Você está na página 1de 159

CINCO PRINCÍPIOS

PARA MOBILIZAR
SUA COMUNIDADE

IGREJA
e sua Igreja desapareces»,

Entre os membros da igreja de uma


do mundo que ouviram essa pergunta, 75% r
‫״‬Eles nem sabem que estamos aqui.

É isso que acontece quando as pessoas enxergam o


evangeüsmo como algo que somente pastores e ot
bíblicos fazem. A igreja só começa a prosperar quando
cremos que a missão é um estilo de vida.

As igrejas que crescem têm foco no discipulado. Reconhecem


que fazer discípulos é o evangelismo do Novo Testamento.

Igreja Viva foi escrito para encorajar e capacitar membros


e líderes a colocar em prática com êxito a visão e a missão
de Cristo em sua comunidade local. Pelo poder do Espírito,
pessoas comuns como você e eu podem fazer coisas
extraordinárias para Deus.

S. Joseph Kidder atua no ministério pastoral há mais de 30 anos.


Sua paixão é ajudar as pessoas a viver uma experiência
vibrante, contínua e autêntica na caminhada com Deus.
Ele e sua esposa, Denise, têm dois filhos, Jason e Stephanie.

Í cp
S. joseph Kidder é doutor em
Ministério pela Universidade
Andrews. Exerceu a função de
coordenador de Evangelismo
e Crescimento de Igreja nesse
mesmo programa (DMin) até
2011. Atualmente é professor
de Teologia na Andrews.

Antes de lecionar, Kidder atuou


como pastor de igrejas. Ele está
envolvido em um ministério bem-
sucedido ao longo dos últimos
35 anos. Tem viajado pelo mundo
palestrando sobre discipulado,
oração e crescimento de igreja.
É autor do livro Adoração
Autêntica, lançado pela CPB.
fôlego pode estar indo embora.
Por isso, é fundamental que o corpo
de Cristo esteja constantemente
ativo, respirando o ar puro da
missão. Fundada por jesús, a igreja
existe para proclamar ao mundo
o evangelho eterno.

Igreja Viva equilibra teoria e


prática na abordagem do tema
do cumprimento da missão.
Fundamentado em pesquisas,
literatura e em sua experiência
pastoral, S. joseph Kidder trabalha
princípios e valores para mover
a igreja na busca aos perdidos.
O autor destaca a importância
da espiritualidade bíblica na
comunidade de fé, a atuação
de uma liderança com senso de
missão, a presença de uma cultura
evangelística, adoração inspiradora,
pregação poderosa e 0 desejo de
plantar novas igrejas.
S. J O S E P H K ID D E R
Título original em inglês:
M o v in g y o u r C h u r c h

Copyright © da edição cm ingles: Pacific Press, Nampa, ELIA.

Direitos de tradução e publicação em


lingua portuguesa reserrados para a
C asa P ublicado ka B rasileira
Rodovia SP 12" - km 106
Caixa Postal Μ
182"0-9'70 ■- Tatuí, SP
Tel.: (15) 3205-8800 - WhatsApp: (15) 98100-5073
Atendimento ao cliente: (15) 3 2 0 5 8 8 8 8 ‫־‬
Ligação gratuita: 1)800-9^90606
E-mail: livros(!?cpb.com.br
Site: www.cpb.com.br

Ia edição
2021

Coordenação Editorial: Diogo Cavalcanti


Editoração: Vinícius Mendes
Revisão: Jessica Manfrim e Anne Li2ie Hirle
Editor de Arte: Thiago Lobo
Projeto Gráfico: André Rodrigues
Capa: Marcos Santos
Foto da Capa: Mari ia Korneeva : Adobe Stock

IMPRESSO N O BRASIL ; Printed in Brazil

Dados internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Kidder, S. Joseph
Igreja viva : cinco princípios para inubili/ar
sua com unidadeS. Joseph Kidder ; tradução Cecília
Eller Nascimento. · ■Tatuí. SP : Casa Publicadora
Brasileira, 2020.

Título original: Moving your church


ISBN 9 7 8 - 6 5 - 8 ( 1 -63-3<‫ י‬3‫ל‬

1. Crescimento da Jgreja 2. Teologia pastoral


I. Título.

20-4" 528 CDD-253

índices para catálogo sistemático:


1. Teologia pastoral: Cristianismo 253
Cibele Maria Dias - Bibliotecária ‫ ־‬CRB-8942 ‫"׳‬

Os textos bíblicos citados neste livro foram, extraídos da versão


Almeida Revista e Atualizada, 2a edição, salvo outra indicação.

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial,


por quaisquer meios, sejam impressos, eletrônicos, fotográficos on
::‫ זהו‬se paccRAr* ‫*כ‬ sonoros, entre outros, sem prévia autorização por e:mto da editora.
Tipologia: Warnoek Fro 1.1£Í1r SuMu-sd, 10,8.13." - 16.V5 432 ’ Ç)
Dedicatória
Para minha esposa, Denise, e para meus filhos, Jason e
Stephanie, minhas alegrias.

Agradecimento
Sou muito grato à minha eficiente assistente de pesquisa,
Kristy Hodson, que leu todo o manuscrito e contribuiu com idéias
valiosas para aperfeiçoá-lo.
5umário
Introdução: Sua Igreja Tem Propósito? ........................................... 7

Seção 1: Liderança Eficiente e Eficaz............................................... 9


Capítulo 1 - As Cinco Qualidades Essenciais
dos Líderes Altamente Eficazes .............................. 10
Capítulo 2 - Os Relacionamentos São o Mais Importante ........ 21

Seção 2: Crescimento da Família da Fé .........................................25


Capítulo 3 - Idéias de Igrejas que Crescem Rapidam ente....... 26
Capítulo 4 - Como Criar uma Cultura Evangelística ............... 36
Capítulo 5 - Como Jesus Alcançava os Sem-Igreja .....................53
Capítulo 6 - Evangelismo Pela A m izade...................................... 64
Capítulo 7 - Vendo 0 que Deus Vê ...............................................72

Seção 3: Adoração Inspiradora ....................................................... 78


Capítulo 8 - Doze Maneiras de Melhorar
os Cultos de Adoração em Sua Igreja .................... 79
Capítulo 9 - Educação Para Adorar .............................................. 91

Seção 4: Pregação Envolvente e Transformadora .........................98


Capítulo 10 - As Vinte Melhores Maneiras
de Aperfeiçoar Suas Pregações —Parte 1 ............. 99
Capítulo 11 - As Vinte Melhores Maneiras
de Aperfeiçoar Suas Pregações - Parte 2 ............ 105
Capítulo 12 - Planejamento Anual de Sermões ......................... 115

Seção 5: Plantio de Igrejas ............................................................. 123


Capítulo 13 - Lições Aprendidas com o Plantio de Igrejas ..... 124
Capítulo 14 - De Obstáculos a Oportunidades .......................... 139

Conclusão: Seus Melhores Dias Ainda Estão por Vir 151


introdução

5ua Igreja
Tem Propósito?
\ \1 lós, porem, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo
V
de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as
virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilho-
sa luz; vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de
Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcanças-
tes misericórdia” (lPe 2:9, 10).

