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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ

CAMPUS BELÉM
CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO

CELICE OLIVEIRA GARCIA


CLARISSE COSTA SANTOS
IZIS DA ENCARNAÇÃO RODRIGUES
MARCOS DE JESUS GONÇALVES RIBEIRO

APRESENTAÇÃO TEÓRICA DO FUNCIONAMENTO DE UM REGULADOR DE


TENSÃO COM DIODO ZENER

BELÉM - PA
2021
APRESENTAÇÃO TEÓRICA DO FUNCIONAMENTO DE UM REGULADOR DE
TENSÃO COM DIODO ZENER

RESUMO

Este pré-projeto tem como objetivo apresentar os fundamentos teóricos por


trás dos semicondutores, dando atenção ao diodo zener, um tipo especial de diodo
utilizado na eletrônica. Após a fundamentação, busca-se esquematizar o
funcionamento de um regulador de tensão utilizando o diodo zener.

1. INTRODUÇÃO

Este projeto tem como finalidade a 2ª nota para a avaliação bimestral de


Tecnologia dos Materiais Elétricos, ministrada pelo professor Dr. Daniel Palheta.
Sua elaboração busca associar a matéria ao curso de Engenharia de Controle e
Automação, aproximando a teoria da prática.
O assunto relacionado aos semicondutores é de extrema relevância, pois
eles são base para toda a eletrônica. Neste artigo busca-se apenas embasar
teoricamente o funcionamento de um Regulador de Tensão com Diodo Zener,
usando uma resolução de problema para melhor compreensão.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Semicondutores

Um semicondutor é um material com propriedades elétricas entre um


condutor e um isolante. Mais precisamente, para o material ter características
semicondutoras, ele deve apresentar uma banda de condução vazia a 𝑇=0 e uma
banda de valência cheia, separadas por um gap de energia 𝐸𝑔 < 2 𝑒𝑉. Devido ao

gap relativamente pequeno, o número de elétrons na banda de condução, em

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temperatura ambiente, é maior que a de um isolante e menor que a um metal
condutor, logo, o material adquire uma condutividade intermediária.
O Germânio e o Silício são os dois principais semicondutores, sendo o
silício o mais utilizado na eletrônica. Ambos formam estruturas cristalinas quando
agrupados, compartilhando seus elétrons na camada de valência com átomos
adjacentes.

Figura 1 - Semicondutor Puro e suas bandas de energia


Fonte: Malvino, Albert. Pagina 45

2.2 Semicondutores intrínsecos e extrínsecos

Um semicondutor pode ser uma substância pura ou dopada (com impurezas


propositais). Um cristal de germânio ou silício é intrínseco se houver apenas
átomos desta mesma substância em sua composição. Se esse cristal tiver
impurezas colocadas pelo processo de dopagem, ele é caracterizado como
semicondutor extrínseco.
A concentração de elétrons na banda de condução de um semicondutor
puro é extremamente dependente de sua temperatura, sendo essa uma
desvantagem no uso desses elementos. No entanto, após passarem pelo processo
de dopagem, a condutividade do semicondutor é drasticamente alterada,
possibilitando maior estabilidade em seu uso.

2.3 Semicondutores Tipo P e Tipo N

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Quando um semicondutor é dopado, ele pode ser dividido em dois tipos:
Tipo P e Tipo N. Ao adicionar-se átomos trivalentes(que possuem apenas três
elétrons de valência) no material semicondutor, as impurezas fazem com que o
número de lacunas exceda o número de elétrons livres, deixando o material
carregado positivamente. O resultado desta dopagem é o semicondutor tipo P.
Se o material for dopado com átomos pentavalentes(que possuem cinco
elétrons de valência) as impurezas fazem com que o número de elétrons livres
exceda o número de lacunas, fazendo o material adquirir carga negativa,
caracterizando um semicondutor tipo N.

Figura 2 - Semicondutor tipo N e tipo P, respectivamente


Fonte: Malvino, Albert. Pagina 37, 38

Em um material semicondutor, chama-se de portadores majoritários os


portadores de carga(elétrons livres ou lacunas) que estão em maior número, e, em
contraponto, chama-se de portadores minoritários os que estão em menor número.
Nos dois casos, tipo P e tipo N, o funcionamento é parecido. Os portadores
majoritários “empurram” os minoritários para o lado, criando dois fluxos, um de
lacunas e o outro de elétrons livres.

2.3 Junção PN

Quando dois semicondutores, tipo P e tipo N, feitos do mesmo material,


como o silício, por exemplo, são postos um ao lado do outro separados apenas por
uma fina camada de transição, chamada de camada de depleção, forma-se uma
Junção PN. Esta camada é vazia de portadores de cargas, pois nesta região existe
a formação de dipolos a partir da combinação dos elétrons livres com as lacunas,
dando origem a uma barreira de potencial.

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2.4 Diodo de Junção

A palavra diodo é uma contração de “dois eletrodos”, onde “di” significa


“dois”. Este termo faz referência aos pólos de uma junção PN que forma o diodo.
Sua característica principal é a baixa resistência em um sentido da corrente,
chamado de sentido direto, e alta resistência no sentido contrário, chamado de
sentido inverso.
Um diodo de junção só conduz corrente relevante quando a tensão em seus
terminais for igual ou maior a barreira de potencial do mesmo. Este valor é
relativamente pequeno e varia de acordo com o cristal utilizado(geralmente 0,7 V
para o silício e 0,3 V para o germânio).

Figura 3 - Curva de um Diodo de Junção


Fonte: Malvino, Albert. Página 59

2.5 Diodo Zener

Otimizado pelo fabricante para operar na região de ruptura, o diodo Zener é


o principal elemento dos reguladores de tensão. Tais quais são circuitos que
mantêm a tensão na carga quase constante, independentemente da alta variação
na linha de tensão e na resistência da carga.

