Você está na página 1de 11

ISSN 1519-6917

ATLETA VENCEDOR DOS JOGOS OLÍMPICOS1

BRENO DA SILVA FRANCISCO DE LIMA


ANA LUIZA WANDEKOCHEN LOPES
VICTOR LISBOA DA SILVA

Resumo: Os Jogos Olímpicos da antiguidade tiveram início por volta de 776 a. C, sendo
disputados por jovens habilidosos que buscavam a glória e título que acompanhava a vitória
nos jogos. As Olimpíadas contavam com diferentes modalidades desportivas como, saltos;
arremessos; corridas; lançamentos; etc. (RUBIO, 2020, p. 2). Os jogos eram realizados na
cidade de Olympia – considerado um centro político-religioso –, tendo como deus protetor
Zeus, e os jogos ocorreriam para homenageá-lo (AGUIAR, 1951).

Palavras-chave: Jogos, Zeus, desportivas, premiação.

Abstract: The ancient Olympic Games began around 776 BC, being disputed by skilled young
people who sought the glory and title that accompanied victory in the games. The Olympics
had different sports modalities like, jumps; pitches; races; releases; etc. (RUBIO, 2020, p. 2).
The games were held in the city of Olympia – considered a political-religious center –, with
Zeus as the protector god, and the games would take place to honor him (AGUIAR, 1951).

Keywords: Games, Zeus, sports, awards.

Introdução:

Os festivais pan-helênicos são manifestações culturais, sobretudo religiosas do Período


Arcaico Grego. Os jogos eram divididos em quatro principais manifestações desportivas, sendo
elas: Jogos Píticos, que tinham como deus prestigiados Apolo; Jogos Nemeus que concentraram
as honrarias em Héracles; Jogos Ístmicos, tendo como deus homenageado Poseidon; e por
último, o que é de viés à nossa pesquisa, ateremos aos Jogos Olímpicos, que visava o
reconhecimento de Zeus – considerado deus protetor olímpico. De acordo com a tese
apresentada por Machado, ele discorre ao autor espanhol Conrado Durántez (1979) e o alemão
Carl Diem (1966) que testificam o argumento de pequenos núcleos desportivos ocorridos no
século XII a. C., como a presença de organização religiosas realizados por sacerdotes, que

1
Este trabalho foi resultado da pesquisa desenvolvido na disciplina de graduação História Antiga ministrada pela
Profa. Dra. Maria Regina Candido.
ISSN 1519-6917

consistia em uma corrida de poucas distâncias, tendo como participantes jovens aptos e
habilidosos, consagrados por deuses (MACHADO, 2010, p. 26).

Com a análise feita do vaso de cerâmica2 e seguindo as interpretações da teoria


semiótica, proposto pela autora Martine Joly, percebe-se na construção da gravura do artefato,
a representação da vitória de um jovem atleta olímpico. Na parte central do vaso, vê-se um
jovem atleta de aparência robusta, sendo coroado. Na parte lateral direita, representa um homem
adulto – comprovado por conter barba –, coroando o jovem atleta e por fim, na lateral esquerda,
vê-se uma representação de um homem considerado como treinador, possuindo duas varas de
medições, utilizado nos treinamentos olímpicos.

Figura 01: Terracotta psykter (vaso para esfriar vinho)

Fonte: Nova York, Metropolitan Museum, inv. 10.210.18

Com as análises produzidas, destacamos as presumíveis temáticas a serem abordadas:


por que o atleta grego se exibia despido nas competições? Por que era mínima e quase
inexistente a participação feminina nos jogos do Olympia? E, por último, como eram formadas
as competições e premiações dos vencedores? Sendo o último questionamento, o enfoque do
presente artigo.

