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Contagem Regressiva Final

(Além da Matilha Angel 5)

Por: Maggie Walsh

Quando Nicco encontrou seu companheiro com a idade de dezesseis


anos, sabia que não poderia reivindicá-lo. Thad era jovem demais para ele,
mas isso não o impediu de checar seu companheiro. Um dia, Thad chega até
Nicco para se despedir e informar que está partindo. A dor de perder seu
companheiro, mesmo sem reivindicá-lo, é muito grande e Nicco é forçado a
recorrer a uma bruxa, para bloquear com um feitiço a sua agonia, para que
pudesse continuar.
Agora, onze anos depois, um perseguidor aterroriza Thad, e ele se
volta para o ParaSafe em busca de proteção, mas não está preparado para o
homem frio que seu companheiro se tornou. Percebendo que deve ser o feitiço
que está causando o comportamento estranho de Nicco, eles devem encontrar
a bruxa para reverter o feitiço, para que Thad possa ficar ao lado de seu
companheiro na próxima batalha, ou todos serão condenados.
Prólogo

Quatorze anos atrás

O carro corria pela estrada a toda velocidade, entrando e saindo do


tráfego. O pavimento molhado da chuva recente fazia os pneus derraparem e o
carro deslizar para o lado. Nicco segurou a direção com mais força, enquanto
manobrava o carro em torno de um veículo de dezoito rodas. A traseira
derrapou, fazendo com que a passageira gritasse. Nicco deu uma olhada
rápida no espelho retrovisor, vendo a jovem empalidecer enquanto seus olhos
se arregalaram, e ela se segurou no assento com um aperto de morte.
Olhando de volta para a estrada a tempo de ver uma linha de luzes
de freio vermelhas à frente, Nicco sabia que precisava sair dessa estrada antes
de alcançar a bagunça do trânsito à frente, ou arriscaria perder a carga. A
jovem no banco de trás era filha de um magnata imobiliário muito rico de
Houston e de seu cliente. O homem rico tinha alguns negócios falidos e estava
sendo chantageado por seu parceiro de negócios. Quando as coisas
começaram a ficar perigosas, o homem ligou para a ParaSafe para contratar
um guarda-costas.
Eles mantiveram o homem seguro e, conseguiram descobrir que era
o parceiro de negócios que estava por trás da chantagem e do negócio
sujo. Enquanto escoltavam o homem para Dallas para se encontrar com o
procurador geral do estado, sua esposa e filho foram assassinados. Nicco
recebeu um telefonema na noite anterior de Dante e Micah, dizendo que
precisava chegar ao Maine, onde a filha estava frequentando a faculdade,
mantê-la segura e levá-la para Dallas, para se encontrar com seu pai e o
promotor geral.
Nicco imediatamente voou para o Maine, alugou um carro e depois
dirigiu os poucos quilômetros até a universidade, onde a jovem esperava por
ele. Dirigiu a noite toda, depois parou em um pequeno motel fora do caminho
perto de Hershey, Pensilvânia, pouco antes do nascer do sol, e trocou com
Raith.
Raith havia alugado um quarto por um dia, quando assumiu a guarda
da mulher e dirigiu para o sul. Para tentar despistar qualquer rabo que
pudesse estar seguindo-os, Raith percorreu o caminho para o sul por algumas
horas, depois virou para o oeste, antes de virar para o norte novamente e se
dirigir para o Kansas. Quando o sol se pôs em Parsons, Kansas, Raith chamou-
o para dar a Nicco sua localização, e ele se encontrou com Raith e assumiu
novamente.
Até agora, sua viagem transcorreu sem problemas, mas quando
cruzou a cidade de Plano, no Texas, Nicco viu que estava sendo seguido. Ele
ligou para seu melhor amigo, Viktor, e notificou o que estava acontecendo. Vik
lhe deu a localização de uma garagem subterrânea nas proximidades, onde iria
encontrá-los. Nicco poderia rapidamente entrar e fazer a troca com Vik, que
estaria esperando com uma guarda-costas feminina, e então Nicco poderia
dirigir de volta e enganar quem o estava seguindo.
O plano não estava indo muito bem. Quem quer que estivesse atrás
deles era bom e Nicco não conseguia afastá-lo. As luzes vermelhas da fila de
carros na frente dele estavam se aproximando, e Nicco precisava fazer um
movimento em breve. Examinou a área e, para a esquerda, notou um retorno
de veículos de emergência no divisor central. Só deveria ser usado por pessoal
de emergência, mas isso era uma emergência. Ele teria que lidar com qualquer
policial se o visse.
O carro que o seguia estava ganhando terreno e, no último minuto,
Nicco pisou no freio, fazendo com que os pneus fumegassem e girou o carro
para a esquerda, batendo na terra com força mediana e levantando uma
nuvem de poeira. Os pneus dianteiros bateram no asfalto do outro lado da
rodovia, e o carro deslizou, perdendo o controle por um momento antes que
Nicco o endireitasse e batesse o pé no acelerador. Olhou no espelho lateral e
notou o carro que o seguia tendo dificuldade em se desviar de um caminhão
para que pudesse usar o retorno também.
Sorriu para si mesmo quando avistou a rampa de saída a apenas
alguns metros de distância. Virou a direção para a direita, os pneus
guinchando enquanto ele cortava um carro, e foi em direção à rampa. Uma vez
no topo, ele virou à esquerda, voltando pela estrada, depois saiu novamente,
tomando uma estrada de serviço. Espiou para a rodovia e viu o carro que o
seguia passando pelo retorno. Nicco ligou novamente para Vik para atualizá-lo
e obter novas direções para o local de encontro.
Depois de mais dez minutos, entrou na garagem e fez a troca. A
jovem estava agora segura com Vik e alguns policiais estaduais, e Nicco tinha
uma de suas policiais no banco de trás. Ele saiu da garagem e voltou para a
interestadual. Estava na estrada por cerca de dez minutos indo para Dallas
quando percebeu que seu perseguidor estava de volta. Sorrindo para si
mesmo, Nicco permaneceu em sua velocidade atual, agindo como se não os
visse.
Depois de mais cinco minutos, o sorriso caiu de seu rosto quando o
carro acelerou e seus ocupantes abriram fogo, pulverizando seu veículo com
uma saraivada de balas. Carros ao redor dele pisaram nos freios, enquanto os
outros aceleravam, tentando fugir. Pisou no acelerador e virou a direita. O
carro continuou a segui-lo, batendo na traseira de seu carro, fazendo-o saltar
para frente. Depois do quarto ataque, Nicco sabia que eles o tinham. O carro
tremia tão violentamente que mal conseguia segurar a roda.
O perseguidor bateu nele pela quinta vez, quando atravessava um
viaduto. Nicco segurou enquanto o carro batia no guard-rail e se elevava no ar,
descendo para a estrada abaixo.
Ele não tinha ideia de quanto tempo havia passado. Sua cabeça
estava embaçada e seu corpo doía. Sentiu o sangue escorrendo pelo rosto e
abriu os olhos. O carro estava de cabeça para baixo e ele estava deitado no
telhado. A guarda feminina estava pendurada ao lado dele, ainda com o cinto
de segurança. Nicco estendeu a mão, colocando os dedos no pescoço dela, não
encontrando um pulso. Merda!
Olhando pelas janelas esmagadas, pode ver que ninguém estava por
perto ainda, mas ouviu as sirenes à distância. Sabia que não poderia ficar aqui
e arriscar humanos levando-os para o hospital. Nicco estendeu as garras e
cortou o cinto de segurança enquanto ajudava a soltar a mulher inconsciente o
mais suavemente que podia.
Chutou a janela de trás e a arrastou do carro. Uma vez fora, tentou
se levantar, mas nada aconteceu. Ele deve ter se machucado mais do que
pensava.
Lutando para se levantar, Nicco percebeu que suas pernas doíam
como se tivesse sido atropelado por um ônibus. Olhando para baixo, viu que
suas calças estavam rasgadas e o sangue escorria livremente por elas. Uma
mancha escura em particular o preocupava. Nicco viu que o corte estava perto
de uma artéria e temia que tivesse sido cortada. Ele não podia parar agora.
Precisava tirá-los e escondê-los.
Agarrou a mulher debaixo dos braços e puxou, lutando contra a dor
que torturava seu corpo. Abaixou-os atrás de alguns arbustos assim que as
luzes vermelhas se aproximaram. Sem parar, continuou até encontrar um
beco. Ele se moveu para o outro extremo, longe da rua, e cuidadosamente
colocou a mulher para baixo. Odiava deitá-la no asfalto frio e sujo, mas não
tinha outra escolha. Sentou-se no chão ao lado dela, ofegando enquanto
tentava recuperar o fôlego e acalmar seu coração. Estava perdendo muito
sangue e um coração acelerado não ajudaria.
Sabia o que precisava fazer, mas a dor no corpo e na cabeça era
grande demais. Lutando contra a náusea que começou a se agitar em seu
estômago, Nicco se levantou. Pegou alguns pedaços de papelão e cobriu a
mulher. Não queria que ninguém encontrasse seu corpo até que conseguisse
que Vik voltasse para ela.
— O que estava fazendo lá atrás? — Uma voz grave veio de trás dele.
Nicco virou a cabeça, olhando para onde a voz tinha vindo e
encontrou um vagabundo. O homem que estava ali era menor do que ele e
muitos quilos mais leve. Necessidade fluiu através dele, e Nicco apertou a
mandíbula, tentando lutar contra isso.
— Você achou algo bom? Estaria disposto a compartilhar? Não tenho
muito, mas trocarei alguma coisa se for comida o que encontrou. — Disse o
homem, aproximando-se.
Nicco deu um passo atrás. Não que estivesse com medo que o
humano o ferisse, mas sim do que faria com o homenzinho. O fedor de
podridão e sujeira bateu em seu nariz, mas por baixo Nicco pôde distinguir o
doce aroma de O positivo. Seu estômago se agitou novamente, mas desta vez
com fome, e suas gengivas começaram a coçar. Nicco passou a língua pelas
presas quando sentiu que começavam a sair. Ele precisava do líquido vital que
percorria as veias do homem, mas temia que tomasse muito em seu estado
atual. Seu corpo precisava se curar e isso exigia uma boa quantidade de
sangue. Mais do que poderia seguramente tirar desse sem-teto.
Respirando fundo e expirando devagar, Nicco tentou manter a voz
calma.
— Não tenho nada para trocar com você. Sinto muito.
— Oh, estava esperando que encontrasse alguma comida lá atrás. —
O homem respondeu solenemente.
A dor correu por sua perna e Nicco sentiu o mundo começar a
girar. Sabia que não tinha muito tempo. Precisaria fazer alguma coisa agora ou
morreria. Apoiou as costas contra a parede de tijolos e depois ergueu o olhar
para o sem-teto.
— Realmente tenho algo para trocar, mas não é comida.
— Ok. Bem, o que você tem? Talvez pudéssemos trocar alguma coisa.
Nicco enfiou a mão no bolso e tirou o maço de dinheiros. Ele não
tinha ideia do quanto realmente tinha, mas sabia que era algumas centenas de
dólares. Ergueu a mão, observando os olhos do homem se arregalarem.
— Vou te dar tudo isso por algo que você tem. — Nicco ofereceu.
— Eu não tenho muito. Oh, espere, tenho um belo par de luvas que
encontrei a alguns quarteirões. Elas têm alguns buracos, mas os dedos ainda
estão bons. — Disse o homem enquanto puxava um par de luvas imundas de
dentro do bolso de seu casaco esfarrapado. — Temo que não valham tudo isso,
mas talvez os aceitasse por cinco dólares? — Ele perguntou esperançoso.
Nicco sacudiu a cabeça.
— Não, pode ficar com elas. Como disse, vou te dar tudo isso.
O homem olhou para ele cautelosamente.
— Sei que estou aqui nas ruas, mas não vendo minha bunda por
dinheiro, amigo.
— Não, não sua bunda. Seu sangue. — Afirmou Nicco.
As sobrancelhas do homem baixaram em um V enquanto olhava
confuso para Nicco.
— Meu sangue? Não entendo.
— Nem tudo, só um pouquinho. Como pode ver, estou em muito mau
estado aqui, e poderia precisar de um gole... Ou dois. Deixe-me me alimentar
de você e pode ter tudo isso. — Respondeu Nicco.
— Alimentar-se de mim? — Ele perguntou.
Nicco não tinha tempo para isso. Ele queria que o homem desse seu
sangue de bom grado, mas estava ficando sem tempo.
— Sinto muito. — Nicco sussurrou, depois se moveu rapidamente
com sua velocidade de vampiro. Num segundo ele estava encostado na
parede, no seguinte estava de pé atrás do vagabundo, com os braços ao redor
de sua cintura, enquanto afundava suas presas no pescoço do homem.
O calor e a doçura do O positivo lavaram sua língua e os olhos de
Nicco se fecharam. Ele podia sentir seu corpo começando a se curar. Mas como
com todas as mamadas, logo seu pênis tomou conhecimento e ganhou
vida. Ele empurrou seus quadris, esfregando seu eixo contra o traseiro do
homem. Ele não queria foder esse cara, mas queria foder algo. Essa era uma
das vantagens e desvantagens da alimentação da fonte. Se o doador de
sangue fosse alguém que você queria, isso aumentava o desejo, mas se não
fosse alguém que você queria foder, as bolas azuis eram dolorosas.
Sabia que estava chegando ao ponto sem retorno. Precisava liberar o
homem logo antes que tomasse muito, ou teria que drená-lo, então ele não
sentiria nenhuma dor ao passar desta vida. Seria tão ruim aceitar tudo que
esse homem tinha a oferecer? Ele era um sem-teto afinal, e Nicco
provavelmente o estaria tirando de sua miséria. Mesmo assim, isso era um ser
humano, uma coisa viva que tinha o direito de viver, e a decisão de mudar isso
não era sua escolha a tomar. Não sabia por que esse homem estava vivendo
nas ruas. Talvez tivesse uma família em algum lugar.
Nicco sabia que não estava completamente curado e precisaria de
mais sangue, mas podia sentir suas feridas se recuperando o suficiente para
mantê-lo funcionando.
Relutantemente, se afastou, soltando o homem. Lambeu sua
mordida, seu rosto se contorcendo do gosto bruto da sujeira. Cuidadosamente
sentou o homem atordoado contra uma lixeira e depois se ajoelhou diante
dele, olhando em seus olhos. Usando seu controle da mente, pressionou novas
memórias no subconsciente do homem. Quando acordasse, ele só se lem
braria de entrar no beco e encontrar algumas centenas de dólares no
chão. Tirou quinhentos do seu maço de dinheiros, mantendo uma centena para
si para pegar um táxi, depois colocou as notas no chão ao lado do
vagabundo. Nicco se levantou e esticou os braços sobre a cabeça. Um
maravilhoso e delicioso perfume o atingiu, e seu pênis se encheu novamente.
Abaixando os braços, ele girou rapidamente em um ruído atrás dele e
ficou cara a cara com um homem jovem e bonito.
Não, não um homem, uma criança. Bem, não exatamente uma
criança, mas não um adulto. Ele tinha que estar em algum lugar no meio da
adolescência. A bela criatura diante dele tinha os mais impressionantes olhos
azul-cobalto, rodeados por longos e grossos cílios negros. Um nariz elegante e
lábios carnudos faziam seu rosto quase angelical. Cabelo castanho macio,
desgrenhado e curto, emoldurava seu rosto, fazendo sua pele parecer muito
pálida.
— Não se preocupe. Não direi nada. Estou no time do Edward. Bem,
estou no time Edward e Jacob juntos, na verdade. Eles realmente precisam se
livrar de Bella e apenas pular um no outro, sabe? Ouvi que estavam pensando
em fazer isso em um filme. Não tenho certeza sobre isso. Geralmente
Hollywood destrói livros quando os transformam em filmes. Eles realmente
teriam que encontrar algumas pessoas ótimas para interpretar os papéis, e
então talvez tenham uma chance. — O jovem continuou tagarelando.
— Do que está falando? — Nicco perguntou confuso. Ele não tinha
ideia do que o gostoso estava falando. Quem eram Edward e Jacob, e o que
isso tem a ver com esse garoto encontrá-lo sugando o sangue do vagabundo?
— Crepúsculo. Você já leu isso? Saiu há um ano. Há outro saindo em
breve, e espero que minha mãe adotiva me deixe lê-lo. Tive que esgueirar o
primeiro do quarto de Ginny enquanto ela dormia, depois devolvê-lo antes que
ela acordasse, ou teria havido um inferno para apagar.
Nicco balançou a cabeça enquanto olhava para o jovem.
— É de um livro que está falando?
O jovem suspirou.
— Sim. Crepúsculo. Acho que nunca ouviu falar disso. Quero dizer,
por que com você sendo velho e tudo... É um livro para meninas, na verdade,
mas adoro isso.
— Velho? — Nicco perguntou com uma sobrancelha levantada.
— Sim. Quantos anos tem? Vinte e cinco? Isso é muito velho para
estar lendo um livro como esse.
Nicco sorriu. Serio? Esse garoto apenas disse que ele parecia ter vinte
e cinco? Teria que esfregar isso no rosto de Vik. Se esse garoto soubesse que
ele tinha acabado de celebrar seu aniversário de dois mil anos. Claro, sendo
um vampiro, ele não parecia, mas certamente não parecia ter 25 anos
também. Trinta talvez.
— De qualquer forma, não precisa se preocupar que eu diga a alguém
que é um sugador de sangue. Quero dizer, um vampiro. Mesmo se eu dissesse
alguma coisa, ninguém acreditaria em mim. Meus pais adotivos não dão a
mínima, desde que não cause problemas e continuem recebendo seu dinheiro
do estado. As outras crianças da casa não se importam com o que digo ou
faço. Todos estão apenas esperando envelhecer, e desde que não toque nas
coisas deles, meio que me ignoram. E minha assistente social não acredita em
nada que digo. Quando disse a ela que John, meu último pai adotivo, estava
olhando para mim como se eu fosse um banquete e que poderia dizer que ele
me queria, ela simplesmente me ignorou. Então, quando John veio atrás de
mim e tentou me molestar, ela mentiu para seus chefes e disse que não tinha
ideia, e depois me deixou com os Winstons. Todo mundo sabe que os Winstons
são aqueles onde te colocam quando não podem colocá-lo em nenhum outro
lugar e você só precisa esperar até envelhecer.
A cabeça de Nicco estava doendo pelas divagações desse garoto. Mas
pelo que conseguiu reunir, o garoto estava no sistema de adoção humano e
morava em um lar adotivo.
— Qual o seu nome, criança? — Nicco perguntou.
— Não sou criança. Tenho dezesseis anos. — O garoto resmungou
com raiva quando cruzou os braços sobre o peito.
Nicco sorriu.
— Perdoe-me, desculpe, senhor. Então, qual é o seu nome, senhor?
— Nicco brincou.
— Thaddeus Blake, mas todo mundo me chama de Thad. E quem é
você além de um vampiro?
— Nikolai Sinclaire, mas todo mundo me chama de Nicco.
— Então, Nicco, vai ter que limpar minha mente como fez com aquele
cara, agora que te vi? — Thad perguntou.
— Para garantir que ninguém descubra sobre a minha espécie,
sim. Como sabe que limpei suas memórias?
— Não sei. Apenas deduzi. Observei-o falando com ele, então vi o
que fez. Agora ele está lá sentado com um estranho olhar distante em seu
rosto, então imaginei que deve ter feito algo para ele.
— Você é um garoto muito inteligente. — Afirmou Nicco.
— Não sou criança. Posso ter apenas dezesseis anos, mas sou mais
maduro para a minha idade do que a maioria.
— Acredito em você. — Disse Nicco com uma risada.
Thad estreitou os olhos para Nicco enquanto olhava para ele.
— Você está rindo de mim?
— Não, lindo Thad, definitivamente não estou rindo de você. Acho
você fascinante.
— E lindo, ouvi você dizer lindo. Realmente acha que sou? Ou está
apenas me gozando?
— Não. Acho que é lindo. — Respondeu Nicco. E achava
mesmo. Thad era incrivelmente bonito e Nicco não tinha dúvidas de que sua
aparência só melhoraria à medida que ficasse mais velho. Ele ainda tinha
alguns anos de crescimento pela frente, mas uma vez que fosse adulto, Nicco
sabia que ele seria um destruidor de corações.
— Acho que você é muito sexy, Nicco. Se eu fosse apenas um pouco
mais velho, talvez você me desse uma chance. — Thad flertou.
— Quando não for mais chave de cadeia, venha me ver,
Thad. Eu definitivamente vou te dar uma chance. — E Nicco quis dizer
isso. Não era todo dia que você conhecia seu companheiro.
Capítulo Um

Hoje

O rugido da multidão era ensurdecedor, o bater das palmas e o


pisotear dos pés era tão estrondoso, que podia sentir a vibração através de
seu peito. Dax cantou a última linha da canção, segurando a nota por algumas
batidas. A música acabou, os holofotes se apagaram e as luzes acima do palco
ficaram escuras. A excitação do público aumentou à medida que começaram
cantar “Dax, Dax, Dax!”.
Ele já tinha feito dois bis e precisava sai do palco. Sua cabeça
latejava e precisava ir ao banheiro. Dax fez o seu caminho para fora do palco
com os caras da sua banda em seus calcanhares. Separaram-se, cada um indo
para seu próprio camarim. Uma vez, há muito tempo, ele e os caras da sua
banda tinham sido próximos. Então chegou o dia, onde lhe deram um ultimato.
Ou o homem que amava ou a banda e o contrato de gravação que assinaram.
Dax não queria desistir, mas sabia que tinha de se afastar daquele que amava
para seu próprio bem, não o seu.
Quase o destruiu, desistir daquele que possuía seu coração, mas a
vida na estrada e no centro das atenções, teria sido demais para ele, e Dax
não arriscaria. Seis meses depois que o empresário veio vê-lo, tentou ficar e
fazer todo o trabalho, mas precisava estar na costa oeste, não na Pensilvânia.
Então desistiu de sua relação... E foi embora. Ele e os caras se mudaram para
Los Angeles, gravaram seu primeiro álbum e saíram em turnê. Dax estava tão
arrasado e culpado pelo que fez, que se transformou no astro de rock
estereotipado. Drogas, álcool e sexo. Afogou-se em uma superabundância de
cada um, tentando esquecer e afastar as memórias.
O empresário deles insistiu que tinha que ficar no armário, porque o
mundo não estava preparado para um cantor de hard rock gay. Quanto mais
tiravam dele, mais ressentido ficava. Adorava escrever música, gravar e sair
em turnê, mas odiava a solidão. Após os primeiros anos, ele se afastou dos
caras mais ainda. Ele os culpou pelo buraco em seu coração e o vazio que o
consumia. Um por um, todos encontraram alguém para amar, foram
autorizados a agarrar seus relacionamentos e aprofundá-los, mas ele não. Os
caras também começaram a se ressentir dele porque, como vocalista, tinha
mais atenção e fama do que eles. Então, a fenda entre eles cresceu. Agora só
faziam a música juntos, mas depois ignoravam um ao outro.
Dax entrou no camarim dele e bateu a porta, lamentando
rapidamente quando sua cabeça parecia que iria explodir. Caiu em sua cadeira
e pegou a garrafa de Jim Beam que estava ali. Abriu a tampa e colocou a
garrafa à boca e inclinou sua cabeça para trás, bebendo um longo gole.
Abaixou a garrafa e se olhou no espelho. Seu cabelo estava
encharcado e colado à sua cabeça e rosto. A maquiagem que usava, assim não
se apagava nas luzes, estava escorrendo pelo seu rosto, seus olhos estavam
tão mortos como tinham estado desde aquele dia em que partiu o coração do
seu amor e rasgou o seu próprio no processo.
A porta começou a abrir e o olhar de Dax encontrou Jonas, seu
empresário, no espelho.
— Não vá muito duro com essa merda, tem que se encontrar com
algumas pessoas do rádio em quinze minutos. — Jonas afirmou quando entrou.
— Não estou de bom humor. — Dax resmungou e então tomou outro
gole.
— Bem, muito ruim. Você conhece o jogo, Dax. Faça bonito com os
moradores, e eles jogam sua merda. Então se recomponha e leve sua bunda lá
para fora.
— Foda-se. Pode ser nosso empresário, mas pagamos o seu salário, o
que significa que trabalha para nós, não o contrário. Então me diga o que fazer
mais uma vez e vai ver o quão rápido enfio meu pé na sua bunda. — Dax
respondeu e depois bebeu outra vez.
— Vamos ter esta discussão novamente? — Jonas perguntou quando
se sentou no sofá à esquerda de Dax.
Dax não respondeu imediatamente. Tomou outro gole do bourbon.
Sua dor de cabeça estava num pulsar maçante, mas agora se sentia tonto.
Dax passou a mão pela testa enquanto respirava fundo. Seu estômago
começou a se agitar e começou a sentir-se drogado.
— Você me ouviu? — Jonas perguntou quando ele levantou e veio
para ficar atrás de Dax.
— O quê? — Dax perguntou, confuso com o que Jonas perguntou e
por que sua voz parecia de repente arrastada. Sim, tinha tomado alguns goles
do bourbon em suas mãos, mas não o suficiente para afetá-lo ainda. Merda,
sempre foi capaz de beber garrafas dessa porcaria antes de sentir qualquer
tipo de zumbido.
— Dax? Está bem, cara? — Jonas perguntou e moveu-se para frente
dele.
— Merda, cara, claro que estou. — Dax falou quando se levantou e
empurrou Jonas. O quarto girou e ele tropeçou. Jonas o pegou, mas já era
tarde demais. Assim que sentiu Jonas agarrar seu braço, tudo ficou preto e
pôde sentir-se caindo.

*****
Ele ouviu um bip estranho vindo de algum lugar distante. Dax não
tinha ideia do que era, mas o som estava ficando irritante. Suas pálpebras
estavam pesadas, mas lutou contra elas e lentamente as abriu. Seus olhos
estavam um pouco embaçados para começar, mas depois de piscar algumas
vezes, foi capaz de se concentrar no teto branco com milhões de pequenos
buracos negros.
A visão distorceu e alterou-se, e então de repente estava vendo
brancas nuvens fofinhas rodopiando. Dax sentou-se rapidamente, as nuvens se
foram e o teto branco estava de volta. Mas, que inferno?
Dor correu por sua barriga, sibilou quando olhou para baixo. Foi
quando percebeu que estava deitado numa cama com lençóis brancos e usava
um vestido de hospital florido rosa e feio. Ele tinha certeza que Jonas e os
caras estavam se divertindo com ele usando isso. Dax revirou os olhos e uma
onda de vertigem o atingiu. Dax caiu volta para o colchão.
— Você está acordado. Espere, Dax, vou chamar a enfermeira. —
Glenn, seu guarda-costas, disse quando entrou no seu campo de visão. O
grande homem saiu do quarto e retornou alguns minutos depois com uma
enfermeira bonitinha de vinte e tantos anos com cabelo preto.
Ela sorriu quando ela se aproximou.
— Olá, Sr. Dalton. Sou Shelly, e sou sua enfermeira. Deixe-me ver
seus sinais vitais. Já liguei para o médico e ele está a caminho.
Depois disso, tudo foi um turbilhão de atividades. Shelly cutucou-o e
cutucou-o, então um homem careca num jaleco branco curto, entrou e
cutucou-o um pouco mais, enquanto fazia um milhão de perguntas. Dax
respondeu a todas elas, mas ainda não sabia o que estava acontecendo. Uma
vez que o médico parou seu exame, perguntou a Dax se tinha alguma dúvida.
— Sim, o que diabos aconteceu?
— Pelo que sabemos, você bebeu um pouco demais e desmaiou.
Tivemos que esvaziar seu estômago. — O médico respondeu com uma voz
firme. Dax poderia dizer que o homem desaprovava o que alegava que ele
tinha feito.
— Ainda não entendo. Só tomei alguns goles daquele Bourbon. Não
devia nem ficar bêbado, muito menos ser preciso de lavagem de estômago.
— Embora tenhamos encontrado apenas uma pequena quantidade de
álcool em seu estomago, acho que a maior parte já havia passado pelo seu
sistema. — afirmou o médico.
— Bem, pense novamente, Doutor, porque tinha acabado de sair do
palco, após suar minhas bolas por quase três horas sob aquelas luzes quentes.
Só bebo água durante a apresentação e não tinha bebido nada além de chá
antes do show. É impossível que um par de goles de bourbon tenha causado
isso.
O médico olhou para ele confuso.
— Tem certeza que foram apenas alguns goles?
— Sim. Quatro.
— Então não entendo. — O médico disse e olhou para um gráfico,
folheou alguns papéis.
— Você fez os exames de sangue? — Dax perguntou.
— Sim, estou procurando esses resultados. — Respondeu o médico.
— Então deve saber que não há álcool no meu sangue. Só bebi uma
pequena quantidade e você disse que retirou. — Dax insistiu.
Naquele momento a porta abriu e Jonas entrou.
— A enfermeira disse que você estava acordado. Olá, doutor. Como
está nosso garoto aqui? — Jonas perguntou e moveu-se para ficar ao lado da
cama.
— Cala a boca, Jonas e não me chame de seu filho. — Dax reclamou.
— É assim que fala com o homem que salvou sua vida de coma por
álcool?
— Não foi pelo álcool, seu idiota. Você me conhece o suficiente para
dizer que bebo antes de subir no palco? — Dax exigiu.
Jonas recuou, olhando para ele com ceticismo.
— Nunca, mas o que isso tem a ver?
— Faça as contas. — Respondeu o Dax.
— Sr. Dalton está correto. Não há álcool em seu sangue. Mandei o
laboratório fazer um painel completo verificando todos os tipos de drogas... —
O médico parou.
— Deixe-me adivinhar. Porque sou uma estrela do rock. — Dax
declarou amargamente.
— Francamente, sim, e o que encontraram é perturbador. —
Respondeu o doutor.
— E o que foi, doutor? — Jonas perguntou.
O médico deu a Dax um olhar interrogativo que assentiu com a
cabeça.
— Há uma grande dose de Rohypnol, juntamente com difenidramina
e Fluothane em seu sistema. Se a droga não estivesse presente, questionaria
sua honestidade, Sr. Dalton.
— Por que, doutor? — Dax perguntou.
— Hoje em dia muitas pessoas usam Rohypnol e difenidramina como
drogas de festa, mas Fluothane é um fármaco utilizado em anestesia e é
geralmente algo prescrito.
— Sabe o que isso significa, Doc? — Dax questionou.
— Todas estas drogas têm sido utilizadas para cometer crimes
durante os últimos anos. Você pode ter ouvido sobre drogas de estupro.
— Sim, claro, mas pensei que era o Ecstasy, também conhecido como
X. Que é o GHB, certo?
— Não, GHB e X são duas drogas diferentes, mas são os mais comuns
que ouvi falar no momento, mas este outro também é usado. Diga-me, Sr.
Dalton, se sentiu mal? Náuseas, dor de cabeça, calafrios? Talvez até falta de ar
ou coração acelerado?
— Na verdade, sim. Enquanto estava no palco, fui atingido por uma
onda de náusea e tive dificuldade em recuperar meu fôlego. Pensei que fosse
devido a apresentação, mas achei estranho porque nunca tive esse problema
antes. Então voltamos para o palco para mais um bis e de repente minha
cabeça parecia que queria se abrir. Quando voltei ao meu camarim, não queria
falar com ninguém, porque a dor de cabeça só estava piorando. Então acordei
aqui. — Explicou Dax.
— Enquanto estava no palco, pegou uma toalha ou algo assim?
Talvez algo para beber? — Perguntou o doutor.
Dax pensou que era uma pergunta estranha.
— Sim. Todos nós suamos como porcos lá em cima, com todas as
luzes e pulando. Mantenho umas toalhas em ambos os lados do palco, para
que possa pegá-las rapidamente.
— Gostaria de ter uma dessas toalhas para fazer alguns testes, bem
como a garrafa de uísque que estava bebendo. — Disse o médico.
Dax olhou para Jonas.
— Certo. Vou ligar para Dusty e pedir para que ele os pegue. — Jonas
respondeu.
— Peça para que coloque em um saco plástico de algum tipo, para
limitar a exposição aos outros. — O médico instruiu.
— Claro. — Jonas disse e tirou seu telefone do bolso de trás.

*****
Descobriu-se que a garrafa e a toalha continham uma ou mais
daquelas drogas que o médico mencionara. Depois de conversar com o médico
e a polícia, assim como Jonas, foi decidido que alguém estava tentando drogar
e talvez até sequestrar Dax. Assim que discussão começou, Dax não conseguia
segurar mais o que sabia, e contra os conselhos de Jonas, contou sobre o
perseguidor que vinha lidando nos últimos seis meses.
Mostrou aos policiais as anotações que recebera e os textos. Ele havia
trocado de telefone quatro vezes e, a cada vez, quem quer que fosse, ainda
conseguia o número novo e mandava mensagens para ele. O chefe de
segurança da banda guardou tudo para o caso, e Dax lhe dissera para entregar
tudo para os policiais.
Por causa de quem ele era e o fato de que estava acontecendo do
outro lado do estado, o FBI foi chamado para investigar. Eles recomendaram
que conseguisse novos guarda-costas e acrescentasse alguns.
Jonas chamou uma das melhores empresas de guarda-costas do
mundo e ela mandou alguns caras imediatamente para ficar ao seu lado, até a
turnê acabar. Só tinham mais uma semana de shows, e agora havia acabado.
Mas em vez de ir para casa em LA, Dax estava sendo mantido em um hotel de
luxo em Chicago.
Estava ali há pouco mais de uma semana e tudo estava quieto. Então
esta manhã seu telefone tocou com uma mensagem e tudo mudou.

Olá Dax

Acha que pode se esconder de mim, mas não pode. Eu te disse que
não importa onde vá, eu te encontraria. Pare de fugir de mim. Você é meu,
Dax, e não vou desistir de você.
Você se divertiu e agora a turnê acabou, então é hora de finalmente
voltar para casa. É hora de tomar o seu lugar de direito ao meu lado.
Estarei ai em breve para pegar você, então finalmente poderemos
ficar juntos para sempre. Vou te ver em breve, amado.
-O

Agora estava sentado na traseira de um SUV enquanto era conduzido


para o leste pela I-80. Dois de seus novos guarda-costas sentaram no banco
da frente, mais dois sentaram nos assentos da terceira fileira atrás dele. Ele
queria rir cada vez que um deles resmungava.
Ele sabia que estavam desconfortáveis lá atrás. Estes homens eram
todos tão grandes que seus joelhos deviam estar abraçando seus ouvidos lá
atrás, mas Dax recusou-se a virar e olhar, não querendo rir na cara deles.
— Para onde vamos? — Dax perguntou.
— Temos uma casa segura em Cleveland. Não há nenhuma maneira,
seja quem for, de saber onde você está. — Respondeu Ryder.
— Cleveland? Ótimo. — Dax suspirou.
— Encare desta forma, Dax. É melhor do que ser morto, ou seja lá o
que esse doente de merda tem em mente para você. — Eddie respondeu.
— Por que não um lugar tropical, como Barbados ou Taiti? Eu poderia
usar algum descanso e conforto, em uma bela praia ensolarada agora.
— Provavelmente seria o primeiro lugar que esse cara iria procurar.
— Falcon, o cara que dirigia, respondeu.
— Cleveland, então. Oba! — Dax respondeu animado, fazendo os
caras rirem.

*****
Tinha passado um mês desde que recebeu a mensagem em Chicago,
que os fez correr. Tinham passado uma semana em Cleveland, antes que um
pacote fosse entregue contendo uma dúzia de rosas pretas e um coração.
Sim, um coração, que o pessoal disse que parecia que veio de um ser
humano, não um animal. O FBI foi chamado, tendo em conta a caixa, bem
como a nota que veio com ela.

Dax,

Pare com essa bobagem agora. Está partindo meu coração, querido.
Não sabe o quanto amo você? Ninguém vai te amar tanto quanto te amo.
Posso te fazer feliz. Só me dê uma chance para te mostrar. Vou provar para
você, meu amor. Sei o quanto realmente odeia aqueles idiotas da sua banda,
vou fazê-los desaparecer para você.
Você não precisa deles, Dax. Assim que começarmos nossa vida
juntos, tudo vai mudar. Estaremos juntos em breve, amado. Só tenho que te
provar o quanto significa para mim.
Por favor, aceite esta pequena lembrança do meu amor para te
mostrar como estou falando sério.
Com todo meu amor – O

No dia seguinte, receberam uma chamada de Jonas que Ziggy, o


baterista, estava desaparecido. No dia seguinte, Jonas ligou novamente e disse
que a polícia encontrou o corpo do Ziggy num beco perto de Escondido, na
Califórnia. O coração dele tinha sido retirado. Após fazerem os testes no
coração que recebeu na caixa, foi confirmado que pertencia ao Ziggy. Os caras
imediatamente mudaram para outro esconderijo no Tennessee.
Três dias depois, chegou outra caixa. Nesta o seu conteúdo eram as
mãos de Buddy Blue, o guitarrista. Após uma ligação para Jonas, Dax soube
que eram as mãos do amigo e que o amigo tinha sangrado até a morte.
Mudaram-se novamente. Uma semana depois, outra caixa. Esta os
caras não deixaram ver, mas Falcon contou a ele o que havia nela. Ele disse
que conhecimento era poder, e mesmo achando que não era uma boa ideia
Dax ver o que tinha no pacote, ele precisava saber quão perigoso este tipo era.
A cabeça de Jimmy Nichols, o baixista, estava naquela caixa. E a cada entrega,
havia uma nota que acompanhava, e a cada nota o texto ficava mais e mais
tenebroso.
Dax estava muito assustado e não tinha medo de mostrá-lo.
Pensamentos do único homem que havia amado continuaram
correndo por sua cabeça, e Dax queria encontrá-lo. Ele sempre se sentiu
seguro com seu amor, mas agora era tarde demais. A banda o fez escolhê-los,
e agora tinham ido embora. Não era mais como irmãos. Deixaram de ser há
muitos anos. Mas a dor de perdê-los ainda estava ali, tanto quanto estava com
raiva deles e sua amizade ter acabado há muito tempo, seu coração ainda doía
por sua perda.
E agora estava completamente sozinho.

*****
Nicco entrou no escritório da força-tarefa do skinwalker e foi direto
para sua mesa, caindo em sua cadeira. Havia uma nova pilha de papéis
empilhados na caixa dele. Suspirou quando colocou seu copo de café na mesa
e chegou para a pilha. Começou a folhear as páginas, quando seu amigo Zane
entrou. Nicco olhou para cima e viu como Zane se movia em silêncio pela sala,
sem sequer tomar conhecimento que ele estava ali e sentou-se atrás de sua
própria mesa. Não sabia o que estava acontecendo com seu amigo
ultimamente, mas sempre esteve de olho nele.
Quando aquele anjo idiota enviou Zane para as Bitter Mountains no
submundo, ele voltou mudado. Desde que se tornou amigo com seu outro
companheiro de equipe e líder da força-tarefa Skinwalker, Slade, Zane
começou a agir como ele mesmo novamente. Mas, recentemente, tinha
começado a tornar-se mais retraído e conservado. Seus olhos pareciam quase
sempre assombrados e cheios de olheiras, como se ele nunca dormisse o
suficiente.
— Ei, Zane. — Nicco falou suavemente.
Zane se encolheu como se estivesse surpreso ao ouvir Nicco falar, e
quando olhou para cima, encontrando o olhar de Nicco, pôde ver a surpresa
ali.
— Ei. Desculpe, minha cabeça estava em outro lugar. — Zane
murmurou.
— Parece que não dorme há dias, homem. Porque não vai para casa
e dorme um pouco? Tenho tudo sob controle.
— Você não pode ficar sozinho, Nic. É a regra de Micah e Dante.
Nenhum skinwalker fica sozinho. E como você e eu temos o turno da noite,
está preso a mim.
— Posso ligar para Valor, Maddy ou Falcon. Pode ir. Vá para casa.
— Valor esteve aqui o dia todo com Ryx. Maddy, Slade e Sage estão
em algum lugar no Oeste com uma equipe, Falcon e Harley ainda estão com
aquele contrato que Vik designou para a ParaSafe. É só você e eu, amigo.
— Merda. Achei que esse trabalho só levaria uma semana ou duas no
máximo? Terei que ligar para Vik e ver o que está acontecendo lá. Ver se eles
precisam de alguma coisa.
— Falei com a Harley mais cedo. Ele disse que o FBI está
enlouquecendo com isso. Sem pistas e o cara está ficando mais perigoso. Ele
enviou-lhes uma caixa com uma cabeça desta vez.
As sobrancelhas de Nicco levantaram quando seu rosto fez uma
careta em desgosto.
— Merda. Eles disseram que estavam próximo do cliente? Verificaram
todos que tem contato com ele? Se este psicopata continua a encontrar os
esconderijos, então parece que é alguém do lado de dentro ou pelo menos
alguém de dentro alimentando este tipo de informação.
— Falcon disse que pensaram nisso e estão agora sendo ainda mais
cautelosos em permitir que qualquer informação. Incluindo seus contatos do
FBI. Eles proibiram o cliente de fazer qualquer ligação agora. — Zane explicou
e agarrou uma pilha de papéis.
— Eles deviam ter feito isso desde o início. Droga, disse à Vik que eu
devia ir desta vez.
— Relaxe, Nic. Os caras sabem o que estão fazendo. Tem muita coisa
acontecendo aqui entre a força-tarefa e a casa do coven. Tenho certeza que
Vik está trabalhando nisso, e se ele precisar de você, vai ligar.
— Você está certo. Parece que eu deveria fazer parte disso. Não sei
como explicar isso.
Então, o telefone na mesa de Zane tocou. Ele agarrou o receptor e
colocou no ouvido.
— Zane.
Nicco observou enquanto Zane ouvia quem estava do outro lado e
suas sobrancelhas se abaixaram e se juntaram quando ele disse alguns “Uh-
huhs” e “Yups”. Então Zane desligou quando ele se afastou de sua mesa e se
levantou.
— Era Papa Angel. Um dos rapazes foi ao clube e voltou drogado. Ele
acha que é Êxtase.
Nicco saltou em pé.
— Merda. O conselho vai ter uma porra de vaca se Êxtase estiver
aqui no Santuário novamente. Depois daquela merda alguns meses atrás, com
aqueles novos shifters gatos de caudas aneladas, pensamos que era uma coisa
única.
— Eu sei, mas parece que pode estar de volta. Vamos até lá e
conversar com Syn e ver o que descobrimos. — Zane disse quando se dirigiu
para a porta com Nicco em seus calcanhares.

*****
Papa Angel os deixou entrar e mostrou a cozinha, onde o seu
companheiro, Evan, estava sentado à mesa com alguns dos rapazes. Zane
momentaneamente parou no meio do caminho quando seu olhar pousou em
Ash, mas ele rapidamente se segurou e entrou na cozinha com confiança.
Evan olhou para cima e os cumprimentou com um sorriso.
— Muito obrigado por ter vindo tão cedo, Zane, Nicco.
— Claro, Evan. Então o que aconteceu? — Nicco perguntou.
— Posso servir algo? Café? Chá? — Evan perguntou.
— Não, obrigado, Evan. Para mim, não. — Respondeu Nicco.
— Não, obrigado.
— Por favor, sente-se, rapazes. — Papa Angel ofereceu.
Uma vez que todos estavam sentados, Zane olhou para Syn. Ele era
um cara bonito com sua pele bronzeada de sol, os cabelos loiros lisos e longos,
que pareciam seda, maçãs do rosto cinzeladas, lábios carnudos e profundos
olhos castanhos. Seu corpo era tão pecaminoso que combinava com o nome
dele. Ombros largos, mas não enorme como a maioria dos outros lobos ao
redor daqui; seis tanquinhos apertados que desciam em um V perfeito até os
quadris sensuais e uma bunda empinada, e coxas musculosas, mas não
grossas. O gostoso tinha cerca de um metro e cinquenta e cinco de altura e
pesava cerca de quarenta e cinco quilos. Qualquer homem gostaria de chegar
perto de Syn. Se as pessoas sempre acharam que Christian era o garoto-
propaganda do supermodelo masculino perfeito, Syn seria seu filho amoroso.
Embora Syn fosse fodidamente quente como o inferno e doce como
poderia ser, ele não fazia nada por Zane. Havia apenas um homem que
chamava sua atenção, e ele não podia fazer nada sobre isso.
— O que aconteceu, Syn? — Nicco perguntou.
— Eu fui ao clube com dois dos outros, Cade e Miles, e estávamos
nos divertindo, rindo e dançando. Então, esse cara nos abordou. Dissemos a
ele que não estávamos interessados, mas ele foi persistente. Miles e Cade
começaram a ficar muito nervosos, e Cade sussurrou para mim que o cara era
um shifter urso-pardo. Aproximei-me, senti seu cheiro e Cade tinha razão. Não
pensei que fosse grande coisa, mas os rapazes começaram realmente a
tremer, então os peguei e sai. Eu os levei até a sala VIP, mesmo sabendo que
não devíamos ir lá em cima, acho que Frank e Jesse não se importariam.
— Claro que não. Então o que aconteceu depois? — Nicco perguntou,
sentando-se na frente enquanto olhava para Syn.
— Então um dos garçons nos trouxe um pouco de água. Quando
cheguei na metade da garrafa, comecei a me sentir muito estranho. Como se
estivesse pegando fogo, e a sala começou a girar. Sabe como o calor parece
no asfalto no verão? Quando olhei para Miles, ele estava ali com os olhos bem
abertos e cheios de medo, resmungando sobre como não podia voltar para lá.
Olhei para Cade, e ele não estava muito melhor, exceto que estava tremendo
incontrolavelmente. Sabia que algo estava muito errado. Levantei minha mão
para tomar outro gole, quando vi que Cade e Miles tinha terminado suas
águas, e percebi que era a água. Então peguei cada um pelas mãos e os puxei
escada abaixo até a frente do clube. Perguntei ao segurança, Bull, se ele
chamaria um táxi para nós.
— E ele chamou? — Zane perguntou.
— Ele não precisou. Ele colocou o telefone no ouvido, mas então
desistiu e levantou a mão. Um segundo depois, parou um táxi preto-e-verde
bem na nossa frente. Bull abriu a porta para entrarmos. Ajudei Miles a entrar
primeiro e depois entrei. Foi quando o vi. O cara do clube que não nos deixava
em paz estava dirigindo o táxi.
— Ele fez alguma coisa, ou disse alguma coisa? — Nicco perguntou.
— Sim, ele me deu um sorriso realmente assustador e lambeu os
lábios. Então, ele disse: ‘já estava na hora de vocês aparecerem. Estava
ficando preocupado porque estava demorando tanto’. Meu lobo começou a
uivar para dar o fora dali. Empurrei Cade e ele caiu na calçada, então agarrei a
mão de Miles e o puxei para fora. O cara agarrou o outro braço de Miles
tentando puxá-lo de volta.
Zane sentou-se para frente, seu olhar nunca deixando o rosto do
Syn.
— O que você fez? Bull ainda estava lá para ajudá-lo?
— Sim. Assim que o sujeito puxou Miles, gritei e Bull foi correndo ao
redor do táxi, mas o cara soltou Miles e saiu correndo do estacionamento,
antes que Bull pudesse pegá-lo. Mal tirei Miles do carro. A porta na verdade
bateu contra o tornozelo de Miles quando o puxei. Tropeçamos para trás em
uma pilha ao lado de Cade.
— Você conseguiu pegar o número da placa? Talvez um nome no
painel do carro como na maioria dos táxis? — Nicco perguntou.
— Não, mas Bull disse que se lembrava dos últimos três dígitos.
Então me ajudou a levantar os meninos e nos ofereceu uma carona para se
certificar que chegaríamos aqui seguros.
— Como se sente agora? E como estão os outros? — Zane perguntou.
— Tenho uma puta dor de cabeça, mas por outro lado me sinto bem.
Miles está lá em cima desmaiado e Cade vomitou mais cedo, mas parou agora.
— Miles também tem uma dor de cabeça e está com náuseas. Cade
parou de vomitar, mas diz que seu estômago está doendo e se sente como
tivesse engolido carvões quentes. — Evan adicionou.
— Vamos entrar em contato com Bull. — Disse Nicco. — Entretanto,
acho que deveria ligar para Aaron, Raphael, e pedir para tirar sangue destes
três homens, assim ele pode ver exatamente com o que estamos lidando e
certificar que estão bem. Se houver mais alguma coisa que possa lembrar,
mesmo algo pequeno, por favor, ligue imediatamente e nos avise. — Nicco e
Zane se levantaram.
Raphael se levantou também e estendeu a mão, apertando as mãos
deles.
— Obrigado, Nicco, Zane. Agradeço por terem vindo imediatamente.
— Quando quiser. — Respondeu Nicco.
Zane observou enquanto Ash se afastou de onde estava encostado no
balcão do outro lado da cozinha e foi para a porta dos fundos. Antes de sair,
olhou para trás sobre o ombro e seus olhares se encontraram. Ash deu um
sorriso triste, em seguida, virou-se e saiu. O peito de Zane doía de ver a
tristeza no rosto do homem bonito, mas não havia nada que pudesse fazer
para afastar essa tristeza. Por mais que achasse o lobo sexy como o inferno e
o quisesse mais do que sua próxima respiração, Ash tinha um companheiro em
algum lugar e Zane ficaria destruído se ele se permitisse começar algo com
Ash e depois tivesse que perdê-lo para seu companheiro de verdade.
O vazio encheu sua alma quando pensou que nunca teria um
companheiro de verdade como os outros. Como Guardião das Moiras, não
estava nas estrelas para ele. Zane riu amargamente para si mesmo com a
ironia. O Guardião do destino nunca iria ser abençoado pelo destino com sua
própria alma gêmea. Então havia o fato de que havia uma mancha negra em
sua alma... Desde que foi enviado para as Bitter Mountains. Uma escuridão tão
negra que causava o inferno todos os dias. Os pesadelos eram ruins o
suficiente, mas ver criaturas do mal onde quer que olhasse, seguindo-o...
Nunca forçaria este mal a outra pessoa. Especialmente alguém tão
bom e bonito como Ash Angel.
Capítulo Dois

Dax concordou com seus guarda-costas que não precisava ter contato
com o mundo exterior e não ligaria para ninguém, mas não desistiria do
telefone. Com todo o correr e se esconder, precisava de algo para conectá-lo
ao mundo, e usava seu telefone para verificar e-mails, procurar novos eventos,
jogar e ler livros.
Deitado de costas na desconfortável cama, do pequeno quarto da
quinta casa, onde estavam atualmente, enquanto lia o mais recente livro de
ursos de um de seus autores favoritos. Sabia que era um homem adulto, mas
realmente amava os romances eróticos que estava lendo
ultimamente. Especialmente romances eróticos M/M. Enquanto rolava para a
próxima página para ver se o shifter dragão iria reivindicar seu urso, seu
telefone tocou, dizendo que tinha uma mensagem recebida.
Dax realmente não queria abri-la. Sim, não entrava em contato com
ninguém, mas precisavam das mensagens que continuavam entrando,
especialmente se fosse de seu perseguidor, para que tivessem mais provas
contra ele e esperançosamente obter algum tipo de pista sobre quem, aquele
fodido doente, era. Sabia que era importante, mas ainda não tinha que gostar
disso.
Pressionando o ícone da mensagem, viu que tinha duas
mensagens. Prendeu a respiração, esperando que fossem de Jonas, mas ao
mesmo tempo não querendo que fosse. Jonas estava tornando sua vida
infernal ainda pior. Insistia que Dax precisava voltar a Los Angeles para
conversar com a gravadora, para que pudessem decidir o que fazer com sua
carreira, agora que sua banda estava morta. Bastardos sem coração. Os
corpos dos caras não estavam nem frios no chão ainda, e os idiotas já queriam
que seguisse em frente. Tudo com o que se importavam era o dinheiro.
A primeira mensagem, que chegara ontem à noite enquanto ele
dormia, se abriu e Dax fechou os olhos. Não queria ler a merda doente que
aquele filho da puta estava escrevendo.
Com a curiosidade levando a melhor sobre ele, abriu os olhos e
começou a ler.

