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STIER2030 - The Dynamics of Renewable Energy Technological Innovation Systems in Brazil: a foresight study to 2030 View project
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Resumo: Este artigo tem como objetivo realizar uma seleção do referencial teórico sobre o
conceito de tecnologias limpas através de revisão de literatura estruturada para analisar o
conjunto de clusters. O processo apresentou 242 artigos alinhados com o tema de pesquisa na
base de dados Web of Science. A análise bibliométrica identificou os artigos mais relevantes,
autores, que mais publicaram sobre o assunto de 1976 a 2016. Foi possível identificar 17 inter-
relações de autores. No qual possibilita a visualização de dois clusteres principais “a” e “e”. No
cluster “a”, os autores centrais são Kemp e Volpi (2008) e Hamar e Löfgren (2010). Kemp e
Volpi (2008) revisam a literatura sobre tecnologias limpas e sugerem análises futuras a partir
da conclusão de que a adoção dessas tecnologias é governada por mecanismos endógenos –
aprendizagem epidêmica e economias de aprendizagem. Em resumo, os autores “hub” deste
cluster ressaltam que as questões políticas estão por detrás das decisões sobre a adoção de
tecnologias limpas. O artigo de Kemp e Volpi (2008) recebeu 118 citações até abril de 2016.
Na presente análise, aparece citado por Chen (2012), Veisi (2012) e Triguero et al. (2014). No
cluster “e”, os autores centrais são Fischer et al. (2004) e Toman e Jemelkova (2000). Fischer
et al. (2004), citados 25 vezes desde a sua publicação até abril de 2016, defendem a adoção
dinâmica de tecnologias limpas. Desenvolvem um modelo que aborda tanto tecnologias limpas
quanto de fim de tubo, sendo as primeiras mais caras. Avaliam um modelo ótimo de tecnologias
que contemplem tanto custos quanto proteção ambiental. Toman e Jemelkova (2000), citados
164 vezes até abril de 2016, ressaltam a importância da energia para o desenvolvimento
econômico e como os serviços de energia poderiam ser melhorados.
A questão ambiental tem sido um tema de muitas discussões ao longo dos últimos anos,
com a preocupação da conservação dos recursos naturais e com a degradação provocada pelo
homem ao meio ambiente (DRUZZIAN e SANTOS, 2006). Devido ao crescimento da
população, o acúmulo de resíduos (lixo) e a degradação ambiental cresceram de forma
vertiginosa (ALENCAR, 2005; DRUZZIAN e SANTOS, 2006). Dessa forma, o homem
percebeu que a solução é minimizar a geração de resíduos, desenvolvendo técnicas que
eliminem o desperdício, contribuindo para o desenvolvimento sustentável (DRUZZIAN e
SANTOS, 2006).
A Constituição Federal Brasileira de 1988, em seu artigo 225, trouxe ao poder público
e à coletividade o dever de defender o meio ambiente e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações. A Lei 6.938 de 1981já havia antes da Constituição instituído a Política Nacional do
Meio Ambiente e ao prever a criação do Sistema Nacional do Meio Ambiente, (SISNAMA),
estabeleceu atribuições multipartites para a proteção e melhoria da qulidade ambiental.
O Direito Ambiental brasileiro atenta sobre oito princípios básicos: do Direito Humano
Fundamental ao ambiente equilibrado; do princípio democrático à informação e a participação
do indivíduo; do princípio da precaução, segundo o qual a ciência nem sempre é capaz de prever
com exatidão dos impactos de determinados procedimentos; do princípio da prevenção, quando
os impactos são conhecidos e basta gerenciá-los; da responsabilidade por ações ou omissões do
indivíduo e/ou da pessoa jurídica; do usuário e do poluidor pagador; do equilíbrio para o
desenvolvimento sustentável; e do princípio do limite, onde o poder público impõe indicadores
e parâmetros técnicos. Os aspectos legais constituem o maior instrumento para o gerenciamento
ambiental na esfera pública brasileira.
O conceito de tecnologia limpa foi desenvolvido pelo Programa das Nações Unidas para
o Meio Ambiente (PNUMA, 1993) em 1989, sendo introduzido como uma inovadora
abordagem para a conservaçaõ dos recursos e gestaõ ambiental, com o objetivo imediato de
incrementar o conhecimento sobre o conceito e promover sua adoçaõ pela indústria.
E para responder a esta questão de pesquisa, este trabalho tem como objetivo geral
construir, no pesquisador, o conhecimento necessário para orientá-lo a pesquisar sobre o tema
tecnologias limpas a partir da analise de clusters.