“A igreja é o instrumento apontado por Deus para a salvação dos


homens. Foi organizada para servir, e sua missão é levar o evangelho
ao mundo. Desde o princípio tem sido plano de Deus que através de
Sua igreja seja refletida para o mundo Sua plenitude e suficiência.
Aos membros da igreja, a quem Ele chamou das trevas para Sua
maravilhosa luz, compete manifestar Sua glória. A igreja é a deposi-
tária das riquezas da graça de Cristo; e pela igreja será a seu tempo
manifesta, mesmo aos ‘principados e potestades nos Céus’ (Ef 3:10),
a final e ampla demonstração do amor de Deus” (Ellen White).1

Eu estava realizando um seminário para capacitação de mem-


bros leigos, quando alguém perguntou: “Qual é o propósito da
igreja?” Perguntei aos participantes o que eles achavam. Recebi
diversas respostas: “A igreja existe para proclamar as três mensa-
gens angélicas”, “para pregar a verdade”, “para atender às minhas
necessidades e às de minha família”, “para formar uma comunida-
de” e “para espalhar o evangelho e ensinar sobre Jesus”.
Enquanto refletia sobre a pergunta, lembrei o que Jesus disse
sobre ter vindo à Terra a fim de “buscar e salvar o perdido” (Lc 19:10).
Mateus nos conta que, pouco antes de partir, Cristo revelou a parte

7
Igreja Viva

que Seus seguidores deveríam desempenhar na missão: ‘4Ide, portanto,


fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do
Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que
vos tenho ordenado” (Mt 28:19, 20). Tenho a convicção de que esse é
0 propósito da igreja. Aqueles que afirmam ser discípulos de Jesus
hoje estão aqui para cumprir Sua missão de buscar e salvar o perdido.
Cumprimos essa missão por meio de quatro atividades da igreja:
evangelismo, adoração, pregação e plantio de igrejas. A maioria das
igrejas faz algumas dessas coisas, mas muitas passam pouco tempo
pensando em por que as fazem e como realizá-las da maneira mais
produtiva possível? É responsabilidade dos líderes da igreja edificar,
capacitar e treinar os membros para realizar essas tarefas,^
Todos os segmentos da sociedade deveríam pulsar a partir da
vida cristã: cheios de grupos de cristãos comprometidos, que amam,
servem, oram, crescem e alcançam as pessoas juntos. Quando a igre-
ja funciona bem, personifica a esperança do mundo, movida por um
espírito de amor e aceitação. Quando as igrejas locais se concentram
no cumprimento da grande comissão, tornam-se fontes de vida.
A mensagem da Bíblia se dirige a toda a humanidade. A revelação
de Deus por meio de Cristo continua a ser relevante hoje. O Espírito
Santo ilum ina a mente, das pessoas em todos os lugares e em todas
as culturas. Ele nos chama das trevas para a luz (lPe 2:9). Unge os
cristãos, confere poder à igreja e abranda 0 coração daqueles que
estão sendo alcançados com o evangelho. Deus ordena que todos os
cristãos trabalhem junto com o Espírito Santo, com 0 propósito de
mostrar Seu amor salvadore perdãoj3ara todos os Seus filhos.
Os capítulos que você está prestes a ler são apropriados para todos
da igreja: pastores, líderes e membros. São para você porque Deus o
chama para uma missão e tem um lugar para você em Seu povo. Este
livro empolgará seu coração com histórias inspiradoras e métodos de
evangelismo comprovadamente eficazes. Ele 0 desafiará a se envolver
em alguma forma de ministério a fim de fazer a diferença em sua
comunidade. Pelo poder do Espírito, pessoas comuns como você e eu
podem fazer coisas extraordinárias para Deus.
Referências
1 E:'en G. White, Afos dos Apóstolos (Tatu!, SP: Casa Pubxadora Brasileira, 2014), p, 9.
SEÇÃO 1

Liderança
Eficiente e Eficaz
oda igreja necessita da estrutura que uma liderança forte pro-
T porciona. (Quando me refiro a líderes, não tenho em mente
apenas os pastores, mas também os diretores de departamentos e
quaisquer outros membros com a capacidade de reunir um grupo
de pessoas e dirigir suas atividades.) A fím de ser eficazes, esses
líderes sempre devem procurar maneiras de aperfeiçoar as capaci-
dades que o Senhor lhes concedeu. Para mostrar aos outros o amor
de Deus e ser capazes de falar sobre Seu poder salvador, eles preci-
sam conseguir se conectar com o Senhor e com a comunidade à
qual pertencem. Por exemplo, os anciãos devem exercer seu minis-
tério visitando os lares e os hospitais. Os professores da Escola
Sabatina exercem influência ao dar início a debates, promovendo o
pensamento crítico entre os membros.
O capítulo 1 se concentra nas cinco qualidades pessoais que os
líderes possuem, as quais ajudam a igreja a se tornar eficaz e sau-
dável: paixão por uma conexão contínua com Deus, habilidade de
comunicar o evangelho, capacidade de disseminar um a visão com
sucesso, competência para ocasionar mudanças, carisma e hábil ida-
de que os capacite a liderar e influenciar os outros.
O capítulo 2 fala sobre como os líderes podem desenvolver
relacionamentos saudáveis com os membros da igreja. Dedica aten-
ção especial na atitude de amar as pessoas, expressar esse amor,
orar por aqueles que se encontram em sua esfera de influência e
cuidar deles.

9
C apítulo 1

A5 Cinco Qualidades
Essenciais dos Líderes
Altamente Eficazes
“E de coração íntegro Davi os pastoreou; com mãos experientes
os conduziu" (Sl 78:72, NVI).

á muitos livros excelentes sobre os temas de liderança, admi-


μnistração e gerenciamento. Minha intenção aqui é analisar
cinco qualidades essenciais dos líderes e pastores eficazes. Essas
características foram reunidas com base em entrevistas com 92
pastores. Dentre eles, 23 cuidavam de igrejas saudáveis, em cresci-
mento1, ao passo que 69 tinham igrejas estagnadas ou decrescendo.
Um líder cristão eficaz - remunerado ou voluntário —é alguém
guiado pelo Espírito, ungido por Deus e bem-sucedido na lideran-
ça de sua igreja, conduzindo-a à saúde e ao crescimento por meio
de uma visão envolvente que capacita a igreja a realizar coisas gran-
des para Deus. Conseguimos identificar algumas características em
comum nos pastores que lideram igrejas saudáveis em crescimen-
to. Embora cada uma das qualidades seja importante, é sua força
coletiva que faz a diferença na liderança.