2
Figura 1.
ISSN 1519-6917

O conceito teórico utilizado para compreender as relações que os atletas estabeleciam


entre si e com o espaço ao seu redor será o “lugar antropológico” do etnólogo francês, Marc
Augé. No livro “Não lugares: introdução a uma antropologia da supermodernidade”, Augé
busca propor uma teoria que possa ser utilizada pelos pesquisadores ao estudar uma sociedade,
caracterizando esse “lugar antropológico” em três tipos: geométrico, relacional e identitário.
Com as possíveis temáticas, iremos analisar e discorrer com os debates historiográficos
de célebres autores para contextualizar com a formação da pesquisa, como o livro do autor
David C. Young, A Brief History of the Olympic Games. E os artigos de autores como Maria
Isabel D’ Agostino Fleming, Prêmios e Oferendas Votivas de Bronze nas Competições
Esportivas da Antiguidade Clássica; Jorge Alberto Prati de Aguiar, no artigo Jogos Olímpicos.

De acordo com Silva & Duarte, os jogos olímpicos formalizaram-se no ano de 776 a.
C. e contava com as participações de jovens atletas por diversas pólis da Grécia Antiga. Os
jogos ocorriam na Cidade de Olympia, situada na região do Peloponeso, onde portava o
Santuário de Zeus3. Por sua vez, Olympia continham um grande sistema esportivo, favorecendo
a pólis (SILVA & DUARTE, 2020, p. 169).

Figura 02: Desenho da fachada leste do templo de Zeus.

Fonte: Instituto de Arqueologia Alemão (Valavanis, 2004; fig. 89).

3
O Santuário de Zeus, dispunha sua estátua ornamentada por ouro e metais preciosos, e a altura da estátua
ultrapassa mais de 12 metros. Além da representação escultural, o Santuário gozava com árvores de oliveiras e
seus ramos eram utilizados para confecção da simbologia da coroa usada por atletas vencedores (SILVA &
DUARTE, 2020, p. 169).
ISSN 1519-6917

O autor Fabiano Basso4 discorre que os atletas habilidosos provinham de cidades


altamente privilegiadas e favorecidas da Grécia, como no caso de Esparta – tendo numerosos
atletas vencedores nas primeiras edições. O fato explicado pela hegemonia Espartana nos Jogos
Olímpicos, está intrinsecamente ligado ao teor militarizado e sua constância de aprimoramento
pessoal e coletivo. No entanto, além dos serviços bélicos, as leis propostas pelo legislador
Licurgo de Esparta, inclui que é de encargo do Estado o dever de educar filosoficamente os
espartanos. A premissa de uma pólis estruturada, tanto politicamente quanto socialmente, tendo
suas afinidades em práticas educacionais e normalmente cultural, os diferenciam das demais
pólis do Período Arcaico Grego5. Ademais, o conteúdo educativo, militarizado e cultural, em
constante busca de aperfeiçoamento de qualidades físicas os diferiam de outros competidores.
Em concordância com Basso, Prati de Aguiar relata que os gregos visavam à educação e
performance física. Certos treinamentos direcionam práticas de salto na corda e corrida em areia
para fortalecimento dos membros superiores (AGUIAR, 1951, n.p.).

Mapa 01: contendo as regiões (pólis) da Grécia Antiga, representação junto com escala. 6

Segundo as autoras Silva e Duarte, o período da Trégua Sagrada iniciou-se no ano de


884 a.C e consistiam em um período de pacificação para que todos os atletas e espectadores

4
Mestrando em Educação Física pela Universidade Federal do Espírito Santo.
5
Basso (2012) referência no seu artigo, a lista de inúmeros espartanos vitoriosos nas competições olímpicas, de
acordo com Eusébio “de 776 a. C. a 500 a. C. foram 81 vitórias em jogos olímpicos, sendo 29 Espartana. Yalouris
(2004) indica 49 vitórias espartanas em um total de 153 vitórias (apud Basso, 2012, p. 23).
6
Fontes: Atlas histórico. São Paulo: Encyclopaedia Britannica, 1977. p. 16
ISSN 1519-6917