O alcance deste objetivo geral será possível por meio dos seguintes objetivos
específicos: (a) Selecionar um Portfólio Bibliográfico relevante sobre tecnologias limpas, (b)
Realizar análise bibliométrica do portfólio bibliográfico selecionado, visando identificar os
periódicos, artigos, autores de destaque, para realizar analise de clusters.
O artigo se apresenta em cinco seções, sendo a primeira composta por esta introdução.
A segunda apresenta o referencial teórico dos temas de gestão ambiental e tecnologias limpas.
A terceira mostra a metodologia utilizada nesta pesquisa. A quarta seção apresenta os resultados
obtidos e suas respectivas discussões. E por último, o artigo apresenta as conclusões e
recomendações.
2.TECNOLOGIAS LIMPAS
O conceito de Tecnologia Limpa pode ser entendido como sendo um conjunto de
soluções que viabilizem novos modelos de se pensar e de se usar os recursos naturais. De
maneira prática, as tecnologias limpas são novos processos industriais ou alterações realizadas
em processos já existentes, sempre com o objetivo de que o consumo de matérias-primas, o
consumo energético, os impactos ambientais e o desperdício sejam minimizados ou mesmo
zerados.
Obviamente que a evolução de tecnologias limpas não tem como interesse a diminuição
do desenvolvimento econômico. Muito pelo contrário, o intuito é suprir de forma consciente e
sustentável a necessidade de serviços, bens e produtos da sociedade atual.
Além disso, os modelos de produções que são baseados em tecnologias limpas têm
sempre como intuito a reciclagem total dos resíduos gerados no processo produtivo, assim como
o objetivo claro de não gerar emissões e resíduos. O desenvolvimento e a adoção de tecnologias
limpas são parte essencial na busca pelo desenvolvimento sustentável.
Ainda pode ser ampliada com a inclusão dos instrumentos convencional utilizados nas
empresas para fins de qualidade e produtividade afirma Barbieri (2004) como a análise do valor,
análise de falhas, listas de verificação, cartas de controle, diagramas de relações, diagramas de
causa-efeito, indicadores de desempenho, ciclo PDCA, manutenção preventiva, práticas
correntes de housekeeping, entre outras. Desta maneira, a seguir serão apresentadas as
principais tecnologias limpas para desempenho ambiental em organizações.
A norma ISO 14001 foi desenvolvida desde 1993 pelo Comitê Técnico (TC) 207 ISO
com o objetivo de fornecer as empresas e demais organizações de todo o mundo uma
abordagem comum da gestão ambiental (NASCIMENTO e POLEDNA, 2002).
Thorpe (1999) afirma que a PL busca compreender o fluxo dos materiais na sociedade,
investigando, em particular, a cadeia de produtos: de onde vêm às matérias-primas, como e
onde elas são processadas, que desperdícios são gerados ao longo da cadeia produtiva, que
produtos são feitos dos materiais, e o que acontece a estes produtos durante o seu uso e o
termino da sua vida útil.
Conforme Barbieri (2004), a PML teve suas origens estimuladas pela Conferência de
Estocolmo em 1972, com a definição de tecnologia limpa, que deveria conseguir a intenção de
disseminar menos poluição ao meio ambiente, gerar menos resíduos e consumir menos recursos
naturais.
ACV é uma técnica para avaliação dos aspectos ambientais e dos impactos potenciais
associados a um produto, compreendendo as etapas que vão desde a retirada da natureza das
matérias-primas elementares que entram no sistema produtivo até a disposição do produto final,
sendo (ISO, 2008): a) Produto de energia; b) Os processos que envolvem a manufatura; c) As
questões relacionadas com as embalagens; d) O transporte; e) O consumo de energia não
renovável; f) Os impactos relacionados com o uso, ou aproveitamento; g) O reuso do produto
ou mesmo questões relacionadas com resíduos ou reciclagem.
De acordo com ABNT (2001), ACV é definida como uma técnica para avaliar os
aspectos ambientais e impactos potenciais associados a um produto. A ACV é recomendada
pela norma ISO 14040, a qual descreve os princípios e a estrutura para se conduzir e relatar
estudos dessa natureza (RIBEIRO, 2003).
2.7 Ecodesign
De acordo com Regis (2004), o Ecodesign consiste no método de projetar, que visa
entrar ou diminuir, os impactos ambientais. Não se trata apenas de “Limpar”, mas
principalmente de “não sujar” levando-se isso em conta em todas as fases de projetação.