1. Pastores eficazes são apaixonados


por manter uma conexão contínua com Deus
Nossas entrevistas demonstraram que a liderança pastoral efi-
caz é ancorada no fundamento de um relacionamento pessoal com
Jesus Cristo, mantido dia após dia. Esses pastores continuam a
desenvolver intimidade intensa e significativa com Jesus. Um deles

10
As Cinco Q ualidades Essenciais dos Líderes A ltam ente Eficazes

disse: “Sinto 0 desejo de aquecer o coração com o fogo doce do


Espírito antes de me envolver no restante das atividades do dia.”
Outro insistiu: “Necessito sentir a forte presença de Deus em
minha vida, a fim de que possa influenciar os outros para Jesus.”
Quando foi perguntado aos pastores eficazes quanto tempo pas-
sam com Deus todos os dias, eles responderam que investem cerca
de uma hora na oração, leitura da Bíblia, em cânticos e adoração.
Além disso, muitos deles dedicam mais uma hora para orar por
suas igrejas, membros, comunidades e famílias. Esses pastores bus-
cam outras práticas espirituais (jejum regular, retiros espirituais,
diários de oração e estudo da Bíblia, culto familiar, etc. ) e se envoi-
vem com outros em grupos de prestação de contas (companheiros
dc oração, pequenos grupos, etc.). Buscam fervorosamente crescer
no relacionamento com Cristo e inspiram suas congregações a
fazer o mesmo. Sentem que não conseguiríam conduzir as pessoas
à Fonte da vida sem antes beber dela todos os dias.
Em contrapartida, descobrimos que os pastores de igrejas em
declínio passam menos de meia hora çopaJDeus pqr_dia. Sentem
que as responsabilidades do trabalho tornam necessário lim itar o
tempo_com Deus. Dizem que pastorear requer trabalho duro e
boa adm inistração:^
E pouco provável que os membros da igreja tenham problemas
com um pastor com as habilidades apropriadas e uma experiência
rica. No entanto, embora habilidade e experiência sejam importantes
e não devam ser menosprezadas, ser cheio do Espírito e conduzido
pelo Espírito se demonstraram ser fatores mais significativos para
uma liderança pastoral eficaz. Pastores de sucesso são espiritualmen-
te autênticos. Reconhecem que seuj^oder.não vem. dajprópria perso-
nalidade ou de dons pessoais, mas, sim, do Deus que os chamou.
As igrejas em crescimento são muito fortes espiritualmente.
Vemos essa espiritualidade na liderança, organização e no poder
motivador do pastor que segue o princípio bíblico de demonstrar
verdadeira preocupação espiritual pelos outros. “Cuidem de vocês
mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colo-
cou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, que ele com-
prou com o Seu próprio sangue” (At 20:28, NVI). Não dá para os

11
igreja Viva

líderes cuidarem dos outros sem antes cuidar de si mesmos.


O pastor só é capaz de liderar outras pessoas nas coisas espirituais
na proporção da própria compreensão c experiência.

2. Pastores eficazes sabem


como apresentar o evangeího com sucesso
O primeiro reconhecimento da capacidade de um pastor por
parte dos membros e interessados vem mediante a comunicação
que ele faz nas pregações. Percebemos que os pastores eficazes pas-
sam no mínimo 12 horas por semana preparando sermões, ao passo
que os pastores menos eficazes gastam menos de cinco horas por
semana na composição de seus sermões. Por mais importante que
seja o tempo gasto no preparo do sermão, outros fatores são igual-
mente relevantes para uma boa pregação. Eles incluem: conhecer
as necessidades e as lutas que os ouvintes estão enfrentando, con-
seguir tocar o coração e saber como extrair novos insights da Bíblia.
As entrevistas sugerem que pregações inspiradoras produzem uma
atmosfera vibrante e empolgante, m antêm os membros alimenta-
dos e os motivam a convidar amigos para o culto. Ouvimos as
seguintes frases de membros de igrejas em crescimento:
* ❖ “Eu amo meu pastor! Ele faz a Bíblia ganhar vida.”
❖ “É interessante ouvi-lo pregar, mas, ao mesmo tempo, muito
profundo.”
❖ “Ele passa bastante tempo em oração, estudo e preparo.”
❖ “Ele me conduz a um relacionamento melhor com Deus.”
❖ “Sinto-me alimentado espiritualmente.”
“Sinto necessidade de mudança quando estou no culto.”
Para alguns pastores, comunicar-se bem é algo natural, mas
todos podem aperfeiçoar suas habilidades ao cultivá-las. Os pasto-
res de igrejas prósperas passam no mínimo uma hora a cada dia
lendo e ensaiam a apresentação do sermão duas ou três vezes antes
de pregá-lo. Também se reúnem com pessoas criativas que os aju-
dam a criar sermões melhores e para explorar as diferentes manci-
ras de partilhar o evangelho. Tanto membros quanto pastores
eficazes concordam que aproximadamente 30 minutos é uma dura-
ção excelente para sermões que atraem a atenção das pessoas.

12
As C inco Q ualidades Fssenciais dos Líderes A ltam ente Eficazes

Perguntamos aos pastores quais são as qualidades nos sermões


que prendem a atenção das pessoas. Eles responderam:
❖ Sermões que ensinam algo novo. Sermões que dão novos
insights do texto bíblico ou que mostram a atuação de Deus
no mundo contemporâneo.
❖ Sermões que empolguem o coração com o evangelho e com
esperança.
❖ Sermões que maravilhem os ouvintes com a grandeza e
majestade de Deus.
❖ Sermões que inspirem o público a fazer algo para Deus e para
os outros.
❖ Sermões que conectem as pessoas com Deus e as ajudem a
viver em santidade e a servir ao Senhor no mundo.
Os membros da igreja também falaram o que gostariam de
dizer a seus pastores:
❖ Pregue com base em sua jornada pessoal, para que suas men-
sagens sejam genuínas. Sempre reflita em como o texto e
Deus influenciaram sua vida.
❖ Seja exemplo de uma pessoa profundamente espiritual.
❖ Ore mais.
❖ Reconheça o poder de seus atos, daquilo que você faz.
❖ Dedique 100% de seu esforço.
❖ Não negligencie sua família.
❖ Sonde suas motivações.
❖ Pesquise.
*‫־‬Apresente uma mensagem clara, simples e interessante,
concentrando-se em apenas uma ação sugerida e um benefício.
❖ Demonstre senso de humor, mas não exagere se esforçando
demais para ser engraçado.
❖ Fale de uma maneira que todos consigam entender.
❖ Nunca desista. Você faz sim a diferença!
Por fim, há cinco regras que extraímos das entrevistas e da prá-
tica de bons comunicadores:
Regra 1. Pregue com paixão e convicção. Acredite profunda-
mente em tudo aquilo que está pregando.
Regra 2. Pregue para duas pessoas: aquela para quem está

13
Igreja Viva

falando pela primeira vez e aquela que o está ouvindo pela última
vez. Ao pregar para a primeira, você tornará a mensagem acessível
aos interessados, usando termos e vocabulário que não cristãos e
cristãos nominais consigam entender e com os quais sejam capazes
de se identificar. E ao pregar para a segunda, seu sermão se enche-
rá de um necessário senso de urgência.
Regra 3. Pregue sermões bíblicos relevantes. Alguns sermões
são bíblicos, mas irrelevantes para a vida atual. A combinação des-
ses dois elementos é a essência da pregação eficaz.
Regra 4. Pregue sermões simples, mas, ao m esmo tempo, desa-
fiadores1Torne o sermão tão simples que todos consigam. entender,
mas desafiador o bastante para motivar as pessoas à ação.
Regra 5. Pense do ponto de vista do ouvinte. Um pastor bem
conhecido por sua oratória me contou que ele pensa não como um
teólogo, mas sim a partir do ponto de vista do funcionário de
um posto de gasolina que vai à igreja por curiosidade, ou da espo-
sa que vai à igreja sozinha ou do homem que se sente tentado a
fazer concessões de seus princípios no trabalho. Um pastor eficaz
disse: “Sempre penso na necessidade que eles têm, nas palavras de
esperança e conforto que lhes dou da parte do Senhor.‫״‬

3. Pastores eficazes disseminam a visão com sucesso


Os pastores não pregam apenas para informar, mas também
comunicam, de maneira consistente, a visão para a igreja de uma
forma simples, holística e cativante. Certo pastor disse que o indiví-
duo com uma visão envolvente “crê que os melhores dias ainda estão
à nossa frente e que Deus é capaz de operar atos notáveis em nosso
meio‫״‬. Todo pastor eficaz que entrevistamos tinha uma visão clara
para sua igreja e sabia exatamente como eonduzi-la de onde ela se
encontrava para onde Deus gostaria que estivesse. Eles prontamente
orientam a igreja nesse processo, mas reconhecem que é responsa-
bilidade de todo o corpo de Cristo colocar a visão em prática.
Observei que, em muitas das igrejas em crescimento, a visão era
disseminada todo sábado por meio de histórias interessantes, metá-
foras bíblicas, slogans, cartazes, músicas, encenações e assim por
diante. Um pastor chamou esse processo de “redundância criativa”.

