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A ASTROLOGIA NA MAÇONARIA

Ir.’. Juarez de Fausto Prestupa (2001)

Programa:

1. As Provas Dos Quatro Elementos


2. As Três Colunas Mitológicas, Os Três Graus E Os Três Modos
3. As 12 Colunas Astrológicas
4. Os Solstícios De Verão E De Inverno (Câncer E Capricórnio)
5. Os Landmarks
6. Os Cargos Em Loja E Os Planetas
7. A Abóbada Celeste

1. As Provas dos Quatro Elementos

Uma das primeiras lições que aquele que receberá a Luz recebe é
justamente da simbologia e da importância da depuração pessoal
ou “limpeza” pelos quatro elementos: terra, água, ar e fogo.
Estes são os elementos básicos que formam toda a Criação no
estudo da Astrologia. Compreendendo as características destes
elementos pode-se compreender tudo pois tudo o que existe foi
criado com esta matéria prima básica.

Muitos IIr.’. restringem os estudos dos elementos às lições e


indicações do Ritual e assim deixam de compreender a amplitude
deste conhecimento.

Só para ilustrar, nas antigas tradições iniciáticas, aquele que


dominava os elementos tornava-se igual e semelhante ao
G.’.A.’.D.’.U.’. pois dominaria totalmente tudo o que foi
criado. O iniciado deveria dominar o elemento em seu universo
particular. Deveria dominar a terra e o medo do desmoronamento,
a melancolia, a avareza, a falta de horizontes em circunstâncias
que elevariam ao máximo estas tendências como por exemplo dentro
de um buraco ou caverna estreita, úmida e profunda. A água
deveria ser dominada, por exemplo, dentro de um rio caudaloso e
com correnteza violenta, vencendo-se a incerteza, a insegurança,
a sensação de abandono e da falta de apoio. O elemento ar
deveria ser dominado nas alturas de um precipício ou montanha
(hoje uma montanha russa serviria), vencendo-se a vertigem, o
desequilíbrio, a dificuldade de respiração em função da
apreensão. Finalmente o fogo deveria ser dominado dentro de um
salão incendiado, ou com o iniciado circundado por três enormes
fogueiras. Ele deveria controlar suas reações quanto ao calor, à
luz excessiva e à sensação de proximidade com um poder terrível
que pode destruir.

2. As três colunas mitológicas

Outra lição imediata que o Iniciado Maçom recebe é da existência


das três colunas mitológicas, a da Sabedoria, a da Força e a da
Beleza. Colunas estas que representam também os três graus
maçônicos, determinados na Constituição de Anderson. A Sabedoria
é Minerva, a Força é Marte, Ares ou também Hércules. A Beleza
por sua vez é Vênus ou Afrodite. Em Astrologia sabedoria é
regida por Júpiter, Marte e Vênus já fazem parte dos estudos
astrológicos.

As três colunas estão diretamente relacionadas com os três modos


em que os elementos podem se apresentar na Criação: modo
Cardinal ou rajásico, relacionado com o princípio cósmico de
Kundalini; modo Fixo ou tamásico, relacionado com o princípio
cósmico de Fohat; e, modo Mutável ou Sátwico, relacionado com o
princípio cósmico de Akasha.

Fohat está no “Céu” e desce por força de Kundalini que, por sua
vez, está no “inferior” ou “interior” e que sobe por força de
Fohat.

O modo Cardinal é precipitativo, masculino, de comando e de


realização – tal como o grau 1. O modo Fixo é de manutenção,
feminino, de estabilidade e sabedoria – tal como o grau 2.
Estes dois modos astrológicos anteriores são de natureza humana
e mais tangíveis ou imediatos. O modo mutável tem uma natureza
transcendental, abstrata, sutil. Ele resulta da existência dos
dois primeiros e vem harmonizá-los e equilibrá-los.

3. As 12 Colunas Astrológicas

Muito da imponência da decoração do interior de uma Loja são as


12 colunas astrológicas. Não dá para não notar, mesmo o mais
desatento e cético nota a portentosa presença destes símbolos de
solidez e segurança.