3. METODOLOGIA
O método de intervenção ProKnow-C proposto por Ensslin et al. (2010) para a seleção
de um portfólio bibliográfico está consubstanciado em um processo subdividido em quatro
fases: i) seleção do banco de artigos brutos: composto pela definição das palavras-chave,
definição bancos de dados, busca de artigos nos bancos de dados com as palavras-chave e o
teste da aderência das palavras-chave; ii) filtragem: composta pela filtragem do banco de
artigos brutos quanto a redundância e filtragem do banco de artigos brutos não repetidos quanto
ao alinhamento do título; iii) filtragem do banco de artigos: composto pela determinação do
reconhecimento científico dos artigos, identificação de autores; iv) filtragem quanto ao
alinhamento do artigo integral: composto pela leitura integral dos artigos.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Lacerda (2010) afirma que com a evolução dos sistemas de informações, o uso de bases
de dados (sistemas indexados) facilta as buscas pelas referências bibliográficas e para a
construção de plataformas teóricas para pesquisas futuras.
A seleção dos artigos foi realizada no mês março de 2016 na base de dados Web of
Science, usando como critério para buscar a palavra-chave “Clean* Techn*” nas palavras-
chave, título e resumo dos artigos. Como houve interesse em entender mais a fundo o construtos
e suas origens, não houve qualquer recorte temporal, ou seja, todos os artigos selecionados
foram analisados. O símbolo de truncamento “*” foi usado para ampliar o número de respostas,
pois recupera plurais, expressões com mesmo radical e variações de grafias da palavra-chave.
Pode-se observar na Figura 1 a relação dos 242 artigos encontrados na base de dados
Web of Science sobre o tema tecnologias limpas nos últimos anos. Nessa relação, a maior
concentração de artigos publicados é no ano de 2013, composta por 33 artigos, seguido de 30
para ano de 2014, 26 para 2015 e 4 artigos para 2016, o que mostra o aumento do interesse
sobre o tema nos últimos anos.
Figura 1 – Relação dos artigos do Portfólio Bibliográfico por periodicidade
O primeiro artigo publicado sobre o tema foi em 1976, com o título “Clean technique
for intermittent self-catheterization”, da autora Victoria L. Champion. O artigo trata de um
estudo de caso na área da medicina para utilização de bexigas de cateterismo, aplicada em sete
pacientes.
A Figura 2 mostra a relação dos autores que mais apresentaram trabalhos sobre o tema
nos artigos encontrados nesta pesquisa. Os 242 artigos encontrados foram escritos por 487
autores. A Figura 2 traz os que mais se repetiam, pois os demais elaboraram somente um artigo
cada um.
Figura 2 – Autores
Os artigos encontrados nesta temática deste autor na Web of Science foram: i) The
strategic design of technology funds for climate cooperation: generating joint gains, 2012; ii)
Technology investment, bargaining, and international environmental agreements, 2012; iii)
Issue linkage in clean technology cooperation: for better or worse?, 2013; iv) External sources
of clean technology: Evidence from the Clean Development Mechanism, 2013; v) Promoting
International Environmental Cooperation Through Unilateral Action: When Can Trade
Sanctions Help?, 2013; vi) Global patterns of renewable energy innovation 1990-2009, 2013;
vii) Can strategic technology development improve climate cooperation? A game-theoretic
analysis, 2013; viii) Trade sanctions in international environmental policy: Deterring or
encouraging free riding?, 2013; ix) When and how can unilateral policies promote the
international diffusion of environmental policies and clean technology?, 2015.
A Figura 3, ilustra a relação espacial dos 252 artigos. Já, a Figura 4, verificam-se os
anos de publicação dos artigos na coluna à esquerda. Cada círculo numerado corresponde a um
artigo do portfólio. Os círculos serão tão maiores quanto mais citações o artigo possui na Web
of Science. As setas indicam quando um artigo é citado por outro e obviamente a seta tem o
sentido do artigo que citou para o artigo citado.
Pode-se observar tanto na Figura 3 quanto na Figura 4, uma intensa interligação entre
os artigos do portfólio, ou seja, os autores mais atuais têm citado os autores mais antigos, o que
demonstra ser um campo da ciência em franca expansão. O qual foi possível identificar 17
relações entre autores. As relações foram identificadas e inumeradas por letras.
Figura 3 – Mapa de relação entre os artigos espacial
A Figura 4 mostra as relações entre os 252 artigos, separados por ano de publicação e
possibilita a visualização de dois clusteres principais: os marcados, respectivamente, pela letra
“a” e “e”, em vermelho.
No cluster “a”, os autores centrais são Kemp e Volpi (2008) e Hamar e Löfgren (2010).