14
As Cinco Q ualidades Essenciais dos Líderes A ltam ente Eficazes

Ficou bem claro para mim que todos conheciam a visão e estavam
empolgados não só em aceitá-la, mas também em vivê-la.
Quando entrevistamos os membros sobre a visão de sua igreja,
eles a articularam e depois afirmaram: “Temos uma ótima visão
em nossa igreja e todos sabem qual ela é.” Em uma congregação em
crescimento, perguntei a uma menina de dez anos de idade se ela
sabia qual era a visão de sua igreja, ao que ela me respondeu de
imediato: “A visão de nossa igreja é salvar o mundo.” Não há eres-
cimento de igreja sem uma visão envolvente.
Estas foram algumas declarações da visão de igrejas adventistas
do sétimo dia em crescimento que encontrei:
“Amar a Deus, amar os outros e servir o mundo.”
“Ter paixão pelo amor de Deus aos perdidos e ser ativo 110
ministério local e global.”
“Conectar as pessoas com o Pai.”
“Envolver ativamente todas as pessoas no ministério e testemunho.”
“Compartilhar juntos o Cristo que Se importa.”
“Buscar os perdidos com paixão e amar uns aos outros porque
Deus nos amou.”
Em contrapartida, poucos pastores e membros das igrejas estag-
nadas ou em declínio conheciam a missão ou visão de sua igreja.
Em uma entrevista, perguntei ao primeiro-aneião se ele sabia qual
era a visão de sua igreja. A resposta que recebi foi:
- Não, mas, se você quiser, posso consegui-la para você.
Então eu disse:
- Bem, então só me diga quais são as idéias principais.
- Não sei fazer isso assim de cabeça - confessou ele.
A visão não precisa ser perfeita, mas necessita ser clara. Observamos
três elementos importantes para disseminar a visão de maneira eficaz.
Primeiro, o líder era confiante acerca da visão, crendo que é verdadeira
com base em sua percepção da visão divina. Essa confiança se íundamen-
ta na oração, no estudo da Bíblia e em reflexão profunda sobre a condição
c a história da igreja e de sua comunidade. Segundo, a visão é transmiti-^
da com paixão e inspiração. Terceiro, ela é simples e memorável.
■4·Pastores eficazes comunicam o evangelho e a visão da igreja
com sucesso, de maneiras inspiradoras.-¡¡ç‫־‬

‫ו‬5
Igreja Viva

4. Pastores eficazes provocam mudanças


Os líderes com essa competência criam um ambiente propício
para mudanças, conduzem o processo de forma bem-sucedida e
ancoram a mudança na cultura da congregação. Descobrimos que
muitas das igrejas em crescimento que estudamos passaram por
um período de doença. Algumas se encontravam tão doentes que
estavam a ponto de morrer, mas Deus usou um líder e as circuns-
tâncias para reavivá-las.
Os líderes abertos a mudanças praticam o pensamento crítico.
Não são indivíduos que apenas refletem as idéias, os planos, os
programas e as \Tisões de outras pessoas. Talvez por falta de tempo
ou habilidades, muitos pastores não pensam de maneira crítica. No
esforço para fazer as igrejas crescerem, copiam modelos existentes
e gastam suas energias na promoção de programas. A missão das
igrejas que essas pessoas lideram se torna a realização de progra-
mas, em lugar da salvação de almas. Avaliar a situação, fazer per-
guntas críticas e reflexivas a fim de encontrar soluções que
satisfaçam as necessidades urgentes de nossa época estão no cerne
da liderança. Os líderes espirituais fazem três perguntas básicas:
❖ Onde Deus está atuando? (Querem saber para ir se unir a Ele lá.)
❖ Como podemos ser mais eficientes no que fazemos?
❖ O que fazemos que não funciona mais?
Os pastores necessitam ter coragem de dar fim a atividades que
não são mais eficazes ou de mudar o propósito de uma atividade
para que ela volte a ter sentido. O pensamento crítico os ajudará a
levar suas igrejas da estagnação à criatividade e inovação.
j ‘Nã0jexijrte erç de igreja sem
mudança significativa.” Em uma era na qual a consciência da mis-
são se perdeu na igreja, é essencial que o pastor seja capaz de lide-
rar a congregação a fim de que ela se torne uma “estação
missionária”. Nossas entrevistas revelaram que os pastores de igre-
jas em crescimento ajudam seus membros a reassumir o papel de
trazer pessoas para a fé em Cristo. Eles enfatizam uma causa dada
por Deus que energiza a congregação e mantém a união ao longo
da mudança. O modelo delas não apresenta o pastor como o único
evangelista. Em vez disso, seu papel consiste em exemplificar o
16
As Cinco Q ualidades Essenciais dos Líderes A lta m e n te Eficazes

evangelismo aos membros e capacitá-los para que se tom em evan-


gelistas também.
Mudar um a igreja é m uito difícil. Causa dor, críticas e desa-
fios. Mas os líderes que perseveram acabam colhendo resulta-
dos extraordinários.

* 5. Pastores eficazes têm a habilidade


de liderar e influenciar os outros
Os pastores eficazes conseguem liderar e influenciar outras
pessoas porque têm paixão por Deus e pelos outros, falando sobre
isso com empolgação e entusiasmo. Em nossas entrevistas com
pastores de igrejas dinâmicas, não levou mais de cinco minutos
para perceber a paixão deles por Deus, pelas pessoas, pelo evan-
gelismo. Isso é contagiante. Líderes dinâmicos têm fortes convic-
ções acerca do que fazem, mas a liderança vai além de ter
convicção. É necessário ter a capacidade de inspirar os outros
com essas convicções.
Os pastores eficazes conseguem liderar e influenciar os outros
das seguintes maneiras: identificam, desenvolvem c apoiam líderes
leigos. A igreja primitiva era um movimento liderado principal-
mente por leigos. Os pastores de hoje que seguem esse modelo se
baseiam fortemente no ministério subentendido pelo “sacerdócio
de todos os crentes”. Certo pastor comentou: “Precisamos aprender
a delegar. Necessitamos de orar para que 0 Senhor da colheita traga
pessoas que nos ajudem nesta e em outras responsabilidades.
É impossível para nós fazer tudo sozinhos” (ver Mt 9:35-38). Além
dos leigos ajudarem a buscar os perdidos, eles também colherão na
própria vida os benefícios de uma caminhada mais íntima com
Deus e do amor renovado por Seus filhos.
Algo muito in teressante em nossa pesquisa foi a descoberta
de que os pastores de_igrejas em crescimento trabalham por
cerca de 45 horas por semana, ao passo que aqueles em igrejas
estagna^das ou em decréscimo trabalham de 50 a 60 horas por
semana.2 Os pastores eficazes dedicam 45 horas de maneira
intencional, aproveitando cada oportunidade para mobilizar
outros a agir por lesus.