pudessem viajar para Olympia em total segurança. Quando em tempo estabelecido para ocorrer
a Trégua, era vetado todas as guerras bélicas, portar armamento ou entrar em conflito (SILVA
& DUARTE, 2020, p. 169). Em concordância, Basso reafirma a grande contribuição de Licurgo
de Esparta, juntamente com outros reis das diversas pólis em determinar a Trégua Sagrada, com
intuito de preservar a segurança do público – no qual incluía espectadores e peregrinos –, e dos
atletas e treinadores Olímpicos (BASSO, 2012, p. 25). No artigo dissertado por SILVA &
DUARTE, é reforçado que os jogos olímpicos estão enraizados na cultura da Grécia Antiga,
que por sua vez, os festivais assumem a dualidade arcaica: desenvolviam as manifestações
artísticas e cerimônias ligada a adoração de deuses. O ritual de culto aos deuses era evidenciado
por jovens, com boa aptidão atlética e sobretudo, intelectual. As representações do corpo
desnudo – em competições –, eram ofertas de honraria, pela demonstração despida e forma
física estruturada, por essa destreza física reverenciavam as deidades presentes (SILVA &
DUARTE, 2020, p. 70).

Por sua vez, Lessa discorre sobre a influência desnuda nos esportes coletivos: a
representação da nudez nos atletas traz à tona um modelo civilizatório de beleza física, além da
significância da expressão da liberdade e a virtude física ao público. A construção do atleta nu,
ativamente nos jogos olímpicos contrasta com a ideia de vulgaridade feminina. Enquanto o
corpo despido do homem representa a assimilação com deuses, a silhueta feminina significava
a vergonha pública e desonra, em contraposição à virilidade masculina (LESSA, 2012, pp. 63-
70).

Figura 03: Atleta segurando um peso.


ISSN 1519-6917

Fonte: Nova York, Metropolitan Museum, inv. 06.1021.118.


Lessa discorre que as pinturas de representações de corpos despidos, buscava a
exaltação do porte físico dos atletas, que em sua totalidade, eram considerados como ato heroico
da pólis e assimilação com os deuses. Ainda contextualizando com outros especialistas, Lessa
retrata a forte oposição da exposição corpórea frente aos bárbaros, que competiam vestidos
(LESSA, 2012, p. 64).

De acordo com Aguiar, os jogos olímpicos eram restritos apenas aos gregos de
nascimento e por conseguinte, os bárbaros e estrangeiros7 eram impossibilitados de competir.
Enquanto a participação feminina era totalmente excludente, tanto no exercício do atletismo
olímpico e também era vedada de assistir aos jogos. Outros grupos dispostos nas pólis eram
excluídos na participação olímpica e dentre eles encontravam-se: escravos ou escravos libertos,
homicidas e sacrilégio8 (AGUIAR, 1951).
Dando continuidade ao pensamento do autor:

“Para competir, os atletas deveriam seguir os requisitos, entre eles: não cometer atos
indignos e crimes; ter sido exercitado em Olympia por minimamente dez meses antes
dos festivais; não ser devedor de impostos pelo Estado e ser assertivo nas provas
olímpicas. Além disso, deveriam respeitar as “Normas Olímpicas” no qual visava o
cumprimento de proibição de bajulação em dinheiro para vencer e restringir manobras
que desfavorecia o adversário. O desrespeito dos requisitos e normas, resultava na
desclassificação direto dos Jogos Olímpicos” (AGUIAR, 1951, n.p.)

Segundo David C. Young, em seu livro A Brief History of the Olympic Games, relata
que o atletismo grego difere dos tempos atuais, e apesar de algumas práticas desportivas
ocorridas no Período Arcaico – os jogos, celebrações e competições, eram vistos com seriedade.
Ademais, ainda que ocorressem disputas em equipe, o evento vislumbrava o individualismo de
cada atleta. Corroborando com o pensamento da SILVA & DUARTE (2020, p. 170) no qual
afirma que os jogos olímpicos eram estritamente masculinos, Young relata que o atletismo da

7
Os estrangeiros provinham de longas viagens pelo Mediterrâneo e tinham o direito de assistir a realização
olímpica.
8
Quando o indivíduo trata com indignidade os locais sagrados e profanação aos deuses.
ISSN 1519-6917

antiguidade era praticado por homens na fase adulta, e afirmar os resquícios deixados oralmente
nos poemas Homéricos e que dá a ideia de como iniciou-se as primeiras competições atléticas,
posteriormente, em 776 a. C originou-se nos Jogos Olímpicos (YOUNG, 2004, pp. 4-11).

Premiações dos Jogos Olímpicos.

A vitória em uma competição olímpica era de extrema importância para os


competidores, pois o vencer seria consagrado como campeão glorioso e escolhido pelos deuses.
Além disto, a vitória não trazia glória somente ao atleta vencedor, conferindo também prestígio
e respeito à pólis do atleta e como forma de honrar e agradecer ao atleta era lhe oferecido
alimentação gratuita pelo resto de sua vida (OLIVEIRA, 2000, p.74).
Os jogos olímpicos foram marcados pelas disputas das mais variadas modalidades, as
quais se tem informação por meio de documentos literários – obras de Homero – e escavações
arqueológicas. Tais modalidades estavam retratadas em vasos de cerâmica e estatuetas, sendo
elas: corridas a pé (simples/stádion; dupla/díaulos; corrida de fundo/dólikhos), corridas de
bigas, saltos, arremesso de disco, pugilismo, lutas, arco e flecha, entre outras (ALMEIDA,
2012, pp.10-12). Portanto, os atletas que melhor se saiam nestas competições eram consagrados
vencedores e recebiam prêmios pelos seus feitos; a partir disso, vamos buscar entender os
significados e razões para cada prêmio.
Segundo a historiadora e etnóloga Fleming, durante a Antiguidade Clássica havia
diferentes símbolos que eram associados aos atletas vencedores dos Jogos Olímpicos como: a
coroa de folhas de oliveira ou de louro, a fita de lã vermelha que era amarrada no vencedor,
prêmios de bronze, entre outros simbolismos. No seu texto, Fleming dá ênfase aos prêmios de
bronze que eram concedidos aos vencedores, separando-os em duas categorias (tripés) e
oferendas votivas (estátuas de bronze) (FLEMING, 1997, p.73).
Os tripés eram utensílios de cozinha, utilizados para cozinhar a carne durante as
cerimônias de culto aos deuses, também podendo servir como um objeto decorativo. Os tripés
que normalmente eram concedidos aos atletas vencedores eram feitos de bronze9, por isso era
o objeto mais precioso que se podia produzir e oferecer aos deuses ou usar como premiação dos
grandes concursos (ROLLEY, 1983, p.53). Tais objetos eram atribuídos como prêmios nas

9
Na Antiguidade Clássica, objetos de bronze eram oferecidos como prêmios dos jogos ou oferendas aos deuses,
devido ao fato do ouro ser um metal precioso raro e caro na época (FLEMING, 1997).
ISSN 1519-6917

competições de corridas de carros, nas corridas de cavalos, na corrida a pé, nos jogos de pugilato
e lutas atléticas (FLEMING, 1997, pp.74-75).
Os competidores que venceram alguma das modalidades dos Jogos Olímpicos poderiam
ter uma estátua de bronze própria construída em sua cidade de origem, tendo o direito de ser
colocada em um santuário. Essas estátuas foram construídas para homenagear os vencedores
dos grandes jogos e, também como forma de agradecimento ao deus protetor. As estatuetas
apresentavam escrituras em sua base que informam o sentido do monumento, apresentando o
nome do campeão, nome do pai, da cidade e do escultor (FLEMING, 1997, p.76).
Um outro simbolismo muito presente nas cerimônias de premiações dos vencedores, o
qual é trabalhado por Silva e Duarte, é a coroa de oliveira. Esse prêmio era confeccionado com
ramos de oliveira, pois esta árvore era considerada sagrada para o deus grego Zeus10,
acreditando-se que ele concedia ramos dessa árvore para que as coroas dos atletas vencedores
fossem confeccionadas (SILVA; DUARTE, 2020, p.169). Outro prêmio que também era
concedido aos atletas vencedores — além da coroa de oliveira — era uma fita de lã vermelha
que era amarrada no braço ou ao redor da cabeça, especialmente para corredores de bigas
(KOURSI, 2003, p.11).
A tradição dos Jogos Olímpicos alcançou grande importância no mundo antigo que sua
realização continua até os dias atuais. Atualmente, os atletas que participam das competições
representam o seu país — não somente sua cidade — e algumas das modalidades dos jogos
antigos ainda se fazem presentes na atual competição, como corridas, lutas e arremessos. Outra
tradição que permaneceu foi a premiação dos atletas vencedores, que agora são premiados com
medalhas de ouro, prata ou bronze. Assim, a prática dos Jogos Olímpicos tem uma importância
histórica e cultural, tanto na antiguidade quanto nos tempos atuais.