Olá, amado,

Ssinto sua falta, meu amor. Sei que não é você quem está o
mantendo afastado de mim, mas aquele seu agente bastardo. Esse idiota
realmente precisa conhecer o seu lugar e ficar longe da sua vida
privada. Talvez se encontrasse um homem próprio e conhecesse os grandes
prazeres de um grande pau na bunda, ele ficaria bem longe de você.
Mas talvez seja esse o problema? Talvez ele esteja secretamente
apaixonado por você? Talvez tenha sido tão inflexível sobre você manter sua
sexualidade privada porque o quer e está esperando que, se te mantiver
solitário, você se volte para ele? Tenho novidades para ele. Se ele sequer
pensar em tocar o que é meu, vou cortar seu pau e alimentá-lo com ele.
Prometo que não vou deixá-lo enfiar suas garras em você, meu
amor. E não vou permitir que continue fazendo da sua vida um inferno. Agora
que esses idiotas sem talento se foram, você pode brilhar sozinho, bem onde
pertence.
Tenho esperado muito tempo por você, Dax, e prometo que
estaremos juntos muito em breve. Ainda tenho algumas coisas para resolver,
mas assim que elas forem atendidas, vou buscá-lo, para que finalmente
possamos ficar juntos.
Com todo o meu amor,
-O

Dax suspirou pesadamente enquanto sacudia a cabeça. Sabia que


precisava mostrar isso para os caras. Falcon e Harley estavam ali com ele
agora para o turno do dia. Eram ótimos caras, e Dax realmente gostava
deles. Às vezes, pensava em como seriam grandes amigos no mundo real, se
nada daquela merda estivesse acontecendo.
Quando se sentou na cama e deslizou seus pés sobre a borda,
colocando-os no chão, a segunda mensagem, a que chegou a poucos minutos
atrás, abriu, e Dax congelou quando o sangue em suas veias correu gelado.
A mensagem tinha uma foto anexada. Uma foto dele deitado na
cama, usando as mesmas roupas que usava agora. Seu coração parou quando
percebeu que a foto devia ter sido tirada a poucos minutos. Ele queria virar a
cabeça e olhar ao redor do quarto a procura de uma câmera escondida, mas
não conseguia se mexer. Também achava que quem quer que fosse,
obviamente estava observando-o, e Dax não queria demonstrar nada. Ele
subiu um pouco a foto e leu a mensagem.

É onde você está? Estou aqui trabalhando para tornar a sua vida
melhor, e você está apenas descansando na cama, jogando videogames ou
lendo aqueles malditos romances que tanto ama?
Eu te aviso, amor, quando finalmente estivermos juntos, isso vai
parar. Não vou permitir que me ignore, como faz agora. Você não atende
minhas ligações e nunca me retorna. Não ouvi uma maldita palavra sua sobre
o quanto está grato pelo que fiz por você, ou o quanto me ama.
Eu lhe digo constantemente, Dax, o quanto significa para mim. Por
que não pode me mandar uma mensagem de texto e dizer que me ama, como
faz em suas músicas? Sei que me ama. Ouço isso toda vez que canta “Heart's
Battleground1” e “My One and Only2”. Sei que as escreveu só para mim, e mal
posso esperar até estarmos juntos, e você poder cantá-las para mim,
enquanto fazemos amor sob as estrelas, como disse em “My One and Only”.
Em breve meu amor. Logo estaremos juntos. Estou quase lá. Por
favor, mande-me notícias para que eu saiba que ainda me ama.
-O

1
Campo de batalha do coração.
2
Meu primeiro e único
— ‘Heart’s Battleground’ e ‘My One and Only’? Elas foram escritas
para... Ele. Ele não é o tipo de homem que faria essas coisas. Não tem como...
— Dax disse em voz alta para si mesmo e passou a mão pelos cabelos, e então
congelou, lembrando-se da foto e de repente sentindo-se observado. Quem
quer que fosse, estavam observando-o. Precisava ser cuidadoso. Eles
poderiam ouvi-lo também? E se dissesse seu nome em voz alta, ele agora
estaria em apuros por causa desse psicopata? Não havia como ser seu
companheiro. Nunca em um milhão de anos ele acreditaria que fosse.
Merda, precisava mostrar essas últimas mensagens para os caras e
deixá-los saber que estava sendo vigiado. Dax virou devagar e, o mais
casualmente possível, saiu do quarto. Uma vez no corredor, correu em direção
à cozinha, onde podia ouvir Harley e Falcon conversando enquanto
cozinhavam. Ele correu para a cozinha, e os dois homens se viraram para olhá-
lo, preocupação visível em seus rostos.
Dax esticou o braço para frente, o telefone na mão, e empurrou-o
para Harley, que estava no balcão.
— Ele pode me ver. — Disse em um sussurro.
— O que você está falando? — Harley perguntou quando pegou o
telefone de Dax e olhou para a tela.
— Ele acabou de me enviar uma foto minha deitado na cama no
quarto. Ele pode me ver.
— Merda, Falcon. Dax está certo. Olhe. — Harley segurou o telefone
para Falcon ver.
Falcon estudou a imagem e seus olhos encheram de raiva quando sua
mandíbula apertou. Ele imediatamente foi para o fogão, desligou os
queimadores e depois voltou.
— Deixe tudo. Vamos.
Harley deixou cair a faca que segurava e agarrou o cotovelo de Dax,
movendo-o para trás de Falcon enquanto assumia a retaguarda. Saíram da
cozinha pela porta que dava para a garagem e Falcon subiu atrás do volante
do SUV que usavam, enquanto Harley se juntou a ele no banco de trás.
— Vocês se abaixem o mais perto possível do assoalho. Se esse idiota
está observando, não quero que ele veja que qualquer um de vocês saíram
comigo. Se ele tem câmeras em toda a casa, então ele já sabe, e quem sabe o
que vai fazer. — Falcon instruiu quando ligou o carro e o colocou em
movimento.
Ele bateu no controle da garagem e a porta começou a subir. Assim
que a porta encostou no telhado, Falcon apertou o acelerador e se
afastou. Uma bala ricocheteou no para-brisa e Dax tentou se achatar contra o
assoalho ainda mais do que já estava.
— Fique abaixado! — Gritou Harley.

*****
Nicco dirigiu em direção à cidade com Zane sentado ao seu lado no
banco do passageiro. Nenhum dos dois falou, mas Nicco podia sentir o tumulto
se contorcendo dentro de seu amigo. Ele e os outros tentaram muitas vezes
fazer Zane se abrir sobre o que o estava incomodando, mas ele sempre ficava
de boca fechada ou respondia que estava apenas cansado, e estava tudo bem.
Sentiu a tensão aumentar em Zane quando entraram na cozinha de
Papa Angel e Evan, mas não sabia o porquê. Então, quando foram embora,
teve a sensação de que Zane estava extremamente triste e tinha uma
sensação de desejo vindo dele. Nicco realmente queria perguntar o que estava
acontecendo e se tudo estava bem, mas sabia que o bruxo não se abriria para
ele. Teria que falar com Rory ou Slade sobre isso. O primo parecido com Zane
pode ser capaz de usar um pouco de sua bruxaria para fazê-lo falar.
— Então, quando vai comprar um carro novo, Nic? Essa coisa é
antiga. — Zane, de repente quebrou o silêncio.
O queixo de Nicco caiu, e ele desviou o olhar da estrada para olhá-lo
por um momento antes de se virar.
— Meu bebê não é velho. Ele é apenas de 2005. E ele é um
conversível Ferrari Spider F430, muito obrigado. Você não coloca um desses
filhotes para pastar depois de dois a quatro anos. Você os saboreia e cuida
deles para sempre, cara.
— Você comprou essa coisa nova no chão do showroom, não é?
— Sim. Que diabos isso tem a ver com alguma coisa?
Do canto do olho, Nicco pôde ver Zane encolher de ombros.
— Pelo menos eu tenho um carro. — Nicco resmungou baixinho.
— O que ainda não entendo, já que você pode se teleransportar para
onde quiser. E não preciso de um carro. Com minha magia, posso ir aonde
quero também.
As coisas ficaram quietas no carro novamente, e a mente de Nicco
começou a vagar.

— Por que você não tem um carro, Nikolai? — Perguntou Thad.


Ele e Thad estavam sentados lado a lado na beira do lago, com os
joelhos apenas se tocando, enquanto Thad jogava pequenos pedaços de pão
para os patos que nadavam.
— Nunca precisei de um. Se preciso dirigir para qualquer lugar, peço
emprestado um dos carros da empresa.
— Mas, e quando não está trabalhando? Como se locomove então?
Nicco virou a cabeça e olhou para seu companheiro.
— Vampiros têm habilidades especiais, Thaddeus.
O braço de Thad congelou no ar e sua cabeça estalou na direção de
Nicco até seus olhos se encontrarem.
—Eles têm? Então, quais habilidades especiais você tem que o
ajudariam a ir do ponto A ao ponto B sem um carro?
— Todos os vampiros de certa idade podem fazer o que chamamos de
teletransportar. Só penso em onde quero estar e poof, estou lá.
Os olhos de Thad se encheram de admiração, e ele virou para encarar
Nicco completamente.
— Você quer dizer como mágica?
Nicco sorriu para a exuberância de Thad.
— Sim, como mágica.
— Você me mostraria?
Nicco não tinha certeza se era uma boa ideia. Sim, Thad sabia sobre
vampiros e estava bem com isso desde o momento em que se conheceram,
mas conhecê-lo e ver as coisas que seu tipo poderia fazer era diferente. E se
Thad soubesse todas as coisas especiais que podia fazer, e isso fizesse seu
companheiro fugir dele em vez de ir para ele?
— Não tenho certeza que seja uma boa ideia, Thaddeus. Estamos a
céu aberto e alguém pode me ver.
Thad olhou em volta para o parque deserto e depois de volta para
Nicco.
— É o meio da noite, Nikolai. Não há ninguém aqui além de você e
eu. Por favor. — Ele implorou.
Nicco achou muito difícil recusar algo a seu companheiro. Embora não
pudesse reivindicar Thad ainda, a atração de estar perto dele e fazê-lo feliz
ainda estava lá. Ele olhou ao redor do parque, usando sua visão de vampiro
para olhar mais fundo nas sombras por qualquer movimento. Depois de olhar
em um círculo completo e não encontrar ninguém, ele olhou de volta para seu
companheiro. Nicco estendeu a mão e ficou emocionado quando, sem hesitar,
seu Thad colocou a menor na sua.
— Para onde?
— Hum, eu não sei. Ah, as pirâmides do Egito? Você pode ir lá?
Nicco sorriu.
— Sim, eu posso, mas isso pode não ser uma boa ideia agora. É dia
lá depois de tudo.
— Merda, está certo. Ok, bem, que tal... Vegas, é uma boa?
Rindo, Nicco respondeu:
— Sim, Vegas é seguro, mas temos que ter cuidado com as muitas
pessoas que andam por lá. Aqui, segure firme, sei para onde ir.
Thad apertou sua mão e Nicco disseminou, levando-os para longe do
parque e aterrissando em uma praia. A lua refletia nas águas do oceano,
criando a aparência de um milhão de pequenos diamantes cintilando diante
deles. Uma leve brisa soprou, bagunçando o cabelo de Thad e Nicco ficou
hipnotizado. O rosto de Thad se iluminou com pura alegria e seus olhos se
encheram de excitação ao olhar em volta. Seu companheiro parecia um anjo, e
o coração de Nicco encheu de felicidade.
— Onde estamos?
— Venice, Califórnia.
— É tão bonito. Nunca vi o oceano antes. É tão grande e poderoso
que você pode realmente sentir isso.
— Este é um dos meus lugares favoritos para estar. Eu amo vir aqui e
apenas observar as ondas rolarem para a costa e ouvir o barulho enquanto
arrebentam. É muito relaxante.
— Seria maravilhoso morar aqui, você não acha? — Perguntou Thad.
— Sim, seria.
— Devemos voltar agora? Eu não quero que meus pais adotivos
saibam que escapei. Eles ficarão muito zangados se o fizerem, e temo que me
mandem embora. — Disse Thad nervosamente.
Nicco se virou para encarar completamente seu companheiro e olhou
profundamente em seus olhos. Seu interior se contorceu ao pensar em algo
ruim acontecendo a ele.
— Eles vão te machucar?
— Não, mas só tenho mais nove meses antes de estar fora do
sistema, e se eles não me quiserem, então o assistente social provavelmente
vai me colocar em uma das instalações do estado, e confie em mim, esse é um
lugar onde você não quer estar.
— Ok, vou te levar para casa. Você me diria se alguém estivesse te
tratando mal, não é?
Thad deu-lhe um sorriso doce.
— Sim, Nikolai, eu diria a você. Se importaria de apenas me levar de
volta ao parque? Posso andar de lá.
Nicco sorriu.
— Vou levá-lo de volta para sua casa. Quero ter certeza que chegue
lá em segurança. Essa é uma coisa boa sobre teletransportar, é silencioso. Se
eu tivesse um carro, eles poderiam ouvir o motor.
— É verdade, mas ainda acho que precisa de um carro. Seria ótimo
fazer passeios e não teríamos que nos preocupar com as pessoas nos pegando
juntos.
Nicco deu-lhe um sorriso caloroso.
— Vou pensar sobre isso, com uma condição.
— Qual?
— Se eu decidir comprar um carro, quero que você venha comigo
para me ajudar a escolher.
Os olhos de Thad se arregalaram.
— Mesmo? Você me deixaria fazer isso?
— Claro que sim, Thaddeus. Eu te daria qualquer coisa.
O sorriso caiu do rosto de Thad e foi substituído por um olhar confuso
quando inclinou a cabeça ligeiramente.
— Ainda não entendo porque você é tão bom para mim, ou até
mesmo passa tempo comigo.
— Você é muito especial para mim, Thaddeus, e um dia explicarei a
você. Por enquanto, vamos levá-lo para casa, e pode começar a pensar em
que tipo de carro gostaria que eu comprasse.
Nicco apertou mais a mão de Thaddeus e depois disseminou.

— Talvez você esteja certo, Zane. Talvez seja hora de se livrar disso
e seguir em frente. — Nicco sussurrou.

****
O SUV não parou, e Dax pôde sentir que fazia uma curva rápida para
a direita. Outro tiro bateu na porta acima da sua cabeça e Dax apertou a
mandíbula. Ele estava apavorado.
Falcon pressionou com mais força o acelerador e o veículo arrancou.
— Lembre-se, o veículo é à prova de balas, mas fique abaixado de
qualquer jeito para estar no lado seguro, e aguente firme. Um Escalade preto
está me seguindo. Vou tentar despista-lo.
Dax estava ficando muito cansado disso. Só queria voltar para sua
vida. Dormir em sua própria cama, estar em sua própria casa e apenas...
Não. Isso não era verdade. Embora sua cama fosse boa, não queria voltar para
aquela vida. Adorava cantar na frente da multidão, mas isso era tudo o que
amava em sua vida. Odiava aquela fortaleza fria e solitária que chamava de
lar.
E odiava lidar com a imprensa e a gravadora, e não ser capaz de ser
ele mesmo por causa deles. Odiava fazer a música que o faziam fazer. Não
gostava de falar mal dos mortos, mas os caras tinham sido um bando de
idiotas chorões desde o momento em que começaram sua primeira turnê nos
atrás. Sempre exigindo coisas e agindo como as estrelas de rock
estereotipadas que as pessoas ouviam falar.
Tocavam hard-rock, mas os caras andavam por aí como idiotas
mimados e pirralhos chorões. Pode ter sido o ultimato que lhe deram que
colocou a cunha inicial entre eles, mas foi a atitude deles e o tamanho de suas
cabeças que ficavam cada vez maiores, que forçou a cunha para dentro,
tornando o abismo mais amplo.
Aquela primeira turnê lhe ensinou que ele e os caras realmente não
tinham nada em comum além de tocar música. Nesse primeiro álbum, eles
gravaram as duas músicas que ele escreveu, e até hoje ainda eram seus
maiores sucessos. “Heart's Battleground” e “My One and Only” foram
considerados hinos do rock, e a gravadora disse que toda banda de hard-rock
precisava de pelo menos um hino, mas depois disso queriam que seu som
ficasse mais pesado. Não que Dax não gostasse de metal, mas não era ele.
Amava música. Todas as músicas. E gostava de cantar rock, mas os
caras só se fixavam no metal e somente metal. Quando não estavam tocando,
estavam ouvindo constantemente. Dax se trancava no ônibus da turnê só para
se afastar. Toda vez que ele tentava fazer com que eles cooperassem e tivesse
alguma maldita paz, os caras diziam quatro contra um e ele foi anulado, e
então explodiam a merda mais alto. Então o abismo iria crescer.
Quanto mais tempo passava longe deles, mais eles o acusavam de
ser uma prima donna. Quanto mais fama recebia e mais groupies3 gritavam
por ele ou se atiravam nele, mais ressentidos os caras se tornavam. E ele não
podia fazer nada com aquelas groupies. As meninas ofereciam seus corpos
livremente, e ele não queria nada com elas. Então os caras ficavam bravos
com ele. Ficavam chateados com toda a atenção feminina que recebia, mas
depois ficavam zangados porque se recusava a levar qualquer uma ao seu
quarto de hotel, ou ao ônibus da turnê, e foder seus miolos. Seria amaldiçoado
se fizesse e condenado se não.
Então, uma vez, quando começou a flertar com esse cara muito
gostoso em um bar de motociclistas onde eles pararam, os caras e Jonas
realmente estragaram tudo. As piadas sobre ser uma rainha começaram
depois disso, e quando Dax ficou puto, sempre alegaram que era apenas uma
piada, mas sabia que não era.
Até tentou chamar um acompanhante gay uma vez para ir à sua
casa, em particular, Jonas descobriu e parou tudo. E se houvesse paparazzi
por perto e pegasse o prostituto entrando ou saindo? Ah, não, não podia
manchar a banda desse jeito.
Então Dax passou a maior parte desses anos sozinho, só usando a
mão por consolo. A vida de uma estrela do rock. Deus, poderia realmente ir
para uma dose de tequila agora, ou uma pedra de cocaína, mas Falcon e
Harley nunca iriam deixá-lo. A tequila talvez, mas as drogas, de jeito nenhum.
O SUV sacudiu em uma curva acentuada, enviando Dax contra a

3
Pessoa que busca intimidade emocional e/ou sexual com um músico.
porta, enquanto outro tiro pipocava contra a janela traseira. Não havia jeito,
mesmo à prova de balas, de que a janela continuasse no lugar contra todas as
balas que voavam para eles.
— Falcon, precisamos sair daqui! Você sabe o que temos que fazer.
— Harley sibilou entre os dentes cerrados.
— Eu sei, cara, mas como diabos vamos fazer isso com o
Dax? Apenas relaxe e me deixe despistar esse idiota.
— Sim, mas você não está nem aí.
Dax riu dos dois. Ele sabia que aquele era um mau momento para
estar rindo, mas percebeu que quanto mais a situação piorava, mais o espesso
sotaque gaélico de Harley aparecia, e ninguém entendia o que diabos ele
estava dizendo.
Com o que Falcon obviamente concordou, se sua resposta fosse
alguma coisa.
— Porra, Harl, fala inglês, cara. Seu sotaque está saindo.
— Fala inglês, seu homem diz. “Oi, na verdade, eu falo inglês, o que
você aprende, ok?
— Merda, vocês dois. Tire-nos daqui Falcon — Gritou Dax.
— A única coisa que Thar tem é um chupador de chumbo,
companheiro, e é isso.
Falcon começou a rir e bateu a mão no volante.
— É uma coisa muito boa que conheço você, idiota, ou pensaria que
acabou de me insultar.
Harley sentou-se no banco e abriu a janela do seu lado, depois tirou
uma grande arma do cinto enquanto olhava para Falcon.
— Insultei sua bunda! Se eu te insultar, vai saber, seu filho da Puta!
— Então Harley se virou e empurrou a parte de cima pela janela aberta,
voltada para trás, e começou a atirar no carro de atrás deles.
— Amo quando fala sujo para mim, amigo! — Falcon riu e fez uma
curva à esquerda.
Harley quase caiu pela janela, mas se conteve e deslizou de volta,
olhando para a nuca de Falcon. Ele então olhou para baixo e encontrou o olhar
de Dax.
— ‘Tenha calma’, Dax. Nós vamos chegar lá de uma só vez. Mesmo
que Falcon seja um idiota.
— Não tenho a mínima ideia do que acabou de dizer, Harley, mas
faça o que for preciso para tirar-nos foda daqui.
Falcon pisou no freio, os pneus gritaram, e Dax foi jogado para frente
contra a parte de trás do banco de Falcon.
— Você ouviu o homem, Harley. Faça o que tiver que fazer. Faça a
porra da ligação e depois lidaremos com o resto!
— Merda! — Harley sibilou e puxou o celular do bolso de trás. Depois
de deslizar o polegar pela tela, ele bateu duas vezes, e Dax pôde ouvir o
toque.
Depois de dois toques, uma voz profunda respondeu:
— Viktor.
— Ei, Vik, temos um atirador na nossa bunda e muitos inocentes por
perto. Precisamos de um túnel porque não posso dar uma de gênio. Não
consigo me livrar desse filho da puta. — Respondeu Falcon antes que Harley
pudesse.
Dax não fazia ideia do que Falcon estava falando com um túnel e um
gênio, mas com o sotaque de Harley aumentando, ele esperava que os outros
soubessem o que Falcon estava dizendo.
— Onde você está?
— Acabei de chegar na estrada de serviço da I-495 para o leste. A
placa diz rota 110, Farmingdale.
— Espere. — Viktor respondeu e depois ficou quieto.
— Onde diabos estamos? — Dax perguntou.
— Long Island, amigo. Mas, com alguma sorte, sairemos daqui a
alguns segundos. — Respondeu Falcon.
— Long Island? Merda.
Harley levantou a sobrancelha interrogativamente.
— Você tem algum problema com a ilha, Dax?
— Não. Adoro cantar aqui. Pessoas boas. Só não percebi que
estávamos tão longe de Cali.
— Falcon, Harley, tire nosso cliente de lá agora. Os moradores estão
a caminho de você. Dezenas de chamadas acontecendo sobre a perseguição e
o tiroteio. Harley, agarre-o e pule. Falcon, pegue a 110 sul e vire à esquerda
na primeira luz para o parque industrial. Você deve ser capaz de perdê-lo
lá. Eu tenho Colby vindo até você. Quando estiver claro, ele vai te tirar daí. —
Viktor instruiu.
— E o cliente, Vik? — Falcon perguntou, e Dax podia ouvir a hesitação
em sua voz.
— Não se preocupe com isso. Harley, tire-o agora e venha direto para
mim.
— Sim, senhor. — Respondeu Falcon.
Harley terminou a ligação e guardou o celular no bolso. De repente,
uma luz brilhante engolfou a frente do carro e um homem grande apareceu no
banco do passageiro através do pequeno ponto que Dax podia ver na
frente. Ele acenou para Dax, depois se virou e sorriu para Falcon.
— Se divertindo?
— Vá, Harley! — Falcon disse, assim que uma rajada de balas atingiu
a janela traseira e finalmente choveu vidro em cima deles.
Harley agarrou seu braço quando Dax o levantou para cobrir a cabeça
e fechou os olhos. Então tudo ficou quieto e parado. Ele percebeu que não
estava mais se movendo. Harley soltou seu aperto, e Dax lentamente abaixou
seu braço enquanto levantava a cabeça.
Abrindo os olhos, eles se arregalaram quando se viu no chão de uma
luxuosa casa, com a luz do sol entrando pelas janelas e cortinas brancas
ondulando na quente e suave brisa soprando para dentro.
Ele virou a cabeça, e seu olhar pousou no imponente homem em um
terno branco, sorrindo para ele. Merda, não tinha visto esse homem em quase
onze anos, mas ele não parecia um dia mais velho.
Dax levantou devagar, seu olhar nunca deixando seu velho amigo.
— Vik?
— É bom ver você de novo, Thaddeus.

Capítulo Três

— Não tenho certeza se esse aplicativo funcionará, Sammy. Essas


amostras parecem estranhas. Quase como se estivessem se repelindo. Venha
e dê uma olhada, e me diga o que acha. — Aaron disse, sentado debruçado
sobre o microscópio, os olhos pressionados contra a ocular.
Sammy atravessou o laboratório e parou ao lado de seu irmão
gêmeo. Aaron deslizou do banco para que Sammy pudesse se sentar. Ele
colocou os olhos na lente ocular, observando a amostra que Aaron estava
questionando.
As células redondas roxas da amostra da mistura do dragão estavam
todas no lado direito do slide, enquanto as longas células azuis da mistura da
fênix eram pressionadas contra a borda externa do lado esquerdo. Aaron
estava certo parecia que as duas estavam fazendo tudo que podiam para ficar
separados. Ele se afastou com um suspiro pesado e encontrou o olhar de
Aaron.
— Você está certo, Aaron. Eu não entendo.
— Colocar uma gota de amostra sobre a outra não funcionou como
acabamos de ver, então e se colocarmos as duas amostras em um misturador
na velocidade máxima para ver se isso pode ajudar a infundi-las.
— Vale a pena tentar. — Sammy respondeu quando ele deu de
ombros.
Aaron foi até a mesa e cuidadosamente pegou o frasco com a
amostra de sangue de dragão. Então o inclinou sobre um frasco vazio,
permitindo que ele enchesse quase na metade. Cuidadosamente, substituiu o
pequeno tubo de vidro e pegou o que continha a mistura de fênix, que era
sangue de fênix misturado com lágrimas de fênix, e acrescentou um pouco
disso ao tubo.
— Se o sangue de dragão pode matar um vampiro e aumentar os
poderes dos shifters, mas então deixá-los loucos, e essa mistura de fênix pode
tirar os poderes de um fae momentaneamente, há uma boa chance de que isso
é o que estamos procurando para tirar os poderes de um semideus. Quero
dizer, pode fazer seus poderes aumentarem como os shifters ou tirar seus
poderes por um tempo. — Sammy disse enquanto observava Aaron.
— Ou pode não fazer nada. Mas se pudermos encontrar uma maneira
de tirar os poderes de Minos, mesmo que por um minuto, isso daria a Jesse,
Micah, Noah, Lúcifer e Demi a chance de atacar enquanto ele está fraco,
matando o filho da puta.
Sammy riu das palavras de Aaron. Ele adorava estar aqui no
laboratório de Aaron. Bem, era o laboratório deles agora. Desde que ele saiu
das celas no porão dois meses atrás, ele começou a trabalhar com Aaron. Eles
mostraram um ao outro o que cada um deles estava fazendo sozinhos e como
cada um deles teve os sucessos que tiveram. Ele ficou tão impressionado com
o brilhantismo de Aaron e ficou muito feliz pela primeira vez em sua vida por
ter alguém por perto que o entendia. E ele foi extremamente grato por ter a
família novamente. Encontrar Aaron, seu irmão gêmeo idêntico, depois de
pensar toda a sua vida que Aaron estava morto, foi o segundo maior
choque. O primeiro foi encontrar seu companheiro.
Seu guerreiro fae, Sasha, era o melhor, mais paciente e
compreensivo companheiro do mundo, e Sammy não sabia como ele teria
conseguido sobreviver nos últimos três meses sem Sasha. Seu companheiro o
ajudou a se ajustar à sua nova vida, com esta nova família, e nunca saiu do
seu lado até que ele estivesse confortável. E Aaron e seus companheiros, junto
com o irmão de Aaron, Storm e seus companheiros, haviam recebido Sammy
de braços abertos e o aceitaram desde o começo. Storm dizendo a ele que
porque ambos eram irmãos de Aaron isso os tornou irmãos, e o significado
disso, foi outra grande surpresa em sua vida. Depois de todo esse tempo os
conhecendo, sentiu que todos eram verdadeiramente seus irmãos, sua
família. Sammy sempre seria grato a Sasha, Nicco, Ryx e os outros por
encontrá-lo e trazê-lo para a matilha Angel.
— Ok. A amostra está pronta. Veja isso até mesmo no tubo que eles
estão se separando. Espero que o shaker ajude a reuni-los.
— Se não, talvez pudéssemos pedir a Jesse uma amostra do sangue
dele, já que ele é um semideus e ver se isso ajuda a unir os dois. — Sammy
sugeriu.
— É uma ótima ideia, mas não precisamos pedir a Jesse uma amostra
ainda. Ainda tenho um pouco de sua última amostra na geladeira.
— Isso é ótimo. Ok, vamos ver o que acontece. — Sammy disse.
Aaron inseriu o tubo no shaker e ligou a velocidade máxima. Eles
sentaram e observaram pelos próximos cinco minutos enquanto a máquina
fazia seu trabalho. Aaron parou e puxou o frasco para fora, e um sorriso
cruzou seus lábios.
— Eles misturaram!— Ele exclamou excitado.
Assim que Sammy estava prestes a participar da comemoração de
Aaron, ele viu as duas amostras novamente se separarem.
— Merda.
— Você pode dizer isso de novo. — Aaron murmurou.
— Merda. — Sammy disse e deu Aaron um sorriso.
Aaron riu.
— Espertinho.
— Sim, assim como meu irmão gêmeo.
— Ok, vamos dar um giro com o sangue de Jesse. Você consegue
isso, por favor?
Sammy assentiu e foi até a geladeira, pegou a amostra e a trouxe de
volta para a mesa. Ele pegou um conta-gotas, retirou uma pequena
quantidade e acrescentou-o ao frasco que Aaron lhe estendia. Mais uma vez,
Aaron colocou a tampa de borracha no topo do tubo e colocou-a no shaker.
Os dois ficaram sentados olhando para os próximos dez minutos, e
então Aaron desligou a máquina e tirou o frasco. Um sorriso lentamente
percorreu seu rosto. Aaron olhou para cima, encontrando seu olhar, e Sammy
olhou para o frasco, um sorriso chegando aos seus lábios também.
Aaron pegou um novo slide e um conta-gotas. Tirando um pouco da
mistura, ele deixou cair algumas gotas no slide e recolocou no microscópio,
tirando a outra amostra. Aaron sentou-se no banco e olhou pela ocular
enquanto Sammy estava ao seu lado, esperando pacientemente. Depois de
alguns minutos, Aaron endireitou-se e saiu do banquinho, depois acenou com a
mão para Sammy tomar o seu lugar.
Sammy sentou-se e olhou para o microscópio. Ele não podia acreditar
no que estava vendo. As amostras estavam misturadas perfeitamente juntas,
mas as células do sangue de Jesse estavam dormentes. Ele podia dizer pela
cor deles que eles ainda estavam vivas, mas as células simplesmente ficaram
lá, imóveis.
Sammy recostou-se, olhou para Aaron e os dois começaram a
rir. Uma vez que eles se acalmaram e recuperaram o fôlego, Aaron disse:
— Agora só temos que ver se conseguimos que um dos semideuses
seja uma cobaia.
O rosto de Sammy caiu. Não havia como qualquer um deles arriscar
um dos semideuses perdendo seus poderes.
— Eu digo que temos mais amostras de todo o sangue delas e
testamos aqui. Acho que precisamos ter certeza de que não vai matar os
poderes deles para sempre, antes de tentarmos em um vivo.
— Concordo. Vamos pegar essas amostras — Aaron disse, enquanto
Sammy se levantava para se juntar a ele, e saíram do laboratório.

*****
O homem de longa túnica branca com faixa verde-escura e sandálias
de couro atravessou a pesada porta de madeira escura, fechando-a
rapidamente atrás de si e rezando para que ninguém a encontrasse enquanto
estivesse fora. Ele sempre conseguiu manter a porta escondida nos fundos da
biblioteca, atrás de uma estante de livros, mas agora sem ninguém para vigiar
suas costas, ele temia que a porta fosse descoberta.
Mas tinha pouca escolha ele precisava pegar o livro que encontrou
para seu mestre. Deixar o brilho da biblioteca com luzes brancas e céus azuis
claros para entrar no mundo das trevas sempre o deixava nervoso.
Seu mestre lhe pediu que, uma vez que ele encontrasse o livro
deveria lhe informar imediatamente. Como o principal guardião dos registros,
cabia a ele manter todos os livros do tempo a salvo. Se os deuses soubessem
o que ele estava fazendo, eles o puniriam até os próprios buracos do inferno
para ser atormentado pela eternidade, mas ele era um servo leal e fiel a um
único deus. A única divindade que ele sabia ser o verdadeiro governante de
toda a criação. Hades.
Seu Senhor Hades era o filho mais velho de Cronos, o rei dos Titãs e
o deus do tempo. Ele governou o cosmos durante a idade de ouro depois de
castrar e eliminar seu pai, Urano. Com medo de que a profecia de que ele teria
sido derrotado por seu próprio filho se tornasse realidade, Cronos engoliu cada
um de seus filhos quando eles nasceram. Sua esposa, Rhae, conseguiu salvar
seu filho mais novo, Zeus, escondendo-o na ilha de Creta e alimentando
Cronos com uma pedra embrulhada em panos.
Quando o deus Zeus cresceu, ele forçou Cronos a vomitar seus
descendentes e liderou os Olimpianos em uma guerra de dez anos contra os
Titãs, levando-os para o abismo do Tártaro. Então os irmãos conquistadores
Zeus, Hades e Poseidon decidiram dividir as criações entre si. Eles tiraram na
sorte para ver quem controlaria o quê. Hades pegou o submundo e todos os
mortos, Poseidon pegou os mares e oceanos, e Zeus pegou os céus. Porque
Zeus era deus dos céus, bem acima de qualquer outro deus, ele também se
tornou rei dos deuses.
Mas Hades, como o filho mais velho de Cronos, era o legítimo rei dos
deuses. Foi através das maneiras astutas de Zeus que ele convenceu seus
irmãos de que, por terem lutado lado a lado, e ele sendo o único a dar-lhes
sua liberdade, deveriam sortear para escolher.
Seu Senhor Hades sabia que seus irmãos o haviam enganado assim
que foi atraído pela escuridão do Mundo Inferior e dos mortos, e jurou que
teria sua vingança contra os truques algum dia e reivindicaria seu lugar de
direito como rei dos deuses.
Aqueles que seguiram Hades e eram leais a ele, sabendo que ele era
o verdadeiro líder, o ajudaram por muitos milênios em sua busca para retornar
aos céus, mas todo o seu trabalho falhou, até agora. Desde que a profecia da
guerra a ser liderada pelos paranormais foi contada, Hades estava planejando
e planejando. Como um general na guerra, ele tinha escolhido cuidadosamente
seus jogadores e os movia em torno do tabuleiro, cumprindo suas
ordens. Infelizmente, Zeus e os outros deuses também moveram suas peças
pelo tabuleiro e montaram seus próprios jogadores cuidadosamente
escolhidos.
Os paranormais da terra tinham superado em muito, o que Hades
pensava deles. Ele pensava neles como humanos normais, mas com um
pequeno presente extra dos deuses para ajudá-los a lutar e se proteger, mas
esse não era o caso. Essas criaturas que vêm se unindo lentamente provaram
ser mais inteligentes, mais fortes e mais poderosas do que Lorde Hades lhes
deu crédito.
Uma vez que eles destruíram seu reino no submundo, Lorde Hades
foi forçado a admitir que essas criaturas eram muito mais do que ele
esperava. Assim, com a maioria de seus leais seguidores celestiais agora
desaparecendo, como Malachi e o skinwalker Gênesis passando a eternidade
no Inferno, e Minos sendo frustrado a cada esquina, Lorde Hades agora teve
que recorrer ao seu último e maior plano, que foi colocado em sua mãos para
realizar. Ele tinha levado ele, o principal guardião dos registros do Céu, muito
tempo e muitas mentiras e ser esperto, mas ele finalmente encontrou o que
seu mestre precisava para escapar do Mundo Inferior, destruir todos eles e se
tornar o governante de todas as coisas.
Seguindo pelo corredor mal iluminado de pedra em direção ao seu
destino, um frio se instalou em seus ossos, fazendo-o tremer, mas através da
escuridão, a grande porta de metal finalmente apareceu. Ele bateu uma vez e
imediatamente a porta se abriu. Ele entrou, confiante de que seu mestre
ficaria satisfeito e recompensá-lo-ia grandemente.
Entrando no vasto aposento, dirigiu-se até o final da grande sala para
onde seu Lorde Hades estava sentado em seu trono, feito de cedro, pinheiro e
cipreste. Quando se aproximou, caiu de joelhos e inclinou a cabeça.
— Meu Senhor.
— Vendo como veio aqui, estou assumindo que a notícia é boa,
Phanuel. Levante e fale. — Hades ordenou.
Phanuel levantou-se e encontrou o olhar de Hades, e então ergueu o
livro que ele carregava enquanto sorria.
— Muito boa notícia, meu senhor. Encontrei.
Os olhos de Hades se arregalaram e se encheram de prazer. Ele
lentamente levantou-se e desceu os três degraus até o chão, em seguida,
aproximou-se de Phanuel, seu olhar fixo no livro. Uma vez em pé diante de
Phanuel, Hades estendeu a mão e gentilmente passou um dedo sobre o livro.
— Pode ser? Tem certeza de que este é o certo, Phanuel? Eu pensei
que era um pergaminho?
— Sim, meu senhor Hades. Tenho certeza. Aqui, você pode ver o selo
do cordeiro. — Phanuel respondeu e enfrentou o livro para Hades para sua
inspeção.
Timidamente, como se apenas tocar o livro pudesse matá-lo, Hades
lentamente estendeu a mão e agarrou o livro. Quando ele levou a mão ao
rosto para contemplá-lo, um sorriso se formou em seus lábios e seus olhos se
encheram de triunfo.
— Você sabe o que você fez, Phanuel? Todos os meus seguidores,
muitos mais fortes e mais poderosos que você, foram todos derrotados, mas
você, um simples detentor de registros, fez o que nenhum deles poderia
fazer. Você encontrou a única coisa que irá destruí-los todos e finalmente me
dar o meu reino de volta. Depois de reconstruir, você será mantido entre todas
as minhas novas criações. Seu nome será para sempre louvado pelos céus
como aquele que devolveu seu legítimo rei ao seu trono e colocou toda a
criação de volta em sua ordem correta. Eu vou fazer de você um deus para
ficar ao meu lado, Phanuel.
Phanuel abaixou a cabeça ao responder:
— Obrigado, meu Senhor. Eu vivo apenas para agradá-lo.
— Você tem sido um seguidor maravilhoso e leal desde antes da
minha descida ao submundo. Obrigado Phanuel. Agora retorne aos céus antes
que meu irmão saiba que você se foi e espere meu retorno. Que ninguém
saiba o que você fez e continue no curso. Eu vou te encontrar quando for feito,
e eu reivindique o que é meu.
— Sim, meu Senhor. — Phanuel disse, inclinando-se para baixo,
depois se virou e saiu da sala.
Hades voltou ao seu trono e sentou-se, colocou o livro em seu colo e
depois correu os dedos pela superfície, parando no selo que o mantinha
fechado.
— Chegou a hora de todos vocês sofrerem muito por irem contra
mim. Estou vindo para você, irmãos, mas primeiro vou destruir todas as suas
criações, e farei isso usando seu próprio poder. — Um sorriso brilhante surgiu
em seus lábios quando ele tirou o selo, desvinculando o livro. A tampa se abriu
por conta própria e as páginas começaram a arrepiar e passar
rapidamente. Uma voz estrondosa de algum lugar dentro de seu salão gritou:
— Venha!
Hades olhou para cima para ver um cavalo branco muito grande com
um cavaleiro em suas costas carregando um arco e usando uma coroa. O
cavalo levantou-se nas patas traseiras e relinchou tão alto que a sala tremeu.
Quando a besta desceu de novo em seus cascos dianteiros, um
estrondo de trovão, seguido por um relâmpago brilhante, balançou a sala, e o
cavalo e o cavaleiro foram embora. Outra voz alta gritou:
— Venha! — E o sorriso no rosto de Hades se alargou.

*****
— Isso acaba de acontecer, há uma erupção no Kilauea, o vulcão que
está em erupção contínua desde 1983 na ilha do Havaí. Uma nova ruptura se
abriu e autoridades alertam que a erupção pode crescer ou a ventilação pode
entrar em colapso a qualquer momento. Lava e cinzas começaram a cuspir a
trinta metros de altura deste novo respiradouro, e membros do USGS foram
chamados para investigar. Até agora, não houve feridos ou mortes, mas
vamos mantê-lo atualizado sobre quaisquer alterações à medida que a palavra
chegar.
Vik levantou um controle remoto e apertou um botão, desligando a
TV.
— Entre, Thaddeus. — Vik disse enquanto caminhava por um
corredor, em seguida, abriu uma porta e entrou na sala.
Dax entrou, olhando em volta para o escritório que abrigava uma
parede de janelas com vista sobre o oceano. O olhar de Dax se moveu ao
redor do quarto enquanto ele absorvia tudo, confuso em como um vampiro
como Viktor podia andar na luz do dia. A última vez que ele tinha visto esse
homem, Vik, junto com Nicco, Dante e os outros do clã de Dante, não podia
estar sob a luz do sol.
— Como... — Dax parou, congelado em seu lugar quando seu olhar
caiu sobre um belo homem asiático nu, com longos cabelos negros e sedosos
ajoelhado no canto da sala, com as mãos amarradas atrás das costas, uma
mordaça de bola na boca presa ao dele na cabeça e uma venda cobrindo os
olhos.
— Um... Vik?— Ele perguntou, apontando para o homem no canto.
Vik deu-lhe um grande sorriso, e Dax notou que seus olhos estavam
cheios de felicidade, algo que Dax não conseguia se lembrar antes, quando ele
viveu com o clã muitos anos atrás.
— Muita coisa mudou desde a última vez que esteve aqui, velho
amigo. Por favor, sente-se e ignore o meu animal de estimação. Ele está sendo
punido por correr ao longo da praia em plena luz do dia sem nada. Um dos
outros poderia tê-lo visto sem minha permissão, e isso é contra as regras.
As sobrancelhas de Dax ergueram-se na testa, mostrando sua
surpresa.
— Você é um Dom, Vik? Eu não tinha ideia. — Dax respondeu quando
ele tomou a cadeira oferecida em frente a Vik onde ele estava sentado atrás de
sua mesa.
— Como você faria? Quando estava aqui, isso é algo que escondemos
de você. Nicco achou que você era um pouco jovem demais para ver essas
coisas.
— Então agora tem um sub, uau. Estou supondo que é uma coisa
boa?
Vik riu.
— Isso é uma coisa muito boa, Thaddeus. Meu animal de estimação
não é um sub comum, embora. Ele é Adam, meu companheiro e o coração,
que me dá a vida. Ele é tudo que eu sempre quis em um companheiro, um sub
e muito mais. — Vik se virou para Adam. — Você pode ficar em pé, vir até
mim e acariciar. Siga minha voz — Vik disse.
O homem lindo ficou graciosamente em pé, sem o uso das mãos para
equilibrá-lo, e se virou para eles. Dax notou que ele não estava realmente nu
ele usava um pequeno fio-dental preto, o V na frente cobrindo sua virilha, mas
o contorno do que estava por baixo ainda estava claro. Dax desviou os olhos e
olhou para um ponto do lado de fora do ombro de Vik.
Assim que Adam chegou ao lado de Vik, Vik estendeu a mão,
colocando-a no estômago de Adam, impedindo-o. Então ele estendeu a mão e
tirou a venda. Adam piscou algumas vezes antes de se concentrar em
Viktor. Ele nunca olhou em outro lugar.
— Ajoelhe-se, animal de estimação. — Vik ordenou gentilmente, e
Adam imediatamente caiu de joelhos ao lado da cadeira de Vik. Vik então
destrancou as correias ao redor da cabeça de Adam e gentilmente removeu a
mordaça de sua boca. Vik passou a mão pela mandíbula de Adam como se a
massageasse, depois se inclinou e beijou Adam suavemente.
— Um bom animal de estimação. Para que você possa ficar aqui ao
meu lado enquanto falo com Thaddeus. Você pode descansar a cabeça se
quiser, mas primeiro diga olá ao nosso hóspede.
Adam virou a cabeça, mas manteve os olhos olhando para baixo.
— Olá, Thaddeus. Bem-vindo à nossa casa — Adam disse em uma voz
suave, depois olhou para Vik e colocou sua bochecha na coxa de Vik.
Vik passou os dedos pelos longos cabelos negros de Adam algumas
vezes antes de erguer os olhos e encontrar o olhar de Thaddeus.
— Tenho certeza que você tem muitas perguntas para mim. Então,
por onde gostaria de começar?
Por mais que quisesse olhar para Adam, achando tudo isso
fascinante, Dax manteve o olhar fixo no de Vik. Ele tinha uma tonelada de
perguntas para seu velho amigo, mas o primeiro que veio à sua mente foi
Nikolai. Ele estava morrendo de vontade de perguntar sobre ele, mas com
medo das respostas ao mesmo tempo. Vik deve ter visto sua apreensão e
sorriu para Dax.
— Você quer saber sobre Nicco. Eu posso ver isso em seus olhos.
Dax suspirou e passou a mão pelos cabelos.
— Sim, mas por mais que queira ouvir sobre ele, talvez o ver de
novo, sei que não tenho o direito de perguntar ou saber algo sobre sua vida
agora.
— Você é seu companheiro, Thaddeus, então sempre terá o direito de
saber o que quiser sobre ele. — Vik declarou.
Os olhos de Dax se encheram de tristeza.
— Não, eu costumava ser seu companheiro, mas fui um tolo infantil e
me afastei dele. Eu o rejeitei e... Bem, você estava lá. Não preciso explicar
isso para você. — Dax disse enquanto se movia desconfortavelmente em seu
assento.
— Você era jovem, Thaddeus. Todos nós entendemos isso naquela
época.
— Talvez você tenha, mas Nikolai não. Eu o machuquei. Nunca quis
machucá-lo. Eu o amo — Dax declarou.
Vik levantou uma sobrancelha enquanto o estudava.
— Você ainda o ama. — Ele disse como uma declaração, não uma
pergunta.
Ele sabia que era estúpido e inútil negar isso. Ele tinha sido um
imbecil uma vez antes de deixar Nicco ir embora. Ele não estava prestes a
cometer os mesmos erros novamente. Então, ele olhou Vik nos olhos e
confessou:
— Sim. Nunca parei de amá-lo. Percebi muito rapidamente o quão
idiota e estúpido eu fui, mas era tarde demais para mudar de ideia. Tantas
vezes, nos primeiros dois anos, quis voltar e implorar a Nikolai que me
perdoasse. Para me levar de volta. Mas sabia da dor que lhe causara e estava
com vergonha de encará-lo.
— Você é seu companheiro, Thaddeus. Você poderia ter voltado a
qualquer momento e falado com ele, contado tudo isso. Você ainda pode.
O coração de Dax pela primeira vez em muitos anos se encheu de
esperança.
— Você acha que ele vai me perdoar? Acha que é possível?
Os olhos de Vik ficaram tristes e a esperança de Dax morreu. Seu
estômago caiu e ele podia jurar que seu coração estava rachando.
— Eu não tenho certeza depois de todo esse tempo, mas acho que
ele iria ouvir você e ir a partir daí. Nicco é um homem bom, um homem
razoável, mas sim, como você disse, ele ficou ferido. Mas acho que, se falasse
com ele e fosse honesto sobre tudo, Nicco provavelmente levaria suas palavras
a sério e pensaria nelas — Vik respondeu.
Dax suspirou novamente.
— Bem, acho que é melhor do que nada e muito mais do que eu
esperava ou merecia. Ele está aqui?
Vik balançou a cabeça enquanto dava um sorriso tenso a Dax.
— Não. Nicco não mora aqui com o coven.
— O que? Não entendo, ele amava você, Dante, Sky e os outros. Ele
está bem? Houve algum problema? — Dax perguntou ansiosamente.
— Não, nada disso. Tem havido muita coisa acontecendo em nosso
mundo. Uma dessas coisas é que, como pode ver, agora posso andar ao
sol. Dante, Nicco e muitos outros da nossa espécie podem. Por causa dessas
coisas que aconteceram, precisávamos vir aqui, para nos escondermos. Nem
todos nós, mas alguns. A maior parte do coven ainda reside no Santuário,
agora nossa casa do coven é lá. Nicco ficou para trás para dirigir a casa do
coven e trabalhar com uma força-tarefa especial que o conselho criou.
— No santuário? Com Micah e os caras? Mas e a outra casa do clã? —
Dax perguntou.
Vik sorriu.
— Sim, no Santuário, mas em nossa própria casa, não com
Micah. Nossa casa da qual você se lembra foi destruída há pouco tempo nesta
guerra da qual fazemos parte. É por causa disso que viemos aqui, para manter
Dante e sua família a salvo.
— Dante tem uma família agora?— Dax perguntou.
— Sim. Ele tem dois companheiros e três filhos. Falando nisso. — Vik
disse e olhou para a porta. Só então houve uma batida. — Entre, Milo. — Vik
gritou.
A porta se abriu e um bonitão latino com cabelo curto e escuro
entrou, sorrindo brilhantemente.
— Ei, Vik, desculpe interromper sua reunião. Viu meu pai? Queria ver
se ele tinha tempo para me treinar no teletransporte hoje, já que tenho o dia
de folga.
— Ele, Dale e Dare levaram os gêmeos para um piquenique na praia.
— Vik respondeu.
— No seu lugar favorito? — Milo perguntou com outro sorriso.
— Sim, mas devem voltar logo, se quiser esperar por eles.
— Ótimo, farei isso. Obrigado. Vou para a cozinha e espero lá, se
estiver tudo bem. Não almocei hoje. Josh me pediu para ajudar com um de
seus clientes, mas assim que eles terminaram, dei o fora de lá. — Milo disse
com uma risada.
— Sem problemas. Se acomode, você sabe disso.
— Obrigado, Vik. Ah, e eu posso... — Milo se contorceu e fez um
gesto com o queixo na direção de Adam. Vik sorriu e acenou com a cabeça. —
Oi, Adam. — Milo disse.
— Você pode responder. — Vik ordenou.
— Olá, Milo. É bom ter você de volta. — Adam respondeu, mas nunca
se moveu de seu lugar.
— Espero que meus companheiros possam fazer isso neste fim de
semana quando chegarmos. Eu sei que Josh está ansioso para ver todos vocês,
mas Maddy pode ter ido em uma missão. De qualquer forma, foi bom ver
vocês, Adam, Vik. Espero que possamos conversar de novo antes de voltar ao
Santuário. — Milo recuou e fechou a porta atrás de si.
Dax se virou e olhou para Vik, confuso.
— Dante tem um filho crescido? Como eu não sabia disso quando
estive aqui há onze anos?
— É uma longa história. Deixe-me pegar uma bebida para você, e
podemos conversar, assim como falar sobre o seu perseguidor e o que
podemos fazer para pegá-lo. — Vik disse, e depois deu um tapinha na cabeça
de Adam. Adam levantou a cabeça do joelho de Vik, que se levantou.
Parece que tenho muito que fazer aqui, pensou Dax.