Kemp e Volpi (2008) revisam a literatura sobre tecnologias limpas e sugerem análises futuras
a partir da conclusão de que a adoção dessas tecnologias é governada por mecanismos
endógenos – aprendizagem epidêmica e economias de aprendizagem. Em resumo, os autores
“hub” deste cluster ressaltam que as questões políticas estão por detrás das decisões sobre a
adoção de tecnologias limpas. O artigo de Kemp e Volpi (2008) recebeu 118 citações até abril
de 2016. Na presente análise, aparece citado por Chen (2012), Veisi (2012) e Triguero et al.
(2014).
Figura 4 – Mapa de relação entre os artigos por ano
b f
e
k o
p
a c h q
i l
m n
d jj
O segundo artigo “hub” do cluster “a”, de Hammar e Löfgren (2010), com um total de
35 citações desde sua publicação até abril de 2016, explica as causas da adoção de tecnologias
de fim de tubo e de tecnologias limpas em quatro setores de empresas suecas. Segundo esses
autores, a probabilidade de adoção de tecnologias limpas está relacionada à redução de
emissões atmosféricas, sendo fortemente influenciada pelos elevados custos para as empresas.
Hammar e Löfgren (2010) é citado, na presente análise, por Chen (2012) e Löfgren et al. (2014).
Chen (2012) menciona o questionamento sobre o que leva empresas a adotarem ou não
tecnologias limpas, e Löfhren et al. (2014) reiteram a efetividade dessa adoção.
No cluster “e”, os autores centrais são Fischer et al. (2004) e Toman e Jemelkova (2000).
Fischer et al. (2004), citados 25 vezes desde a sua publicação até abril de 2016, defendem a
adoção dinâmica de tecnologias limpas. Desenvolvem um modelo que aborda tanto tecnologias
limpas quanto de fim de tubo, sendo as primeiras mais caras. Avaliam um modelo ótimo de
tecnologias que contemplem tanto custos quanto proteção ambiental. Toman e Jemelkova
(2000), citados 164 vezes até abril de 2016, ressaltam a importância da energia para o
desenvolvimento econômico e como os serviços de energia poderiam ser melhorados.
Fischer et al. (2014), na presente análise, são citados por Goeschl e Perino (2007), Ben
Jebli e Ben Youssef (2013) e Ben Youssef (2015). Goeshl e Perino (2007) corroboram a tese
de Fischer et al. (2004) quanto ao fato de que que cada vez que uma inovação se realiza, os
estoques de poluição estão acima dos níveis considerados em seu estado de longo prazo. Ben
Jebli e Ben Youssef (2013) partem da ideia de Fischer et al. (2014) para construir um modelo
de otimização comparando custos e benefícios das tecnologias limpas. Ben Youssef (2015)
apenas cita o trabalho de Fischer et al. (2014) como referência em modelos de otimização para
avaliação sobre a adoção de tecnologias limpas.
Toman e Withagen (2000), citados 54 vezes até abril de 2016, avaliam o efeito
acumulativo da poluição e consideram a possibilidade de que a capacidade cumulativa do
ambiente seja exaurida por tal acúmulo. Na presente análise, são citados por Fischer et al.
(2004), Goeschl e Perino (2007) e Ben Jebli e Ben Youssef (2013). Fischer et al. (2004)
afirmam que Toman and Withagen (2000) abordam a possibilidade de efeitos de não
convexidade e de efeitos de faixa de abrangência na função de dano provocada pela poluição,
mas não se focam na criação de tecnologias de produção limpas. Goeshl e Perino (2007) apenas
retomam esse trabalho para desenvolver a sua tese de que não existe “efeito mágico” de
pesquisa e desenvolvimento capaz de oferecer uma solução ótima em termos de tecnologias
limpas. Ben Jebli e Youssef (2013) também fazem breve alusão ao trabalho de Toman e
Withagen (2000).
Nota-se que os autores “hub” do cluster “a” são mais recentes em suas publicações do
que os correspondentes do cluster “e”. Os do cluster “e” – Toman e Withagen (2000) e Fischer
et al. (2004) - preocupam-se mais com a elaboração de modelos matemáticos que tentam
otimizar relações custo-benefício da adoção de tecnologias limpas, enquanto que os autores
“hub” do cluster “a” - Kemp e Volpi (2008) e Hamar e Löfgren (2010) – buscam enfoques
políticos e institucionais, bem como comportamentais, para embasar suas pesquisas. Assim,
pode-se afirmar que a área de produção limpa evolui dos aspectos hard (modelos matemáticos,
otimização) para aspectos soft (avaliações institucionais, políticas), mas ambas as linhas de
investigação se complementam e não se pode descartar qualquer delas para a compreensão do
fenômeno do desenvolvimento e adoção dessas tecnologias.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS