b) Empilhamento ABCABC, cúbico de faces centradas.
Alotropia/Polimorfismo

Dois cristais são ditos polimorfos (alotrópicos) quando, embora


apresentem a mesma composição química, possuem estruturas
diferentes, em função da temperatura/pressão.

Exemplo: ferro. líquido


1538ºC
CCC d-Fe
1394ºC
CFC g-Fe
912ºC
CCC a-Fe
Efeito da pressão nas faixas de temperaturas de equilíbrio
para as diferentes formas alotrópicas do ferro puro.
Células unitárias do ferro: CCC para Fe-a e Fe-d;
CFC para Fe-g;
HC para Fe-e.
Exemplos de micrografias para Fe-a , para Fe-γ e para Fe-e.
Ilustração da célula unitária trigonal para o Fe-γ e sua relação de orientação
com as células convencionais do Fe-a e do Fe-e. Esta célula trigonal é uma
representação mais conveniente para descrever a cristalografia da
transformação martensítica de Fe-γ para Fe-a e para Fe-e.
Dados do parâmetro da rede para o ferro puro.
Dependência da temperatura para o parâmetro da rede, para a
densidade e para o volume específico do ferro puro.
A natureza alotrópica do ferro e a solubilidade do
carbono em sua matriz são fatores que possibilitam a
grande variedade de transformações, microestruturas e
propriedades dos aços carbono comuns.

As temperaturas nas quais a transformação do Feγ para


Feα começa e termina a diferentes taxas de resfriamento
são importantes para o planejamento e concepção de
muitos processos industriais.
MET-223

Aplicação de alotropia/polimorfismo: tratamentos térmicos de materiais

Diagrama Fe-C
Alguns metais alotrópicos.

Estrutura cristalina na Estrutura em outras


temperatura ambiente temperaturas
Alotropia do estanho: estanho branco
e estanho cinza.

Com esta transformação a 13,20C,


ocorre aumento de volume (27%) e
diminuição da densidade do estanho.
Consequentemente, o estanho branco
se desintegra em um pó grosseiro do
alótropo cinza.
Alotropia do fósforo: fósforo branco e
fósforo vermelho.

Moléculas distintas do fósforo.


Moléculas distintas do enxofre.

Preparação das duas formas


alotrópicas do enxofre.
Estruturas do diamante e da grafite, duas formas alotrópicas diferentes do elemento químico
carbono. A alotropia decorre ou da atomicidade ou da “arrumação” dos átomos no espaço.
Em 1985, os cientistas H.W.Kroto e R.E.Smalley descobriram uma nova forma alotrópica do
carbono, formada por estruturas ocas, em forma de bola de futebol, com 60 vértices e 32
faces, sendo 20 hexágonos e 12 pentágonos regulares. Essa estrutura esférica recebeu a
sigla C60 e o nome fulereno-60. Novos fulerenos foram depois descobertos, com 32, 44, 50,
... 540 e 960 átomos de carbono. Sendo assim, pode-se dizer que o carbono tem muitas
formas alotrópicas.

O nome “fulereno” é uma homenagem a R. Buckminster Fuller, que inventou o domo


geodésico. Cada estrutura C60 é simplesmente uma réplica deste domo.
Ainda com respeito ao carbono, pesquisas recentes levaram à produção dos chamados
nanotubos. A estrutura mais simples de um nanotubo pode ser imaginada como resultado da
própria estrutura da grafite (que é plana = grafeno) “enrolada” de modo a formar um tubo
extremamente pequeno. Ambas as extremidades podem ser fechadas por hemisférios de
fulerenos.

Os nanotubos de carbono foram


descobertos pelo japonês S. Iijima em
1991. Ele estava estudando a formação
de moléculas de C60 em um microscópio
eletrônico de transmissão de elevada
resolução. Ele percebeu que, sob
descargas elétricas, os átomos de
carbono se auto-arranjavam no espaço
como moléculas de várias formas, como
a molécula de C60. Sob certas condições
experimentais, essas moléculas de
carbono podiam se organizar na forma de
nanotubos. S. Iijima: pioneiro (1991) na pesquisa dos
nanotubos de carbono.
A estrutura de um nanotubo de carbono
consiste de uma lâmina de grafite
enrolada na forma de um cilindro. Os
tubos têm tipicamente um diâmetro entre
5 e 20nm e um comprimento entre 1 e
100μm.

