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A Preservação da Identidade Cultural em um

Grupo Imigrante Italiano, Curato de Colombo, 1888 – 1910.


Fábio Luiz Machioski1
INTRODUÇÃO
A historiografia paranaense a tempo vem se preocupando com o estudo da
imigração, mais especificamente com análises demográficas. De forma mais ou menos
exaustiva, desde a década de 1970 alemães, poloneses e italianos constituem objeto de
investigações nesta perspectiva metodológica.2 Tal dedicação por parte de nossos
historiadores visou reconstituir um quadro, tanto quanto possível, completo da sociedade
paranaense. Foi nessa direção que o Departamento de História da Faculdade de Filosofia da
Universidade Federal do Paraná conduziu seus estudos para a história social regional.3
Portanto, as reflexões que serão apresentadas no presente trabalho têm como ponto de
partida os resultados de estudos já realizados sobre o tema da imigração, no intuito de dar
continuidade a pesquisa da história social do Paraná.
Outro motivo que nos levou a se debruçar sobre o assunto foi a disponibilidade de
fontes primárias, fontes essas que ainda não haviam sido visitadas com a merecida
dedicação. Para esse fato já nos chamava a atenção Altiva Pilatti Balhana ao afirmar que,
considerando o excepcional crescimento demográfico e a grande variedade de elementos
étnicos na composição da população paranaense, são necessários estudos que tratem, com
metodologia e técnicas adequadas, dos problemas de demografia, procurando utilizar as
fontes primárias existentes e, ainda, na sua quase totalidade não exploradas.4
Mesmo não sendo a presente pesquisa um estudo do âmbito populacional, e sim um
estudo metodológico quantitativo, o seu desenvolvimento se apoiou em dados provenientes
da reconstituição de famílias, metodologia privilegiada nos estudos de Demografia
Histórica. Para esse fim foram utilizadas em nosso trabalho as fontes paroquiais, ou seja,
assentos de batismos e casamentos, referentes ao grupo imigrante que servirá de objeto de

1
Fábio Luiz Machioski é historiador pela Universidade Federal do Paraná (2004). Atualmente trabalha
junto ao Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal de Colombo e está cursando Especialização em
Linguagens do Patrimônio Cultural na Universidade Tuiuti do Paraná. Atua principalmente nos seguintes
temas: Imigração Italiana, Município de Colombo, Patrimônio Imaterial, Italianidade e Dialeto Veneto.
2
ANDREAZZA, Maria Luiza & NADALIN, Sérgio Odilon. O cenário da colonização no Brasil Meridional e
a família imigrante. Revista Brasileira de Estudos de População, 11(1):61-87, jan./jun.1994, p. 62.
3
BALHANA, Altiva P. História Demográfica do Paraná. In: Un Mazzolino de Fiori; Vol. I. org. Cecília
Maria Westphalen. Curitiba: Imprensa Oficial, 2002. p. 273.
2

estudo em nossa investigação. Este tipo de fonte se torna uma preciosidade para esse tipo
de análise ao considerarmos que os contingentes de imigrantes constituem durante muito
tempo uma comunidade relativamente fechada, na qual a organização da igreja e suas
práticas representam a mais antiga instituição desse grupo.
Algumas idéias, elaboradas pelos estudos anteriores a respeito da imigração, são de
fundamental importância para as discussões inseridas neste trabalho. Refiro-me,
principalmente, aos conceitos de cultura imigrante e, consequentemente, de contato
cultural. O primeiro refere-se à constituição de uma identidade cultural desenvolvida em
função dos anseios do imigrante e da resposta do mesmo em relação à sociedade receptora.
A segunda diz respeito à relação que esses grupos de estrangeiros e seus descendentes
passam a manter com a nova sociedade.
Dentro dessas perspectivas, existem ainda outras duas idéias caras a nossa
discussão, como a da autopreservação e da integração. São essas duas vertentes que
constituem ponto de partida da presente pesquisa, na medida em que se pretende verificar
até que ponto, em um grupo específico de italianos, são encontradas ações que tinham por
objetivo afirmar uma cultura imigrante, e ao mesmo tempo analisar como essas ações
serviram para integração dos estrangeiros com a sociedade receptora sem que o grupo
perdesse seus valores étnicos.
Em outras palavras o que se pretende apresentar são relações sociais do grupo, afim
de verificar a preservação da cultura imigrante e as formas que esse grupo estrangeiro
encontrou para se integrar à sociedade brasileira. Assim, a autopreservação e a integração
constituir-se-iam nas duas variáveis fundamentais que poderiam explicar todo o processo
de construção de um grupo étnico.5
Sendo bastante homogêneo o grupo analisado, e considerando que, como
acreditamos, seus membros agiram, mesmo inconscientemente, no intuito de preservar suas
tradições e suas práticas culturais, esse trabalho pretende ainda analisar a intensidade com a
qual essa identidade cultural foi preservada. O que se pretende, enfim, é analisar alguns
aspectos do processo de autopreservação do grupo, através das práticas religiosas e
familiares dos mesmos.

4
Ibid., p.273.
5
ANDREAZZA, Maria Luiza & NADALIN, Sérgio Odilon. O cenário da colonização no Brasil Meridional
e a família imigrante. Revista Brasileira de Estudos de População, 11(1):61-87, jan./jun.1994, p. 71.
3

Nessa direção, serão apresentadas três formas de preservação da identidade cultural


imigrante: o matrimônio, o compadrio e a nomeação da primeira geração de descendentes.
Formas de preservação que dizem respeito à escolhas realizadas no matrimônio e no
momento do batismo de seus descendentes. Escolhas essas que podem, enfim, apontar para
a preservação de uma identidade étnica, ou para uma maior integração com a sociedade
receptora.
Para as duas primeiras formas de preservação acima apresentadas, o matrimônio e o
compadrio, essa escolha diz respeito aos indivíduos que irão fazer parte da família,
considerando aqui que os padrinhos estão ligados espiritualmente à família. A respeito da
terceira forma, o que se está propondo é que, no momento do batismo de seus descendentes,
o imigrante batizaria seu filho com um nome que demonstrasse que aquele indivíduo tem
uma identidade etno-cultural. Acredita-se que, na perspectiva étnica, um nome pode se
constituir num sinal ou signo, um dos traços diacríticos que as pessoas procuram e exibem
para demonstrar sua identidade.6 Observa-se também que a nomeação dos filhos resulta de
uma prática social largamente reconhecida, em que o nome é signo de reconhecimento e de
pertencimento.7
Tal estudo visa, ainda, os seguintes objetivos: iniciar a análise do processo de
integração desse grupo de imigrantes, que mais tarde poderão ser aprofundadas
considerando as mudanças ocorridas na constituição e organização da comunidade étnica,
sobretudo, ao pensarmos na segunda e terceira gerações dos descendentes desse grupo;
verificar se de fato a nomeação constitui um instrumento de preservação em uma cultura
étnica, no processo de contatos culturais que se desenvolvem entre um grupo de origem
imigrante e a sociedade receptora; e afirmar a importância da religião na construção de uma
cultura imigrante.
Portanto, a discussão dessa pesquisa gira em torno do processo de preservação de
uma identidade cultural em um grupo de imigrantes através de algumas ações ligadas a sua
prática religiosa, como a escolha dos novos parentes, noivos e compadres, assim como a
escolha dos nomes dos primeiros descendentes nascidos na pátria de adoção.

6
BARTH, 1998: 194. Apud: NADALIN & BIDEAU. Comment des luthériens allemands sont-ils devenus
des brésiliens? (un essai methodologique). 14e Entretiens du Centre Jacques Cartier (Lyon, França, 2001.)
[Texto em português publicado no Boletim de História Demográfica. São Paulo, 10(29):01-39, 2003,
p. 04.
7
GÉLIS. Apud: NADALIN & BIDEAU, op. cit., p. 04.
4

CAPÍTULO 1
DA ITÁLIA PARA O BRASIL:
A TRAJETÓRIA DE UM GRUPO IMIGRANTE

1.1 NA ITÁLIA PARTIR SE TORNA A SOLUÇÃO

Para construir a história do grupo imigrante italiano que servirá de objeto de


investigação neste trabalho, é necessário que antes compreendamos o processo de migração
sofrido pelo mesmo. A história de um grupo imigrante sempre se divide em dois
momentos: antes e depois do ato de emigrar. Cabe então ao historiador do social essa tarefa
complexa e delicada de reuni-los, pois se debruçar sobre apenas o momento posterior à
emigração poderia resultar numa avaliação incorreta.8
De fato, não se pode esquecer que estes homens e mulheres tinham uma história
anterior ao ato de emigrar, e que é nessa história que eles pautaram seus hábitos e seus
anseios. Hábitos e anseios estes que estarão fortemente presentes no momento em que estes
migrantes se tornarem imigrantes, ou seja, no momento em que chegarem na terra de
adoção. Portanto, antes de verificar quais foram os motivos que levaram o Brasil, e de
maneira específica o Paraná, a investirem na entrada de estrangeiros, temos que analisar as
condições que fizeram da Itália, da segunda metade do século XIX até o início do século
XX, um país fornecedor de imigrantes.
O contexto em que a Itália expulsora se inseriu foi o do avanço do capitalismo e da
transição demográfica na Europa.9 Momento em que os países europeus tornavam-se
industrializados e que pressões econômicas e sociais foram geradas pelo avanço
demográfico, que fez a Europa aumentar sua população duas vezes e meia. Este fato foi
observado na incapacidade de absorção dos excedentes populacionais do meio rural no

8
ALVIM, Zuleika M.F. Brava Gente! Os Italianos em São Paulo (1870-1920). Brasiliense: 1986. p.11.
9
Segundo ANDREAZZA e NADALIN transição demográfica é a designação dada ao fenômeno populacional
ocorrido inicialmente na Europa e que se refere à passagem de uma sociedade que se equilibrava com níveis
elevados de natalidade e mortalidade, para uma fase que anunciava outro equilíbrio com níveis baixos de
natalidade e mortalidade. Como a natalidade manteve-se durante algum tempo nos antigos níveis, e a
mortalidade diminuiu, o fenômeno gerou excedentes populacionais na Europa. Imigrantes no Brasil,
Colonos e Povoadores. Nova Didática. p. 27.
5

mercado de trabalho das áreas urbanas. Assim surgiu em toda Europa um excedente de
mão-de-obra que a industrialização tardia de países como a Itália e a Alemanha, não tinham
como absorver.
Estes foram os principais motivos que impulsionaram a constante emigração
italiana. Em um primeiro momento, a tentativa para solucionar o problema da falta de
emprego foi a migração interna, do campo para a cidade. Porém, como já dissemos, a
industrialização italiana não era capaz de absorver os excedentes do campo. Então a
solução foi emigrar, atravessando o oceano. O que nos permite afirmar, finalmente, que a
emigração européia para a América pode ser vista como a continuidade da migração do
campo para a cidade.
Torna-se evidente, também, que a transição demográfica, a expansão do capitalismo
e as grandes migrações formam um conjunto de processos interligados igualmente no
espaço. As diversas ondas emigratórias européias, que atingiram o apogeu na passagem do
século XIX para o XX e retomaram com outras características no período entreguerras,
acompanharam de certa forma o avanço da transição demográfica e do capitalismo,
expandindo-se sucessivamente do Noroeste para o Sul e Leste Europeus.10
Isso explica, no caso da emigração italiana, o fato de que, entre as primeiras
correntes de estrangeiros dessa origem vindos para o Brasil, predominem italianos
setentrionais. É desta região que provém a maior parte do grupo de imigrantes instalado nas
colônias que estamos investigando, inauguradas entre 1878 e 1888. Talvez esta seja a
primeira resposta para nossa pesquisa, pois no momento em que definimos a região de
origem do grupo investigado podemos analisar a realidade vivida por este antes de emigrar.
Porém, antes de tratarmos do modo de vida que esses italianos apresentavam no
momento em que decidiram deixar a Europa, queremos afirmar de maneira mais concreta o
fato de que os estrangeiros dessa origem vindos para as colônias que estamos investigando
procedem das regiões setentrionais da Itália, sobretudo da região do Vêneto.

10
ANDREAZZA, Maria Luiza & NADALIN, Sergio Odilon. O cenário da colonização no Brasil Meridional
e a família imigrante. Revista Brasileira de Estudos de População, 11(1):61-87, jan./jun.1994, p.63.
6

Para isso construímos uma tabela, e posteriormente um mapa, com base nas atas de
casamentos dos imigrantes dessas colônias. Dos 518 indivíduos, registrados nos 259
assentos matrimoniais arrolados em nossa pesquisa, encontramos 271 imigrantes do qual se
conhece a região de procedência, observando-se a seguinte distribuição:

TABELA 01 – PROCEDÊNCIA GERAL DOS IMIGRANTES ITALIANOS DO CURATO DE COLOMBO

Regiões Vêneto Lombardia Trento Piemonte Itália Total


Número 208 10 9 4 40 271
% 76,7 3,7 3,3 1,5 14,8 100
Fonte: Registros Matrimonias dos Arquivos Paroquiais de Santa Felicidade e Colombo.

Fica claro que a origem regional da maioria dos imigrantes italianos instalados nas
colônias investigadas é o Vêneto, com quase 80% de representatividade, isso sem
somarmos a porcentagem de imigrantes dessa origem provavelmente inseridos entre
aqueles que o registro só faz menção a Itália em geral. De qualquer forma, todas as regiões
que aparecem são do norte, e considerando a área setentrional como um todo, podemos
levar em conta a semelhança das características sócio-econômicas entre as regiões que a
constituem.
Faz-se importante, para a compreensão do processo migratório, que analisemos de
maneira particular as características da região que forneceu o maior contingente de
emigrantes. Na pratica, a região do Vêneto se divide em áreas de colinas e montanhas,
como Vicenza, Treviso, Belluno e Udine, e áreas de planícies, como Verona, Rovigo,
Padova e Venezia. A divisão da propriedade obedecia o seguinte critério: pequenas e
médias nas regiões de montanha e colinas; grandes propriedades, já com caráter capitalista,
nas regiões de planície.11
As famílias que, num primeiro momento, abandonaram a Itália pertenciam, em
grande parte, ao universo dos pequenos proprietários e dos arrendatários. Isso se explica
pela forma como ocorreu a penetração capitalista no campo: concentração da propriedade;
altas taxas de impostos sobre a terra, que impeliram o pequeno proprietário a empréstimos e
ao conseqüente endividamento; oferta, pela grande propriedade, de produtos a preços

11
Ibid., p.28.
7

inferiores no mercado, eliminando a concorrência do pequeno agricultor; e, finalmente, a


sua transformação em mão-de-obra para a indústria nascente.12

MAPA 1 – REGIÕES SETENTRIONAIS ITALIANAS FORNECEDORAS DE IMIGRANTES.

Não fica difícil entender porque foram eles, os pequenos proprietários, arrendatários
ou meeiros, os primeiros a abandonarem a Itália. É só nos aprofundarmos mais nas
condições de vida que essa porção da população italiana estava enfrentando para entender
a causa destes terem sido os primeiros a desembarcarem no Brasil.
A produção desses pequenos proprietários se apoiava no trabalho de toda família, e
era da terra que eles tiravam a maioria dos alimentos para a sua sobrevivência. Esse hábito
milenar ligado à pequena propriedade criava a ilusão, para esses camponeses, de
independência. As famílias vênetas, que contavam com doze ou até quinze elementos ao
todo, viviam do pequeno núcleo de terra que lhes pertencia. O pai era a autoridade máxima
e o grupo se mantinha unido enquanto a propriedade fornecia os recursos necessários à sua
manutenção.
Toda a população, desde os mais abastados até os mais pobres, alimentavam-se
basicamente de polenta, preparada com a farinha de milho. Quando a mesa era farta, o

12
ALVIM, Zuleika M.F. Brava Gente! Os Italianos em São Paulo (1870-1920). Brasiliense: 1986. p.23.
8

cardápio não passava de peixe, ovo, salames e verduras e raramente se comia pão de
farinha de trigo e carne de gado. O vinho era tomado somente na época da colheita da uva;
depois, só se consumia o “vinhete”, espécie de qualidade inferior obtido da segunda
prensagem das uvas com água.13
Não só a dieta desses camponeses era precária, mas também as suas roupas e suas
habitações eram deprimentes. Aquelas, tantos dos homens como das mulheres, eram
grosseiras, tecidas em casa. Em geral eram feitas de algodão cru e de lã mista. Seus sapatos
e tamancos também eram de confecção caseira, feitos de madeira e alguma lã qualquer. A
grande maioria vivia descalça e só cobriam os pés no inverno.14 A moradia desses pequenos
proprietários também deixava muito a desejar, como podemos perceber por meio de um
relato encontrado na obra de Zuleika Alvim, que descreve as casas dessa porção da
população italiana como

“casebres baixos, cheios de frestas, caindo aos pedaços, que


deixavam transparecer, pelos buracos usados como janelas e
pelas fissuras dos muros, a mais triste miséria; no interior, poucos
cômodos imundos (...), as paredes revestidas de pó secular (...);
o chão do térreo é de terra ou de pedras mal ajustadas, o plano
superior é formado por tabuleiros bamboleantes, as pequenas
janelas onde normalmente faltam os batentes, são tapadas por
vidros ou folhas de papel, os únicos móveis são um leito ou dois
sobre cavaletes, um baú e os utensílios indispensáveis para a
cozinha e a agricultura. (...) o número de cômodos de uma
casa é variável, mas sempre muito inferior a necessidade da
família (...) cada quarto serve a três ou quatro pessoas, (...).
Assim como descrevemos são quase todas as casas dos
trabalhadores da terra ”15

Portanto, o que observamos é que essa porção da população italiana vivia num
estado de extrema pobreza, e que, por esse motivo, gastavam suas vidas unicamente na luta
pela sobrevivência. Sendo assim, podemos imaginar que o mundo desses homens e
mulheres ligados a terra era formado pelos limites da comunidade, e que o ideal econômico
desses camponeses era o da auto-suficiência. Consequentemente a organização social e
familiar era estritamente local, onde o cotidiano variava do trabalho para a Igreja. Sem
dúvida eram esses dois valores, o amor a terra e a religião, que impulsionavam a existência

13
Ibid., p.31.
14
Ibid., p.32.
15
Cit. in: FRANZINA, E. Apud: ALVIM, Z, op. cit., p.31 e 32.
9

desses camponeses e os faziam dedicar a vida inteira para a manutenção de seu pedaço de
terra e de sua família.
Porém, essa tarefa de manter a sobrevivência da família por meio da pequena
propriedade se tornou cada vez mais difícil, e boa parte dessa dificuldade deve-se ao
problema da divisão continua da terra. Entre esses pequenos proprietários o hábito de
dividir a terra quando os filhos se casavam começara há muito tempo. Como conseqüência,
devido a falta de terra, a maioria dessas famílias de camponeses tinham filhos trabalhando
como braccianti, trabalhadores braçais, nas grandes fazendas, ou filhas nas pequenas
indústrias artesanais.16
Traçada essa paisagem de pobreza causada pela industrialização e pelo grande
aumento demográfico podemos entender quais os motivos que levaram muitos camponeses
a abandonar sua terra natal para se aventurarem em outros continentes. A falta de terra e a
falta de emprego na Itália fizeram com que muitas famílias encontrassem na emigração a
única solução para a sua sobrevivência. Assim fica fácil compreender o porque a pequena
propriedade se tornou sinônimo de pobreza, e ainda, proletarização sinônimo de expulsão.
Dessa forma podemos classificar o imigrante italiano que primeiro chegou ao Brasil
como pequeno agricultor proveniente das regiões montanhosas da parte setentrional da
Itália. Isso se afirma ao observarmos a tabela abaixo (tabela 2), que apresenta a maior parte
dos vênetos instalados nas colônias que aqui servem como objeto de pesquisa como
provenientes dessas regiões que abrigavam o pequeno proprietário italiano.
Assim, podemos definir quem foram os emigrantes de origem italiana que se
deslocaram num primeiro momento e que vieram instalar-se nas colônias por nós
estudadas, inseridas no contexto paranaense. Também, essa primeira analise nos permitiu
saber quais foram os motivos que fizeram esses camponeses abandonar a Itália. Cabe agora
definirmos quais foram os atrativos que os trouxeram para o Brasil. Porém, desde já
podemos afirmar qual foi o sonho desses homens e mulheres ao deixar a terra natal: uma
porção de terra que ficasse perto de uma igreja, onde pudessem se sentir independentes,
afim de reconstruir um mundo à semelhança do que deixaram para trás.

