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PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO EM
RELAÇÃO A SISTEMAS DE ALERTA:
CONTRIBUIÇÕES PARA PROJETO DE
SISTEMA DE COMUNICAÇÃO DE
RISCO
avançadas de produção”
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XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
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1. Introdução
A gestão das operações em logística humanitária envolve muitos desafios, tais como:
objetivos conflitantes de múltiplas partes interessadas, coordenação e colaboração, elevada
incerteza e escassez de recursos (ÇELIK et al., 2012). No contexto da gestão de risco, se uma
determinada medida de mitigação ou preparação para um desastre é tomada e o desastre não
ocorre, são incorridos custos diretos e indiretos atrelados a essas medidas e ocorre o fenômeno
conhecido como “cry wolf syndrome” (UCHIDA, 2012).
Neste contexto, o objetivo do artigo é, portanto, compreender de que modo uma população
vulnerável avalia um determinado sistema de alarme para decidir se evacua ou não uma
região de risco. Adota-se, para tal, uma abordagem centralmente qualitativa e uma
metodologia exploratória, que tem como objetivo principal tornar o problema explícito e
construir hipóteses (GIL, 2007). Com relação aos procedimentos técnicos adotados, a presente
pesquisa consiste em uma pesquisa bibliográfica, pois utiliza material já publicado para
suportar o levantamento das variáveis levadas em consideração pelo decisor (população
afetada) no caso de evacuação mediante sistema de alerta no contexto de risco de desastre.
Dessa forma, parte-se de uma questão central de pesquisa para a primeira etapa, de revisão da
literatura. Para as buscas, usa-se como combinação de palavras-chave (“risk perception” OR
“population perception” OR “evacuation behavior”) AND (“warning system” OR “warning
system disaster” OR “alert disaster”) nas bases Science Direct e Emerald Insight. Após
leitura de títulos, palavras-chave e resumos e ciclos de consenso entre os autores, 6 artigos
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2. Referencial teórico
Esta seção traz o referencial teórico que tem como intuito situar conceitualmente o tema
central da pesquisa. Para tal, são abordados primeiramente sistemas de alerta e o fenômeno
cry wolf syndrome e, em seguida, a percepção de risco de uma população vulnerável.
Há sistemas de alerta para riscos específicos ou para diferentes tipos de perigos, como sirenes,
meios de comunicação em massa (televisão, rádio), sistema de alerta de emergência,
interfones, aparelhos telefônicos, alto-falantes, notificação porta-a-porta, entre outros. Sirenes
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mecânicas e eletrônicas ao ar livre, por exemplo, são usadas para incidentes climáticos
severos, tais como tornados.
Os sistemas de alerta são considerados, então, uma medida importante para mitigar o impacto
de um determinado desastre. As autoridades locais, diante de um desastre natural, receiam a
ocorrência de um desastre natural quando um alerta de desastres não tiver sido emitido à
população. Dessa forma, pode-se emergir um dilema sobre se as condições de emissão de
alerta de desastres devem ser relaxadas ou não. Se essas condições são relaxadas, os
moradores vão tender a desconsiderar os avisos, uma vez que não refletirão uma
probabilidade de ocorrência do desastre natural (baixa acurácia). Dessa forma, surge o efeito
cry wolf syndrome, onde a população tende a achar que um desastre é menos provável quando
houve anteriormente uma evacuação decorrente de um alerta de um desastre que não ocorreu.
Há, nesse cenário, um custo físico e psicológico para a população (UCHIDA, 2012), além de
custos de manutenção e utilização dos sistemas de alerta.
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amplamente aceito como o caminho certo para trabalhar com a redução do risco de desastres.
No entanto, raramente questiona-se se a comunidade está sendo e envolvida e tendo sua
percepção de risco levada a sério, ao invés de apenas ser aceita a percepção de risco de
especialistas e instituições de ciência como sendo a maneira correta de perceber o risco de
desastres (LAURSEN, 2014).