17
Igreja Viva

A pesquisa que realizamos revelou que igrejas em crescimento


contam com mais de 50% dos membros envolvidos em um ministé-
rio significativo3 e cerca de 10% no evangelismo.4 Os pastores trei-
nam membros e líderes para que desenvolvam e coloquem em
prática os próprios dons de liderança. Em contraste, as igrejas estag-
nadas ou em decréscimo contam com apenas 30% dos membros
envolvidos em m inistério e menos de 3% envolvidos 11o evangelismo.
O envolvimento dos membros aumenta com a intencionalidade
dos líderes em capacitar e equipar os membros leigos. A pesquisa
destaca o fato de que os pastores das igrejas em crescimento dedi-
cam até um terço de seu tempo ao treinamento dos leigos para 0
ministério e evangelismo. Em contraste, pastores de igrejas estag-
nadas ou em decréscimo gastam muito pouco tempo na semana
em treinamento.
A prioridade dada ao desenvolvimento de líderes leigos se refle-
te em contribuições tanto de tempo quanto de dinheiro. As igrejas
saudáveis dedicam até 10% de seu orçamento a treinamentos e
seminários. Gastam esse dinheiro de diversas maneiras: comprando
DVDs e livros, mandando pessoas para cursos e convidando espe-
cialistas para realizar treinamentos. A maioria das igrejas estagna-
das ou em decréscimo relatou que tinha pouco orçamento para
treinamentos, ou até mesmo nenhum.
Segundo, os pastores eficazes lideram pelo exemplo. Eles não só
disseminam a visão, mas a personificam. Um pastor me contou:
“Nunca peço a meus membros que façam qualquer coisa que eu
não esteja realizando. Nossos pontos fortes são usados para mostrar
aos outros o que fazer. E nossos pontos fracos são usados para mos-
trar aos outros como confiar em Deus.”
As igrejas se sentem inspiradas por pastores que lideram por
m eio do exemplo. Muitos pastores de igrejas em crescimento com-
partilharam conosco relatos de como ganharam amigos e vizinhos
para Cristo. Não nos surpreendemos, então, quando descobrimos
que os membros deles também estavam ativamente envolvidos no
evangelismo pessoal.
Muitos pastores nos explicaram que os efeitos de seu exemplo se
multiplicaram quando foram além do dever. Por exemplo, quando

(W;
As Cinco Qualidades Essenciais dos Líderes A ltam ente Eficazes

um pastor acompanhou um interessado que chegou à igreja por


meio do programa Está Escrito, os membros se sentiram menos ins-
pirados do que quando ele compartilhou o testemunho de um vizi-
nho dele que havia começado a participar das reuniões de pequeno
grupo realizadas no próprio lar do pastor.
Abrios, membros ,que^entrevistamos nos disseram que se. sen-
tiam inspirados pelo exemplo do pastor em passar tempo corn
Deus, ser líder da própria família, viver de maneira equilibrada,
administrar^bem o tempo e outras áreas relacionadas ao descnvol-
vimento pessoal e eclesiástico.
Terceiro, os líderes correm riscos. Eles pesam as consequências
de suas decisões e não têm medo de falhar. Com frequência, pasto-
res eficazes enxergam oportunidades que outros não perceberam.
Entendem os “fracassos” do passado como oportunidades para
melhorar em sua próxima tentativa. Certo pastor nos contou que
quando as pessoas lhe disseram que o evangelismo público não
funcionava mais, ele decidiu fazer com uma frequência ainda
maior. No entanto, modificou a abordagem, abreviando cada série
e envolvendo bastante a liderança leiga. Sua igreja cresceu de
maneira trem enda por causa do risco que correu.
Pastores eficazes também são líderes decisivos. Estão dispostos
a se posicionar em questões importantes e controversas. Certo pas-
tor me disse: “Quando precisar tomar decisões difíceis, não tenha
medo de expressar suas idéias e seus sentimentos. Sempre se posi-
done. Alas depois sempre estabeleça uma conexão, mesmo com
aqueles que discordam de você. Os relacionamentos superam tudo
o mais. Por fim, não fique ansioso nem perca o sono. Você não é o
centro de tudo, mas sim o reino de Deus. Ele está no comando de
Sua igreja e cuidará de tudo.”
A liderança é algo muito maior do que deter um a posição ou
um título. O pastor é líder em virtude do que faz, não por causa do_
cargo que ocupár*Qs pastores são chamados para trabalhar com as
pessoas e por meio delas, a m inistrar a elas e a liderá-las. Nossa_
pesquisa revelou que pastores altamente eficazes têm cinco quali-_
dades essenciais de liderança: paixão por uma conexão contínua
com Deus, habilidade de comunicar 0 evangelho, capacidade de
Igreja Viva

disseminar a visão com sucesso, competência para provocar


mudanças e habilidade de liderar e influenciar os outros, H
Embora alguns pastores e membros possuam naturalmente
algumas das qualidades de liderança mencionadas neste capítulo,
todos podem desenvolver e melhorar suas habilidades de liderança
de maneira intencional, com o direcionamento do Espírito Santo.
Se os líderes desejam que os outros cresçam, eles mesmos precisam
estar em crescimento.

Referências
1 Nossa definição de crescimento é o aumento de 39b no número de membros, batismos e frequência
à igreja por no mínimo três anos.
2 Essas estatísticas não incluem o ministério realizado durante as horas do sábado.
3 Nossa pesquisa definiu ministério como o envolvimento consistente e 0 ρ !anejamente de programas
e funções da igreja, e liderança tal como o ens.no na Escola Sabatina, organização de eventos
especiais, envolvimento pessoal em serviços comunitários, no ccra; da Igreja e assim por diante.
4 Nossa pesquisa defina evangelism 0 como o er.vcivimento consistente em testemunho por mere de
atividades como dar estudos b íbices, testemunhar aos cuiros, distribuir ;iteratera, realizar reuniões
evangelist :cas na igreja local ou auxiliar nesse programa, liderar a classe da Escp’a Sabatma para
visitantes e novos membres ou auxiliar nessa ciasse.
Capítulo 2

05 Relacionamentos
5ão o Mais Importante
“Atendei por vós e por todo 0 rebanho sobre 0 qual o Espírito Santo
vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual Ele
comprou com 0 Seu próprio sangue (At 20:28).

“E o Senhor vosfaça crescer e aumentar no amor uns para com os


outros e para com todos, como também nós para convosco”
(lTs 3:12).

relacionamento que os pastores têm com as pessoas é uma das


coisas mais sagradas que existem. Deus Se sente honrado quando
i$Scu povo está satisfeito com o pastor e este tem uma atitude positiva,
emjrelação aos membros. Deus quer que pastores e membros amem
uns aos outros, orem uns pelos outros, trabalhem juntos, sirvam ‫י‬
juntos, adorem juntos e ga!1J1emj3essoas junto.# A seguir se encon-
tram algumas sugestões que podem ajudar os pastores que trabalham
para desenvolver um relacionamento saudável com seus membros.