16
Os braccianti, como explica Zuleika Alvim, eram uma categoria de trabalhadores rurais temporários, que
só trabalhavam nos momentos de grande necessidade de mão-de-obra, e que recebiam por dia ou por cota.
10

TABELA 02 – PROCEDÊNCIA DOS IMIGRANTES VÊNETOS

Origem Regiões do Vêneto Nº de Imigrantes %


1.Vicenza 80 38,5
2.Treviso 63 30,3
Regiões de montanha 3.Udine 17 8,2
4.Belluno 4 1,9
Subtotal 164 imigrantes 78,9
5.Padova 41 19,7
Regiões de planície
6.Venezia 3 1,4
Subtotal 44 imigrantes 21,1
Total 6 Regiões 208 100
Fonte: Registros de casamentos.

1.2 O PARANÁ DENTRO DO CENÁRIO DA IMIGRAÇÃO NO BRASIL

Desde o período colonial havia no Brasil uma política imigratória com a finalidade
de ocupar vazios demográficos, para assim garantir aos portugueses a posse da terra.
Sobretudo, havia a preocupação em ocupar aqueles territórios que eram disputados com os
espanhóis. Portanto, havia uma política de colonização, uma vez que incentivava o
povoamento do Brasil.
Porém, até 1808, data da instalação da Corte Portuguesa no Rio de Janeiro, a
população do país, incluindo neste o território que hoje compõe o estado do Paraná, se
fizera exclusivamente de portugueses, escravos africanos e índios, formando essas raças a
sociedade tradicional do Brasil. Com a chegada de D. João VI adotaram-se medidas para
aumentar a população do país, principalmente no sul, onde as fronteiras estavam em litígio
devido a presença espanhola.
No que se refere ao território paranaense, porém, sua região era mal povoada, com
sertões brutos e desabitados, inclusive em áreas não muito distante de Curitiba.17 Neste
sentido, no mês de novembro de 1808 surgem duas Cartas Régias que almejavam resolver a
questão. A primeira, foi publicada em 5 de novembro e oferecia a concessão de sesmarias
aos que tomassem armas para conquistar em definitivo as terras dos Campos Gerais e de

17
WACHOWICZ, Ruy. História do Paraná. Curitiba: Imprensa Oficial do Paraná, 2001; p.145.
11

Guarapuava, afim de cultivá-las em favor do Estado. Já a segunda Carta Régia data de 25


de novembro de 1808 e, por esse instrumento, D. João tornou possível a concessão de terras
para os estrangeiros residentes no Brasil.18
Esse último decreto inaugurou uma política imigratória que abria as portas aos
estrangeiros. Para atrair imigrantes, o governo prometia uma série de vantagens aos
europeus que viessem se estabelecer no Brasil, entre as quais deve ser salientadas a
possibilidade da aquisição de terras, o financiamento de instrumentos de trabalho e, ainda,
ajuda financeira. Nessa direção, a primeira colônia instalada em território que mais tarde
veio a pertencer a Província do Paraná, foi e a de Rio Negro, que já em 1816 recebeu 50
casais de açorianos encaminhados pelo governo da Capitania de São Paulo e, em 1829, os
primeiros alemães.19
Com a independência em 1822 essas políticas imigratórias implantadas no Brasil se
fortaleceram, pois o governo da jovem nação americana procurou resolver o problema da
ocupação efetiva do solo, que se fazia necessária não só para assegurar a soberania
nacional, como também para valorizar a economia do novo país.20 Porém, as tensões
políticas dos anos seguintes, como a renúncia de Dom Pedro I e o período regencial,
provocaram uma estagnação no processo imigratório. Em decorrência, o fluxo enfraqueceu
e, entre 1829 e 1835, não foi registrada nenhuma entrada de estrangeiros no país.21
Mas o governo queria a manutenção da imigração e, nesse sentido, começou a
transferir a responsabilidade do assentamento de imigrantes para as províncias. Nessa
direção os indivíduos que entraram no país a partir de 1836 foram dirigidos a colônias
organizadas por governos locais ou por particulares. Outro fato importante e que favoreceu
o novo impulso dado à política imigratória, é que em 1848 o governo imperial concedeu às
províncias uma certa quantidade de terras devolutas para a colonização, possibilitando que
elas promovessem o estabelecimento de núcleos coloniais.
Nesse contexto, foram fundadas mais duas colônias no território que viria pertencer
à província paranaense, ambas sob a iniciativa de particulares. A primeira foi a Colônia

18
NADALIN, Sergio Odilon. Paraná: ocupação do território, populações e migrações. Curitiba: SEED,
2001. p. 61.
19
MARTINS, Romário. Quantos somos e Quem somos, dados para a história e a estatística do
povoamento do Paraná, pp. 58 e 59.
20
BALHANA, Altiva P.; MACHADO, Brasil P. e WESTPHALEN, Cecília M. História do Paraná. 1º vol.
Curitiba: GRAFIPAR, 1969; p.157.
12

Thereza, fundada pelo médico João Maurício Faivre em 1847, nas margens do rio Ivaí, com
imigrantes franceses. A segunda foi a colônia do Superaguy, fundada por Carlos Perret
Gentil em Guarequeçaba, no ano de 1852, com colonos suíços, franceses e alemães.22
Portanto, no momento de sua emancipação política, em 1853, a Província do Paraná
possuía apenas três colônias: a colônia Rio Negro (1829), a colônia Theresa (1847) e a
colônia Superaguy (1852).
Sendo assim, logo que assumiu a Província, o presidente Zacarias de Góes e
Vasconcelos percebeu que precisaria promover o aumento da população por meio da
criação de núcleos de colonização estrangeira. Além da necessidade de ocupação territorial,
a jovem província deparava-se com uma série de outros problemas, entre os quais os
principais eram a falta de trabalhadores para abrir e conservar estradas e a necessidade
urgente de desenvolver uma agricultura de subsistência para suprir a falta de alimentos.
O problema da falta de gêneros alimentícios deve-se ao fato de que um grande
número de escravos foi retirado das atividades de subsistência na década de 1850 para
atender a demanda de mão-de-obra nas grandes lavouras paulistas, principalmente de café.
Como resultado começou a decair a produção de alimentos em todo o país, fenômeno
conhecido como carestia. Devido ao desprezo manifestado pelo brasileiro, e pelo
paranaense em particular, ao trabalho agrícola, que era considerado uma atividade de baixo
status social, a vinda de “colonos morigerados e laboriosos” passou a ser considerada como
único meio adequado para solucionar o problema da crise de escassez e carestia de produtos
agrícolas.23
Nesse contexto a principal função da imigração no Brasil deixa de ser o
preenchimento dos vazios demográficos e outras duas necessidades passam a pautar a
entrada de imigrantes. Uma é a introdução de estrangeiros para substituir a mão-de-obra
escrava cada vez mais escassa nas grandes lavouras de café paulistas. Outra voltada para a
formação de colônias em pequenas propriedades que produzissem os alimentos de
subsistência.

21
NADALIN, Sergio Odilon. Op. Cit., 2001. p. 61.
22
Ibid., p. 67.
23
BALHANA, Altiva P. História Demográfica do Paraná. In: Un Mazzolino de Fiori; Vol. I. org. Cecília
Maria Westphalen. Curitiba: Imprensa Oficial, 2002, p. 275.
13

Em um primeiro momento os latifundiários do café desenvolveram uma política


acirrada contra a introdução de imigrantes em pequenas propriedades, sustentando que a
imigração deveria fornecer unicamente trabalhadores para as fazendas de produção de café
que estavam em expansão. Nesse sentido, em 1850 o legislativo do Império, influenciado
pelos grandes cafeicultores, proibiu a aquisição de terras devolutas por outro título senão o
da compra.24 Isso impediria que os imigrantes chegados no Brasil conseguissem para
cultivo pequenos lotes, forçando-os a trabalhar nas grandes lavouras.
Porém, o agravamento da falta de alimentos de primeira necessidade também na
província paulista fez com que muitos latifundiários mudassem de opinião. Assim, em 30
de janeiro de 1854 o decreto nº 1.318 favorecia a imigração pelos estímulos concedidos a
posse da terra, possibilitando o seu acesso a qualquer indivíduo, independente de sua
nacionalidade, e concedendo auxílios em favor da colonização.25
Dessa forma as províncias estavam livres para promover a imigração, afim de
resolver o problema da carestia. Esse problema que tomava conta de todo o país pode ser
observado no Paraná através de um trecho do Relatório do Presidente da Província de 1858:

“É para se lamentar que esta província, cujos terrenos produzem


com abundância a mandioca, o arroz, o café, a cana, o fumo, o
milho, o centeio, a cevada, o trigo e todos os gêneros alimentícios,
compensando tão prodigiosamente os trabalhos do agricultor,
receba da marinha e por preços tão exagerados a mor parte
daqueles gêneros. Este estado de cousas porém tenho que
continuará e que só quando colonos morigerados e laboriosos
vierem povoar vossas terras vastas e fecundas, aparecerá
abastança dos gêneros alimentícios e abundantes sobras do
consumo irão dar nova vida ao comércio de exportação dos
produtos agrícolas.”26

Portanto, ao contrário de outras regiões do Império, como era o caso da província


paulista, onde a imigração se destinava a suprir a carência de mão-de-obra na grande
lavoura de exportação, no Paraná, a não ser a eventual introdução de trabalhadores para as

24
BALHANA, Altiva P.; MACHADO, Brasil P. e WESTPHALEN, Cecília M. Alguns Aspectos Relativos
aos Estudos de Imigração e Colonização. In: Colonização e Migração. São Paulo, 1969, p.358.
25
Ibid., p. 358.
26
Relatório do Presidente Francisco Liberato de Matos, apresentado na abertura da Assembléia Legislativa
Provincial, em 7 de janeiro de 1858. Curytiba, Typografia Paranaense, 1857, p.21.
14

obras públicas, sobretudo a construção de estradas, o problema imigratório foi desde logo
colocado no sentido de criar-se uma agricultura de abastecimento.27
Outros dois fatores que favoreceram a implantação de colônias em terras
paranaense, assim como em toda a região Sul, foi a situação de clima e solo, que aqui se
apresentavam de maneira muito semelhante à Europa. Dessa maneira, acreditamos que seja
fácil compreender como o território da Província do Paraná inseriu-se na política
imigratória brasileira.
Sendo assim, o governo da província paranaense desenvolveu uma política
imigratória, sempre visando a criação de núcleos coloniais voltados para a agricultura de
abastecimento, que atraiu uma diversidade de europeus, oriundos de diversas regiões.
Primeiramente vieram contingentes alemães, suíços, franceses e ingleses e, mais tarde,
italianos e poloneses e, finalmente, ucranianos e holandeses, entre outros. Dentre esse
grupos, os que mais se destacam na contribuição demográfica do Paraná, em termos de
densidade, são os seguintes: Poloneses (49,2%), Ucranianos (14,1%), Alemães (13,3%) e,
finalmente, Italianos (8,9%), formando as outras etnias apenas 14,5%.28

1.3 NO PARANÁ OS ITALIANOS INAUGURAM COLOMBO

O grupo específico que pretendemos analisar está inserido entre os 8,9%,


representados pelos imigrantes italianos estabelecidos no Paraná. Foi a partir de 1875 que
esse contingente começou a chegar em grandes levas, sendo a maioria italianos procedentes
do Vêneto.29 A maior parte desses imigrantes que entraram no Brasil no século XIX,
sobretudo na segunda metade, embarcava no porto de Gênova e, obrigatoriamente, assim
como para qualquer imigrante procedente da Europa, desembarcava na Ilha das Flores (baía
de Guanabara), no Rio de Janeiro.30 Nessa ilha eram realizados os registros exigidos pelo
sistema político e também uma série de exames médicos. Do porto do Rio de Janeiro os

27
BALHANA, Altiva P.; MACHADO, Brasil P. e WESTPHALEN, Cecília M. História do Paraná. 1º vol.
Curitiba: GRAFIPAR, 1969; p.162.
28
Idem, p.184.
29
MARTINS, Romário. Quantos somos e Quem somos, dados para a história e a estatística do
povoamento do Paraná, p. 176.
30
FERRARINI, Sebastião. O Município de Colombo. Curitiba: Champagnat, 1992; p. 53.
15

imigrantes eram embarcados em navios menores com destino às províncias, onde eram
aguardados.
Para os imigrantes que vinham para a jovem Província do Paraná a porta de entrada
era o porto D. Pedro II, em Paranaguá. Nesta localidade, mais uma vez passavam por um
registro, semelhante ao praticado na Ilha das Flores.31 Foi ao pé da Serra do Mar que os
italianos formaram os primeiros núcleos coloniais. Este local apresentava um solo muito
fértil e água em abundância, por isso foi escolhido pelo governo para implantação de
colônias.
O primeiro empreendimento foi instalado nessa região em 1875 e deve-se a chegada
da primeira leva de imigrantes italianos no Paraná. Assim surgiu a colônia Alexandra que
foi estabelecida pelo empresário de colonização Sabino Tripotti. Apesar dessas condições
favoráveis muitos dos primeiros colonos não se adaptaram à umidade, além de problemas
relacionados à má administração da colônia Alexandra por parte do empresário
mencionado. Ele não estaria preocupado com o estabelecimento dos colonos: na verdade
queria atrair o maior número de imigrantes simplesmente para obter mais lucros.
Em virtude dessas questões, o governo provincial criou a colônia Nova Itália para
receber os imigrantes que se recusavam ficar em Alexandra, como também as novas levas
de italianos que continuavam a chegar. Esse novo empreendimento tinha a sede em
Morretes e abrangia o total de doze núcleos coloniais, estendendo-se até Antonina. Porém,
a experiência anterior criou um clima desfavorável para a colonização no litoral paranaense
de modo que os estrangeiros ali instalados sentiram a necessidade de remigrar para o
planalto; para isso, contaram com o apoio do governo. Esse fato se insere no programa
colonizador elaborado na administração do Presidente de Província Adolpho Lamenha
Lins, que direcionou a atividade colonizadora para os arredores de Curitiba, e de modo
geral para o planalto curitibano.32
Dessa forma, foram fundadas as primeiras colônias de italianos localizadas dentro
ou perto da capital paranaense. Relativamente ao número de imigrantes entrados no período
forte da imigração italiana no Paraná, entre os anos de 1875 a 1878, foi pequeno o
contingente que se fixou em definitivo na região litorânea. Os demais, por iniciativa

31
Ibid., p. 63.
32
BALHANA, Altiva P.; MACHADO, Brasil P. e WESTPHALEN, Cecília M. História do Paraná. 1º vol.
Curitiba: GRAFIPAR, 1969; p.169.
16

própria, ou com o auxílio governamental, foram transferindo-se para o planalto


curitibano.33
Esse programa colonizador visava implantar colônias agrícolas nas proximidades
dos centros urbanos, com o objetivo de colocá-las em contato com os mercados
consumidores. Assim, nos arredores de Curitiba foram instalados numerosos núcleos
coloniais situados a distâncias que variavam de 2 quilômetros até 30 quilômetros do centro
urbano da capital paranaense.
É nesse contexto que podemos inserir a inauguração dos núcleos coloniais que
formaram o grupo homogêneo que estamos investigando. Como exemplo, podemos a
fundação da colônia Alfredo Chaves, a mais antiga das colônias que formaram o grupo.
Sobre essa colônia, uma notícia importante é encontrada no Jornal Dezenove de Dezembro,
que informa sobre a sua estrutura, bem como sobre sua emancipação, um ano depois de sua
fundação:

“No dia 04 do corrente realizou-se a emancipação da colônia


Alfredo Chaves, fundada em setembro do ano findo, procedendo-se
nessa ocasião a distribuição dos títulos provisório de lotes de
terras aos colonos. Situada a 23 Km desta Capital, assenta em
terrenos de grande fertilidade. Conta 80 lotes, sendo 40 urbanos e
40 rurais, formando os primeiros a povoação que se denomina -
Alfredo Chaves, composta pelas ruas Therezio, Antunes, Limoeiro,
Chalréo e Torres. Ocupa a colônia a área total de 4.847.970
metros quadrados. Sua população é de 162 pessoas, sendo 48
homens, 42 meninos, 42 mulheres e 30 meninas.”34

Nesse documento encontramos informações importantes para o desenrolar de nossa


pesquisa: a distância da colônia à capital da província, assim como o número de imigrantes,
a área da colônia, a data de sua emancipação, suas ruas etc. Porém, o que mais chama
atenção nesse documento é o fato do núcleo possuir 80 lotes, subdivididos igualmente em
lotes urbanos e rurais. Os primeiros eram destinados à construção das casas desses
imigrantes, da igreja da colônia, da escola e ao futuro estabelecimento de casas comerciais;

33
BALHANA, A.P. Santa Felicidade: um processo de assimilação. Curitiba, 1958, p. 31.
34
Dezenove de Dezembro, 09/01/1879. Arquivo do Círculo de Estudos Bandeirantes. Jornais do século XIX.
17

já os lotes rurais eram dispostos em linhas vicinais e serviam para a atividade agrícola dos
colonos.35
Esse fato nos permite imaginar que a colônia foi induzida a formar não só uma
unidade de produção de alimentos de subsistência, mas também uma vila. Essas intenções
estão demonstradas na planta da colônia:

MAPA 2 – COLÔNIA ALFREDO CHAVES – 1878.36

35
ANDREAZZA, Maria L.; NADALIN, Sergio O. Imigrantes no Brasil: colonos e povoadores. Curitiba:
Editora Nova Didática, p.45.
36
Planta da Colônia Alfredo Chaves. Acervo da Secretaria do Meio Ambiente do Estado Paraná. Redução
do original na escala 1:10.000.
18

Tal hipótese é confirmada ao constatarmos que esse núcleo deu origem ao


município de Colombo, ao ser elevado à categoria de Vila pelo decreto nº 11 de 8 de
janeiro de 1890:

“Art. 1º - Fica elevada à categoria de vila, com a denominação de


‘Colombo’, a povoação sita na colônia Alfredo Chaves.”37

Tanto o mapa como o extrato de jornal que apresentamos acima, trazem


informações sobre os lotes da colônia, e nos revelam que os imigrantes italianos ali
instalados deveriam se dedicar a agricultura de subsistência, em pequenas propriedades
rurais, suposição que é confirmada ao analisarmos mais um extrato de fonte:

“Fundada em setembro de 1878 por italianos do Padre Angelo


Cavalli, que recusaram estabelecer-se no Piraquara, está situada
em terrenos de boa qualidade e a pouca distância da Colônia Santa
Cândida, arredores de Curitiba. Os colonos acham-se
satisfeitíssimos, a ponto de preferirem trabalhar em seus lotes, a
aprontarem estradas...”38

Este último documento permite duas observações sobre os imigrantes dessa colônia.
Primeiro, a participação de um imigrante sacerdote, que com certeza serviu de líder para
esses colonos italianos remigrados do litoral para o planalto curitibano, indica que a cultura
desse grupo estava ligada a religião. Da mesma forma o fato de optar por uma região, ao
mesmo tempo que rejeitou outra, nos faz imaginar que esses imigrantes italianos formavam
um grupo homogêneo e que essa, provavelmente, foi uma atitude de autopreservação, na
medida em que o grupo não quis se misturar com outro.
Enfim, todos os documentos apresentados acima nos informam sobre a formação de
um núcleo colonial independente e de certa forma isolado, pois estava localizado a uma
distância considerável, na época, do centro urbano de Curitiba. Esse fato sugere que nesse
núcleo colonial formou-se um grupo étnico cultural bem homogêneo, capaz de agir mesmo
que inconscientemente para autopreservar suas tradições, suas práticas específicas, em
resumo sua identidade.

37
Leis do Estado do Paraná, volume dos anos 1890 – 1891, p.19.
38
Correspondência do Governo do Estado, livro 567, ano de 1879. Arquivo Público do Estado do Paraná.
19

Além da colônia Alfredo Chaves, já apresentada acima, esse grupo homogêneo de


imigrantes italianos que estamos investigando foi formado por mais quatro colônias, cujos
principais dados são informados pela tabela abaixo:

TABELA 3 - COLÔNIAS ITALIANAS QUE FORMARAM A FREGUESIA DO CURATO DE COLOMBO


Ano Município Colônia Distância Área Número Número Grupos Localidade
da em de de étnicos
Capital hectares Lotes Imigrantes
1878 Curitiba Alfredo 24 Km 431,3 40 220 Italianos Butiatumirim
Chaves
1886 Curitiba Antônio 18 Km 414,9 54 248 Italianos e Tamandaré
Prado poloneses
1886 Curitiba Presidente 20 Km 493,4 50 450 Italianos Canguiri
Faria
1887 Curitiba Maria 19 Km 128,0 13 78 Italianos Canguiri
José
1888 Bocaiúva Euphrázio 34 Km 426,9 33 198 Italianos Capivary
Correia
*Tabela construída basicamente pelas informações de duas obras:
1- BALHANA, Altiva P.; MACHADO, Brasil P. e WESTPHALEN, Cecília M. História do Paraná. 1º vol.
Curitiba: GRAFIPAR, 1969; pp.165 e 166.
2- MARTINS, Romário. Quantos somos e Quem somos, dados para a história e a estatística do povoamento
do Paraná, pp. 148, 152 e 160.