Dependendo das condições de


processamento, pode-se ter nanotubos
de uma única camada ou de múltiplas
camadas concêntricas.
Os nanotubos são extremamente resistentes e rígidos, e relativamente dúcteis. Por exemplo,
um nanotubo de uma camada possui uma resistência mecânica de 50 a 200GPa
(aproximadamente uma ordem de grandeza maior do que as fibras de carbono), sendo
portanto o material de maior resistência mecânica conhecido atualmente. O seu módulo de
elasticidade vale cerca de 1.000GPa, com uma deformação na fratura de 5% a 20%. Al[em
disso, os nanotubos possuem uma baixa densidade.

Outra característica interessante dos nanotubos é que, conforme a maneira de se enrolar a


lâmina de grafite, a sua condutiviade elétrica se altera. Assim, podemos ter nanotubos com
comportamento metálico ou como semicondutores.

Os cientistas já estão imaginando várias aplicações para os nanotubos – desde fibras de alta
resistência mecânica para materiais compósitos até como substitutos dos atuais chips de
silício usados em computadores.
Três configurações distintas
para as paredes de nanotubos
de carbono:
a) Armchair = lado pontudo do
hexágono perpendicular ao
eixo do cilindro;
b) Zig-zag = lado pontudo do
hexágono paralelo ao eixo
do cilindro
c) Chiral = hexágonos
inclinados, enrolamento tipo
helicoidal.
Imagem com resolução atômica de um
nanotubo de carbono, gerada usando
um microscópio de tunelamento.

Arranjos paralelos de nanotubos de


carbono crescendo como uma floresta.
(a) Imagem em microscópio de força atômica, mostrando a estrutura da grafita. Os pontos
claros em cada vértice são átomos de carbono. Na grafita, os átomos de carbono são
arranjados em lâminas, cada uma consistindo em um arranjo de anéis hexagonais.
(b) Imagem em microscópio eletrônico de transmissão de elevada resolução, mostrando o
arranjo CFC de moléculas de C60 no fulereno.
(c) Nanotubos de carbono crescendo em um substrato de titânio. Os nanotubos são
perpendiculares ao substrato, e possuem uma faixa de diâmetro entre 40nm e 100nm.
Direções e Planos Cristalográficos

Ao estudar os arranjos cristalinos, é freqüentemente necessário


especificar determinadas direções e determinados planos. Para esta
finalidade, é utilizado um sistema de indexação proposto por
W.H.Miller (1801-1880) em 1839 (anteriormente aos reticulados de
Bravais).

Notação cristalográfica:

Para uma direção: [ uvw ]


Para uma família de direções: < uvw >

Para um plano: ( hkl )


Para uma família de planos: { hkl }
Coordenadas
puntuais
Coordenadas puntuais

z
111 Coordenadas puntuais para o
c centro da célula unitária são:
a/2, b/2, c/2 ½½½

000
y Coordenadas puntuais para um
a b
vértice da célula unitária são:
x • 111
z 2c

Translação: múltiplos inteiros dos
• • parâmetros da célula à
b y posições idênticas em outra
célula unitária.
b
Exercício de fixação 4
Exercício de fixação 5
Índices de Miller: direções cristalográficas
Algoritmo:
1. Vetor reposicionado (se necessário) para
z passar na origem.
2. Leitura das projeções do vetor em cada um
dos três eixos, medidas em termos dos
parâmetros a, b e c da célula unitária.
3. Ajustes para redução aos menores números
y inteiros.
4. Apresentação dos três índices dentro de
x colchetes, sem separação por vírgulas: [uvw]

ex: 1, 0, ½ => 2, 0, 1 => [ 201 ]


-1, 1, 1 => [ 111 ] onde a barra superior representa um índice
negativo

Famílias de direções: < uvw >


Observações relevantes:

a) Os índices negativos são representados por uma barra superior.

b) A troca de sinal de todos os índices inverte o sentido do vetor.

c) Para algumas estruturas, várias direções não paralelas e com


índices diferentes apresentam arranjos atômicos idênticos. Estas
direções são denominadas equivalentes. Por exemplo, no sistema
cúbico, as direções [100], [100], [010], [010], [001] e [001] são
equivalentes. Já no sistema tetragonal as direções [100] e [010]
são equivalentes mas as direções [100] e [001] não são
equivalentes.

d) Uma família de direções é representada por: < uvw >.


Índices de Miller para direções cristalográficas.

onde u, v e w são os menores inteiros


(positivos, negativos ou nulos).
Índices de Miller para direções cristalográficas.

Todo nó da rede pode ser


considerado a origem do referencial.
Índices de Miller para direções cristalográficas.