*****
— O jantar está quase pronto. Você pode arrumar a mesa para mim,
Tay? — Jesse perguntou enquanto ele mexia a salada.
— Claro. — Taylor respondeu e pulou do banquinho que estava
sentado no balcão.
— Oh, pode mudar isso? Um vulcão entrou em erupção no Chile hoje
e quero ver o que está acontecendo. — Jesse perguntou.
— Não, foi no Havaí, e não apenas um, mas três. — Taylor disse ao
aumentar o volume da TV que estava pendurada no canto superior.
— Como vão as coisas, Dan?— Perguntou o âncora.
— Oficiais de todo o planeta estão coçando as cabeças agora,
Steve. Primeiro, tivemos Kilauea explodindo, depois Mauna Loa e Loihi. Em
seguida, Cerro Azul, no Chile, e Tarawera, na Nova Zelândia. Agora, os
relatórios chegam do Estado de Washington de que fumaça foi vista vindo do
Monte Santa Helena e Rainier começou a entrar em erupção. Um minuto atrás,
falei com Nate Gamble, do USGS, e ele me disse que agora tem relatórios do
Japão e das Filipinas. Espere um minuto, Steve.
Disse o repórter, levou a mão ao ouvido e começou a assentir.
— Acabamos de ouvir que o Monte Fuji explodiu. Repito, o Monte Fuji
explodiu. Relatórios estão dizendo que a nuvem de cinzas está atingindo mais
de três quilômetros de altura e lava cerca de um metro e seiscentos de altura
e correndo pelo lado da montanha.
— Sim, recebemos o mesmo relatório aqui no estúdio, Dan. Também
estamos recebendo relatórios de que um terremoto de magnitude 7.2 na
escala está ocorrendo agora no norte da Califórnia, e outro terremoto de 9.4
foi registrado na costa de Sumatra.
— Steve, você ainda pode me ouvir? — Perguntou Dan.
— Sim, Dan, nós ouvimos você, mas seu sinal está caindo.
— Acabamos de ouvir do USGS que uma magnitude de 9.7 atingiu
Prince William Sound no Alasca. Parece que o Anel de Fogo foi ativo...
— Perdemos nosso feed de Dan Williams, que estava se reportando a
nós ao vivo da base do Kilauea. Traremos mais atualizações após esse
intervalo comercial.
O noticiário saiu e um comercial apareceu. Taylor e Jesse ficaram
congelados, apenas olhando para a tela da TV.
— Bebê, você está bem?— Micah perguntou quando ele e alguns
outros entraram na cozinha.
— A notícia, Micah. — Jesse sussurrou em uma voz assustada.
— O que foi, bebê?
— O Anel de Fogo enlouqueceu. — Taylor disse.
— Que Anel de Fogo?— Lexi perguntou.
— O Anel de Fogo na Orla do Pacífico ao redor do Oceano Pacífico. Há
vulcões em erupção em todos os lugares e terremotos acontecendo agora. É
horrível. — Taylor disse, sem tirar os olhos da TV.
— Não pode ser tão ruim assim. Essas coisas geralmente não
acontecem de uma só vez. — Crew disse quando se sentou no balcão.
— Ssh, ssh, está de volta. — Taylor anunciou e aumentou o volume.
— Parece que agora temos dezesseis vulcões ao longo da Orla do
Pacífico que estão em erupção. Autoridades nas áreas afetadas estão pedindo
evacuações em massa. Além disso, relatórios de total devastação foram
inundações a partir dos terremotos no Alasca, Califórnia, e Sumatra. Outro de
magnitude 9.9 atingiu o Japão e 10.0 atingiu Vanuatu. Estamos à espera de
uma conferência de imprensa de emergência com George Shyler, o chefe do
USGS, que deve estar chegando nos próximos minutos. Vamos interromper a
cobertura e ir direto para a conferência quando George chegar. No momento,
iremos para outro comercial. — O repórter disse em pânico, antes da tela ser
lançada para outro comercial.
— O que diabos está acontecendo? — Micah perguntou, estupefato.

Capítulo Quatro

Nicco correu para a porta, parando quando viu Zane, Valor, Slade e
Sage vindo em sua direção.
— Gente, tenho que ir. — Anunciou enquanto passava por eles.
— Nic, o que está acontecendo? Onde é o fogo? — Perguntou Zane.
— Ouviu falar sobre todos os terremotos e vulcões ontem, certo?
— Sim, — Respondeu Slade.
— Acabei de ouvir no rádio que um furacão de categoria 5 está
correndo em direção à Florida Keys. A maldita coisa era uma tempestade
tropical ontem, mas ganhou velocidade e intensidade. Parece que será um
golpe direto nas Keys, depois atravessará o Golfo e atingirá o Texas. Preciso ir
até Dante! — Nicco gritou por cima do ombro enquanto corria. Depois de
alguns passos, teletransportou-se.
— A Guarda Costeira emitiu um alerta para todos os residentes ao
longo da costa ocidental dos Estados Unidos e costa sul do Alasca. Um tsunami
foi localizado no Pacífico e correndo em direção à costa. Avisos também foram
enviados à Rússia, China, Japão e Filipinas. Vamos mantê-lo atualizado
enquanto esta história se desenrola. Em outras notícias, os médicos da Europa
estão coçando a cabeça devido a uma doença misteriosa que vem se
espalhando pela região. Há cinco dias, apenas quatro casos foram relatados,
mas a partir desta manhã, salas de emergência em toda a Europa estão se
enchendo. O número de infectados agora é de até quinhentos. Todas as
viagens internacionais foram suspensas na região. Se você estiver com falta de
ar, aperto no peito, urticária, febre, congestão, corrimento nasal e sangue no
escarro, por favor, procure ajuda de um profissional médico imediatamente. —
Nic ouviu o anúncio da TV ao aparecer na sala de estar Dante.
— Dante! Vik! — Nicco gritou enquanto corria pela sala de estar e
seguia pelo corredor.
— Nicco! — Dante gritou de volta, e Nicco parou, virou-se e voltou de
onde veio. Quando chegou à sala de estar novamente, viu Dante, Dare e Vik
descendo as escadas com outros seis membros do coven atrás deles.
— Precisamos tirar todos vocês daqui, agora. — Disse Nicco enquanto
corria para eles.
— Nós sabemos. Somos tudo o que resta. Nós só fizemos uma
varredura de toda a casa e ilha, e todos estão contabilizados. — Respondeu
Dante.
— Todos foram à casa do conven no Santuário? — Perguntou Nicco.
— Sim, estamos enviando-os a manhã toda desde que ouvimos as
notícias. Ok, todo mundo, vamos sair daqui. — Disse Dante e pegou a mão de
Dare. Depois que teletransportou-se, os outros o seguiram.
Todos apareceram no saguão da casa do conven no Santuário, onde
Dale aguardava, junto com alguns outros membros.
Dante imediatamente foi até Dale e o puxou para seus braços,
beijando sua bochecha.
— Todo mundo está se instalando, Bello?
— Sim, todo mundo está bem e os garotos estão tirando uma soneca.
Vocês todos devem estar com fome. Jesse e Rory vieram dar uma mão na
cozinha, e Taylor, Shelby, Raffy e Noah apareceram para ajudar a todos. Micah
disse que ele e os outros estariam aqui em breve.
— Isso é ótimo, companheiro, obrigado. Ok, pessoal, digo para
comermos algo. Parece que vai ser um longo dia. — Disse Dante e se dirigiu
para a cozinha.
Nicco deu dois passos e depois ficou paralisado de incredulidade
quando ouviu uma voz que nunca imaginou que ouviria de novo.
— Nikolai?
Virando-se devagar, Nicco ergueu os olhos para a grande escadaria
na direção de onde a voz tinha vindo e, ali, parado no meio da escada, estava
o homem mais bonito que Nicco já vira, seu companheiro. Não, não mais dele,
lembrou a si mesmo. Porra, estava certo anos atrás. Sabia que Thad iria
crescer para ser um homem bonito. Passar os últimos onze anos apenas
vendo-o na TV ou em revistas não fez justiça. A forma ao vivo e em pessoa era
mil vezes melhor. Mas Nicco não podia ir lá. Amar Thad tinha sido muito
doloroso. Não, amar Thad tinha sido a melhor coisa que já tinha
experimentado em sua vida, perdê-lo foi o mais doloroso, e não podia arriscar
passar por isso novamente.
Nicco apertou a mandíbula para conter a raiva que começava a surgir
através dele.
— O que está fazendo aqui?
Thaddeus desceu mais alguns degraus, seus olhares se encontraram,
enquanto respondia:
— Vik me salvou. Bem, Harley e Falcon fizeram, mas me mandaram
para Vik.
— Claro, deveria ter adivinhado. A Califórnia está sendo destruída e
você não queria ser pego no meio da confusão. — Disse Nicco entre os dentes
cerrados. — Acho que é uma casa grande o suficiente para nos dois, até que a
ameaça passe. — E com essas últimas palavras, Nicco se virou e foi para a
cozinha para se juntar aos outros.
Entrando na cozinha, o estômago de Nicco se retorceu e a dor
percorreu seu coração quando seu olhar caiu sobre Dante sentado à mesa com
Dale em seu colo enquanto Dante se alimentava de seu companheiro. Um
vampiro se alimentando de seu companheiro deveria ser um dos momentos
mais felizes, sensuais e eróticos para ambas as partes, mas Nicco não saberia,
já que nunca teve a chance de se alimentar de seu companheiro. Caminhou
até o balcão e pegou a tigela de salada que Jesse tinha colocado lá.
— Obrigado, Nic, coloquei tudo na sala de jantar como um buffet.
Pensei que seria mais fácil para todos se servir com tanta coisa acontecendo.
— Disse Jesse.
Nicco deu a Jesse um sorriso brilhante e amigável.
— Essa é uma ótima ideia. Obrigado por toda a ajuda, Jess. — Disse
Nicco, depois se inclinou e beijou a bochecha de Jesse. Afastou-se e deu um
passo para longe, seu olhar encontrando o de Thaddeus. Nicco sorriu, depois
desviou o olhar e dirigiu-se para a sala de jantar.
Quando colocou a tigela sobre a mesa com o restante da comida e
dos pratos, um tumulto veio do foyer da frente quando a porta se abriu.
— Bem-vindo de volta à terra seca, bando de vagabundos da praia!
Então, onde é essa festa de furacões? — Nicco ouviu Lexi gritar e sorriu.
Enquanto se dirigia de volta para a cozinha, houve alguns suspiros
baixos antes de Crew declarar:
— Merda, Thad, o que você está fazendo aqui? Ou deveria te chamar
Dax Dalton agora?
A mandíbula de Nicco se apertou novamente e suas mãos se
apertaram em punhos. Alguém bateu no ombro dele, e Nicco se virou para ver
quem e encontrou o olhar preocupado de Shelby.
— Você está bem, amigo? —Shelby perguntou suavemente.
— Sim, estou bem. — Murmurou.
— Não, você não está. Posso ver isso. Se estivesse mais tenso,
poderíamos usá-lo como uma corda de violão. Vamos lá, vamos pegar alguns
pratos e encontrar um canto tranquilo. — Disse Shelby enquanto pegava dois
pratos e os carregava com comida. Assim que terminou, voltou-se para Nicco.
— Pegue alguns talheres, sim? Venha. — Shelby disse novamente e fez um
gesto com a cabeça para Nicco segui-lo.
Nicco fez o que Shelby pediu e seguiu o bonito vampiro- shapeshifter
da sala. Shelby levou-os ao escritório de Nicco e, uma vez lá dentro, fechou a
porta e sentou-se no sofá, colocando os pratos sobre a mesa de centro à sua
frente. Nicco se sentou ao lado de Shelby, e os dois comeram em silêncio.
Assim que terminaram, Shelby se virou para ele com uma expressão
séria no rosto.
— Quando você descobriu que um dos meus dons era encontrar
parceiros, lembra-se de como estava com medo de perdê-lo como amigo se
quisesse que usasse meus dons para encontrar seu companheiro e me recusei?
— Nicco deu-lhe um sorriso triste e assentiu. — Não tinha ideia, então, de que
já tinha encontrado seu companheiro, e mesmo sabendo quem ele era, e tinha
uma boa ideia de onde estava, você não quereria que o encontrasse para você.
Queria fugir de novo, se você se lembra, porque pensei que estava prestes a
perder o único amigo que tinha na época, mas você me prometeu que não
queria que encontrasse seu companheiro. O destino traria seu companheiro
quando quisesse. Quando achasse que era a hora certa. Parece que já pensou
que a hora tinha chegado e o encontrou, mas foi embora. Sei que já me
contou um pouco sobre ele desde então, mas talvez esteja de volta, está
voltando para você, é o jeito do destino de corrigir um erro? Disse que todos
precisávamos de nossos companheiros antes da batalha final, então... —
Shelby cortou, encolhendo os ombros.
Quando não obteve nada em troca de Nicco, seguiu em uma direção
diferente.
— Então, como está se sentido vendo ele de novo?
Nicco abaixou o garfo e suspirou quando se recostou no sofá. Poderia
dizer a Shelby qualquer coisa. O cara era um grande amigo, e os dois se
tornaram próximos nos últimos anos, mas ainda mais perto desde que Shelby
conheceu seu companheiro, Xander. E sabia que Shelby não desistiria até que
dissesse alguma coisa. Não acreditava que era o destino mandando Thad de
volta para ele. Aquele era Thad correndo com medo porque o mundo estava
chegando ao fim e sabia que Dante e Vik iriam protegê-lo.
— Não estava esperando entrar e encontrá-lo aqui, mas deveria
saber.
— Por que isso? Você não o viu, o que, há dez anos?
— Onze, e o vi, na TV, nas revistas, ouvi no rádio.
— É verdade, mas esta é a primeira vez desde que o deixou que o viu
pessoalmente, então por que deveria ter pensado que o veria agora? — Shelby
perguntou quando se sentou de volta.
— Com o mundo enlouquecendo agora e a Califórnia sendo atingida
por terremotos, tsunamis, deslizamentos de terra e incêndios florestais,
deveria saber que fugiria. É bom nisso. É o que faz. E onde mais se sentiria
seguro, exceto por aqui com um grupo de vampiros para protegê-lo? — Nicco
respondeu com uma voz firme.
— Então, você acha que a única razão pela qual está aqui é por causa
de toda essa merda acontecendo?
— Sim. Não consigo pensar em nenhum outro motivo. — Disse Nicco.
— Talvez quisesse vê-lo? Talvez tenha sido o destino entrando de
novo? — Disse Shelby, e Nicco pôde ouvir a esperança em sua voz.
— Duvido. Queria a vida glamorosa. Queria ser uma estrela do rock e
ele é. Não me queria, quando era apenas uma criança sem ter para onde ir,
então por que diabos iria me querer agora, que é uma celebridade famosa? —
Nicco propositalmente ignorou o comentário do Destino. Não podia nem pensar
nisso agora, ou que isso poderia ter algo a ver com Aurora. De qualquer forma,
Thad não voltou porque queria. Voltou por causa das circunstâncias sobre as
quais não tinha controle.
— Porque talvez agora seja um homem e saiba que captura fantástica
você é? Já falou com ele? Talvez tenha vindo vê-lo? Talvez com tudo
acontecendo, e estivesse com medo, e foi a primeira pessoa em quem pensou?
— Shelby supôs.
— De qualquer forma, duvido disso. — Nicco murmurou.
— Você só me contou o que aconteceu naquela época, como Thad
tinha apenas dezesseis anos quando o conheceu e estava no sistema de
assistência social humana. Mas também lembro de você ter me contado como
os dois se apaixonaram, mas sabia que não poderia ficar juntos até que
atingisse a maioridade. Mudou-se para a casa do coven quando completou
dezoito anos, certo?
— Sim. É foi assim que conheceu todo mundo. Bem, alguns dos
outros vampiros e todos os caras de Micah. Incluindo seu Xander.
— Então todo mundo sabia que era seu companheiro e que foi
embora? Merda, Nic, deve ter sido muito difícil ficar parado e ver todo mundo
encontrar seus companheiros.
— Não. Apenas Dante, Vik, Sky, Micah e Raith sabiam que Thad era
meu companheiro. Todos os outros apenas pensaram que era uma criança com
uma paixão e que Dante sentiu pena e o tomou sob sua asa. — Respondeu
Nicco.
— Então o que exatamente aconteceu? Para vir morar com você,
quero dizer? — Shelby perguntou.
Nicco olhou pela janela do outro lado da sala enquanto pensava
naquele dia.

— Feliz aniversário, Thaddeus. — Disse Nicco, feliz, ao entregar a


Thad um presente embrulhado com um grande laço.
Thad deu um sorriso triste quando aceitou o presente.
— Obrigado, Nikolai.
Nicco estendeu a mão e segurou a bochecha de Thad, fazendo-o
olhar nos olhos de Nicco.
— O que é isso, lindo? Porque está tão triste em um dia tão especial?
— Fiz dezoito anos hoje, Nikolai. Sabe o que isso significa?
Nicco sorriu.
— Sim, isso significa que agora é legalmente um adulto, e posso
finalmente fazer isso. — Nicco se inclinou e roçou os lábios em um beijo suave
em Thaddeus.
Thad suspirou quando pressionou a bochecha contra a mão de Nicco.
— Isso foi bom, e honestamente algo com o que tenho sonhado há
quase dois anos, desde aquela noite em que nos encontramos naquele beco.
— Também, companheiro. Tenho vontade de começar minha vida
com você.
— Sei que me contou tudo sobre os companheiros e o que isso
significava para o seu tipo. Adoro a ideia de um companheiro e estou muito
feliz por você ser meu, mas não sei o que fazer, Nikolai. Nunca estive com
ninguém antes de agora. E se fizer tudo errado, ou estragar isso?
Nicco deu uma risada suave, seu coração se enchendo de mais amor
por seu companheiro.
— Impossível. Não pode ser ruim entre companheiros. Sei disso de
fato. Mas... Sei que ainda é jovem e inexperiente, então mesmo que tenha
dezoito anos agora, não vou te pressionar ou te apressar. E não posso
reivindicá-lo como meu até que tenha vinte e um anos, é parte de nossas leis.
— Mas pensei ter ouvido aquele cara, Lemon, dizer ter dezoito anos?
— Perguntou Thaddeus.
Nicco riu.
— Amo que chame Lenny de Lemon, e você está certo, ele disse isso.
Mas Lenny é um shifter cavalo, e para shifters, a idade de acasalamento é de
dezoito anos, mas para vampiros, porque vivemos por tanto tempo, nossa lei é
vinte e um. Nosso rei, o pai de Dante, acredita que todos devem ter a chance
de viver um pouco e curtir um pouco, antes de decidirem acasalar por toda a
vida. Então, mesmo que queira reivindicá-lo mais do que já quis algo em
minha vida, não posso por mais três anos. Mas isso não significa que ainda não
podemos fazer outras coisas, mas apenas quando se sentir confortável o
suficiente e estiver pronto. Posso esperar por você, Thaddeus.
Thad deu um sorriso tímido.
— Obrigado, Nikolai. Não acho que estou pronto para... Bem, você
sabe. Pelo menos ainda não, mas espero estar em breve.
— Leve o tempo que precisar, companheiro. Não vou a lugar nenhum
— Prometeu Nicco, depois se inclinou e deu outro beijo carinhoso em
Thaddeus.

— Veja, sempre soube que era um bom homem, Nic. Isso foi muito
fofo. Thaddeus tem sorte de ter um companheiro tão maravilhoso quanto você.
— Disse Shelby.
— Muito bem que me fez, Shel, vendo como ele me rejeitou. — Nicco
assobiou e se levantou, e então caminhou até a janela.
— Então o que aconteceu, Nic?
Nicco olhou pela janela por um momento enquanto tentava controlar
a dor que borbulhava dentro dele. Uma vez que sentiu como se pudesse falar,
começou a contar tudo a Shelby.
— Contei sobre como nos conhecemos e como voltei ao Texas
semanalmente para vê-lo até o aniversário de dezoito anos. Depois disso, toda
vez que voltei, Thad começou a parecer quase doente. Depois de um mês,
parecia ter perdido peso, e olheiras começaram a se formar sob seus olhos.
Depois do segundo mês, achei que estava seriamente doente e morrendo.
Quando perguntei a ele sobre isso, sempre me dizia que estava trabalhando
muito e estava apenas cansado. Finalmente, depois de mais uma semana,
perguntei por que estava trabalhando tanto. Seus pais adotivos não estavam
alimentando-o? Foi quando olhou para mim com olhos tão assombrosos que
me assustaram. Depois de alguns minutos, começou a chorar e confessou-me
que, desde o seu décimo oitavo aniversário, foi libertado do sistema de adoção
e vivia nas ruas. Alguns dias teve sorte de encontrar trabalho e ganhar alguns
trocados, mas ninguém queria contratar um garoto sem lar, sem experiência.
Algumas pessoas até o olhavam como se fosse um criminoso, e tudo o que fez
foi ter idade para sair do sistema.
Nicco suspirou tristemente.
— Fiquei horrorizado quando me contou o que estava acontecendo e
triste por não ter me procurado por ajuda. Disse que achava que eu sabia. Isso
doeu mais que tudo. Que pensou que soubesse que estava vivendo nas ruas,
passando fome, e não fiz nada para ajudá-lo. Empurrei minha dor de lado e
disse a ele que estava vindo morar comigo. Realmente não dei a ele uma
opção. Apenas peguei o braço dele e o teletransportei de volta para a casa do
coven. Assim que chegamos lá, mostrei a minha suíte e fui falar com Vik e
Dante. Quando finalmente contei tudo a eles, Dante, é claro, abriu sua casa
para Thaddeus, e conseguimos acomodá-lo em seu próprio quarto, e Dante até
deu um emprego na ParaSafe, como um de seus assistentes. Tudo estava indo
muito bem. Thaddeus se encaixou perfeitamente. Todo mundo gostava dele,
ele estava feliz, eu estava feliz e o tempo passou.
O olhar de Nicco ficou distante.
— Passamos muito tempo juntos e nos apaixonamos, mas mesmo
quando Thaddeus completou dezenove anos, ainda não estava pronto para
levar nosso relacionamento ao próximo nível. Passamos muitas noites nos
amando de maneiras diferentes, mas nunca fazendo sexo com penetração.
Disse que queria esperar por isso até que pudesse reivindicá-lo corretamente.
Então, um dia, um dos clientes da ParaSafe que o ouvira cantar veio vê-lo.
Lenny, o shifter que era um dos nossos pilotos naquela época, estava tocando
um CD que Thaddeus fez de si mesmo cantando músicas de rock diferentes.
Quando o cliente entrou no carro, Lenny desligou, mas o cliente disse para
colocá-lo de volta. Ouviu o CD inteiro e pediu para falar com Dante sobre
conversar com Thaddeus. Sabia que Thaddeus tinha a voz mais incrível que já
tinha ouvido, e adorava ouvi-lo cantar, mas não tinha ideia que um grande
produtor de discos o ouviria e ofereceria um contrato. — Nicco parou de falar e
pressionou a testa no vidro frio enquanto fechava os olhos e suspirava. Sua
garganta começou a se contrair com as emoções enquanto toda a dor daquela
época em sua vida voltava. Engoliu o nó na garganta enquanto tentava se
acalmar. Depois de alguns momentos, a dor e a ansiedade desapareceram e
foram substituídas pela dormência que havia se acostumado.
— Fui um tolo, Nikolai. — Thaddeus disse atrás dele, e Nicco
endureceu.
— Você é Dax Dalton. Oi, sou Shelby. — Shelby se apresentou.
— Pode me chamar de Thad. Olá, Shelby, é um prazer conhecê-lo.
Amo o seu cabelo. — Thad respondeu.
— Obrigado. Vou sair e dar a vocês dois algum tempo sozinho. Nic,
está tudo bem com você, ou prefere que não saia? — Shelby perguntou.
Nicco suspirou pesadamente. Agora que Thaddeus estava aqui, sabia
que esse momento chegaria eventualmente, então por que não agora?
Endireitou-se, mas não se virou. Apenas olhou pela janela.
— Tudo bem, Shel, obrigado. Te ligo mais tarde.
— Ok, bochechas doces. Estou indo para o clube hoje à noite. Sage e
eu vamos fazer nosso show com os aros, se quiser dar uma passada e conferir.
— Merda, esqueci que era essa noite. — Disse Nicco ao se virar para
encarar o amigo. Seu olhar pousou em Thaddeus e trancou. — Disse que
estaria lá para dar a você e Sage meu apoio, então estarei.
— Obrigado, parceiro. Vejo você então, a menos que precise de mim
mais cedo, apenas ligue. Foi um prazer conhecê-lo, Thad. — Disse Shelby,
recolhendo os pratos e deixando-os sozinhos, fechando a porta atrás de si.
Ficaram lá em silêncio olhando um para o outro, os minutos
passando. Finalmente, após cerca de cinco minutos, Thaddeus quebrou a
conexão e se aproximou, limpando a garganta.
— Você parece bem, Nikolai.
Nicco continuou a olhá-lo por um momento e depois se virou para
encarar a janela novamente.
— Conversa fiada é algo que não preciso agora, Dax. Tenho muito
para cuidar, com tudo se transformando em merda no mundo agora.
— Ouvi. Vik me contou tudo o que está acontecendo desde que saí.
Não posso acreditar que seu mundo está no meio de uma guerra e os humanos
não têm ideia. E agora tudo isso está no noticiário. Dante disse que soava
como o fim do mundo.
— Sim. Então é por isso que está aqui? Por causa de todos os eventos
que acontecem no mundo, especialmente na Califórnia, e temia que estivesse
prestes a morrer, então veio correndo atrás de Dante para protegê-lo? — Nicco
disse calmamente, sua voz cheia de indiferença.
Ouviu um pequeno suspiro de Thaddeus e depois ouviu que havia
dado alguns passos para frente. Os sentidos de Nicco se encheram com o
cheiro de seu companheiro, e seus olhos se fecharam por vontade própria,
enquanto respirava profundamente pelo nariz, permitindo que o aroma fresco
do ar da montanha o envolvesse.
— Não. Harley me trouxe para Vik quando estávamos sendo
perseguidos por um idiota que é obcecado por mim.
Nicco olhou por cima do ombro para Thad.
— Então, é o cliente que Vik não me contou ou queria minha ajuda?
Muito inteligente dele. — Disse Nicco, depois voltou para a janela.
— Por que está sendo tão frio, Nikolai? Sei que te magoei. Sei que
estraguei tudo. Deus, como sei que estraguei tudo, mas, por favor... Não
posso lembrar de você sendo tão frio assim. — Implorou Thad.
— Se lembra da minha amiga Melinda? — Nicco perguntou enquanto
olhava pela janela.
— Era uma bruxa, certo? — Thad respondeu, sua voz mostrando sua
confusão com a mudança de assunto.
— Sim. Salvei seus filhos de um incêndio uma vez, e sempre insistiu
que me devia e ficaria para sempre em dívida comigo. Nunca quis nada dela,
mas apreciei a amizade que cresceu entre nós.
— Isso é muito gentil da sua parte, mas estou um pouco confuso. Por
que você está me dizendo isso? — Thad deu um passo mais perto.
— Porque quando me rejeitou, minha vida acabou. Não conseguia
comer. Não conseguia dormir. Não pude me alimentar. Passei todo o meu
tempo trancado no meu quarto esperando morrer.
— Nikolai, estou tão...
— Não preciso que se arrependa. Preciso que escute. — Nicco rangeu
com os dentes cerrados. De costas para Thad, continuou. — Melinda ouviu
através da videira que era Vik ou Sky, tenho certeza, e veio me ver. Implorou-
me para ir até você, implorar para voltar para mim e permitir que o
reivindicasse, mas recusei. Por mais que sua rejeição doesse, sabia que não
iria morrer. Sem reivindicar você, ainda poderia viver e me alimentar dos
outros, e se morresse, não iria. Mas o vínculo entre nós já havia começado a
se formar, embora não tivesse reivindicado você. E por causa desse vínculo,
mesmo que pudesse continuar, não queria. Então Melinda me lembrou de uma
das outras vantagens maravilhosas do vínculo, nunca seria capaz de fazer sexo
novamente. Sim, poderia me alimentar dos outros, mas não poderia fodê-los.
Nem mesmo um beijo. Então, enquanto estava em algum lugar, vivendo sua
vida, seu sonho e, provavelmente, enroscando-se em qualquer coisa que
batesse um cílio, seria amaldiçoado por ser fiel.
Ele desviou o olhar.
— Algumas semanas se passaram e Dante, Vik, Raith e Micah
estavam fora de si. Tentaram de tudo para me ajudar, mas nada funcionou.
Foi Melinda quem encontrou a resposta e me salvou. Encontrou um feitiço de
sangue que poderia executar em mim, que quebraria o vínculo que já havia
começado e tiraria minha dor. Só funcionaria porque ainda não tinha
reivindicado você. E sendo humano, não sentiria nada, mas... Libertaria-me e
me permitiria seguir em frente. A desvantagem era que nunca teria outro
companheiro. Só conseguiria uma nesta vida, e era isso.
Ele olhou duramente para Thad.
— Finalmente, depois de mais algumas semanas e todos discutindo
comigo, decidi que era a coisa certa a fazer. Vi você em uma entrevista no
TMZ, com seu namorado muito orgulhoso e ator, e os dois pareciam muito...
Aconchegantes. Mesmo que os dois negassem que houvesse alguma coisa
acontecendo entre vocês e que fossem apenas amigos, poderia ver a verdade
em seus olhos.
— Era apenas um amigo, Nikolai, juro. A gravadora não me deixaria
sair...
Nicco ignorou suas palavras e continuou falando como se Thad nunca
tivesse dito uma palavra.
— Esse foi o momento em que desisti de toda a esperança de você
voltar para mim. Mudou-se e estava transando com outros homens, então por
que não deveria ter uma vida? Então, disse a Melinda para fazer isso. E depois
que realizou o ritual, meu peito estava cheio de tanta dor que pensei que
naquele momento iria morrer. Inferno, rezei pela morte. Mas então a dor
começou a desaparecer e, quando o ritual acabou, meu coração já não doía.
Poderia pensar em você sem a tristeza me engolindo. Se te visse, essa dor de
rejeição não estava lá.
Ele deu um sorriso sem emoção.
— Estava livre do vínculo entre nós e que me seguraria na escuridão
pelo resto dos meus dias. Poderia continuar vivendo novamente. Pode ter
levado algum tempo para o meu coração partido emendar e seguir em frente,
mas o fiz. Claro, o fato de ter que ficar sentado assistindo a todos que amo
encontrar seus companheiros e sua felicidade não foi fácil, porque nunca teria
o que têm. Mas pelo menos estou vivo, certo? — Nicco zombou e então se
virou da janela, e sem olhar para Thad ou dizer outra palavra, saiu da sala.

*****
Thaddeus suspirou pesadamente quando caiu na cama. Não podia
acreditar. Estava finalmente ali, na mesma casa que Nikolai. Não era a mesma
casa que se lembrava, e seu companheiro não era tão caloroso e amoroso
como da última vez que esteve ali, mas agora que viu Nikolai, sentia como se
tivesse finalmente voltado para casa.
Todos aqueles anos nunca se sentira como se estivesse em casa.
Mesmo quando passava algumas semanas por ano em casa, num lugar chique
que comprara na costa, nunca se sentiu assim. Sempre se sentiu sozinho e
como se algo estivesse faltando. Mesmo quando estava cercado por milhares
de fãs gritando, ou em uma festa com centenas de corpos, alguns o chamando
de amigo, também se sentia sozinho.
Thaddeus sentou-se e pegou o violão que estava na cama ao lado
dele, onde o deixou antes, quando estava ali. Um dos vampiros tinha dado a
ele quando apareceram na casa do coven no santuário. Estava sentado
nervosamente neste luxuoso quarto que deram e começou a brincar com ele
quando ouviu alguns vampiros falando do lado de fora de sua porta sobre
Dante e os outros vindo se juntar a eles.
Rapidamente se levantou, esperando que Nikolai estivesse aqui para
o seu retorno, e desceu correndo as escadas para encontrá-los se
disseminando no saguão, Nikolai ao lado deles. E, deuses, parecia ainda mais
lindo do que há onze anos. Não parecia mais velho, é claro, mas parecia...
Mais maduro, refinado. Como se tivesse passado por muita coisa e tivesse uma
certa sabedoria em seus olhos.
Thad não esperava que Nikolai ficasse feliz em vê-lo, mas não
esperava a frieza que recebia também. O que foi estúpido e ingênuo dele.
Deveria ter esperado que Nikolai o expulsasse e dissesse para nunca mais
voltar. Mas claro, seu companheiro não fez isso. Mesmo que Thad pudesse ver
a tensão e dor nos olhos de Nikolai, e talvez o desejo de realmente expulsá-lo,
Nikolai não o fez. O mundo estava indo para o inferno lá fora, e Nikolai nunca
faria isso e colocaria Thad em perigo. Tão louco ou ferido como estava seu
companheiro ainda iria protegê-lo.
Thad suspirou e puxou o violão sobre a cabeça, amarrou-o no peito e,
em seguida, dedilhou levemente. Não podia acreditar no que Nikolai contara
sobre aquela bruxa amiga e como colocou um feitiço nele para que pudesse
seguir em frente. Com toda a honestidade, esperava que Nikolai o seguisse e
se recusasse a deixá-lo ir.
Nunca quis deixar Nikolai. Só queria viver uma vida. Claro, poderia
ter feito isso na casa do conven, vivendo com seu companheiro, mas queria
ver o mundo e experimentar as coisas primeiro. Queria experimentá-las com
Nikolai ao seu lado, mas sabia que seu companheiro precisava estar na
segurança de seu coven. Ouvira muitas vezes dos outros vampiros, quando
vivia com Dante, que um vampiro solitário corria o risco de se tornar selvagem
e se tornar um amaldiçoado, e Thad temia que isso acontecesse com o homem
que amava, se Nikolai tivesse vindo com ele, como tinha oferecido.
Por mais que isso machucasse os dois, sabia que tinha feito a coisa
certa mentindo para Nikolai e dizendo que não queria que fosse junto. Tteria
matado se seu companheiro sofresse de alguma forma sem estar com seu clã.
Mas, novamente, não fez a coisa certa deixando Nikolai em primeiro lugar.
Sabia agora que estar ao lado de Nikolai era o lugar que pertencia, não saindo
para ser um astro do rock e vivendo a vida como fez. Deuses, que idiota era.
Havia desistido da melhor coisa que já aconteceu por fama.
Embora no começo adorasse fazer a música e até mesmo a turnê,
ainda tinha um buraco dentro dele que nunca poderia ser preenchido. Então,
no primeiro ano, percebeu o grande erro que havia cometido. Sentia falta de
Nikolai mais do que tudo e passava muitas noites chorando até dormir,
desejando que Nikolai viesse atrás dele. Disesse a ele que ainda o amava e
não poderia ficar sem ele, mas Nikolai nunca veio.
Tantos dias ele pegou o telefone e começou a discar para Nikolai,
mas depois parou. Se Nikolai realmente o amasse e o que tinha dito sobre os
companheiros fosse verdade, então Nikolai deveria ter ido com ele, ou vir atrás
dele, mas não tinha. Então Thad desligou e jogou o celular enquanto a dor da
rejeição o cortava. Nikolai não o queria, não o amava como dizia. Se tivesse,
então, no pensamento de Thad, não deveria estar onde estava em sua vida
sozinho. Nikolai deveria estar bem ao seu lado.
Havia passado os primeiros três anos longe de Nikolai passando por
aquela turbulência, com o coração partido, antes de finalmente desistir da
esperança de que Nikolai viesse atrás dele e declarasse seu amor. Mergulhou
na música e na turnê, assim como garrafas de álcool e homens estranhos,
tentando ficar dormentes e manter a dor longe. Mas nada o fez parar de amar
Nikolai. Nada nunca trabalhou em tirar a dor. Estava sempre lá.
Thad olhou para fora e notou que a noite estava caindo e percebeu
que, apesar de Nikolai estar tão zangado com ele, teve uma sensação de paz
pela primeira vez desde que o deixou todos aqueles anos atrás. Sentiu uma
sensação de estar em casa, e realmente amou. Deuses, queria ficar. Queria
voltar para casa.
Thad desviou o olhar da janela e começou a dedilhar o violão. Uma
música bateu em sua cabeça e sorriu. Não eram as coisas de heavy metal que
as pessoas estavam acostumadas a ele cantando, e tinha certeza de que seus
fãs e a gravadora ficariam chocados se o ouvissem cantando, mas quem se
importava? Amava a música de todos os gêneros, e essa era uma que havia
cantado muitas vezes ao longo dos anos, sentado sozinho em um quarto de
hotel ou em sua casa, enquanto pensava no coven de Dante e em Nikolai.
Thaddeus começou a tocar e fechou os olhos enquanto cantava,
permitindo que as palavras fluíssem através e se tornassem ele. Falavam com
sua alma e eram exatamente como se sentia. Era como se tivesse realmente
escrito a música e derramado sua alma nela. Deixou as palavras caírem de
seus lábios e colocou tudo o que sentia dentro dele na música enquanto
começava a cantar “Casa” de Blake Shelton.
Quando terminou, apenas ficou lá em silêncio com os olhos ainda
fechados enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto. Deuses, por favor,
deixem-me voltar para casa de verdade.
O telefone na mesa de cabeceira começou a tocar e Thaddeus
suspirou quando abriu os olhos. Estendeu a mão e pegou o telefone, trazendo-
o ao ouvido, e sussurrou sua saudação.
— Olá. — Sua voz ainda estava entupida de emoção, e não conseguia
fazê-lo sair mais forte do que um sussurro.
— Olá, Dax.
A estranha voz não o pôs imediatamente em pânico, mas havia algo
na voz que o fazia cauteloso.
— Quem é?
— Não brinque comigo. Ouvi sua dor. Estarei ai em breve para te
afastar dessas pessoas e te trazer para casa como quer. Não se preocupe,
estou a caminho para te salvar. — Disse a voz, e então o telefone ficou mudo.
Thaddeus ficou sentado olhando para o telefone, horrorizado. Como
diabos esse cara sabia onde estava? Como sabia o número para ligar para ele?
E o mais importante, como diabos esse cara ainda era capaz de vê-lo? Ouvi-lo?
Precisava chegar a Viktor.
Thad deixou cair o telefone, tirou o violão da cabeça, colocou-o na
cama e saiu correndo do quarto em busca de seu companheiro.

Capítulo Cinco

Nicco andou pelo corredor e foi engolido pelo delicioso aroma de seu
companheiro. Por mais que quisesse ficar longe de Thad, havia algo dentro
dele ainda o levando diretamente ao homem, agora que ele estava aqui.
Seguiu o aroma e parou na porta fechada de um dos quartos de hóspedes.
Tudo estava quieto por dentro, mas sabia que Thad estava lá. Podia ouvir seu
batimento cardíaco. Houve alguns barulhos e então um violão começou a tocar
suavemente. Nicco se inclinou para mais perto para ouvir e ficou chocado
quando ouviu a voz suave de Thad cantando uma música country em vez das
coisas pesadas que normalmente tocava.
Ficou ainda mais chocado ao ouvir a dor na voz de Thad enquanto
cantava. Podia ouvir a necessidade e a súplica na voz de seu companheiro
enquanto cantava mais alto o refrão. Apenas pela angústia que ouviu,
especialmente durante certas palavras, Nicco sabia que Thad não estava
falando de volta para a Califórnia e sua carreira. Seu companheiro queria
voltar para casa, e isso era aqui. O coração de Nicco se apertou em seu peito,
percebendo que Thad pensava no coven como sua casa.
Um telefone tocou, invadindo seus pensamentos. Nicco se endireitou
e enxugou as lágrimas dos olhos. Precisava sair dali. Precisava pensar. Shelby
e Sage fariam o que quer que fosse essa noite, e isso seria uma grande
distração.
Nicco se afastou da porta de Thad e dirigiu-se para seus aposentos.
Uma vez lá dentro, foi para a cama e sentou-se na beirada, enquanto as
lembranças mais uma vez o agrediam.

*****
— Nikolai! Nikolai! — Thad gritou excitado enquanto corria pela casa.
Sua voz ficou mais alta quando se aproximou da cozinha onde Nicco estava
sentado com Dante, Vik e Sky.
Nicco levantou-se rapidamente e deu um passo em direção à porta,
quando Thad entrou correndo, com um enorme sorriso no rosto. Nicco relaxou,
percebendo que não havia perigo. Seu companheiro estava feliz, e ele amava o
sorriso no rosto de Thad. Era tão brilhante e seus olhos estavam tão cheios de
excitação.
— O que foi, doçura? — Nicco perguntou quando Thad correu para
ele.
Thad se jogou nos braços de Nicco, abraçando-o com força enquanto
ria.
— Ele acha que posso cantar.
Nicco envolveu seus braços em volta de seu companheiro,
abraçando-o enquanto ele perguntava:
— Claro que pode cantar, doçura. Você tem uma voz incrível. Mas
quem pensa que pode cantar?
Thad recostou-se e seus olhares se encontraram.
— Sam Lechy, o cara da gravadora. Ele estava no escritório e me
pediu para cantar para ele. Eu estava muito nervoso em cantar para um
estranho, sabe? E não tinha nenhuma música para me apoiar, então tive que
cantar à Capela4, mas uma vez que comecei a cantar, o nervoso simplesmente
sumiu. Fechei os olhos e fingi que estava cantando no meu quarto apenas para
você e deixei as palavras fluírem, e ele gostou. Ele disse que eu tinha uma
ótima voz para rock pesado, e ele quer me contratar, Nikolai. Isso não é
ótimo?
— Esse homem apenas apareceu no escritório da ParaSafe e pediu
para você cantar? — Perguntou Dante, e Nicco pôde ouvir a preocupação em
sua voz.
Os dois se viraram para olhar para Dante. Nicco percebeu o olhar
preocupado que ele e Vik davam um ao outro, e ele não podia concordar mais.
Algo não estava somando. Nenhum produtor de discos, mesmo que estivesse
interessado, aparecia no local de trabalho de alguém inesperadamente e pedia
que cantasse. Normalmente, havia um protocolo com essas coisas. Claro, ele
não tinha ideia sobre a indústria da música, exceto o que ele pegou de alguns
clientes com quem tinha trabalhado, mas não se lembrava de terem feito isso.
Pelo que vira nas poucas vezes em que tinha uma dessas pessoas como
cliente, à gravadora interessada ligava para a empresa para marcar uma
reunião. Dava a pessoa algum tempo para se preparar. Algo sobre isso soou
errado para ele.
Ele os moveu para a cadeira da qual acabara de se levantar e sentou-
se, colocando Thad no colo enquanto respondia a Dante.
— Sim. Eu estava em seu escritório, arquivando os papéis que você
me pediu, quando Dante e Lemon entraram e disseram que Sam ligou para ele
e disse que estava na cidade para uma reunião e estava voltando para a
Califórnia, mas ele tinha uma hora antes de ir ao aeroporto para pegar o voo e
queria dar uma passada e falar comigo. Lemon disse que Sam estava a

4
Expressão de origem italiana, significa canto sem acompanhamento instrumental.
caminho e deveria estar lá em breve. Então, rapidamente me dirigi ao
banheiro para me certificar de que estava apresentável e, quando saí, Sam
estava ali conversando com Lemon. Fizeram algum tipo de piada tola sobre eu
praticar no banheiro por causa da acústica estar melhor. Então me perguntou
se havia uma música favorita para cantar ali. Minha mente ficou
completamente em branco. Quando estava no banheiro, estava pensando que
se ele me convidasse para uma reunião em Cali, o que iria cantar, mas no
momento em que ele me perguntou, todo pensamento se foi. Em seguida,
Lemon sugeriu que eu cantasse “Onde quer que você vá” do The Calling.
Cantei essa música a maior parte do dia. Você sabe quando uma música fica
presa na sua cabeça? Bem, essa ficou presa na minha o dia todo, então pensei
“Que diabos?”. Quando terminei, Sam disse que eu cantava como Alex Band.
— E quem é Alex Band? — Vik perguntou.
— Ele é o vocalista do The Calling. Sam disse que parecia como ele,
mas com um pouco de Chad Kroeger do Nickelback misturado, e queria me
contratar. Disse que eu poderia ser uma estrela. — Thad respondeu muito
animado.
— “Onde quer que você vá”? Não é essa a música que você tem
cantado o dia todo, Nic? — Sky perguntou.
Nicco sorriu tristemente.
— Sim. Essa era a música que tocava no rádio quando meu alarme
tocou, e eu estava cantando no chuveiro.
Thad olhou para ele com um grande sorriso.
— Está certo. Eu me lembro de ouvir você cantar. Talvez seja por isso
que ficou presa na minha cabeça o dia todo também? Uau, engraçado como
essas coisas funcionam, né?
— Sim, engraçado. — Nicco murmurou e olhou para Vik, depois para
Dante. Podia ver a mesma preocupação nos olhos deles assim como sabia que
também estava em seus próprios olhos. Uma sensação de mau presságio e
perda tomou conta dele. De alguma forma, sabia que esse momento mudaria
sua vida para sempre, e ele não achava que seria de uma boa maneira.
Se soubesse então que aquela música iria ficar na sua cabeça por
anos e o assombraria até hoje.

*****
Thad estava sentado no escritório de Dante, com o joelho quicando
um quilômetro por minuto enquanto esperavam para ouvir Vik e um cara
chamado Evan. Dante sentou-se em silêncio, lendo algo de uma pasta em sua
mesa, e Thad não conseguia entender como o homem podia estar tão calmo.
Esse estranho, ou quem quer que fosse, continuava a encontrá-lo, e não
apenas isso, mas agora ele ligava para a casa do coven. Para o seu quarto,
sendo mais exato. Como diabos ele estava fazendo isso?
— Relaxe, Dax. Vik estará de volta em um minuto da conversa com
Evan. — Dante disse, sem levantar os olhos de seus papéis.
Thad suspirou.
— Como diabos posso relaxar quando este idiota está lá fora em
algum lugar e agora sabe que estou aqui e liga direto para o meu quarto? E
por favor, Dante, por favor, pare de me chamar de Dax. Odeio esse nome. —
Thad respondeu, e então se levantou e atravessou a sala até a estante de
livros.
Ele ouviu o arrastar de papéis antes que Dante dissesse:
— Sei que isso é difícil, Thaddeus, mas Evan é um dos melhores caras
de TI que conheço. Se alguém estiver à espreita nos arredores do coven, Evan
o encontrará nos vídeos de vigilância. E ele também está tentando rastrear de
onde veio essa ligação. Vik estará de volta em breve.
Thad suspirou de novo enquanto esfregava a nuca e examinava os
livros à sua frente. Enquanto seu olhar varria as lombadas, uma fileira de
livros chamou sua atenção, e Thad sorriu ao se aproximar e puxar um da
prateleira.
— Jamais te imaginaria como um leitor de romance erótico gay,
Dante. — Thad disse com diversão quando se virou.
Dante levantou os olhos do arquivo e deu-lhe um sorriso brilhante.
— Normalmente não, mas li cada um desses livros.
— Estrelou em um par também, se bem me lembro. — Disse Dare
com um sorriso travesso enquanto entrava no quarto e foi direto para Dante e
lhe deu um beijo.
— Mmm, sim, eu me lembro bem disso. — Respondeu Dante, e Thad
quis rir porque o rei vampiro parecia estar ronronando quando disse isso.
— Atuou em alguns? O que isso significa? — Thad perguntou.
— Esses livros foram escritos por D. Shaw-Calabrese, nosso
companheiro maravilhoso. — Respondeu Dante.
As sobrancelhas de Thad se levantaram surpresas.
— Dale?
— Sim. — Disse Dare quando se sentou no braço da cadeira de
Dante. — Nosso Dale é talentoso como o inferno. Você já os leu?
Thad podia sentir suas bochechas esquentando. Inferno, sim, ele os
leu, toda chance que teve enquanto estava fora na estrada. Estes livros foram
a única coisa que o manteve são no último ano e meio.
— Só de corar, teria que dizer que a resposta foi sim. — Disse Dante
com uma risada.
— Amo D. Shaw-Calabrese. Comprei todos os livros que escreveu, no
meu Kindle. Ficar sentado por horas em um ônibus de turnê com um monte de
idiotas que realmente não suportava deu-me muito tempo livre. Meu
empresário, Jonas, me mostrou o primeiro e achei que ele era insano, mas foi
muito bom.
— Vamos deixar Dale saber que ele tem um fã. — Respondeu Dare.
Só então Vik apareceu e olhou para ele, depois para Dante e seu
companheiro.
— Evan passou um pente fino por todo o vídeo e nada. A única coisa
que ele viu e que chamou a sua atenção foi que há uma parte que parece ter
sido pulada, mas ele disse que isso poderia ser qualquer coisa. — Vik disse
enquanto andava até a mesa de Dante e deixou alguma coisa sobre ela.
— E o telefone? — Dare perguntou.
— Nada ainda. Evan tem algum tipo de sistema em seu computador
para rastrear chamadas, mas porque era depois do ocorrido, ele disse que era
quase impossível rastreá-la. Porém ele checou a companhia telefônica para
qualquer telefonema que tivesse entrado na casa naquela hora, e não havia
nenhum. — Disse Vik.
— O quê? O que você quer dizer com não houve nenhum? — Thad
retrucou. Ele se virou e colocou o livro de volta em seu lugar, depois os
encarou novamente.
— Sinto muito, Thad, mas não mostrou nenhuma chamada na casa
nos últimos dias. Com todo mundo tendo celulares agora, o telefone fixo não
recebe muitas ligações. — Respondeu Vik.
Thad deu mais alguns passos, dizendo em uma voz suplicante:
— Não estou mentindo, Vik, Dante. Juro que o telefone tocou, e
quando atendi, era ele. Disse que estava vindo em breve.
Thad sentiu como se todo o seu mundo estivesse prestes a
desmoronar. Este bastardo continuava a encontrá-lo, e agora que finalmente
estava de volta em casa, e Nikolai estava bem aqui, ele poderia ter que fugir
de novo, e qualquer chance que pudesse ter com seu companheiro estaria
perdida para sempre. Não havia como Nikolai o perdoar por partir de novo.
Thad se sentou e cobriu o rosto enquanto as lágrimas queimavam a
parte de trás de seus olhos. Deuses, ele só queria voltar para casa e ficar. Este
era o único lar verdadeiro que já tivera. Só queria seu companheiro. Isso era
pedir demais? Sim, cometera um erro idiota quando era mais jovem, mas por
que deveria continuar pagando por isso? Ele faria o que fosse necessário para
conseguir que Nikolai o perdoasse. Rastejaria de joelhos e imploraria se seu
companheiro o perdoasse e o aceitasse de volta.
Uma mão tocou seu ombro, mas Thad não conseguia olhar para
nenhum desses homens fortes. Eles pensariam que ele era um bichano e fraco
se o vissem chorando.
— Não achamos que você está mentindo, Thad, o que significa que
algo muito estranho está acontecendo por aqui, e precisamos descobrir o que
é. — Disse Vik.
— Vou chamar alguns dos meus dragões e fazê-los começar a
patrulhar os terrenos acima. — Disse Dare, e depois Thad ouviu os pés se
arrastarem.
— Vou ligar para Evan e ver se ele pensa em outra coisa. Ele disse
que continuaria tentando. Também tenho o cara de tecnologia no centro de
treinamento verificando as coisas também. Voltarei em breve. — Disse Vik.
Então Thad ouviu mais barulhos, e sabia que ele e Dante estavam
sozinhos novamente.
— Vamos fazer o que for preciso para mantê-lo em segurança,
Thaddeus. — Prometeu Dante.
Sabia que iriam fazer isso, mas a essa altura, o que mais poderia
fazer? Poderia ficar e ver se esse idiota viria atrás dele e depois? Ele levaria
Thad embora e o manteria contra sua vontade? Ele machucaria as pessoas ali
para chegar até ele? Não podia deixar ninguém aqui ser prejudicado. Amava
Dante, Vik e alguns dos outros como família. Falcon e Harley eram bons
amigos e depois havia seu companheiro. Não podia deixar Nikolai se machucar
por causa dele. Então só restaria fugir, mas para onde iria? Esse cara parecia
saber onde ele estava em todos os momentos. Além disso, havia o fato de que
o mundo estava se transformando em uma merda.
Um pensamento o atingiu, e a cabeça de Thad se ergueu, seu olhar
encontrou o de Dante.
— Quem poderia fazer algo assim e esconder-se?
— O quê?
— Quem poderia sempre saber onde estou e entrar em contato
comigo usando um telefone que ele não deveria conhecer e então cobrir a
chamada? Alguém no coven? Na ParaSafe? Ou talvez um paranormal? — Thad
perguntou animadamente.
Uma das sobrancelhas de Dante se levantou.
— Essa é uma boa possibilidade. Duvido que seja algum dos meus
vampiros ou alguém no ParaSafe, mas um paranormal... Talvez.
— Então, temos que descobrir qual tipo e como pará-lo, certo?
— Sim, mas vamos cuidar disso, Thad. Temos poderes, e mesmo sem
eles, somos vampiros ferozes. — Respondeu Dante.
Thad se levantou e se aproximou da mesa de Dante, e o rei dos
vampiros apenas olhou para ele, os cotovelos apoiados na cadeira, as mãos
entrelaçadas e os dedos entrelaçados.
— Transforme-me. — Thad sussurrou.
— O quê? — Perguntou Dante, surpreso.
— Transforme-me. Faça de mim um de vocês. — Repetiu Thad.
— Por que isso agora, Thad? Por que quer ser transformado?
— Para que eu possa me proteger contra esse cara, e também para
que... Nikolai saiba que estou falando sério. Se você me mudar, então eu teria
que ficar aqui como quero, e não poderia voltar. Olhe, Dante, sei que o magoei
onze anos atrás, mas me machuquei muito. E, sim, realmente não entendo a
profundidade dessa dor porque não sou um de vocês e não fui criado para
saber tudo sobre os companheiros, e eu era jovem. Vivi toda a minha vida
preso sob o polegar de alguém, feito para fazer tudo o que não queria fazer.
Eu queria viver um pouco, fazer minhas próprias escolhas, minhas próprias
decisões. Nunca quis machucar Nikolai, certamente você deve saber disso,
certo? Nunca quis deixá-lo. Eu... — Thad parou e olhou para baixo, segurando
a borda da mesa de Dante.
— Queria que ele corresse atrás de você, não é? — Perguntou Dante.
Thad assentiu e engoliu em seco.
— Nunca quis deixá-lo ir, mas estava com tanto medo de que ele
ficasse desonesto ou feroz. Sky e Lemon falaram sobre isso acontecer com a
sua espécie se você fosse tirado do seu coven e saísse por conta própria, e eu
não poderia pedir a Nikolai para desistir de sua vida aqui.
Thad recuou e voltou a sentar no banco.
— Nunca tive nada para chamar de meu, Dante. Nada. Nem mesmo
uma camisa ou uma calça. Então Nikolai entrou na minha vida e... finalmente
tive alguém que se importava comigo. Tinha alguém que me apoiaria e me
encorajaria. Mas fui tão idiota, Dante. — Sussurrou Thad, com a voz tensa de
emoção.
— Passei todos esses anos sentindo a falta dele. Querendo que ele me
encontrasse. Para me dizer que ainda me amava. Sei agora que isso foi tudo
um jogo tolo que eu estava jogando, mas na época não tinha ideia que
perderia ele e todos vocês. Não tinha ninguém para me ensinar essas coisas.
Para me dizer que não se brinca com o coração de alguém assim. Não queria
fazer isso, machucá-lo. Fiquei rezando para que ele me parasse. Para que
viesse atrás de mim e me pedisse para não ir. E quando ele não veio...
— Isso machucou. Fez você pensar que ele não te amava ou que não
se importava com você do jeito que pensou que ele amava. — Dante terminou
seus pensamentos.
Thad assentiu quando um soluço escapou.
— Não percebi então que o que ele estava fazendo era exatamente o
que eu estava fazendo. Não podia pedir a ele para desistir de sua vida aqui por
mim e arriscar que se ressentisse de mim, e ele não poderia me pedir para
ficar e me fazer acabar me ressentindo com ele. Agora que o encontrei
novamente, não quero nunca deixá-lo ir. Não quero essa vida, Dante. Eu o
quero. Eu o amo. Nunca deixei de amá-lo. Posso ter ficado lá fora no mundo,
mas não passou um dia em que não pensasse nele, sentisse sua falta ou
desejasse tê-lo ao meu lado. E agora ele não acredita em mim. Quero que me
transforme para que ele saiba que o quero. Que finalmente estou pronto para
ser dele e estar ao seu lado, para sempre.
— Você não precisa ser transformado por nada disso, Thaddeus. Os
paranormais podem acasalar com humanos ou qualquer outra espécie. Você
não precisa ser um de nós para Nicco reivindicá-lo. Mas acho que precisa
contar a ele tudo o que acabou de me contar. Não posso prometer que isso vai
mudar alguma coisa, mas contar não vai doer. E algo me diz que, mesmo que
Nicco tenha colocado esse feitiço nele, agora que está aqui, ele pode começar
a ter dificuldade em ficar longe.
Thad passou as mãos pelos cabelos.
— Se ao menos ele falasse comigo. Eu tentei. Estava disposto a dizer
tudo isso para ele. Implorar se precisasse, mas ele não quis ouvir. Deuses, só
queria que ele me ouvisse. Gostaria que me perdoasse e me aceitasse de
volta. Sinto tanto a falta dele que não consigo respirar a maior parte do
tempo. Queria que Nikolai me quisesse novamente.
Um ruído crepitante soou de um dos cantos e começou a ficar mais
alto. Thad e Dante olharam de onde estava vindo. De repente, houve um
estalo alto e um homem ficou parado ali. Dante pulou da cadeira e correu em
volta da mesa para ficar entre o estranho e Thad.
— Quem é você e como entrou aqui? — Exigiu Dante com uma voz
tão feroz e mortal que até Thad estava com medo.
O homem sorriu e colocou as palmas das mãos sobre o peito,
acotovelou-se e assentiu enquanto respondia.
— Sou Nobin, e vim pelo meu irmão.
Thad se levantou e esticou o pescoço para olhar o homem. Ele usava
um vestido azul pastel, de aparência estranha, que caía até os joelhos, como o
tipo que ele tinha visto nos homens do Oriente Médio usando joias
extravagantes no pescoço, na frente e nos punhos, com calça branca por baixo
e um lenço de seda branco pendurado no pescoço na frente. Também usava
um monte de colares de ouro e anéis nos dedos, bem como nos dedos dos pés
descalços. Nobin tinha cerca de um metro e setenta, talvez setenta e dois
quilos, com pele morena e longos cabelos castanhos. Quando olhou para cima
e seus olhares se encontraram, Thaddeus engasgou quando viu que Nobin
tinha olhos prateados.
— Quem é seu irmão? — Perguntou Dante.
Nobin sorriu para ele quando disse:
— Eakul.
Dante suspirou.
— E quem é Eakul? Não temos ninguém aqui com esse nome.
— Não. Você o chama por um nome diferente. Dois na verdade. Mas
meu irmãozinho está atrás de você. — Nobin anunciou e apontou para Thad e
disse: — Eakul.
Ele não viu quando o quarto de repente começou a girar e escurecer.
Thad sentiu-se cair, depois parou de repente quando bateu em algo duro, mas
instantaneamente as luzes se apagaram.

*****
— No noticiário mundial de hoje, imagens angustiantes estão saindo
da Zâmbia agora, onde parece que um grupo de insurgentes da guerrilha
começou a massacrar os funcionários do governo zambiano. Até o momento,
chegam notícias de que pode haver mais de cinquenta, dentre os cento e
cinquenta membros da Assembleia Nacional do país, que foram arrastados de
suas casas e mortos nas ruas. Ainda estamos à espera de notícias do
Presidente da Zâmbia confirmando estes relatórios. Em outras notícias, a
tempestade tropical Inago ganhou poder extremo durante a noite e nas
últimas quatorze horas saltou de uma tempestade tropical para um tufão da
categoria 5, e está atravessando a bacia do noroeste do Pacífico. Os
meteorologistas estão de olho nesta tempestade para rastrear quem será
afetado e quão severa será a tempestade quando ela for atingida. E um novo
sistema de três ciclones tropicais se formou sobre o Oceano Pacífico, e cada
um deles está ganhando velocidade e gravidade enquanto viajam pelas águas
mais quentes em direção às Filipinas.
— Mais? — Perguntou Dale quando ele e Adam entraram na cozinha
para encontrar Falcon e Harley assistindo ao noticiário.
— Sim, o mundo está desmoronando, e desmoronando aos nossos
pés. Há também um surto de tornados no meio do país, um na Irlanda, um na
Inglaterra e dois na França. — Respondeu Falcon.
— Oh, não, algum desses é perto de onde você é, Harley? — Adam
perguntou.
— Sim. Um pousou bem nos arredores de Dublin. Estou tentando falar
com minha irmã há uma hora, mas não consegui ainda. Não posso alcançar
ninguém em meu antigo coven também.
— Ah, não. Vou pedir a Dante que ligue para lá. — Disse Dale em
pânico.
— Obrigado, Dale, mas sei que Dante já tem muito em seu prato.
Quando ele conseguir um momento livre, talvez?
— Vou perguntar a ele imediatamente e ver quando consegue isso.
— Obrigado, Dale.
— Então, o que está acontecendo na costa oeste? Estavam falando
sobre pessoas da Califórnia, Oregon e Washington tentando sair dessas áreas
para estados vizinhos. Há alguma informação? — Adam perguntou.
— Infelizmente, sim. A maioria das pessoas que está fora desse
caminho, está desaparecida ou morta. Não são muitos os que estão chegando
aos outros estados. O presidente enviou helicópteros da Guarda Nacional para
procurar qualquer um, mas até agora são muitos corpos. A maioria das
pessoas morreu no terremoto, no tsunami ou nos deslizamentos de terra. —
Respondeu Falcon.
— Eles têm alguma ideia de quantos podem estar... mortos? — Adam
perguntou.
— Não é um número exato. Estão supondo milhões em todo o país e
uns cem milhões ao redor do mundo com tudo acontecendo.
— Oh, meus Deuses. Nunca pensei que veria algo assim. Não sei o
que fazer ou o que dizer. O que podemos fazer? — Dale perguntou enquanto
lágrimas corriam pelo seu rosto.
— E os paranormais? Micah e os outros conseguiram alcançar alguém
nas áreas afetadas? — Adam perguntou.
— Alguns que escaparam estão indo para o interior. Micah também
conseguiu falar com Tempest, e ele está reunindo todos os seus membros do
coven, e aparecerão aqui em algum momento hoje. Entre nós, Micah, Storm,
Ryland e as instalações de treinamento, Micah está planejando colocar todo
mundo dentro. — Respondeu Falcon.
— O que está acontecendo lá embaixo? — Perguntou Dale.
— Outro terremoto abalou o México e a Venezuela. Cada um deles foi
atingido por um 10.0. O que causou outro tsunami que rolou pelo Golfo, e
todos os estados do sul foram atingidos. O lago Pontchartrain está agora em
Nova Orleans — Disse Falcon.
— Precisamos ter mais quartos prontos e muito mais. Alguém pediu
alguma coisa? — Perguntou Dale.
— Micah disse que tem alguns dos caras correndo para os
fornecedores agora e vão trazer as coisas para cá. Além disso, Jesse ligou para
o grande mercado da cidade vizinha e pediu que enviassem toda a maldita loja
há alguns dias. Então ele ligou para alguns desses fornecedores e pediu que
fizessem uma rápida entrega àquela loja para preencher o mercado novamente
para os outros. — Respondeu Harley.
— Precisamos fazer uma lista das coisas que precisaremos. O que
vocês estão fazendo agora? — Dale perguntou.
— Esperando por Dante. Ele está conversando com Dax. Assim que
ele nos der a palavra, talvez tenhamos que sair daqui, mas você nos tem à sua
disposição até lá. — Disse Harley.
— Não, esperem aqui por Dante, e se precisarmos de vocês,
chamaremos. Adam e eu vamos ligar para Jesse e ver o que precisamos e
fazer algumas listas.
— Filho da puta! — Falcon assobiou.
— O quê? — Adam e Dale perguntaram.
— Olhem. — Disse ele, apontando para a TV. — Mais dois terremotos
na Europa. A Grécia está em caos, e a Itália parece ter sido varrida do mapa.
Todos os líderes mundiais acabaram com todas as formas de viagem. Não está
sendo permitido transitar entre países em qualquer lugar.
— Esperem, aquele aviso na parte inferior da tela apenas diz mais de
um milhão de mortos daquela gripe ou vírus ou o que quer que seja? — Adam
perguntou.
— Sim. Essa é uma das razões pelas quais proibiram todas as viagens
internacionais. — Respondeu Falcon.
— Merda. Precisamos nos mexer. Obrigado rapazes. Vamos, Adam. —
Dale disse e agarrou o braço de Adam.
— Dale, o que você vai fazer com os bebês? — Adam perguntou
enquanto saíam da cozinha.

*****
Porra, realmente tinha a esperança de sair e tentar aproveitar uma
noite longe de toda a loucura, mas agora parecia que estava todo vestido sem
nenhum lugar para ir. Também poderia mudar, pensou Nicco enquanto virava
para o armário.
Uma batida na porta o tirou de seus pensamentos quando foi abri-la.
Nicco abriu a porta para encontrar Vik ali, e o rosto de seu melhor amigo
parecia sombrio.
— O que foi, Vik? O que está errado?
— É Thaddeus. Precisamos que venha ao escritório de Dante
imediatamente.
Nicco suspirou pesadamente e passou a mão pelo cabelo enquanto se
afastava da porta.
— Olhe, Vik, entendo por que não me ligou para lidar com esse caso
de celebridade, e por que nem sequer me disse nada sobre isso. — Nicco
sentou-se no sofá e olhou para Vik, que o seguiu para dentro. — Vamos
continuar assim, ok?
Vik sentou na cadeira em frente a ele e se inclinou para frente, com
os cotovelos nos joelhos.
— Olha, Nic, sei o que passou quando Thad foi embora. Sei o quanto
doeu quando ele partiu, mas ele nunca realmente rejeitou você. Ele... — Viktor
levantou a mão, parando Nicco quando parecia que iria interrompê-lo. — Ele
nunca te rejeitou, Nic. Disse que queria sair para o mundo e viver um pouco
antes de assumir um compromisso tão grande. Queria experimentar a vida
primeiro e crescer. Sei que foi uma droga e uma droga pior ainda agora que
ele está aqui, mas ele não é mais uma criança, Nicco. É um homem adulto que
sabe o que quer, e isso não é mais sua vida. Ele quer uma casa e uma família.
Ele quer você.
— Então eu deveria aceitá-lo novamente? — Nicco perguntou com
raiva quando pulou do seu lugar e se afastou. — Agora que decidiu que me
quer, deveria me derreter a seus pés e dizer: 'Ah, ok. Obrigado por lembrar de
mim’. Bem, não posso fazer isso, Vik. E ele realmente não voltou para mim
agora, não é? Está sendo perseguido por algum idiota e contratou a ParaSafe
para protegê-lo. Por causa das circunstâncias que não tinha controle, não foi
nenhuma decisão tomada, que acabou voltando para cá. Não escolheu estar
aqui.
— Isso está parcialmente certo. — Disse Vik enquanto se levantava e
encarava Nicco. — Um: ele não contratou ParaSafe, foi seu empresário. Thad
não tinha ideia de onde vinham seus guardas. Eu lhes disse para não
mencionar que eram da ParaSafe. Dois: você está certo. Ele não tinha controle
sobre onde o levavam, ou que o último lugar que parecia ser o mais seguro
para ele era o coven. Os caras o mudavam tantas vezes porque esse bastardo
maluco continuava encontrando ele. Mas parou para pensar como isso é
possível? Ninguém deveria ser capaz de encontrá-los em qualquer uma das
nossas casas de segurança, então como esse cara fez isso? Eu disse a Harley e
Falcon que, se precisassem se mudar de novo, o melhor lugar seria a casa do
coven. Quando o filho da puta os encontrou novamente, pegaram Thad e
saíram, e esse cara os perseguiu, atirando neles desde o momento em que
saíram da casa. Eles pularam no carro e arriscaram suas vidas. Quando
conseguiram um momento seguro para extraí-lo, Harley se teletransportou de
um carro em alta velocidade com Thad, enquanto Falcon e Colby ficaram para
trás para lidar com quem quer que fosse. Mas você sabe o que aconteceu?
Nicco virou-se para olhar para Vik, as sobrancelhas franzidas e os
olhos confusos, enquanto balançava a cabeça.
— Nada disso parece certo.
— Exatamente. Quando Harley desapareceu com Thad e o trouxe
para mim, o cara que perseguia Falcon e Colby no carro de repente
desapareceu. Eu disse a Falcon para dirigir em uma área industrial para
despistá-lo, mas no segundo em que Thad estava fora do carro, Falcon disse
que o tiroteio parou e quando ele olhou para trás, o carro que os seguia se foi.
Apenas poof, foi. Então, o que isso parece para você?
— É algum tipo de paranormal, obviamente. — Declarou Nic.
— Sim, mas que tipo? Você conhece alguém que poderia fazer tudo
isso, porque tenho feito o meu maldito cérebro pensar para descobrir isso.
Alguém que sabia exatamente onde estávamos escondidos em todos os
momentos e ainda podia vê-lo, mesmo que ele estivesse em uma casa segura?
Esse cara também poderia ligar para ele, não importa quantas vezes
mudávamos o celular dele. Então trouxemos Thad para cá com pressa para
fugir da ilha por segurança. Ele não tem celular agora, mas esse cara liga para
a casa na linha exata que entra no quarto que a gente deu para Thad e ainda
consegue vê-lo? Como isso é possível? Verificamos todas as câmeras, e Evan
verificou os registros dos telefones e nenhuma chamada entrou na casa por
mais de três dias. Então, como isso está acontecendo? E agora um cara
estranho aparece no escritório de Dante, onde ele e Thad estão conversando, e
afirma que Thad é seu irmão e Thad cai como um peso de chumbo.
— O que? O que você quer dizer com esse cara ligou para ele aqui? E
quem diabos apareceu no escritório de Dante? — Perguntou Nicco com raiva. O
que diabos está acontecendo aqui? Vik estava certo. Ninguém deveria ter sido
capaz de rastreá-los em qualquer um dos esconderijos ou ligar para ele no
celular pré-pago que Falcon e Harley deram a Thad. Agora isso. Quem diabos é
esse cara? Nic se virou para encarar Viktor, seu coração batendo no peito com
um novo pânico. — Espere, disse que Thad está desmaiado?
— Sim. Esse cara aparece e anuncia que Thad é seu irmão, Eakul, e
Thad cai no chão inconsciente. Aaron, Jesse e Noah estão com ele agora
tentando descobrir o que há de errado com ele.
— Merda! — Nicco resmungou e foi para a porta, com Vik em seus
calcanhares.

Capítulo Seis

Nicco correu para o quarto e parou ao pé da cama. Thad estava


deitado imóvel, o peito subindo e descendo suavemente. Jesse, Noah e Aaron
o cercaram. Assim que o notaram, Jesse se virou e deu-lhe um sorriso triste.
— Até onde podemos dizer, ele está bem, apenas inconsciente. —
Disse Jesse.
— Ele foi ferido de alguma forma? — Nic perguntou, seu olhar
permanecendo em Thad.
— Exceto pelo caroço que tinha na cabeça por bateu no chão, nada.
— Jesse respondeu.
— É isso que o mantem desacordado? — Perguntou Nic.
— Não, Noah curou isso imediatamente. Não temos certeza porque
ainda está desacordado. Mas é mais como se estivesse dormindo.
— Dormindo profundamente. — Afirmou Noah.
As sobrancelhas de Nicco se arquearam.
— Tipo, como um coma?
Aaron se levantou e olhou para ele.
— Não, não é um coma. Ele realmente está apenas dormindo. É um
sono forte como nunca vi antes, mas está apenas dormindo.
— Liguei para Cass e perguntei se Kia poderia vir imediatamente. Ele
o está trazendo agora. — Disse Jesse.
— Ok, bom. Obrigado. Talvez consiga fazer sua coisa de
sonambulismo e descobrir o que está acontecendo. — Respondeu Nic.
— É isso que esperamos. — Disse Jesse.
— Onde estão os outros? Onde está esse cara que Vik falou? — Nic
perguntou.
— Dante e o conselho estão em seu escritório com ele. Estava
prestes a entrar lá para dar uma atualização sobre a condição de Thad e
descobrir quem ele é. Por que não vem comigo; Aaron e Noah ficarão com
Thad e nos avisarão quando Cass, Shay e Kia chegarem aqui? — Jesse propôs
quando se aproximou de Nic.
— Sim. Essa é uma boa ideia. Obrigado a todos. — Disse Nic
distraidamente, ainda com o olhar fixo no rosto de Thad.
Jesse agarrou seu braço e gentilmente o levou do quarto. Foram até
o escritório de Dante e, quando entraram, notou todo o conselho lá, assim
como Lúcifer e Viktor. Do outro lado da sala, sentado no chão com as pernas
cruzadas e as mãos sobre o peito, as palmas das mãos juntas e os olhos
fechados, estava um homenzinho estranho, com longos cabelos castanhos.
Nicco manteve a atenção no homem enquanto Jesse explicava a condição de
Thad para eles.
— Ele dormirá por vinte e quatro horas. Então, quando acordar, ele
se sentirá completamente renovado, como se tivesse dormido por, bem, vinte
e quatro horas. — O homenzinho afirmou e riu no final.
— Quem é você e como sabe disso?—Perguntou Nic.
— Me mantive conectado a Eakul para ter certeza de que estava
seguro até que você chegasse. — O homenzinho respondeu quando abriu os
olhos, e Nic foi pego de surpresa pelos lindos, mas esquisitos olhos prateados.
— Estava conectado com ele? O que isso significa? — Ryland
perguntou.
— Ele está em seu estado de transformação. Levará vinte e quatro
horas para ser concluído, mas quando acordar, Eakul estará totalmente
transformado.
— Transformado em que, Nobin? — Dante perguntou.
— Seu estado correto de ser. Agora que tem trinta anos, e realizou o
desejo de seu coração por conta própria, sem conhecimento, seus poderes
virão para ele. É hora dele ser quem deveria ser. — Explicou Nobin.
— E isso seria? — Nicco perguntou.
— Eakul. Agora que ele será, precisamos começar seu treinamento.
Não há muito tempo. — Afirmou Nobin.
— Você pode falar direito, gênio? Toda essa conversa em enigmas
está me dando dor de cabeça. — Lúcifer resmungou.
Enquanto alguns ofegaram outros disseram:
— Gênio?
Nicco não podia concordar mais. Gênio? Que porra é essa?
— Sou Nobin, o mais velho da minha família. Eakul é o mais novo. É
meu trabalho vigiá-lo e treiná-lo quando ele se transformar e ganhar seus
poderes. E levo meu trabalho muito a sério, especialmente com o que está
planejado para o seu destino. Treinei todos os meus irmãos e irmãs quando
eles se tornaram quem deveriam ser.
— OK. Já tive o bastante do linguajar dos gênios. Está começando a
soar como um Jinn. — Lucifer bufou aborrecido enquanto se levantava. — Diga
a eles, em linguagem direta, o que diabos está falando, ou vou te arrastar para
casa para Crepúsculo da Lua e te trancar lá.
Os olhos de Nobin se arregalaram pela ameaça de Lúcifer, e Nicco
pôde ver medo em seus olhos prateados.
— Não sou Jinn, e se me levar para casa, então não poderei ajudar
Eakul. Ele ficará perdido aqui para sempre se não o treinar. — Protestou Nobin.
— Exatamente. Então comece a falar, e faça com que todos nós
entendamos o que está falando, não aquele maldito enigma de gênio. — Exigiu
Lúcifer.
— Crepúsculo da Lua? E espere, você sabe sobre gênios, Lúcifer? —
Jesse perguntou.
— Claro que sim. Um bando de idiotas enganadores. — Ele
murmurou.
— Ei! — Disse Nobin, ofendido.
Lúcifer deu a Nobin um olhar divertido.
— Disse alguma mentira?
O rosto de Nobin se suavizou e torceu os lábios.
— Bem, não, mas ainda assim, isso meio que dói.
— A verdade dói. Agora fale. — Exigiu Lúcifer.
— Primeiro de tudo, são os Jinn que são os trapaceiros, não os
gênios. — Disse Nobin ao levantar o queixo em desafio.
— Os Jinn não são como sugadores de sonhos ou algo assim? Eles
não trancam alguém em um estado feliz enquanto se alimentam deles,
drenando-os de seu sangue? — Jesse perguntou.
Nobin fez uma cara de desgosto, como se estivesse prestes a
vomitar. Começou a balançar a cabeça enquanto dizia:
— Não, não. Quem te disse isso? Isso é nojento.
Micah riu quando puxou Jesse para baixo em seu colo, quando Lúcifer
disse:
— Isso é TV, Jesse. Só porque Supernatural diz isso, não significa que
seja assim.
Jesse bufou e deu a Lucifer um olhar ressentido.
— Sei disso, seu besta. Mas li em algum lugar nos livros de história
paranormais que os Jinn são quase como um súcubo.
— Sério? — Micah perguntou, seu rosto mostrando sua surpresa.
— Sim. Se bem me lembro, dizia que se deve sempre tomar cuidado
com um Jinn, também conhecido como gênio, porque s vão te enganar a fazer
o que querem, e na maioria das vezes é algo maligno.
— Há alguma verdade nisso, mas não inteiramente. — Disse Lúcifer.
Nobin sentou-se em silêncio, olhando para Jesse com horror. Quando
Jesse se virou para ele e notou o olhar, arqueou a sobrancelha.
— Por que está olhando para mim assim? — Micah começou a rosnar
enquanto segurava Jesse mais perto.
— Você fala com o Senhor do Inferno assim? Deve ter um desejo de
morte ou ter as maiores bolas entre todos que já conheci. — Respondeu Nobin.
Lúcifer olhou para o gênio com um sorriso.
— Tente falar assim comigo, e vou ter suas bolas, e não de um jeito
bom. Jesse pode falar comigo assim porque sei que não quer me desrespeitar
e só está provocando. Isso é o que a família faz. — Disse Lúcifer com
convicção. — Agora comece a se explicar, gênio.
— Gênio e Jinn são basicamente a mesma coisa, mas muitos anos
atrás, meu bisavô tentou mudar as coisas. O gênio antigamente corria por aí
tentando enganar as pessoas e fazer os humanos fazerem o que queriam, e na
maioria das vezes eram coisas más, mas também tinham um senso de
superioridade excessivo. Eles pensaram que por causa de sua magia e por
serem capazes de manipular os outros, que isso os tornava melhores do que
qualquer outra pessoa. Meu bisavô odiava sua atitude privilegiada e elitista e
fez tudo o que pôde para mudá-la. Aqueles que pensavam como meu bisavô o
seguiram e até hoje ainda seguem as regras e leis que ele estabeleceu. Mas
aqueles que não pensavam e lutavam contra a mudança formaram sua própria
tribo e se atinham aos velhos costumes. Eles são o que agora chamamos de
Jinn, como nos chamamos de gênio.
Nobin passeou o olhar pela sala.
— Jinn dirá a você que tem direito a fazer três desejos, e então torce
seu desejo e engana você. Quando a pessoa que foi enganada fica muito
desesperada por causa do que aconteceu, implora aos Jinn para alterar tudo
de volta. É quando os Jinn o informa que sempre há um preço a pagar por
aquilo que se quer, e se realmente deseja que os Jinn voltem as coisas como
eram antes de fazerem seu primeiro desejo, então haveria um preço. Os
humanos concordam, e é quando os Jinn atacam. Eles não podem possuir
alguém ou forçá-los a fazer qualquer coisa. O humano tem que permitir ou
concordar em fazer o que for solicitado. Então, com os truques dos Jinn, fazem
o humano fazer uma dessas coisas, o humano fica preso no contrato não
escrito. Os Jinn possuem seus corpos ou os fazem cometer atos indescritíveis.
Nobin descruzou as pernas e, em um movimento fluido, ergueu-se e
levantou.
— Peça a um Jinn um milhão de dólares e ele lhe dará um milhão de
cervos machos5. Ele sabia o que queria dizer, mas lhe deu o que pediu.
Consegue imaginar como um milhão de cervos machos pareceria vagando pela
sua casa e sua propriedade? Eew. Agora você rapidamente diz que deseja que
desapareçam, então os Jinn os afastam, mas o dano já foi feito. O Jinn, em
seguida, te lembra que agora só tem um desejo restante. A maioria das
pessoas olha em volta para a destruição deixada pelos cervos e está tão
perturbada com isso, que pede que tudo volte a ser como era antes que os
cervos aparecessem, usando seu último desejo.
Nobin deu um passo e começou a andar.
— Ai é geralmente onde o humano fica chateado e implora por outro
desejo. Os Jinn dirão a eles o quanto se sentem mal por eles e gostariam de
ajudá-los e oferece-lhes outro desejo, mas, isso agora, lhes custaria algo em

5
Trocadilho com a palavra bucks que pode significar cervo macho como também uma gíria para dólar.
troca, e é aí que os pegam. Mas os gênios não atuam assim. Primeiro de tudo,
não prometemos a alguém que receberão três desejos.
— Mas pensei que todos vocês estavam presos a uma lâmpada ou
algo assim. — Disse Storm.
Nobin parou e deu um sorrisinho a Storm.
— Uma lâmpada? Mesmo? Acredita nesse conto antigo? Ok, aqui está.
Muitas pessoas pensam no gênio como alguém que se pode prender em um
abajur como no velho show “Jeannie é um Gênio”, ou na história de Aladim, e
que assim que alguém esfregar a lâmpada, libertando o gênio, essa pessoa se
torna o mestre do gênio, mas isto tudo é apenas mentira. Mas com o feitiço
certo, qualquer criatura, incluindo um humano, pode ser ligada a um objeto.
— Essa aula de história sobre os gênios é fascinante, mas o que
diabos isso tem a ver com o Thad? — Nicco resmungou.
— Concordo com Nic. Adoraria voltar a essa conversa um dia, mas
agora estou mais interessado no que está acontecendo com Thaddeus. —
Disse Dante.
Nobin foi abrir a boca e Lúcifer estreitou os olhos para o gênio,
silenciosamente avisando-o. Nobin engoliu em seco e assentiu, depois
começou a explicar.
— Certo. Eakul. Sou o filho mais velho de meu pai, Haasfeeze, o
Grande. Tenho treze irmãos e nove irmãs. Por causa das crenças de meu
bisavô, ele promulgou uma lei segundo a qual qualquer gênio em sua linhagem
real deveria viver sua vida como um humano até seu trigésimo aniversário,
quando ganhariam seus poderes como gênios. Então, depois que o bebê
nascia, eram amados e cuidados até os cinco anos. Então suas memórias de
sua família verdadeira são limpas, e são colocados no mundo humano.
Ele deu um sorriso triste.
— Neste mundo, cada bebê seria colocado em um lar comunitário por
uns tempos. Um orfanato ou, como dizem hoje, serviços sociais e assistência
social. Percebo que não é o melhor dos lugares, mas permite que cada um dos
bebês gênios reais cresça sem essa crença elitista. Assim que o bebê se torna
adulto e é expulso do sistema humano aos dezoito anos, eles podem fazer o
que quiserem. O irmão mais velho é designado para vigiá-los através de suas
vidas e garantir que não sejam prejudicados. Como um pai adotivo abusando
deles de qualquer maneira. Queremos que eles sejam humildes, não
prejudicados. Então, enquanto meus irmãos cresciam, fiquei de olho neles e,
quando cada um deles chegou ao décimo oitavo aniversário, sabia o que
desejavam. Alguns queriam se tornar médicos, então consegui que
encontrassem fundos para ir para a faculdade e perseguir esse sonho. Outros
queriam encontrar uma família verdadeira, então ajudei com isso, e assim por
diante. Então, quando chegassem aos trinta anos, seus poderes chegariam até
eles, mas, como não tinham ideia de quem eram e provavelmente acabariam
se machucando ou a outros, meu bisavô colocou uma cláusula no lugar.
Ele deu um suspiro cansado.
— Se com a idade de trinta anos, fizessem um desejo de seu coração,
que não é alguém desejando dormir mais ou comer um sanduíche do Subway,
mas um desejo direto de seu coração e alma, um desejo que veio de profunda
necessidade, mágoa ou desespero, então seus poderes geniais seriam
liberados. Um gênio nasce com seus poderes, mas quando somos colocados no
reino humano, um feitiço é lançado sobre nós para conter nossos poderes, e
somente esse desejo desesperado pode libertá-los. No momento em que o
desejo é feito, e o feitiço de contenção é quebrado, eu apareço para proteger
meu irmão enquanto a mágica deles os consome e passam por sua
transformação. Então, quando eles acordarem, eu explico tudo para eles e,
quando estiverem prontos para ouvir, os ajudo a controlar seus poderes.
— O que quer dizer com prontos para ouvir? — Jesse perguntou.
— Se você tivesse passado toda a sua vida pensando que era
humano, então de repente descobrisse que não, que tinha dons especiais e era
muito poderoso, não ficaria louco e não acreditaria? — Perguntou Nobin.
Os olhos de Jesse ficaram tristes com essa pergunta. Sim, o
companheiro alfa sabia exatamente como isso era, e Nicco ficou triste por ele,
pensando no que Jesse passou quando descobriu quem realmente era e
quando seus poderes apareceram. Jesse teve que ser levado para o submundo
com seu pai verdadeiro, Phenex, para que os Guerreiros da Legião pudessem
ajudá-lo a controlar seus poderes, assim não machucaria ninguém.
— Sim, posso imaginar. — Jesse murmurou.
— Então é por isso que está aqui? Thad fez seu desejo desesperado e
você apareceu? — Micah perguntou.
— Sim. Alguns de meus irmãos nunca fizeram o desejo, então seus
poderes ainda estão contidos, mas aos trinta anos, Eakul fez um desejo de
coração por puro desespero, então aqui estou eu. E foi tão doloroso também.
Só queria envolver meus braços em volta dele e dizer a ele que tudo ficaria
bem.
— Espere um minuto. Então, toda a sua vida você podia vê-lo, ouvi-
lo, não importava onde estivesse? — Viktor perguntou.
Os olhos de Nobin se encheram de culpa e começou a morder o lábio
inferior.
— Tecnicamente sim. — Ele disse hesitante.
— O que isso significa? — Dante exigiu.
— Embora possa vê-lo e ouvi-lo onde quer que esteja por toda a vida,
e posso protegê-lo sem que ele saiba, há momentos em que não estou com ele
porque tenho que checar meus outros irmãos. Se um deles estiver em perigo,
posso senti-lo e imediatamente ir até eles.
— Então é você que está perseguindo Thad? — Vik exigiu saber com
um grunhido feroz quando seus olhos ficaram vermelhos.
Os olhos de Nobin se arregalaram de medo e deu um passo para trás.
— Não. Eu não faria isso.
— Então quem diabos está fazendo isso? Se era capaz de vê-lo e
ouvi-lo, então deve saber de quem ele está fugindo agora? O perigo que corre
e quem está por trás disso, certo? — Vik perguntou.
Nobin olhou para baixo, e Nicco pôde ver pela linguagem corporal que
Nobin sabia, mas tinha medo de dizer.
— Sim. Sei quem persegue Eakul e por quê. Tentei pará-lo. Tentei
bloqueá-lo para que os vampiros pudessem levar Eakul embora sem que ele
pudesse seguir, mas não tive sucesso. Oshi continua contornando minhas
obstruções e tem sido capaz de segui-lo.
— Podemos dar um passo para trás por um minuto? — Nicco
perguntou, e todos se voltaram para ele. — Você disse que quando fazem
dezoito anos, você os ajuda a conseguir o que mais desejam, então isso
significa que foi você quem colocou Thad no caminho para o estrelato?
As bochechas de Nobin coraram quando começou a morder o lábio
novamente e parecia realmente nervoso.
— Sim. Fui responsável por isso. Controlei aquele cara shifter cavalo,
Lenny, e apareci para Eakul como o cara da gravadora e o fiz cantar, então o
levei para Hollyweird6 e consegui que a gravadora o contratasse. Mas não lhe
dei sua voz, esse talento é todo ele.
— O que está escondendo de nós? Posso sentir que não está nos
contando tudo. — Disse Lúcifer enquanto dava um passo em direção ao gênio.
Os olhos de Nobin se arregalaram novamente e deu um passo para
trás.
— Ele encontrou seu companheiro muito jovem. — Nobin deixou
escapar. Agora foi a vez de todo mundo arregalar os olhos de surpresa.
— O que isso significa? — Perguntou Dante com uma voz tão letal e
fria que até Nicco estremeceu de medo.
— É o desejo do bisavô, suas leis, que todos saíamos para o mundo
humano para aprender a se esforçar. Para aprender sobre ser humilde e bom.
Mas Eakul encontrou o vampiro cedo demais. — Disse Nobin e apontou para
Nicco. — Não devemos ter o desejo do nosso coração antes dos trinta. Antes
de ganharmos nossos poderes.
— Então, deixe-me adivinhar. — Disse Viktor e aproximou-se de
Nobin. — Você deve ajudá-los a ter o desejo de seus corações, mas Thad...
Eakul, encontrou o desejo do seu coração aos dezesseis anos, então aos

6
Gíria para Hollywood que faz alusão a grande quantidade de pessoas estranhas que vivem lá.
dezoito anos foi morar conosco para poder estar com Nicco, mas por causa das
regras de seu bisavô, você não poderia deixar isso acontecer. Sabia porque
podia vê-los, que Eakul e Nicco estavam apaixonados e se aproximando,
esperando que Eakul completasse vinte e um anos, de modo que pela lei dos
vampiros Nicco pudesse reivindicá-lo, mas não podia deixar que isso
acontecesse. Então deu a ele um novo sonho, não foi? Thad nunca havia falado
em ser um astro do rock até o dia em que Lenny disse que tocou seu CD para
um executivo de gravadora.
Nobin implorou:
— Tente entender. Se Eakul tivesse permissão para acasalar com seu
companheiro predestinado tão jovem e não saísse para o mundo para cuidar
de si mesmo até seu trigésimo aniversário, temi que meu avô viesse a este
reino e o levasse embora. Se isso acontecesse, todas as memórias de Eakul de
sua vida aqui como um humano teriam sido esquecidas. Todos vocês e até
mesmo seu companheiro. — Nobin olhou para Nicco e seus olhares se
encontraram. — Se ele não o deixasse como o fez, meu avô teria vindo atrás
dele quando você o reivindicasse, e ele o teria levado e feito Eakul esquecer
você. Sabia o quanto ele amava você e o quanto você o amava. Não poderia
deixar vocês dois sofrerem assim. As memórias de Eakul teriam sido
apagadas, mas ele saberia que havia algo grande faltando e teria passado o
resto de seus dias sofrendo com esse buraco dentro dele, para nunca mais ser
feliz novamente. E você. Assim que se acasalasse com Eakul, o reivindicando
como seu, teria morrido sem ele. Você nunca seria capaz de encontrá-lo
porque Eakul teria sido levado de volta ao nosso reino, Crepúsculo da Lua. Sei
que você e toda a sua família teriam destruído o mundo tentando encontrá-lo,
mas nunca conseguiriam. Então você enlouqueceria e morreria. Tive que fazer
alguma coisa. Se afastasse Eakul por alguns anos e o deixasse viver um sonho,
então sempre poderia devolvê-lo quando chegasse aos trinta. Então, se ainda
quisessem ficar juntos e reivindicar um ao outro, meu avô não seria capaz de
fazer nada.
— Então, você é quem está causando todo esse estrago no mundo
apenas para que Thad voltasse para Nicco? — Storm perguntou horrorizado.
— Eu? Não. Não posso fazer coisas nesse tipo de escala. Descarregue
seu rancor nos malditos meninos bonitos e seus cavalos. — Nobin bufou
quando cruzou os braços sobre o peito.
— Quem? E que cavalos? — Perguntou Ryland.
— Os quatro cavaleiros do apocalipse. Pestilência, Guerra, Fome e
Morte. Esta destruição total da terra é obra deles, não da minha espécie.
— Está me dizendo que os Quatro Cavaleiros são reais, e estão soltos
na terra, e este é o começo do fodido apocalipse?— Disse Storm.
— Basicamente, sim.
Lúcifer começou a andar de um lado para outro enquanto esfregava a
mão na boca e murmurava:
— Deveria ter percebido, mas não pode ser. Não entendo por que
diabos os deuses os libertariam? Já não temos o suficiente com o que
lidar? Não, os deuses não os libertariam. Criaram um mecanismo a prova de
falhas para eles mesmos.
— O que quer dizer, Lúcifer?— Micah perguntou.
Lúcifer parou de andar e se virou para encará-los.
— Todos precisam concordar. Se até mesmo um dos deuses não
aceitar, então não podem fazer isso. Se todos concordarem, eles chamam o
Cordeiro. O próprio Jesus. Jesus é o único em toda a criação que sabe onde o
livro está oculto. E ele nunca romperia os selos a menos que todos os deuses
viessem a ele juntos e unanimemente dissessem para fazê-lo. Não tem como
Aurora dizer sim a isso. Especialmente não agora.
— Então, Jesus fez isso por conta própria? — Ryland perguntou,
chocado.
— Não, não tem como ele fazer isso, pois jurou que, mesmo que
fosse acordado, não se achava capaz de fazê-lo. Seria necessário um motivo
muito convincente para fazê-lo tomar essa decisão. — Respondeu Lúcifer.
— Então, quem? Jesus é o único que sabe onde este livro está
escondido, e se não os libertou, então quem soltou os cavaleiros? Mas o mais
importante, como podemos pará-los? — Phenex disse.
Lúcifer olhou para todos com olhos tristes e sussurrou:
— Não podemos. Eles continuarão a executar o que foram criados
para fazer até que o trabalho seja concluído.
— Significa quê? — Micah perguntou.
— Significa a aniquilação completa de todas as criaturas do planeta e,
em seguida, a destruição total do próprio planeta. — Respondeu Lúcifer.

*****
— Ainda não entendo porque assustar seu próprio irmão assim. Fazê-
lo pensar que tinha um perseguidor. — Disse Vik.
— Já te disse, não fiz isso. Eakul realmente tem um perseguidor, mas
não é alguém que você possa encontrar. — Respondeu Nobin.
— O que isso significa?—Nicco perguntou.
— Oshi é um Jinn. É o filho do líder da tribo Jinn que falei. O pai de
Oshi jurou que unificaria os dois lados novamente, e a melhor maneira de
fazer isso era unir um nobre de cada lado. Vendo como Oshi e Eakul nasceram
no mesmo dia, Jimu, pai de Oshi e líder dos Jinn, prometeu que Eakul
pertenceria a Oshi quando atingisse a maioridade. Um gênio, ou Jinn, não
atinge a maioridade até os trinta anos. Então, quando Oshi ganhou seus plenos
poderes naquele dia, soube de Eakul também, então partiu para encontrá-lo,
para que pudesse reivindicar o que lhe havia sido prometido e reunir as duas
tribos novamente. Mas o que aquele idiota do Jimu esqueceu é que meu avô e
meu pai, que são os líderes da nossa tribo, não concordaram com isso, e não
permitirão que isso aconteça. Mesmo que Oshi consiga Eakul e o reivindique,
unindo-os para sempre, meu pai e meu avô nunca permitirão que as tribos se
unam, a menos que Jimu abandone sua posição de líder e os Jinn estejam de
acordo com o que o avô quer. Eles teriam que seguir as leis dos gênios
conforme estabelecido pelo meu bisavô, e não tem como Jimu concordar em
fazer isso. Então, se Eakul e Oshi se ligarem, é minha responsabilidade matar
os dois.
— Você mataria seu próprio irmão? — Perguntou Dante.
— Não quero matar, mas para manter os gênios seguros teria que
fazê-lo. É meu trabalho, como filho mais velho, cuidar de meus irmãos e detê-
los, se escolherem os caminhos dos Jinn e se tornarem uma ameaça para nós
ou de qualquer outro tipo.
— Então, basicamente, você é o guarda do seu irmão. — Disse Jesse
como uma confirmação.
— Sim. De todos eles. — Respondeu Nobin com um suspiro.
— O que podemos fazer para impedir que este Oshi chegue a Thad e
o reivindique como seu? — Perguntou Dante.
— Tenho tentado localizá-lo, mas não é fácil. Assim que ele faz
contato com Eakul, posso seguir sua assinatura mágica, o que tenho feito, e
tornar mais difícil para ele encontrar Eakul. Mas o bastardo não mostrará seu
rosto. Fica em forma invisível. Se puder pegá-lo em sua forma corporal, posso
usar minha magia e prendê-lo.
— Talvez possamos montar uma armadilha para que venha até nós e
para que você possa pegá-lo? — Micah disse.
Os olhos de Nobin se arregalaram.
— Você me ajudaria a parar os Jinn?
— Claro que sim. Está tentando manter Thad a salvo, e ele é parte
dessa família, mesmo que tenha estado ausente por tanto tempo. — Disse
Dante com convicção.
Lágrimas se acumularam nos olhos de Nobin enquanto se enchiam de
felicidade.
— Obrigado, rei vampiro. Sei o quanto significam para Eakul e o
quanto ele significa para vocês. Quase me matou ter que levá-lo para longe de
vocês e seu companheiro, mas tinha que protegê-lo. Continuei esperando que
ele pudesse voltar para você um dia, onde é seu lugar. — Nobin disse
suavemente e olhou para ele. Nicco pôde ver a preocupação e a hesitação em
seus olhos.
Todos olhavam para ele com expectativa, e não tinha respostas para
eles. É claro que agora, sabendo da verdade, que Thad basicamente fora
enganado, entendia que Thad não tinha nada a ver com isso, e se Nobin não
interferisse, Thad nunca o teria deixado, mas a frieza que reclamava seu
coração para se proteger ainda estava lá e não iria embora, não importa o que
todos dissessem. Também entendia que, se tivessem ficado juntos, ainda
teriam perdido um ao outro, e ele estaria morto naquele momento e Thad
estaria vivendo no reino dos gênios, em algum tipo de estado entorpecido,
mas seu coração permanecia insensível à situação.
Algo não estava certo sobre essa coisa toda, e não estava se
referindo ao que Nobin estava contando a eles. Queria dizer que algo estava
errado com sua reação a tudo isso.
Normalmente ficaria perturbado, chateado até, ao descobrir que
alguém estava mexendo com alguém que amava, e especialmente um
companheiro, mas não sentia nada sobre tudo isso. Só ficou lá ouvindo tudo e
não tinha sentimentos de um jeito ou de outro.
— Então Thad ficará desacordado por vinte e quatro horas, e depois?
— Nicco perguntou em uma voz monótona.
— Então contarei tudo a ele e o ajudarei com seus poderes. Assim
que ele acordar, vai senti-lo crescendo dentro dele, e isso pode assustá-lo,
mas estarei lá para acalmá-lo. Também pode ajudar ter você lá, companheiro
de meu irmão. — Disse Nobin, esperançoso. Nicco apenas grunhiu em
reconhecimento.
Não podia garantir que estaria lá quando Thad acordasse. O mundo
estava acabando, e tinham muito o que fazer agora para que pudesse ficar
sentado esperando que alguém abrisse os olhos.
— Tempest e seu povo já deveriam ter chegado. Preciso ir ajudar a
acomodá-los. — Anunciou Nicco, depois se virou e saiu da sala sem dizer outra
palavra.

*****
— Isso foi estranho, não acha? — Nobin perguntou enquanto
observava Nicco ir embora.
Dante estava pensando a mesma coisa. Sabia que Nic estava tendo
dificuldades com a volta de Thaddeus, mas isso era diferente. Depois de tudo o
que lhes disseram e de descobrir que Thad não teve escolha, Dante esperou
que Nicco fosse correr até o leito de Thad e ficasse vigiando-o até que
acordasse, depois conversassem e tentassem superar o passado, mas era
como se quanto mais falassem sobre Thad, mais frio e distante Nicco ficava.
Dante começou a se perguntar se isso fazia parte do feitiço que Melinda lançou
sobre Nicco.
— Concordo com Nobin. Esse não é o comportamento normal de
Nicco. Ele é geralmente um dos primeiros a correr para ajudar alguém com
problemas. — Disse Micah. — E é do seu companheiro que estamos falando.
Vik se virou para ele, com os olhos cheios de preocupação.
— Talvez seja o feitiço que Melinda colocou sobre ele, que está lhe
deixando tão distante e frio?
— Estou começando a pensar que sim. — Respondeu Dante.
Nobin se adiantou e perguntou, surpreso:
— Alguém colocou um feitiço nele? Quando? Por quê?
Dante voltou sua atenção para Nobin.
— Quando Thad partiu onze anos atrás, quase matou Nicco. Estava
tão arrasado que só queria morrer. Tentamos de tudo para salvá-lo, mas ele
não queria ouvir. Uma amiga dele, uma bruxa chamada Melinda, disse que
poderia colocar um feitiço nele para que pudesse continuar sem Thad e não
sentir tanta dor. Demorou muito tempo para Nicco concordar com isso, mas
finalmente aceitou. Assim que o feitiço foi lançado, o velho Nicco voltou, e está
aqui desde então, mas desde que Thad voltou e eles se viram, Nicco tem
estado muito frio e insensível quando se trata de Thad. — Explicou Dante.
— É como se não se importasse, o que é tão estranho para Nicco. —
Acrescentou Jesse.
— Sabe que feitiço esta bruxa lançou sobre ele? — Nobin perguntou.
— Não. Não tenho ideia. Vik? — Perguntou Dante.
— Não me lembro. Tudo que lembro é que Melinda disse que isso
afastaria seu coração da dor associada com Thad.
— É o feitiço. — Disse Nobin com convicção. — Quanto mais o
vampiro vê Eakul, o ouve, ou sabe sobre ele, mais fechado seu coração se
torna para ele. É como uma armadilha de aço ao redor do coração que está
ficando mais espessa quanto mais Eakul estiver por perto.
— Então, o que fazemos? — Vik perguntou.
— Precisa encontrar a bruxa que lançou o feitiço e fazer com que o
retire. Do contrário, Eakul terá que sair daqui e nunca mais voltar para seu
companheiro. O vampiro vai ficar tão frio em direção a Eakul que pode
machucá-lo, então começará a ficar da mesma forma em relação a todos
vocês. Muito frio e distante, então mortal. — Respondeu Nobin.
— Então está me dizendo que se esse feitiço não for tirado dele, Nicco
poderia potencialmente machucar Thad, tipo realmente machucá-lo
fisicamente? — Dante perguntou surpreso.
— Sim.
— Mas não prejudicamos companheiros. Nós os protegemos. E não
tem como qualquer um de nós colocar um dedo sequer em nossos
companheiros para prejudicá-los, jamais. — Disse Vik com convicção.
— Sei que não faria isso. Todas as criaturas que são abençoadas com
um verdadeiro companheiro, têm o mesmo instinto de proteção em relação a
eles, e seria um pecado mortal ferir fisicamente seu próprio companheiro, mas
é exatamente isso que Nicco fará quando a potência desse feitiço crescer.
Então, o que acha que aconteceria se ele percebesse que machucou ou matou
seu companheiro?
Viktor saltou de pé.
— Merda! Precisamos encontrar Melinda agora. Se lembra onde ela
estava, Dante?
— Ela morava em algum lugar perto de St. Lois, se me lembro, mas
como vamos encontrá-la com todo esse caos lá fora?
— Eu vou encontrá-la. — Viktor prometeu e saiu da sala.
— Posso sentar com Eakul agora? Quero vigiá-lo e garantir que nada
aconteça com ele, e que Oshi não o encontre.
— Claro, Nobin. Vamos lá, vou levá-lo até ele. — Disse Jesse quando
se levantou do colo de Micah e caminhou em direção à porta, e Nobin o seguiu.
Micah olhou ao redor da sala e encontrou cada um dos olhares do
conselho.
— Que diabos faremos sobre os Quatro Cavaleiros do Apocalipse?
— Boa pergunta. — Respondeu Lúcifer. — Vou para o Submundo
tentar encontrar algumas respostas. Phenex, vá até Carmichael e veja se ele
tem alguma informação para te dar. Veja se sabe quem rompeu os selos.
Phenex assentiu enquanto se levantava, e então foi até a parede,
colocou a mão sobre ela e depois passou por ela.
Lúcifer passou a mão pelo rosto enquanto dizia:
— Volto assim que puder. Até lá, se precisarem de mim, apenas grite.
— E com isso, Lúcifer desapareceu.
— O que o resto de nós fará? — Perguntou Storm.
— Temos milhares de paranormais vindo para o Santuário, e
precisamos ter um lugar para abrigá-los. Ryland, você e seus homens seriam
capazes de, magicamente, criar algum tipo de alojamento para todos eles?
Alguns estão vindo para cá, como Tempest, e outros para todas as nossas
casas e instalações, mas vamos precisar de mais. — Afirmou Micah.
— Sim, meus faes e podemos providenciar magicamente as
acomodações conforme sejam necessárias e quaisquer outros recursos que
sejam necessários, como comida, roupas etc.
— Ótimo, obrigado. Isso tira um fardo enorme dos nossos ombros.
Temos as terras a leste que podemos limpar e colocar os prédios de
apartamentos conforme precisarmos. Por enquanto, acho que devemos dar as
boas-vindas a Tempest e a seu pessoal e ajudar Dante a instalar todos aqui. —
Disse Micah ao se levantar.
— Concordo. — Respondeu Dante quando se juntou a Micah.

Capítulo Sete

— Você tem que estar brincando comigo! Quando foi a última vez que
alguém falou com ela? — Viktor perguntou, pressionando o telefone em seu
ouvido enquanto ouvia Carver, líder de um clã de vampiros que Dante nomeou
da área de St. Lois.
— Sinto muito, Viktor, mas mandei meus homens para lá assim que
ligou, e não há sinal dela. Falaram com alguns de seus vizinhos, que disseram
que Melinda desapareceu há quatro anos. Apenas poof, desapareceu. Um dia
estava lá e no dia seguinte foi embora. Ninguém viu ou falou com ela desde
então.
— Você tem tentado rastreá-la? — Vik perguntou.
— Claro, mandei três dos meus principais homens para fora, mas faz
apenas alguns dias desde que você perguntou. Pode demorar um pouco.
Especialmente com o que está acontecendo aqui. — Carver respondeu.
— Infelizmente podemos não ter esse tipo de tempo. Continue
procurando e me avise, e obrigado. — Viktor disse suspirando.
— Vou mandar mais dos meus homens e não vamos parar de
procurar até que você diga, Vik. Vou te ligar com uma atualização antes do
final do dia.
— Obrigado. Eu agradeço. — Com isso, Viktor desligou o telefone,
pegou-o de novo e bateu em frustração.
— Bem, isso não pode ser bom. — Disse Slade do outro lado da sala.
Viktor olhou para cima para encontrar Slade e Zane em pé em sua
porta.
— Ei, pessoal, obrigado por vir tão rápido.
— Sem problemas. Então, o que você precisa? — Slade perguntou
enquanto se moviam mais para dentro do escritório.
— Eu falei da bruxa, Melinda, que lançou o feitiço sobre Nicco. Bem,
ninguém pode encontrá-la. — Replicou Vik.
— E estou supondo que precisa de mim para sair e ver o que posso
desenterrar. — Respondeu Slade.
— Sim. Estava esperando que pudesse ajudar com o feitiço, Zane.
Talvez saiba de um que possa tirar o original.
— Sem saber exatamente qual feitiço ela lançou, não tenho a menor
ideia. E se tentar adivinhar, posso acabar causando mais danos. — Disse Zane.
— Estava com medo que dissesse isso. — Vik respondeu e se
levantou. — É por isso que liguei para Cass e perguntei se Kia e Shay
poderiam vir e nos dar uma mão. Estava esperando que Kia fosse capaz de nos
levar até as memórias de Nicco e pudéssemos ver exatamente o feitiço usado.
— Essa é a ideia perfeita. Apenas deixe-me saber quando você quer
fazer isso e estarei aqui. — Zane ofereceu.
— Ótimo. Obrigado, Zane.
— Por que você não me manda uma mensagem com todas as
informações que tem sobre Melinda? Enquanto isso, vou correr para casa e
arrumar uma mala, avisar meu companheiro que preciso sair, e depois pego a
estrada. Não adianta perder tempo. Enquanto vocês entram nessas memórias,
eu esperançosamente entrarei na vizinhança de onde a bruxa está e a trarei de
volta o mais rápido possível. — Slade ofereceu.
— Essa é uma ótima ideia. Obrigado Slade. Vou mandar a mensagem
antes que você esteja pronto para sair.
— Ok, então estou fora. Falo com você depois. — Disse Slade, e
depois disseminou.
Vik se virou para Zane.
— Cass e seus companheiros devem estar aqui em breve. Vamos ver
se podemos caçar Nicco. — Viktor saiu de seu escritório com Zane o seguindo.

*****
Um gênio, realmente? Thad é um maldito gênio e tinha uma espécie
de feitiço lançado nele por seu próprio povo? Isso explica a rápida reviravolta
todos aqueles anos atrás.

Nicco pensou enquanto se jogava na cama e cobria os olhos com um


braço.

— Nikolai, isso é tão bom. — Disse Thad com um gemido quando


levantou o queixo, dando mais espaço a Nicco, que colocou Thad de volta em
sua cama enquanto se acomodava entre as coxas abertas e mordiscava a
garganta do seu companheiro, amando a maciez sedosa da carne de Thad.
Calor o aqueceu por dentro, assim como a necessidade de Nicco de
foder, reivindicar e se alimentar, aumentou. Ele sabia que precisaria parar logo
ou correr o risco de ir longe demais. Por mais que quisesse afundar em Thad,
em mais de uma maneira, seu pênis dentro do seu ânus apertado e suas
presas em sua carne, ele não podia ir contra a lei dos vampiros e reivindicar
seu companheiro antes dele completar vinte e um anos. O corpo de Thad
estava muito preparado e pronto para ser sexualmente ativo, agora com quase
vinte anos, mas Nicco estava com tanto medo de que, uma vez que tivesse o
prazer de deslizar seu pênis em seu companheiro, não seria capaz de se conter
e afundar suas presas também.
— Nikolai, quero você. Anseio sentir seu pênis dentro de mim. —
Disse Thad sem fôlego enquanto seus dedos corriam pelos cabelos de Nicco, e
um arrepio percorreu-o. O apelo de Thad foi tão sexy.
Nicco lambeu um caminho pelo peito exposto de Thad e sacudiu a
língua contra a pequena protuberância rosa, provocando-a. Ele adorava o
modo como chamava sua atenção, e a resposta do corpo de Thad para ele
enquanto arqueava as costas na boca de Nicco, implorando por mais.
Ele se afastou e olhou para o rosto de seu amor, sorriu do olhar de
felicidade que encontrou lá. Deuses, se o seu companheiro parecia tão
deslumbrante de apenas beijar e tatear, como ele seria nos espasmos da
paixão?
Thad abriu seus lindos olhos e seus olhares se encontraram. Nicco
não ficou contente em ver a confusão dentro daqueles olhos, mas a pequena
quantidade de dor que viu quase o fez ceder.
— Por que você parou? — Houve um pequeno tremor na voz de Thad,
que mostrou sua mágoa e o coração de Nicco apertou.
— Temos que parar antes de irmos longe demais, amor. Por favor,
saiba que eu não quero nada mais do que fazer amor com você, sentir seu
corpo enrolado em volta do meu pau e torná-lo meu, mas você sabe do que
falamos. Sabe que não posso reivindicá-lo ainda. — Disse Nicco gentilmente
enquanto passava a parte de trás de seus dedos pela bochecha de Thad com
ternura.
Thad sorriu e o mundo de Nicco se endireitou novamente. Apenas um
olhar feliz daquele homem abaixo dele, e Nicco estava feliz e cheio de amor.
Deuses, ele faria qualquer coisa, seria qualquer coisa por esse homem.
— Eu sei, mas é tão difícil, Nikolai. Sinto que estou pegando fogo e
que se não sentir você dentro de mim, vou enlouquecer. Meu corpo dói por
você. Eu te amo muito, Nikolai, e quero me dividir com você. Quero sentir seu
pau dentro de mim, me abrindo e me reivindicando. Não acho que posso
esperar mais. Por favor, meu amor. Por favor, faça amor comigo. Mostre-me
como é ter nossos corpos unidos enquanto você me fode. Nós não temos que
fazer a reivindicação completa, mas você ainda pode me reivindicar com seu
corpo. Reivindique-me por dentro.
Nicco olhou para baixo, para Thad, suas palavras girando dentro de
sua cabeça, implorando-lhe para fazer o que Thad desejava e pegar o que era
dele. Reivindicar o que era dele. Mas ele era forte o suficiente para dar a Thad
o que ele queria, mas não lhe dar a mordida de acasalamento? O vampiro de
Nicco estava totalmente a bordo com o que Thad queria, mas uma vez que
eles chegassem à beira, ele e seu verdadeiro vampiro seriam capazes de
parar? Uma vez que tivesse Thad enrolado em torno de seu pênis, apertando-
o, enquanto seu corpo se contorcia debaixo dele, poderia controlar a fera?
Suas gengivas coçaram e Nicco pôde sentir as pontas de suas presas
começarem a baixar, assim como sentiu seus olhos mudarem e tudo ter uma
névoa avermelhada em volta.
Nicco cerrou os dentes, lutando contra o vampiro. Ele precisava
colocar espaço entre eles. Precisava de um pouco de ar fresco e uma cabeça
clara. Nicco se levantou e se virou, sentando-se na beira da cama, de costas
para Thad. Ele colocou os cotovelos sobre os joelhos e a cabeça entre as mãos
enquanto sua respiração aumentava, e empurrou seu vampiro para baixo.
— Tudo bem, Nikolai. Eu entendo se você realmente não me quer.
Ainda sou apenas um garoto idiota.
Nicco se moveu tão rápido que não pôde ser visto, até estar mais
uma vez deitado acima de Thad entre as pernas abertas e a cabeça de Thad
entre as mãos, o som de rejeição na voz de Thad fez Nicco atacar.
— Nunca pense que eu não quero você, companheiro. Quero você
mais do que minha próxima respiração. Mais do que a necessidade de me
alimentar. E mais que minha própria vida. Você é tudo para mim e eu
caminharia até os confins da terra por você. Mataria qualquer demônio ou
dragão por você. Lutaria até a morte para mantê-lo seguro. Você é meu tudo,
Thaddeus, e não quero que duvide disso. Eu te quero tanto que dói
fisicamente, mas tenho medo de perder o controle e te ferir, reivindicando
você. Quando eu tiver você, poderei parar? E sei que não vou ser capaz de ter
você apenas uma vez, então não novamente até que eu possa reivindicá-lo.
Thad levantou a mão, segurou a lateral do rosto de Nicco, que
fechou os olhos quando se inclinou para o toque suave. Seu coração derreteu
sob aquela ação simples. Isso combinou com as próximas palavras de Thad, e
Nicco se perdeu.
— Eu confio em você, Nikolai. Confio em você para fazer o que é
certo, e sei que não perderá o controle. Suas palavras provam isso para mim.
Você não vai nos colocar em risco. Você já me possui, Nikolai. Possui meu
coração e minha alma, e agora quero que possua meu corpo. Confio em você,
companheiro.
Depois disso, ele se perdeu. A necessidade assumiu e Nicco não
conseguiu mais lutar. Ele precisava estar dentro de seu companheiro.
Precisava transar com Thad, fazer amor com ele e uni-los pelo menos em um
caminho e torná-los um. Usando sua velocidade de vampiro, Nicco tirou a calça
e a cueca de Thad, depois suas próprias roupas. Depois que ficou nu, ele se
acomodou em cima de Thad, pele tocando a pele, seus pênis apertados juntos,
duros e pulsantes com necessidade, e instantaneamente Nicco soube que tinha
cometido um erro, mas estava longe demais para parar. Toda a razão e
consciência foram embora. Apenas a necessidade de sentir foi deixada.
Nicco beijou Thad com força, enfiando a língua profundamente
dentro da boca de seu companheiro, amando seu gosto. A paixão tomou conta
dele enquanto sua cabeça girava, e Nicco lambeu e chupou um caminho pela
garganta de Thad. As mãos pequenas de Thad seguraram seus ombros nus, e
Nicco pôde jurar que ouviu sua pele chiar sob o toque de Thad. Ele continuou a
beijar e lamber Thad em todos os lugares. Descendo pelo ombro, depois pelo
peito, capturando um dos seus pequenos mamilos entre os dentes, Nicco
começou a chupar, fazendo Thad gritar e arquear as costas. Nicco soltou o
mamilo e se moveu para o outro, dando-lhe o mesmo tratamento enquanto
começava a empurrar seus quadris, esfregando seus pênis endurecidos juntos.
O atrito era delicioso.
Nicco lambeu o broto abusado, depois desceu pelo corpo de Thad,
lambendo e sugando um caminho até o estômago, depois passou a língua no
umbigo de Thad por alguns instantes, antes de beijar o quadril. Então deu uma
pequena mordida no osso que estava lá. Ele escorregou ainda mais,
levantando as pernas de Thad, enquanto Nicco passava a língua pelo vinco
entre a coxa e a virilha de seu companheiro.
Ele inalou profundamente, deixando que o delicioso aroma de flores
silvestres e do cheiro de almíscar, assim como do desejo de Thad, o enchesse.
O cheiro potente de seu companheiro era como uma droga e estava lhe dando
uma sensação inebriante. Nicco lambeu um caminho pelo pênis duro de Thad e
depois atravessou a ponta, pegando a gota de mel que havia se formado ali.
Seus olhos se fecharam de novo ao sentir seu primeiro verdadeiro gosto de
seu companheiro, e a necessidade de Nicco aumentou. Seu pênis se encheu
dolorosamente, e ele sabia que precisava ser libertado em breve.
— Mmm, deuses, Nikolai! Isso parece tão… Então… Nem sei como
descrever o quão maravilhoso isso é.
O pensamento de que se ele amou aquilo, então realmente vai amar
isso, correu em sua cabeça, e Nicco chupou a ponta do pau bonito de seu
companheiro em sua boca e passou a língua em torno dele, então sob a
cabeça, e apertou contra o feixe de nervos. Thad gritou seu nome e foi a
melhor coisa que Nicco já ouvira.
Ele sugou Thad para o fundo da garganta e começou a balançar a
cabeça para cima e para baixo enquanto chupava e sorria, adorando o pau
grosso de Thad. Usando sua mente, desejou que o tubo de lubrificante viesse
até ele de seu criado-mudo e, um momento depois, sentiu o tubo bater em sua
palma. Nicco despejou um pouco do gel no dedo, depois apertou a ponta de
um dedo na entrada enrugada de Thad e correu a ponta em torno do anel
apertado de músculo, abrindo lentamente o homem. Ele não queria causar
nem mesmo um momento de dor. Seu companheiro era virgem, afinal de
contas, e precisava mostrar a ele um cuidado extra.
Nicco deslizou o primeiro dedo para o fundo e o balançou ao redor.
Thad gemeu e se debateu contra ele. Nicco abriu os olhos, olhando para o
corpo de seu companheiro e observou o show erótico diante dele. Continuou a
sugar e esticar seu companheiro, acrescentando dedos enquanto o canal de
Thad se soltava e manteve seu olhar em cada movimento que Thad fizesse. O
corpo de seu companheiro tremeu, torceu e se contorceu contra a cama, e sua
cabeça balançou para frente e para trás, com os olhos fechados e a boca
ligeiramente aberta enquanto ele ofegava e gemia. Os braços de Thad estavam
estendidos ao lado do corpo, as mãos segurando os lençóis embaixo.
Nicco continuou a provocar e chupar o pênis de Thad, levando-o até o
fundo da garganta e depois engolindo em seco. Lentamente, deslizou para fora
do pênis de Thad e lambeu um caminho pela veia por baixo, até seu saco, e
então tomou as bolas em sua boca, girando sua língua ao redor delas
enquanto pressionava um terceiro dedo no canal apertado de Thad.
Uma vez que Nicco tinha três dedos movendo-se sem esforço dentro
de seu companheiro, ele sabia que Thad estava pronto. Nicco queria que Thad
relaxasse mais para que houvesse a menor quantidade de dor na primeira vez.
Nicco sabia que ele era muito grande para seu tamanho, seu pênis sendo mais
grosso que a maioria e com vinte e cinco centímetros de comprimento. Então
reteve sua própria necessidade um pouco mais e acrescentou um quarto dedo
quando soltou as bolas de Thad e envolveu seu pênis novamente e deixou-o
deslizar por sua garganta. Assim que o fez, Thad gritou seu nome novamente e
encheu sua boca com esperma.
Nicco engoliu em seco ao redor da cabeça, tirando cada gota, e
depois se sentou rapidamente. Thad relaxou contra a cama, com os membros
visivelmente frouxos enquanto ofegava. Agora era a hora. Nicco rapidamente
lubrificou seu pênis, em seguida, agarrou a base e pressionou a ponta vazando
na entrada enrugada de Thad.
— Olhe para mim, Thaddeus. — Disse Nicco entre os dentes cerrados.
Ele sabia que aquele era um momento ruim, mas precisava ter certeza. Uma
vez que Thad abriu os olhos e seus olhares se encontraram, ele perguntou: —
Você tem certeza, companheiro?
Thaddeus sorriu para ele tão amorosamente, e Nicco tinha certeza de
que acabara de ver o céu e então Thad assentiu.
— Nunca estive mais certo, meu Nikolai.
— Não quero te machucar, bebê, então empurre para fora enquanto
eu entro. Pronto? — Mais uma vez Thad deu-lhe aquele sorriso quando
assentiu. Nicco precisava sentir seu companheiro em volta dele.
Ele pressionou para frente, seu pênis rompendo o anel externo de
músculos, e Thad assobiou baixo. Nicco olhou para o rosto dele, certificando-se
de que não estava machucando seu companheiro. Se tivesse que parar agora
seria a coisa mais difícil que ele já fez, mas faria isso por esse homem. O
homem que amava mais que tudo. Encontrando apenas prazer no rosto bonito
de Thad, Nicco pressionou mais um centímetro, e pôde sentir Thad fazendo o
que ele disse e relaxando.
— Ok, amor. Aperte os músculos e segure-os até eu dizer para
liberar. — Disse Nicco, e Thad fez. Nicco cerrou os dentes novamente contra o
aperto dos músculos de Thad ao redor dele, estrangulando seu pênis. Uma vez
que sentiu um tremor nesses músculos, ele sabia que Thad estava pronto. —
Agora relaxe, amor.
Uma vez que Thad relaxou seu aperto, o pênis de Nicco deslizou o
resto do caminho na caverna quente e sedosa, até que sentiu suas bolas
beijando o traseiro de Thad, que apertou novamente os músculos e Nicco viu
estrelas. Merda, seu companheiro estava ansioso para começar, mas com ele
agarrando-o assim, Nicco não duraria muito. Seu pênis pulsou e sentiu como
se espessasse quando Thad o apertou.
— Se não quer que eu goze agora, bebê, você precisa parar. Meu pau
está prestes a explodir. — Nicco assobiou.
Instantaneamente os músculos de Thad se contraíram e Nicco pôde
respirar novamente. Levando alguns momentos para controlar sua
necessidade, Nicco sentiu a sensação de estar dentro de seu companheiro.
Seus corpos agora estavam conectados e Nicco sabia que ele estava certo -
uma vez não seria suficiente. Agora que teve um gosto do corpo de Thaddeus,
sentiu como perfeitamente seus corpos se encaixavam, ele precisaria ter Thad
de novo e de novo. O ano seguinte ia ser o inferno compartilhando seu corpo
com seu companheiro, mas não o reivindicando, mas droga, que passeio seria.
— Nikolai. — Disse Thad sem fôlego, e ele podia ouvir o apelo na voz
de seu companheiro.
Nicco agarrou o quadril de Thad e puxou de volta até que apenas a
ponta do seu pênis permaneceu dentro dele, e então, devagar, empurrou de
volta. Ambos gemeram com o movimento, e Nicco tinha que sentir isto
novamente. Ele repetiu a ação e sua cabeça se encheu com um prazer que
nunca conhecera antes. Empurrando de novo e de novo, a necessidade de
Nicco cresceu, e seu prazer o consumiu.
Um gemido sexy escapou dos lábios de Thad e Nicco abriu os olhos e
olhou para seu companheiro. Thad parecia um anjo debochado deitado
embaixo dele. Seu peito coberto por uma fina camada de suor, o cabelo
bagunçado, com alguns fios molhados grudados em seu rosto, a pele corada,
os lábios ainda inchados de seu beijo, as pálpebras pesadas, com um olhar
vidrado de felicidade em seus olhos. Deuses, ele era sexy como o pecado.
Nicco fechou os olhos momentaneamente e fez uma oração de agradecimento
ao destino por lhe dar esse homem maravilhoso. Thad ainda podia ser jovem,
mas ele era um bom homem. Um que Nicco se orgulhava de ter ao seu lado e
ligado a ele.
Nicco manteve o olhar focado em Thad enquanto continuava a
empurrar para dentro e para fora do corpo dele, tornando-os um. Ele olhou
para baixo, para onde estavam conectados, observando com admiração
quando seu pênis se espalhou enquanto desaparecia dentro dele, então
reapareceu, e os músculos ao redor do canal de Thad apertaram novamente,
como se não quisessem deixá-lo ir.
Nicco pôde sentir o vínculo crescendo e suas presas romperam as
gengivas quando suas garras alongaram. Ele teve o cuidado de não cortar
Thad com as unhas afiadas enquanto agarrava seus quadris com mais força e
acelerava o ritmo. Empurrando mais rápido e mais profundo. Ele necessitava.
Precisava gozar, senti-lo envolvido em seu pênis, sentir todo o Thad. Ele
precisava reivindicar o que era seu, conectar seu vínculo e ter esse homem em
seus braços e sua vida para sempre. Mas no fundo de sua mente ouviu o aviso.
Tome o que é seu. Aprecie a carne, mas não reivindique.
Morda. Não, não morda. Nicco lutou com seu vampiro. Reivindique.
Não, não posso reivindicar. Apenas aproveite o que podemos ter por agora.
As bolas de Nicco se apertaram contra o seu corpo e um
formigamento se instalou na parte inferior da coluna. Ele sabia que era hora e,
embora quisesse que esse momento durasse para sempre, também ficou
aliviado por estar perto. Quanto mais rápido apagasse esse desejo,
esperançosamente poderia apaziguar a outra necessidade e mantê-la.
O pênis de Thaddeus estava duro e vazando copiosas quantidades de
pré-sêmen por todo o seu estômago. Nicco passou a mão pela base e começou
a acariciar seu companheiro no ritmo de suas estocadas. Pegando o ritmo,
Nicco entrou em Thaddeus, seu orgasmo acelerado para a conclusão. Com a
força de um tsunami, seu clímax bateu, explodindo de seu eixo e enchendo
seu companheiro, reivindicando-o da maneira mais vil. O corpo de Nicco ficou
rígido quando ele penetrou totalmente dentro de seu companheiro e desfrutou
de cada onda de sensações que o percorreu enquanto esvaziava e chamava o
nome de Thaddeus. Ao mesmo tempo, Thad gritou seu nome, o orgasmo
disparando em seu abdômen e peito enquanto seus músculos internos
ondulavam e acariciavam seu pênis, puxando cada gota dele.
Com cuidado, Nicco escorregou do corpo de seu companheiro e saiu
da cama. Depois de se limpar rapidamente no banheiro, voltou para Thad com
uma toalha quente e gentilmente limpou seu companheiro, antes de jogar o
pano no cesto de roupa suja no canto.
Ele subiu na cama e deitou ao lado de Thaddeus, envolvendo seus
braços ao redor dele e puxando-o para perto. Os olhos de Thad estavam
fechados, o rosto relaxado e ele estava com o sorriso mais bonito. O coração
de Nicco se encheu com o amor que sentia por seu companheiro, e o alívio se
espalhou por ele, sabendo que dera ao seu companheiro tanto prazer, mas ao
mesmo tempo tinha sido capaz de controlar sua necessidade e não reivindicar
Thad ainda. Se tivesse, Nicco estaria em apuros com o conselho paranormal, e
isso poderia significar sua morte. O pensamento de ser arrancado de Thad era
demais para ele suportar. Isso foi o que o impediu de dar a mordida.
Nicco beijou o topo da cabeça de Thad e depois relaxou, fechando os
olhos enquanto ouvia a música que tocava suavemente ao fundo. Estavam
ouvindo rádio mais cedo quando a sessão de amassos começou, mas assim
que as coisas começaram, tudo se desintegrou ao redor deles para aceitar seu
Thaddeus e o que eles estavam fazendo. Ouviu a música e sorriu quando as
palavras chegaram até ele.
— Eu ficarei com você o tempo todo. Se eu pudesse, então iria,
aonde quer que você vá...
— Eu te amo, Thaddeus, com todo o meu coração. — Ele sussurrou.
— Eu também te amo, Nikolai.
Ele adormeceu com o coração cheio e aquela música tocando em sua
mente. Quando acordou no dia seguinte, a música ficou com ele o dia todo,
enchendo-o com seu amor por seu companheiro. Ele agora descobriu que era
sua música favorita. “Wherever You Will Go” do The Calling.
Até mais tarde naquele dia, quando havia mudado e se tornado a
única música que ele nunca mais queria ouvir de novo.

As memórias o atacaram, assim como a letra daquela maldita canção,


e Nicco cerrou os dentes contra a dor em seu coração. Raiva começou a ferver
dentro, e Nicco sabia que precisava puxá-la de volta e controlá-la. Uma onda
de indiferença tomou conta dele e, de repente, todos os sentimentos de amor
e perda que o haviam levado enquanto estava perdido no passado
desapareceram, e ele mais uma vez foi deixado sem sentir nada quando
pensou em seu companheiro.
Nicco se sentou rapidamente, os olhos arregalados. Ele sempre
soubera que, quando Thad viesse à mente, ou se fosse falado dele, não
sentiria nada, apenas o vazio, mas agora, com Thad aqui, estava começando a
sentir. Ele passou todos esses anos feliz sabendo que a memória de Thad não
o destruiria, mas agora parecia que as coisas estavam mudando. Mesmo que
tenha aceitado como um presente quando Melinda lançou o feitiço, ele não
tinha realmente percebido as consequências daquela ação.
Seu corpo, mente e alma tinham ficado entorpecidos com todas as
coisas sobre Thad, o que lhe ajudou a sobreviver à perda de seu companheiro,
mas era sensato continuar assim? Especialmente com o homem a apenas
algumas portas abaixo e inconsciente? Ele ainda era indiferente a todas as
coisas sobre Thaddeus, mas agora parecia que causava raiva e dor, e Nicco
não gostou.
Enquanto pensava nisso, a razão pela qual não gostou o atingiu, o
que só o deixou mais irritado. Ele não gostou porque sabia que sua atitude
estava machucando seu companheiro, e não podia suportar pensar que estava
causando dor no seu companheiro. Mas isso não estava certo. Com o feitiço,
isso não deveria ser parte de seu pensamento.
Seu coração apertou e começou a bater erraticamente. Nicco deitou-
se, desejando que seu corpo se acomodasse. Tinha que haver uma explicação
perfeitamente boa de por que pequenas fissuras estavam começando a se
abrir em torno de seu coração, e os sentimentos estavam começando a se
infiltrar, permitindo que seu amor por seu companheiro voltasse à vida.
Certamente o feitiço ainda deveria estar funcionando.

*****
Houve uma batida em sua cabeça e uma voz chamando por ele.
— Nikolai? — Thad se ouviu perguntar em sua mente. Ele olhou em
volta, sem saber onde estava. Tudo estava escuro, mas um redemoinho de
fumaça cinza começou a se formar ao redor dele. Thad andou lentamente,
tentando descobrir onde ele estava.
— Eakul. — A voz chamou-o de algum lugar distante.
Thad girou em círculos, mas não encontrou nada além da escuridão e
da fumaça cinza. Enquanto caminhava hesitantemente, sentiu uma sensação
de perigo, de que talvez ele devesse voltar.
— Venha para mim, Dax. Ou agora devo chamá-lo pelo seu nome
verdadeiro, Eakul? Esperei tempo suficiente. Está na hora. — Disse a voz.
Não. Ele sabia que tinha que ficar longe disso. Não sabia por que,
mas algo dentro dele dizia para fugir. Thaddeus se virou e correu na outra
direção. Ele não sabia por quanto tempo correra, mas estava ofegante e seus
pulmões ardiam.
— Pare de correr, Eakul. Você nunca será capaz de se afastar de
mim. — A voz era fria e insensível, exceto pelo desejo de possuir. Isso gelou
seus ossos. Ele não tinha ideia de quem era e qual era a intenção dele, mas
podia sentir que não era bom. A voz o assustou.
— Não escute, Eakul. Lute contra ele. — Ouviu uma voz mais suave
dizer, mas não sabia de quem era. Uma visão do homem com o cabelo
comprido do escritório de Dante veio à mente. Qual era o nome dele? Nobin.
Era isso. Nobin era a outra voz.
— Ele não pode mais te esconder, Eakul. Agora chegou a hora e você
será meu.
— Quem é você? — Thad gritou na escuridão.
— Sou o único que estará ao seu lado para sempre. — A voz
respondeu, parecendo fazer uma promessa.
O coração de Thaddeus pulou e se encheu de alegria.
— Nikolai?
— Não o maldito vampiro! Ele não é nada! Nem mesmo quer você,
então desista dele e finalmente reivindique seu destino, Eakul. — A voz estava
tão perto dele que Thad se virou, com medo do que encontraria, mas não
havia nada lá.
— Estou em todos os lugares. Não importa para onde corra. Não
importa onde tente se esconder. Sempre estarei lá, assim como estive desde o
seu aniversário, Eakul. Vou fazer todos eles desaparecerem como fiz com seus
colegas de banda. Qualquer um que ouse tentar ficar entre nós irá perecer.
— Não! Pertenço a Nikolai! Ele é meu companheiro! — Thad gritou.
— Seu companheiro? Homem tolo, gênios não podem acasalar fora
de sua própria espécie. Você é meu, Eakul. Você foi prometido para mim e vim
para reivindicar o que é meu. Uma vez que seus poderes estejam ligados à sua
alma e o feitiço esteja quebrado, eu irei para você. — A voz declarou.
— Não! Não sou um gênio. Não pertenço a você. Sou do Nikolai!
— É isso aí, Eakul, lute. Não deixe que ele ganhe. — A voz de Nobin
soou em sua cabeça.
— Nobin? Onde está você? Onde estou?
— Estou aqui, irmãozinho. Observando você como é meu dever, e
não deixarei ele te pegar. Mas você tem que me ajudar. Tem que lutar com
ele. Mantenha seu amor e fé em Nikolai como seu guia. Não perca a esperança
de que ele vai voltar para você. Lute, Eakul.
— Você será meu! — A voz gritou, o som batendo em seu crânio e
perfurando suas orelhas.
Thaddeus agarrou a cabeça com as duas mãos enquanto apertava a
mandíbula contra a dor. O medo o envolveu e ele correu novamente. Tinha
que ficar longe de quem quer que fosse. Precisava encontrar Nikolai. Seu
companheiro iria salvá-lo. Ele sabia que Nikolai estava ferido e com raiva, e
que tinha um feitiço nele para manter seu próprio coração seguro, mas
Thaddeus sabia que eles poderiam encontrar o caminho de volta um para o
outro. Tinha que manter a fé e acreditar em seu companheiro. Estiveram tão
profundamente apaixonados uma vez, e esses sentimentos nunca foram
deixados por ele. Eles podem ter ficado escondidos por um tempo, ajudando-o
a seguir em frente sem Nikolai, mas nunca foram embora. Seu amor por seu
companheiro estava sempre ali, guiando-o. Tinha que segurar esse amor e
expô-lo a Nikolai. Seu companheiro precisava ver que ainda o amava e não
podia viver sem ele.
Thaddeus correu pelo que pareceram horas, mas toda vez que se
virava, sentia a presença ameaçadora ali. Ele não podia escapar disso.
— Não, você nunca vai escapar de mim, Eakul. — A voz respondeu
com uma risada maníaca.
— Não! Eu só quero Nikolai! Nikolai! — Thad gritou, chamando seu
companheiro.
De repente tudo parou. Apenas a escuridão permaneceu, e Thaddeus
sentiu seu corpo ficar mole.

*****
— Tem certeza de que isso vai funcionar? — Viktor perguntou.
Nicco estava junto à janela da sala de estar, olhando para a noite. Ele
podia ouvir Vik, Zane, Cass, Kia e Shay conversando, mas não prestou muita
atenção. Ele não sabia se o que planejavam funcionaria, mas não tinha certeza
se queria ou não.
Eles queriam que Kia andasse em suas memórias para encontrar o
momento em que Melinda jogou o feitiço nele para que Zane soubesse qual e
esperançosamente encontrasse o contrafeitiço. Mas era isso que ele realmente
queria? Queria permitir que toda essa dor o envolvesse novamente? Não
achava que poderia sobreviver ao peso assim que retornasse.
Espere.
O que? Como ele sabia disso? Por todos esses anos, sabia que
Melinda tinha colocado um feitiço nele, mas uma vez feito, nunca pensou muito
sobre isso. Ele meio que lembrou no começo, pensando em quão maravilhoso
era não sentir aquela angústia por mais tempo, mas tão rápido quanto o
pensamento chegava, o de que estava bem e sua vida poderia continuar
dominava sua mente, e ele simplesmente continuou sua vida. Nunca mais
pensou no amor que perdera ou em quão profundamente o feriu. Agora era
tudo no que conseguia pensar, e estava com medo de deixá-lo voltar.
— Pronto, Nic? — Vik perguntou.
Ele fechou os olhos e suspirou. Como poderia dizer não a eles? Seu
melhor amigo tinha passado tanto para ajudá-lo, e não queria decepcionar
Viktor, mas realmente? Ele realmente queria isso? Virou-se para encarar seus
amigos e abriu os olhos, seu olhar travando com o de Viktor.
— Eu sei o que parece, Nic, e tudo que posso dizer é que não faça
isso. Sei por causa do feitiço que você não sente nada quando se trata de
Thaddeus, mas não está certo. Eu o acompanhei no começo porque estava
preocupado com você sendo esmagado pelo peso disso, mas sempre esperei
que Thad voltasse para que você pudesse ter sua felicidade. Agora ele está
aqui e você precisa enfrentá-lo. Lembra-se do que Aurora nos contou? Todos
nós devemos encarar nossos passados se quisermos avançar e enfrentar Minos
e Hades. Se para nada mais, Nic, você precisa fazer isso e encarar o seu
passado.
Sabia que Viktor estava certo. Mesmo que ele e Thaddeus nunca
pudessem voltar a ficar juntos, ele precisava fazer isso para estar pronto para
apoiar seu líder, seu povo e seus irmãos, enquanto enfrentavam a morte em
batalha. Se o fizer, seguir as instruções de Aurora, talvez suas chances
melhorassem, mesmo sem que Thaddeus se juntasse à luta.
Nic suspirou pesadamente e depois disse:
— Vamos acabar com isso. O que eu tenho que fazer?
— Apenas venha e sente-se aqui, Nicco. — Kia o bonitinho respondeu
suavemente enquanto apontava para o sofá.
Maldito Cass era um homem de sorte. O destino sorriu para ele e lhe
deu dois dos mais belos e gentis companheiros já criados. Ele tinha ficado tão
feliz por seu amigo, seu irmão, quando Cass finalmente os encontrou,
especialmente quando descobriu que Cass, de bom grado, tinha desistido de
seus companheiros depois daquele desastre no Halloween, se o destino
salvasse todos os outros acasalamentos. Parecia que o ato abnegado de Cass
fizera com que Aurora lhe desse um tesouro especial. Seus companheiros.
O destino pode ser tão maravilhoso. Aurora tinha dado a cada um de
seus amigos companheiros perfeitos, e eles estavam todos muito felizes e
apaixonados. Deuses, ele queria isso também. Nicco foi até o sofá e sentou, e
então Kia sentou-se à mesa diante dele e seus olhares se encontraram.
— Ok, Nic, agora apenas feche os olhos e não pense em nada além de
Melinda. — Instruiu Kia, e Nicco fez o que ele disse.
Sentiu uma presença tentando invadir sua mente, e seus poderes de
vampiro lutaram e empurraram de volta. Seus olhos se abriram quando ouviu
Kia assobiar de dor.
— O que aconteceu?
— Eu não sei. Estava entrando em suas memórias e, de repente, algo
me jogou para fora. — Kia disse quando Cass e Shay o ajudaram a se levantar.
Kia obviamente tinha sido jogado para trás pela força dele e caiu de costas do
outro lado da mesa.
— Tem certeza de que ainda quer tentar isso, querido? Não quero
que você se machuque. — Cass disse preocupado, ainda segurando a mão de
Kia.
Kia sorriu para Cass quando olhou para ele.
— Sim, companheiro. Eu quero ajudar Nicco, mas temo que o
vampiro dele não me deixe. — Kia respondeu e olhou de volta para ele.
— O que quer dizer, Kia? — Vik perguntou.
— Os vampiros são os mais difíceis de entrar em suas mentes,
especialmente aqueles que têm poderes de controle mental como você, Dante
e Nicco. Seu vampiro luta de volta. Provavelmente é por isso que os vampiros
nem tentam usá-lo um no outro.
— Merda, e agora o quê? — Perguntou Zane.
Um sorriso cresceu no rosto de Viktor.
— Agora chamamos reforços. — Ele declarou, tirou o celular do bolso
e passou o dedo pela tela. Depois de digitar algumas vezes, o segurou no
ouvido. — Ei, Shelby, é Viktor. Você tem tempo agora para vir até a casa do
coven? Poderíamos usar sua ajuda com o Nic. Ok, até breve. — Assim que Vik
desligou, Shelby apareceu ao lado dele.
— Ok, então o que precisa? — Perguntou Shelby.
— Kia está tentando entrar nas memórias de Nicco quando Melinda
colocou o feitiço nele, para que possamos descobrir qual feitiço ela usou, mas
seu vampiro não vai deixar Kia entrar. Então, vendo como você é a única
pessoa que conheço que foi capaz de penetrar na cabeça de Nic...
Os olhos de Shelby arregalaram.
— Entendi. Assim como fui até ele quando estava sendo mantido
preso pelo meu pai imbecil.
— Exatamente. — Vik respondeu.
— Claro que vou ajudar. Qualquer coisa para você, Nic. — Ele deu um
sorriso ao amigo. Shelby realmente era um dos bons.
— O que precisa que eu faça, Kia?
— Só venha sentar ao meu lado e entre na cabeça de Nicco. Uma vez
que você fizer, vou pegar carona.
— Parece meio bizarro. Ok, vamos fazer isso. — Shelby disse e
sentou-se à mesa em frente a ele com Kia ao lado dele.
Nicco olhou nos olhos de Shelby e de repente sentiu outra pessoa
dentro dele. Podia sentir a aura de Shelby, ou consciência, ou o que quer que
fosse chamado.
Shelby agarrou a mão de Kia e Nicco sentiu outra presença, mas sua
mente se afastou de novo. Shay se moveu para ficar atrás do par e colocou a
mão em cada um dos ombros, depois fechou os olhos.
De repente, Nicco sentiu-se cair e não estava sozinho - havia três
outros com ele. Memórias atacaram-no enquanto voavam em alta velocidade,
e Nicco pensou que fosse vomitar.
Então ouviu a voz de Kia dizer-lhe para pensar em Melinda.
As imagens diminuíram, depois pararam, e ele se encontrou deitado
na cama, parecendo que estava prestes a morrer. Suas bochechas estavam
ocas, olhos fundos e pele ressecada e cinzenta. Ele se lembrou daquele dia.
Não havia se alimentado há mais de quatro semanas e mal conseguia mexer
um dedo.
Melinda foi tentar convencê-lo a permitir que ela fizesse o feitiço, mas
ele recusou.
A imagem mudou e levou-o para outra. O corpo na cama que era ele
estava ainda pior do que antes, e realmente parecia que a morte estava
prestes a reclamá-lo. Melinda ficou lá implorando com ele.
— Por enquanto, Nicco. Só para te salvar, por favor. Thad é seu
companheiro. Ele não vai ficar longe para sempre. Algum dia voltará para você
e estará pronto para ser reivindicado. Você precisa ficar vivo até então.
— Ele não me quer, Mel. — Nicco sussurrou, sua voz rouca e seca
como uma lixa.
— Eu não acredito nisso. Vi vocês juntos e sei o quanto ele te ama.
Eu podia ver nos olhos dele, assim como nos seus. O que ele quer é apenas
um pequeno desvio na vida, isso é tudo, mas ele voltará a você algum dia, Nic.
Por favor, esteja aqui quando chegar a hora. Você vai viver com profundo
pesar na vida após a morte, se não fizer.
— Então o que posso fazer, Mel? Não posso viver sem ele, mas não
posso segurá-lo. Preciso deixá-lo ir e viver uma vida. Ele nunca teve uma
antes de agora.
— Ele teve uma vida, Nicco. Encontrou uma aqui com você, mas
você está certo e ele também. Ele precisa ir lá no mundo e ver por si mesmo
antes de se estabelecer. Dê o tempo que ele precisa, e ele voltará. Sabe como
funciona o elo de companheiros. Você pode fugir e se esconder, mas está
sempre lá. Sempre trabalhando em uma maneira de trazer os dois pedaços
juntos novamente. Uma alma se dividiu em duas apenas com o propósito de
encontrar a outra metade novamente. Não importa o que a vida jogue em
você, ou nele - o vínculo os unirá novamente. Suas almas chamam uma pela
outra. Eu posso te ajudar, Nic. Há um feitiço que sei que pode tirar sua dor.
Tornar mais fácil continuar sua vida enquanto ele estiver longe de você. Mas
devo avisá-lo - tudo em sua vida voltará ao normal, mas quando você pensar
em Thaddeus, ou alguém falar dele, seu coração se fechará contra a dor.
— Então, como vou aceitá-lo novamente quando ele voltar para mim?
Melinda enfiou a mão no bolso e tirou um cristal amarelo e o ergueu
para que Nic visse.
— O feitiço pegará aquele pedaço de sua alma que pertence a
Thaddeus e eu o colocarei aqui por segurança. Você deve manter isso seguro,
Nicco. Isso vai segurar o pedaço de sua alma que fechei para a dor de
Thaddeus. Sem isso, a magia não pode ser revertida. Então você está no jogo?
Por favor, diga sim, Nic, para que possamos salvá-lo. — Melinda implorou.
— Parece tão extremo. Não sei se posso fazer isso, Mel. Arrancar um
pedaço da minha alma?
— Se não o fizer, então morrerá, Nicco, e então onde ficará
Thaddeus? Você é amado por muitos, meu amigo. Dante, Viktor, Sky. Então há
o Primeiro Alfa Angel, Raith e todos os seus homens, assim como todos os
membros do seu coven. O que eles terão que suportar com sua morte? Com
isso, tudo pode voltar do jeito que deveria ser e permitir a Thad o tempo que
ele precisa e merece, mas o ajudará a uni-los quando ele voltar. — Nicco ficou
lá quieto, pensando em tudo o que Melinda disse.

— Então ela tirou um pedaço da sua alma? Droga, isso é duro. —


Sussurrou Shelby enquanto todos estavam no canto observando.
— Sim, mas ela fez isso para salvá-lo e ao amor deles. Ela estava
realmente ajudando seu amigo. Não havia nada de mal nisso. — Argumentou
Shay.
— Não disse que ela era má. Apenas que foi duro. E pelo menos,
mesmo nesse estado de sonho, posso ver sua aura e posso ver que ela é uma
boa pessoa. Caso contrário, eu poderia estar de pé aqui tentando encontrar
uma maneira de arrancar seu coração por machucá-lo. — Disse Shelby
ferozmente.
Nicco se virou e olhou para o amigo, dando um pequeno sorriso para
Shelby.
— Obrigado, irmão.
— Você significa muito para mim, Nic, e deve saber que eu faria
qualquer coisa por você agora.
Nic pegou a mão de Shelby e apertou.
— Eu faço, obrigado.

— Ok, Mel. Se isso me ajudar a continuar sem meu Thaddeus, mas


nos reunirá novamente quando ele voltar, então vamos fazer isso. — Disse
Nicco.
Melinda se levantou e pegou sua bolsa que estava no chão a seus
pés. Enquanto ela se movia pelo quarto, tirou as velas da bolsa e as arrumou
ao redor. Depois de acender cada uma, voltou para a cama e sentou ao lado
de Nicco.
Então retirou um pequeno pote de ouro da bolsa e colocou no colo,
depois jogou uma espécie de pó nele de um saquinho que tirou da bolsa, junto
com o cristal amarelo.
Em seguida, ela tirou uma pequena adaga da bolsa e pegou a mão de
Nicco.
— Porque este é um feitiço de alma, pede algumas gotas de seu
sangue. — Ela informou a ele, e então apertou a ponta da lâmina na palma da
mão e cortou. O sangue se acumulou em sua mão, e Melinda virou a mão
sobre o pote, permitindo que o sangue pingasse nele.
— Anima patitur quies cordis est donec iterum conveniant. Et aliud
est servare incolumem pars accipere vellet in hoc donum. Tantum in hoc
caritas liberabit animam libero7. — Melinda gritou enquanto o sangue pingava.
Então ela puxou a mão de Nicco e uma luz surgiu dentro do pote. Assim que a

7
Tradução do Latim: “É para permitir que a alma do coração descanse até se encontrarem novamente. Ele queria
guardar uma parte desta no cofre, e a segunda é para manter. Só o amor da sua vida o libertará.”
luz se apagou, Melinda pegou o cristal amarelo e o ergueu para Nicco ver e
depois colocá-lo na outra mão.
— Mantenha-o seguro, Nicco. Coloque em algum lugar onde ninguém
além de você será capaz de encontrá-lo, e quando Thad voltar, apenas segure
isso em sua mão direita e diga; Veni ad me, que é volte para mim em latim. O
pedaço de sua alma será libertado e retornará para você, assim como todos os
sentimentos que você tem por Thaddeus.
— Só isso? Nem uma grande explosão ou algo assim? — Nicco
perguntou com um sorriso.
— Não, desculpe. Sem fogos de artifício. Então, como você se sente?
— Melinda perguntou.
Nicco ficou quieto por um momento, seus olhos mostrando que ele
estava pensando, e então seu olhar se voltou para o de Melinda, e um sorriso
apareceu nos cantos de seus lábios.
— Eu me sinto bem. Com fome. Fome de verdade, mas bem. A dor
no meu peito não está mais lá.
— E quanto a Thaddeus? Como você se sente sobre ele? — Melinda
perguntou.
Nicco deu de ombros.
— Eu não sei. O que deveria sentir? Deveria sentir alguma coisa?
Melinda sorriu.
— Não. Você está exatamente onde deveria estar, meu amigo. Que
tal pegarmos um pouco de sangue para você? — Ela perguntou enquanto
colocava a lâmina e o pote de volta em sua bolsa e se levantou, depois
estendeu a mão para Nicco.
Ele segurou a mão dela e permitiu que ela o puxasse da cama e ficou
de pé.