Portanto, nosso objeto de estudo é constituídos pelos italianos e descendentes de


cinco colônias: Alfredo Chaves (1878), Antonio Prado (1886), Presidente Faria (1886),
Maria José (1887) e Euphrazio Correa (1888).39 Esse foi o primeiro passo da presente
pesquisa, ou seja, estabelecer o grupo homogêneo que pretendíamos analisar. Definiu-se
um grupo de imigrantes de origem italiana que se estabeleceu ao redor da capital
paranaense, no que hoje conhecemos como Região Metropolitana de Curitiba, mais
especificamente imigrantes italianos que se estabeleceram em colônias que formaram a
freguesia do Curato40 da Vila de Colombo como veremos mais adiante, inaugurado em
1895, e que deram origem ao município de mesmo nome.

39
Essas foram as cinco colônias instaladas em território que hoje pertencem ao Município de Colombo.
Diferentemente do que afirma Sebastião Ferrarini, na obra o Município de Colombo. Curitiba :
Champagnat: 1992, a colônia Santa Gabriela não foi instalada no bairro Ressaca da vila de Colombo,
consequentemente não fez parte deste grupo, essa colônia se localizava em território que hoje pertence a
municipalidade de Almirante Tamandaré.
40
Jurisdição religiosa referente a uma povoação pastoreada por um cura, um sacerdote que reside no local e
ali exerce a função vigário.
20

CAPÍTULO 2
O PAPEL DA RELIGIÃO NA PRESERVAÇÃO
DA IDENTIDADE ÉTNICA DOS IMIGRANTES ITALIANOS

2.1 O CURATO DE COLOMBO E A CONSTRUÇÃO DE UMA


CULTURA IMIGRANTE

Antes de tratarmos da metodologia adotada para a análise das fontes paroquiais


referentes ao grupo de italianos que estamos investigando pretendemos demonstrar como a
religião pode ser considerada a principal vertente na construção de uma cultura imigrante.
O objetivo desta constatação é afirmar a preciosidade dos registros paroquiais, na medida
que neles estão contidas informações referentes a principal atividade social desenvolvida
por esses imigrantes.
Os italianos da região do Vêneto, assim como os poloneses e outros europeus que se
tornaram imigrantes, eram católicos fervorosos a ponto de terem seu cotidiano dividido
apenas entre o trabalho e a igreja. Dessa forma não é difícil compreender que, ao chegarem
em uma terra desconhecida, seriam esses valores que pautariam a construção da identidade
étnica desses estrangeiros. Os imigrantes encontravam na fé religiosa e na assistência de
seus pastores um elo de proximidade e de identificação cultural que possibilitava
ultrapassar o trauma da mudança e da adaptação às novas contingências e estruturas.41
Na verdade o que queremos demonstrar é que as práticas religiosas desses
estrangeiros extrapolaram o campo espiritual e assumiram um papel social. Em outras
palavras estamos afirmando que a comunidade constituída em torno da religião serviu não
só para a prática da fé, mas também para que esses imigrantes fossem inseridos na nova
sociedade. Não se trata da restauração do universo sócio-cultural do imigrante italiano, mas
de reencontrar os valores que provocaram atitudes, comportamentos e projetos de vida, que
serviram de fatores para o processo de integração com a sociedade de sua nova pátria.42

41
BALHANA, Altiva P. Religião e Imigração no Brasil Meridional. In: WESTPHALEN, Cecília Maria
(Org.). Un Mazzolino de Fiori; v. III. Curitiba: Imprensa Oficial, 2002, p.295.
2
SANTIN, Silvino. Integração sócio-cultural do imigrante italiano no Rio Grande do Sul. In: DE BONI, Luis
Alberto (Org.). A presença italiana no Brasil. v. 3. Porto Alegre: Fondazione Giovanni Agnelli, 1996. p.
595.
21

O fato era que esses imigrantes não descansavam enquanto não construíssem uma
capela e não tivessem um padre para rezar a missa.43 Nesse sentido, o primeiro passo
depois de obterem uma pequena porção de terra para construírem suas casas e
desenvolverem sua atividade agrícola, era unir forças para a construção de uma igreja. Este
local serviria para o encontro dos moradores da colônia, onde além de cumprirem com seus
preceitos religiosos poderiam conversar a respeito do seu dia-a-dia, trocar experiências,
escapando ao isolamento social.
Nessa perspectiva, podemos afirmar que esse processo unia os moradores da
colônia e fortalecia os seus laços de vizinhança, criando assim uma identidade para o grupo.
Isso na realidade era uma retomada da vida coletiva que era desenvolvida no país de
origem. Ou seja, através da prática religiosa os imigrantes queriam reorganizar-se social e
culturalmente, mantendo seus valores étnicos. Além da língua origem, o que criava um
sentimento de coletividade entre esses italianos e seus descendentes era o fato de que se
consideravam católicos, e essa catolicidade permitia que eles se identificassem uns com
outros.
O grupo de italianos que estamos observando com certeza passou por esse processo,
isso pode ser comprovado pelo documento que apresentamos logo abaixo. Trata-se de um
abaixo-assinado no qual quarenta e um italianos da Colônia Alfredo Chaves solicitam ao
Presidente da Província a construção de uma igreja e um cemitério.

“Nós, abaixo assinados, colonos residentes na colônia Alfredo


Chaves, pedimos a V. Ex.ª que mande colocar a Igreja e o
cemitério da dita colônia que muito precisamos para conseguir a
nossa religião, o que esperamos em V. Ex.ª esse benefício moral e,
outrossim, lembramos a V. Ex.ª que para a construção desses
edifícios poderá o governo utilizar-se das madeiras de dois
barracões existentes nesta colônia. Colônia Alfredo Chaves, 21 de
janeiro de 1879.”44

43
ALVIM, Zuleika. Imigrantes: a vida privada dos pobres do campo. In: SEVCENKO, NICOLAU (Org.).
História da vida privada no Brasil. v.3. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p.261.
44
Correspondência Oficial da Província. Ano de 1879, Livro 583. p. 20 e 21. Arquivo Público
22

Fica claro por meio deste documento que esses imigrantes consideravam
indispensável para o seu “benefício moral” a existência de um local onde pudessem se
reunir em comunidade para “ter sua religião”. Isso se explica pelo fato de que o espaço
vital do homem vai além das dimensões biológicas, ele amplia-se a um sistema de valores,
ao qual chamamos de cultura.45
Outra informação que chama bastante atenção é que esse abaixo-assinado foi
organizado rapidamente, apenas quatro meses depois da instalação desse núcleo colonial
que foi inaugurado em setembro de 1878. Isso permite afirmar que, ao unir forças em favor
de sua prática religiosa, esse grupo de colonos rapidamente abandonou o isolamento social
no qual possivelmente estavam vivendo. Na verdade, acreditamos que, por de trás dessa
atitude de fé, esses estrangeiros carregavam também um outro desejo. Queriam ter um lugar
que fosse comum a todos, onde pudessem inserir-se socialmente, e que lhes possibilitassem
um sentimento de pertencimento.
Nessa mesma direção, podemos apresentar aqui outro acontecimento comum para
as colônias que investigamos, também inserido no campo da religiosidade, mas que acentua
a busca por um lugar de convívio social. O fato é que em mais de uma das colônias que
investigamos os imigrantes uniram suas forças para obter um terreno que fosse destinado
unicamente para a construção de uma capela. Além de pagarem pelo seus lotes particulares
eles juntavam as economias de todos os colonos no intuito de quitar um terreno que
pertence a todos da comunidade. Isso ocorreu, por exemplo, nos núcleos Presidente Faria e
Eufrazio Correia. Sobre o primeiro, os registros contidos no livro “Cadastro da Colônia
Presidente Faria” conservado pelo Arquivo Público do Estado do Paraná, trazem a seguinte
informação ao se referir sobre os proprietários dos lotes dessa colônia:

“ ... Lote nº 49 - Annibale Ferrarini. Quitado: 15/09/1893.


Lote nº50 – João Vicentin. Quitado: 24/04/1895.
Lote nº 51 - Igreja da Colônia Presidente Faria. Quitado: 14/11/1899 ...”46

45
SANTIN, Silvino. Integração sócio-cultural do imigrante italiano no Rio Grande do Sul. In: DE BONI,
Luis Alberto (Org.). A presença italiana no Brasil. v. 3. Porto Alegre: Fondazione Giovanni Agnelli, 1996.
p. 599.
46
Cadastro do Núcleo Presidente Faria. Livro nº 10, 1886. Arquivo Público do Estado do Paraná.
23

MAPA 3 – COLÔNIA PRESIDENTE FARIA (1886)47

47
Planta da Colônia Presidente Faria. Redução do original na Escala 1:10.000. Instituto de Terras e
Cartografia de Curitiba.
24

O mesmo ocorre para o núcleo Eufrazio Correa que teve seu lote número 20
separado para a construção da igreja e do cemitério, como nos informa o livro de cadastro
da respectiva colônia no momento em que trata dos nomes dos proprietários dos seus lotes:

“... Lote nº 20 – Este lote é do patrimônio da Igreja e do Cemitério


com área de 135.655 m2, ...48

MAPA 4 – COLÔNIA EUFRAZIO CORREIA (1888)49

48
Cadastro do Núcleo Eufrazio Correa. Livro nº 15, 1888. Arquivo Público do Estado do Paraná.
49
Planta da Colônia Eufrasio Correia. Redução do original na 1:10.000. Instituto de Terras e Cartografia de
Curitiba.
25

Porém essa questão não era resolvida simplesmente com a construção de uma
capela, pois outros fatores impediam que as necessidades religiosas desses imigrantes
fossem supridas de imediato. Entre estes, os mais importantes eram a distância dos núcleos
coloniais e a falta de sacerdotes para realizar as celebrações. Diante dessa realidade os
imigrantes da região que desejassem cumprir com os seus preceitos religiosos precisavam
deslocar-se até o perímetro urbano de Curitiba. Foi na Paróquia Nossa Senhora da Luz que
os italianos instalados nos núcleos que investigamos celebraram seus primeiros atos
religiosos indispensáveis, como batizados, casamentos e óbitos.
Outra forma de solucionar o problema da falta de assistência religiosa foi
apresentada somente em 1885. A partir deste ano os colonos passaram a receber visitas
esporádicas de missionários italianos que os confortavam espiritualmente. Em 1886, o
missionário apostólico Pe. Pietro Cobalcchini recebeu a autorização do Bispo Diocesano
Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho para batizar e casar os colonos italianos do
Paraná.50
Porém, esse trabalho itinerante dos missionários não solucionou a carência religiosa
dos colonos italianos que almejavam ter o seu próprio pároco. Na tentativa de solucionar o
problema, no ano de 1887 o Pe. Pietro Colbacchini dirigiu-se às autoridades eclesiásticas
solicitando medidas para regularizar o atendimento religioso nessas colônias. Em 5 de
dezembro do mesmo ano o Bispo de São Paulo transferiu a responsabilidade ao Vigário
Geral Forense de Curitiba, para que este, conhecendo melhor as circunstâncias locais,
encontrasse a melhor solução para o problema.51 O resultado foi a criação de uma
Capelania Curada Italiana, inaugurada pelo decreto episcopal de 14 de fevereiro de 1888.
Este decreto estabelecia em seu primeiro artigo que essa capelania seria constituída pelos
seguintes indivíduos:

“catholicos imigrados da Itália e seus filhos domiciliados nos ex-


núcleos coloniais ora emancipados que são os seguintes: Dantas ou
Água Verde, Santa Felicidade, Campo Comprido, e Alfredo Chaves
da Parochia de Nossa Senhora da Luz de Corityba; Antônio
Rebouças ou Timbutuva e Jugica Mendes da Parochia de Nossa
Senhora da Piedade de Campo Largo; Santa Maria do Novo Tyrol,
50
BALHANA, Altiva P. Arquivo da Paróquia de Santa Felicidade. In: WESTPHALEN, Cecília Maria (Org.).
Un Mazzolino de Fiori; v. I. Curitiba: Imprensa Oficial, 2002, p.298.
51
BALHANA, Altiva P. Religião e Imigração no Brasil Meridional. In: WESTPHALEN, Cecília Maria
(Org.). Un Mazzolino de Fiori; v. III. Curitiba: Imprensa Oficial, 2002, p.299.
26

Murici e Zacarias da Parochia do Patrocínio de São José dos


Pinhaes da comarca eclesiástica de Corityba da Província do
Paraná, deste Bispado, que de sua muito livre e espontânea
vontade, se quiserem inscrever como aplicados ou jurisdicionados
nesta Cappelania.”52

Também ficou determinado por esse decreto que a sede da Capelania ficaria
localizada na Colônia Dantas (atual bairro Água Verde em Curitiba) e que seu primeiro
Capelão seria o Padre Pietro Cobalcchini. Porém, em 1889 o referido cura fixou residência
na Colônia Santa Felicidade, transferindo para lá a sede da Capelania Italiana. Portanto, a
partir de 1888 os imigrantes italianos das colônias instaladas ao redor de Curitiba passaram
a receber assistência religiosa permanente. A partir desta data os registros de batizados e de
casamentos foram depositados nos livros dessa capelania.
Podemos afirmar que esse foi um passo muito importante para a construção da
identidade cultural desses colonos, na medida que agora possuíam um líder espiritual, e
mais que isso, um imigrante como eles. Padre Pietro Colbacchini era vêneto, como a
maioria de seus paroquianos, portanto portador das mesmas tradições culturais e podia
comunicar-se com eles no seu dialeto próprio.53
Este sacerdote permaneceu à frente da capelania até o ano de 1894, ano em que
regressou a Itália. Deste ano até o seguinte a assistência religiosa aos colonos italianos
ficou por conta do Pe. Francesco Bonato. Em 1895 chegaram mais dois missionários
italianos, os padres Faustino Consoni e Franscesco Bresciani, o que possibilitou uma
reorganização da capelania. Isso foi feito pelo decreto do Bispo de Curitiba, Dom José de
Camargo Barros, na data de 1º de novembro de 1895.54
Por meio deste decreto houve o desligamento de cinco colônias da Capelania
Italiana, Alfredo Chaves, Presidente Faria, Maria José, Antonio Prado e Eufrasio Correia,
todos situados perto ou dentro da recém criada Vila de Colombo. Conforme as
informações obtidas do documento apresentado a seguir, o desligamento dessas colônias
está relacionado a criação do Curato de Colombo, em 28 de outubro de 1895, data na qual o

52
Cópia da Portaria de 14 de fevereiro de 1888, referente à Capelania Italiana, transcrita no Livro 2 da
Vigararia Geral Forense, p. 118. Curitiba, 1888. Arquivo da Cúria Metropolitana de Curitiba.
53
BALHANA, Altiva P. Arquivo da Paróquia de Santa Felicidade. In: WESTPHALEN, Cecília Maria (Org.).
Un Mazzolino de Fiori; v. I. Curitiba: Imprensa Oficial, 2002, p.299.
54
Idid, p.302.
27

Padre Francesco Bonato passou a residir na respectiva vila, ficando responsável pelos cinco
núcleos de imigrantes italianos que por ali se localizavam.

“Dom José de Camargo Barros, por mercê de Deus e da Santa Sé


Apostólica, Bispo da Diocese de Curitiba...
...Atendendo a necessidade urgente que há de acender-se com
administração dos Sacramentos e socorros espirituais aos fiéis do
Município Civil da Vila Colombo, até agora pertencentes à
Capelania Curada Italiana, já ereto em freguesia civil, mas ainda
sem os requisitos legais e canônicos para uma paróquia e tendo em
vista o bem espiritual dos fiéis daquela parte do Bispado: Havemos
por bem erigir ali, como de fato ereto fica, pelo presente ato oficial,
um curato, com todos os privilégios e regalias de direito, tendo
como limites os mesmos limites do Município, e este até que
observadas as prescrições canônicas seja possível a elevação de
Curato a categoria de Paróquia. E para este fim damos Comissão
ao Revmo. Padre Francisco Bonato a fim de que possa instalar este
novo Curato, fazer aquisição dos livros necessários, a saber, o
livro de Tombo e os livros de assentos de Batismo, de Casamento e
de Óbito, os quais poderá abrir, numerar, rubricar e encerrar
conforme o direito e uso na Diocese e administrar os Sacramentos,
e no praso de trinta dias requerer-nos sua Provisão anual de Cura
deste novo Curato...”55

Dessa forma fica constituída a comunidade religiosa que pretendemos analisar,


formada pelos imigrantes de cinco colônias de italianos, sendo ainda uma delas mista,
contendo imigrantes de origem polonesa, e também pelos luso-brasileiros que habitavam o
lugar. Com a formação deste novo curato os imigrantes italianos dessas cinco colônias
deixam de conviver somente com os elementos da mesma identidade étnica e são inseridos
em uma comunidade que passaria a atender também os indivíduos de outras etnias,
incluindo os luso-brasileiros. É neste contexto que percebemos todo o processo de criação
do grupo homogêneo que estamos investigando, na medida que inserido em uma
comunidade formada por diferentes elementos étnicos, o grupo passaria agir para preservar
a sua identidade etno-cultural.
Os fatos mostraram que em um primeiro momento os imigrantes italianos
encontraram-se abandonados, isolados socialmente, na medida que não possuíam
assistência religiosa e não tinham um local para praticar sua religião e assim inserir-se na
sociedade. Em um segundo momento, no intuito de saírem do isolamento social, foram

55
Livro Tombo, número I, p.1. Acervo da Paróquia Nossa Senhora do Rosário.
28

conduzidos a formar uma comunidade religiosa, com pessoas que possuíssem a mesma
identidade etno-cultural, buscando assim superar o abandono a que foram submetidos. Só
mais tarde veio o terceiro passo, a oportunidade de integração com os brasileiros e os
imigrantes de outras nacionalidades.
O que estamos investigando é o comportamento dos imigrantes italianos nessa
micro-sociedade por meio de suas práticas religiosas. Queremos perceber a especificidade
dos comportamentos desses estrangeiros diante do contato cultural dos mesmos com a
sociedade receptora e com os elementos de outra etnia imigrante. Acreditamos que a
identidade étnica é um modo particular de identidade social, construída pela situação
resultante dos contatos culturais; a identidade expressa-se em um conjunto de
representações que um grupo social se faz delimitando suas fronteiras e marcando suas
diferenças em relação aos outros grupos com os quais está em contato.56 Em outras
palavras, o que queremos afirmar é que a identidade étnica aparece no contraste das
relações interétnicas, ou seja, trata-se da afirmação de um “nós” diante dos “outros”.
O que nos permite dizer que o grupo estudado era homogêneo, além da realidade de
pertencerem a um mesmo contigente étnico, é exatamente o fato de que formaram uma
mesma comunidade religiosa. A homogeneidade do grupo não foi estabelecida tão somente
pelas fronteiras físicas da Vila de Colombo, ou seja, pelas colônias que se localizavam
dentro dos limites da dita vila. A união desses colonos deve-se muito mais a existência de
um curato, mas especificamente de um sacerdote, que portava os mesmos traços étnicos
desses imigrantes. Mas mais que isso, esse cura lhes oferecia uma unidade religiosa, onde,
ao mesmo tempo, podiam preservar seus valores culturais e integrar-se a sociedade
receptora. Isso fica constatado ao lermos um trecho do relatório da visita pastoral de 1897
feita pelo Bispo Diocesano Dom José de Camargo Barros, no qual refere-se a respeito das
capelas que faziam parte do Curato:

“...Dentro dos limites da Villa, alem da Egreja que esta servindo de


matriz, existem mais cinco capellas, em diversos pontos da
povoação, todas provisionadas com a provisão quinquenal. A
Capella de Nossa Senhora da Saude, na Colonia Canguery, de

56
ORO, Ari Pedro. “Mi son talian”: Considerações sobre a identidade étnica dos descendentes de italianos do
Rio Grande do Sul. In: DE BONI, Luis Alberto (Org.). A presença italiana no Brasil. v. 3. Porto Alegre:
Fondazione Giovanni Agnelli, 1996. p. 611 e 612.
29

madeira e de tamanho regular, tem como propriedade algum


terreno; a Capella de São Sebastião, no bairro da Ressaca,
assoalhada, mas ainda não forrada, é feita de tijolos; a Capella da
Colonia Antonio Prado, que embora esteja collocada na villa de
Tamandaré e parochia de Corytiba por estar além do rio Atuba, é
entretanto frequentada pelos colonos, que em grande parte acham-
se aquem do rio; e no caminho para Bocayuva estão as Capellas do
Espírito Santo e de São Pedro, esta de madeira e aquella, de
parede barroteada, ambas forradas e assoalhadas...”57

Este documento informa que o Curato de Colombo era constituído pelas seguintes
igrejas: a capela que servia de matriz localizada na Colônia Alfredo Chaves, a capela da
Colônia do Canguery – que correspondia aos núcleos Presidente Faria e Maria José –, a
capela do bairro denominado Ressaca, constituído por brasileiros, a capela da Colônia
Antonio Prado, que se localizava na Vila de Tamandaré e duas capelas que ficavam no
caminho para a localidade vizinha: a primeira, a capela do Espírito Santo, também formada
por brasileiros e ainda dentro dos limites da Vila de Colombo e a segunda, a capela São
Pedro, porém pertencia a Colônia Eufrázio Correa, que já estava nos limites de Bocaiúva.