Lugar Antropológico de Marc Augé11

No ano de 1992 o autor Marc Augé publicou a sua principal obra “Não lugares:
Introdução a uma antropologia da supermodernidade”, no qual cria os conceitos de “não

10
Esta árvore apresentava grande importância para Zeus, que o seu templo na cidade de Olympia era rodeado de
árvores de oliveira (SILVA; DUARTE, 2020, p.169).
11
Marc Augé é um etnólogo e antropólogo francês que coordena estudos na área de lógica simbólica e ideologia,
sendo os principais campos de suas análises a África, América Latina e Europa.
ISSN 1519-6917

lugar”12 e “lugar antropológico” para auxiliar os pesquisadores ao realizarem um estudo sobre


os costumes, hábitos, relações de uma comunidade e de seu espaço de vivência.
Em “Não lugares: introdução a uma antropologia da supermodernidade”, Augé define
“Lugar Antropológico" como uma metodologia que enxerga o espaço das sociedades estudadas
como uma construção concreta e simbólica, levando em consideração as diversidades da vida
social de cada indivíduo. Portanto, é possível entender a partir desse método, que esse lugar
comum — independente de qual seja — apresenta aos seus habitantes um sentido simbólico e
identitário, através de um mito ou narrativa que estabeleça uma relação entre esse “lugar
comum” e os seus habitantes (AUGÉ, 2018, p.35).
Esse conceito permite aos pesquisadores que observam essas sociedades de cometerem
uma possível generalização em seus estudos, podendo assim realizar pesquisas que
compreendam minuciosamente as diferenças e peculiaridades, as quais permeiam o
funcionamento de cada comunidade, sem cometer generalizações errôneas (AUGÉ, 2018,
p.37).
Marc Augé estabelece três características comuns aos lugares antropológicos, essas
características definem e diferenciam os lugares antropológicos dos não-lugares, são elas os
fatores identitários, relacionais e geométricos (AUGÉ, 2018, p.35-37). Nos utilizaremos da
vertente “Lugar Identitário” permitindo que os indivíduos que nele vivem criem uma
identificação com ele por ser o seu local de nascimento, local onde compartilham
familiaridades, hábitos e crenças (AUGÉ, 2018, p.35).
Os atletas que participavam dos jogos em Olympia vinham de diferentes cidades, sendo
permitido somente a participação de atletas gregos, portanto atletas estrangeiros não poderiam
participar. Também era restrito a participação de mulheres nas competições; logo, somente
atletas homens e grupos disputavam pelos prêmios (SILVA; DUARTE, 2020, p.169).
Para Donald Kylie, a preparação dos atletas para competir nos jogos era muito
importante, pois através desses treinamentos os jovens atletas passavam por um processo de
educação para se entenderem como cidadãos, e além disso, eram ensinados a importância dos
rituais religiosos para honrar os deuses — sendo os Jogos Olímpicos, um desses rituais (KYLE,

12
O termo "não lugar", elaborado por Marc Augé, se refere a espaços que não podem ser definidos nem como
identitário, nem como relacional, nem como geométrico, assim não apresentando nenhuma ligação simbólica e
local com o habitante que nele vive. Diferentemente do lugar antropológico (AUGÉ, 2018, p.51).
ISSN 1519-6917

