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Resumo: Os Jogos Olímpicos da antiguidade tiveram início por volta de 776 a. C, sendo
disputados por jovens habilidosos que buscavam a glória e título que acompanhava a vitória
nos jogos. As Olimpíadas contavam com diferentes modalidades desportivas como, saltos;
arremessos; corridas; lançamentos; etc. (RUBIO, 2020, p. 2). Os jogos eram realizados na
cidade de Olympia – considerado um centro político-religioso –, tendo como deus protetor
Zeus, e os jogos ocorreriam para homenageá-lo (AGUIAR, 1951).
Abstract: The ancient Olympic Games began around 776 BC, being disputed by skilled young
people who sought the glory and title that accompanied victory in the games. The Olympics
had different sports modalities like, jumps; pitches; races; releases; etc. (RUBIO, 2020, p. 2).
The games were held in the city of Olympia – considered a political-religious center –, with
Zeus as the protector god, and the games would take place to honor him (AGUIAR, 1951).
Introdução:
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Este trabalho foi resultado da pesquisa desenvolvido na disciplina de graduação História Antiga ministrada pela
Profa. Dra. Maria Regina Candido.
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consistia em uma corrida de poucas distâncias, tendo como participantes jovens aptos e
habilidosos, consagrados por deuses (MACHADO, 2010, p. 26).
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Figura 1.
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De acordo com Silva & Duarte, os jogos olímpicos formalizaram-se no ano de 776 a.
C. e contava com as participações de jovens atletas por diversas pólis da Grécia Antiga. Os
jogos ocorriam na Cidade de Olympia, situada na região do Peloponeso, onde portava o
Santuário de Zeus3. Por sua vez, Olympia continham um grande sistema esportivo, favorecendo
a pólis (SILVA & DUARTE, 2020, p. 169).
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O Santuário de Zeus, dispunha sua estátua ornamentada por ouro e metais preciosos, e a altura da estátua
ultrapassa mais de 12 metros. Além da representação escultural, o Santuário gozava com árvores de oliveiras e
seus ramos eram utilizados para confecção da simbologia da coroa usada por atletas vencedores (SILVA &
DUARTE, 2020, p. 169).
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Mapa 01: contendo as regiões (pólis) da Grécia Antiga, representação junto com escala. 6
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Mestrando em Educação Física pela Universidade Federal do Espírito Santo.
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Basso (2012) referência no seu artigo, a lista de inúmeros espartanos vitoriosos nas competições olímpicas, de
acordo com Eusébio “de 776 a. C. a 500 a. C. foram 81 vitórias em jogos olímpicos, sendo 29 Espartana. Yalouris
(2004) indica 49 vitórias espartanas em um total de 153 vitórias (apud Basso, 2012, p. 23).
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Fontes: Atlas histórico. São Paulo: Encyclopaedia Britannica, 1977. p. 16
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pudessem viajar para Olympia em total segurança. Quando em tempo estabelecido para ocorrer
a Trégua, era vetado todas as guerras bélicas, portar armamento ou entrar em conflito (SILVA
& DUARTE, 2020, p. 169). Em concordância, Basso reafirma a grande contribuição de Licurgo
de Esparta, juntamente com outros reis das diversas pólis em determinar a Trégua Sagrada, com
intuito de preservar a segurança do público – no qual incluía espectadores e peregrinos –, e dos
atletas e treinadores Olímpicos (BASSO, 2012, p. 25). No artigo dissertado por SILVA &
DUARTE, é reforçado que os jogos olímpicos estão enraizados na cultura da Grécia Antiga,
que por sua vez, os festivais assumem a dualidade arcaica: desenvolviam as manifestações
artísticas e cerimônias ligada a adoração de deuses. O ritual de culto aos deuses era evidenciado
por jovens, com boa aptidão atlética e sobretudo, intelectual. As representações do corpo
desnudo – em competições –, eram ofertas de honraria, pela demonstração despida e forma
física estruturada, por essa destreza física reverenciavam as deidades presentes (SILVA &
DUARTE, 2020, p. 70).