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Figura 4 - Representação (ou simbologia) de um Diodo Zener.
Fonte: Autoria própria.

Ao usar o diodo Zener, deve-se levar em consideração que:

● A tensão da regulagem do diodo Zener é a que permanecerá constante


durante o tempo em que o diodo estiver operando.
● O diodo só será capaz de operar corretamente (como regulador de tensão)
se houver a corrente mínima.
● Deve-se utilizar apenas até o nível de corrente que o diodo Zener é capaz
de suportar. Caso contrário, irá danificar o componente.

Figura 5 - Encapsulamento de um diodo Zener 1N4733A

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2.5.1 Resistência Zener

Na região de ruptura a tensão reversa no diodo é igual à tensão de ruptura


mais a queda de tensão adicional da resistência do corpo. Na região reversa,
refere-se a tal resistência como resistência Zener. Essa resistência, por sua vez,
é igual ao inverso da inclinação na região de ruptura. Ou seja, quanto mais vertical
a região de ruptura menor a resistência Zener.

2.5.2 Diodo Zener ideal

Para uma análise preliminar e para verificar defeitos, pode-se aproximar a


região de ruptura como uma reta. Dessa forma, a tensão é constante, mesmo que
a corrente sofra variações, o que equivale a desprezar a resistência do Zener.
O diodo Zener pode operar na região de ruptura idealmente como uma
bateria. Em um circuito, isso significa que pode-se substituir mentalmente um diodo
Zener por uma fonte de tensão Vz, sob a condição de que o diodo opere na região
de ruptura.

3. Regulador de tensão com diodo Zener

Para confeccionar um regulador de tensão, utiliza-se um diodo zener em


paralelo com a carga. Sua função é manter a diferença de potencial elétrico
constante na carga, sendo sua corrente variável. Ele é utilizado quando há
inconstâncias na tensão da fonte dentro de uma faixa de operação.

Figura 6 - Regulador Zener com carga


Fonte: Malvino, Albert. Pagina 145

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De modo ideal, a tensão na carga (𝑉𝐿) é igual a tensão no diodo zener (𝑉𝑍) ,

mas é importante ressaltar que o zener estabiliza apenas a tensão, por isso ele é
empregado apenas em casos específicos onde a corrente tem uma faixa de
operação considerável.
Para o zener operar devidamente, a tensão na parte do circuito onde ele é
colocado tem que ser maior que a tensão de ruptura pré estabelecida. Para
verificar essa relação, basta aplicar o equivalente Thevenin:

𝑅𝐿
𝑉𝑇𝐻 = 𝑅𝑆+𝑅𝐿
𝑉𝑆

Se 𝑉𝑇𝐻 for maior que a tensão de ruptura, então se estabelece a corrente

pelo diodo, sendo mantida a tensão de ruptura. Já a corrente do resistor em série é


dada por:
𝑉𝑆−𝑉𝑍
𝐼𝑆 = 𝑅𝑆

Sabendo da relação 𝑉𝐿 = 𝑉𝑍 , é possível usar a lei de Ohm para estabelecer

a corrente na carga:
𝑉𝐿
𝐼𝐿 = 𝑅𝐿

A corrente no Zener não é igual a corrente na carga. Isso pode ser provado
analisando o nó entre os três componentes pela lei de Kirchhoff para corrente.
Logo, temos que:

𝐼𝑍 = 𝐼𝑆 − 𝐼𝐿

A equação acima informa que a corrente vinda do resistor em série se divide


entre o Zener e a carga e a partir destas relações é possível analisar um regulador
de tensão com diodo Zener com facilidade.
Para a elucidação do funcionamento do regulador de tensão, um exemplo
numérico é dado abaixo:

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Figura 7 - Regulador Zener com valores
Fonte: Malvino, Albert. Pagina 184

A primeira análise sugerida é medir a tensão de Thévenin no diodo, a fim de


verificar se ele está operando em sua região de ruptura, que no caso é 15 V.

1,5𝑘Ω
𝑉𝑇𝐻 = 470Ω+1,5𝑘Ω
(24𝑉) = 18, 27𝑉

Como a tensão encontrada é maior que a tensão de ruptura do Zener, o


diodo opera com uma tensão menor, de 15 V, e a tensão na carga é a mesma que
no Zener.

𝑉𝐿 = 𝑉𝑍 = 15 𝑉

Para completar a análise, basta achar a corrente no resistor em série, a


corrente de carga e, por fim, a corrente no Zener.

𝑉𝑆−𝑉𝑍 24𝑉−15𝑉
𝐼𝑆 = 𝑅𝑆
= 470Ω
= 19, 15 𝑚𝑉

𝑉𝐿 15𝑉
𝐼𝐿 = 𝑅𝐿
= 1,5𝑘Ω
= 10 𝑚𝑉

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𝐼𝑍 = 𝐼𝑆 − 𝐼𝐿 = 19, 15 𝑚𝑉 − 10 𝑚𝑉 = 9, 15 𝑚𝑉

4. REFERÊNCIAS

MALVINO, Albert. Eletrônica. 8.ed. v.1. Porto Alegre: AMGH, 2016.

REZENDE, Sérgio M. Materiais e dispositivos eletrônicos. 2.ed, São Paulo: Editora


Livraria da Física, 2004.

DIODO Zener, funcionamento e aplicações!. Mundo da Elétrica, 2021. Disponível em:


https://www.mundodaeletrica.com.br/diodo-zener-funcionamento-e-aplicacoes/ . Acesso
em: 28 de dez. de 2021.

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