Todas as direções paralelas têm os


mesmos índices <uvw>.
Índices de Miller para direções cristalográficas.

Direções equivalentes: todas as


direções com índices u, v, w com
mesmo módulo do vetor
correspondente.

Família <uvw>: conjunto de


direções equivalentes, onde os
índices u, v, w podem ser
permutados e trocados de sinal.
Exercício de fixação 6
Exercício de fixação 7
Densidade Linear
Number of atoms
• Linear Density of Atoms º LD =
Unit length of direction vector

[110] ex: linear density of Al in [110]


direction
a = 0.405 nm

# atoms
2 atoms
a LD = = 3,5
nm
length 2a
Índices de Miller: planos cristalográficos

Algoritmo:

1. Determina-se os interceptos dos planos com os eixos em termos


dos parâmetros a, b e c da célula unitária. Caso o plano passe
pela origem, é necessária uma translação ou a fixação de uma
nova origem.
2. Tomam-se os recíprocos dos interceptos. Caso o plano seja
paralelo ao eixo (ou aos eixos), considera-se o intercepto infinito.
Neste caso, o recíproco é zero.
3. Estes números são multiplicados (e não divididos) por fatores
comuns obtendo-se números inteiros (e não necessariamente
mínimos).
4. Os três índices (números inteiros) são apresentados dentro de
parênteses e não são separados por vírgulas, por exemplo (h k l ).
Planos cristalográficos
Planos cristalográficos
z
example a b c
1. Intercepts 1 1 ¥ c
2. Reciprocals 1/1 1/1 1/¥
1 1 0
3. Reduction 1 1 0 y
a b
4. Miller Indices (110)
x
z
example a b c
1. Intercepts 1/2 ¥ ¥ c
2. Reciprocals 1/½ 1/¥ 1/¥
2 0 0
3. Reduction 2 0 0 y
4. Miller Indices (100) a b
x
Planos cristalográficos
z
example a b c c
1. Intercepts 1/2 1 3/4 •
2. Reciprocals 1/½ 1/1 1/¾
2 1 4/3 • y

3. Reduction 6 3 4 a b

4. Miller Indices (634) x

Family of Planes {hkl}

Ex: {100} = (100), (010), (001), (100), (010), (001)


Observações relevantes:

a) Índices negativos são representados por uma barra superior, por exemplo
(012).

b) Planos paralelos são equivalentes e têm índices idênticos ou múltiplos.

c) No sistema cúbico, planos e direções de mesmo índice são perpendiculares.

d) Uma família de planos, por exemplo (111), (111), (111), (111), (111), (111),
(111) e (111), é representada por {111}.

e) Planos de uma zona são planos não paralelos contendo uma reta comum,
denominada eixo da zona. Se o eixo da zona tem índices [uvw], o plano (hkl)
pertencente a esta zona deve satisfazer a relação: hu + kv + lw = 0.

f) Se dois planos, (h1 k1 l1) e (h2 k2 l2), pertencem à uma zona de eixo [uvw],
então valem as relações: u = k1l2 − k2l1; v = l1h2 − l2h1 e w = h1k2 − h2k1.
Índices de Miller para planos cristalográficos.
Índices de Miller para planos cristalográficos.
Índices de Miller para planos cristalográficos.

No sistema cúbico [uvw] é perpendicular a (hkl) se:


u=h
v=k
w=l

Se duas direções não paralelas [u1v1w1] e [u2v2w2] pertencem ao plano (hkl), a normal [uvw] ao plano é
definida por:
[uvw] = [u1v1w1] Ä [u2v2w2] = (hkl)
Índices de Miller para planos cristalográficos.

Planos equivalentes: todas os planos


com índices h, k, l com mesma
malha plana elementar.

Família {hkl}: conjunto de planos


equivalentes, onde os índices h, k, l
podem ser permutados e trocados de
sinal.
Exercício de fixação 8
Exercício de fixação 9
Densidade planar do ferro (100)

Solution: At T < 912°C iron has the BCC structure.