Por sua vez, Lessa discorre sobre a influência desnuda nos esportes coletivos: a
representação da nudez nos atletas traz à tona um modelo civilizatório de beleza física, além da
significância da expressão da liberdade e a virtude física ao público. A construção do atleta nu,
ativamente nos jogos olímpicos contrasta com a ideia de vulgaridade feminina. Enquanto o
corpo despido do homem representa a assimilação com deuses, a silhueta feminina significava
a vergonha pública e desonra, em contraposição à virilidade masculina (LESSA, 2012, pp. 63-
70).
De acordo com Aguiar, os jogos olímpicos eram restritos apenas aos gregos de
nascimento e por conseguinte, os bárbaros e estrangeiros7 eram impossibilitados de competir.
Enquanto a participação feminina era totalmente excludente, tanto no exercício do atletismo
olímpico e também era vedada de assistir aos jogos. Outros grupos dispostos nas pólis eram
excluídos na participação olímpica e dentre eles encontravam-se: escravos ou escravos libertos,
homicidas e sacrilégio8 (AGUIAR, 1951).
Dando continuidade ao pensamento do autor:
“Para competir, os atletas deveriam seguir os requisitos, entre eles: não cometer atos
indignos e crimes; ter sido exercitado em Olympia por minimamente dez meses antes
dos festivais; não ser devedor de impostos pelo Estado e ser assertivo nas provas
olímpicas. Além disso, deveriam respeitar as “Normas Olímpicas” no qual visava o
cumprimento de proibição de bajulação em dinheiro para vencer e restringir manobras
que desfavorecia o adversário. O desrespeito dos requisitos e normas, resultava na
desclassificação direto dos Jogos Olímpicos” (AGUIAR, 1951, n.p.)
Segundo David C. Young, em seu livro A Brief History of the Olympic Games, relata
que o atletismo grego difere dos tempos atuais, e apesar de algumas práticas desportivas
ocorridas no Período Arcaico – os jogos, celebrações e competições, eram vistos com seriedade.
Ademais, ainda que ocorressem disputas em equipe, o evento vislumbrava o individualismo de
cada atleta. Corroborando com o pensamento da SILVA & DUARTE (2020, p. 170) no qual
afirma que os jogos olímpicos eram estritamente masculinos, Young relata que o atletismo da
7
Os estrangeiros provinham de longas viagens pelo Mediterrâneo e tinham o direito de assistir a realização
olímpica.
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Quando o indivíduo trata com indignidade os locais sagrados e profanação aos deuses.
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antiguidade era praticado por homens na fase adulta, e afirmar os resquícios deixados oralmente
nos poemas Homéricos e que dá a ideia de como iniciou-se as primeiras competições atléticas,
posteriormente, em 776 a. C originou-se nos Jogos Olímpicos (YOUNG, 2004, pp. 4-11).
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Na Antiguidade Clássica, objetos de bronze eram oferecidos como prêmios dos jogos ou oferendas aos deuses,
devido ao fato do ouro ser um metal precioso raro e caro na época (FLEMING, 1997).
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competições de corridas de carros, nas corridas de cavalos, na corrida a pé, nos jogos de pugilato
e lutas atléticas (FLEMING, 1997, pp.74-75).
Os competidores que venceram alguma das modalidades dos Jogos Olímpicos poderiam
ter uma estátua de bronze própria construída em sua cidade de origem, tendo o direito de ser
colocada em um santuário. Essas estátuas foram construídas para homenagear os vencedores
dos grandes jogos e, também como forma de agradecimento ao deus protetor. As estatuetas
apresentavam escrituras em sua base que informam o sentido do monumento, apresentando o
nome do campeão, nome do pai, da cidade e do escultor (FLEMING, 1997, p.76).
