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Lugares Sagrados – Encaminhamento Metodológico

A fim de que se possa desenvolver um encaminhamento metodológico pertinente ao artigo


deste tópico, Lugares Sagrados, é importante considerar a possibilidade inicial de um trabalho
concreto sobre o conceito de sagrado. Lembrando, sempre, que o mesmo é apontado nas Diretrizes
Curriculares para o Ensino Religioso como o objeto de estudo da disciplina, como o foco do
fenômeno religioso, uma das facetas da diversidade das manifestações humanas.
Neste sentido, para compreender o que sejam lugares sagrados é essencial o processo
pedagógico de clarificação dos conceitos. Sugere-se, para tal, que se apresente aos estudantes, ou
que estes tentem lembrar, alguma música que tenha a palavra “sagrado” no texto de sua letra. Como
exemplo, veja-se a música “Amor de Índio”, de Beto Guedes e Ronaldo Bastos, a qual a ideia de
que tudo aquilo que se move no mundo é sagrado, apontando, deste modo, para uma concepção de
sagrado bastante ampla, que compreende a vida em todas as suas formas.
A partir do texto da letra da música, o professor poderá conduzir a uma reflexão acerca dos
conceitos de sagrado e de profano. Os educandos podem citar lugares sagrados construídos pelo ser
humano, como igrejas, templos, cemitérios, etc. e lugares sagrados da natureza, como um rio
sagrado, uma montanha, etc. Poderão também, mais tarde, elaborar um cartaz no qual coloquem
exemplos, sob a forma de desenho e pintura ou recortes, de lugares sagrados construídos e de
lugares sagrados da natureza.
Outro encaminhamento pode ser a apresentação da seguinte questão: “Você sabia que as
Cataratas do Iguaçu formam um lugar não apenas muito belo mas também sagrado?”. Para se
dimensionar esta reflexão se pode mostrar aos alunos a estória da lenda indígena brasileira (Nação
Kaingang).

UM IMPOSSÍVEL AMOR: AS CATARATAS DO IGUAÇU

No mundo há a constante luta entre o Bem e o Mal e para garantir a vitória do Bem na
primavera uma bela jovem da aldeia era oferecida para casar com o Mal. Um dia Naipi, a lindíssima
filha do cacique, foi a escolhida.
Quando os preparativos do casamento iam avançando, Naipi conheceu Tarobá, um valente
guerreiro, também muito bonito. Os dois se apaixonaram imediatamente e não puderam controlar
este amor.
Fizeram juras de amor e fugiram em uma canoa na véspera da festa do casamento de Naipi
com o Mal. Mas o Mal, com todo o seu poder, sabia de tudo e se vingou. Quando os dois estavam
descendo pelo rio, felizes em sua canoa, viram o Mal na forma de uma grande serpente que se
retorcia no espaço e se lançava com força no meio do rio. O estrago da ira do Mal foi enorme e uma
cratera se abriu no fundo do rio. As águas todas se precipitaram nesta cratera, inclusive Naipi,
Tarobá e a canoa. Foi assim que se formaram as cataratas do rio Iguaçu.
O Mal ainda fez mais, transformou Tarobá numa palmeira no alto das quedas e Naipi numa
pedra no fundo das águas, na mesma direção de Tarobá. Assim, pensava o Mal, cada um dos dois
ficará eternamente a se contemplar sem poder chegar perto um do outro ou trocar um abraço.
Porém, a história provou que o Bem sempre triunfa sobre o Mal, pois o amor venceu, de alguma
forma. Quando o vento minuano vem assobiando do lado sul, ele sacode a copa da palmeira e
Tarobá aproveita para enviar a Naipi sussurros de amor. Quando chega a primavera, lança flores de
seu cacho para saudá-la com ternura. Naipi tem um véu formado pelas águas limpas e brilhantes
que lhe adorna a fronte e a consola. O arco-íris, de tempos em tempos, une a palmeira com a pedra e
este é o momento sagrado da realização do amor dos dois. O fogo eterno da paixão que vive em
Tarobá e Naipi se realiza a cada arco–íris que surge. (BOFF, Leonardo. O casamento entre o céu e a terra:
contos indígenas do Brasil, Rio de Janeiro: Salamandra, 2001).
As cataratas do Iguaçu formam um lugar sagrado e os lugares sagrados contam histórias
sobre Deus ou deuses, sobre pessoas especiais, sobre sentimentos de bondade e de amor, entre
outros sentimentos. Sugere-se que o professor proponha aos alunos para identificar na comunidade
os lugares sagrados existentes.
Esta pesquisa poderá ser feita por meio de entrevistas com as pessoas que moram no bairro
e também com o estudo do meio, pois devem existir templos, igrejas ou outros espaços sagrados
que podem ser vistos pelos alunos. Poderá, ainda, haver a sociabilização dos resultados das
atividades de pesquisa a partir da reflexão sobre as seguintes questões:

- Qual é o tipo de comportamento que devemos ter quando estamos circulando em espaços
sagrados, mesmo que este espaço se refira a uma tradição religiosa completamente diferente da qual
se pertence?

- Quais são os símbolos sagrados identificados e o que eles significam?

- Quais as características, a sua organização e normas, identificadas em cada um desses


lugares sagrados?

Para dar continuidade a esse conteúdo, outra possibilidade é apresentar e refletir, em forma
de questões ou produção de texto, os seguintes textos:

CASA DE CANDOMBLÉ

O Ilê é a casa de candomblé, também conhecida como roça ou terreiro. É o lugar sagrado
que está sob os cuidados de um Babalorixá (homem) ou de uma Yalorixá (mulher) e sob a proteção
principal de um orixá. Os orixás são elementos de ligação entre os candomblecistas e Oxalá. Os
orixás se relacionam diretamente com as energias da natureza.
Em Curitiba aconteceu uma reunião na qual seguidores do candomblé se encontraram para
discutir problemas específicos de suas comunidades. Em certo momento, um homem se levantou e
disse que em sua cidade eles estavam trabalhando em um projeto de recuperação da natureza,
principalmente na despoluição dos rios. Afirmava que se a natureza estiver morta, os orixás também
estarão e com isto a religião afro-brasileira também.
Pode-se perceber aqui a relação do espaço sagrado dentro de religiões como esta, que se
situa para além da casa de candomblé e que se estende por toda a natureza. Cuidar e proteger a
natureza significa honrar os seus ancestrais e os seus orixás.

O RIO GANGES: UM RIO SAGRADO DA ÍNDIA

Há, em um país do oriente, chamado Índia, um rio bastante importante: o rio Ganges.
Segundo uma das histórias mitológicas sobre o surgimento deste rio, conta-se que se originou nos
céus. São águas que descem do céu e correm para terra. Conforme o mito, acredita-se que seja um
lugar de travessia, de ligação de um ponto com o outro, do mundo terreno com o divino. O rio
Ganges é então considerado o mediador entre essas duas dimensões, o mundo material e o mundo
espiritual. Por isso, muitos mortos são cremados em suas margens e as cinzas entregues ao rio.
O rio Ganges não é o único rio sagrado do mundo, existem muitos outros, porém, este rio
conquistou fama mundial e não são poucos os turistas que vão até a Índia para conhecê-lo.
Acreditando nos poderes misteriosos do rio, muitos hinduístas, seguidores da antiga
religião nativa, procuram fazer suas devoções enquanto se banham em suas águas, as quais
acreditam serem capazes de trazer purificação espiritual e física.

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