2D repeat unit

(100) 4 3
a= R
3

Radius of iron R = 0.1241 nm


atoms
2D repeat unit 1
1 atoms 19 atoms
Planar Density = = 2 = 12.1 = 1.2 x 10
area a2 4 3 nm2 m2
R
2D repeat unit 3
Densidade planar do ferro (111)
Solution (cont): (111) plane 1 atom in plane/ unit surface cell

2a atoms in plane
atoms above plane

t
atoms below plane

uni
eat
3
rep
h= a
2D 2
2
æ 4 3 ö 16 3 2
area = 2 ah = 3 a = 3 çç
2

÷ = R
atoms è 3 ø 3
2D repeat unit 1
atoms = atoms
Planar Density = = 7.0 0.70 x 1019
2
nm m2
area 16 3 2
R
2D repeat unit 3
Índices de Miller-Bravais: direções cristalográficas

No sistema hexagonal, algumas direções cristalográficas


equivalentes não têm os mesmos índices de Miller. Este problema é
contornado utilizando-se um sistema de quatro eixos, denominado
sistema de Miller-Bravais.

Neste sistema, três eixos (a1, a2 e a3) estão contidos no plano basal e
fazem ângulos de 120° entre si. O quarto eixo (z ou c) é
perpendicular ao plano basal.

Sistema de coordenadas para cristais


hexagonais, segundo Miller-Bravais.
Uma determinada direção cristalográfica representada pelos índices
de Miller [u′ v′ w′] pode ser convertida para o sistema de Miller
Bravais com índices [u v t w] com auxílio das seguintes equações:

onde n é número inteiro.

Por exemplo: os índices de Miller [010] são convertidos em índices


de Miller-Bravais [1210].
Alguns exemplos de conversão de índices de Miller em
índices de Miller-Bravais.
Exercício de fixação 10
Índices de Miller-Bravais: planos cristalográficos

A utilização do sistema de Miller-Bravais também faz com que


planos equivalentes tenham os mesmos índices. Os índices de Miller-
Bravais de um plano são representados por (hkil). Estes índices são
os recíprocos dos interceptos sobre os eixos a1, a2, a3 e z,
respectivamente.

Como apenas três eixos não coplanares são necessários para


especificar um plano no espaço, os quatro índices não podem ser
independentes.

A conversão dos índices de Miller (hkl) em índices de Miller-Bravais


(hkil) é muito mais simples do que no caso de direções
cristalográficas:
i = −(h + k)
Exemplos de planos no sistema de
Miller-Bravais.

Na estrutura hexagonal existem alguns planos que recebem


denominação especial:
• Plano basal, {0001};
• Plano prismático do tipo I, {1010};
• Plano prismático do tipo II, {1120};
• Plano piramidal do tipo I, {1011};
• Plano piramidal do tipo II, {1121}.
Exercício de fixação 11
Distância entre planos.
Ângulo entre planos.
MET-158

Aplicação de cristalografia: resistência mecânica de materiais

As propriedades de materiais cristalinos geralmente são relacionadas


com a estrutura cristalina.

Ex.: o quartzo fratura mais


facilmente ao longo de alguns
planos cristalinos do que em
outros.
MET-158

Aplicação de cristalografia: resistência mecânica de materiais

Resistência teórica de clivagem – modelo de Orowan

Eg
s máx =
a0
MET-158
Escorregamento
Aplicação de cristalografia: deformação plástica de planos mais
densos em
direções mais
Deformação Plástica (Permanente) densas.
(para baixas temperaturas, i.e. T < Tmelt/3)
• Ensaio de tração simples: elástico+plástico
para elevadas tensões
tensão de engenharia, s

inicialmente
elástico

permanente (plástico)
após remoção da carga

ep deformação de engenharia, e

deformação plástica
MET-158

Aplicação de cristalografia: deformação plástica

Direções e planos mais densos.


Projeção Estereográfica

A projeção estereográfica é uma figura geométrica plana, onde


estão representadas direções e planos cristalográficos.

Construção da projeção estereográfica:


a) Projeção geográfica;
b) Projeção esférica;
c) Projeção estereográfica.
Projeções estereográficas de diversos
planos importantes em um cristal cúbico.
Linha de visão = direção [100].
Sistema cúbico, plano (120), mostrando as projeções estereográficas de ambos hemisférios, linha de visão [100].

Sistema cúbico, plano (101) e duas direções <111> contidas neste plano, linha de visão [100].
Sistema cúbico, planos de uma zona cujo eixo da zona é a direção [111]. Os três planos (110) que
pertencem a esta zona são ilustrados na figura.
Planos {112} e {123} que têm a direção [111] como seu eixo de zona.
Projeção estereográfica da zona contendo os 12 planos mostrados nas figuras anteriores. Somente os
polos dos planos são plotados. Note que todos os polos planares situam-se no plano (111).
Projeção estereográfica e rede de Wulff.
Projeção estereográfica padrão [100] para o sistema cúbico.
Projeção estereográfica padrão [100] para o sistema cúbico.
Projeção estereográfica padrão [111] para o sistema cúbico.
Projeção estereográfica [001] para Representação das direções
o sistema cúbico. cristalográficas e dos polos
(normais aos planos) para a
estrutura cúbica.
Projeção estereográfica cúbica [001].
Algumas projeções estereográficas cúbicas padrão.
Na projeção estereográfica a simetria cristalina pode ser vista claramente.
Assim, no sistema cúbico, um triângulo [001], [011] e [111] é suficiente
para designar uma orientação cristalográfica.