Como já dissemos, os quatro elementos estão presentes e formam


toda a Criação atuando de três modos diferentes. Cada elemento
age de três formas diferentes, assim, os 4 elementos, agindo
cada um de três formas distintas representam tudo o que foi
criado na forma dos doze signos zodiacais. O zodíaco então é o
símbolo do reflexo do G.’.A.’.D.’.U.’. na Natureza. Os signos
são a síntese simbólica de tudo que podemos encontrar ou supor
que existe na Criação. Assim, a Astrologia traz em seus poucos
símbolos a representação de tudo que pode existir, ser estudado
e compreendido. E, tudo isto organizado de uma forma coerente,
simples, profunda e ilimitada. Assim, não é de se estranhar o
espaço e importância que a simbologia astrológica ocupa na
decoração do Templo Maçônico, o que muito nos lembra os 12
trabalhos do semideus Hércules.

A seqüência dos signos do zodíaco também mostra uma determinada


evolução sendo que Áries, por exemplo simboliza o início de
tudo. Ela também nos dá a direção destrocêntrica de circulação.
Os signos são intercalados, sendo um negativo ou passivo e outro
positivo ou ativo, tal como uma seqüência de pilha ou seguindo a
Lei do Pêndulo como descrito no Caibalion.
4. Os Solstícios De Verão E De Inverno (Câncer E Capricórnio)

Cada signo zodiacal tem seu mistério e ensinamento especial.


Alguns têm simbologia mais conhecida, usada ou estudada que
outros. As peculiaridades de Capricórnio e Câncer são estudas em
nossas Lições na forma da relação que os Solstícios de Inverno e
Verão (no hemisfério norte) têm com as Colunas J e B e os dois
primeiros graus da vida maçônica.

Solstícios são datas específicas em que há predominância de


tempo de duração do dia sobre a noite ou vice-versa. Capricórnio
é regido por Saturno, aquele pai que devora os próprios filhos,
regente do tempo, da eternidade, da ordem e da disciplina.
Câncer é regido pela Lua, a Mãe que compreende, nutre e protege;
rege a família, a tradição, o amor emocional e os ciclos. Um
simboliza o meio-dia e o outro a meia-noite.

Estes solstícios e sua simbologia nos trazem a imagem do Janus


grego e dos dois São João.

Na ritualística maçônica, assim como nas antigas tradições dos


druidas e da wicca, os solstícios recebem uma atenção especial
na forma de um ritual de Banquete Ritualístico muito importante,
forte e significativo. Na mística milenar, são datas
relacionadas ao nascimento e à morte da Luz ou de seu portador.

5. Os Landmarks

Um estudo detalhado dos Landmarks nos mostra sua relação com os


signos zodiacais. Interessante a lógica que existe no
relacionamento entre cada par de Landmark com os signos
zodiacais, e tudo seguindo a seqüência natural. Explica-se o uso
de par de Landmark por signo porque o primeiro Landmark é o lado
ativo do signo e o segundo Landmark é o aspecto passivo do
signo.
Alguns dirão que os Landmarks são em número ímpar e que a conta
excederia em um. Ou seja, os signos são doze, o dobro é 24 mas
os Landmarks são 25. Lembro aos IIr.’. que o primeiro e o último
Landmarks são na verdade o mesmo (assim como o alfa e ômega) e
desta forma, na verdade são 24.

Futuramente podemos proferir nova palestra somente sobre este


tema tão interessante e profundo.

6. Os Cargos Em Loja E Os 7 Planetas Esotéricos

Os sete principais cargos estão diretamente relacionados com os


sete planetas esotéricos. Alguns autores maçons dizem que estão
grafadas na Abóbada Celeste as presenças destes planetas por
sobre os cargos a eles relacionados. Abordaremos a questão da
Abóbada Celeste no próximo tópico.

Iniciando pelo Or.’., o Ven.’.M.’. está relacionado ao planeta


Júpiter, visto que representa a Sabedoria. Júpiter (número 6)
rege a visão, a prosperidade, a misericórdia, a liturgia, o
sacerdócio, o mestre e a felicidade.

