Você está na página 1de 3

A influência mútua que existe entre arte e matemática

A matemática tem inspirado e favorecido a arte. Perspectiva, proporção e


simetria, por exemplo, são fundamentais nas artes plásticas. E o cravo foi bem
temperado com uma boa pitada matemática. As bandeirinhas de Volpi, os
azulejos de Athos Bulcão, o cubismo. Mas, e o contrário? Será que a arte
inspira a matemática?

Vem do outro lado do Atlântico uma evidência da conexão entre arte e


matemática. Segundo Fernando Pessoa, “o binômio de Newton é tão belo
como a Vênus de Milo”, só que as pessoas não se dão conta disso. Aqui, a arte
empresta seus ideais como uma seta que aponta para beleza do objeto
matemático. Mas talvez se possa ir adiante.

Leia mais: ICM 2022 abre chamadas para bolsas de participação


Na Folha, Marcelo Viana fala sobre trissecção do ângulo
Física usa teoria dos nós para estudar matemática do tricô

Em 1954, o Congresso Internacional de Matemáticos (ICM, International


Congress of Mathematicians) ocorreu em Amsterdã. Do programa constava
uma exposição de Escher, cuja obra tem caráter fortemente geométrico. Basta
ver suas escadas finitas que parecem sempre subir. Ou o revestimento de um
plano com uma única figura (e.g. um peixinho alado) por meio de
transformações matemáticas, sem deixar nenhum espaço vazio. O peixinho é
uma região fundamental para um grupo de simetria –transformações do
peixinho que resultam nele próprio.

Naquele congresso, Escher teve a oportunidade de se aproximar de cientistas


como os matemáticos Harold Coxeter e o vencedor do Nobel Roger Penrose,
também físico. A troca de cartas com o primeiro o inspirou a finalizar as obras
“círculos-limite”: uma mesma figura se replica no interior de um círculo, ficando
cada vez menor à medida que se aproxima das bordas.

Mas o contrário também teria lugar: as obras do artista teriam motivado, ao


menos em parte, Roger Penrose e seu pai, Lionel Penrose. Em um artigo de
1958, publicado no The British Journal of Psychology, pai e filho discutem
ilusões de ótica e a percepção de formas impossíveis. Uma das duas
referências do trabalho é o catálogo da exposição de Escher, aquela de
1954.Talvez Escher e seus “parças” sejam uma via de mão dupla para a
inspiração entre arte e matemática.

Por outro lado, será que a matemática poderia responder a alguma pergunta
importante da arte?

Datar uma obra que não tem registro cronológico é tarefa relevante para a
história da arte. Ou entender se, e como, o estilo de um/a artista se alterou com
o tempo. E a matemática pode ajudar a desvendar essas questões. Como?
Tratando uma pintura como um objeto matemático, uma função. E decompondo
essa função em unidades menores. O estudo dessas unidades menores é uma
chave que destrava informações sobre o/a artista em questão.

Uma ferramenta muito eficiente nesse sentido são as ondaletas: funções muito
especiais que, como o nome sugere, parecem ondinhas, pequeninas e bem-
comportadas. E extremamente poderosa –a ponto de o formato JPEG
depender delas. Quando uma pintura é analisada por meio de ondaletas, o
resultado é um conjunto de números que carregam informações sobre a
pintura.

Na década passada, os museus Van Gogh e Kröller-Müller puseram à


disposição de um estudo multidisciplinar mais de cem fotografias de alta
resolução das obras de Van Gogh. Combinando ondaletas com aprendizagem
de máquina, um grupo de cientistas obteve informações surpreendentes. Eles
encontraram evidências, por exemplo, de que o número de pinceladas de Van
Gogh é maior no período em que ele está em Paris e não em Arles. Uma das
pesquisadoras-líder daquele grupo era a matemática belga Ingrid Daubechies.

Em 2018, o ICM aconteceu no Rio de Janeiro. Na ocasião, Daubechies


discorreu acerca do estudo das obras de Van Gogh e de outros problemas da
arte que motivaram pesquisas matemáticas. Dentre eles, a pesquisadora falou
dos desafios por trás da remoção de rachaduras em uma pintura, capaz de
revelar um texto de Tomás de Aquino em uma peça dos irmãos Van Eyck.
Qual a influência as matemática na arte ?

"A Matemática está envolvida direta e indiretamente em todo tipo de arte, seja
nas Artes Plásticas, na Arquitetura ou na Escultura. A Matemática está na
proporção de mistura de tintas e pigmentos, na ampliação e redução de uma
obra, quando você vai trabalhar uma composição", explicou Valéria Vidigal.

O que a matemática é a arte têm em comum?


ARTE e MATEMÁTICA - criatividade, beleza, universalidade, simetria,
dinamismo, são qualidades que frequentemente usamos quando nos referimos
quer à Arte quer à Matemática.
Beleza e rigôr são comuns a ambas.

Você também pode gostar