A imagem oscilou, depois começou a girar e a escuridão o envolveu.


Nicco abriu os olhos e se viu sentado no sofá mais uma vez com Shelby, Kia e
Shay diante dele. Ele piscou algumas vezes e olhou para os outros ali.
— O cristal. — Disse ele.
— Que cristal? — Perguntou Zane.
— O que eu não possuo mais.

Capítulo Oito

— Filho da puta! Então o cristal se foi? — Dante perguntou


horrorizado.
— Parece que sim, Dante. Nicco guardava numa pequena caixa,
trancada num compartimento escondido em sua mesa de cabeceira, e com a
casa do coven pegando fogo pelo ataque de Brett, não havia mais nada de seu
no quarto. — Vik respondeu.
— Merda. Então, realmente precisamos encontrar Melinda. — Disse
Dante frustrado, enquanto passava os dedos pelos cabelos.
— Isso não é uma opção. — Nicco murmurou de onde estava, olhando
pela janela.
— E por que isso? — Perguntou Dante.
Nicco se virou para Dante, com o rosto neutro.
— Zane disse que é um feitiço de ligação de alma, e a única maneira
de liberá-lo era o cristal. Ele disse que o cristal não teria queimado no fogo,
então aquele pedaço da minha alma ainda está guardado dentro dele, mas...
— Nic encolheu os ombros.
— Mas o cristal, junto com tudo o mais da nossa antiga casa, foi
levado para uma pilha de lixo e será pior do que tentar encontrar uma agulha
em um palheiro. — Concluiu Dante, exasperado.
— Exatamente. — Vik respondeu e caiu no banco em frente à mesa
de Dante.
— Então, o que fazemos agora? — Perguntou Dante.
— Agora, continuo a minha vida como sempre. — Declarou Nicco e
saiu imediatamente da sala.
Dante olhou para suas costas enquanto ele saía, depois voltou o olhar
para Viktor.
— Isso o está afetando mais do que ele está falando.
— Concordo. Acho que há uma guerra acontecendo dentro dele, e ele
não tem ideia do que fazer, ou como lutar contra isso.
— Acha que talvez os antigos sentimentos estão voltando por conta
própria e isso é parte do problema? — Perguntou Dante.
— Quero dizer não, mas acho que pode ser o caso.
— Então, talvez não haja nada para fazermos, além de deixar a
natureza seguir seu curso. — Supôs Dante.
— É verdade, mas quanto tempo isso vai demorar e quanto vão sofrer
até que isso aconteça? — Vik perguntou.
— E se for tarde demais para o resto de nós? — Dante disse, e ele e
Vik ficaram quietos enquanto pensavam sobre as conseqüências do que estava
por vir.

*****
Ryland entrou na cozinha para encontrá-la vazio. Isto é estranho. Há
sempre alguém aqui. Ele olhou para o relógio.
— Onde está todo mundo? — Perguntou ao espaço vazio quando viu
que eram oito horas da manhã. Todos deveriam estar ali, cozinhando e
colocando a comida na mesa. Um barulho atrás dele o fez virar. Encontrou o
jovem lobo Bailey entrando na cozinha, com o rosto marcado de lágrimas e
solene.
— O que houve, jovem lobo? Aconteceu alguma coisa?
Bailey olhou para Ryland e abriu a boca, mas nada sairia. Lágrimas
começaram a rolar pelo rosto dele. Lexi correu para a cozinha atrás dele.
— Oh, lindo bebê! — Lexi cantou quando puxou Bailey em seus
braços e o pegou. Bailey passou os braços e as pernas ao redor de Lexi e
enterrou o rosto no pescoço de seu companheiro.
— O que aconteceu, Lexi? — Ryland perguntou.
Lexi olhou para ele em confusão.
— Você não sabe?
— Não teria perguntado se soubesse o que está acontecendo. Onde
está todo mundo?
— Na toca, assistindo as notícias. O mundo está... — Lexi se cortou e
engoliu em seco, enquanto balançava a cabeça. Ele segurou Bailey com mais
força e os levou até a porta dos fundos e para o lado de fora. Ryland observou
o casal sair, então se dirigiu para a sala, para ver o que estava acontecendo.
Quando se aproximou da toca, ouviu grunhidos, rosnados e gritos
abafados. Entrou na sala e encontrou todos os lobos e seus
companheiros. Todos se sentavam juntos, segurando um ao outro, enquanto
olhavam para a televisão.
Ryland olhou para a TV e viu um relatório sobre um grande incêndio.
— É perto daqui? O que está acontecendo? — Perguntou quando
entrou na sala.
— Acordamos e descobrimos que o mundo literalmente se
transformou no inferno. Está ficando pior lá fora. Primeiro, houve um ataque
ao Parlamento australiano com todos os seus membros dentro. Ao mesmo
tempo, o prédio da Polícia Federal Australiana foi atacado. Explodiram
completamente, com o primeiro-ministro e sua família dentro. — Rory
começou a explicar através de suas lágrimas.
— Dez minutos depois, o Kremlin foi explodido em pedacinhos com o
presidente russo e a Federação Russa dentro. Depois a Alemanha, a China, o
Japão, a Grécia, a França, a Inglaterra, a Itália, a Escócia, a Irlanda, a
Islândia, o Canadá, o México, Cuba e assim por diante. — Disse Micah e
apontou para a televisão.
Ryland ouviu e assistiu com horror.
— O que é isso?
— Essa é uma imagem da Casa Branca, completamente em chamas.
— Disse Taylor distraidamente.
— E seu líder? — Ryland perguntou, nunca tirando os olhos da
imagem na sua frente, ele se sentou.
— O presidente e sua família estavam lá dentro. O Congresso estava
em sessão na capital quando foi atingido também. — Gabriel sussurrou.
— Então todo o seu governo... — Ryland parou.
— Se Foi. Todos os líderes do mundo humano se foram. Em todo o
mundo, reis, rainhas, primeiros-ministros, presidentes, suas famílias e todos
os seus governos se foram. Assim como o que aconteceu com o mundo
paranormal, mas até agora, com os humanos, ainda não encontraram nenhum
líder em nenhum lugar ainda vivo. — Respondeu Micah.
— O que isso significa para os humanos?
— Total anarquia. — Jesse sussurrou.
— A polícia e a Guarda Nacional foram chamadas em todo o país, mas
as pessoas que ainda restam estão em revolta. Está o caos nas ruas. Policiais e
guardas de todo o mundo estão sendo espancados e mortos por seus
compatriotas. Os incêndios estão em descontrole em todo o mundo. O último
relatório mostrou que a Usina Nuclear de Fukushima foi tomada pelos radicais,
e as sirenes começaram a soar sinalizando uma explosão, mas então o feed de
notícias foi interrompido. Duas usinas nucleares aqui nos EUA foram tomadas,
mas estão quietas agora. — Continuou Micah.
— O que isso significa agora? O que fazemos? O que podemos fazer?
— Ryland perguntou.
— Boa pergunta. Tem alguma resposta? — Micah perguntou.
— E a sua cidade? Seu povo?
— Fiz com que seus homens colocassem feitiços em torno do
perímetro. Tenho eles vigiando. Se alguém do lado de fora tentar chegar a um
quilometro de minhas terras, irão se virar.
— Os meus homens se certificaram de que, quando essas pessoas se
virarem, não percebam? — Perguntou Ryland.
— Sim. Qualquer um que chegar perto, apenas continuará e não
saberá que passaram por nós.
— Bom.

*****
Os olhos de Thaddeus pareciam pesados, mas lutou contra isso e
lentamente os abriu. A sala estava pouco iluminada e silenciosa. Ele virou a
cabeça e viu que estava na cama no quarto que Dante lhe dera.
O movimento ao lado da cama chamou sua atenção e Thad olhou
para o chão. Nobin estava sentado em um travesseiro, com as pernas cruzadas
e as mãos juntas como se estivesse rezando, com os olhos fechados. Thaddeus
sentou-se totalmente e encostou-se na cabeceira da cama enquanto olhava
para o homem estranho.
— Bom despertar, Eakul. Você dormiu bem? — Nobin perguntou, mas
manteve os olhos fechados.
— Um... sim.
Nobin sorriu.
—O sono restaurativo de vinte e quatro horas para a sua
transformação é provavelmente o melhor sono que jamais terá. Além de sentir
fome, o que mais sente? Alguma dor ou aflição? Qualquer estresse ou
problema? — Perguntou Nobin.
— Hum... Não tenho certeza. — Thad se concentrou e fez um balanço
de si mesmo. Era estranho, mas Nobin estava certo, todas as pequenas dores
e desconfortos que normalmente sentia não estavam lá. Ainda se sentia
ansioso por Nikolai, e seu coração ainda doía, mas, fora isso, se sentia
incrível. Thad olhou para Nobin e viu que o homenzinho agora o olhava com
um sorriso caloroso. Seus olhos prateados eram esquisitos, mas lindos. —
Quem é você exatamente?
— Primeiro responda minha pergunta. Como está se sentindo? Melhor
do que nunca? — Perguntou Nobin.
— Surpreendentemente, sim.
O sorriso de Nobin cresceu.
— Fabuloso! — Disse ele, então se levantou num movimento fluido e
gracioso e sentou na cama. — Agora é hora de dizer quem você realmente é,
Eakul.
— Por que continua me chamando assim? E quem é você?
— Sou Nobin, seu irmão mais velho, e estou aqui para cuidar de você
e protegê-lo enquanto passava por sua transformação. Agora estou aqui para
lhe explicar quem você é.
— Eu não entendo.
— Eu sei, e é por isso que precisamos conversar agora. — Respondeu
Nobin, e depois contou a Thad tudo sobre quem ele era e de onde
vinha. Explicou tudo sobre separá-lo de Nicco e do perseguidor que ele tinha
agora. Nobin não deixou nada de fora. Até contou a Thad sobre Nikolai e o
cristal.
— Então, sou um gênio e tenho poderes? Como o quê? O que posso
fazer? — Thad perguntou.
— Bem, para começar, terá que fazer pequenas coisas até pegar o
jeito, mas eventualmente poderá fazer muitas coisas maravilhosas. Qualquer
coisa que quiser. Tudo o que precisa fazer é pensar e irá acontecer. Não que
alguém morra, ou seja, trazido de volta à vida, ou qualquer coisa assim, mas
perto disso.
— Tudo o que tenho a fazer é pensar no que quero e vai
acontecer? Então, se eu disser que quero que o Nikolai me ame novamente...
Nobin levantou a mão, parando-o.
— Não. Sinto muito, mas o desejo de um verdadeiro coração não faz
parte disso. Se quiser alguma coisa, pense nela e ela chegará até você. Se
quiser ir a algum lugar, pense naquele lugar, e será levado para lá. E a
melhor parte é que nem precisa saber como é o lugar primeiro.
Os olhos de Thad subitamente se encheram de excitação e ele se
sentou.
— Espere! E o cristal? Só posso pedir o cristal de Nikolai e ele virá
para mim.
Os olhos de Nobin se entristeceram.
— Infelizmente, não. Isso é tudo parte da coisa do amor.
— Mas não é apenas um objeto? — Thad argumentou.
— É mais do que apenas um objeto. O cristal contém um pedaço da
alma de Nicco, que foi colocado dentro por um feitiço, feito por uma bruxa. É
altamente guardado pelo feitiço para protegê-lo, e pelo que ouvi, apenas Nicco
pode libertar a alma. Você não seria capaz de liberar a alma se a
tivesse. Ainda faz parte de um feitiço de amor e só vai ouvir Nicco. Pode tentar
pedir, mas acho que pode sair pela culatra e preencher esse quanrto com cada
cristal amarelo conhecido e desconhecido.
— Mas você disse que eu poderia pedir qualquer coisa que quisesse, e
isso viria para mim. Nem precisava estar em algum lugar para ir primeiro,
então não entendo por que não posso pedir o cristal.
Nobin sentou-se e apertou as mãos no colo.
— Os deuses nos deram nossa vida maravilhosa e, junto com eles,
nos deram essa magia incrível. Mas como todas as outras criaturas que
criaram, nos deram todo o livre arbítrio, e qualquer coisa que tenha a ver com
o coração é parte do livre-arbítrio. Se pensar em todos os diferentes tipos de
magias que criaram, se todos nós andarmos por aí usando essa magia contra o
livre arbítrio dos outros, de quem amam, este planeta e alguns outros reinos
estariam em grande dificuldade. Cheio de pessoas que estavam com outras
pessoas, de quem normalmente não gostariam ou que preferiam não amar. Sei
que é confuso, mas faz parte das leis da magia que recebemos e parte da
responsabilidade que devemos assumir para honrar esses dons. Existem
bruxas por aí que podem fazer feitiços de amor, e eu sempre sinto muito por
aquelas que foram usadas contra. Não estão onde deveriam estar, ou com
quem deveriam, e eventualmente esse feitiço vai azedar, e as consequências
para todos são devastadoras. Quando tive uma mão em mandá-lo embora, eu
poderia diminuir sua dor de se afastar de seu companheiro, mas não poderia
tirá-la completamente ou seu amor. Se tivesse tirado isso para te fazer sair
mais fácil, as consequências teriam sido demais para pagarmos o
preço. Agora, se quiser, podemos tentar chamar o cristal, mas tenho a
sensação de que essa bruxa que colocou um pedaço da alma de Nicco dentro
dele também teria lançado um feitiço de guarda muito forte, para garantir que
ninguém mais colocaria as mãos nele.
— Ouço o que está dizendo e entendo. Especialmente sobre a parte
do amor. Sim, seria horrível se alguém simplesmente me enfeitiçasse para
amá-los e eu o fizesse, e não fosse quem meu coração realmente queria. —
Thad respondeu.
— Exatamente.
— Merda, apenas sinto que devo pedir o cristal e poof, ele vai
aparecer e tornar as coisas mais fáceis. — Disse Thad derrotado.
— Eu sei, Eakul, e gostaria que fosse assim, para você e seu
companheiro. Como disse, podemos tentar, mas podemos conseguir algo que
não queremos. E acredito plenamente que se essa bruxa fosse uma boa amiga
para o seu homem, então ela protegeu aquele cristal de qualquer outra pessoa
que pusesse as mãos nele.
Thad deu-lhe um sorriso tímido e Nobin revirou os olhos, enquanto
ele balançava a cabeça.
— Continue. Dê uma chance.
Thad estreitou os olhos para o novo irmão.
— Sabe que não vai funcionar, mas está apenas me satisfazendo, e
sabe que algo de ruim vai acontecer.
— Não é ruim, mas também não é bom. — Respondeu Nobin.
— Então, o que sugere que eu faça? — Perguntou Thad.
— Sugiro que iniciemos seu treinamento e nos familiarizemos com
seus poderes. Então, uma vez que saiba o que está fazendo e, exatamente o
que está pedindo, talvez valha a pena tentar.
Thad recostou-se na cabeceira da cama enquanto suspirava.
— Merda. Você provavelmente está certo. O que diabos sei sobre tudo
isso, afinal? Acabei de acordar e descobrir que tenho esses poderes e, sem
saber exatamente o que estou fazendo, com a minha sorte, um grande cristal
do tamanho de um ônibus poderia aparecer em cima de mim e me esmagar.
— Não acho que seria tão extremo, mas próximo disto. — Disse Nobin
com um sorriso. — Diga-lhe o que, vamos começar devagar e
pequeno. Começaremos seu treinamento enquanto ainda estiverem
procurando o cristal ou outra resposta, e uma vez que você tenha uma ideia de
algumas coisas que pode fazer, vou ajudá-lo a tentar localizar o cristal que
está procurando.
— Trato feito. Então por onde começamos?
— Que tal, como eu disse, algo pequeno? Peça o que quiser.
— Tudo o que eu quiser, e poof, irá simplesmente aparecer? — Thad
perguntou, e Nobin assentiu. — Então, deixe-me ver se entendi. Se eu
dissesse, digamos, estou morrendo de fome e poderia realmente comer um
hambúrguer, ele viria para mim?
— Seja mais específico, ou pode acabar com uma sala cheia de
hambúrgueres. — Respondeu Nobin.
— Tudo bem, então, se eu pedisse um cheeseburger de bacon, com
batatas fritas, do Molly's Grill, no centro de Los Angeles, e daí?
De repente, um saco branco caiu em seu colo do nada. Thad recuou
surpreso e apenas olhou para a sacola. Tinha o logo do Molly's Grill.
Lentamente, estendeu a mão para o saco e abriu-o. Imediatamente,
o cheiro do delicioso hambúrguer saiu da sacola em direção a ele, e os olhos
de Thad se fecharam, enquanto inspirava profundamente. Abriu os olhos e
enfiou a mão dentro, puxando um hambúrguer embrulhado em papel
alumínio. Abriu a embalagem e gemeu ao ver que na verdade era um
cheeseburger de bacon.
— Puta merda. É realmente real?
Nobin riu.
— Vá em frente e experimente, e você vai ver.
Thad agarrou o grande hambúrguer com as duas mãos e levou-o até
a boca, depois deu uma grande mordida. Suas papilas gustativas cantaram da
delícia, e fechou os olhos novamente, apreciando o hambúrguer, a explosão de
diferentes sabores em sua língua, uma sinfonia de bondade.
Depois que comeu metade e engoliu, ele disse:
— Agora, tudo que eu preciso é um milk shake de chocolate duplo de
Molly para lavá-lo. — Um copo de refrigerante para viagem apareceu no
criado-mudo ao lado dele. Thad pegou-o e colocou o canudo nos lábios, depois
chupou com força. A bebida achocolatada, fria e cremosa, encheu sua boca e
deslizou por sua garganta. — Puta merda. Não posso acreditar nisso.
— Bem, acredite, meu irmão, porque é verdade. — Disse Nobin
alegremente.
Só então a porta se abriu, e o companheiro de Micah, Jesse, entrou
com o companheiro de Gabriel, Taylor, e Jesse estava carregando uma
bandeja. O sorriso no rosto dele caiu um pouco quando seu olhar caiu sobre a
bolsa em seu colo, hambúrguer em uma mão e o copo na outra.
— Oh, você já comeu. Como você...
— É o que os gênios fazem. — Disse Nobin com naturalidade.
— Então, só quis esta refeição e poof, aqui está? — Taylor perguntou
quando chegou mais perto.
— Sim. Alucinante, certo? — Thad disse.
— Para começar, sim, mas... Oh, tão legal também! — Respondeu
Taylor.
— Então, acho que não vai precisar disso. — Disse Jesse e levantou a
bandeja.
Thad deu-lhe um olhar envergonhado.
— Desculpe.
Jesse colocou a bandeja numa mesa próxima e disse:
— Não é um problema. Desde que comeu, isso é tudo que
importa. Então, como está se sentindo? — Jesse voltou para a cama,
juntando-se a eles.
— Eu me sinto muito bem. Quero dizer, muito bem. Não me lembro
de me sentir tão bem... Nem sei por quanto tempo.
— É por causa de quem ele é e, finalmente, receber seus poderes,
não é, Nobin? — Taylor perguntou.
— Sim. Assim como qualquer outro paranormal, nos curamos
rapidamente. Não tão rapidamente quanto alguns de vocês, mas ainda mais
rápido que um humano.
— Nobin explicou tudo para você? — Jesse perguntou, preocupação
evidente em seus olhos.
Thad sorriu enquanto assentia.
— Sim. Nobin passou as últimas horas me contando tudo. Devo dizer,
estou um pouco chateado com a minha família. Como diabos você pode ligar
os poderes de alguém assim e jogá-los no mundo, em uma idade tão jovem?
Isto me faz querer dar um soco na garganta de alguém!
O sorriso caiu do rosto de Nobin, e seus olhos se encheram de
tristeza.
— Eu sei que é difícil para você entender porque não cresceu com sua
própria espécie, mas, por favor, confie em mim quando digo que realmente foi
para seu próprio bem. E mesmo que tenha pensado que estava sozinho,
realmente não estava. Eu estava lá a cada passo do caminho. Eu me certifiquei
de que nenhum desses humanos te prejudicasse.
— Entendo isso, Nobin, e agradeço, mas abuso físico e abuso
emocional são duas coisas diferentes. Nenhum dos meus pais adotivos foi
abusivo de qualquer forma, mas sua indiferença e frieza eram muito poderosos
para uma criança. Sei que as coisas poderiam ter sido um milhão de vezes
piores, e há muitas crianças no sistema de adoção que sofrem por muitas
razões, e realmente não tenho motivos para reclamar, mas minha vida era
muito solitária. Nenhum mal me ocorreu, mas, por outro lado, nenhum amor
me foi dado também.
Lágrimas começaram a cair no rosto de Nobin.
— Sinto muito, meu irmão. Me esforcei tanto para ter certeza de que
você estava seguro e tinha tudo que precisava, mas você está certo... Não
poderia fazer nenhum deles te amar. Parte desse livre arbítrio e tudo mais.
Thad estendeu a mão e agarrou a de Nobin.
— Sei que fez o seu melhor e eu estava seguro. Obrigado. E por mais
que eu queira gritar e ficar puto por ter sido afastado de Nicco, confesso que
também entendo por que fez isso. Agora, só queria que Nicco pudesse ser
ajudado e o pedaço de sua alma encontrado.
Os olhos de Jesse e Taylor se arregalaram.
— Então contou a ele sobre isso também? — Jesse perguntou.
— Oh, sim. Viktor entrou para checar Eakul e me contou o que havia
acontecido. Agora que a magia dele foi desatada e passou por sua
transformação, seria muito perigoso mentir para ele sobre qualquer coisa. Um
gênio chateado é uma coisa muito ruim. Ele poderia ir para o outro lado e se
tornar um Jinn. Não posso correr esse risco.
— Acho que o que Jesse está perguntando é... Bem, para alguém que
acabou de acordar, descobrir que não é quem sempre pensou e descobrir que
sua vida inteira foi uma espécie de manipulação, mesmo que em boa parte, há
razão para preocupação de que você... Bem... Enlouquecesse um pouco. —
Disse Taylor.
— Entendo o que está dizendo, mas qual seria o ponto nisso? Ouvi o
que Nobin tinha a dizer. Ele explicou tudo o que aconteceu e por quê. Posso
entender onde seu bisavô...
— Nosso bisavô. — Interrompeu Nobin.
Thad sorriu.
— Nosso bisavô. Entendo porque sei de onde ele vem. Olhem,
caras. Passei os últimos onze anos na vida das celebridades, e as pessoas que
encontrei e todas as suas atitudes elitistas e crianças podres mimadas, que
pensam que são melhores que os outros simplesmente porque seus pais são
ricos... Digamos que entendo totalmente de onde o homem está vindo. Não sei
quantas vezes pensei em coisas como: alguém precisa derrubá-las, ou
precisam de um tapa na cara da realidade. Não importa quem é seu pai ou
quem você pensa que é, ou quanto dinheiro e coisas se tem, ou quão bonito se
é do lado de fora. Quando morrer, não pode levar nada disso com você.
Ele acenou com desprezo.
— E tratar os outros como se fossem menos do que você, porque não
são tão afortunados na vida, é errado. Os elitistas do mundo acham que são
fortes e poderosos, e que os homens comuns, ou os pobres, são fracos, mas
descobri que é o oposto. Pegue a fortuna, o poder ou a fama de um elitista e o
que eles têm? A maioria deles nem sabe como sobreviver sem todos os luxos
de sua vida. Mas pegue um homem ou mulher trabalhador e tire tudo deles, a
grande maioria se levanta, se limpa e não desiste. Lutarão pela sobrevivência
e encontrar uma maneira de recuperar sua vida.
Ele deu um sorriso cansado.
— Então, quando Nobin me contou sobre os Jinn, que para mim soam
como aqueles mesmos elitistas, e os gênios, que soam como pessoas comuns,
entendo os dois lados, e concordo com o bisavô. Não concordo
necessariamente com os seus métodos. Mas os entendo.
— Essa é uma atitude muito madura, Thad, e estou muito feliz por
você ter crescido para ser um homem tão honrado. — Disse Dante da porta e
todos se viraram para olhá-lo.
Thad sorriu timidamente.
— Bem, não posso levar todo o crédito. A maior parte disso vai para
Nikolai, você e seus homens. Foi o que me ensinou anos atrás, e vi em
primeira mão por mim mesmo que estava certo. Então obrigado por isso,
Dante.
Dante devolveu o sorriso.
— Não me agradeça por isto. — Dante se moveu mais para dentro do
quarto e parou ao lado da cama. — Então, agora que está acordado, foi
informado de tudo, e passou por essa transformação, precisamos descobrir
como parar este... — Disse Dante para Nobin. — Qual é o nome dele... Oshi?
— Nobin assentiu. — Precisamos fazer com que ele recue e deixe você em paz,
então o que fazemos, Nobin?
— Preciso de tempo com Eakul para ter certeza de que ele sabe como
usar seus poderes e como eles são fortes. Uma das coisas que o Jinn sabe, e
por que querem esse acasalamento entre Oshi e Eakul, é que a magia do gênio
é mais poderosa que a de um Jinn. Se Oshi casar com Eakul, ele poderá tirar
metade de seus poderes dele, como um dote, tornando-se mais forte que
Eakul. Então pode usar esse poder para governar, não só Eakul, mas também
combiná-lo com os poderes de seu pai e usá-lo para tentar derrotar meu pai e
assumir Crepúsculo da Lua.
— Então os gênios são mais fortes que os Jinn? Pensei que todos
eram praticamente os mesmos, exceto que eles têm uma intenção maligna. —
Disse Taylor.
— Isso é principalmente verdade. Mas quando os Jinn não escutaram
meu bisavô e se separaram do clã, sua magia foi diminuída. Parte do que dá a
um clã seu poder é seu líder. Assim como com vocês. Seu alfa, Micah, seu
poder é mais do que seu beta, depois seu gama, e assim por diante, e muito
mais do que seu bando. Mas podem tirar força dele, bem como ser acalmado
por ele. Depois, há seus ômegas, que foram descritos como os mais baixos na
hierarquia, de modo que os deuses os dotaram com imenso poder para que
pudessem se defender. Um alfa e um ômega juntos são uma força muito
poderosa. Divida-os e seus poderes diminuem. É o mesmo tipo de coisa com o
gênio e o Jinn. Gênios são mais como o alfa e Jinn como o ômega, mas o
oposto do seu ômega. Onde um ômega shifter é basicamente bom e submisso,
os Jinn não são bons e, portanto, não são submissos. Seu ômega tem poderes
maiores que seu alfa, mas nosso ômega, ou Jinn, tem menos que nosso alfa ou
gênio.
— Se os dois fossem reunidos e trazidos de volta, então seu Jinn, ou
ômega, recuperaria todos os seus poderes? — Dante supôs.
— Sim. — Nobin disse simplesmente.
— O que estou ouvindo é que Thad é realmente mais poderoso que
este Oshi? Então, se ficarem cara a cara, Thad deve ser capaz de se defender?
— Disse Taylor.
— Sim, mas Eakul precisa aprender sobre seus poderes
primeiro. Caso contrário, Oshi é mais forte e poderá dominá-lo, só porque
Eakul está despreparado. — Respondeu Nobin.
— Então, acho que precisamos preparar Thad, porque não consigo ver
este Oshi indo embora. — Disse Dante.
— Não, ele não desistirá até que faça Eakul seu.

*****
Uma semana se passou e Thad passou todo o tempo acordado com
Nobin, trabalhando em aprender os poderes quase ilimitados que possuía e
como usá-los. O que mais o assustava era ficar de pé no campo atrás da casa
do coven, no meio do dia, sem encontrar o sol. Todos os dias, ao sair, só
conseguia olhar para a escuridão e sentir uma grande sensação de perda. As
pesadas nuvens negras e cinzas cobriam o céu, bloqueando o sol, e milhões de
minúsculas partículas de cinza, que pareciam neve suja, rodavam por toda
parte, deixando uma camada sobre tudo.
Dante havia explicado a ele que, pela graça e poder dos faes,
estavam todos seguros dentro do território de Micah. O rei Ryland, assim como
o seu povo, estava usando seus poderes para colocar uma espécie de cúpula
sobre cada centímetro da área, para mantê-los todos protegidos do que estava
acontecendo no mundo real. Thad balançou a cabeça, pensando no tamanho
da cúpula, porque Micah possuía algo como duzentos mil acres. Ouviu que
muitos da matilha que viviam nesse território tinham medo de que a cúpula
entrasse em colapso, e todos seriam enterrados, mas Micah prometeu que ela
se manteria e, até agora, parecia assim.
Dois dias atrás, toda a comunicação de fora da área falhou, e não
podiam mais assistir às notícias para ver o que estava acontecendo. O último
relatório que ouviram foi que em Yellowstone, o super vulcão, estava em
erupção, e um fluxo constante de lava quente derretida estava atirando a
cerca de um quilômetro no ar. Dois outros supervulcões, no Lago Toban na
Indonésia, e no Lago Taupo, na Nova Zelândia, também mostravam sinais de
erupção. Com toda aquela cinza e fuligem subindo para a atmosfera, Thad não
podia imaginar como o mundo se parecia agora.
A cada dia, ele se dava um momento para pensar sobre o resto das
criaturas da Terra e fazer uma oração por elas, mas precisava voltar ao
treinamento. Aquele era o fim do mundo, e a batalha deles com Minos e Hades
estava chegando, e precisava estar pronto para ficar ao lado dos outros, quer
Nikolai quisesse ou não. Ainda assustava-o descobrir que não era humano,
mas na verdade um paranormal. A ideia o emocionava, no entanto. Sempre
quis fazer parte do mundo de Nikolai e agora saber que fazia, o preenchia com
um sentimento de pertencer.
Todos os dias, Nobin levava-o para o pátio e treinava-o, e todos os
dias alguém daquela grande família aparecia e ajudava. Às vezes, mais de
um. Os faes e os Guerreiros da Legião chegavam quando Nobin queria que
usasse mais de seus poderes prejudiciais; então, Shelby, Taylor e Jesse
apareciam para ajudar os outros. Crew mostrou-lhe como controlar seu
teletransporte, e Christian deu uma mão com telecinese. Lexi, Raith, Xavier e
Xander mostraram-lhe como conjurar e controlar todos os elementos, e Shay e
Raffy o ajudaram com o resto. Com ambos sendo ômegas de suas raças, foi
capaz de aprender muito com eles.
Por tudo isso, Thad se concentrou no que estavam dizendo e fazendo,
mas muitas vezes seus pensamentos se desviavam para Nikolai. Ele se
perguntou se seu companheiro sequer sabia o que estava acontecendo com
ele, ou se ele se importava. Todos os dias se encontrava procurando por
Nikolai, esperando que aparecesse, mas ele nunca o fez.
Quando Viktor foi ver como estava progredindo, Thad não conseguiu
mais segurar. Precisava saber o que estava acontecendo com seu
companheiro.
— Por que Nikolai nunca veio, Vik? Ele sabe o que está acontecendo?
Viktor deu-lhe um sorriso triste.
— Ele sabe, Thad. Mesmo que ele não tenha aparecido aqui, dei a ele
um relatório diário sobre o seu progresso.
— Mas... Ele nunca pergunta? Você diz a ele?
Vik sorriu.
— Ambos, na verdade. Alguns dias digo a ele, e outros ele
pergunta. Como hoje. Ele disse que estava olhando da janela e o viu chamar a
chuva, então ficou chocado quando derramou em sua cabeça e em nenhum
outro lugar. — Vik disse com uma risada.
Thad ficou um pouco vermelho e sorriu.
— Sim, não foi meu melhor momento. Mas me ajudou a aprender a
me secar em menos de trinta segundos, então vou levar isso como uma
vitória.
— Todo sucesso e fracasso devem ser tomados como uma vitória,
Thad. Porque até o fracasso nos ensina alguma coisa.
— Muito verdadeiro. Então, hum... Como ele está? O que ele tem
feito? Quer dizer, sei que o mundo lá fora se desmoronou completamente e
você provavelmente está muito ocupado com isso, Nikolai também, mas... Ele
está bem?
— Sim, Thaddeus. Nicco está bem. Ele tem trabalhado com Zane para
tentar localizar um feitiço que liberará sua alma, mesmo que não tenham mais
o cristal. Slade, nosso melhor rastreador, não conseguiu encontrar
Melinda. Com tudo o que está acontecendo no mundo, tornou-se impossível
rastreá-la, além de ser muito perigoso estar lá fora. Então, fizemos um plano
B, e Zane está fazendo tudo o que pode para descobrir isso.
— Então, eu deveria levar isso como uma vitória também? Que
Nikolai está mesmo tentando encontrar algo para recuperar aquele pedaço de
sua alma e recuperar o que sente por mim? Ou o que costumava sentir? —
Thad perguntou hesitante.
— Definitivamente tomaria isso como uma vitória, Thaddeus. — Disse
Vik e colocou a mão no ombro de Thad. — Sei que ele parece distante e frio,
mas agora sabemos porque e ele está tentando encontrar um caminho. Essa é
uma vitória no meu livro. Algo está acontecendo dentro dele e fazendo com
que seus sentimentos sejam bloqueados, e ele está conscientemente lutando
contra isso. É um bom sinal. Zane é um bruxo muito inteligente e poderoso. Se
não conseguir descobrir o que fazer, então não acho que alguém possa. Além
disso, ele também tem amigos em lugares muito altos, a quem pode pedir
conselhos e orientações. Vamos manter a fé de que Zane encontrará o que
estamos procurando.
Thad deu a Vik um sorriso triste.
— Eu vou. Agora acho que preciso voltar a isso, então estarei pronto
para ficar com vocês, hein?

*****
Mais três dias se passaram, Thad ainda não tinha visto ou ouvido
falar de Nikolai e estava começando a doer muito. Desde que desmaiou e
acordou para descobrir que não era quem pensava que era, Nikolai não o
visitou. Esperava que seu companheiro estivesse preocupado com ele, pelo
menos o suficiente para ir vê-lo uma vez, talvez duas vezes, mas ele nunca o
fez.
Thad estava agora no quintal tentando conjurar um raio, mas não
conseguia pegar o jeito. Ele suspirou de frustração e abaixou as mãos.
— Tudo bem, Eakul, você conseguirá. Já superou minhas
expectativas. Normalmente ninguém pega as coisas tão rápido quanto
você. Mas, novamente, a maioria dos nossos irmãos achava que eram
humanos vivendo num mundo humano. Você já tinha a vantagem de conhecer
os paranormais. Talvez isso tenha algo a ver.
Thad encolheu os ombros.
— Talvez tenha algo a ver com essa cúpula? É possível que esteja
bloqueando o fluxo de energia?
— Essa é uma boa pergunta, e isso pode ter algum efeito em seus
poderes, mas, sinceramente, não penso assim. Há tanto poder na cúpula das
fadas, que você deve poder aproveitar isso. — Respondeu Nobin.
— Aceitarei sua palavra nisto. Realmente não sei dizer. Tudo o que sei
é como tem me ensinado, e parece certo. Uma vez que me mostra, é como se
eu sempre soubesse como fazê-lo, mas tivesse esquecido e agora me
lembro. Exceto por esse maldito raio.
— Não é fácil para qualquer um reunir esse tipo de energia do
Universo e concentrá-lo em um só lugar. É preciso muito foco. Vamos limpar
sua mente e tentar de novo, ok?
Thad assentiu e se virou quando ele levantou as mãos. Só então viu
Nikolai sair da casa com um cara lindo, e os dois estavam rindo. Nikolai
colocou a mão no braço do outro homem quando jogou a cabeça para trás e
riu, então o outro homem se aproximou e abraçou seu companheiro.
Raiva e ciúme como ele nunca tinha sentido antes o consumiram, e
Thad estendeu as mãos. De repente, um trovão vibrou pelo quintal, e um
relâmpago caiu do céu e atingiu o chão nos duzentos metros que o separavam
de seu companheiro. Nikolai e o outro homem se separaram com choque e
medo, e Thad sorriu.
Boa. Tema-me, imbecil, porque se tocar meu companheiro mais uma
vez, vou incendiar seu traseiro, Thad pensou.
O olhar de Nikolai endureceu, e Thad pôde ver a raiva neles quando
Nikolai virou em sua direção e se aproximou.
— Parece que a raiva e o ciúme também fazem maravilhas pelos seus
poderes, irmãozinho. — Disse Nobin pelo canto da boca.
Nikolai parou perto dele e seus olhares se encontraram. Ele podia ver
a mandíbula de seu companheiro se apertando e abrindo.
— Você enlouqueceu? Alguém poderia ter morrido! — Nikolai o
repreendeu.
— Bem, desculpe-me. Olá, novo para essa magia, poderes e a merda
toda. Estou aqui trabalhando para aprender sobre esses poderes e como
controlá-los. Sabe, treinando? Então, se não quer ser pego no fogo cruzado,
talvez você e seu garoto brinquedo lá não deveriam ter saído! — Thad
argumentou, sua própria raiva crescendo.
As sobrancelhas de Nikolai se ergueram e seus olhos se encheram de
confusão.
— Meu garoto brinquedo? Do que está falando?
Thad apontou para o homem quente de terno preto ainda de pé ao
lado da casa, observando-os.
— Ele. Você não vai me dar a hora do dia. Eu, seu companheiro! Ou
até mesmo verificar se estou bem, ou como meu treinamento está indo, mas
tem a coragem de trazer seu amante aqui e jogá-lo na minha cara!
— Espere um minuto. Meu amante? — Nikolai virou a cabeça e olhou
por cima do ombro, depois de volta para Thad. Sua voz caiu uma oitava e ficou
fria novamente, enquanto continuava: — Este é Tempest. Nosso convidado de
Nova Orleans, que acabou de perder a maior parte de seu maldito coven, sua
casa e sua cidade. Ele é muito bom amigo de Dante e Micah, e eu estava
tentando animá-lo.
— Colocando sua língua em sua garganta e esfregando seu corpo em
cima dele? — Thad gritou. As palavras saíram antes mesmo dele filtrá-las, mas
não se importou. Seu coração estava doendo ao ver seu companheiro dando
atenção a outra pessoa, quando ele não conseguiu nada.
Nikolai sorriu para ele e Thad só queria dar um tapa no seu rosto.
— Você soa como se estivesse com ciúmes. — Disse Nikolai numa voz
baixa e sexy, que fez o pênis de Thad ganhar vida.
Os olhos de Thad se arregalaram quando jogou as mãos para os
lados e respondeu:
— Bem, duh. Claro que estou com ciúmes, seu idiota! Você é meu
companheiro e está ali, abraçando a outra pessoa, mas não me dá a hora do
dia.
Nikolai deu um passo mais perto, seus corpos a poucos centímetros
um do outro, e o corpo de Thad respondeu. Seu pênis se encheu e pressionou
dolorosamente contra o zíper de sua calça jeans, seu coração começou a
disparar e estava tendo dificuldade em recuperar o fôlego.
Nikolai inclinou-se e disse suavemente:
— Primeiro de tudo, não estava enfiando minha língua na garganta
dele, nem esfregando meu corpo por todo o seu, nem empurrando nada em
seu rosto. Eu contei a Tempest uma história engraçada para animá-lo, e depois
que riu, ele me deu um abraço para me agradecer por tirar sua mente do que
estava acontecendo, mesmo que por alguns minutos. E até onde seu ciúme
interes...
É, então, seu companheiro nunca chegou a terminar a frase ou
apalavra. O perfume inebriante de Wintergreen8 de Nikolai envolveu sua
cabeça, e Thad parou de pensar claramente. Tudo o que ouvia era um monte
de sons de blá, blá, e seu olhar focou naqueles lábios rosados e suaves de
Nikolai, e precisava prová-los. Então se inclinou, agarrou a nuca de Nikolai e
puxou-o, beijando-o nos lábios.
Nikolai ficou tenso por alguns momentos, e assim que Thad estava
prestes a desistir e se afastar, Nikolai fez algo que tanto o emocionou quanto o
deixou chocado. Seu companheiro começou a beijá-lo de volta, enfiando a
língua profundamente dentro da boca de Thad, devorando-o. Nikolai colocou as

8
Um grupo de plantas aromáticas que mesmo no inverno permanecem verdes durante o inverno.
mãos nos quadris de Thad, agarrando-o e puxando-o para perto, mas com a
mesma rapidez Nikolai o soltou e recuou.
Seu rosto estava retorcido de dor e seus olhos estavam duros. O
coração de Thad caiu, junto com seu pênis. Era como se alguém tivesse jogado
cem galões de água gelada sobre eles.
— Eu não posso... Não posso fazer isso. — Disse Nikolai com os
dentes cerrados, então abruptamente se virou e foi embora.
Thad observou-o ir embora, até que desapareceu na casa, com o
outro homem, Tempest, seguindo. Thad levou a mão aos lábios, ainda
sentindo o formigamento e o calor dos lábios de Nikolai contra os dele. Lambeu
os lábios, ainda provando seu companheiro.
— Bem, tudo correu bem. — Disse Nobin ao seu lado.
Thad virou a cabeça para olhar para o irmão e levantou uma
sobrancelha.
— Mesmo?
— Sim, claro. Pense nisso. Até ontem ele não poderia estar perto de
você, e agora te beijou de volta. Antes do feitiço o puxar de volta, ele se
deixou ir em seu abraço. Isso deveria te dizer algo.
— Oh, sim? Como o quê? — Thad perguntou.
Nobin deu-lhe um grande sorriso.
— Mesmo que tenha um poderoso feitiço nele, que deixa seu coração
indiferente a você, ainda pode sentir a atração por você. E se aquele beijo
quente fosse qualquer indicação, diria que ele o queria tanto quanto você o
quer. Fique otimista, Eakul.
— E se o feitiço nunca for quebrado? Viu a dor nos seus olhos e no
seu rosto. Esse feitiço, misturado comigo estando perto dele, só está causando
dor a ele. Dor que não quero que tenha que passar. Talvez eu não devesse
estar aqui? Talvez precise ir embora para que ele possa voltar para sua vida?
— E para onde exatamente você iria com o mundo caindo aos
pedaços e sendo enterrado sob alguns metros de cinza?
— Merda, continuo esquecendo isso. Como diabos posso esquecer o
que está acontecendo lá fora? Olho para lá todos os dias e vejo as cinzas
acima de nós, mas... — Thad suspirou pesadamente. — Deveria estar
treinando? Qual é realmente o ponto? Todas aquelas pessoas lá fora estão
sofrendo e morrendo, e estamos aqui apenas seguindo nossas vidas.
— Isso não é exatamente verdade, Eakul. Todos estão treinando
também, mas não aqui. Todos os outros estão trabalhando muito duro em
seus poderes, bem como tentando chegar a um plano para parar essa força do
mal que está vindo. Faça sua parte, Eakul e treine. Isso é tudo que pode fazer
agora. Qual seria a alternativa, desistir e ficar chorando no final dos dias? Isso
certamente significará derrota.
— Você está certo, porém ainda não posso evitar, mas sinto que
talvez não devesse estar aqui com Nikolai. Que talvez deva sair do seu espaço,
porque estar aqui está causando muita dor a ele.
Nobin se virou para encará-lo completamente.
— Está dizendo algo como ‘se ama alguma coisa, liberte-a, e se ela
voltar para você, é sua’?
— Algo assim, acho. — Thad respondeu com um encolher de ombros.
— Merda. — Disse Nobin enfaticamente. — Se ama alguém, você o
informa. Mas, neste caso, com você e Nicco, ele o libertou e você voltou para
ele.
— É verdade, mas ele não voltou para mim.
— Ele não partiu, você o fez, então é o único que precisava voltar. E
ele não voltou para você por causa desse maldito feitiço. Aposto que se isso
tivesse acabado, Nikolai teria corrido direto para você, tomaria-o em seus
braços e nunca te deixaria ir. — Disse Nobin com convicção.
Thad deu-lhe um sorriso.
— Parece que teria sido maravilhoso, mas é apenas um conto de
fadas.
— E não acha que esses contos de fadas vieram da vida real? Rapaz,
ainda tenho muito para te ensinar. Já ouviu falar sobre a bela princesa
chamada Branca de Neve, certo? Ela foi encontrada por esses senhores...
— Anões. — Thad o interrompeu.
— Anões? O que diabos é um anão? Não existe tal criatura. — Nobin
jogou um braço sobre o ombro de Thad e os afastou da casa, começando a
caminhar de volta para o campo aberto. — Branca de Neve fugiu para longe de
sua bruxa malvada. A mulher era francamente louca. De qualquer forma,
Branca de Neve fugiu e se perdeu na floresta. Ela foi encontrada por um clã de
elfos, que a levou e todos se apaixonaram por ela. Branca de Neve também se
apaixonou por eles e os oito viveram felizes para sempre.
Thad parou e olhou para Nobin, como se ele fosse louco.
— O quê? — Perguntou Nobin.
— Então está me dizendo que a Branca de Neve e os sete anã...
Elfos... É uma história verdadeira, e ela se envolveu com os elfos, não com o
príncipe, e agora está em um relacionamento ménage de oito vias?
Nobin sorriu maliciosamente.
— Sim. E ela e seus homens são tão perfeitos juntos. Mas não podiam
muito bem dizer às crianças que Branca de Neve gostava de ter sete paus para
agradá-la, caramba! — Disse Nobin, depois riu. — Pode imaginar os pesadelos
que essas crianças teriam? Eu, por outro lado, adoro sempre que recebo um
convite para almoçar e dou uma olhada na orgia. Sempre pareço me deparar
com uma.
— Você conhece a Branca de Neve? — Perguntou Thad.
— Claro que sim. Ela é um gênio. Venha e vamos praticar um pouco
mais, enquanto falo sobre Cinderela e sua esposa, Marion.
Thad riu enquanto balançava a cabeça e deixava Nobin levá-lo de
volta à clareira.
Capítulo Nove

Todos sentaram-se em silêncio ao redor do covil em seus próprios


pensamentos. A ameaça da batalha com Hades se aproximou, pairando pesada
no ar. Com os cavaleiros destruindo o mundo e centenas de milhões já mortos,
Micah sabia que era apenas uma questão de tempo, alguns dias talvez, e o
tempo deles para lutar viria.
— Apenas sentar aqui sem fazer nada, mas pensar no que pode vir
não é bom para nós. Precisamos parar com isso. — Sussurrou Jesse ao ouvido
de Micah.
— Concordo, bebê. Essa atmosfera do dia do juízo final que se
instalou sobre a casa precisa parar, ou já perdemos. Precisamos encontrar
uma maneira de acender um fogo sob todos.
Taylor se inclinou para o par, fazendo contato visual com os
dois. Micah e Jesse se aproximaram, os três agora juntando as cabeças, quase
se tocando quando Taylor disse em voz baixa:
— Tenho uma ideia que acho fabulosa. Acho que isso vai desapertar
todo mundo, elevar seus espíritos e lembrá-los do que nós estaremos
lutando. E também pode dar a Thad e Nicco um empurrão na direção certa
para uma reunião.
— Isso é ótimo, Tay. É exatamente disso que todos nós precisamos.
— Disse Jesse em voz baixa, empolgado.
Taylor levantou uma sobrancelha quando um sorriso apareceu em
seus lábios.
— Isso significa que não importa qual seja a minha ideia, vocês dois
estarão por trás disso e farão os outros participarem?
A expressão feliz no rosto de Jesse caiu.
— Depende do que é, Tay. Se quer que todos, digamos, pulem de um
avião, então esqueça.
Taylor riu levemente.
— Você tem todas essas habilidades loucas que podem matar alguém
com apenas um pensamento, e ainda tem medo de aviões?
— Não. — Jesse bufou, e então olhou timidamente para baixo. —
Talvez. — Murmurou. — Não é um ponto discutível agora, de qualquer
maneira, com o que está acontecendo lá fora.
Micah olhou para ele com uma sobrancelha levantada.
— Você tem medo de aviões, bebê? Como não sabia disso?
— Não tenho medo de aviões. — Defendeu Jesse.
— Não, ele tem medo de pular de aviões. Que devo dizer que estou
em total acordo. Por que diabos deveria pular de um avião perfeitamente
bom? Mas não é isso que tenho em mente. O que tenho em mente pode ser
muito assustador para algumas pessoas, mas não vai te matar. Ok, o
constrangimento pode fazer você se esconder por um tempo, mas não vai te
matar.
Micah riu quando ele balançou a cabeça.
— Então, qual é esse seu plano, Tay? Como Jesse disse, depende do
que é, mas se for um bom plano, então ficarei do seu lado.
Taylor sorriu largamente enquanto olhava entre eles e então
alegremente respondeu:
— Karaokê, bebê.

*****
Um coro de murmúrios e resmungos veio ao redor deles quando
todos entraram no clube através de um portal, mas houve alguns gritinhos
felizes e risos também.
— Todo mundo encontra um lugar ou algo assim, enquanto acendo
todas as luzes e a música. Taylor, Sage, Shelby, se importaria de me dar uma
mão? — Jesse disse, antes de beijar Micah na bochecha, então se virou e foi
em direção à porta ao lado do palco com os outros seguindo.
— Qual é esse plano que você tem para todos nós, Micah? Algo para
a batalha que vem? — Ryland perguntou enquanto caminhavam para uma das
mesas na frente do palco.
Micah sorriu quando puxou uma cadeira e sentou-se.
— Foi ideia de Taylor, na verdade. — Outro coro de resmungos
começou.
— Por que você concordaria com uma das ideias irracionais de Taylor?
— Slade bufou ao sentar-se numa cadeira na mesa ao lado com Maddy, Josh,
Milo e Oliver.
— Porque realmente acho que é uma ótima ideia e algo que todos nós
precisamos agora. — Respondeu Micah.
— Tenho que concordar com Slade sobre isso, Micah. — Disse
Ryland. — Temos coisas mais importantes para pensar agora do que assistir a
um show.
— Discordo. É precisamente por causa do que estamos prestes a
enfrentar e da atmosfera que caiu sobre todos nós, que precisamos disso mais
do que nunca. — Argumentou Micah.
As luzes do palco se acenderam, depois as luzes do clube, piscando,
rodando luzes de todas as cores diferentes, e a música começou a zumbir
suavemente do sistema de som.
— Tudo bem se eu ficasse atrás do bar e começasse a fazer bebidas,
Micah? Já faz um tempo desde que cuidei do bar, mas acho que ainda posso
fazer isso. — Ofereceu Dale.
— Claro que pode, Dale, mas ninguém está aqui para
trabalhar. Estamos todos aqui para comemorar. — Respondeu Micah.
— Comemorar o que? Receber nossas bundas entregues a nós,
quando tirarem nossas cabeças de nossos ombros? — Ryland resmungou.
— É por esse tipo de mentalidade que estamos aqui e precisamos
disso desesperadamente. Sabe que no pensamento irlandês, que é a herança
de Taylor, diz que quando um deles enfrenta o seu fim, eles celebram? E
quando alguém morre, em vez de lamentar, faz festa em comemoração à vida
dessa pessoa? Mais tarde, quando estão sozinhos, e todos se foram, fazem o
seu luto. — Disse Micah.
Phenex sentou-se ao lado de Ryland e colocou uma mão no joelho
quando disse:
— Isso parece ótimo para mim. Todos precisamos ter nossos espíritos
levantados, mesmo que por uma noite.
— E acho que Nicco e Thad poderiam usar alguma persuasão
também. — Dante acrescentou do seu lugar entre Micah e Dare.
— Ainda não resolveram as coisas? — Phen perguntou.
Dante suspirou pesadamente.
— Não, e acho que podem estar ficando sem tempo. Bem, todos
nós. Lembre-se do que Aurora disse? Todos devemos estar juntos, com nossos
companheiros e lutar como um só. Se esses dois não puderem resolver isso e
perceberem que pertencem um ao outro, então isso afetará o resto de nós
quando enfrentarmos Hades?
— Bem, então é uma coisa boa que temos tantos do nosso
lado. Minha Legião, os faes de Ry, os felinos de Storm, os dragões de Dare e
seus vampiros, assim como a matilha de Micah e todos os soldados do centro
de treinamento. — Phen respondeu.
Micah e Dante trocaram um olhar.
— O que foi esse olhar? — Ryland perguntou.
— Não foi nada. Algo que não precisa ser discutido hoje de qualquer
maneira. Vamos ver o que Taylor tem reservado para nós e tentar relaxar e se
divertir. — Respondeu Micah.
Micah então se virou para Dale e sorriu.
— Não me importo se quiser ir fazer algumas bebidas, Dale, mas
lembre-se, está aqui para se divertir com seus amigos também, então não está
no serviço do bar.
Dale sorriu ao assentir.
— Claro. Obrigado Micah. Scotch para você, Dare, e o que você
gostaria hoje à noite, Dante, uísque ou vinho?
— Vou junto e dar-lhe uma mão, Bello. — Ele respondeu quando se
levantou e passou um braço em volta da cintura de Dale. — E se está servindo,
então acho que vou ter um daqueles deliciosos Long Island Iced Teas9 que
você faz.
— Isso não significa que vocês dois podem ficar fora de qualquer
coisa que vá acontecer esta noite. — Dare gritou atrás de seus companheiros
enquanto eles se afastavam, e tanto Dale quanto Dante começaram a rir.
— Sabia que iam encontrar uma maneira de sair de tudo isso. — Dare
resmungou e cruzou os braços sobre o peito.
Micah riu dele.
— Oh, não fique tão preocupado, Dare. Não é como se estivéssemos
fazendo você ficar na frente de um pelotão de fuzilamento. — Micah disse, e
então murmurou: — Mas vai se sentir assim. — Virou a cabeça para esconder
seu sorriso.

*****
— Não acho que isso vai funcionar, Jesse, mas obrigado de qualquer
maneira. — Disse Thad.
Taylor se encostou na parede e disse:
— Bem, não acho que isso possa machucar. Que tal você e Jesse
irem lá e cantar algumas músicas primeiro? Quebre o gelo um pouco para
todos. E, ao mesmo tempo, talvez envie uma mensagem para uma certa
pessoa. Você disse que adoraria cantar com Jesse algum dia, e com essa
batalha pairando sobre nossas cabeças, essa pode ser sua única chance. Além

9
Tipo de bebida alcoólica mista feita tipicamente com vodca, tequila, rum leve, triple sec, gin e um pouco de cola, que
dá à bebida um tom âmbar, é decorado com o limão.
disso, por causa disso, essa pode ser sua última chance de fazer com que seu
companheiro o perdoe e o receba de volta.
— Concordo com Taylor. O que mais tem a perder, Dax? — Jesse
respondeu.
Thad respirou fundo, soltou-o devagar e depois sorriu.
— Vocês dois estão certos. Que diabos! Com uma condição. Pare de
me chamar de Dax. Odeio esse maldito nome. Apenas me chame de Thad.
— Combinado. — Taylor e Jesse disseram juntos.
— Então, o que quer cantar?

*****
Nicco ficou de frente para o bar enquanto todos encontravam
assentos atrás dele. Dale e Dante se moveram atrás do bar, e Dale pegou um
pano, jogando-o por cima do ombro, fazendo Nicco sorrir. Mesmo depois de
todo esse tempo em que Dale não estava trabalhando aqui, ainda recaía em
velhos hábitos.
— O que posso te servir, Nic? — Dale perguntou.
Ele levantou uma sobrancelha e sorriu.
— Você deveria estar trabalhando hoje à noite?
Dale devolveu o sorriso quando se inclinou sobre o bar.
— Não, mas tenho certeza que é melhor do que o que Taylor planejou
para nós. Agora esse pensamento é assustador, não é?
Nicco ficou em pé.
— Taylor planejou os eventos desta noite? Merda. — Resmungou. Em
que diabos se meteram? Não era ruim o suficiente estarem prestes a enfrentar
Minos e Hades em uma luta até a morte, mas agora tinham que passar por
tudo o que estava acontecendo hoje à noite?
— Oh, não fique tão preocupado, Nic. Tenho certeza de que tudo vai
ficar bem. — Disse Dante, rindo.
— Sim, diz o homem que fugiu para trás do bar com seu
companheiro, para se esconder do que quer que seja. — Reclamou
Nicco. Dante apenas riu mais e foi embora.
— Cerveja. — Dale anunciou alegremente quando bateu uma junta no
bar, então se virou rindo.
Nicco rosnou quando balançou a cabeça. Amava Taylor em pedaços e
morreria pelo homem, mas o pensamento dele chegando com algo para eles
fazer era absolutamente assustador.
As luzes da casa baixaram e o salão ficou quieto. De repente, a única
coisa que podia ser ouvida era o clique de saltos no chão de madeira. Dale
colocou uma cerveja à sua frente quando Dale e Dante pararam para olhar o
palco. Nicco pegou sua cerveja e se virou.
Os holofotes se acenderam, e Taylor estava no centro do palco,
vestindo um top roxo brilhante que apenas cobria seu peito, um short curto,
meia arrastão e saltos roxos de quinze centímetros de altura. Seu cabelo
estava arrepiado, com suas pontas rosa-choque brilhando na luz e combinando
com a sombra e os lábios cor-de-rosa. Sorriu para a multidão e levantou a
mão, segurando o microfone diante dele. Os gritos soaram e o salão se encheu
de assobios, e então todos começaram a rir quando Gabriel rosnou. Taylor
sorriu para seu companheiro e piscou enquanto lhe mandava um beijo. Gabriel
sorriu brilhantemente e sentou-se enquanto lambia os lábios.
— Olá, cadelas. Antes de começarmos as atividades reais de hoje à
noite, temos algo muito especial. Então, sente-se e aproveite a dupla musical
de Jesse e Thad. — Anunciou Taylor quando jogou o braço para a direita
apontando para o lado do palco.
Os olhos de Nicco se arregalaram e depois se fecharam, enquanto
suspirava e baixava o queixo para o peito. Realmente precisava sair.
Nicco se virou, colocou a garrafa no bar e foi embora, mas a mão de
Dante em seu ombro o deteve. Nicco encontrou o olhar de Dante.
— Por que não fica?
Não foi uma pergunta. Era mais como uma ordem que não podia
recusar. Nicco suspirou e se virou para o palco e se encostou no bar, cruzando
os braços sobre o peito.
Jesse e Thad saíram, e Thad tinha uma guitarra amarrada nas costas
e cada um deles carregava um banquinho e caminhava em direção ao centro
do palco, enquanto Shelby corria e colocava um segundo microfone ao lado do
primeiro. Então ele e Taylor saíram do palco para se sentar com seus
companheiros.
Jesse e Thad baixaram os bancos, sentaram-se e ajustaram os
microfones, cada um dando um sorriso ao público antes de se olharem e
assentirem. Jesse olhou para a direita do palco e acenou com a cabeça, em
seguida, olhou para frente novamente enquanto Thad puxava o violão para
frente. O pênis de Nicco ficou instantaneamente duro, e teve que morder o
interior de sua bochecha para se impedir de sair.
Thad começou a tocar quando Jesse cantou o primeiro verso de “Life
After You” de Daughtry. Thad se juntou a ele no coro e os dois se revezaram
cantando. Eram muito bons juntos. Suas vozes complementavam-se bem. Por
mais que Nicco quisesse sair, não conseguia encontrá-lo para ir embora.
Quando Thad começou a cantar o segundo verso, parecia que estava
cantando diretamente para Nicco. Quando chegaram ao refrão novamente, o
olhar de Thad encontrou o dele e Nicco não pôde desviar o olhar.
Permaneceram assim pelo restante da música.
Jesse se afastou um pouco e deixou que Thad tomasse o resto da
música, só se juntando no refrão.
A música terminou e imediatamente outra começou a tocar. Thad
interrompeu momentaneamente o contato visual e olhou para Jesse, depois se
voltou para a plateia. Essa segunda música não era uma com a qual estava
muito familiarizado, mas sabia disso. Jesse começou a cantar “Light On”, de
David Cook, depois Thad cantou o segundo verso, e então se juntaram ao
refrão novamente. Quando o verso ficou mais forte, Thad cantou alto com tudo
o que tinha quando olhou nos olhos de Nicco novamente. Jesse se juntou a ele
no final, ambos cantaram com paixão.
Não podia aguentar mais. Nicco sabia exatamente o que Thad estava
fazendo, mas não conseguiu ouvir. A raiva começou a subir dentro dele
ouvindo as palavras da canção. Era isso que Thad esperava dele? Que seria
capaz de ir lá no mundo e se encontrar, e Nicco apenas se sentaria e esperaria
por ele quando estivesse pronto para voltar? Mantendo uma luz na janela para
encontrar o caminho de casa como dizia o velho ditado? Precisava dar o fora
daqui antes de correr para Thad, pegá-lo em seus braços e segurá-lo para
sempre. É tudo o que queria, e podia ver dentro dos olhos de Thad que ele o
queria também, mas isso duraria? Se derrotassem Hades e Minos, e de alguma
forma recuperassem o mundo, Thad fugiria e se tornaria novamente Dax
Dalton, deixando-o para trás? Seu coração não sobreviveria desta vez, sabia
que não.
Nicco desviou o olhar e se virou para a porta. Não podia mais estar
aqui. Sua mão agarrou a maçaneta da porta quando a música terminou e Thad
começou a cantar outra imediatamente, a voz de Thad chamou sua
atenção. As palavras que cantou soavam como um apelo, e Nicco não tinha
forças para ignorá-las.
Lentamente se virou para encarar o palco.
Thad agora estava lá sozinho, e seus olhares se encontraram
novamente quando seu companheiro cantou “Take Back”, de Adam
Lambert. Nicco pôde ver as lágrimas nos olhos de Thad e seu coração se
apertou. Queria tanto ir até ele, mas a dor do passado não o deixava, então
ficou parado ali congelado, ouvindo cada palavra.
Quando a música chegou ao fim, ambos ficaram congelados olhando
um para o outro do outro lado do salão. Um lampejo de memória de Thad
deixando-o cruzou a mente de Nicco, e ele piscou, girou nos calcanhares e
empurrou a porta. Ouviu um baque atrás dele, depois corrida dos pés se
aproximando. O resto do clube permaneceu em silêncio. Uma mão tocou seu
ombro e o puxou de volta. Ele se virou para encarar seu companheiro.
— Nikolai. — Disse Thad sem fôlego. Nicco podia ouvir a emoção em
sua voz e ver a umidade nos olhos de Thad. — Por favor, me diga o que posso
fazer para consertar as entre nós novamente.
— Você não pode. — Respondeu Nicco, depois se virou e saiu pela
porta.

*****
Taylor rapidamente voltou ao palco e pegou o microfone, dando a
todo seu melhor sorriso de diva.
— Ok, todo mundo. Está na hora de pagar o flautista. E com isso,
quero dizer eu. Vamos ver o que todos vocês têm. Sei que será difícil superar
isso, mas todos nós ainda vamos tentar nos divertir. Esta noite ninguém está
seguro. Hoje à noite, vamos viver como se fosse nosso último dia nesta rocha,
porque inferno, pode ser, e vamos jogar todas as inibições ao vento. Não,
infelizmente não estou falando de ter uma boa orgia antiquada. Estou falando
sobre seus talentos musicais. E todos vocês vão ter sua chance. É noite de
karaokê, rapazes, então prepare suas vozes.
Taylor olhou para o lado do palco e assentiu, e a música começou a
encher o salão. Taylor começou a girar os quadris, depois abriu a boca e
começou a cantar “These Boys”, de Adam Lambert. Enquanto cantava, andou
pelo palco, suas mãos acenando em todas as direções, olhos rolando e dando
uma atitude de diva. No segundo verso, desceu do palco e circulou as mesas
cheias, tocando e provocando a todos enquanto passava por eles. Todos
começaram a rir e aplaudir enquanto ele prosseguia.
— Isso é divertido. — Disse Lúcifer, inclinando-se para falar com
Micah e Jesse, que agora estava sentado no colo de Micah. — Já ouvi falar
desse karaokê antes, mas nunca vi isso. Alguém pode se levantar e cantar?
Jesse deu-lhe um sorriso.
— Sim. Quem quiser cantar pode ir. Há uma lista de músicas lá feita
por Sage. Você escolhe o que quer, e ele vai colocar a faixa quando estiver
pronto. Se você olhar bem ali na frente do palco, aquele monitor lá, tem as
palavras da música para ajudá-lo se você não conhecer bem.
Os olhos de Lúcifer se iluminaram quando um sorriso cruzou seu
rosto. Se virou para seus companheiros, que estavam sentados ao lado dele.
— Lindos, precisamos tentar isso.
Demi sorriu brilhantemente e acenou com a aprovação, mas os olhos
de Mitchell se encheram de medo, e balançou a cabeça negativamente.
Lúcifer agarrou cada uma das mãos e os pôs de pé. Envolveu um
braço ao redor da cintura de Mitchell e segurou-o perto.
— Vem meu Amor. Vamos nos divertir um pouco. Você não precisa
cantar se não quiser. Farei toda parte do canto. Você apenas seja meu homem
de reserva e agite essa sua bunda sexy. — Lúcifer disse e balançou as
sobrancelhas. Mitchell riu enquanto dava a Lúcifer um sorriso tímido.
— Por mim? — Lúcifer disse e empurrou o lábio inferior enquanto
dava aos olhos de cachorrinho para Mitchell. Mitchell deu uma gargalhada e
assentiu.
— Ok, por você, mas não vou cantar.
Lúcifer deu-lhe um sorriso diabólico.
— Vamos. — Ele se dirigiu para o lado do palco, levando seus
companheiros para onde Sage estava de pé e, em seguida, levantou o papel.
A música de Taylor chegou ao fim, e saiu do palco quando Lexi se
aproximou do microfone e sorriu.
— Ok, Sage, por favor, esse. — Disse e pegou o microfone.
A música começou a tocar, e Lexi começou a balançar os quadris,
dançando pelo palco e cantando “How Far We Come” da Matchbox
Twenty. Todos começaram a rir, alguns gemeram e alguns até jogaram
guardanapos para ele.
— Oh, meu Deus! Idiota. — Taylor gritou e riu enquanto assistia do
lado do palco.
Quando a música chegou ao refrão, Lexi puxou o microfone do
suporte e começou a pular pelo palco e dançar enquanto cantava. Quando
terminou, Lexi fez uma reverência quando riu e afastou alguns dos
guardanapos. Então pulou do palco e caiu na cadeira ao lado de Bailey. Bailey
deu-lhe um grande sorriso amoroso e Lexi começou a beijar seu companheiro.
Lúcifer subiu ao palco e caminhou até o microfone com sua
arrogância imponente e confiante, segurando as mãos de seu
companheiro. Quando chegou ao centro do palco, Demi e Mitchell seguraram
as mãos um do outro enquanto se moviam para o lado de Lúcifer, ambos
parecendo que estavam tentando desesperadamente segurar suas
risadas. Lúcifer deu a todos um sorriso malicioso, depois abriu a boca e
começou a cantar enquanto a música começava.
Uma vez que a multidão ouviu a linha de abertura para “Take Me to
Church10” de Hozier, todos os olhos se arregalaram, olhando incrédulo, não só
pelo fato que Senhor do Inferno pudesse cantar fantasticamente, mas também
pelo que estava cantando. Todos olharam um ao redor um do outro, chocados,
exceto Phenex, Laylen e os outros Guerreiros da Legião que estavam
presentes. Todos começaram a rir incontrolavelmente, e logo todo o salão se
juntou enquanto assistiam a Lúcifer se pavonear. Sorria maldosamente e
balançava as sobrancelhas toda vez que cantava o refrão, o que fazia todo
mundo rir mais.
Quando a música terminou, imediatamente começou outra, e Demi e
Mitchell avançaram, de cada lado de Lúcifer, enquanto ele cantava uma
segunda música, “Demons”, de Imagine Dragons, que novamente enchia o
salão de riso. Demi e Mitchell se juntaram ao refrão, e os três se divertiram
dançando, rindo e cantando.

*****

10
Leve-me a Igreja.
Quando saiu do clube, algo dentro dele o estava puxando de volta.
Algo estava dizendo para voltar a encontrar seu companheiro e puxar Thad em
seus braços e nunca o deixar ir. Nicco não conseguia entender o que estava
acontecendo com ele. Num minuto queria fugir de Thad, no outro não poderia
se importar menos com o que estava acontecendo com seu companheiro, e de
repente era como se não pudesse respirar sem o homem.
Quando Thad começou a cantar, só queria fugir.
Não queria ouvi-lo ou vê-lo, mas Dante o fez ficar. Então ficou
hipnotizado por seu companheiro. Preso em transe, incapaz de se mexer
enquanto observava Thad e ouvia sua linda voz, mas de repente a raiva o
encheu e precisava fugir. Agora que estava fora, temia que, se não voltasse,
estaria cometendo o maior erro de sua vida.
Nicco suspirou pesadamente em frustração enquanto passava os
dedos pelos cabelos e agarrava os fios com força.
— O que há de errado comigo?
Podia ouvir as risadas e gritos no clube, e um sorriso veio aos seus
lábios enquanto pensava sobre a diversão que sua família estava
tendo. Mesmo nesses tempos sombrios e no futuro incerto, estavam todos
juntos e rindo. Realmente amava esse grupo de pessoas, sua família e não
queria ficar sozinho. Queria estar lá com eles, aproveitando o que poderia ser
seus últimos dias.
Seus últimos dias? Isso seria o último deles? Perderiam a batalha
com Hades e Minos? E se o fizessem, e nunca dissesse a Thad o quanto ainda
o amava, iria passar para sempre na escuridão dentro de si mesmo sabendo
que só tinha alguns dias com seu companheiro e deixava seu orgulho estúpido
atrapalhar? Queria passar os últimos dias de sua vida sozinho assim?
Todo mundo estava dentro se divertindo, amando seus companheiros
e apenas estando juntos. Mas essa não deveria ser a razão pela qual iria até
Thad e o perdoaria. Deveria fazer isso porque realmente o perdoou e o
queria. Merecia amor como todo mundo, e Thad também. Mas realmente havia
algo a perdoar? Thad tinha sido enfeitiçado para deixá-lo, então ainda poderia
culpar seu companheiro por sair?
Não poderia voltar lá e declarar seu amor ao homem apenas para
passar alguns dias com ele e depois morrer. Não, não podia fazer isso com
nenhum deles. Precisava ir.
Nicco se afastou do clube, saindo de debaixo do toldo. Abaixou a
cabeça e tentou acelerar o passo, mas a cada passo seus pés pareciam
pesados, como se alguém o tivesse jogado em um balde de concreto e, quando
engrossou, se moveu mais devagar. Seu peito começou a doer e seu coração
bateu mais rápido. O pensamento de se afastar de Thad estava machucando-o
fisicamente e, de repente, não conseguia respirar.
Nicco ofegou, tentando levar ar para os pulmões enquanto esfregava
o peito, tentando aliviar a dor.
— Ele estará a salvo, vampiro. — Disse Nobin atrás dele, e Nicco se
virou para encarar o gênio. — Vou levá-lo de volta a Crepúsculo da Lua para
que não seja prejudicado nesta guerra. Minha família e eu vamos ajudá-lo a te
esquecer e seguir em frente para ter uma boa vida.
— Mas ele está destinado a estar aqui comigo. — Nicco argumentou
apaixonadamente.
— Sim, mas você não o quer, vampiro. Briga com você mesmo sobre
como se sente por ele. Também luta com o pensamento de que se reivindicá-
lo, então Eakul terá que ser uma parte da luta e poderia morrer. Mesmo agora,
quando insiste que não o quer, quer que ele seja protegido e mantido em
segurança. Isso não lhe diz alguma coisa? — Perguntou Nobin e aproximou-se.
— Não quero que ninguém se machuque nessa guerra. — Insistiu
Nicco.
— É verdade, mas o pensamento de Eakul em pé ao seu lado para
enfrentar Hades está fazendo com que entre em pânico. Está apavorado por
ele e pelo seu bem-estar. Isso soa para mim como alguém que está
apaixonado. Não importa qual feitiço tenha sido lançado em você, seu amor
por Eakul está empurrando e dominando.
— Mas não o quero. — Nicco interrompeu-se quando a dor em seu
peito se intensificou com suas palavras.
— Seu coração e alma estão dizendo a você de forma diferente,
vampiro. Sua cabeça está inventando desculpas e tentando negar seus
verdadeiros sentimentos, mas seu coração e alma não deixam mais, e estão
lutando de volta. Mesmo com uma peça faltando, sua alma sabe onde
pertence. Aceite o que você realmente sente por Eakul e deixe o amor que tem
por ele fluir de volta através de você. Liberte-se desses vínculos e reivindique
o que é seu. Você vai se salvar e a Eakul se o fizer.
— Eu… Não posso. Eu... — Nicco ofegou com mais força e depois caiu
de joelhos quando uma dor incandescente tomou conta de seu coração e
irradiou através de seu peito.
Cerrou os dentes contra a dor e gritou.

Capítulo Dez

Ele precisava parar com isso. Ficou claro que Nicco nunca mais o
aceitaria ou o desejaria novamente. Ele havia estragado tudo e Nicco não o
amava mais. Tinha que encontrar uma maneira de seguir em frente. Talvez o
reino dos gênios, esse Crepúsculo da Lua, não seja tão ruim assim? Talvez
esses novos poderes pudessem ajudá-lo a superar Nicco?
O coração de Thad começou a bater acelerado com o pensamento de
nunca ter Nicco novamente, de nunca vê-lo novamente ou ouvir sua voz sexy.
Ele sentou-se em uma das cadeiras no camarim e inclinou-se, colocando a
cabeça para baixo e fechando os olhos. Ele precisava descobrir o que fazer.
Da frente do clube, ouviu Lúcifer começa a cantar, e deixou escapar
uma risada, quando pensou que o Senhor do Inferno estava cantando.
— “Take Me To Church”? Sério? — Thad disse em voz alta e balançou
a cabeça.
Amava essa família. Até mesmo os novos que se juntaram somente
nos últimos anos. Esta família tinha crescido muito desde que ele foi embora, e
estava cheia de homens maravilhosos. Até mesmo o próprio Lúcifer. O Senhor
do Inferno era engraçado e amava essa família ferozmente. Thad ficara
chocado ao ver o quanto ele era protetor de todos, a princípio, mas à medida
que conhecia todo mundo, conseguia entender e concordar com Lúcifer. Ele
faria qualquer coisa por essa família também.
Queria fazer parte daquela família, mesmo se Nicco nunca voltasse
com ele, mas doía demais estar em torno de seu companheiro e não ser capaz
de tê-lo. Ele também podia dizer que sua presença trazia a Nicco muito
estresse e dor, e ele não queria isso para seu companheiro. Ele amava Nicco
demais para isso. Teria que usar esse amor para se afastar dele e deixá-lo
livre. Mas como poderia ir embora desta vez? Por causa do que Nobin lhe
disse, tinha sido mais fácil para ele se afastar da última vez, por causa do
feitiço. Ele não pensava assim porque se lembrava de toda a dor e lágrimas,
mas de acordo com Nobin, isso não era nada comparado ao que seria agora
que ele entendeu completamente e não tinha um gênio ajudando-o.
Então, como poderia se afastar de Nicco desta vez sem que a dor o
consumisse e o destruísse?

*****
A multidão riu, bateu palmas e gritou quando Lúcifer e seus
companheiros saíram do palco e voltaram para seus lugares. Taylor saltou de
volta ao palco e foi para o microfone.
— Bem, isso foi um pouco perturbador. De uma forma realmente
impressionante. Amei e quem diria que Lucy tinha a voz de um anjo? — Taylor
disse e deu Lúcifer uma piscada exagerada, fazendo Lúcifer rir enquanto
puxava seus companheiros para seu colo.
— Ok, agora, vamos ver quem vai tentar superar essa? — Taylor
perguntou e olhou para o lado do palco, em seguida, enfrentou o público
novamente com um sorriso. — Oh, não posso esperar para ver este ato... Por
favor, aplaudam Maddy, Josh e Milo! — Taylor anunciou e saltou para fora do
palco.
Josh caminhou até o microfone e segurou-o nas mãos enquanto
olhava para a multidão. Milo e Maddy foram para os lados dele, mas recuaram
alguns centímetros.
— Ok, não sei como vamos superar Lúcifer cantando, mas diabos,
vamos nos esforçar. Dá-lhe, Sage.
A música começou, e Josh começou a cantar “Counting Stars”, do
One Republic. Maddy e Milo dançavam atrás dele, agitando suas bundas para o
público e fazendo com que todos começassem a assobiar e gritar novamente, e
então eles se viraram e enfrentaram o público.
Assim que acabaram, Rory, Raith e Aaron subiram ao palco.
— Ok, meninos, deixe o papai aqui mostrar como se faz. — Raith
disse e, em seguida, andou até o microfone, agarrou-o com uma mão e
começou a cantar “Low” de Flo Rida, enquanto dançava em volta do palco,
como se fosse Magic Mike. Ele tinha movimentos ainda melhores do que
Channing Tatum. Girando seus quadris sedutoramente, abaixou para o chão
enquanto corria uma mão até seu estômago, revelando os abdominais firmes.
Lúcifer correu para o palco e começou a lançar notas de dinheiro em Raith; e
Rory e Aaron começaram a rir. Em breve, Xavier, Xander, Lexi e Cass
juntaram-se a Lúcifer e começaram a atirar dinheiro para Raith, também. Raith
virou as costas para o público e abanou a bunda, em seguida, inclinou-se e
deu um tapa em sua própria bunda. Mais dos caras se juntaram ao grupo em
frente ao palco, jogando dinheiro, enquanto os outros riam, aplaudiam, e
assobiavam.
Quando terminou, ele riu quando pegou todo o dinheiro. Ele olhou
para a multidão e disse:
— Obrigado, rapazes. Não achem que não vou ficar com isso. —
Então empurrou as notas na frente da calça, fazendo com que todos rissem e
vaiassem.
Taylor subiu ao palco novamente, rindo e abanando-se.
— Bem, agora sabemos onde seus garotos aprenderam esses
movimentos, Raith. Caramba, as nozes não caem longe da árvore. Com esses
giros de quadris, seus companheiros são uns cabras de muita sorte. Ok, agora
ponham as mãos juntas para a coisa mais fofa do mundo.
— Venha cá, Noah. — Disse Taylor quando acenou para o lado do
palco.
Noah subiu no palco sorrindo alegremente e meio que pulou
animadamente para Taylor.
— Você está pronto para isto, gracinha? — Taylor perguntou.
Noah assentiu com a cabeça quando sorriu. Taylor riu e deu a Noah,
um abraço e depois saiu do palco. Noah voltou-se para o público, e se
aproximou do microfone. Ele sorriu e acenou pra todo mundo, fazendo com
que todos rissem.
— Você consegue, lindo! — Bastian gritou, dando um grande sorriso
de encorajamento.
Noah olhou para Sage e assentiu com a cabeça e, em seguida, olhou
para trás. O suave tilintar da música começou e Noah torceu as mãos juntas,
mas ele não estava nervoso, estava animado. O sorriso brilhante permaneceu
em seus lábios enquanto ele cantava perfeitamente, em uma voz doce, “Let It
Go”, do Passenger, mas usou a palavra ele em vez dela. Ele levou as mãos aos
lábios algumas vezes enquanto ria, mas enquanto mais cantava, ficou ainda
mais animado e acenou com exuberância para a multidão algumas vezes, e na
metade da música, sua voz ficou mais forte e confiante, o sorriso nunca
deixando seu rosto. Toda a plateia ficou de pé e começou a aplaudir,
encorajando-o.
Quando chegou ao fim e a música parou, então Noah podia cantar
sozinho, todos silenciaram e apenas a voz de Noah podia ser ouvida. Depois
que ele terminou, os aplausos recomeçaram, e Noah sorriu brilhantemente e
pulou para cima e para baixo alegremente.
Storm e Bastian estavam de pé na frente do palco, e Storm abriu os
braços enquanto sorria para seu companheiro. Noah correu em sua direção e,
em seguida, pulou do palco para os braços de Storm, rindo. Bastian jogou a
cabeça para trás e riu, depois passou os braços ao redor de seus companheiros
e os afastou do palco.
Taylor entrou no palco, batendo palmas e assobiando.
— Isso foi demais, Noah. Caramba, a voz incrível corre na família. Ok,
turbulento bando, quem é o próximo?
Enquanto a noite passava, apareceramalguns cantores incríveis e
divertidos. Como quando Crew cantou “Eye Of The Tiger”, do Survivor e, em
seguida, Laylen levantou-se e cantou “Sweet Caroline”, de Neil Diamond. Após
isso Sage e Shelby subiram ao palco. Enquanto Shelby cantou “I Will Survive”,
de Gloria Gaynor, Sage fez uma série de movimentos, mostrando seu corpo
flexível e movimentos acrobáticos perversos.
Quando Ryland subiu ao palco, ninguém ficou mais chocado que
Jesse. Ele endireitou-se e observou com admiração quando seu pai Fae cantou
“Somewhere in the Night”, de Barry Manilow, mas ao fazê-lo, todos os
guerreiros Fae gemeram e reviraram os olhos ou bateram as cabeças nas
mesas. Phenex riu enquanto balançou a cabeça e sorriu para seu companheiro.
— O que provoca essa reação? — Micah perguntou sobre a música.
— Meu Querido Coração pensa que o sol nasce e se põe com Barry
Manilow e o canta constantemente. Os corredores do palácio estão sempre
cheios do meu Ryland cantando Barry, assobiando Barry, em algum lugar do
palácio. Muitos anos atrás, fazíamos... Vamos apenas dizer, Barry me ajudou a
ter algumas noites muito memoráveis. — Phen respondeu e balançou as
sobrancelhas.
Todo mundo riu da confissão, e Jesse colocou os dedos em seus
ouvidos enquanto continuavam a assistir Ryland, espantados com sua voz
maravilhosa.
Ryland terminou, Taylor subiu ao palco mais uma vez e caminhou
para o microfone, olhando Ryland com admiração. Ele voltou-se para o público
e levantou uma sobrancelha.
— Acho que o homem tem mais camadas do que cebola, muito mais
do que qualquer um de nós conhece, exceto Phenex. Jess, acho que tem seu
novo show. Lúcifer e as três fadas, com você, Ryland e Noah como apoio. Acho
que vai fazer uma fortuna. Você não precisa nem mesmo de pirotecnia de
efeitos especiais com todos esses poderes ímpios.
Depois disso, a diversão continuou com Viktor cantando uma versão
fantástica de “For Your Entertainment”, de Adam Lambert, que fez seu
companheiro, Adam, sorrir e desmaiar, e Taylor provocá-los sobre sua vida
privada.
Xander se levantou e cantou “Sleepwalker”, de Adam Lambert para
seu companheiro, fazendo Shelby pular em seus ossos bem ali no palco, até
que Taylor os empurrou para os bastidores. Então Raffy e Bailey se levantaram
e cantaram “True Colors”, de Cyndi Lauper. Depois disso Ryx, Nuriel e Duma
acharam que seria engraçado cantar “The Final Countdown”, do Europe.
Mas quando Storm subiu ao palco, todos, incluindo seus
companheiros ficaram chocados. Storm ficou rigidamente na frente do
microfone e segurou-o com ambas as mãos, olhou para seus companheiros e
começou a cantar “Landslide”, de Stevie Nicks.
Phen levantou e cantou uma versão chocante de “My Way”, de Frank
Sinatra, que fez Jesse ficar de boca aberta e Lúcifer parecendo que agora
conhecia um segredo maravilhoso sobre Phen. Ryland adorou e apenas sentou-
se lá olhando para seu companheiro como um adolescente doente de amor e
desmaiando quando Phen chegou ao fim e realmente cantou tudo que podia.
Quando o grande guerreiro Fae, Sasha, subiu ao palco e cantou, em
sua voz muito grave, a versão muito intensa do “Disturbed”, de Sounds of
Silence, o lugar ficou quieto e silencioso. Certo frio e sensação de mau agouro
varreram todos eles, e todo mundo sentou-se absorto em atenção olhando
para ele. Seu pequeno companheiro, Samuel, sentou-se silenciosamente com
lágrimas nos olhos e um sorriso suave nos lábios.
Depois que Sasha acabou, todos ficaram lá em silêncio olhando para
ele e então de repente todos pularam, e um forte aplauso ecoou no salão,
fazendo Sasha sorrir timidamente. Ele assentiu com a cabeça e, em seguida,
saiu do palco.
Taylor voltou depois de Sasha, atordoado e depois se virou para
enfrentar o grupo.
— Eu estava errado, Jesse. Precisamos colocar Sasha na estrada, e
vamos ficar podres de rico. Não sei quem tem bolas para tentar superar isso,
mas quem tem, traga sua bunda quente até aqui.
O som de grandes e pesadas botas de combate ressoaram no
assoalho, e Micah caminhou com sua confiante postura e sorriso no rosto em
direção a Taylor. Taylor virou-se e o viu, em seguida, riu.
— Bem, eu disse quem tinha que ter bolas para isso. Eis nosso líder
destemido. Vamos ver o que tem para nós, Micah. — Taylor anunciou, em
seguida, fugiu do palco.
Micah agarrou o microfone e olhou para Jesse, sorrindo. Ele levantou
a mão, oferecendo a seu companheiro, e Jesse se levantou, então foi para o
palco e parou ao lado de Micah, que virou e segurou uma das mãos de Jesse,
quando a música começou, e sem tirar os olhos de Jesse, ele começou a
cantar, “Have I Told You Lately That I Love You”, de Rod Stewart.
No meio, Micah passou o braço livre em volta da cintura de Jesse e
puxou-o para perto, enquanto os dois se balançavam suavemente com a
música. Jesse se inclinou em Micah, enquanto o olhava nos olhos, um sorriso
de adoração no rosto. Quando a música terminou, Micah inclinou-se e capturou
os lábios de Jesse em um beijo suave, doce, e todos começaram a aplaudir.
Quando os aplausos morreram, e Micah se afastou do beijo, Phenex
gritou:
— Muito bem, sabia que tinha isso em você, garoto?
— Não sei, com uma música assim você pensaria que ele estava
tentando era transar. Grande enrolação. — Lúcifer gritou alto.
Micah riu e virou a cabeça para olhar para Lúcifer com um sorriso e
balançou sua testa, fazendo com que a multidão inteira risse e Jesse ficasse
vermelho. Micah puxou Jesse a seu lado e envolveu o braço por cima do ombro
enquanto enfrentavam o público.
— Agora que baixamos as coisas um pouco, vamos começar a
levantá-la. Notei que alguns de vocês foram engraçados, mas há um mau
presságio no ar. Então, vamos ficar com esse tema. — Ele anunciou e então
começou a cantar “With Arms Wide Open”, de Creed. Ele agarrou o microfone
como um Deus do rock e se virou para o palco. Voltando-se para olhar para
Jesse durante certos pontos e cantando apaixonadamente. Micah dobrou os
joelhos, para que estivesse olho-no-olho com Jesse e cantou: — “Não sei, se
eu estou pronto, para ser o homem...”.
Micah terminou, e ele e Jesse voltaram para a mesa. Depois disso, a
celebração continuou, e Gabriel se aproximou do microfone.
— Eu sei que não canto bem como todos os outros, mas essa música
é uma das favoritas do meu bebezinho. Ele canta muito quando ouve seu
Celtic Thunder CD, então conheço todas as palavras... Bem, mais ou menos.
Sei que eles não cantam originalmente, mas é a versão que conheço. Então,
graças a Dare, acredite ou não, que também conhece a música e sabe tocar
violão. Eu vou cantar para você, Taylor.
Dare subiu ao palco e sentou-se em uma das cadeiras, pendurou o
violão e começou a tocar. Gabriel pigarreou e então começou com voz trêmula,
muito suavemente, “Come by the Hills Buachaill On Eirne”, que ele cantou em
gaélico perfeito, e parte em inglês, surpreendendo a todos.
Taylor lentamente entrou no palco, lágrimas escorrendo de seu rosto
e passou por trás de seu companheiro, para não perturbá-lo. Quando Gabriel
terminou, Taylor entrou na frente dele com um sorriso aguado e jogou seus
braços em volta dele, abraçando-o apertado.
Assim que eles saíram do palco, Dante veio à frente segurando a mão
de Dale e disse a Dare para ficar e se juntar a eles. Dare colocou o violão no
banco e juntou-se a seus companheiros. Dante pegou a mão de Dare também,
e começou a cantar “Unchained Melody”, pelos Righteous Brothers. Dare e
Dale ficaram ali apenas olhando para o companheiro. Lágrimas se formaram
nos olhos de Dale e seu lábio inferior começou a tremer. Ele se aproximou de
Dante, abraçando-o, e Dante olhou para ele com um sorriso, ainda cantando.
Dare permaneceu estoico, mas todo mundo podia ver que ele estava
apertando sua mandíbula, tentando segurar suas emoções. Quando começou a
cantar o fim, Dante olhou para Dare e depois para Dale.
Quando a última palavra saiu de seus lábios, Dare agarrou a nuca de
Dante e puxou-o em um beijo apaixonado. Todos começaram a bater palmas e
bater os pés. Dare liberou os lábios de Dante e, em seguida, dobrou-se,
envolvendo os braços em volta das coxas de Dante, em seguida, levantou-o,
jogando Dante sobre um ombro e agarrando a mão de Dale e os levou para
fora do palco.
Taylor voltou a bater palmas e a rir.
— Bem, não os veremos tão cedo. Vá pegar o que é seu, Dare,
querido! — Taylor gritou a última parte para os bastidores. Ele virou para o
público. — Ok, quem é o próximo?

*****
Nicco estava deitado no chão frio e duro, o lado do rosto contra a
calçada enquanto lutava contra a dor dentro dele. Ele estava apenas um pouco
ciente de alguém estar lá, com um leve toque em seu ombro. Algo estava
acontecendo com ele, e não tinha ideia do que era. Isso tem algo a ver com o
irmão de Thad, Nobin? É com quem ele estava falando, então talvez Nobin
tenha colocado um de seus feitiços de gênio sobre ele?
Imagens de Thad piscaram através de sua mente, e a dor novamente
explodiu em um calor incandescente, engolindo seu corpo.
Ele sentia-se debatendo quando cerrou sua mandíbula e cada
músculo do seu corpo contraiu e distendeu ao mesmo tempo. De repente, foi
como se o mundo parasse de girar.

*****
Ele caminhou entre as montanhas de lixo, lutando contra a espessa
camada de fuligem e cinza que caía do céu, enquanto as coisas corriam nos
cantos escuros. Alguns grunhidos e um gemido baixo podiam ser ouvidos
vindos de algum lugar lá no fundo, mas sem luz alguma, tudo estava escuro.
Mas ele não conseguia parar. Ele tinha que se apressar antes que fosse tarde
demais. Ele podia sentir o perigo crescendo, a batalha eminente estava se
preparando para começar. Estava chegando em breve. Muito em breve.
Zane não tinha certeza de como sabia que isso estava sobre eles,
mas sabia. Ele podia sentir isso profundamente em sua alma, como um tambor
batendo ficando mais alto, mais intenso. O aviso de Aurora: de que todos
deviam ficar como Um com seus companheiros; continuou ecoando em sua
cabeça. Se Nicco ficasse com o resto deles, sem seu companheiro ao seu lado,
isso mudaria o curso da história. A profecia seria mudada para sempre e suas
mortes seriam certas. Ele não podia deixar isso acontecer. Amava todas
aquelas pessoas. Sem hesitar, levaram-no para a casa deles, aceitaram-no
como um dos seus e mostraram-lhe amor e amizade. Ele não os deixaria
falhar. Ele não falharia.
Como o Guardião das Moiras, tinha sido trabalho de sua vida andar
nas sombras como ele fazia agora, protegendo aqueles considerados
importantes para a vida, e os homens em sua vida agora eram muito
importantes para a continuidade da Terra e todas as suas criaturas. Ele
precisava ficar focado e encontrar o que procurava. Era a única maneira.
Depois de encontrar o feitiço que precisava, Zane sabia o que tinha
que ser feito, e é por isso que agora estava ali, andando em volta de um
depósito de lixo no meio da noite. Com a ajuda de Evan e suas perversas
habilidades com o computador, eles conseguiram localizar o lixão onde foram
levados tudo do antigo Coven de Dante. O problema agora era onde nessa
montanha de lixo estava a caixa que continha o cristal e um pedaço da alma
de Nicco?
Depois de ouvir sobre o feitiço que Melinda tinha lançado e colocado
aquele pedaço de alma no cristal, Zane sabia que a única coisa que libertaria
Nicco do feitiço era segurar o cristal como Melinda tinha dito, e dizer as
palavras: Volte para mim. Sua excitação foi tão efêmera que se despedaçou
quando Nicco disse que o cristal estava em uma caixa no quarto que ele tinha
na antiga casa do Coven e se perdeu para sempre.
Mas algo na parte de trás da mente de Zane continuava sussurrando,
dizendo que havia outro jeito, então ele começou a procurar. Ele cavou através
do Grimório de Rory, mas não encontrou nada. Então pensou em todos os
feitiços que conhecia, tanto a luz quanto a escuridão, antigos e novos. Então
ele pensou em os mais antigos. Os que ninguém mais sabia, e ele sabia que
encontraria sua resposta lá.
Zane então chamou Demi, seu melhor amigo e companheiro de Lorde
Lúcifer para ajudá-lo. Ele explicou o feitiço que estava procurando, mas Demi o
avisou que, se o usasse, poderia ter consequências terríveis para ele. O feitiço
veio do Livro Proibido, o que significava que ninguém deveria usá-lo. Mas se
ele pudesse usar o feitiço que tinha em mente, então algo de bom viria. Mas
novamente, Demi avisou que havia uma razão pela qual o feitiço estava no
Livro Proibido. Se ele fizesse o que estava prestes a fazer, o feitiço poderia se
voltar contra ele e amaldiçoá-lo. Mas era um risco que estava disposto a levar
para ajudar a família que amava.
Certificando-se de que a máscara que usava para cobrir sua boca e
nariz estava segura, Zane atravessou as pilhas de lixo. Todos os lugares
pareciam trazer lembranças de outro tempo e outra montanha. Grandes
montanhas iminentes que haviam danificado sua alma. As Montanhas Amargas
o tinham separado do interior e o juntaram novamente, depois o separaram
novamente. Os monstros que encontrou lá eram algumas das coisas mais
infernais que já tinha visto, mas teve que lutar contra eles para sobreviver.
Havia momentos na montanha quando queria desistir, para ceder à escuridão
e deixá-la reivindicá-lo, mas ele lutou. Às vezes, agora, quando as trevas
voltavam, ele se perguntava se deveria simplesmente deixar que isso
acontecesse.
Zane balançou a cabeça, limpando esses pensamentos de sua mente.
Ele precisava se concentrar e se preocupar com as consequências depois. Seu
amigo Nicco precisava dele, e sua família estava contando com ele, mesmo
que nenhum deles soubesse mesmo que estava aqui ou o que fazia.
Ele seguiu até o topo maior e olhou para fora sobre o mar de lixo. A
lua mostrou um brilho ligeiro através das nuvens cinzentas. Não precisava
disso para guiá-lo embora, ele tinha a sua magia. Do seu ponto de vista, podia
ver que este outro lado estaria o centro do despejo, e era onde precisava ir.
Zane devagar, cuidadosamente, seguiu adiante, deslizando algumas
vezes, mas se contorcendo. Assim que ele bateu no chão, coberto da cabeça
aos pés com as cinzas, ele encontrou um ponto vazio onde havia um pequeno
pedaço de terra. Ele chutou o pé ao redor, limpando-o mais, e então Zane
ficou naquele ponto e puxou sua lâmina Athem de dois gumes. Ele precisava
chamar todos os elementos para ajudá-lo, então o ritual exigia um sacrifício de
sangue.
Zane agarrou a lâmina com a mão direita e cortou a palma da mão
esquerda, deixando um corte de quatro centímetros de comprimento. Então
pegou a lâmina na mão esquerda e fez o mesmo com a mão direita. Ele
deslizou a lâmina de volta em seu casaco e estendeu os braços para fora,
permitindo que seu sangue pingasse no chão abaixo dele.
Ele abriu a boca e gritou o mais alto que pôde, “Dolores inferni
circumdederunt terra venti ignem aera quid ad me et ferte praesidium peto!
Dolores inferni circumdederunt patre sole, luna, soror mea, et mater terram et
universa mala multa di deaeque! Ostende mihi quaeso viam!”
O mundo ficou em silêncio. Nenhum som podia ser ouvido. As cinzas
pararam no meio da queda e não houve movimento de ar. Era como se o
mundo parasse de girar e o tempo congelasse. Uma sobra caiu sobre ele, e
tudo parecia mais escuro. Ele gritou novamente em inglês desta vez:
— Eu chamo a você terra, vento, fogo e ar, venham até mim e me
ajudem a encontrar o que procuro! Eu o chamo Pai Sol, Irmã Lua e Mãe Terra,
a todos os Deuses e Deusas! Por favor, mostre-me o caminho!
A terra tremeu abaixo dele, e um barulho estrondoso veio de longe.
As montanhas de lixo começaram a tremer quando as coisas rolaram e caíram
ao redor de seus pés. Os ventos retornaram, soprando tudo no ar, jogando
coisas em todos os lugares como se não pesassem nada. O rugido do barulho
ficou ensurdecedor quando a terra tremeu mais forte. De repente, algo se
rompeu. Uma grande nuvem de fumaça saiu de um buraco na terra a apenas
três metros dele, grosso e negro, correndo para o céu. Outra fissura se abriu,
e outra, enquanto mais correntes de fumaça negra se soltavam como cobras
fazendo o seu caminho bem acima de sua cabeça. Todos colidiram, batendo
juntos acima dele, e então empurraram de volta para a terra. O estômago de
Zane se torceu, e ele temeu que este fosse seu fim, mas permaneceu firme. A
fumaça da cobra bateu na terra com tanta força, a cerca de cem metros dele,
que Zane quase foi jogado fora de seus pés. Uma grande nuvem se formou,
ondulando para fora em uma corrida como uma explosão pirotécnica.
A parede de nuvem foi arremessada em direção a ele, Zane levantou
seus braços, bloqueando o rosto do ataque do ar e detritos quando fechou os
olhos. Abruptamente uma paz envolveu-o, e tudo estava calmo. Ele espiou por
seus olhos abertos e estava chocado com o que encontrou. Lentamente, ele
baixou os braços e virou a cabeça da esquerda para a direita. Uma nuvem
negra girava violentamente como um furacão, mas ele ficou no olho. Ele olhou
para cima e encontrou uma abertura para o céu. Um ponto de luz apareceu no
contorno externo, e Zane baixou seu olhar em direção à fonte. Uma pequena
luz amarela brilhou diante dele, se aproximando. À medida que se aproximava,
a luz cresceu mais brilhante e queimou seus olhos dele. Zane apertou-os
contra a luz, mas a viu vir mais perto e depois parou bem ante seu rosto.
Balançando no ar estava um cristal amarelo brilhante com um redemoinho de
luz branca preso dentro.
Zane lentamente estendeu a mão para agarrar o cristal, mas isso o
atingiu, e ele puxou a mão para trás. Ele olhou para ele por um momento,
maravilhado por ter encontrado o que procurava. Mas agora vinha a parte dois
do feitiço. A parte que destruiria o cristal e libertaria a alma de Nicco.
Zane trabalhou rapidamente. Ele caiu de joelhos e tirou um pano
preto do bolso e colocou-o no chão, depois ergueu a mão em direção ao cristal
e evocou-o para descer ao pano. O cristal caiu lentamente no centro. Ele
retirou um pequeno frasco de outro bolso e soltou a rolha. Segurando o frasco
sobre o cristal, ele disse:
— Em nome dos Deuses e de todos os espíritos. Em nome dos
Netherworlds, peço-lhe para quebrar este feitiço de ligação e libertar a alma
dentro. Pai Sol, Irmã Lua e Mãe Terra, eu chamo a vocês. Aceitem este
presente de óleos e meu sangue e anule este feitiço de ligação. Quando
minhas palavras forem pronunciadas, que o feitiço seja quebrado. — Zane
inclinou o frasco, permitindo que o óleo dentro caísse sobre o cristal. Ele então
disse as palavras novamente, e deixou seu sangue escorrer, cobrindo o cristal.
Um som agudo vibrou ao redor dele, e a nuvem ganhou velocidade.
Parecia que estava se debatendo e se contorcendo. O cristal começou a dançar
no tecido e depois girou em círculos. Mais rápido e mais rápido girou no
sentido anti-horário para a nuvem, e de repente parou. Uma luz brilhante
explodiu de dentro do cristal, jogando Zane para trás, e ele caiu duro em sua
bunda. Então tudo ficou quieto.
Zane rolou lentamente sobre as mãos e joelhos, ofegante. Ele
levantou a cabeça e olhou em volta. O campo estava vazio. Nada das
montanhas de lixo ou cinzas que existiam há apenas alguns momentos. Até
onde os olhos podiam ver, havia apenas espaço aberto e um céu claro acima.
Zane olhou para baixo e encontrou o pano preto ainda lá, e o cristal amarelo
quebrado em dois.

*****
Nicco se debateu no chão, a dor era demais. Quando ele pensou que
iria matá-lo, de repente tudo simplesmente parou. Seu corpo estava imóvel e
mole, apenas descansando no chão. Cada músculo relaxou e sua mandíbula
ficou frouxa. O calor recuou, e as luzes brilhantes que apenas momentos atrás
encheram sua visão, mesmo com os olhos fechados, agora se foram, e a
escuridão normal permaneceu. Nicco respirou algumas vezes e soltou devagar.
Na quarta respiração, a dor recuou, diminuindo, até desaparecer. Nicco piscou
os olhos, e seu olhar encontrou os olhos prateados muito preocupados olhando
para ele.
— Você bateu sua cabeça? Você está bem? — Nobin perguntou.
Nicco colocou as palmas das mãos no chão e empurrado para cima
enquanto ele rolou, deslocando-se para sentar no chão sujo. Ele se sentiu um
pouco tonto, mas também passou rápido. Ele concentrou-se e ficou chocado ao
perceber que se sentia bem. Não, melhor do que bem. Ele não se lembrava da
última vez que se sentiu tão vivo e enérgico. Ele olhou para Nobin e lhe deu
um pequeno sorriso.
— Estou bem. Me sinto ótimo.
— Bem, você parece um pouco estranho. Espere. — Nobin disse e pôs
a mão na testa do Nicco e fechou os olhos.
Nicco observou o rosto do Nobin, tentando descobrir o que estava
fazendo o pequeno gênio.
Nobin abriu os olhos e seus olhares se encontraram. Um sorriso
grande e brilhante chegou aos lábios de Nobin enquanto seus olhos se
encheram de excitação.
— Foi-se. Eu não sinto mais. Foi-se. Como isso é possível?
— Devagar, do que você está falando? — Nicco perguntou.
— O feitiço que a bruxa lançou sobre você, agora se foi, mas eu não
sei como. E sinto que você se sente completo. — Nobin respondeu.
— Como você sabe? — Perguntou Nicco.
— Não posso mais sentir isso lá. Tudo que sinto é sua verdadeira
alma e nada mais.
— Então está dizendo que o feitiço que Melinda colocou de alguma
forma, magicamente desapareceu e o pedaço de minha alma está de volta?
Nobin assentiu com a cabeça.
— Isso é exatamente o que estou dizendo.
— Como podemos ter certeza?
Nobin sorriu enquanto o mal entrava em seu olhar.
— Eu sei de uma maneira infalível. Pense em Eakul, Thad e me diga o
que pensa e sente.
Nicco pensou em Thad e ficou chocado ao não encontrar raiva ou dor.
Apenas a sensação de paz e amor o encheu. O belo rosto de Thad brilhou em
sua mente e Nicco respirou fundo. Porra, seu companheiro era um homem
incrivelmente sexy, e Nicco só queria puxar Thad em seus braços e fazer amor
com ele.
Espere. O quê? De onde veio isso? Toda a negatividade se foi, e
somente a esperança, e o amor permaneceu. Ele precisava encontrar Thad e
conversar com ele. Eles tinham muito a dizer e conversarem, sobre o futuro
deles e sobre Thad. Ele encontrou o olhar de Nobin novamente e sorriu.
— Sem dor, somente amor.
Nobin sorriu brilhantemente e aplaudiu animadamente como ele
saltou para cima e para baixo em seus joelhos.
— Uau! Isso significa que o feitiço foi quebrado, sua alma retornou, e
agora talvez você e Eakul possam estar juntos. Um... Você quer estar com
Eakul, certo? Quer dizer, acho que você quer isso. — Nobin terminou a última
frase, sua voz mostrando sua hesitação.
— Sim. Quero meu companheiro.

Capítulo Onze

Seu coração era pesado e parecia que estava quebrando, mas ele
sabia que precisava fazer isso e libertar Nikolai. Thad retornou ao palco e ficou
de pé, observando enquanto Taylor andava ao redor do palco com seu jeito de
diva exagerado, fazendo o público aplaudir e rir enquanto ele cantava “Two
Fux”, de Adam Lambert. Thad balançou a cabeça enquanto ria das palhaçadas
de Taylor. Rapaz, o homem realmente amava seu Adam Lambert.
O olhar de Thad foi para a multidão, e ele sorriu assistindo todos eles
celebrarem, e uma lágrima correu por sua bochecha. Teria sido maravilhoso
fazer parte dessa grande família. Ele podia ver toda a lealdade, amor e
devoção que todos tinham um pelo outro, e isso era uma coisa linda. Algo que
ele sempre desejou em sua vida, mas que ainda não havia encontrado. Talvez
quando Nobin o levasse para Crepúsculo da Lua, ele poderia formar laços com
sua família lá?
— Thad?
Ele piscou algumas vezes, saindo de seus pensamentos, para
encontrar Taylor agora de pé diante dele, olhando para ele com olhos
preocupados.
— Você está bem?
Thad assentiu enquanto dava a Taylor um sorriso triste.
— Sim, não, não realmente. Mas ficarei. Eu sei o que tenho que fazer.
— E o que seria? Porque tenho que dizer a você, pelo olhar em seus
olhos, eu teria que dizer que não é o que você realmente quer. — Disse Taylor.
— Não, não é, mas é o que tenho que fazer. Preciso deixá-lo ir,
Taylor. Esse feitiço nele não pode ser removido, e tudo o que faz é causar dor
enquanto eu estiver lá, então é hora de libertá-lo. — Thad explicou em volta
do nó na garganta.
— Não estou dizendo que concordo com você, porque não acho que
deveria desistir ainda, mas vou dizer que entendo. Eu mesmo passei por isso
quando chegamos aqui pela primeira vez, e não foi fácil me afastar dessa
matilha ou do meu companheiro, mesmo que estivesse convencido de que era
a melhor coisa para todos eles e para mim. Gostaria que você levasse mais
alguns dias para pensar sobre isso. E não porque nos disseram que todos
precisavam ficar juntos para encarar esse mal, para o inferno com isso. Estou
preocupado com o seu coração primeiro. Tem certeza de que pode sobreviver
apenas indo embora?
— Não, mas sei com certeza que Nikolai não vai sobreviver se eu
ficar, então preciso colocar o que é melhor para ele em primeiro lugar. — Disse
Thad com convicção.
— Está bem então. Então, o que posso fazer para ajudar? — Taylor
perguntou.
Thad sorriu novamente. Esses homens eram tão incríveis. Desde que
foi para ali, havia aprendido o quão incrível os novos companheiros eram e
como se mantinham juntos e se apoiavam mutuamente. Deuses ele realmente
queria isso, eles, mas não era para ser.
— Normalmente, quando fico assim, saio para algum lugar tranquilo e
canto com meu coração. Eu canto a coisa mais triste e deixo a dor fluir, e isso
ajuda a aliviar um pouco disso, se isso faz sentido.
— Faz todo o sentido. Jesse faz a mesma coisa. Ele sempre fala
através da música. Por que você não vai lá e dá uma performance de adeus a
vida toda? E eu não estou falando da sua música habitual. Eu quero dizer uma
que você precisa. Uma do seu coração. Use a música para dizer adeus a Nicco.
— Mas vou levar essa celebração a uma parada brusca. Não quero
derrubar todo mundo. — Protestou Thad.
— Talvez por alguns minutos, mas não se preocupe, vou pegar todos
eles pelas bolas e trazê-los de volta. É o que faço. E adoro agarrá-los pelas
bolas. — Disse Taylor descaradamente, fazendo Thad rir de novo. — Apenas
saia e faça sua coisa. Nem os veja. Apenas deixe a música te levar.
Thad levantou os braços e abraçou Taylor.
— Obrigado, Tay. Vocês todos foram maravilhosos comigo, realmente
queria fazer parte dessa família e sempre considerarei você meu amigo.
Obrigado por toda sua ajuda.
Taylor recuou e olhou Thad nos olhos.
— Você faz parte dessa família e, não importa aonde vá, sempre fará
parte dessa família. E se todos nós sobrevivermos, então se precisar de nós, é
só pedir e iremos te ajudar.
Depois de explicar a Sage qual música ele queria, e encontrar a
música para isso, Taylor foi ao palco para anunciar ele e Thad ficou nos
bastidores tentando se acalmar.
— Temos outro prazer para vocês hoje à noite. Então, sentem-se,
relaxem e apreciem a bela voz de Thaddeus Blake. — Anunciou Taylor, e então
se virou para encará-lo, dando um sorriso encorajador para Thad.
Thad respirou fundo e soltou-o devagar, depois saiu e sentou-se no
banquinho, no centro do palco. O salão ficou quieto e imóvel. A escuridão os
envolveu, e então apenas um único holofote se acendeu, brilhando
diretamente sobre ele. Suavemente, a música começou a tocar e Thad fechou
os olhos. Ele queria se perder nas palavras, no momento e nos sentimentos.
Ele abriu a boca na sugestão e começou a cantar “Say Something”, de A Great
Big World.
Lágrimas começaram a correr por suas bochechas. Na metade da
música, ele engoliu em seco e abriu os olhos enquanto as lágrimas
continuavam, e ele cantou:
— Me desculpe por não ter conseguido chegar até você... — E seu
olhar pousou em Nikolai, que agora estava ao lado de Nobin no vestíbulo que
leva às portas da frente. Nikolai ficou ali parado, olhando para ele. Thad
cantou o restante da música apenas olhando para o homem que amava. Como
se ninguém mais estivesse no salão além dos dois, e ele derramou seu
coração. Seu corpo tremia de emoção enquanto as lágrimas continuavam. —
Você é quem eu amo e estou me despedindo... — Quando ele terminou num
sussurro, Thad fechou os olhos enquanto deixava o desespero tomar conta
dele e tentava controlar sua dor. Ele não podia mais olhar para Nikolai. Ele
precisava ir.
Thad fungou e passou a manga de sua camisa através de seu nariz,
depois, lentamente, ficou de pé. Ele manteve a cabeça abaixada e olhou para
os pés enquanto ia silenciosamente para o outro lado do palco. Precisava ficar
o mais longe possível de Nikolai e desse lugar antes que ele fosse esmagado
por sua mágoa.
Assim que estava prestes a sair para a parte de trás do palco, a voz
mais linda começou a cantar a Capela, e Thad parou. Congelado no lugar,
enquanto as palavras da música o envolviam com a percepção de não apenas
quem estava cantando, mas também o que estava cantando, e ele passou os
braços ao redor de sua cintura, enquanto soluçava.

*****
Quando Nic entrou no clube, seu olhar percorreu todo mundo,
tentando encontrar seu companheiro. Ele precisava falar com Thad e dizer-lhe
como lamentava a maneira como o tratara. Precisava que seu companheiro
soubesse que ele ainda o amava e que nunca havia parado de amá-lo. Ele
precisava pedir perdão a Thad e perguntar se ainda havia uma chance para
eles.
Quando deu mais um passo entrando no vestíbulo, Taylor anunciou
que Thad estava prestes a cantar novamente. A respiração de Nicco ficou
presa na garganta quando Thad entrou no palco. Ele podia ver toda a dor e
angústia no rosto bonito dele, e ele só queria correr para o homem e envolvê-
lo em seus braços e beijar sua dor.
Mas quando Thad começou a cantar, Nicco não conseguiu se mexer.
Ficou hipnotizado por seu companheiro, e seu coração se apertou de toda a
dor que vinha de suas palavras. A música estava dizendo adeus, e Nicco de
repente não conseguia respirar. Thad estava dizendo adeus e sabia que dessa
vez seria para sempre.
Quando os olhos de Thad se abriram e seus olhares se encontraram,
ele pôde ver a verdade naqueles pensamentos, enquanto Thad cantava
diretamente para ele. Os olhos de seu companheiro estavam implorando para
ele não deixá-lo ir, mas também dizendo a ele que era isso. Este era o
momento. Era agora ou nunca.
A música terminou e Thad começou a se afastar. Ele sabia que
precisava agir rápido ou perder tudo. Nicco correu para o palco e deu um pulo,
depois pegou o microfone e começou a cantar a Capela “Wherever You Will
Go”, de The Calling. Era a música. Aquela que começou tudo. A que os
separou, mas que agora os traria de volta. Nicco cantara aquela música
naquela manhã todos aqueles anos atrás, porque toda vez que a ouvia,
pensava em Thad e em como ele o seguiria até os confins da terra para
mantê-lo em sua vida e em seus braços. E agora que aqueles sentimentos
reais haviam retornado, ele precisava deixar seu companheiro saber.
Thad ficou paralisado, de costas para Nicco, que caminhou
lentamente em direção a ele enquanto continuava a cantar. Quando chegou na
metade da música, parou logo atrás de Thad e levantou o braço, colocando a
mão em seu quadril. Ele pôde ver Thad levantar-se ligeiramente e então seus
ombros começaram a tremer. Nicco sabia que seu homem estava tentando se
controlar, mas estava falhando.
Ele puxou o quadril de Thad suavemente, virando-o. Quando ficaram
cara a cara, Nicco levantou a mão e gentilmente colocou um dedo sob o queixo
de Thad e levantou o rosto até que seus olhares se encontraram, e Nicco
cantou o restante da música diretamente para seu lindo companheiro. Do seu
coração para o de Thad.
— “Em seu coração, em sua mente, ficarei com você o tempo todo...”
— Quando a última palavra foi cantada, Nicco se inclinou e beijou os lábios de
Thad com ternura. Afastou-se um pouco e encontrou os lindos olhos de Thad
novamente. — Eu te amo, Thaddeus. Sempre te amei, e sempre amarei. Você
poderá um dia me perdoar?
Thaddeus presenteou-o com o mais belo sorriso quando ele colocou a
mão sobre Nicco, pressionando a palma da mão contra sua bochecha.
— Não há nada para perdoar, Nikolai. Sempre te amei e sempre
amarei. Você é tudo que eu realmente queria nesta vida.
Nicco deu-lhe um sorriso aguado e se inclinou para baixo, capturando
os lábios de Thad novamente, mas desta vez ele passou a língua pela costura
de seus lábios, e seu companheiro se abriu para ele. Suas línguas se juntaram
e o gosto maravilhoso de Thad tomou conta dele. Deuses, ele sentia muito a
falta daquele gosto. Nicco passou os braços em torno de Thad e reuniu seus
corpos num aperto firme.

*****
Não podia acreditar que Nikolai estava beijando-o. Não apenas
beijando-o, mas reivindicando-o com a boca. Thad se derreteu no peito forte
de seu companheiro e apreciou a sensação de flutuar em uma nuvem.
Memórias de beijos anteriores com Nikolai voltaram para ele, e Thad percebeu
que nunca tinha sido beijado como Nikolai o beijou. Quando seu companheiro
o beijava, era como se ele colocasse todo o seu corpo, coração e alma nele.
Mas talvez tenha sido porque ele fez. Ele e Nikolai eram companheiros, o que
tornava tudo o que eles compartilhavam muito mais.
— Chega! — Exigiu uma voz alta, fazendo com que ele e Nikolai se
afastassem e olhassem para onde a voz estava vindo.
Em pé no centro do palco, de costas para a multidão, havia um
homem alto de quase um metro e oitenta e nove e noventa e cinco quilos. Ele
era um pouco musculoso, mas não muito, e tinha a cabeça raspada. Muitos
brincos em forma de aro cobriam ambas as orelhas, e um brinco de diamante
ficava ao lado do nariz. Ele usava uma camisa solta de seda preta e calça
preta, que Thad queria dizer parecia com calças de gênio.
— Afaste-se do que é meu, vampiro, ou vou mandá-lo para Vênus
por alguns milhares de anos. — O homem ameaçou.
Nikolai deu um passo à frente enquanto serpenteava o braço ao redor
da cintura de Thad e o empurrava para trás.
— Deixe-me adivinhar, você é o gênio retorcido que eu vejo agora é
provavelmente uma das criaturas mais idiotas que já nasceram. — Disse
Nikolai em uma voz calma e mortal.
— Você não percebe que quando uma criatura poderosa como eu está
diante de você é insensato insultá-la? Só por seu desrespeito, eu deveria dá-lo
como alimento a um demônio. Agora tire suas mãos imundas da minha
propriedade, vampiro.
Nikolai olhou por cima do ombro e seus olhares se encontraram.
Nikolai sorriu e deu-lhe uma piscadela, e Thad mordeu o lábio, tentando
segurar a risada que ameaçava escapar. Ele sabia o que Nikolai estava
pensando, porque ele estava pensando a mesma coisa. Esse idiota não sabia
onde ele estava ou quem estava atrás dele? O idiota nem ao menos olhou em
volta para ver se havia outros ali, e a multidão atrás dele permaneceu muito
quieta enquanto todos os olhos os observavam.
Nikolai se virou para encarar o cara, que provavelmente era Oshi
finalmente fazendo uma aparição, e Thad olhou para ele também, mas baixou
a cabeça para esconder o sorriso. Silenciosamente Taylor, Jesse, Micah, Dante,
Dare, Phenex, Ryland e Lúcifer tinham subido no palco e estavam de pé atrás
do idiota.
— Você realmente escolheu um mau momento para vir, Jinn. Quase
sinto muito por você. Bem, não. Realmente, não sei. Depois que aterrorizou
meu companheiro e matou seus amigos, merece exatamente o que está
prestes a receber. — Disse Nikolai.
— Eakul é meu. Ele foi prometido para mim. Uma vez que nos
unamos, isso irá trazer o nosso povo de volta, e os Jinn governarão Crepúsculo
da Lua mais uma vez. Agora, afaste-se para que eu possa pegar o que é meu e
você pode continuar a viver o que restou de sua vida nesta rocha morta.
Thad poderia se divertir com o que estava acontecendo aqui, mas ele
também estava ficando realmente chateado. Esse cara ficava dizendo que ele
era dele, como se ele fosse propriedade desse bosta. Bem, foda-se ele.
— Foda-se, idiota. Eu não sou seu. Pertenço ao meu companheiro. —
Disse Thad com raiva.
O olhar de Oshi mudou para o dele, e aqueles olhos frios se
encheram de luxúria.
— É aí que está errado, Eakul. Após o nosso nascimento você foi
prometido para ser meu, e esperei muitos anos por você. Agora que tirei todos
os obstáculos nesta sua vida humana, não tem outra escolha, a não ser, ser
meu. Essa criatura nunca pode amar você. Inferno, ele nem gosta de você. E
nunca o amará novamente. Eu vi sua raiva, seu ódio contra você. Agora vamos
finalmente parar com todos esses jogos. É hora de voltar para casa, onde
posso me unir a você.
Thad viu algo brilhar nos olhos de Oshi enquanto falava sobre a raiva
de Nicco. Este idiota sabia sobre o feitiço?
— Espere um minuto. Sei que me vê desde que completei trinta anos,
e é aí que toda essa merda de perseguição começou, mas... Você sabe, não é?
Pela expressão de triunfo no rosto de Oshi, Thad sabia que ele
acertou na mosca.
— Sabe o quê? — Nikolai perguntou, olhando para trás e para frente
entre eles.
— Ele sabe sobre o feitiço. — Respondeu Jesse.
Sua voz súbita fez Oshi se encolher de surpresa, e ele virou a cabeça
para olhar para trás. Thad pôde ver seu corpo enrijecer ao ver os homens ali,
mas ele rapidamente tentou esconder.
— Bem, claro que sim. Nobin não é o único que observou meu
prometido a maior parte de sua vida. Sabia que seu amorzinho com esse
pagão duraria pouco e Nobin teria que parar com isso e mandar você embora.
É o que seu tipo faz. Mas uma vez que nos vinculemos, meu pai reunirá nossos
clãs novamente e mudará todas essas leis arcaicas. Nosso povo será reunido, e
você e eu nos sentaremos ao lado de meu pai e governaremos todos. — Disse
Oshi alegremente, com um sorriso perverso no rosto.
— Sim, bem, sei que isso é uma besteira total. Seu pai doente só
quer que você sugue os poderes de Eakul, então os tirará de você para usá-los
como seus. Eakul será deixado uma concha de homem. Você será o idiota
ignorante que sempre foi, e seu pai tentará dominar todos os gênios. —
Argumentou Nobin ao entrar no palco.
O sorriso maligno de Oshi se alargou.
— Batata, tomate, qual é a diferença? Agora, chega dessa merda de
conversa. Este planeta está prestes a implodir em si mesmo, e é hora de tirar
o que é meu daqui antes que todos nós morramos. Estou surpreso que você
ainda não o levou para casa, Nobin. Falhando em seu trabalho de proteger seu
irmão novamente? Assim como você fez quando o deixou viver com esses
vampiros repugnantes para começar. Você deveria manter o meu homem
longe de problemas, não deixá-lo cair na porra da toca do leão. Mas,
novamente, o que você espera de um gênio humilde?
— Ele é o filho da puta mais idiota que já conhecemos, ou o mais
azarado. — Respondeu Taylor.
— Ele é arrogante. — Disse Micah com uma voz firme.
— Não, vou com Taylor. Ele é definitivamente o mais estúpido. —
Acrescentou Lúcifer.
Oshi se virou para encarar os outros, seus olhos cheios de raiva.
— Como você ousa falar assim comigo? Você tem alguma ideia de
quem sou eu?
Lúcifer deu um passo à frente.
— Oh, Jinn, sei exatamente quem você é. Um homem morto.
Oshi começou a rir.
— Mesmo? Parece que você e sua espécie são os que estarão
morrendo. Você não pode me impedir de tomar o que é meu, e uma vez que
levar Eakul daqui, este planeta irá implodir e todos serão apenas poeira.
— Cérebros não são tudo, e no seu caso, não são nada. — Disse
Taylor e revirou os olhos.
O sorriso arrogante caiu do rosto de Oshi e ele apertou a mandíbula.
— Eu vou fazer você pagar por isso, prostituto.
— Prostituto? Ele acabou de me chamar de prostituto? Bem, droga,
agora estou realmente tremendo nas minhas botas. — Taylor respondeu.
— Ele é uma pessoa de inteligência rara, Taylor. É raro ele mostrar
qualquer uma. — Disse Lúcifer com um sorriso e cruzou os braços sobre o
peito.
— Isso é verdade. Em uma batalha de inteligência, ele vem
desarmado.
— Vou fazer você pagar por me insultar. — Oshi rosnou, seu rosto
ficando vermelho de raiva.
— Acredite, não quero fazer de você um idiota. Por que deveria levar
todo o crédito? — Taylor disse com um sorriso brilhante.
Lúcifer riu e deu outro passo à frente.
— Ah, a roda está girando lá, mas infelizmente o hamster está morto.
Oshi ergueu as mãos e as empurrou para frente, uma onda de
energia correu em direção a Taylor e ao grupo. Nikolai levantou uma das mãos
e a onda virou-se e voltou para Oshi. Acertou-o como um aríete e ele voou
para trás, batendo no chão com força. Ele sentou-se balançando a cabeça e
depois olhou para Nikolai.
— Boa ideia, sente-se e dê um descanso à sua mente por um tempo.
— Taylor riu.
— Ugh! — Oshi gritou e em um flash estava de volta em seus pés.
Seus olhos se encheram de raiva quando ele olhou para Taylor. Taylor apenas
ficou ali rindo, deixando Oshi ainda mais irritado. Thad podia ver o quão
desequilibrado o cara realmente era.
— Eu vou ter você, Eakul. Não passei por todo o trabalho de matar a
bruxa para que ele nunca pudesse voltar ao normal, e depois matar todos
aqueles idiotas em sua vida, só para ter esses bichos no meu caminho. É hora
de ir!
Os olhos de Thad se arregalaram.
— Você matou Melinda?
Um sorriso apareceu nos lábios de Oshi.
— Oh, sim, e ela implorou por sua vida como um bebê. Inferno, até
mesmo seus filhos foram mais corajosos quando tirei suas vidas.
Nikolai levantou a mão e Oshi levantou-se. Então Nikolai torceu a
mão, cerrando o punho, e Oshi agarrou sua garganta, arranhando a faixa
invisível ao redor de seu pescoço.
— O bastardo estava prestes a fazer isso com você, bebê. — Disse
Nikolai.
— O quê? Como você sabe disso? — Thad perguntou surpreso.
— É um dos presentes de Nicco. Ele pode ver que poder alguém vai
usar antes de usá-lo, e depois imitá-lo e usá-lo contra eles. — Respondeu
Dante.
— Puta merda. Você é um imitador? — Perguntou Nobin.
Nikolai deu-lhe um sorriso e assentiu.
— Sim, mas não preciso disso para este covarde. Ele é fraco e não
haveria competição entre nós. Eu simplesmente não podia deixá-lo usá-lo no
meu companheiro.
— Deixe-o no chão, Nicco, e vamos acabar com ele. É óbvio que ele
não tem poder aqui. — Disse Ryland.
De repente, Oshi caiu como um saco de batatas, batendo no chão
com força e ofegando por ar.
— Então, o que fazemos com ele? Com o que está acontecendo no
mundo, parece meio inútil trancá-lo em uma de nossas celas. — Dare
perguntou.
— Ele é um assassino, então não podemos simplesmente deixá-lo ir.
— Respondeu Phenex.
— Sempre posso levá-lo comigo. Fofo gosta quando dou a ele
brinquedos novos. — Lucifer ofereceu.
Enquanto todos discutiam o que fazer com o idiota, Thad manteve os
olhos em Oshi. O homem ergueu os olhos irritados para o grupo que estava
conversando e sorriu. Merda, ele está prestes a fazer alguma coisa. Thad
pensou.
De repente, a cabeça de Lúcifer estalou na direção de Oshi, e seus
olhos ficaram vermelhos. Oshi abriu bem os olhos e, pela primeira vez, Thad
pôde ver o medo real em seu olhar. Lúcifer deu outro passo ameaçador para
perto.
— Você acabou de tentar empurrar sua mente na minha para me
controlar? Finalmente teve um pensamento real, que deve ter sido uma
jornada muito longa e solitária, e escolheu o pior pensamento possível? Tem
alguma ideia de quem eu sou?
Oshi levantou-se, levantou o queixo em desafio e encarou Lúcifer.
— Não importa, porque muitos de vocês não podem me impedir de
tomar o que é meu. Uma palavra e meu pai estará aqui num piscar de olhos, e
todos estarão mortos. — Oshi ameaçou.
Taylor olhou para o lado do palco e acenou com a cabeça quando ele
disse:
— Ei, Sage. Acenda as luzes, pode fazer isso? Não que isso faça
alguma diferença, já que Lúcifer pode cuidar disso sem piscar, mas eu
realmente gostaria de ver seu rosto quando ele vir isso.
Todas as luzes do clube clicaram, e todos os homens que ainda
estavam sentados na plateia, assistindo silenciosamente a sua troca, estavam
fervendo. Oshi arregalou os olhos e se encheu de terror, e deu alguns passos
para trás.
— Lúcifer? — Ele disse em uma voz trêmula.
Lúcifer zombou dele enquanto dava um passo em direção a Oshi.
— Sim, e eu destruí as almas por fazer menos do que o que tentou
fazer. Diga adeus à sua vida, porque agora chegou ao fim.
Oshi correu em direção a ele, jogando as mãos contra as costas de
Nikolai, empurrando-o para longe, e então agarrou Thad pela garganta e o
usou como escudo.
— Tarde demais, Lúcifer! — Oshi rosnou o nome do Senhor do Inferno
como se fosse uma maldição suja.
Thad apertou as mãos no braço ao redor de sua garganta e, ao
mesmo tempo, empurrou a parte superior de seu corpo para frente e a metade
inferior para trás, dobrando e puxando Oshi para fora de seus pés. Então Thad
torceu o corpo e os dois caíram no chão com Oshi pousando de costas com
Thad no topo. Ele ouviu o ruído do ar deixar os pulmões de Oshi, e Thad se
mexeu rapidamente, ficando de pé.
— Eu não sou seu, imbecil! Ninguém foi autorizado a me prometer
para você. Nunca fui seu e nunca serei. Nikolai é meu companheiro e o único
homem que me entregarei. O único homem que amo. E Lúcifer está certo, é
hora de você dizer adeus à sua vida patética. — Gritou Thad, depois abriu os
braços e um relâmpago atravessou o telhado e bateu em Oshi. Seu corpo se
debateu e sacudiu, e assim que o relâmpago desapareceu, Oshi ficou imóvel
no chão, suas roupas carbonizadas e seu corpo fumegando.
— Acho que você o pegou, Thad. Belo relâmpago. — Disse Taylor.
Thad se virou para encarar o grupo, com os olhos arregalados pelo
que ele fez, mas deu um sorriso a Taylor.
— Graças ao meu irmão mais velho, Nobin.

*****
Lúcifer havia colocado uma mão no corpo de Oshi, então os dois
desapareceram. Depois disso, Nikolai o puxou de volta em seus braços. Seus
olhares se encontraram e Thad se encheu de felicidade e gratidão ao ver que
seu Nikolai olhava para ele com tanto amor em seus olhos. Nikolai se inclinou
e capturou seus lábios novamente, e Thad envolveu seus braços ao redor do
pescoço de seu companheiro, segurando firme.
Thad sentiu um puxão familiar em seu corpo, mas apenas o ignorou.
Agora que ele estava de volta nos braços de Nikolai, onde ele pertencia, o
resto do mundo simplesmente desapareceu como sempre acontecia quando
estavam juntos.
As mãos de Nikolai baixaram, deslizando contra seu corpo, e Thad de
repente se sentiu quente. Sua necessidade de estar mais perto desse homem
cresceu, e Thad caiu mais fundo no feitiço que era seu companheiro.
Nikolai quebrou o beijo e Thad choramingou. Ele não queria parar.
Tiveram tantos anos para compensar, tanto tempo que perderam. Nikolai riu
suavemente e o pênis de Thad se contraiu. Tudo sobre seu companheiro,
desde seus lindos olhos azuis pálidos até seus cabelos castanhos sedosos na
altura dos ombros e seu corpo quente, uma simples risada, só fez isso por ele.
Nikolai acabou de ligá-lo em todos os sentidos.
Quando Nikolai quebrou o beijo, Thad percebeu que seu companheiro
deve tê-los teletransportado para fora do clube e de volta para a casa do
coven, porque agora estavam no quarto de Nikolai.
— Eu preciso sentir você, bebê. Preciso sentir sua carne contra a
minha e seu corpo se envolver em volta de mim. Já faz muito tempo desde
que senti seu corpo incrível debaixo de mim e me cercando. Deuses senti sua
falta, companheiro. Sinto muito por todas as coisas frias e dolorosas que eu
disse...
Thad cobriu a boca de Nikolai com a mão.
— Entendo o por que, e não tenho nenhum ressentimento em relação
a você por causa disso, Nikolai. Nós dois fizemos coisas que nunca quisemos
fazer ou não tivemos controle. Nós perdemos muito tempo, companheiro. Por
favor, não quero passar os próximos dias falando sobre isso. Só quero que
meu companheiro faça amor comigo de novo e esperançosamente logo me
reivindique. É tudo que eu quero, Nikolai. É realmente tudo que sempre quis.
Ser seu. Ser reivindicado por você. Ou seja, se você ainda me quiser. — Thad
disse a última parte nervosamente.
Nicco agarrou o rosto de Thad entre as duas mãos e olhou
profundamente nos olhos dele.
— Você é tudo que quero também, companheiro. Mesmo quando nos
conhecemos você era muito jovem para eu reivindicar, eu ainda queria você
em minha vida porque você era o presente de uma promessa de um futuro.
Um futuro maravilhoso. Naquela época você era adorável, mas minha intenção
era apenas conhecê-lo e mantê-lo seguro. Então, quando você cresceu e se
mudou para a casa do coven, e amadureceu, me apaixonei pelo homem que se
tornou, e nunca quis passar outro dia sem você. Sim, aconteceram coisas
sobre as quais não tivemos controle, e concordo, podemos discutir isso em
outro momento, mas não se engane, meu Thaddeus, ainda quero você. Quero
reivindicá-lo e torná-lo meu. Quero pertencer a você, e definitivamente ainda
amo você com tudo o que sou.
Thad fungou quando uma lágrima de felicidade rolou pela sua
bochecha.
— Então me ame, companheiro. Deixe-me sentir você dentro de mim
novamente enquanto seu pênis me reclama. Faça-me seu. Reivindique-me
com seu corpo e, finalmente, alimente-se de seu companheiro, tornando-nos
um.
Aquelas palavras pareciam acender um fogo dentro de Nikolai. Suas
narinas se alargaram e seus olhos ficaram vermelhos, enquanto o pênis de
Nikolai se espessava e pressionava contra sua coxa. Thad podia ver a
insinuação das presas de Nicco atravessando suas gengivas.
— Deuses, não posso esperar para sentir você dentro de mim
novamente, me esticando, me enchendo. E finalmente sentir suas presas
enquanto elas se alimentam de mim. Preciso de você agora, Nikolai. Foda-me.
— Implorou Thad.
Seus lábios se uniram novamente quando as mãos começaram a
vagar e os dedos trabalharam para remover a roupa. Logo os dois ficaram nus,
seus corpos pressionados juntos. A sedosidade de seus duros pênis
pressionados juntos, vazando, deixou Thad louco de necessidade. Nikolai
beijou o lado de seu pescoço, em seguida, fez um rastro em sua garganta, em
seu peito e estômago, e depois caiu de joelhos.
Thad gemeu e ofegou com cada toque, seu corpo em chamas
antecipando onde Nikolai iria em seguida e o que ele faria.
Nikolai agarrou seus quadris e puxou-o para perto, enquanto lambia
e mordiscava seu estômago e quadris. Suas mãos grandes e fortes deslizaram
contra a pele de Thad, em torno da parte de trás, e agarrou seu traseiro,
apertando os montículos carnudos.
Ninguém desde Nikolai já havia satisfeito ele. Era apenas a seu
companheiro que seu corpo parecia responder e, de repente, Thad ficou
tomado de emoção. Tristeza de quanto haviam perdido e felicidade por ter
recebido uma segunda chance.
Ele enfiou os dedos pelos cabelos macios de Nikolai e brincou com os
fios enquanto olhava através da visão lacrimejante para o homem que amava.
O homem que sempre teve e sempre possuiria seu coração.
Lábios quentes e úmidos enrolados em torno de seu pênis e dedos
longos massageavam seu saco. Thad baixou a cabeça para trás em seus
ombros enquanto sua boca se abriu num gemido. Deuses ele sentiu falta disso.
Nikolai lentamente deslizou a boca para cima e para baixo no seu pau duro
como pedra, e um baixo gemido gutural escapou do fundo de sua garganta.
Thad olhou para baixo e encontrou os olhos azuis pálidos de seu
companheiro. Nikolai deu-lhe um sorriso, seus lábios se esticaram ao redor do
pênis em sua boca, e então se afastou.
— Vamos levar isso para a cama, bebê. — Nikolai disse e se levantou,
então pegou a mão de Thad e levou-o para sua cama king-size. Nikolai pegou
as cobertas e jogou-as para trás, deixando-as cair no chão, fazendo Thad rir.
— Não precisamos disso agora. — Disse Nikolai e deu-lhe um
pequeno empurrão, fazendo-o cair na cama de costas. Thad saltou um pouco,
seu pênis batendo contra seu abdômen, deixando algumas gotas de pré-sêmen
para trás, e Thad continuou a rir. — Porra, eu senti falta desse som também.
Nikolai abriu a gaveta do criado mudo, tirou um tubo de lubrificante e
jogou na cama ao lado dele, e então Nikolai subiu. Os dois subiram na cama,
Nikolai acima dele, até que sua cabeça bateu no travesseiro. Thad abriu as
pernas e Nikolai se acomodou entre elas.
Thad gemeu, e Nikolai respirou rapidamente pelo contato de carne
com carne. Thad amava o olhar de prazer que cruzou o rosto bonito de seu
homem.
Nikolai lentamente retornou ao corpo de Thad, beijando, lambendo e
chupando, até que sua boca estava mais uma vez pairando acima de seu
pênis. Nikolai pressionou sua língua contra a veia grossa em seu eixo,
provocando-o, antes lamber lentamente até a parte inferior, enfiando sua
língua contra o feixe logo abaixo da glande.
Nikolai apertou os lábios ao redor da cabeça bulbosa e chupou com
força, e Thad viu estrelas explodirem atrás de suas pálpebras. Ele fechou os
olhos enquanto suas costas se arqueavam para fora da cama e seus dedos dos
pés se curvavam.
— Oh, foda-se. Droga, isso é bom.
Nikolai deslizou seus lábios pelo seu pênis, e Thad sentiu a cabeça
bater nas costas da garganta de seu companheiro. Seus quadris começaram a
se mover por conta própria, querendo mais, precisando mais do homem que
estava trazendo mais prazer com apenas a boca do que qualquer outro
parceiro sexual antes.
— Merda! Nikolai! Eu vou... — Thad gritou.
Nikolai o soltou e instantaneamente Thad perdeu a umidade quente
que rodeava seu pênis, mas Nikolai tinha outras ideias. Ele ergueu as pernas
de Thad e empurrou-as de volta para o peito, de repente ele estava quase
dobrado ao meio, então Nikolai baixou a cabeça, e os olhos de Thad se
arregalaram ao perceber o que seu companheiro estava prestes a fazer.
Ele sempre estivera curioso sobre como seria se alguém comesse sua
bunda, mas nunca permitiu que alguém fizesse isso. Ele também nunca fez
isso em ninguém e se perguntou como Nikolai iria se sentir se lhe fosse
permitido retribuir o favor algum dia.
Todo o pensamento fugiu quando a língua de Nikolai lambeu sua
dobra e pressionou contra sua entrada, a sensação era melhor do que jamais
imaginou. Nikolai lambeu-o novamente, mas acrescentou mais pressão,
fazendo Thad gemer. Então seu companheiro espetou sua língua contra sua
entrada e correu a ponta ao redor de sua borda antes de afundar sua língua
dentro dele.
A cabeça de Thad girou e ele achou que estava no céu. Nikolai o
fodeu com a língua enquanto empurrava o apêndice para dentro e para fora de
seu corpo, fazendo os barulhos mais eróticos.
Logo um dedo deslizou dentro dele ao lado da língua de Nikolai, e o
pênis de Thad começou a latejar e vazar pesadamente. Ele não sabia quanto
tempo poderia aguentar esse êxtase antes de explodir.
Mas parecia que Nikolai tinha outras ideias.
As bolas de Thad se apertaram contra o corpo dele, e uma corrente
de eletricidade passou por sua espinha. Seu pau ficou mais duro e ele sabia
que estava prestes a explodir.
— Nikolai!
Nikolai se afastou e soltou suas pernas, e então rapidamente engoliu
seu pênis novamente, tomando todo o seu comprimento no fundo de sua
garganta, no momento que Thad teve o orgasmo. Seu companheiro nunca
perdeu uma batida, enquanto mantinha sua atenção no pênis de Thad e
engolia cada gota de seu esperma, então o lambeu limpo.
Nikolai manteve Thad em sua boca até que seu eixo ficou flácido, e
ele lentamente soltou Thad e olhou para ele com um sorriso satisfeito.
— Preciso de você dentro de mim, companheiro. Preciso que você me
foda. — Disse Thad sem fôlego.
Nikolai deu-lhe um sorriso amoroso e se arrastou até a cama ao lado
dele, depois caiu de costas.
— Quero que você me monte, bebê. Quero ver esse corpo sexy acima
de mim enquanto você monta meu pau duro.
Excitação correu por ele, e Thad não conseguia se mover rápido o
suficiente. Ele se levantou de joelhos, depois jogou uma perna sobre os
quadris de Nikolai e se moveu para ficar em cima dele. Olhando para o corpo
de Nikolai, Thad lambeu os lábios enquanto seu olhar vagava por cada
centímetro do peito duro e abdômen de tanquinho de seu companheiro. Ele
não achava que teria sido possível Nikolai ficar ainda mais quente do que era,
mas o homem ficou maior e mais musculoso. Nikolai não era só músculo, mas
ele era perfeitamente formado. Ele era magnífico e Thad queria passar dias
apenas lambendo cada centímetro do corpo de seu companheiro.
Nikolai pegou o lubrificante e derramou um pouco na mão, depois
jogou o tubo de lado.
— Venha cá, meu bem. — Disse Nikolai, e Thad se inclinou, esticando
o peito contra o de Nikolai, com os olhares travados juntos.
Nikolai chegou ao redor dele e deslizou um dedo em sua entrada, e
Thad gemeu. Nikolai rosnou, um profundo som sexy que fez seu pênis se
contrair com interesse.
A respiração de Thad se acelerou quando sentiu Nikolai empurrar
dois, depois três dedos em sua entrada, deslizando-os para dentro e para fora
enquanto mexia os dedos, esticando-o. Adicionando mais lubrificante aos
dedos, Nikolai acrescentou um quarto dedo e começou a foder com aqueles
dígitos. Seu corpo dançou e se contorceu contra o de Nikolai, e Thad beijou o
peito largo sob ele. Ele lambeu e chupou todo o peito de Nikolai, levando
alguns minutos para provocar cada mamilo duro.
Assim que seu último controle estava prestes a estalar, Nikolai soltou
seus dedos e agarrou seus quadris.
— Nós vamos devagar da próxima vez, e vou fazer amor com você a
noite toda, mas agora, preciso de você rápido e forte, bebê.
Thad não poderia concordar mais. Eles teriam o resto de suas vidas
para fazer amor, mas ele precisava estar ligado a Nikolai o mais rápido
possível e ser reivindicado. Ele colocou as mãos no peito de Nikolai e sentou-
se, depois balançou os quadris até a ponta do pênis de Nikolai correr ao longo
de seu vinco e se alinhar com sua entrada enrugada.
Ele respirou fundo quando um choque de excitação passou por ele.
Nikolai alcançou entre eles e agarrou seu pênis, dando-lhe alguns puxões para
deixa-lo escorregadio, e então ele levantou, apontando para Thad. Thad
recuou devagar, pressionando a abertura contra a cabeça bulbosa.
Finalmente, a cabeça do membro do seu companheiro estalou através
do apertado anel de músculo, e Thad gritou quando ele se endireitou, o
movimento fazendo o pênis de Nikolai deslizar completamente em sua
caverna.
Thad não parou até que ele sentou-se contra a virilha de Nikolai, e
então se endireitou e arqueou as costas enquanto jogava a cabeça em seus
ombros. Seus olhos se fecharam da felicidade absoluta que ele sentia por ter
seu companheiro dentro dele novamente.
Lágrimas vieram aos seus olhos e Thad engoliu em volta do nó na
garganta. Ele sempre sentiu falta de Nikolai, mas não percebeu a verdadeira
profundidade dessa perda até o momento. Sentir sua conexão novamente foi
esmagador, e Thad só queria ficar assim para sempre.
Essa era a vida que sempre quis ter. Bem aqui ao lado de Nikolai.
Este homem e seu amor, não aquela vida falsa que viveu por onze anos. Thad
nunca iria outro dia sem o seu Nikolai. Ele lutaria com quem e o que fosse
necessário para manter Nikolai ao seu lado para sempre.

*****
Nicco podia sentir Thad tenso e manteve o olhar no rosto de seu
companheiro. Não havia sinal de dor ali, mas podia ver Thad engolindo em
seco. Uma lágrima rolou do lado de seus olhos, e ele sabia que seu
companheiro estava sobrecarregado com a emoção de estarem juntos
novamente, e o pensamento agarrou seu próprio coração.
Thad nunca parou de amá-lo. Ele sabia que era verdade agora, e
Nicco passaria o resto de suas vidas compensando todos os anos que
perderam. Sabia que eles tinham um futuro incerto com a batalha que estava
por vir, mas não havia como o destino os unirem novamente apenas para dar-
lhes alguns dias, e depois separá-los novamente. Ele não sabia o que estava
por vir, mas teria fé no Destino que eles seriam vitoriosos e ele e Thad
passariam uma longa vida juntos.
Thad olhou para ele, seus olhares travando, e Nicco se encheu com o
amor que viu por ele nos olhos de seu companheiro. Thad colocou os joelhos
firmemente na cama e levantou-se devagar. O deslizamento do túnel de
veludo de Thad em volta dele era êxtase, e ele soltou um profundo gemido
gutural de seus lábios.
Nicco agarrou os quadris de Thad quando seu companheiro se
levantou novamente, depois parou antes que seu pênis deslizasse do corpo
incrível de Thad, e ele lentamente caiu de volta, tomando tudo dele mais uma
vez. Ele passou as mãos pelo estômago e coxas de Thad acariciando-o,
enquanto balançava os quadris, amando as sensações que corriam através
dele ao mesmo tempo em que seus olhos rastreavam cada movimento que seu
companheiro fazia.
Deuses, Thad era um bastardo lindo. Seu companheiro tinha sido
bonito mesmo quando tinha dezenove anos, mas agora que estava totalmente
desenvolvido e era um homem, Thad estava fodidamente quente como o
inferno com um corpo feito para o pecado. Ele tinha crescido alguns
centímetros e agora tinha cerca de um metro e oitenta e três de altura e
pesava cerca de noventa e cinco quilos de músculos duros e definidos. Peitoral
forte e barriga de tanquinho. Não tão grande quanto o seu, mas tão quente.
O corpo de Thad estava à beira de ser pornográfico, era tão perfeito,
e Nicco planejava passar horas apenas lambendo e mordiscando cada
centímetro da pele dourada de seu companheiro.
Thad pegou o ritmo, trazendo Nicco completamente de volta ao
momento, e sua respiração ficou mais rápida. Thad jogou a cabeça para trás e
um som de gemido sensual escapou de seus lábios. O som tão erótico que
Nicco queria ouvir de novo, então impulsionou seus quadris para cima para
encontrar o impulso descendente de Thad, e ele foi recompensado com o som
novamente.
Deuses seu companheiro estava o fazendo perder a cabeça. Thad
começou a cavalgá-lo com mais força, e seu pau duro bateu no estômago de
Nicco a cada golpe, deixando uma gota de pré-sêmen para trás. Ele colocou a
mão em torno do eixo de seu companheiro e começou a acariciá-lo para
coincidir com as estocadas de Thad.
— Sim, companheiro! Sim! Thad gritou.
Nicco podia ver que Thad estava completamente perdido no
momento, dando todo o seu corpo para o prazer, e foi a coisa mais sexy que
ele já tinha visto. Thad caiu, encostando-se no peito suado de Nicco, que
continuou a acariciá-lo com uma das mãos, enquanto colocava a outra no
quadril de Thad e começava a empurrar na entrada de seu companheiro.
— Eu estou gozando, Nikolai! Reivindique-me, companheiro! — Thad
virou a cabeça, expondo a garganta a ele, e a visão de Nicco ficou vermelha
enquanto suas presas atravessavam suas gengivas e suas garras se
alongavam. Seu verdadeiro vampiro queria o que lhes pertencia e não seria
mais impedido.
Ele lambeu a pele salgada de Thad, da clavícula ao ouvido, e então
atacou. Seus dentes romperam a pele sensível onde o pescoço encontrava o
ombro e o sangue de Thad cobriu sua língua.
O gosto de seu companheiro era mais forte que o cheiro dele, e Nicco
precisava de mais. Ele tomou um longo gole de Thad no mesmo momento em
que seu companheiro gritava seu nome, e logo sentiu o calor do orgasmo de
seu companheiro entre eles.
O doce sabor de seu companheiro encheu seus sentidos, e Nicco
sentiu seu pênis ficando mais duro. Ele sempre ouvira dizer que beber de um
companheiro era diferente de qualquer outro e que o ato era tão excitante que
tomava conta de todos os sentidos até que nada no mundo permanecesse, a
não ser seu companheiro, e agora ele entendia.
Não ERA de admirar que Dante e Vik sempre parecessem tão
malditamente bêbados quando bebiam de seus companheiros.
Não havia nada melhor no mundo, ou mais excitante do que esse
momento e seu companheiro. Ele sentiu o vínculo se encaixar e ficou
impressionado com a emoção.
Lutou contra o desejo de seu vampiro de continuar bebendo na
essência de seu companheiro e puxou os dentes da carne de Thad, depois
lambeu a mordida. Sua cabeça caiu contra o travesseiro e, de repente, todo o
seu mundo se transformou em puro prazer.
Thad sussurrou alguma coisa, e ele sentiu a ligação se fechar com
força e sabia que era para sempre. Nicco foi consumido em euforia. Ele nunca
havia sentido nada tão profundamente, ou tão abrangente. Thad fazia parte
dele agora e ele fazia parte de Thad. Ele podia sentir o que seu companheiro
sentia e ouvir seus pensamentos. O orgasmo de Nicco subiu por seu eixo e ele
explodiu profundamente dentro de seu companheiro, cobrindo suas entranhas,
e Nicco gritou o nome de Thaddeus quando seu corpo ficou tenso.
Então estavam flutuando. Uma luz brilhante o cegou enquanto os
rodeava. Ele abriu os olhos para descobrir que ele e Thad estavam deitados em
um campo de grama alta, o sol batendo em sua pele, aquecendo-a, à medida
que uma leve brisa os acariciava.
seus corpos estavam entrelaçados, e uma corda dourada enrolou-se
lentamente ao redor deles, juntando-os com mais força. Eles foram levantados
do chão e voavam pelo ar. Então Nicco os sentiu cair na cama, e ele abriu os
olhos e encontrou os belos olhos azul-cobalto de seu companheiro olhando
para ele maravilhados.
— Aquilo foi…
— Eu sei. — Disse Nicco, sem fôlego, e apertou os braços ao redor de
Thad.
Eles ficaram lá, segurando um ao outro a medida que seus corações
diminuíam e eles recuperaram o fôlego. Thad se contorceu, acariciando Nicco,
e seu corpo relaxou completamente quando um suspiro suave escapou de seus
lábios. Nicco estava no céu com seu companheiro deitado em cima dele,
contente em seu abraço.
Levaram muito tempo para chegar até aqui, mas os dois finalmente
estavam onde pertenciam, e Nicco faria o que fosse preciso para lutar para
continuar assim. Ele havia perdido seu lindo companheiro uma vez e nunca
mais o deixaria ir novamente.
Não importava o que o amanhã trouxesse, ele lutaria contra qualquer
força que tivesse, incluindo os próprios deuses, para manter Thad em seus
braços para sempre.
— Amo você, Nikolai. — Thad sussurrou contra sua garganta.
Ele apertou seu abraço em torno de seu companheiro e beijou sua
cabeça.
— Eu te amo para sempre, meu Thaddeus.
Thad levantou a cabeça e olhou profundamente nos olhos de Nicco, e
viu apenas o amor brilhando de volta para ele.
— Podemos esquecer Dax Dalton? Só quero ser Thaddeus Blake
novamente. Realmente sinto falta dele.
— Senti falta do meu Thad por tanto tempo, e amo tê-lo de volta em
meus braços novamente. — Nicco respondeu, e então capturou seus lábios em
um beijo apaixonado cheio de promessas.
Nicco recuou um pouco e sorriu contra os lábios de Thad.
— Que tal Thad Sinclaire? — Nicco sussurrou.
— Ainda melhor. — Disse Thad e colocou a língua de volta na boca de
Nicco.

*****
— Não! — Raphael pulou de um sono profundo, gritando e ofegando,
seu coração acelerado, batendo em seu peito.
— O que é isso, amor, o que está errado? — Evan perguntou quando
ele se sentou e colocou a mão no peito encharcado de suor de Raphael.
— Meus meninos. Preciso ver meus garotos. — Disse Raphael às
pressas, tirando as cobertas e se levantando da cama. Ele correu para a
cadeira no canto, pegou a calça e começou a vesti-la.
— O que foi, Raphael? — Evan perguntou de novo quando ele
também saiu da cama e começou a se vestir.
— Ele está vindo, e está trazendo um exército enorme. Preciso avisá-
los. — Ele respondeu correndo para fora do quarto enquanto puxava a camisa
sobre a cabeça.
— Quem vem? — Evan perguntou, agarrando seus sapatos e camisa
e o seguindo.
— Hades!

FIM

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