Um outro simbolismo muito presente nas cerimônias de premiações dos vencedores, o
qual é trabalhado por Silva e Duarte, é a coroa de oliveira. Esse prêmio era confeccionado com
ramos de oliveira, pois esta árvore era considerada sagrada para o deus grego Zeus10,
acreditando-se que ele concedia ramos dessa árvore para que as coroas dos atletas vencedores
fossem confeccionadas (SILVA; DUARTE, 2020, p.169). Outro prêmio que também era
concedido aos atletas vencedores — além da coroa de oliveira — era uma fita de lã vermelha
que era amarrada no braço ou ao redor da cabeça, especialmente para corredores de bigas
(KOURSI, 2003, p.11).
A tradição dos Jogos Olímpicos alcançou grande importância no mundo antigo que sua
realização continua até os dias atuais. Atualmente, os atletas que participam das competições
representam o seu país — não somente sua cidade — e algumas das modalidades dos jogos
antigos ainda se fazem presentes na atual competição, como corridas, lutas e arremessos. Outra
tradição que permaneceu foi a premiação dos atletas vencedores, que agora são premiados com
medalhas de ouro, prata ou bronze. Assim, a prática dos Jogos Olímpicos tem uma importância
histórica e cultural, tanto na antiguidade quanto nos tempos atuais.
No ano de 1992 o autor Marc Augé publicou a sua principal obra “Não lugares:
Introdução a uma antropologia da supermodernidade”, no qual cria os conceitos de “não
10
Esta árvore apresentava grande importância para Zeus, que o seu templo na cidade de Olympia era rodeado de
árvores de oliveira (SILVA; DUARTE, 2020, p.169).
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Marc Augé é um etnólogo e antropólogo francês que coordena estudos na área de lógica simbólica e ideologia,
sendo os principais campos de suas análises a África, América Latina e Europa.
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O termo "não lugar", elaborado por Marc Augé, se refere a espaços que não podem ser definidos nem como
identitário, nem como relacional, nem como geométrico, assim não apresentando nenhuma ligação simbólica e
local com o habitante que nele vive. Diferentemente do lugar antropológico (AUGÉ, 2018, p.51).
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2007, p.7). Por causa disso, a participação de povos estrangeiros não era permitida, visto que,
esses estrangeiros tinham uma cultura e crença diferentes a dos gregos e os Jogos Olímpicos se
tratava de uma cerimônia em homenagem aos deuses, especialmente a Zeus (LESSA, 2008,
p.13).
A vitória nos jogos era importante para os atletas, pois eles eram vistos como heróis
gloriosos escolhidos pelos deuses, o que lhes conferia prestígio social e trazia reconhecimento
para sua cidade, além de serem vistos e tratados como aqueles que davam visibilidade a sua
pólis. Sendo este vencedor não mais um simples atleta, porém agora um símbolo dos atributos
dados relacionados a Zeus, além dos de virilidade e divinização, recebendo uma estátua em sua
homenagem para que seja celebrado (SILVA; DUARTE, 2020, p.169).
Referência Bibliográfica:
AUGÉ, Marc. Não lugares: Introdução a uma antropologia da supermodernidade.
Campinas: Papirus, 2018.
COULET, Corine. Communiquer en Grèce Ancienne. Paris: Les Belles Lettres, 1996.
KOURSI, M. (ed). The Olympic Games in Ancient Games. Atenas: Ekdotike Athenon, 2003.
KYLE, D.G. Sport and Spectacle in the Ancient World. Malden / Oxford: Blackwell
Publishing, 2007.
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MARINATOS, N. & HÄGG, R. Greek Sanctuaries: New Approaches. London and New
York: Routledge, 1993.
RUBIO, Katia. Os Jogos Olímpicos como hierofania: rito e ritual, uma tradição, mais que
um campeonato. Olimpianos-Journal of Olympic Studies, v. 4, p. 1-15, 2020.
SILVA, Patrícia Lima da; DUARTE, Claudia Glavam. Dos Jogos Olímpicos da Antiguidade
às olimpíadas de matemática: a constituição de atletas. Revista BOEM, Florianópolis,
v. 8, n. 17, p. 164-179, 2020.
YOUNG, David C. A brief history of the Olympic games. Nova Jersey: John Wiley & Sons,
2008.