MAPA 5 – COLÔNIA ANTÔNIO PRADO (1886) 58

57
Livro Tombo, número I, p.25. Acervo da Paróquia Nossa Senhora do Rosário.
58
Planta da Colônia Antonio Prado. Redução do original na 1:10.000. Instituto de Terras e Cartografia de
Curitiba.
30

O que chama atenção é o fato de que duas colônias, Antônio Prado e Eufrazio
Correa, estavam fora do perímetro da Vila de Colombo, porém faziam parte da unidade
religiosa criada neste local. Isso com certeza deve-se ao fato de que foi nesta unidade
religiosa que os colonos desses núcleos encontraram elementos que os permitissem
integrar-se à sociedade sem perderem sua identidade étnica. Assim fica confirmado que foi
esta comunidade religiosa, denominada Curato de Colombo, que permitiu que esses
imigrantes italianos construíssem uma cultura imigrante no momento em que se integravam
à sociedade brasileira.

2.2 A RECONSTITUIÇÃO DAS FAMÍLIAS DOS IMIGRANTES


ITALIANOS DO CURATO DE COLOMBO

Depois de explicada a maneira como se formou o grupo relativamente homogêneo


que estamos investigando, cabe agora tratarmos das fontes e da metodologia que utilizamos
para a obtenção de dados concretos sobre a preservação da identidade cultural desses
colonos italianos. Seguindo a nossa linha de raciocínio, a partir da qual acreditamos que a
religião foi a principal forma encontrada por esses estrangeiros para integrar-se com a
sociedade receptora sem abandonar os seus valores culturais, escolhemos como fontes os
registros religiosos referentes a esses imigrantes e seus descendentes. Considerando como
descendente aquele indivíduo que tivesse pelo menos um de seus genitores com
ascendência italiana, podendo ser ele filho ou neto de imigrante.
Essa escolha metodológica considerou que a organização da vida religiosa da
comunidade foi uma das primeiras preocupações dos colonos, de maneira que os registros
das igrejas, geralmente mais cuidadosos, mais capazes de uma administração continuada e
quase sempre apresentando fundos melhor conservados, encerram dados passíveis de
quantificação que possibilitam não apenas estatísticas de nascimentos, casamentos e
mortes, mas, ainda, outras coleções de cifras que permitem indicações relacionadas à
organização econômico-social da comunidade.59

59
BALHANA, Altiva P.; MACHADO, Brasil P. e WESTPHALEN, Cecília M. Alguns Aspectos Relativos
aos Estudos de Imigração e Colonização. In: Colonização e Migração. São Paulo, 1969, p.377.
31

Sendo assim, para o desenvolvimento de nossa pesquisa foram arrolados os


registros paroquiais referentes a um período de vinte e dois anos, de 1888 a 1910. Esse
recorte temporal foi definido por uma série de fatores. Sobre o seu início, em 1888,
podemos apresentar os seguintes motivos: este ano corresponde à data em que era
inaugurada a última colônia italiana que viria fazer parte do grupo que investigamos; foi,
também, a partir deste ano que o grupo em questão passou a ter assistência religiosa
permanente e, consequentemente, passou a pertencer de fato a uma instituição na nova
sociedade ao qual estava inserido. Por outro lado, o ano de 1910 assinala aproximadamente
um espaço de 22 anos, compreendendo a primeira geração dos descendentes desses
imigrantes.60
Com o intuito de perceber as possíveis mudanças no processo de integração do
grupo na sociedade, o período estudado, de 1888 a 1910, foi dividido em duas fases, sendo
a primeira de 1888 a 1899 e a segunda de 1900 a 1910. Os primeiros onze anos
correspondem ao período de transição, no qual os imigrantes e seus descendentes saíram do
isolamento social, unindo-se a indivíduos com a mesma identidade étnica e em seguida a
uma comunidade onde começaram ter contato com uma variedade de elementos étnicos. Os
onze anos seguintes, de 1900 a 1910, referem-se ao período em que o grupo deve-se
integrar de uma forma mais consistente a sociedade receptora, ao mesmo tempo que
constrói uma cultura imigrante para preservar sua identidade étnica.
Depois de termos definido o recorte temporal fomos atrás das fontes que
forneceriam os dados quantitativos referentes ao grupo e o período selecionado. Estas
fontes encontram-se distribuídas em dois acervos: os registros referentes aos anos de 1888 a
1895 foram encontrados no arquivo da Paróquia São José, localizada no bairro de Santa
Felicidade em Curitiba, onde na época ficava a sede da Capelania Italiana Curada. Nesse
local foram arroladas as informações de dois livros: o livro número 1 de batismo, contendo
os registros de 1888 a 1892; e o livro número 1 de casamento, que registra as atas de 1888 a
1897.
Por sua vez os registros referentes a 1895 até 1910 foram encontrados no arquivo da
Paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Colombo, onde no respectivo período ficava a
capela da Colônia Alfredo Chaves, que servia de matriz para o Curato de Colombo. Nesse

60
Estamos considerando aqui que uma geração consiste o espaço de vintes anos ou um pouco mais.
32

acervo foram arroladas as informações de cinco livros: o livro número 1 de batismo,


contendo registros dos anos de 1888 a 1895, em boa parte cópia do livro 1 de Santa
Felicidade, servindo portanto para pura conferência; o livro número 2 de batismo, contendo
os assentos de 1895 a 1900; o livro 3 de batismo, referente aos registros de 1900 a 1908, o
livro 4 de batismo, que traz os dados dos anos de 1908 a 1910; e, por fim, o livro número 1
de casamento, contendo registros de 1895 até 1910.61
Esses dados foram arrolados de forma exaustiva conforme as técnicas
propostas por Louis Henry e traduzidas por Altiva Pilatti Balhana.62 Assim foram arrolados
um total de 1462 batismos e 259 casamentos. Unindo essas duas formas de documento
conseguimos recuperar dados de até três gerações das famílias dos imigrantes italianos que
investigamos. Esse método de reconstituição de famílias, concebido inicialmente para
análise de fecundidade, tornou-se hoje um instrumento precioso que propicia maior
abrangência aos estudos de história social.63 Assim obtivemos a reconstituição das famílias
desses imigrantes, ou seja, constituímos as genealogias de suas famílias. Tais genealogias,
que constituem um dos instrumentos de análise quantitativa e comparativa da história
social, possibilitam a comparação entre as gerações, mostrando a significação e os limites
do papel da herança, bem como de fatores circunstanciais.64
Na tentativa explicar melhor a respeito do método que utilizamos,
apresentaremos as informações concernentes a uma família e os respectivos dados
encontrados sobre a mesma em cada um dos tipos de registros que arrolamos. Da ata de
casamento obtivemos: em 15 de abril de 1893, na capela de Nossa Senhora do Rosário de
Vila Colombo, Colônia Italiana de Alfredo Chaves, o padre Pietro Cobalcchini celebrou o
casamento de Pedro Lazzarotto e Maria Bertolin. O noivo era nascido em Valstagna,
diocese de Pádua na Itália, filho do casal imigrante João Baptista Lazzarotto e Pasqua
Lazzarotto. A noiva, por sua vez, nascida em Marostica, diocese de Vicenza, Itália, filha de
Giacomo Bertolin e Ursula Ignazza, também imigrantes.

61
Convém esclarecer que o livro número 1 foi dividido em 1 e 1b. Sendo o primeiro uma cópia dos registros
do livro 1 de Santa Felicidade, servindo apenas para a confirmação dos dados. E o segundo, denominado 1b,
consiste nos dados de 1892
62
BALHANA, Altiva Pilatti. Reconstituição de Famílias: instrumento de análise demográfica. In: Un
Mazzolino de Fiori; Vol. III. Org. Cecília Maria Westphalen. Curitiba: Imprensa Oficial, 2002, p. 60 a 65.
63
ibid. p. 61.
64
ibid., p.61.
33

Já pelos registros de batismos foram fornecidas as seguintes informações:


No dia 07 de junho de 1894, na capela de Nossa Senhora do Rosário, Colônia Alfredo
Chaves da Vila Colombo, o padre Pietro Colbacchini batizou a João Baptista Lazzarotto,
filho do casal Pedro Lazzarotto e Maria Bertolin, nascido no dia 22 de maio de 1894. Da
mesma forma foram coletadas as informações sobre os outros oito filhos gerados pelo casal
no período que vai até 1910: Pasqua (1896), Ursula (1898), Antonio Jacob (1899), José
(1901), Philomena (1904), Angela Rosa (1906), Erminia (1908) e José (1910).
Esse procedimento metodológico apoia-se no fato de que o casamento é o ponto de
partida para reconstituição de uma família. Porém, uma boa parte das famílias que esse
recorte temporal nos permitiu a reconstituição, são classificadas como “E”, ou seja, tem a
data de casamento desconhecida. No nosso caso, isso deve-se a duas realidades, a primeira
delas é que alguns casamentos foram realizados antes de 1888, podendo ter acontecido
ainda na Itália, e a segunda deve-se ao fato de que alguns casamentos foram registrados nas
paróquias próximas. Porém, a exemplo da genealogia que mostramos, a maioria das
famílias foram classificada como “M”, ou seja, tiveram a data de casamento conhecida.65
Isso pode ser facilmente visualizado na tabela abaixo:

TABELA 4 – CURATO DE COLOMBO – CLASSIFICAÇÃO DOS CASAIS - 1888 - 1910


Classificação Casamento Casamento Mães
dos Externo Conhecido Solteiras Total
Casais Famílias (E) Famílias (M)
Número
de 178 259 05 442
Casais
% 40,3 58,6 1,1 100
Número de
Filhos 649 808 05 1462
Gerados
% 44,4 55,3 0,3 100
Fonte: Registros de Casamentos e Registros de Batismos.

Portanto, do total de 442 genealogias, 178 foram classificadas como famílias do tipo
“E”, 259 como famílias do tipo “M”, e ainda 5 famílias foram constituídas de mães
solteiras. Para as uniões de tipo “E” foram encontrados 649 descendentes, já para os casais

65
ibid., p. 64.
34

do tipo “M” encontramos 808 crianças, e por fim, 5 descendentes provém de mães solteiras.
A diferença de um tipo de família para o outro se torna gritante, ao observarmos que as
descobertas que podemos fazer mudam bruscamente de uma para outra.
No caso das famílias “M”, podemos reconstituir até três gerações da genealogia,
graças ao registro de casamento que informa o nome dos pais dos cônjuges. Para as famílias
“E” podemos reconstituir apenas duas gerações, pois nos assentos de batismos não são
informados os nomes dos avós. Já para os casos de mães solteiras, não é possível nem
descobrir duas gerações inteiras, na medida que o nome do pai não aparece no registro de
batismo. Porém, em todos esses casos, podemos reconstituir a família “espiritual” dos
batizados, ou seja, podemos definir quem foram seus padrinhos. Dessa forma, a partir dos
registros religiosos, existe a viabilidade de seguir, ao longo do ciclo, as relações entre o
indivíduo, sua família, seus parentes mais próximos longínquos e sua comunidade, por
meio da escolha dos compadres e comadres.66
Assim, ao reconstituirmos as famílias desses imigrantes, podemos perceber as
relações existentes entre os membros do grupo, e também entre o grupo e a sociedade
receptora. Em outras palavras, os registros religiosos usados para reconstituir as famílias de
imigrantes mostram as relações desses estrangeiros com a comunidade, o comportamento
desses frente aos elementos portadores da mesma identidade e frente aos elementos de
outra identidade étnica.

66
ibid., p. 65.
35

CAPÍTULO 3

AS PRÁTICAS RELIGIOSAS E FAMILIARES


EA
PRESERVAÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL

3.1 O MATRIMÔNIO

Tendo a religião ocupado um lugar de destaque na vida desses imigrantes italianos e


seus descendentes, nos debruçaremos sobre as suas práticas de fé afim de encontrar nelas as
ações de autopreservação da identidade étnica do grupo. Como já afirmamos, as práticas
religiosas desses colonos trazem informações preciosas sobre a construção de sua cultura
imigrante, sobre a afirmação de sua identidade etno-cultural e, ainda, sobre a integração
desses estrangeiros e seus descendentes com a sociedade receptora.
Essas práticas religiosas são na verdade “ritos de passagem”, ou seja, um conjunto
de cerimônias de transição que acompanham o ciclo do homem, desde o seu nascimento até
sua morte. Estas formas rituais de passagem foram introduzidas na liturgia cristã e foram
preservadas sobretudo entre as populações rurais.67
Em um primeiro momento queremos perceber como o sacramento do matrimônio
serviu para que esse contingente de camponeses italianos preservasse sua cultura. Estamos
considerando que os casamentos eram momentos importantes para a comunidade étnica,
pois esse acontecimento unia duas famílias diversas por laços de parentesco. Porém, antes
de apresentarmos os dados quantitativos relacionados aos registros de casamentos do grupo,
convém que analisemos como é que se dava a escolha dos cônjuges nessa sociedade que
tinha uma variedade de elementos étnicos.
Os contatos interétnicos entre os indivíduos que formavam essa sociedade se davam
principalmente, nos finais semana e sobretudo na igreja.68 Isso permite que imaginemos que
a escolha dos cônjuges acontecia por ocasião das missas da comunidade. Nessas ocasiões

67
BALHANA, Altiva P. Santa Felicidade: um processo de assimilação. Curitiba: Tip. João Haupt & CIA
LTDA, 1958, 171.
68
ANDREAZZA, Maria L.; NADALIN, Sergio O. Imigrantes no Brasil: colonos e povoadores. Curitiba:
Editora Nova Didática, p. 45.
36

todas as famílias da colônia se faziam presentes e, consequentemente, as moças e os


rapazes se conheciam e podiam iniciar um namoro. Também as festas religiosas, as
procissões e, ainda os grandes trabalhos agrícolas que reuniam gente moça pertencente as
famílias diversas, propiciavam ocasiões favoráveis ao começo de um romance.69
Nessa direção podemos afirmar mais uma vez que a prática religiosa desses
imigrantes e seus descendentes não era tão somente uma prática de fé, mas também uma
prática social que servia para a integração dos estrangeiros na nova sociedade. Nesse
sentido, como já dissemos no capítulo anterior, dividimos o período de 1888 a 1910 em
duas fases, afim de perceber as mudanças no processo de preservação e integração.
A primeira fase engloba os anos em que a forma de convívio social do grupo passa
por uma transição, pois deixam de conviver somente com indivíduos da mesma identidade
étnica e passam a se relacionar com elementos de outras etnias, sobretudo a brasileira. Para
essa fase, que vai de 1888 –1899, encontramos 98 registros de matrimônio. Com os dados
desses assentos matrimoniais construímos a tabela abaixo:

TABELA 05 - CURATO DE COLOMBO –


CASAMENTOS 1888 –1899 / ORIGEM DOS CÔNJUGES

Origem dos Italiana Brasileira Outra Total


Cônjuges n.a % n.a % n.a % n.a %
n.a 87 05 05 97
Italiano % 89 5 5 99
n.a 01 - - 01
Brasileiro % 1 - - 1
n.a - - - -
Outro % - - - -
n.a 88 05 05 98
Total % 90 5 5 100
Fonte: Registros de Casamentos.
n.a.= números absolutos.

Como podemos perceber, nessa primeira fase 89% dos casamentos


apresentam ambos os cônjuges de origem italiana, 5% são uniões de italianos e brasileiras,

69
BALHANA, Altiva P. Santa Felicidade: um processo de assimilação. Curitiba: Tip. João Haupt & CIA
LTDA, 1958, p. 193.
37

e outros 5% são casais formados por italianos e mulheres de outras etnias imigrantes; por
fim, apenas 1%, o equivalente a um casal, apresenta a união entre brasileiro e italiana.70
A segunda fase corresponde aos anos em que o grupo integrou-se de forma mais
consistente a sociedade receptora, ao mesmo tempo que construiu uma cultura imigrante
para preservar seus valores étnicos. Para essa segunda fase encontramos 161 registros
matrimoniais que por sua vez tornaram possível a construção da seguinte tabela:

TABELA 06 - CURATO DE COLOMBO –


CASAMENTOS 1900 –1910 / ORIGEM DOS CÔNJUGES

Origem dos Italiana Brasileira Outra Total


Cônjuges n.a % n.a % n.a % n.a %
n.a 125 25 03 153
Italiano % 78 15 2 95
n.a 06 - - 06
Brasileiro % 4 - - 4
n.a 02 - - 02
Outro % 1 - - 1
n.a 133 25 3 161
Total % 83 15 2 100
Fonte: Registros de Casamentos.
n.a.= números absolutos.

Ao observarmos os números dessa segunda fase podemos perceber uma série de


pequenas mudanças: o casamento entre italianos e italianas cai para 78%; em contrapartida
as uniões de italianos com brasileiras aumenta para 15%, aumentando também o número de
casamentos entre brasileiros e italianas, chegando a 4%; o casamento entre italianos e
mulheres de outras etnias estrangeiras cai para 2%; porém nessa fase encontramos também
uniões entre homens de outra origem imigrante e italianas, representando 1%.
Em ambas as fases a maior parte dos casamentos foi realizado na forma
endogâmica, fato esse relacionado à escolha do cônjuge. A maioria dos imigrantes italianos
e seus descendentes preferiu escolher como companheiro um indivíduo que portasse as
mesmas características étnicas que a sua. Isso se verifica principalmente para a primeira
fase, porque nesses anos casaram os jovens que nasceram na Itália e que vieram para o

70
Ao classificar os cônjuges como italiano ou italiana estamos incluindo os descendentes dessa origem étnica.
38

Brasil ainda crianças, ou seja, eram italianos de fato que estavam casando-se e preferiam
um cônjuge que também tivesse essa origem étnica.
Já na segunda fase quem estava casando eram ítalo-brasileiros, ou seja, jovens que
já haviam nascido no Brasil. Nesse momento o número de casamentos endogâmicos
diminui, apesar dessa forma de união continuar apresentando a maior percentagem. De
qualquer forma, nesse segundo período notamos o aumento de casamentos interétnicos,
sobretudo entre italianos e brasileiros; esse fato confirma que nessa fase o grupo étnico
iniciou uma maior integração com a sociedade receptora.
Porém essa integração ainda estava no início e o que predominava era a preservação
da identidade étnica do grupo imigrante. Isso pode ser observado na tabela construída para
o período como um todo, 1888 a 1910:

TABELA 7 – CURATO DE COLOMBO –


CASAMENTOS 1888 - 1910 – ORIGEM DOS CÔNJUGES

Origem dos Italiana Brasileira Outra Total


Cônjuges n.a % n.a % n.a % n.a %
n.a 212 30 08 250
Italiano % 82 11 3 96
n.a 07 - - 07
Brasileiro % 3 - - 3
n.a 02 - - 02
Outro % 1 - - 1
n.a 221 30 08 259
Total % 86 11 3 100
Fonte: Registros de casamentos
n.a.= números absolutos.

Em suma, os dados referentes ao período total demonstram que o grupo preservou


sua identidade étnica por meio do matrimônio. Para esses 22 anos foram encontrados um
total de 259 assentos de casamento distribuídos da seguinte maneira: 82% foram uniões de
caráter endogâmico em que os cônjuges eram de origem italiana, 11% foram casamentos
entre italianos e brasileiras, 3% entre italianos e mulheres de outra etnia imigrante, e 3%
entre brasileiros e italianas. Apenas 1%, o correspondente a duas uniões, entre homens de
outra etnia estrangeira e italianas.
39

Esses dados nos revelam que afim de consolidar sua identidade o grupo manteve um
comportamento endogâmico, observado principalmente na escolha do cônjuge. Essa
manutenção da identidade étnica deve-se ao crescimento vegetativo do próprio grupo.
Porém, foram encontrados alguns casos em que um dos cônjuges provinha de uma colônia
italiana vizinha que não pertencia ao grupo homogêneo, mas que portava as características
étnicas. Outro dado interessante é que encontramos alguns casos de casamentos
consangüíneos, que talvez se efetuaram na tentativa de preservar as características étnicas
familiar. Como exemplo podemos citar o registro de Angelo Cavalli e Anna Cavalli, nessa
ata de casamento encontramos registrada a dispensa de consangüinidade por 2º grau.
Por outro lado, os dados nos permitiram perceber o começo do processo de
integração do grupo a sociedade receptora. Isso é observado nas 37 uniões, correspondentes
a 14%, em que elementos de origem italiana se misturaram a indivíduos brasileiros.
Sobretudo, os homens de origem italiana uniram-se a mulheres brasileiras. Esse tipo de
casamento era mais cogitado do que os entre italianos e elementos de outra etnia imigrante;
no entanto, representou apenas 4% do total, correspondendo a 10 uniões conjugais. Isso se
deve ao fato de que nessa comunidade predominavam os indivíduos italianos e brasileiros.
Porém, os casamentos com os elementos de outras etnias imigrantes demonstram a
diversidade étnica da região, na medida que encontramos italianos e descendentes casados
com indivíduos de ascendência alemã, inglesa, austríaca, prussiana, e também polonesa,
pois uma das colônias que estudamos, o núcleo Antonio Prado, foi constituído por
imigrantes italianos e poloneses.

3.2 O COMPADRIO

Outra prática religiosa que pode nos informar sobre o processo de preservação da
cultura imigrante desses italianos e sobre a integração dos mesmos a sociedade receptora é
o compadrio. Estamos considerando que o compadrio também é um tipo de escolha de
parentesco, na medida que o padrinho e a madrinha ficam ligados espiritualmente a família.
Muitas vezes na falta dos pais, ou de um parente de sangue, são os padrinhos que acabam
zelando pela vida da criança.
40

Além de uma prática religiosa o apadrinhamento serve como um “mecanismo” ou


uma “ferramenta” para alargar ou intensificar relações sociais.71 Nesse sentido podemos
afirmar que o compadrio serviu tanto para que o grupo de imigrantes e descendentes
afirmasse sua identidade étnica, como também para que o grupo estabelecesse relações com
a sociedade brasileira.
Da mesma forma que fizemos para o casamento, apresentaremos os dados das duas
fases do período que analisamos, com a finalidade de perceber as mudanças ocorridas na
escolha dos padrinhos para as crianças descendentes de italianos. Para a primeira fase –
aquela que compreende os primeiros anos em que os imigrantes deixam de conviver
unicamente com indivíduos de mesma etnia e começam a se relacionar com a nova
sociedade –, foram encontrados 540 registros de batismos. Esses documentos nos
possibilitaram a construção da seguinte tabela:

TABELA 8 – CURATO DE COLOMBO –


ESCOLHA DOS PADRINHOS DE BATISMO EM FUNÇÃO DA ORIGEM ÉTNICA – 1888 -1899

Madrinhas Origem Origem Outra Total


Italiana Brasileira Etnia
Padrinhos n.a. % n.a. % n.a. % n.a. %
Origem n.a. 450 13 03 466
Italiana % 83 2 1 86
Origem n.a. 18 56 - 74
Brasileira % 3 11 - 14
Outra n.a. - - - -
Origem % - - - -
Total n.a. 468 69 03 540
% 86 13 1 100
Fonte: Registros de Batismos.
n.a.= número absoluto.

Nessa primeira fase os padrinhos dos descendentes de italianos eram constituídos da


seguinte maneira: 83% das crianças tinham ambos padrinhos de origem italiana; 11%
tinham ambos padrinhos de origem brasileira; 3% tinham padrinhos brasileiros e madrinhas
de origem italiana; 2% tinham padrinhos de origem italiana e madrinhas brasileiras; e

71
LANA, Marcos P. D. A dívida divina: troca e patronagem no Nordeste brasileiro. Campinas, SP:
41

somente 1% das crianças, o que corresponde a 3 batismos, tiveram padrinhos de origem


italiana e madrinhas de outra origem imigrante.72
Para a segunda fase, que corresponde aquela em que o grupo está se relacionando de
maneira mais consistente com a sociedade receptora, encontramos 922 assentos de
batismos, que por sua vez forneceram os dados expostos na tabela seguinte:

TABELA 9 – CURATO DE COLOMBO –


ESCOLHA DOS PADRINHOS DE BATISMO EM FUNÇÃO DA ORIGEM ÉTNICA – 1900-1910
Madrinhas Origem Origem Outra Total
Italiana Brasileira Etnia
Padrinhos n.a. % n.a. % n.a. % n.a. %
Origem n.a. 743 33 3 779
Italiana % 80,5 3 0,5 84
Origem n.a. 37 99 - 136
Brasileira % 4 11 - 15
Outra n.a. 3 - 4 7
Origem % 0,5 - 0,5 1
Total n.a. 783 132 7 922
% 85 14 1 100
Fonte: Registros de Batismos.
n.a.= número absoluto.

Nesse segundo momento observamos a seguinte constituição para os padrinhos dos


descendentes de imigrantes italianos: 80,5% das crianças tinham ambos os padrinhos de
origem italiana, 11% tinham ambos os padrinhos brasileiros, 4% tinham o padrinho
brasileiro e a madrinha de origem italiana, 3% tinham padrinho de origem italiana e
madrinha brasileira, 0,5% tinham ambos os padrinhos de outra origem imigrante, 0,5%
tinham padrinho de outra origem estrangeira e madrinha de origem italiana. Por fim, 0,5%
tinham padrinho de origem italiana e madrinha de outra origem imigrante.
Entre as duas fases não encontramos transformações bruscas no padrão de escolha
dos padrinhos.73 Uma pequena mudança, pouco significativa, ocorre com a queda da
percentagem de crianças com ambos os padrinhos de origem italiana, que cai de 83% para

Editora UNICAMP, 1995, p. 198.


72
Ao classificarmos os padrinhos como indivíduos de origem italiana estamos incluindo os descendentes de
italianos.
73
Isso pode ser verificado ao comparamos as duas tabelas com a tabela A1 formada com os dados referentes
ao período como um todo que se encontra na seção de anexos desse trabalho.
42

80,5%. Porém, essa forma de compadrio era a que predominava em todo o período (Tabela
A.1. em anexo) Os imigrantes e seus descendentes escolhiam indivíduos portadores da
mesma identidade etno-cultural para serem seus compadres; em outras palavras, os colonos
de origem italiana escolhiam elementos da mesma origem para apadrinharem seus filhos.
Portanto, as famílias de imigrantes italianos mantiveram sua identidade étnica
também na hora de escolher os padrinhos dos seus filhos. Isso se dava por meio de um
sistema de reciprocidade reforçado por meio do parentesco espiritual. Muitas vezes
encontramos um casal que homenageava outro, dando-lhe o filho para apadrinhar; em
seguida, e reciprocamente, recebia o filho dos compadres para o apadrinhamento, o que
servia para fortalecer os laços de vizinhança e de pertença ao grupo homogêneo. Também
era comum oferecer as crianças para pessoas da própria família batizar, como avós e os
tios, o que de modo igual reforçava o sentimento de pertença.
Porém, muitas vezes o desejo de aparentar-se espiritualmente com alguma pessoa
ou família de prestígio prevalece sobre os laços do parentesco de sangue.74 Isso pode ser
observado no grupo investigado na medida que alguns casais aparecem como padrinhos de
um número muito grande de crianças. Entre os padrinhos italianos, os casais mais cotados
são: Venanzio Trevisan e Rosa Bertolin e também Alfeo Puppi e Apollonia Bontorin. Já
entre os casais brasileiros mais requisitados podemos citar José Leal Fontoura e Francisca
Ceverina da Silva, assim como o Coronel João Gualberto Bithencourtt e Dona Ersilia
Bithencourtt.
Muitos ainda costumavam escolher o padrinho em uma família e a madrinha em
outra, para assim aparentarem-se espiritualmente com duas famílias diferentes. É nesse
contexto que se inserem muitos dos casais de padrinhos formados por um indivíduo de
origem italiana e por outro de origem diferente. Esse fato aponta para a integração do grupo
com as pessoas de outra origem étnica. Porém, a integração é melhor visualizada quando os
pais da criança escolhem compadres brasileiros. Esse tipo de compadrio é observado em
10,5% dos casos que encontramos, o que indica que uma parcela desse grupo se integrou
por laços de parentesco espiritual com a sociedade receptora.

74
BALHANA, Altiva P. Santa Felicidade: um processo de assimilação. Curitiba: Tip. João Haupt & CIA
LTDA, 1958, p. 176.
43

3.3 A NOMEAÇÃO DOS ÍTALOS-BRASILEIROS

Outra forma de preservação da identidade etno-cultural pode se verificar pela


nomeação dos descendentes de imigrantes. Como dissemos na introdução desse trabalho o
que se está propondo é que no momento do batismo de seus descendentes o imigrante
batizaria seu filho com um nome que demonstrasse que aquele indivíduo tem uma
identidade étnica. Estamos defendendo a idéia de que, na perspectiva étnica, um nome pode
se constituir num sinal ou signo, um dos traços diacríticos que as pessoas procuram e
exibem para demonstrar sua identidade.75
Considerando ainda que a preservação da identidade étnica consiste na afirmação de
um “nós” diante dos “outros”, os imigrantes escolhiam para os seus filhos nomes que
apresentassem a identidade cultural do grupo, para que dessa forma esses descendentes
cultivassem um sentimento de pertença e ao mesmo tempo fossem vistos como diferentes
pela sociedade receptora. Em outras palavras estamos apostando na idéia de que a
nomeação dos filhos resulta de uma prática social largamente reconhecida, em que o nome
é signo de reconhecimento e de pertencimento.76
Nessa direção, acreditamos que, ao optar por um nome de batismo, os pais de uma
criança são ou estão influenciados por uma determinada herança; ou seja, os nomes são
emprestados de uma estoque cultural, e a maneira de grafá-los ou pronunciá-los referem-se
a língua falada ou escrita.77 Imaginamos que essa tenha sido uma realidade para os
imigrantes italianos instalados nas colônias que estamos analisando, na medida que
preservaram por muito tempo o uso do dialeto vêneto para se comunicar, principalmente no
convívio familiar – ainda hoje, não é difícil encontrar netos e bisnetos de imigrantes
italianos que, ao se encontrarem, comunicam-se no dialeto de seus avós.
Sendo assim, nos propusemos a reconstruir o estoque cultural de nomes usados
pelos imigrantes para batizar seus filhos. Para isso contamos os prenomes mais freqüentes

75
BARTH, 1998: 194. Comment des luthériens allemands sont-ils devenus des brésiliens? (un essai
methodologique). 14e Entretiens du Centre Jacques Cartier (Lyon, França, 2001.) [Texto em português
publicado no Boletim de História Demográfica. São Paulo, 10(29):01-39, 2003, p. 04.
76
GÉLIS. Apud: NADALIN & BIDEAU, op. cit., p. 04.
44

nos 1462 registros de batismos arrolados nesta pesquisa. Em um primeiro momento, afim
de encontrarmos um estoque para os nomes femininos e outro para os nomes masculinos,
separamos os registros pelo sexo das crianças.78 Essa primeira tarefa resultou em uma
tabela, que indica que no período investigado foram registrados os batismos de 765
meninos e 697 meninas.

TABELA 10 – CURATO DE COLOMBO –


BATISMOS DE 1888 – 1910 / RAZÃO DE SEXOS
Ano Meninos Meninas Total RS
1888 - 1899 282 258 540 109,3
1900 - 1910 483 439 922 110
1888 - 1910 765 697 1462 109,7
Fonte: Registros de Batismos.

Outro fato importante que convêm comentar é que foram encontrados nomes
combinados para uma boa parte, mais ou menos 1/3, dos descendentes desses imigrantes,
como podemos ver na outra tabela colocada logo abaixo.79 Dessa forma queremos deixar
claro que o número de prenomes contabilizados não corresponde ao número de registros.

TABELA 11 – CURATO DE COLOMBO –


- CLASSIFICAÇÃO DOS NOMES DOS DESCENDENTES DE IMIGRANTES ITALIANOS – 1888 – 1899 -
Ano Prenomes Simples Prenomes Combinados Total
1888 -1899 389 151 540
1900 – 1910 691 231 922
1888 - 1910 1080 382 1462
Fonte: Registros de Batismos.

Superadas essas etapas definimos que os nomes que possivelmente foram


emprestados do estoque cultural seriam aqueles que se repetissem no mínimo cinco vezes,
então pudemos verificar que os nomes femininos e masculinos mais cogitados foram:

77
NADALIN, Sérgio O. & BIDEAU, Alain. Como luteranos alemães tornaram-se brasileiros? 14e Entretiens
du Centre Jacques Cartier (Lyon, França, 2001.) [Texto em português publicado no Boletim de
História Demográfica. São Paulo, 10(29):01-39, 2003, p. 04.
78
Fizemos a separação para os vinte dois anos que analisamos, estes dados ano a ano estão em duas tabelas,
A1 e A2, respectivamente, colocadas na seção de anexos desse trabalho.
45

TABELA A.12 – CURATO DE COLOMBO –


PARCELA DOS PRENOMES PREFERIDOS PELOS IMIGRANTES – 1888 – 1910.
E.C. Masculino Nº de Casos E.C. Feminino Nº de Casos
1. João (Giovanni) 106 1. Maria 166
2. Antonio 102 2. Angela 60
3. Jose (Giuseppe) 79 3. Joanna (Giovanna) 48
4. Pedro (Pietro) 72 4. Rosa 47
5. Luis (Luigi) 49 5. Anna 34
6. Angelo 40 6. Catharina (Catherina) 30
7. Francisco (Francesco) 38 7. Luisa (Luigia) 22
8. Domingos (Domenico) 27 8. Theresa (Theresia) 21
9. Baptista 25 9. Lucia 19
10. Jacó (Giacomo) 19 10. Antonia 18
10 Prenomes 10 Prenomes
Masculinos 557 Femininos 465
mais cogitados Mais cogitados
Fonte: Registros de Batismos.

O que observamos é que um número muito pequeno de nomes engloba um número


considerável de crianças: os 10 prenomes masculinos mais cogitados foram encontrados em
557 meninos e os 10 prenomes femininos que mais aparecem englobaram 465 meninas.
Como afirmamos anteriormente, consideramos que os possíveis nomes emprestados
do estoque cultural seriam aqueles que se repetissem no mínimo cinco vezes. Dessa forma
construímos uma tabela com todos os nomes que possivelmente seriam desse estoque. (ver
tabela A.9.)80 Essa tabela nos informa que para o caso masculino, dos 172 prenomes
encontrados, 42 podem ter sido emprestado do estoque cultural, na medida que englobaram
728 meninos, enquanto que os outros 130 nomes referem-se a apenas 212 crianças. O
mesmo acontece no caso feminino pois, dos 154 prenomes encontrados, 50 nomes estão
presentes em 736 meninas, enquanto os outros 104 referem-se a somente 167 crianças.
Devido a quantidade de vezes que esses nomes se repetem podemos afirmar que
foram emprestados de um estoque cultural para que o grupo de imigrantes italianos
batizassem seus descendentes. Isso fica mais fácil de perceber se observarmos que tipo de
nomes eram esses. Uma boa parte desses prenomes possuíam a sua versão em italiano e,
por isso, eram atribuídos aos descendentes desses imigrantes. Certamente era pelo nome na

79
A contabilidade dos nomes simples e combinados foi feita ano por ano e seus resultados podem ser
visualizados nas tabelas A4 e A5, depositadas em anexo.
80
A tabela referente a todos os nomes que possivelmente foram emprestados do estoque cultural foi colocada
no anexo devido a sua extensão, corresponde a tabela A.9.
46

versão italiana que os pais chamavam os seus filhos, já que comumente falavam o dialeto
vêneto e não o português. Como exemplo podemos citar os seguintes nomes: João era
certamente chamado de Giovanni, Pedro de Pietro, Jacó de Giacomo, Jeronymo de
Girolamo, Catharina de Catherina, Luisa de Luigia, Dominga de Domenica, e assim por
diante.
Esses nomes também possibilitavam que os pais chamassem os filhos, e
consequentemente a comunidade étnica conhecessem os seus indivíduos, por meio de
apelidos, por exemplo: João podia ser apelidado de Gioanin, Nin ou Nini; José de Beppi;
Luis de Didio. Esses descendentes continuarão a se sentir imigrantes enquanto Francisco se
mantiver Francesco, Giuseppe continuar Beppi, e muitas vezes serem assim conhecidos,
mesmo que preconceituosamente, pelos nativos da sociedade. Da mesma forma esses
descendentes de italianos continuarão a se sentir imigrantes enquanto continuarem falando
em casa o idioma de seus pais e avós.81
Além de nomes possíveis de tradução outro conjunto de prenomes constituiu esses
estoque cultural imigrante: referimo-nos aos nomes de santos. Esses prenomes eram
atribuídos aos filhos de imigrantes e descendentes devido a grande religiosidade
apresentada pelo grupo. Nada mais natural para uma comunidade que pautava sua vida pelo
trabalho e pela religião. Assim compunha esse estoque uma série de nomes de santos e
santas, entre os quais: Antonio, João Baptista, Agostinho, Sebastião, Vicente, Maria, Rosa,
Anna, Magdalena, Cecilia etc.
Todos esses nomes não eram escolhidos aleatoriamente, pois obedeciam a uma
série de influências, sobretudo de natureza familiar: com freqüência, o nome atribuído à
criança era homenagem a um dos membros da família. Na tentativa de definir quais eram
essas influências, investigamos todos os nomes por meio das genealogias das famílias
desses descendentes de imigrantes. No âmbito familiar, as influências encontradas foram
dos avós, tanto paternos como maternos; da mesma forma, foram detectadas influências do
pai e da mãe e da família “espiritual”, ou seja, do padrinho e da madrinha.
Outras crianças ainda recebiam a influência religiosa, na medida que eram
batizados com os nomes dos santos de devoção dos pais, do santo do dia, ou próximo do
dia, do batismo ou nascimento. Em outros não percebemos influência, simplesmente
47

observamos que eram nomes contidos no estoque cultural (E.C.). Finalmente, algumas
crianças foram batizadas com outros nomes. Entre esses outros prenomes, estavam nomes
brasileiros, adjetivos como Benvenuta (Benvinda) e Fortunato (Sortudo), assim como
nomes referentes a lugares como America, Italia, Romano e Colombo.
Nessa direção, construímos tabelas para dois tipos diferentes de famílias, para
aquelas de tipo “M”, que nos possibilitaram saber o nome dos avós, e para aquelas do tipo
“E”, sobre as quais só sabíamos o nome dos pais e dos filhos. Essas tabelas foram
construídas separadamente para meninos e para meninas, assim como para a primeira e
segunda fase do período investigado. Também foram construídas tabelas separadas para os
prenomes combinados, na medida que esses eram formados por uma combinação de
influências.82
No caso dos meninos descendentes das famílias “M”, independente da fase em que
nasceram e como podemos observar nas duas tabelas abaixo, houve uma maior influência
por parte dos “nonos”, ou seja, dos avôs, sobretudo paternos. Em segundo lugar, esses
meninos eram influenciados pelos padrinhos, em terceiro pela figura do pai e em quarto
pelo religião, na medida que recebiam nomes de santo.83

- TABELA 13 – CURATO DE COLOMBO –


ORIGEM DOS NOMES DOS MENINOS, FORMA SIMPLES. FAMÍLIAS “M” – 1888-1899
Origem Infl. Infl. subtotal Outras influências
Paterna materna
Avô 20 12 32 Santo * 1
Avó – versão masculina. 1 0 1 Padrinho 3
Pai 0 - 0 Madrinha – versão masculina. 0
Mãe – versão masculina. - 0 - Estoque Cultural 14
Outros 9
Total 21 12 33 Total 27
* Santo próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.
Fonte: Registros de Batismos e Registros de Casamentos.

81
ANDREAZZA, Maria L.; NADALIN, Sergio O. Imigrantes no Brasil: colonos e povoadores. Curitiba:
Editora Nova Didática, p. 08.
82
Foi possível montar uma tabela sobre os prenomes de forma combinada, esta encontrasse na seção de anexo
deste trabalho.
83
Para perceber a influência religiosa por meio dos nomes dos santos observamos se as datas de batismo ou
nascimento correspondiam ao dia, ou estavam próximas ao dia, que a igreja dedica ao referido santo. Para isso
tivemos a ajuda de manual intitulado Os santos de cada dia escrito por José Benedito Alves. SP: Paulinas,1990.
48

TABELA 14 – CURATO DE COLOMBO –


ORIGEM DOS NOMES DOS MENINOS, FORMA SIMPLES. FAMÍLIAS “M” – 1900-1910
Origem Infl. Infl. subtotal Outras influências
paterna materna
Avô 52 49 101 Santo * 12
Avó – versão masculina. 1 4 5 Padrinho 36
Pai 14 - 14 Madrinha – versão masculina. 0
Mãe - versão masculina. - 2 2 Estoque Cultural 56
Outros 44
Total 67 55 122 Total 148
* Santo próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.
Fonte: Registros de Batismos e Registros de Casamentos.

No caso das meninas oriundas das famílias “M”, como vemos nas duas tabelas mais
abaixo, percebemos uma maior influência por parte das “nonas”, das avós, sobretudo da
avó paterna. A segunda maior influência era a da madrinha, a terceira era religiosa,
sobretudo a influência de Nossa Senhora, e em quarto lugar essas meninas recebiam os
nomes dos “nonos”, avôs, na versão feminina.
TABELA 15 – CURATO DE COLOMBO –
ORIGEM DOS NOMES DAS MENINAS, FORMA SIMPLES. FAMÍLIAS “M” – 1888-1899
Origem Infl. Infl. Subtotal Outras influências
Paterna materna
Avô – versão feminina. 4 0 4 Santo * 1
Avó 14 13 27 Padrinho – versão feminina. 1
Mãe - 1 1 Madrinha 3
Pai – versão feminina. 0 - 0 Estoque Cultural 18
Outros 5
Total 18 14 32 Total 28
* Santo próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.
Fonte: Registros de Batismos e Registros de Casamentos.

TABELA 16 – CURATO DE COLOMBO –


ORIGEM DOS NOMES DAS MENINAS, FORMA SIMPLES. FAMÍLIAS “M” – 1900-1910
Origem Infl. Infl. subtotal Outras influências
Paterna materna
Avô - versão feminina. 1 2 3 Santo * 11
Avó 58 31 89 Padrinho – versão feminina. 0
Mãe - 3 3 Madrinha 19
Pai - versão feminina. 0 - 0 Estoque Cultural 59
Outros 31
Total 59 36 95 Total 120
49

* Santo próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.


Fonte: Registros de Batismos e Registros de Casamentos.
Para os meninos das famílias do tipo “E” – e na medida que não temos informações
a respeito dos nomes dos avós –, observamos que a maior influencia foi a do padrinho e
logo depois a religiosa, por meio dos nomes de santos. Em terceiro lugar ficou a influência
do nome do pai, em quarto do nome da mãe na versão masculina, e por fim, em quinto
lugar a influência do nome da madrinha na versão masculina.

TABELA 17 – CURATO DE COLOMBO –


ORIGEM DOS NOMES DAS MENINOS, FORMA SIMPLES. FAMÍLIAS “E” – 1888-1899
Origem Infl. Infl. subtotal Outras influências
Paterna materna
Avô - - - Santo * 21
Avó - versão masculina. - - - Padrinho 19
Pai 8 - 8 Madrinha – versão masculina. 0
Mãe - versão masculina. - 3 3 Estoque Cultural 69
Outros 29
Total 8 3 11 Total 138
* Santo próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.
Fonte: Registros de Batismos e Registros de Casamentos.

TABELA 18 – CURATO DE COLOMBO –


ORIGEM DOS NOMES DAS MENINOS, FORMA SIMPLES. FAMÍLIAS “E” – 1900-1910
Origem Infl. Infl. subtotal Outras influências
Paterna materna
Avô - - - Santo * 13
Avó - versão masculina. - - - Padrinho 16
Pai 6 - - Madrinha – versão masculina. 3
Mãe - versão masculina. - 2 2 Estoque Cultural 48
Outros 23
Total 6 2 8 Total 103
* Santo próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.
Fonte: Registros de Batismos e Registros de Casamentos.

Já para as meninas descendentes de famílias do tipo “E”, a influência que mais


apareceu foi a da madrinha, seguida da influência religiosa verificada pelos prenomes de
santas, logo depois ficou a influência do prenome da mãe, e ainda em quarto lugar pudemos
observar a influência do nome do pai na versão feminina.
50

TABELA 19 – CURATO DE COLOMBO –


ORIGEM DOS NOMES DAS MENINAS, FORMA SIMPLES. FAMÍLIAS “E” – 1888-1899
Origem Infl. Infl. subtotal Outras influências
Paterna materna
Avô - versão feminina. - - - Santo * 15
Avó - - - Padrinho – versão feminina. 3
Mãe - 7 7 Madrinha 16
Pai - versão feminina. 3 - 3 Estoque Cultural 63
Outros 17
Total 3 7 10 Total 114
* Santo próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.
Fonte: Registros de Batismos e Registros de Casamentos.

TABELA 20 – CURATO DE COLOMBO –


ORIGEM DOS NOMES DAS MENINAS, FORMA SIMPLES. FAMÍLIAS “E” – 1900-1910
Origem Infl. Infl. subtotal Outras influências
Paterna materna
Avô - versão feminina. - - - Santo * 11
Avó - - - Padrinho – versão feminina. 0
Mãe - 1 1 Madrinha 11
Pai - versão feminina. 0 - 0 Estoque Cultural 52
Outros 15
Total 0 1 1 Total 89
* Santo próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.
Fonte: Registros de Batismos e Registros de Casamentos.

As observações para os descendentes que possuem prenomes combinados


caminham na mesma direção apresentada para as crianças de prenomes simples. Para os
meninos e meninas que possuem prenome combinado e pertencem as famílias do tipo “M”,
percebe-se que as maiores influências são as paternas e maternas, sobretudo dos “nonos” e
“nonas”, sobressaindo a influência paterna. Para os meninos e meninas que possuem
prenome combinado e são descendentes das famílias do tipo “E”, predomina a influência
dos parentes “espirituais”, padrinhos e madrinhas, assim como a influência religiosa por
meio da atribuição de nomes de santos e santas.84
A escolha dos nomes das crianças, como percebemos, respeitava sempre a tradição
de que os filhos deviam portar os nomes dos avós, sobretudo o nome dos avós paternos.
51

Sobre este fato podemos citar um exemplo curioso encontrado na genealogia do casal João
Baptista Lovato e Joanna Carlesso. O primeiro filho do casal recebeu o nome do avô
paterno, Giacomo Lovato. Porém o primogênito veio a falecer, então o segundo filho
homem do casal voltou a ser batizado com o nome do avô paterno, mas da mesma forma
essa criança acabou falecendo. Na continuidade, o terceiro filho homem do casal, mais uma
vez, foi nomeado com o nome do avô paterno, Giacomo Lovato.
Portanto, verificamos que a maior influência na escolha dos nomes dos
descendentes resultava da influência paterna, sobretudo dos avós. Isso deve-se ao fato de
que essas famílias eram estruturadas de maneira patriarcal, de forma que o pai era
autoridade do núcleo familiar e todos deviam honrá-lo antes de qualquer outra pessoa.
Sobre o fato de serem os avós que mais transferiam os seus nomes para os netos, podemos
afirmar que se tratava de um vínculo entre as gerações, que destacava os laços entre os
“nonos” e seus netos, preservando assim a memória e a história da família, apesar da
distância espacial que as vezes separava os seus membros. Também, devido a grande
religiosidade apresentada por esse contigente de imigrantes e seus descendentes eram
atribuídos aos filhos o nome dos padrinhos, assim como o nome de santos que eram
venerados pelos pais.
Dessa forma podemos observar como a nomeação dos descendentes serviu para a
preservação da identidade etno-cultural do grupo de imigrantes italianos que investigamos.
Os nomes que os descendentes recebiam originavam-se ou da família, contando aqui a
família “espiritual”, ou da religiosidade do grupo. Normalmente esses nomes possuíam sua
versão em italiano, de modo que, dessa maneira, o descendente de imigrante poderia se
sentir portador das mesmas características étnicas de seus pais e seus avós, preservando
dessa maneira seus a cultura imigrante do grupo.

84
Devido ao tamanho, as tabelas sobre os prenomes combinados encontram-se no anexo, são elas as tabelas
A.10 a A.17.
52

CONCLUSÃO

Ao concluirmos essa pesquisa podemos afirmar sem medo que o grupo de italianos
e seus descendentes, que formaram a freguesia do Curato de Colombo, construiu uma
cultura imigrante de fato, pois conseguiu afirmar a sua homogeneidade frente à variedade
étnica da sociedade em que fora inserido. As fontes permitiram a análise de um período
delicado para o grupo, pois tratavam das primeiras relações sociais capazes de fazer com
que esses estrangeiros e seus descendentes mantivessem contatos culturais permanentes
com os indivíduos de outra origem étnica.
Nessa direção, o que percebemos é que o grupo não se fechou por completo, mas
agiu para preservar sua identidade. Isso ficou confirmado no momento em que
visualizamos os dados quantitativos capturados nos assentos religiosos do grupo
investigado. Esses dados nos informaram que a maioria dos imigrantes e descendentes
preferia estabelecer laços de convívio permanente, como o são o matrimônio e o
compadrio, com indivíduos que portassem a mesma identidade étnica que a sua. Tal atitude
visava preservar a identidade cultural do grupo.
Ao analisarmos a primeira geração de descendentes desses italianos percebemos
que os valores etno-culturais estavam fortemente presentes, de forma que essa geração
pautou seu modo de viver do mesmo jeito que seus pais, mesmo antes de abandonarem a
Itália. Estamos nos referindo aos valores da terra, da família e da religião. Foi em grande
parte por meio das práticas religiosas que esse contingente étnico construiu sua cultura
imigrante e afirmou suas características próprias. Isso foi observado sobretudo no
matrimônio, na constituição de famílias homogêneas, em que o casal se estabelecia por
meio de uniões endogâmicas.
Isso pode ser verificado sobretudo para os primeiros doze anos de vida do grupo
homogêneo, fase de transição, na medida em que o local de convívio social desses
estrangeiros e seus descendentes, constituído pela instituição religiosa, passou a ser o
mesmo da sociedade receptora. Foi nesses primeiros anos que o grupo teve de encontrar
formas para se relacionar com a sociedade brasileira sem abandonar os seus valores étnicos.
Porém, como já afirmamos, o cenário da comunidade religiosa propiciava ao grupo
manter contatos culturais com os brasileiros e também com outras origens imigrantes. Isso
53

fez com que uma pequena parcela iniciasse o processo de integração a sociedade brasileira.
Esse fato se deu sobretudo no momento da escolha conjugal, na medida em que alguns
italianos ou descendentes uniram-se a brasileiros, fato esse que deve nos deixar intrigados
ao imaginar quais foram os motivos que levaram alguns indivíduos, mesmo sendo poucos,
a não preservarem sua cultura étnica e irem logo se misturando a sociedade receptora.
Talvez esse possa ser o problema de um próximo estudo tendo o grupo como objeto.
Porém, o fato é que, via de regra, esse processo de integração se consolida de uma
forma lenta, na medida que pretende evitar o fechamento do grupo e de outro lado não
provocar uma abertura total. Esse diagnóstico, em um primeiro momento, pode parecer
desanimador, pois afirma que mudanças bruscas não são possíveis de serem encontradas
em um grande número. Ou seja, ao contrário, indica que as mudanças se dão de forma
contínua e isso pode ser percebido nas gerações seguintes. Tais observações nos animam a
se debruçar sobre a segunda e terceira gerações desses imigrantes, afim de perceber em que
momento a maioria do grupo étnico irá se integrar de fato com a sociedade receptora, por
meio de uma mistura de valores.
Por fim, deixando de lado as tentativas de imaginar futuros estudos para esse
mesmo objeto, temos que dizer que este presente trabalho nos deixou satisfeitos pelo fato
de ter respondido a nossa problemática e, consequentemente, termos alcançado os nossos
objetivos. Nessa direção, temos que concluir a presente pesquisa afirmando que de fato o
grupo de imigrantes italianos preservou sua identidade cultural e que isso se deu por meio
de práticas ligadas a sua religião. Dessa forma concluímos afirmando que o Curato de
Colombo foi uma instituição religiosa que propiciou a preservação da identidade cultural
para um grupo imigrante italiano.
54

FONTES E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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LANNA, Marcos P. D. A dívida divina: troca e patronagem no Nordeste brasileiro.


Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1995. (Coleção Momento)

Livro de Batismo I, 1888 – 1895. Paróquia Nossa Senhora do Rosário. Colombo, PR.

Livro de Batismo II, 1895 – 1900. Paróquia Nossa Senhora do Rosário. Colombo, PR.

Livro de Batismo III, 1900 – 1908. Paróquia Nossa Senhora do Rosário. Colombo, PR.

Livro de Batismo IV, 1908 – 1920. Paróquia Nossa Senhora do Rosário. Colombo, PR.

Livro de Batismo I, 1888 – 1892. Paróquia São José. Santa Felicidade, Curitiba, PR.
56

Livro de Casamento I, 1895 – 1910. Paróquia Nossa Senhora do Rosário. Colombo, PR.

Livro de Casamento Ib, 1888 – 1897. Paróquia São José. Santa Felicidade, Curitiba, PR.

Livro Tombo, n. I. Paróquia Nossa Senhora do Rosário. Colombo, PR.

PARANÁ (Província). Correspondência do Governo do Paraná, livro 567, ano de 1879.


Arquivo Público do Estado do Paraná.

PARANÁ (Província). Correspondência do Governo do Paraná, livro 583, ano de 1879.


Arquivo Público do Estado do Paraná.

PARANÁ (Estado). Decreto nº 11, de 8 de janeiro de 1890. Leis do Estado do Paraná,


1890 – 1891.

MARTINS, Romário. Quantos somos e Quem somos, dados para a história e a


estatística do povoamento do Paraná. Curitiba: Empresa Gráfica Paranaense, 1941.

NADALIN, Sérgio Odilon. Paraná: ocupação do território, população e migrações.


Curitiba: SEED, 2001. (Coleção história do Paraná; textos introdutórios).

________ & BIDEAU, Alain. Comment des luthériens allemands sont-ils devenus des
brésiliens? (un essai methodologique). 14e Entretiens du Centre Jacques Cartier (Lyon,
França, 2001.) [Texto em português publicado no Boletim de História
Demográfica. São Paulo, 10(29):01-39, 2003.

ORO, Ari Pedro. “Mi son talian”: considerações sobre a identidade étnica dos descendentes
de italianos do Rio Grande do Sul. In: DE BONI, Luis Alberto. A presença italiana no
Brasil, v. III. Porto Alegre: Ed. Est., 1996.

PETRONE, Pasquale. Imigrantes italianos no Brasil: identidade cultural e integração. In:


DE BONI, Luis Alberto. A presença italiana no Brasil, v. III. Porto Alegre: Ed. Est.,
1996.

RELATÓRIO do Presidente Francisco Liberato de Matos, apresentado na abertura da


Assembléia Legislativa Provincial, em 7 de janeiro de 1858. Curytiba, Typografia
Paranaense, 1857.
SANTIN, Silvino. Integração sócio-cultural do imigrante italiano no Rio Grande do Sul. In:
DE BONI, Luis Alberto. A presença italiana no Brasil, v. III. Porto Alegre: Ed. Est.,
1996.

WACHOWICZ, Ruy. História do Paraná. Curitiba: Imprensa Oficial do Paraná, 2001.


57

ANEXOS

TABELA A.1 – CURATO DE COLOMBO –


ESCOLHA DOS PADRINHOS EM FUNÇÃO DA ORIGEM ÉTNICA – 1888-1910
Madrinhas Origem Origem Outra Total
Italiana Brasileira Etnia
Padrinhos n.a. % n.a. % n.a. % n.a. %
Origem n.a. 1193 46 6 1245
Italiana % 81 3,5 0,5 85
Origem n.a. 55 155 - 210
Brasileira % 3,5 10,5 - 14
Outra n.a. 3 - 4 7
Origem % 0,5 - 0,5 1
Total n.a. 1251 201 10 1462
% 85 14 1 100
Fonte: Registros de Batismos.
n.a.= número absoluto.

TABELA A.2 – CURATO DE COLOMBO –


BATISMOS DE 1888 –1899 / RAZÃO DE SEXOS
Ano Meninos Meninas Total RS
1888 9 6 15 150
1889 19 13 32 146,1
1890 13 29 42 44,8
1891 15 18 33 83,3
1892 21 20 41 105
1893 21 14 35 150
1894 23 25 48 92
1895 26 17 43 152,9
1896 32 27 59 118,5
1897 37 27 64 137
1898 34 25 59 136
1899 32 37 69 86,5
1888 - 1899 282 258 540 109,3
Fonte: Registros de Batismos.
58

TABELA A.3 – CURATO DE COLOMBO –


BATISMOS DE 1900 – 1910 / RAZÃO DE SEXOS
Ano Meninos Meninas Total RS
1900 34 36 70 94,4
1901 44 38 82 115,8
1902 42 39 81 107,7
1903 34 34 68 100
1904 47 29 76 162,1
1905 43 44 87 97,7
1906 47 40 87 117,5
1907 48 39 87 123,1
1908 48 44 92 109,1
1909 41 49 90 83,7
1910 55 47 102 117
1900 - 1910 483 439 922 110
Fonte: Registros de Batismos.

TABELA A.4 – CURATO DE COLOMBO –


- CLASSIFICAÇÃO DOS NOMES DOS DESCENDENTES DE IMIGRANTES ITALIANOS – 1888 – 1899 -
Ano Prenomes Simples Prenomes Combinados Total %
1888 10 05 15 2,8
1889 23 09 32 5,9
1890 31 11 42 7,8
1891 21 12 33 6,1
1892 30 11 41 7,6
1893 26 09 35 6,5
1894 41 07 48 8,9
1895 32 11 43 8
1896 38 21 59 10,9
1897 51 13 64 11,8
1898 43 16 59 10,9
1899 43 26 69 12,8
1888 -1899 389 151 540 100
% 72 28 100
Fonte: Registros de Batismos.
59

TABELA A.5 – CURATO DE COLOMBO –


- CLASSIFICAÇÃO DOS NOMES DOS DESCENDENTES DE IMIGRANTES ITALIANOS – 1888 – 1899 -
Ano Prenomes Simples Prenomes Combinados Total %
1900 54 16 70 7,6
1901 70 12 82 8,9
1902 58 23 81 8,8
1903 45 23 68 7,4
1904 61 15 76 8,2
1905 63 24 87 9,4
1906 67 20 87 9,4
1907 67 20 87 9,4
1908 71 21 92 10
1909 63 27 90 9,8
1910 72 30 102 11,1
1900 – 1910 691 231 922 100
% 75 25 100
Fonte: Registros de Batismos.

TABELA A.6– CURATO DE COLOMBO –


OCORRÊNCIA DE PRENOMES COMBINADOS – 1888 – 1910.
Nomes Femininos Casos Nomes Masculinos Casos
01.Angela Theresa 2 01.Antonio Jose 2
02.Angela Luisa 1 02.Antonio Gedeão 1
03.Angela Josepha 1 03.Angelo Antonio 2
04.Anna Antonia 1 04.Antonio João 1
05.Angela Judith 2 05.Angelo Francisco 1
06.Antonia Maria 3 06.Angelo Virgilio 1
07.Ambrosina Catharina 1 07.Aurelio Jose 1
08.Angela Maria 4 08.Alvino Vittorio 1
09.Anna Josepha 1 09. Angelo Luis 1
10.Anna Maria 2 10.Antonio Jacob 2
11.Alexandrina Maria 1 11.Alfredo Andre 1
12.Amabile Maria 2 12.Adriano Armando 1
13.Arminia Rosa 1 13.Angelino Redemptor 1
14.Adelaide Maria 1 14.Angelo Maria 1
15.Angela Antonia 1 15.Antonio Luis 1
16.Adelaide Izabel 1 16.Antonio Orlando 2
17.Angela Domenica 1 17.Antonio Angelo 1
18.Amelia Maria 1 18.Ari Estevão 1
19.Anna Rosa 1 19.Antonio Agostinho 1
20.Alvina Angela 1 20.Antonio Aloisio 1
21.Antonia Romana 1 21.Antonio Nazario 1
22.Appolonia Oliva 1 22. Belmiro José 1
23.Alice Serafina 1 23.Benvenuto Antonio 1
24.Angela Rosa 1 24.Benvenuto Jacob 1
25.Anna Theresia 1 25.Benvenuto Domingos 1
26.Antonia Regina 1 26.Benvindo Luis 1
27.Adelaide Ilena 1 27.Bortolo Francisco 1
28.Anna Ursula 1 28.Braz Remigio 1
60

29.Anna Catharina 1 29.Cirillo Pedro 1


30.Benedicta Theresia 1 30.Colombo Raimundo 1
31.Benvenuta Catharina 1 31.Colombo Leone 1
32.Corona Theresa 1 32.Cirilo Vicente 1
33.Carolina Paula 1 33.Domingos Leão 1
34.Catharina Dominga 1 34.Domingos Zefenin 1
35.Catharina Angela 1 35.Domingos Pedro 1
36.Cecilia Leonilda 1 36.Domingos Adriano Aurélio 1
37.Catharina Maria 2 37.Domingos João 1
38.Catharina Fortunata 1 38.Enrico João 1
39.Conceptião Maria 1 39.Eugenio Teodoro 1
40.Carmela Anna 1 40. Egidio Jorge 1
41.Clementina Luisa 1 41.Eugenio João 1
42.Casilda Natalia 1 42.Evaristo Francisco 1
43.Dominga Maria 1 43.Francisco Angelo 2
44.Dusolina Theresia 2 44.Frederigo Angelo 1
45.Dominga Joanna 1 45.Frederigo André 1
46.Dosolina Joanna 1 46.Francisco José 2
47.Dominga Maria Angelica 1 47.Francisco Matheo 1
48.Elvira Luisa 1 48.Francisco Jacob 1
49.Euvira Catharina 1 49.Francisco Antonio 1
50.Emma Amelia 1 50.Fernande João 1
51.Emilia Gironda 1 51.Fioravante Jose 1
52.Erminia Maria 1 52.Francisco Sante 1
53.Emma Assumpta 1 53.Frederigo Jose 1
54.Emma Maria 1 54.Florentino Carlos 1
55.Emma Carolina 1 55. Gustavo Adolfo 1
56.Elvira Pelegrina 1 56. Giocondo Agostinho 1
57.Francisca Antonia 1 57.Isidoro Pedro 1
58.Felicita Angelica 1 58.João Baptista Fortunato 1
59.Guilhelmina Maria 1 59.Jeronymo Francisco Valentin 1
60.Gaetana Maria 1 60.João Baptista 22
61.Gaethana Izabel 1 61.José Angelo 1
62.Helena Luisa 1 62.Jose Luis 1
63.Izabel Nissena 1 63.Jacó José 1
64.Izabel Rosa 1 64.Jacó Pedro 1
65.Ida Catharina 1 65.João Evaristo 1
66.Italia Joanna 1 66.Joãa Baptista Joaquim 1
67.Italia América 1 67.João Angelo 1
68.Italia Maria 1 68.João Antonio 2
69.Ida Maria 2 69.Jose Antonio 2
70.Izabel Maria 1 70.João André 1
71.Joanna Maria 3 71.Jacob Luis 1
72.Julha Joanna 1 72.Jose João 1
73.Joanna Olímpia 1 73.Jacob Maria 1
74.Joanna Antonia 1 74. Joaquim Emiliano 1
75.Joanna Cecilia 1 75.João Augusto 1
76.Josephina Maria Pia 1 76.Joaquim Domingos 1
77.Joanna Libera 1 77.Jose Vittorino 1
78.Joanna Margarida 1 78.João Venanzio 1
79.Luisa Angela 1 79.João Bortolo 1
80.Luisa Rosa 1 80.João Zefferino 1
81.Libera Pasqua 1 81.João Romano 1
61

82.Lucia Ursula 1 82.Jose Rinaldo 1


83.Leonilda Aloisa 1 83.Jose Valentino 1
84.Lucia Erminia 1 84.Jose Francisco 1
85.Liolanda Maria Cristina 1 85.João Joseph 1
86.Lindaura Margarida 1 86.Jeronymo Faraone 1
87.Luisa Maria 1 87.Luis Vitorio 2
88.Lucia Maria 1 88.Luis Colombo 1
89.Maria Anna Oliva 1 89.Luis Francisco 2
90.Maria Theresa 2 90.Lourenço Jose 1
91.Maria Justina 1 91.Luis Venancio 1
92.Maria Magdalena 10 92.Luis Pedro 1
93.Maria Angela 8 93.Luis João Baptista 1
94.Maria Severina 2 94. Luis Rizzieri 1
95.Maria Francisca 1 95.Luis Antonio 2
96.Maria Alvernia 1 96.Martino Osvaldo Odorico 1
97.Maria Orsola 1 97.Natale Jose 1
98.Maria Pia 1 98.Pedro Jose 2
99.Matilde Maria 1 99.Pedro Angelo 1
100.Maria Oliva 3 100.Pedro João 3
101.Maria Joanna 6 101.Pedro Antonio 5
102.Maria Luisa 6 102.Pedro Jose Maria 1
103.Melania Maria 1 103.Primo Jose 1
104.Maria Adelaide 1 104.Pedro Jacó 1
105.Maria Aurora 1 105.Pasquale Sante 1
106.Maria Dosolina 1 106.Pio Jose 1
107.Maria Catharina 1 107.Pedro Francisco 1
108.Marianna Maria 1 108.Paulo Antonio 1
109. Maria Antonia 1 109.Pedro Alessandrino 1
110. Maria Lucia 1 110.Plácido Antonio 1
111. Maria Josepha 2 111.Pascual Antonio 1
112. Maria Escolástica 1 112.Primo Antonio 1
113. Maria Benedicta 1 113.Pedro Miguel 1
114. Magdalena Anna 1 114.Romano Benvenuto 1
115. Maria Julia 1 115.Rigomario Jeronymo 1
116.Maria Clementina 2 116.Ranholt Mansueto Luis 1
117.Maria Matilde 1 117.Sante João 1
118.Maria Margarida 1 118.Sebastião Luis 1
119.Maria Conceta 2 119.Silvestre João 1
120.Maria Daluz 1 120.Sebastião Antonio 1
121.Maria Rosa 1 121.Sante Celestino 1
122.Maria Assumpta 1 122.Ulderico Silvio 1
123.Maria Fortunata 1 123.Vicente João Alberto 1
124.Maria Elvira 1 124.Victorio Paulo 1
125.Maria Lisena 1 125.Valentin Ernesto 1
126.Maria Isabel 1 126.Visente Aloisio 1
127.Maria Irene 1 127.Vivaldo Olivio 1
128.Maria Elisabeth 1 128.Victor Agostinho 1
129.Maria de Lurdes 1 129.Venanzio Galdino 1
130.Natalia Domenica 1 130.Vittorio Aloisio 1
131.Oliva Anna 1 131.Wimfrido Sebastião 1
132.Pasqua Maria Magdalena 1 132. Rinaldo Luisi 1
133.Pedrinha Angela 1
134.Placida Aurora 1
62

135.Pellegrina Maria 1
136.Pasqua Lucia 1
137.Rosa Maria 2
138. Rosa Zefferina 1
139.Rosa Catharina 1
140.Rosalia Escolástica 1
141.Rosa Frederica 1
142.Rosa Maria Cristina 1
143.Rosa Antonia 1
144.Rosalia Maria 1
145.Santa Izabel 1
146.Santa Thereza 1
147.Theresia Dominga 1
148.Ursula Lucia 1
149.Veronica Maria 2
150.Virginia Joanna 1
151.Zefferina Theresia Maria 1
152.Zefferina Maria 1
152 201 132 180
Pronomes Descendentes Pronomes Descendentes
Combinados Femininos com Combinados Masculinos com
Femininos Prenome Combinado Masculinos Prenome Combinado
Fonte: Registros de Batismos.

TABELA A.7 – CURATO DE COLOMBO –


OCORRÊNCIA DOS PRENOMES FEMININOS – 1888 -1910.
Prenomes Nº de Casos Forma Simples Forma Combinada
01. Maria 166 46 120
02. Angela 60 36 24
03. Joanna (Giovanna) 48 29 19
04. Rosa 47 35 12
05. Anna 34 22 12
06. Catharina (Catherina) 30 18 12
07. Luisa (Luigia) 22 9 13
08. Theresa (Theresia) 21 9 12
09. Lucia 19 13 6
10. Antonia 18 7 11
11. Dominga (Domenica) 17 10 7
12. Isabel (Elisabeth) 17 10 7
13. Magdalena 17 5 12
14. Regina 13 12 1
15. Oliva 11 5 6
16. Ilena (Elena) 11 2 9
17. Ursula 10 6 4
18. Julia (Julha) 9 7 2
19. Aurora 8 6 2
20. Dasolina (Dosolina) 8 4 4
21. Elvira (Euvira) 8 4 4
22. Adelaide 7 3 4
23. Carolina 7 5 2
24. Cecilia 7 5 2
25. Erminia 7 5 2
26. Francisca (Francesca) 7 5 2
63

27. Josepha (Giusepha) 7 3 4


28. Josephina* 7 6 1
29. Margarida 7 4 3
30. Pedrinha 7 6 1
31. Judith (Juditha) 6 4 2
32. Pasqua 6 3 3
33. Santa 6 4 2
34. Amelia 5 3 2
35. Emilia 5 4 1
36. Emma 5 1 4
37. Genoveffa 5 5 -
38. Philomena 5 5 -
39. Pellegrina 5 3 2
40. Rosalia* 5 3 2
41. Victtoria 5 5 -
42. Virginia 5 4 1
43. Felicidade (Felicita) 4 3 1
44. Italia 4 1 3
45. Matilde 4 2 2
46. Veronica 4 2 2
47. Gaetana 4 2 2
48. Angelina* 3 3 -
49. Aloisia* 3 2 1
50. Assumpta 3 1 2
51. Appolonia 3 2 1
52. Alvina 3 2 1
53. Corona 3 2 1
54. Clementina 3 - 3
55. Christina 3 1 2
56. Escolástica 3 1 2
57. Ida 3 - 3
58. Justina 3 2 1
59. Lisena 3 2 1
60. Libera 3 1 2
61. Marianna* 3 2 1
62. Stella 3 3 -
63. Zefferina 3 - 3
64. Amabile 2 - 2
65. Angelica* 2 - 2
66. Ambrosina 2 1 1
67. Adelina 2 2 -
68. Arminia 2 1 1
69. Benedicta (Benedeta) 2 - 2
70. Benvenuta (Benvinda) 2 1 1
71. Conceta 2 - 2
72. Clara 2 2 -
73. Diomira 2 2 -
74. Ernestina* 2 2 -
75. Ersilia 2 2 -
76. Elisa 2 2 -
77. Fortunata 2 - 2
78. Ignes 2 2 -
79. Irene 2 1 1
80. Leonilda 2 - 2
64

81. Laura 2 2 -
82. Natalia 2 1 1
83. Pia 2 - 2
84. Paulinia 2 2 -
85. Paula 2 1 1
86. Severina 2 - 2
87. Tranquilla 2 2 -
88. Annunziata 1 1 -
89. Alexandrina 1 - 1
90. Alice 1 - 1
91. America 1 - 1
92. Alvernia 1 - 1
93. Aguida 1 1 -
94. Alinda 1 1 -
95. Brasilia 1 1 -
96. Barbara 1 1 -
97. Brigida 1 1 -
98. Bertolina 1 1 -
99. Clotilde 1 1 -
100. Carola 1 1 -
101. Cizera 1 1 -
102. Clelia 1 1 -
103. Carmelina 1 1 -
104. Cirila 1 1 -
105. Conceptião 1 - 1
106. Carmela 1 - 1
107. Casilda 1 - 1
108. Daluz 1 - 1
109. Dijanira 1 1 -
110. Ermelina 1 1 -
111. Ediwige 1 1 1
112. Esperança 1 1 -
113. Eufemia 1 1 -
114. Frederica 1 - 1
115. Francelina 1 1 -
116. Fausta 1 1 -
117. Fabiana 1 1 -
118. Gironda 1 - 1
119. Guilhelmina 1 - 1
120. Guerrina 1 1 -
121. Isaura 1 1 -
122. Jeronyma* 1 1 -
123. Liolanda 1 - 1
124. Lindaura 1 - 1
125. Lurdes 1 - 1
126. Letizia 1 1 -
127. Linda 1 1 -
128. Melania 1 - 1
129. Malvina 1 1 -
130. Mafalda 1 1 -
131. Minerva 1 1 -
132. Mônica 1 1 -
133. Mercedes 1 1 -
134. Nisena 1 - 1
65

135. Olímpia 1 - 1
136. Olinda 1 1 -
137. Olegaria 1 1 -
138. Otilia 1 1 -
139. Otacilia 1 1 -
140. Orlanda 1 1 -
141. Plácida 1 - 1
142. Prima 1 1 -
143. Palmira 1 1 -
144. Petronilla 1 1 -
145. Pulqueria 1 1 -
146. Romana 1 - 1
147. Rufina 1 1 -
148. Rosina* 1 1 -
149. Serafina 1 - 1
150. Theodora 1 1 -
151. Ursulina* 1 1 -
152. Veneranda 1 1 -
153. Zaga 1 1 -
154. Zenobia 1 1 -
154 Prenomes 903 (100%) 488 415
50 Prenomes do E.C. 736 (81,5%) 398 338
104 Outros 167 (18,5%) 90 77
Fonte: Registros de Batismos.

TABELA A.8 – CURATO DE COLOMBO –


OCORRÊNCIA DOS PRENOMES MASCULINOS – 1888 – 1910.
Prenomes Nº de Casos Forma Simples Forma Combinada
01. João (Giovanni) 106 58 48
02. Antonio 102 69 33
03. Jose (Giusepe) 79 53 26
04. Pedro (Pietro) 72 51 21
05. Luis (Luigi) 49 30 19
06. Angelo 40 28 12
07. Francisco (Francesco) 38 22 16
08. Domingos (Domenico) 27 20 7
09. Baptista 25 - 25
10. Jacó (Giacomo) 19 10 9
11. Victorio 14 9 5
12. Bartolomeo (Bortolo) 9 7 2
13. Joaquim (Gioachino) 9 6 3
14. Jeronymo (Girolamo) 9 6 3
15. Manoel 8 8 -
16. André (Andrea) 7 4 3
17. Eugenio 7 5 2
18. Ernesto 7 6 1
19. Fernande 7 6 1
20. Umberto 7 7 -
21. Agostinho 6 3 3
22. Benvenuto (Benvindo) 6 1 5
23. Carlos (Carlo) 6 5 1
24. Emilio 6 6 -
66

25. Ermenegildo 6 6 -
26. Santo (Sante) 6 2 4
27. Valentino (Valentin) 6 3 3
28. Venancio (Venanzio) 6 3 3
29. Egídio 5 4 1
30. Julio 5 5 -
30. Sebastião 5 2 3
31. Vicente 5 2 3
32. Aloisio* 4 1 3
33. Alfredo 4 3 1
34. Alberto 4 3 1
35. Frederigo 4 1 3
36. Gaspar 4 4 -
37. Isidoro 4 3 1
38. Olivo* 4 3 1
39. Placídio 4 3 1
40. Paulo 4 2 2
41. Romano 4 2 2
42. Rinaldo 4 2 2
43. Alexander 3 3 -
44. Abraham 3 3 -
45. Benianino 3 3 -
46. Colombo 3 - 3
47. Cirilo 3 1 2
48. Estevão (Estefano) 3 2 1
49. Fioravante 3 2 1
50. Fortunato 3 2 1
51. Leão (Leone) 3 1 2
52. Miguel 3 2 1
53. Marcos 3 3 -
54. Primo 3 1 2
55. Pio 3 2 1
56. Victor* 3 2 1
57. Vitorino* 3 2 1
58. Aurélio 2 - 2
59. Adriano 2 - 2
60. Arcangelo* 2 2 -
61. Amadeus 2 2 -
62. Americo 2 2 -
63. Basilio 2 2 -
64. Bernardo 2 2 -
65. Belmiro 2 1 1
66. Celeste 2 2 -
67. Clemente 2 2 -
68. Casimiro 2 2 -
69. Evaristo 2 - 2
70. Jordano (Giordano) 2 2 -
71. Ismael 2 2 -
72. Josué 2 2 -
73. Lourencio 2 1 1
74. Mansueto 2 2 -
75. Natale 2 1 1
76. Orlando 2 - 2
77. Pascual 2 - 2
67

78. Rizziere 2 1 1
79. Roque 2 2 -
80. Silvestro 2 1 1
81. Theofilo 2 2 -
82. Walfrido 2 2 -
83. Waldemiro 2 2 -
84. Zefferino 2 - 2
85. Alvino 1 - 1
86. Armando 1 - 1
87. Angelino* 1 - 1
88. Ari 1 - 1
89. Adolfo 1 - 1
90. Augusto 1 - 1
91. Osvaldo 1 - 1
92. Odorico 1 - 1
93. Alessandrino 1 - 1
94. Alessandro 1 1 -
95. Annibale 1 1 -
96. Alessio 1 1 -
97. Ascanio 1 1 -
98. Aquilles 1 1 -
99. Archimedes 1 1 -
100. Arpice 1 1 -
101. Alipio 1 1 -
102. Affonço 1 1 -
103. Arlindo 1 1 -
104. Braz 1 - 1
105. Benedito 1 1 -
106. Celestino 1 - 1
107. Ceveral 1 1 -
108. Christofero 1 1 -
109. Carolo 1 1 -
110. Custodio 1 1 -
111. Demetrio 1 1 -
112. Dorsilio 1 1 -
113. Dante 1 1 -
114. Enrico 1 - 1
115. Emiliano* 1 - 1
116. Edoardo 1 1 -
117. Elpidio 1 1 -
118. Florentino 1 - 1
119. Faraone 1 - 1
120. Filisberto 1 1 -
121. Flávio 1 1 -
122. Felicio 1 1 -
123. Florindo 1 1 -
124. Gedeão 1 - 1
125. Gustavo 1 - 1
126. Giocondo 1 - 1
127. Galdino 1 - 1
128. Gaetano 1 1 -
129. Guilherme 1 1 -
130. Germano 1 1 -
131. Guerrin 1 1 -
68

132. Innocente 1 1 -
133. Jorge 1 - 1
134. Jeremias 1 1 -
135. Liberato 1 1 -
136. Laurindo 1 1 -
137. Matheo 1 - 1
138. Martino 1 - 1
139. Marciliano 1 1 -
140. Macidio 1 1 -
141. Mirando 1 1 -
142. Nazario 1 - 1
143. Narciso 1 1 -
144. Nicolão 1 1 -
145. Ovídio 1 1 -
146. Oscar 1 1 -
147. Ozorio 1 1 -
148. Oliverio 1 1 -
149. Oreste 1 1 -
150. Ottavio 1 1 -
151. Prudente 1 1 -
152. Pellegrino** 1 1 -
153. Redentor 1 - 1
154. Remigio 1 - 1
155. Raimundo 1 - 1
156. Rigomario 1 - 1
157. Ranholt 1 - 1
158. Romão 1 1 -
159. Ruggieri 1 1 -
160. Ricardo 1 1 -
161. Silvio 1 - 1
162. Sezefrido 1 1 -
163. Serafin 1 1 -
164. Severino 1 1 -
165. Teodoro 1 - 1
166. Thomaz 1 1 -
167. Ulderico 1 - 1
168. Ubaldo 1 1 -
169. Virgilio 1 - 1
170. Vivaldo 1 - 1
171. Vito 1 1 -
172. Wimfrido 1 1 -
172 Prenomes 940 (100%) 595 345
42 Prenomes do E.C. 728 (77,5%) 438 270
130 Outros 212 (22,5%) 137 75
Fonte: Registros de Batismos.
69

TABELA A.9 – CURATO DE COLOMBO –


PRENOMES PREFERIDOS PELOS IMIGRANTES– 1888 – 1910.
E.C. Masculino Nº de Casos E.C. Feminino Nº de Casos
1. João (Giovanni) 106 1. Maria 166
2. Antonio 102 2. Angela 60
3. Jose (Giuseppe) 79 3. Joanna (Giovanna) 48
4. Pedro (Pietro) 72 4. Rosa 47
5. Luis (Luigi) 49 5. Anna 34
6. Angelo 40 6. Catharina (Catherina) 30
7. Francisco (Francesco) 38 7. Luisa (Luigia) 22
8. Domingos (Domenico) 27 8. Theresa (Theresia) 21
9. Baptista 25 9. Lucia 19
10. Jacó (Giacomo) 19 10. Antonia 18
11. Victorio 14 11. Dominga (Domenica) 17
12. Bartolomeo (Bortolo) 9 12. Isabel (Elisabeth) 17
13. Joaquim (Gioachino) 9 13. Magdalena 17
14. Jeronymo (Girolamo) 9 14. Regina 13
15. Manoel 8 15. Oliva 11
16. André (Andrea) 7 16. Elena (Ilena) 11
17. Eugenio 7 17. Ursula (Orsola) 10
18. Ernesto 7 18. Julia 9
19. Fernande 7 19. Aurora 8
20. Umberto 7 20. Dasolona (Dosolina) 8
21. Agostinho 6 21. Elvira 8
22. Benvenuto (Benvindo) 6 22. Adelaide 7
23. Carlos (Carlo) 6 23. Carolina 7
24. Emilio 6 24. Cecilia 7
25. Ermenegildo 6 25. Erminia 7
26. Santo (Sante) 6 26. Francisca (Francesca) 7
27. Valentino (Valentin) 6 27. Josepha (Giusepha) 7
28. Venancio (Venanzio) 6 28. Josephina* 7
29. Egídio 5 29. Margarida 7
30. Julho 5 30. Pedrinha 7
31. Sebastião 5 31. Judith (Juditha) 6
32. Vicente 5 32. Pasqua 6
33. Aloisio* 4 33. Santa 6
34. Frederico (Frederigo)** 4 34. Amelia 5
35. Olivo** 4 35. Emilia 5
36. Victor* 3 36. Emma 5
37. Vitorino* 3 37. Genoveffa 5
38. Arcangelo* 2 38. Philomena 5
39. Angelino* 1 39. Pellegrina 5
40. Emiliano* 1 40. Rosalia* 5
41. Pellegrino** 1 41. Angelina* 5
42. Oliverio* 1 42. Aloisia* 5
43. Marianna* 3
44. Angelica* 3
45. Ernestina** 3
46. Jeronyma** 2
47. Victoria 2
48. Virginia 1
49. Rosina* 1
50. Ursulina* 1
42 Prenomes do E.C. 728 (77,5%) 50 Prenomes do E.C. 736 (81,5%)
130 Outros 212 (22,5%) 104 Outros 167 (18,5%)
172 Prenomes 940 (100%) 154 Prenomes 903 (100%)
Fonte: Registros de Batismos.
* Prenomes derivados de outro prenome presente no E.C. (Ex.: Arcangelo – Angelo)
** Prenomes que derivam de sua versão no outro sexo. (Ex.: Jeronymo – Jeronyma)
70

TABELA A.10 – CURATO DE COLOMBO –


ORIGEM DOS NOMES DOS MENINOS, FORMA COMBINADA. FAMÍLIAS “E” – 1888 -1899
01. Influência Paterna combinado com Influências Culturais
01.1 Nome do Pai e nome do Pai 1
01.2 Nome do Pai, nome do Estoque Cultural e nome do Estoque Cultural 1
01.3 Nome do Pai e Outro nome 1
Subtotal 3
02. Influência Materna combinado com Influências Familiares e Culturais
02.1 Nome da Mãe (versão masculina) e nome do Pai 1
02.2 Nome da Mãe (versão masculina) e nome do Estoque Cultural 1
02.3 Nome da Mãe (versão masculina) e Outro nome 1
Subtotal 3
03. Influência do Estoque Cultural combinado Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas
03.1 Nome do Estoque Cultural e nome do Estoque Cultural 11
03.2 Nome do Estoque Cultural e nome do Padrinho 6
03.3 Nome do Estoque Cultural e nome de Santo* 2
03.4 Nome do Estoque Cultural, nome de Santo* e Outro nome 1
03.5 Nome do Estoque Cultural e nome do Pai 1
03.6 Nome do Estoque Cultural e nome da Madrinha (versão masculina) 1
03.7 Nome do Estoque Cultural, nome do Padrinho e nome do Estoque Cultural 1
03.8 Nome do Estoque Cultural e Outro nome 1
03.9 Nome do Estoque Cultural, nome do Estoque Cultural e Outro nome 1
Subtotal 25
04. Influência Cultural e/ou Religiosa combinado com Influências Familiares
04.1 Nome do Padrinho e nome de Santo* 2
04.2 Nome do Padrinho e nome do Estoque Cultural 2
04.3 Nome do Padrinho, nome do Estoque Cultural e Outro nome 1
04.4 Nome da Madrinha (versão masculina) e nome do Estoque Cultural 1
04.5 Nome de Santo* e nome de Santo 2
04.6 Nome de Santo e nome do Padrinho 2
04.7 Nome de Santo e nome da Mãe (versão masculina) 1
04.8 Nome de Santo e nome do Estoque Cultural 1
04.9 Nome de Santo e Outro nome 1
Subtotal 13
05. Outras Influências combinado com Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas
05.1 Outro nome e Outro nome 2
05.2 Outro nome e nome do Estoque Cultural 2
05.3 Outro nome e nome do Pai 1
05.4 Outro nome e nome do Padrinho 1
05.5 Outro nome, nome do Padrinho e nome do Estoque Cultural 1
05.6 Outro nome e nome de Santo* 1
Subtotal 8
TOTAL 52
*Santo próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.
Fonte: Registro de Batismos.
71

TABELA A.11 – CURATO DE COLOMBO –


ORIGEM DOS NOMES DAS MENINAS, FORMA COMBINADA. FAMÍLIAS “E” – 1888 –1899
01. Influência Materna combinado com Influências Culturais e/ou Religiosas
01.1 Nome da Mãe e nome do Estoque Cultural 3
01.2 Nome da Mãe e nome da Madrinha 1
01.3 Nome da Mãe e Outro nome 1
Subtotal 5
02. Influência Paterna combinado com Influências Familiares
02.1 Nome do Pai (versão feminina) e nome da Mãe 1
Subtotal 1
03. Influência do Estoque Cultural combinado com Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas
03.1 Nome do Estoque Cultural e nome do Estoque Cultural 7
03.2 Nome do Estoque Cultural e nome da Madrinha 4
03.3 Nome do Estoque Cultural e nome de Santa* 3
03.4 Nome do Estoque Cultural e Outro nome 3
03.5 Nome do Estoque Cultural e nome da Mãe 1
03.6 Nome do Estoque Cultural e nome do Pai (versão feminina) 1
03.7 Nome do Estoque Cultural e nome do Padrinho (versão feminina) 1
Subtotal 20
04. Influência Cultural e/ou Religiosa combinado com Influências Familiares
04.1 Nome da Madrinha e Outro nome 3
04.2 Nome da Madrinha e nome do Estoque Cultural 2
04.3 Nome da Madrinha e nome da Mãe 1
04.4 Nome da Madrinha e nome do Pai (versão feminina) 1
04.5 Nome da Madrinha e nome de Santa* 1
04.6 Nome da Madrinha, nome da Madrinha e nome do Estoque Cultural 1
04.7 Nome do Padrinho (versão feminina) e nome do Estoque Cultural 1
04.8 Nome de Santa* e nome do Estoque Cultural 3
04.9 Nome de Santa* e Outro nome 2
04.10 Nome da Santa* e nome da Madrinha 1
04.11 Nome de Santa* e Nome de Santa* 1
Subtotal 17
05. Outras Influências combinado com Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas
05.1 Outro nome e nome do Estoque Cultural 2
05.2 Outro nome e nome de Santa* 2
05.3 Outro nome e nome da Madrinha 2
05.4 Outro nome, nome de Santa* e nome da Mãe 1
05.5 Outro nome e nome do Pai (versão feminina) 1
Subtotal 8
TOTAL 51
*Santa próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.
Fonte: Registro de Batismos.
72

TABELA A.12 – CURATO DE COLOMBO –


ORIGEM DOS NOMES DAS MENINOS, FORMA COMBINADA. FAMÍLIAS “E” – 1900 –1910
01. Influência Paterna combinado com Influências Culturais e/ou Religiosas
01.1 Nome do Pai e nome de Santo* 1
01.2 Nome do Pai e Outro nome 1
Subtotal 2
02. Influência do Estoque Cultural combinado Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas
02.1 Nome do Estoque Cultural e Nome do Estoque Cultural 5
02.2 Nome do Estoque Cultural e Outro nome 2
02.3 Nome do Estoque Cultural e nome do Pai 1
Subtotal 8
03. Influência Cultural e/ou Religiosa combinado com Influências Familiares
03.1 Nome do Padrinho e nome do Pai 1
03.2 Nome do Padrinho e Outro nome 1
03.3 Nome da Madrinha (versão masculina) e nome do Padrinho 1
03.4 Nome de Santo* e nome de Estoque Cultural 4
03.5 Nome de Santo* e Outro nome 3
03.6 Nome de Santo* e nome de Santo* 1
03.7 Nome de Santo* e nome do Pai 1
Subtotal 12
04. Outras Influências combinado com Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas
04.1 Outro nome e Outro Nome 4
04.2 Outro nome e nome do Estoque Cultural 4
04.3 Outro nome e nome do Pai 1
Subtotal 9
TOTAL 31
*Santo próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.
Fonte: Registro de Batismos.
73

TABELA A.13 – CURATO DE COLOMBO –


ORIGEM DOS NOMES DAS MENINAS, FORMA COMBINADA. FAMÍLIAS “E” – 1900 –1910
01. Influência Materna combinado com Influências Culturais e/ou Religiosas
01.1 Nome da Mãe e nome do Estoque Cultural 1
Subtotal 1
02. Influência do Estoque Cultural combinado com Influências Culturais e/ou Religiosas
02.1 Nome do Estoque Cultural e nome do Estoque Cultural 8
02.2 Nome do Estoque Cultural e Outro nome 6
02.3 Nome do Estoque Cultural e nome de Santa* 5
02.4 Nome do Estoque Cultural e nome da Madrinha 2
Subtotal 21
03. Influência Cultural e/ou Religiosa combinado com Influências Familiares
03.1 Nome da Madrinha e nome do Estoque Cultural 2
03.2 Nome da Madrinha e nome de Santa* 1
03.3 Nome de Santa* e nome do Estoque Cultural 3
03.4 Nome de Santa* e Outro nome 2
03.5 Nome de Santa* e nome de Santa* 1
Subtotal 9
04. Outras Influências combinado com Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas
04.1 Outro nome e nome do Estoque Cultural 5
04.2 Outro nome e nome da Madrinha 2
04.3 Outro nome e nome do Padrinho (versão feminina) 1
04.4 Outro nome e Outro nome 1
Subtotal 9
TOTAL 40
*Santa próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.
Fonte: Registro de Batismos.
74

TABELA A.14 – CURATO DE COLOMBO –


ORIGEM DOS NOMES DOS MENINOS, FORMA COMBINADA. FAMÍLIAS “M” – 1888 -1899
01. Influência Paterna combinado com Influências Familiares e/ou Culturais
01.1 Nome do Avô Paterno e nome do Avô Paterno 3
01.2 Nome do Avô Paterno e nome do Avô Materno 3
01.3 Nome do Pai e Nome do Pai 2
01.4 Nome do Avô Paterno e nome do Estoque Cultural 1
01.5 Nome do Avô Paterno e nome de Santo* 1
01.6 Nome do Avô Paterno e nome do Padrinho 1
01.7 Nome do Avô Paterno e Outro nome 1
Subtotal 12
02. Influência Materna combinado com Influências Familiares e Religiosos
02.1 Nome do Avô Materno e nome do Avô Materno 1
02.2 Nome do Avô Materno e nome do Padrinho 1
02.3 Nome da Mãe (versão masculina) e nome do Padrinho 1
Subtotal 3
03. Influência do Estoque Cultural combinado Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas
03.1 Nome do Estoque Cultural e nome do Estoque Cultural 1
03.2 Nome do Estoque Cultural e nome da Madrinha (versão masculina) 1
Subtotal 2
04. Influência Cultural e/ou Religiosa combinado com Influências Familiares
04.1 Nome do Padrinho e nome do Padrinho 1
04.2 Nome de Santo* e nome do Estoque Cultural 1
Subtotal 2
05. Outras Influências combinado com Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas
05.1 Outro nome e nome do Avô Paterno 1
05.2 Outro nome e nome do Avô Materno 1
05.3 Outro nome e nome do Estoque Cultural 1
Subtotal 3
TOTAL 22
*Santo próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.
Fonte: Registro de Batismos.
75

TABELA A.15 – CURATO DE COLOMBO –


ORIGEM DOS NOMES DAS MENINAS, FORMA COMBINADA. FAMÍLIAS “M” – 1888 –1899
01. Influência Materna combinado com Influências Culturais e/ou Religiosas
01.1 Nome da Avó Materna e nome do Estoque Cultural 4
01.2 Nome da Avó Materna e nome da Avó Paterna 2
01.3 Nome da Avó Materna e nome da Madrinha 1
01.4 Nome da Mãe e nome do Estoque Cultural 1
Subtotal 8
02. Influência Paterna combinado com Influências Familiares
02.1 Nome da Avó Paterna e nome da Avó Paterna 2
02.2 Nome da Avó Paterna e nome da Avó Materna 2
02.3 Nome da Avó Paterna e nome do Pai (versão feminina) 1
02.4 Nome da Avó Paterna e nome do Estoque Cultural 1
02.5 Nome da Avó Paterna, nome da Madrinha e nome da Avó Materna 1
02.6 Nome da Avó Paterna e nome de Santa* 1
02.7 Nome da Avó Paterna e Outro nome 1
02.8 Nome do Pai (versão feminina) e nome de Santa* 1
Subtotal 10
03. Influência do Estoque Cultural combinado com Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas
03.1 Nome do Estoque Cultural e nome do Estoque Cultural 3
03.2 Nome do Estoque Cultural e Avó Paterna 1
Subtotal 4
04. Influência Cultural e/ou Religiosa combinado com Influências Familiares
04.1 Nome da Madrinha e nome da Avó Paterna 1
04.2 Nome da Madrinha e nome do Estoque Cultural 1
04.3 Nome de Santa* e nome do Estoque Cultural 1
Subtotal 3
05. Outras Influências combinado com Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas
05.1 Outro nome e nome do Estoque Cultural 1
Subtotal 1
TOTAL 26
*Santa próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.
Fonte: Registro de Batismos.
76

TABELA A.16 – CURATO DE COLOMBO –


ORIGEM DOS NOMES DAS MENINOS, FORMA COMBINADA. FAMÍLIAS “M” – 1900 –1910
01. Influência Paterna combinado com Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas
01.1 Nome do Avô Paterno e Outro nome 6
01.2 Nome do Avô Paterno e nome do Avô Materno 5
01.3 Nome do Avô Paterno e nome do Padrinho 3
01.4 Nome do Avô Paterno e nome do Estoque Cultural 3
01.5 Nome do Avô Paterno e nome do Avô Paterno 2
01.6 Nome do Avô Paterno e nome da Madrinha (versão masculina) 1
01.7 Nome do Avô Paterno e nome da Avó Materna (versão masculina) 1
01.8 Nome do Avô Paterno, nome de Santo* e Outro nome 1
01.9 Nome do Pai e Outro nome 1
Subtotal 23
02. Influência Materna combinado com Influências Culturais e/ou Religiosas
02.1 Nome do Avô Materno e nome do Estoque Cultural 2
02.2 Nome do Avô Materno e nome do Avô Materno 1
02.3 Nome do Avô Materno e nome Avô Paterno 1
02.4 Nome do Avô Materno e nome do Padrinho 1
02.5 Nome da Avó Materna (versão masculina) e nome da Madrinha (versão masculina) 1
02.6 Nome da Mãe (versão masculina) e nome do Padrinho 1
Subtotal 7
03. Influência do Estoque Cultural combinado Influências Familiares
03.1 Nome do Estoque Cultural e nome do Estoque Cultural 5
03.2 Nome do Estoque Cultural e nome do Avô Materno 4
03.3 Nome do Estoque Cultural e nome do Pai 3
03.4 Nome do Estoque Cultural e Outro nome 1
Subtotal 13
04. Influência Cultural e/ou Religiosa combinado com Influências Familiares
04.1 Nome do Padrinho e nome do Estoque Cultural 1
04.2 Nome do Padrinho e nome de Santo* 1
04.3 Nome do padrinho e Outro nome 1
04.4 Nome de Santo* e nome do Estoque Cultural 3
04.5 Nome de Santo* e Outro nome 2
04.6 Nome de Santo* e nome do Avô Materno 2
04.7 Nome de Santo* e nome do Pai 1
04.8 Nome de Santo* e Avô Paterno 1
04.9 Nome de Santo*, Outro nome e Outro nome 1
Subtotal 13
05. Outras Influências combinado com Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas
05.1 Outro nome e nome do Estoque Cultural 5
05.2 Outro nome e nome de Avô Paterno 5
05.3 Outro nome e nome do Padrinho 2
05.4 Outro nome e nome do Pai 1
05.5 Outro nome e nome de Santo* 1
05.6 Outro nome e nome da Avó Materna 1
Subtotal 15
TOTAL 71
*Santo próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.
Fonte: Registro de Batismos.
77

TABELA A.17 – CURATO DE COLOMBO –


ORIGEM DOS NOMES DAS MENINAS, FORMA COMBINADA. FAMÍLIAS “M” - 1900 - 1910
01. Influência Materna combinado com Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas
01.1 Nome da Avó Materna e nome do Estoque Cultural 4
01.2 Nome da Avó Materna e nome da Avó Paterna 3
01.3 Nome da Avó Materna e nome da Madrinha 3
01.4 Nome da Avó Materna e nome do Padrinho (versão feminina) 1
01.5 Nome da Avó Materna e nome de Santa* 1
01.6 Nome da Avó Materna e Outro nome 1
01.7 Nome da Mãe e nome da Avó Materna 1
01.9 Nome da Mãe e nome da Avó Paterna 1
01.10 Nome da Mãe e nome da Madrinha 1
Subtotal 16
02. Influência Paterna combinado com Influências Familiares e Culturais
02.1 Nome da Avó Paterna e nome do Estoque Cultural 8
02.2 Nome da Avó Paterna e nome da Avó Materna 5
02.3 Nome da Avó Paterna e Outro nome 3
02.4 Nome da Avó Paterna e nome da Mãe 1
02.5 Nome da Avó Paterna, nome da Mãe e nome do Estoque Cultural 1
02.6 Nome do Avô Paterno (versão feminina) e nome Avó Paterna 1
02.7 Nome do Pai (versão feminina) e nome do Estoque Cultural 1
Subtotal 20
03. Influência do Estoque Cultural combinado com Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas
03.1 Nome do Estoque Cultural e nome do Estoque Cultural 9
03.2 Nome do Estoque Cultural e nome da Avó Materna 3
03.3 Nome do Estoque Cultural e nome da Mãe 2
03.4 Nome do Estoque Cultural e nome Madrinha 2
03.5 Nome do Estoque Cultural e nome de Santa* 2
03.6 Nome do Estoque Cultural e nome da Avó Materna 1
03.7 Nome do Estoque Cultural, nome da Avó Materna e nome da Madrinha 1
03.8 Nome do Estoque Cultural, nome da Avó Materna e nome do Estoque Cultural 1
03.9 Nome do Estoque Cultural e Outro nome 1
Subtotal 22
04. Influência Cultural e/ou Religiosa combinado com Influências Familiares
04.1 Nome da Madrinha e nome do Estoque Cultural 2
04.2 Nome da Madrinha e nome da Madrinha 1
04.3 Nome da Madrinha e nome da Avó Materna 1
04.4 Nome da Madrinha e Outro nome 1
04.5 Nome da Madrinha e nome do Padrinho (versão feminina) 1
04.6 Nome do Padrinho (versão feminina), nome da Madrinha e Outro nome 1
04.7 Nome de Santa* e nome de Santa* 3
04.8 Nome de Santa* e nome do Estoque Cultural 2
04.9 Nome de Santa* e nome da Avó Materna 2
04.10 Nome de Santa* e nome da Avó Paterna 1
04.11 Nome de Santa* e nome da Mãe 1
04.12 Nome de Santa* e nome da Madrinha 1
04.13 Nome de Santa* e Outro nome 1
Subtotal 18
78

05. Outras Influências combinado com Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas
05.1 Outro nome e nome do Estoque Cultural 2
05.2 Outro nome e nome da Avó Paterna 2
05.3 Outro nome e nome de Santa* 2
05.4 Outro nome e nome da Mãe 2
05.5 Outro nome e nome da Avó Materna 1
05.6 Outro nome, nome da Avó Materna e nome da Madrinha 1
05.7 Outro nome e nome da Madrinha 1
05.8 Outro nome e Outro nome 1
Subtotal 12
TOTAL 88
*Santa próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.
Fonte: Registro de Batismos.

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