Projeção estereográfica padrão [001]


dividida em 24 triângulos e triângulo
padrão para o sistema cúbico.
MET-155

Aplicação de projeção estereográfica: figuras de polo, textura de materiais

Para materiais policristalinos um conjunto de polos pode ser plotado para cada grão
individual, para produzir uma figura de polo.

Se os grãos são orientados aleatoriamente, espera-se ver polos distribuídos em qualquer


posição na figura de polo.

Se os grãos apresentam uma tendência para apresentarem textura, os polos estarão


concentrados em certas áreas da figura de polo.
MET-158

Aplicação de projeção estereográfica: deformação plástica

Para metais cúbicos, a rotação do plano e da direção de deslizamento (sistema de


deslizamento) pode ativar, durante o deslizamento, outros sistemas, que seriam então
colocados em posição favorável. Esta situação é analisada com auxílio da projeção
estereográfica.

Admite-se um cristal CFC com eixo de tração no ponto P do triângulo padrão. O sistema de
deslizamento a ser solicitado será o que apresentar o maior fator de SCHMID.

Fator de SCHMID = M =

t ys
= sen c cos l
s ys
Rede Recíproca
Uma rede recíproca define-se, traçando-se a partir de um ponto tomado como origem,
normais a três famílias de planos reticulares conjugados. Ao longo de cada direção assim
definida, sucedem-se nós distanciados de: * K
nhkl =
d hkl
onde K é chamada de constante da rede recíproca, tomada habitualmente como a unidade e
dhkl é o espaçamento dos planos reticulares (hkl) normais à direção considerada.
Representação das redes recíprocas
cúbicas.
a) Rede recíproca de uma rede CS: rede
também CS, que compreende nós,
cujos índices são quaisquer números
inteiros.
b) Rede recíproca de uma rede CCC:
rede CFC, cujos nós têm índices que
são números inteiros de soma par.
c) Rede recíproca de uma rede CFC:
rede CCC cujos nós têm índices de
mesma paridade.
MET-155

Aplicação de rede recíproca: difração no MET.

Feixe primário como eixo


Formação de spots de difração. de zona para diversos Diagrama de difração
planos de difração. indexado de um eixo de
zona [101].
Monocristal e Policristal

Seqüência de formação da microestrutura de um material sólido, a


partir do líquido = processo de solidificação (fundição).

Monocristal e Policristal
Comparação entre os arranjos atômicos no estado líquido e
no estado sólido de um cristal.
Solidificação de monocristais

Refino zonal

Forno Czochralski
Forno Bridgman-Stockbarger
Cristais como blocos de construção
Fotografia de uma granada monocristalina,
encontrada em Tongbei, Província de Fujian, China.

• Algumas aplicações de engenharia requerem monocristais:

-- monocristais de diamante -- paletas de


para abrasivos. turbinas.
Monocristal de quartzo encontrado na natureza.

Monocristal de silício sintético criado a partir de areia da


praia, purificado e fundido. O material fundido cresce de
forma cuidadosa para evitar trincamento, até cerca de 1,3m
de comprimento. Ele será fatiado em milhares de wafers,
onde as camadas de circuitos integrados serão depositadas.
Monocristais na indústria
de circuitos integrados.
Solidificação de policristais

Comparação entre o lingotamento convencional e o lingotamento contínuo.