1. Ame seu rebanho


Entrevistei um pastor bem-sucedido com mais de 40 anos de
experiência ministerial. Eu lhe pedi que me contasse duas coisas
que aprendeu durante a carreira. Ele disse: “Posso resum ir a obra
pastoral em duas atitudes: ame a Deus de todo o coração, toda a
mente e alma; ame os outros como a si mesmo. Para ser um pastor
de sucesso, é preciso amar a Deus e as pessoas.‫״‬
Igreja Viva

Paulo tinha esse tipo de afeto pelas pessoas com quem trabalha-
va. Ele se lembrava delas com carinho. Orava por elas. E desenvol-
veu parcerias fortes para que pudessem espalhar o evangelho
juntos (Fp 1:35‫)־‬. Quando você não ama as pessoas que Deus lhe
confiou, elas sentem e veem por trás de qualquer fachada que você
tente construir. Peça ao Senhor que lhe dê um coração cheio de
amor pelas pessoas a quem você serve.

2. Expresse seu amor pelas pessoas


Como pastor, sempre gostei de repetir com frequência para
minhas congregações - no púlpito e de outras maneiras —que eu
as amo e oro por elas continuamente. Não importa se sua igreja
tem 35 membros ou mil, cada um dos membros necessita saber
que você o valoriza.
Quando eu era pastor de igrejas, dedicava de duas a três horas
por semana escrevendo bilhetes de incentivo para minhas ovelhas.
Com eles, parabenizava por aniversários de casamento e aniversá-
rios e também quando as pessoas se voluntariavam para fazer algo
que melhoraria nossa comunidade ou igreja.
Em uma das igrejas que pastoreei, havia uma m ulher casada
com um interessado que às vezes ia à igreja. Ela liderou a Escola
Cristã de Férias em nossa igreja e, quando terminou, a fim de
demonstrar nosso amor e apreço, a igreja enviou o casal para uma
pequena viagem com todas as despesas pagas. Aquele homem se
sentiu tão tocado pelo gesto que, quando voltaram daquelas mini-
férias, pediu para estudar a Bíblia comigo. Meses depois, tive o
privilégio de batizá-loftKxpressar gratidão é uma forma de bênção
que emociona todos os envolvidos.*£

3. Ore por seus membros


O pastor deve orar por todas as suas ovelhas, em especial por
aquelas que têm fardos e problemas. Quando um casal passa
por dificuldades, o pastor deve orar pelos dois. Quando Joãozinho
pega catapora ou Maria está com caxumba, o pastor deve ligar e
orar por eles. Muitas vezes, um a pequena mensagem de incentivo
ou um telefonema acaba sendo uma grande bênção.

2:2
Os Relacionam entos São o Mais Im p ortante

Quando eu era pastor, passava as segundas-feiras orando por


minha igreja e pela comunidade. Eu mencionava cada um pelo
nome, ligava para a pessoa e dizia que estava orando por ela, pergun-
lando se havia algum pedido específico que gostaria que eu entre-
gasse a Deus. Orar pelos membros da igreja dessa maneira acaba
com os conflitos e leva perdão e amor para dentro da comunidade.

4. Edifique seus membros


Alguns pastores veem a igreja na qual se encontram como um
degrau para um ministério maior e mais preeminente'¿ Não use
seus membros para ^ minis:
tério para construir grandes pessoagKQ maior produto do ministé-
rio de um pastor é um cristão firme que cresce na graça do Senhor.
As pessoas são importantes. Elas têm valor infinito para Deus; por
isso precisamos valorizá-las também. Quando os pregadores amam
seu rebanho e se alegram mais com o crescimento das ovelhas do,
que com qualquer outra coisa, fica claro que desenvolveram o cora-
ção de um verdadeiro pastor.5

5. Cuide de seus membros


Lembre-se de que as pessoas são mais importantes que progra-
mas, dinheiro ou a construção de igrejas e prédios. Os membros
gostam de sentir que são amados e cuidados.
Alguns pastores dizem que gostam de fazer programas, elaborar
técnicas e estratégias. Tudo isso é importante, mas não é o que
torna uma igreja produtiva. Se as pessoas de sua congregação são
estimuladas a amar Jesus e a refletir Sua graça, a igreja é abençoada
e cresce de maneira natural. Passe tempo com seus membros, em
comunhão com eles, ame-os, ore por eles e procure o bem de cada
um. Façajnenos programas e mais discipulado. Se você seguir esse
caminho, seus membros crescerão, e a igreja prosperará.
Quando cheguei a uma das igrejas que pastoreei, a frequência
média aos cultos era de 40 pessoas, havia uma dívida de 100 mil
dólares e sobravam conflitos. Procurei demonstrar amor c cuidado
pela congregação, a alimentei espiritualmente, orei continuamente
pelos membros e lhes dei oportunidades para crescer.
Igreja Viva

Fui pastor daquela igreja por 12 anos. Quando saí de lá, a fre-
quência média era de 500 pessoas, não tínhamos mais dívida (aliás,
havia cerca de 60 mil dólares investidos no banco) e um ambiente
alegre, cheio de harmonia. Na festa de despedida que os membros
organizaram para minha família, des não mencionaram nenhum
desses fatos. Em vez disso, um por um, aproximaram-se de nós e
disseram: “Muito obrigado por nos amar, estar conosco e tornar a
igreja um lugar tão agradável para estar.”

?.4
SEÇÃO 2

Crescimento
da Família da Fé
seção 2 começa com a pesquisa sobre quais formas de eresci-
A mento de igreja funcionam hoje nas congregações adventistas
do sétimo dia. Descobri que as igrejas que crescem combinam
métodos tradicionais de evangelismo com algumas idéias inovado-
ras e apropriadas para a comunidade na qual estão inseridas.
O segundo capítulo desta seção aborda o que significa uma cul-
tura de evangelismo. A ideia central é que o evangelismo não con-
siste em algo restrito a profissionais que se especializam na
pregação e na realização de campanhas complexas. Em vez disso,
em igrejas nas quais prospera uma cultura genuína de evangelismo,
ganhar pessoas para Jesus é um estilo de vida para todos os mem-
bros. Esse capítulo explora o combustível, a atmosfera, o poder, o
projeto, 0 coração, o modelo e a inspiração necessários para pro-
mover uma cultura evangelística.
Em seguida, olhamos mais uma vez para 0 que dava certo com
Jesus e descobrimos que Seus métodos evangelístieos continuam a
funcionar nos dias de hoje. Ele ia até onde as pessoas estavam, em
vez de esperar que fossem buscá-Lo. Concentrava-Se em conhece-
Ias de maneira individual e em suprir suas neeessidades.
No capítulo “Evangelismo pela amizade”, você lerá a história de
como Deus usou um poodle para levar uma família ao relaciona-
mento com Ele. O evangelismo não precisa ser algo complicado.
O último capítulo desta seção mostra o evangelismo sendo rea-
!izado por meio de relacionamentos e ao se transformar o ambien-
te de trabalho em um local para testemunhar.