O Orad.’. está relacionado com Mercúrio (número 2) o planeta que


rege a expressão da Verdade pois é o “enviado de Deus”. Mercúrio
tem asas nos pés e é o porta-voz, aquele que dá as boas vindas e
domina os escritos.

O cargo de Secr.’. relaciona-se com o planeta Saturno (número


7). É ele o responsável de gravar para a eternidade os fatos de
forma fria e exata. Ele é o controlador rígido da ordem dos
processos e cioso pela documentação dentro das normas.

O M.’.de Cer.’. por sua vez está relacionado ao planeta Sol. O


Sol (número 4) caminha diariamente pelo Céu, levando e trazendo
a existência, a verdade e a justiça. É ele que anima a vida e
que circula no oriente e no ocidente.
O Tes.’. recebe a simbologia da Lua (número 1) em sua atividade.
A Lua dispõe sobre os assuntos mundanos e materiais. Ela é o
principal elemento de ligação com o mundo concreto regendo toda
geração de uma nova vida ou o desenvolvimento de um corpo já
existente. A Lua rege a família, a cidade, o lar e o corpo;
portanto rege o Templo.

De forma óbvia, o 1o Vig.’. e o 2o Vig.’. são regidos


respectivamente por Marte e Vênus, planetas da força e da
beleza, simbologia das CCol.’. onde têm seus tronos. Marte rege
o início, a coragem, o pioneirismo e o impulso. Vênus rege a
harmonia, o prazer, a alegria, e a beleza como reflexo da
manifestação do G.’.A.’.D.’.U.’..

Podemos também estudar os cargos considerando os 10 planetas


zodiacais (os 7 esotéricos mais Urano, Netuno e Plutão).

7. A Abóbada Celeste

De acordo com muitos documentos e literatura, a Maçonaria foi


incorporando elementos de Alquimia e Astrologia ao longo de sua
formação ou estruturação na Europa. Ela não “nasceu” já no
formato como a conhecemos. Assim, no início a Loja era um
simples tapete. Depois se construíram templos simples ou mesmo
as reuniões eram em locais improvisados.

Desta forma, ainda não houve uma definição clara de quando e


onde surgiu o uso da Abóbada Celeste. Esta informação é
fundamental pois existem inconsistências e incoerências que
poderiam ser resolvidas tendo-se acesso as origens.

Na Abóbada Celeste estão grafados planetas e estrelas, chamadas


de Estrelas Fixas na Astrologia, e ainda constelações ou
agrupamento de estrelas.
A primeira incoerência é que se recebemos toda a simbologia da
Europa, ou seja do hemisfério norte, como pode aparecer no teto
o Cruzeiro do Sul, grupo de estrela visível somente no
hemisfério sul?

Outra incoerência e aparente erro é a disposição de algumas


estrelas que não estão de acordo com o mapa celeste (elas estão
em distâncias erradas em relação a outras estrelas e
constelações).

A mais importante inconsistência diz respeito à colocação dos


planetas. No céu existe um caminho único por onde os planetas
caminham que se chama Eclíptica. É como uma senóide e quase que
a totalidade dos planetas desenhados na Abóbada Celeste dos
Templos Brasileiros está fora desta rota, em locais siderais
(próximos a estrelas ou constelações) que nunca poderiam estar
realmente.

Este é um tema para ser estudado com mais profundidade e com


mais elementos. Possivelmente é matéria para se apresentar em
Assembléia Geral da CMSB em nome da S.’.G.’.L.’.M.’.S.’. de
Minas Gerais.

Muitas hipóteses já foram levantadas sobre o que a Abóbada


Celeste realmente simboliza. Uns dizem que se trata de um método
de orientação de navegação. Outros que simplesmente retrata a
simbologia dos cargos que lhe estão imediatamente abaixo.
Astrologicamente, pode ser uma Carta Astral de uma data e
horária especial.

Uma coisa aprendemos logo que recebemos a Luz: “Na Maçonaria


tudo tem uma razão e uma lógica, nada é por acaso”. Assim, creio
ser justo buscarmos a perfeição da lógica e da razão da Abóbada
Celeste.

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