Policristal monofásico

Austenita

Ferrita
Policristal polifásico

Aço inox duplex

Aço ferrita-martensita
Policristal polifásico

Perlita

Ferro fundido austemperado


Policristal polifásico

Bainita

Martensita + austenita retida


Esquema de crescimento dendrítico em três dimensões.
Grignon (1775) e Tschernoff (1878).
Esquema de crescimento dendrítico transformando-se em grãos do material.
Transição da zona de cristais equiaxiais finos (EF) para a zona de crescimento
colunar (C). Os grãos com orientação cristalográfica favorável em relação à
direção de extração de calor crescem mais rápido e dominam a estrutura.
Esquema da solidificação dendrítica. As Estrutura final de solidificação.
regiões escuras no líquido adjacente às
dendritas representam concentrações de
átomos de solutos rejeitados a partir das
dendritas sólidas (segregação
Outro esquema da solidificação dendrítica. Convecção líquida, efeitos de deformação, e
regiões (pequenas áreas circulares brancas) onde os braços dendríticos cresceram juntos e
ocorreu rechupe interdendrítico.
Dendritas formadas durante a
solidificação de uma liga nióbio-
cobre, rica em nióbio. MEV.
Dendritas em aço baixo-carbono. MEV.
Os grãos podem ser - equiaxiais (praticamente o mesmo tamanho em todas as direções)
- colunares (grãos alongados)

~ 8 cm Solidificação de um
lingote de chumbo.

fluxo de
calor
“Casca” de grãos
Grãos colunares em equiaxiais devido ao
áreas com menor rápido resfriamento
resfriamento (maior DT) próximo
das paredes.

Refino de grão - realizado para tornar os grãos menores, mais uniformes, equiaxiais.
Anisotrópico

1 mm

Isotrópico
• Placa de Nb-Hf-W com solda por feixe de elétrons.
• Cada "grão" é um monocristal.
• Se os grãos são orientados aleatoriamente,
as propriedades do material não são direcionais.
• Tamanhos de grãos típicos estão na faixa de 1 nm a 2 cm
(i.e., de poucas a milhões de camadas atômicas).
Exemplo de um material na forma monocristalina e policristalina

Paleta de turbina fabricada (a) por fundição convencional, (b) por solidificação direcional
e (c) para obtenção de monocristal.
Anisotropia

Amorfo
Isotropia: uma propriedade do sólido
será isotrópica se o seu valor for
independente da direção de medição.

Exemplos:
a) Índice de refração do vidro
b) Módulo de Young do vidro

Anisotropia: uma propriedade do

Cristalino
sólido será anisotrópica se o seu valor
for dependente da direção de
medição.

Exemplos:
a) Birrefringência de certos cristais
transparentes
b) Módulo de Young de monocristais
A anisotropia geralmente desaparece
na escala do policristal.
Monocristais X Policristais
• Monocristais E (diagonal) = 273 GPa
-As propriedades variam com a
direção: anisotropia.
-Exemplo: o módulo de
elasticidade (E) no ferro CCC:

• Policristais E (edge) = 125 GPa


-As propriedades podem / não podem 200 µm
variar com a direção.
-Se os grão são aleatoriamente
orientados: isotropia.
(Epoly iron = 210 GPa)
-Se os grão são orientados,
anisotropia.
Exemplo de propriedade anisotrópica
em monocristais

Módulo de elasticidade para diversos


metais em diferentes orientações
cristalográficas

Varia
Varia
Varia
Não varia
Exemplo de Al-2024 Al-7475

propriedade anisotrópica
em policristais

Efeito da orientação de corpos de prova e do teor de impurezas na tenacidade à fratura de


ligas de alumínio.
Anisotropia provocada por orientação cristalográfica
preferencial = textura.

Duas orientações cristalinas básicas que podem ser obtidas em placas


laminadas em metais CCC.
Anisotropia provocada por orientação cristalográfica preferencial = textura.
Exemplo: aço-silício de grão orientado GO (policristal).

Fluxo magnético em função do campo


magnético, para três direções
cristalográficas do ferro (CCC). A
magnetização completa é obtida mais
facilmente na direção [100]. Para o
níquel (CFC) é o contrário.
Bibliografia
• W.D.Callister e D.G.Rethwisch: Ciência & Engenharia de Materiais, 8a
Edição, GEN/LTC, 2012
• R.E. Reed-Hill, R,Abbashian, L.Abbashian : Physical Metallurgy
Principles, 4th Edition, Cengage Learning, 2009.
• M.F.Ashby, P.J.Ferreira e D.L.Schodek: Nanomaterials,
Nanotechnologies and Design, Elsevier, 2009.
• R.E.Smallman e A.H.W.Ngan: Physical Metallurgy and Advanced
Materials, 7th Edition, Elsevier, 2007.
• A.F.Padilha: Materiais de Engenharia – Microestrutura e Propriedades,
Hemus, 2000.
• J.P.Bailon e J.M.Dorlot: Des Materiaux, 3th Edition, École Polytechnique
de Montréal, 2000.
• F.S.Borges: Elementos de Cristalografia: Fund. Calouste Gulbenkian,
1982.

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