25
C apítulo 3

Idéias de Igrejas que


Crescem Rapidamente
“[Os]filhos de Issacar [eram] conhecedores da época, para saberem 0
que Israel devia fazer”(1 Cr 12:32).

ara muitos membros da igreja, a palavra evangclismo se refere a


P reuniões realizadas dentro da igreja por algumas semanas a cada
ano ou a cada dois anos. As igrejas dedicam muito tempo, energia
e recursos nesses esforços - às vezes com bons resultados, mas,
com frequência, com pouca coisa para mostrar como fruto.
Qualquer que seja o caso, vários membros da igreja veem o evan-
gelismo como um programa eclesiástico, não como um estilo de
vida. Muitas igrejas carecem de uma estratégia amplamente neces-
sária para alcançar sua comunidade. Em consequência, assim como
os evangélicos, 80% das igrejas adventistas do sétimo dia da
América do Norte estão estagnadas ou em declínio.1 Isso significa
que a Igreja Adventista não está crescendo rápido o suficiente para
acompanhar o ritmo de crescimento da população em geral.2
O propósito deste capítulo é esboçar alguns dos desafios que
enfrentamos 11a Divisão Norte-Americana [NAD, na sigla em
inglês] hoje e então desenvolver um modelo para o ministério
evangelístico capaz de superar esses desafios. Esse modelo se baseia,
em primeiro lugar, na pesquisa que realizei com igrejas em cresci-
mento na NAD3, no que vivenciei enquanto pastoreava igrejas em
crescimento4, ao dar aulas sobre crescimento de igreja e em meu
estudo sobre o assunto. Por evangelismo, refiro-me à tentativa de
ganhar outros para o reino de Deus, levando-os a crer em Jesus
Cristo e segui-Lo como discípulos (Mt 28:19). Muito embora a

26
Idéias de Igrejas que Crescem Rapidam ente

pesquisa aqui apresentada descreva igrejas da América do Norte, os


princípios relativos ao evangelismo eficaz são universais e podem
ser aplicados a qualquer igreja de qualquer cidade ou vila do
inundo.

Os desafios que enfrentamos


1. O evangelismo público não é tão eficaz quanto no passado. Monte
Sahlin, que pesquisa tendências na Divisão Norte-Americana, par-
tilhou comigo os resultados de alguns estudos nos quais vem tra-
balitando em tempos recentes. Ele disse que, embora a porcentagem
de igrejas que relatam envolvimento em evangelismo público
lenha aumentado, o número dc batismos por reunião evangelístiea
diminuiu.* Uma explicação para isso pode ser o fato de que está
reduzindo o número de pessoas dispostas a participar de séries
evangelístieas como também diminuiu o número de batismos de
pessoas que não tiveram qualquer contato relacionai anterior com
os membros da congregação.6
A estratégia tradicional da igreja para reunir público nas reu-
niões evangelístieas é o envio de folhetos por correio, mas os folhe-
tos estão se tornando cada vez menos eficazes. Diversos estudos
sugerem que 0 índice de resposta a folhetos deixados nas caixas de
correspondência é um a cada mil. Em outras palavras, para atrair
dez pessoas para uma série evangelístiea, é preciso colocar 10 mil
folhetos no correio.7 Para ser franco, em muitos lugares hoje, esses
números podem ser considerados generosos. Em m inha análise de
sete séries evangelístieas recentes, descobri que o índice de respos-
ta foi de um participante para 2 mil folhetos.
2. A maioria dos adventistas não está envolvida com 0 evangelismo rela-
donal. Estudos_do testemunho de evangélicos.j:ealizadp por Thom
Rainer, revelaram que somente 2% dos membros convidam uma
pessoa sem vínculo com o cristianismo para ir à igreja por ano. Isso
significa que 98% dos membros jamais convidam um interessado
ao longo do ano. Sete de cada dez pessoas sem vínculo com qual-
quer igreja cristã nunca foram convidadas para ir a uma igreja.* As
235 entrevistas realizadas pela m inha equipe e por mim nos leva-
ram à conclusão de que essas estatísticas também se aplicam ao

27
Igreja Viva

contexto adventista. Nossas entrevistas descobriramifalguns dos


motivos gue levam os membros da igreja a não testemunharem
para outras pessoas: falta de espiritualidade, vida ocupada, medo de
rejeição e falta de conhecimento sobre como fazer isso‫^״‬
3. A maioria das igrejas não conta com uma estratégia abrangente de
evangeíismo. Em nosso estudo com uma amostra de 92 igrejas
adventistas do sétimo dia na América do Norte, descobrimos que
75% delas não possuíam uma estratégia abrangente de evangeíismo.
Aliás, as igrejas existiam apenas para servir aos próprios membros.
A igreja não passa de um evento que acontece uma vez por semana,
e os membros fazem pouco ou nenhum esforço para atrair a eomu-
nidade para a igreja.
Nossa pesquisa perguntou: “Se nós tirássemos sua igreja da
comunidade em que ela se encontra, as pessoas sentiríam falta
dela?” Sessenta e nove igrejas (75% do total) responderam: “As pes­
soas da comunidade nem sabem que estamos

Um modelo eficaz de evangeíismo


1. Foco no discipulado para 0 evangeíismo eficaz. Todas as igrejas
adventistas do sétimo dia em crescimento que estudamos na
América do Norte têm foco no discipulado. Reconhecem que fazer
discípulos é o evangeíismo do Novo Testamento. Jesus descreveu
o cerne do discipulado nas seguintes palavras: “Amarás o Senhor,
teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu
entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O según-
do, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo”
(Mt 22:3739‫)־‬.
O discipulado cristão é o processo por m eio do qual os seguido-
res de Jesus crescem no conhecimento de quem Ele é c de Sua.
graça. O Espírito Santo os capacita a vencer as pressões e provações
da vida presente a fim de se tornarem cada vez mais semelhantes a
Jesus, desenvolvendo Seu amor, Sua visão, missão e Seu caráter. Esse
processo requer que os cristãos respondam ao chamado do Espírito
Santo de examinar os próprios pensamentos, suas palavras e ações,
comparando tudo com a Palavra de Deus. Eles crescem em discipu-
lado por meio do desenvolvimento de amor e compromisso com
Idéias de Igrejas que Crescem Rapidam ente

Jesus, fortalecendo-os por intermédio de disciplinas espirituais


como oração, adoração, leitura da Bíblia, comunhão, ministério e
evangelismo. E aqueles que se tornam discípulos genuínos compar-
filham a fé. Logo, o foco no discipulado influencia os fiéis a se abrir
à transformação operada pelo Espírito Santo e desperta o desejo de
fazer outros discípulos, suprindo os meios para que isso aconteça.
Um jovem casal adventista do sétimo dia que tinha três filhos
sentia o forte desejo de discipular as crianças da vizinhança. Toda
semana, eles convidavam as crianças da região para lanchar, brincar
de jogos e ouvir histórias bíblicas. Em geral, entre 8 e 15 crianças
participavam dessas reuniões. Às vezes, elas brincavam na piscina
da casa e, em outras ocasiões, iam para o parque. O casal também
se oferecia para levar as crianças interessadas à igreja e, com fre-
quência, precisavam ir em dois carros para que todas coubessem.
Maggie era uma dessas crianças da vizinhança. O cristianismo
que ela testemunhou naquela família a encheu de alegria e empol-
gação. Quando eles se mudaram, ninguém apareceu para levar
Maggie à igreja, então ela parou de ir.
Trinta anos depois, Maggie, que já havia se mudado daquele
antigo bairro e tinha a própria família, recebeu pelo correio o
folheto de uma série evangelístiea que eu realizaria em minha igre-
ja. Ela reconheceu o nome “adventista do sétimo dia” e foi aos
cultos por causa das boas memórias que tinha dos vizinhos e da
igreja que ela havia visitado na infância.
Maggie amou o que estava aprendendo nas reuniões e apreciou
a aceitação que recebeu em nossa igreja. Mas disse que ainda não
estava pronta para se batizar. Eu disse para ela que entendia, a
incentivei a continuar a frequentar os cultos e participar da recep-
ção das reuniões evangelístieas.
Ao fim da série, anunciei que cinco pessoas se batizariam na
semana seguinte. Para minha surpresa, Maggie disse que também
queria se batizar. Quando perguntei por que ela havia recusado
antes, respondeu que estava compartilhando tudo que vinha apren-
dendo com 0 marido e queria esperar para se batizar com ele, mas
que havia voltado a refletir e decidido se batizar como testemunho
para ele.