2007, p.7). Por causa disso, a participação de povos estrangeiros não era permitida, visto que,
esses estrangeiros tinham uma cultura e crença diferentes a dos gregos e os Jogos Olímpicos se
tratava de uma cerimônia em homenagem aos deuses, especialmente a Zeus (LESSA, 2008,
p.13).
A vitória nos jogos era importante para os atletas, pois eles eram vistos como heróis
gloriosos escolhidos pelos deuses, o que lhes conferia prestígio social e trazia reconhecimento
para sua cidade, além de serem vistos e tratados como aqueles que davam visibilidade a sua
pólis. Sendo este vencedor não mais um simples atleta, porém agora um símbolo dos atributos
dados relacionados a Zeus, além dos de virilidade e divinização, recebendo uma estátua em sua
homenagem para que seja celebrado (SILVA; DUARTE, 2020, p.169).

Referência Bibliográfica:
AUGÉ, Marc. Não lugares: Introdução a uma antropologia da supermodernidade.
Campinas: Papirus, 2018.

BASSO, Fabiano. JOGOS OLÍMPICOS DA ANTIGÜIDADE – Compreendendo a


hegemonia espartana no período Arcaico Grego. Arquivos em Movimento, Rio de
Janeiro, v. 8, n. 1, p. 22-40, 2012.

COULET, Corine. Communiquer en Grèce Ancienne. Paris: Les Belles Lettres, 1996.

DE AGUIAR, Jorge Alberto Prati. Os Jogos Olímpicos na Antiga Grécia. Revista de


Educação Física/Journal of Physical Education, v. 20, n. 1, 1951.

DE ALMEIDA, Marco Antonio Bettine. Jogos Olímpicos Gregos: discussões históricas.


EFDeportes, Buenos Aires, 2012.

FLEMING, Maria Isabel D’Agostino. Prêmios e oferendas votivas de bronze nas


competições esportivas da Antiguidade Clássica. In: Clássica, São Paulo: SBEC, 1997.

KOURSI, M. (ed). The Olympic Games in Ancient Games. Atenas: Ekdotike Athenon, 2003.

KYLE, D.G. Sport and Spectacle in the Ancient World. Malden / Oxford: Blackwell
Publishing, 2007.
ISSN 1519-6917

LESSA, Fábio de Souza. Esporte na Grécia Antiga: Um balanço conceitual e


historiográfico. Recorde: Revista de História de Esporte, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, p.1-
18, dezembro, 2008.

LESSA, Fábio de Souza. Imagens da beleza masculina: nudez e práticas esportivas na


Grécia Clássica. PHOÎNIX, Rio de Janeiro, v. 18, n. 2, p. 62-72.

MACHADO, Raoni Perrucci Toledo. Entre o mito e a história: gênese e desenvolvimento


das manifestações atléticas na Grécia Antiga. 2010. Tese de Doutorado. Universidade
de São Paulo, São Paulo, 2010.

MARINATOS, N. & HÄGG, R. Greek Sanctuaries: New Approaches. London and New
York: Routledge, 1993.

OLIVEIRA, Francisco de. O Espírito Olímpico no novo milênio. Coimbra: Imprensa da


Universidade de Coimbra, 2000.

ROLLEY, CIaude. Les Bronzes Grecs. Fribourg: Office du Livre, 1983.

RUBIO, Katia. Os Jogos Olímpicos como hierofania: rito e ritual, uma tradição, mais que
um campeonato. Olimpianos-Journal of Olympic Studies, v. 4, p. 1-15, 2020.

SILVA, Patrícia Lima da; DUARTE, Claudia Glavam. Dos Jogos Olímpicos da Antiguidade
às olimpíadas de matemática: a constituição de atletas. Revista BOEM, Florianópolis,
v. 8, n. 17, p. 164-179, 2020.

YOUNG, David C. A brief history of the Olympic games. Nova Jersey: John Wiley & Sons,
2008.

Você também pode gostar