Aceita-se que as pessoas têm diferentes percepções de risco e, portanto, que a comunicação de
risco deve ser segmentada para o indivíduo ou grupo específico. Por isso, é preciso convencê-
los do risco e ameaça de determinado desastre. A percepção de risco dos “leigos” não é
errada, mas é diferente porque consideram outras bases (variáveis) de risco, diferente das
usadas por peritos ou especialistas (BRECK, 2001 apud LAURSEN, 2014). Por outro lado,
Slovic (2000) apud Carvalho & Coelho Netto (2014) adota a perspectiva de que a percepção
do risco, as idéias sobre prevenção e as ações empreendidas são considerados fenômenos
culturalmente construídos e interpretados. É estabelecida uma distinção entre a probabilidade
de risco e a percepção do risco, partindo do ponto de vista de que risco “real” e risco
percebido são duas dimensões diferentes, reconhecendo-se que a equação risco/resposta ao
risco é mediada por valores, tornando claro que outros fatores, além de uma avaliação técnica
do risco, são nitidamente importantes para a compreensão de como as pessoas percebem e
respondem aos riscos.
De acordo com Wejnert (2002) apud Carvalho & Coelho Netto (2014), três aspectos da
realidade atuam como mediadores entre a percepção do risco e o comportamento – as
características individuais, as socioculturais e as da prática. A percepção do risco, enquanto
fenômeno culturalmente construído e interpretado revela-se permeada por
crenças/representações que constituem o eixo organizador das reações e comportamentos
(CARVALHO & COELHO NETTO, 2014). Hewitt (1996) apud Carvalho & Coelho Netto
(2014) critica a interpretação de desastres como resultados de forças externas ou aberrações
dentro da ordem social, conduzindo ao manejo de desastres restrito ao controle dos danos e à
restauração da normalidade.
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Para Michael e Fasil (2001) apud Vinh Hung (2007), a percepção de risco podem influenciar
tanto a concepção quanto os aspectos operacionais de gestão de risco de desastres. Pessoas
que percebem que são vulneráveis são mais propensas a responder às advertências e
empreender medidas de proteção. Assim, a compreensão de como as pessoas vão perceber os
riscos comunicados a eles irão influenciar a eficácia de uma estratégia de gestão sistemas de
alerta. A percepção da sociedade do risco tem suas raízes na aceitabilidade social, cultural e
moral (SLOVIC, 1987 apud VINH HUNG, 2007). Esses fatores influenciam a forma como as
pessoas percebem o risco e podem, inclusive, ignorar a probabilidade de ocorrência do
evento.
Do ponto de vista prático, o maior fator que afeta a percepção de risco é a experiência passada
das pessoas com o perigo. Há maior propensão a ser influenciado por opinião de especialistas
em áreas sobre não se tem conhecimento (SIEGRIST, 2000 apud VINH HUNG, 2007). É
evidente que, no caso de pessoas carecem experiência e conhecimento sobre o assunto, como
risco evento catastrófico, a percepção pública comum adequada vai depender de uma política
eficaz, derivada da opinião de especialistas ou da autoridade local. Assim, os especialistas e
autoridades precisam educar os líderes comunitários e a comunidade para disseminar
informações corretas para ajudar o ganho com relação à percepção do risco por parte da
comunidade.
Riley (2014) destaca aspectos do alerta que podem influenciar a percepção de risco da
população vulnerável, a saber:
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Segurança ambiental;
Segurança alimentar;
Segurança pessoal;
Segurança da saúde;
Segurança econômica;
Segurança da comunidade; e
Segurança política.
4. Conclusões
Uma comunicação eficaz dos riscos deve ser tecnicamente precisa, fornecer informações
relevantes e levar em consideração as pré concepções da população vulnerável, fechando as
lacunas entre o que os usuários do sistema já conhecem e percebem e que os especialistas
sugerem ser relevante. Esta consideração é particularmente importante para se entender como
múltiplas dimensões da percepção de risco afetam o comportamentos do decisor antes de
projetar um sistema de comunicação de risco.
Com relação às limitações desta pesquisa, o recorte por variáveis de decisão em situação de
evacuação não é o único recorte possível para analisar este decisor. Além disso, não houve
aderência empírica neste trabalho, ou seja, as variáveis não foram testadas e validadas em
uma população específica. Esta limitação é, inclusive, uma indicação de trabalhos futuros,
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visto que a aplicação em uma população específica poderia validar e complementar a lista de
variáveis, de forma a contribuir de forma mais prática no projeto de um determinado sistema
de alerta.
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