29
Igreja Viva

Maggie conseguiu descobrir onde morava o casal que a levara


para a igreja durante a infância. Escreveu uma carta para eles e a
leu em nossa igreja, agradecendo-lhes pelo cuidado e compromisso
quando ela era mais nova. Disse que foi por causa deles que havia
encontrado a Cristo.
Os ex-vizinhos de Maggie ficaram contentes ao ouvir notícias
dela e empolgados com sua decisão. Meses depois, por causa do
compromisso de Maggie em compartilhar seu aprendizado e disci-
pular sua família, o marido e os filhos dela também decidiram se
batizar. Maggie se sentiu impressionada a começar a discipular as
crianças de seu bairro de maneira intencional, da mesma forma
que seus vizinhos fizeram quando ela era criança. Ao longo dos
anos seguintes, muitas dessas crianças e seus familiares decidiram
aceitar a Cristo e foram batizados.
Essa é a essência do discipulado. Assim como o Espírito Santo
transforma os crentes, Ele opera por meio deles para transformar
os outros em seu círculo de influência. O foco no discipulado
requer intencionalidade, tempo e esforço, mas traz grandes reeom-
pensas ao edificar seguidores saudáveis de Jesus, que reproduzem e
expandem o reino de Deus.
2. Ênfase no evangelismo relacionai. O evangelismo não é um pro-
grama; é um estilo de vida. A maior ferramenta evangelística de
qualquer igreja são membros que amam Jesus e são empolgados
com a igreja. O evangelismo relacionai significa cristãos que teste-
m unham de Cristo na vida diária, levando amigos e parentes para
participar de estudos bíblicos, grupos de comunhão, times esporti-
vos e projetos de serviço. O evangelismo relacionai é eficaz por ser
natural e bíblico.
A fim de apelar a pessoas pós-modernas e seculares, o evange-
lismo deve trazer uma mensagem de paz, esperança e harmonia. As
pessoas de hoje são tão bombardeadas por propagandas e mensa-
gens políticas que, para considerar algo importante e verdadeiro, é
necessário que as palavras sejam expressas dc maneira pessoal,
amorosa e prática. Uma pesquisa realizada por Thom Rainer reve-
lou que 82% das pessoas sem vínculo j?om_ qualquer igreja cristã
demonstram pelo menos alguma probabilidade de ir à igreja se

30
Idéias de Igrejas que Crescem Rapidam ente

forem convidadas por um amigo de confiança ou m embro da famí-


lia.9 A pesquisa que fiz reeentemente em igrejas adventistas da
América do Norte revela que, além de essas pessoas irem à igreja
em resposta ao evangelismo relacionai, esse método acaba resultan-
do no batismo delas. Os resultados confirmam que cerca de 80%
das pessoas que se tornam membros da igreja foram levadas pela
primeira vez por um amigo ou parente.10
Nas últimas décadas, muitos perceberam a necessidade de
mudança para um estilo de testemunho pessoal mais ativo. No
livro Evangelism as a Lifestyle [Evangelismo Como Estilo de Vida], Jim
Peterson sugere que a simples verbalização da mensagem do evan-
gelho não é suficiente para alcançar norte-americanos seculariza-
dos. Ele diz que devemos usar “o evangelismo de afirmação na
prática”. Com essas palavras, ele quer dizer que o evangelismo é
“um processo dc exemplificar e explicar a mensagem cristã. O povo
de Deus deve encarnar Seu caráter por meio da compaixão e do
amor. Só então deve sair para verbalizar a natureza de Seu reino
eterno”. O evangelismo como estilo de .Yida ganha as pessqas por-^
que começa “conquistando o direito de fala”.11
Isso ficou evidente na pesquisa que realizamos sobre igrejas
adventistas em crescimento. Essas congregações ensinam aos mem-
bros que, quando se tornam seguidores de Cristo, estão se prontifi-
cando para Sua missão em tudo o que fazem. Conquistam o direito
de ser ouvidas ao fazer o bem, cuidar dos pobres, convidar os vizi-
nhos para ir à casa dos membros, desenvolver relacionamentos com
os colegas de trabalho e investir em amizades fora da igreja. Então
podem contar a essas pessoas a história do evangelho e o que Deus
fez. O papel da igreja é ajudar os cristãos a ter uma vida tão atraen-
te que as outras pessoas passem a desejar o que eles tem .__
James, um engenheiro que frequentava uma das igrejas das
quais fui pastor, é um exemplo de evangelismo relacionai. Ele
trabalhava em um a empresa m uito grande, supervisionando mais
de cem pessoas, mas também era bastante ativo na igreja c na
comunidade. Amava a Deus e O servia com muita paixão, pregan-
do com frequência, dando estudos bíblicos e participando de via-
gens missionárias.

31
Igreja Viva

As pessoas percebiam como 0 compromisso de James envolvia


todas as áreas de sua vida e, com frequência, diziam:
—James, você deveria ser pastor.
Ele sempre respondia:
- Eu sou pastor. A única diferença é que minha empresa me paga,
não a igreja. Nenhum pastor profissional pode entrar em uma firma
de engenharia, mas eu estou lá todos os dias. Quando meus colegas
se machucam, sinto a dor deles. Quando se alegram, me alegro tam-
bém. Oro por eles de maneira regular e os convido para ir à minha
casa. Sou discípulo de Jesus Cristo, disfarçado de engenheiro.
Ao longo de seu ministério, James presenciou 20 de seus cole-
gas engenheiros aceitarem a Cristo e entrarem para a igreja.
O evangelismo relacionai tem tudo a ver com discípulos de Jesus
que vivem Seus ideais no mundo, disfarçados de enfermeiros, pro-
fessores, caixas, fazendeiros e assim por diante. Quando conquis-
tam a confiança das pessoas ao redor, encontram oportunidades
para m inistrar a elas c lhes contar o que Cristo fez em sua vida.
3. Use diversas maneiras de alcançar as pessoas. Todas as 23 igrejas
adventistas norte-americanas em crescimento pesquisadas usam
diversas maneiras de alcançar as pessoas.12 Misturam evangelismo
público e relacionai com vários ministérios c programas da igreja
a fim de maximizar as oportunidades de testemunho. Reconhecem
que, para alcançar seu potencial completo, cada forma de evange-
lismo também deve lançar mão de outras. Colocam em prática uma
estratégia evange lí stica abrangente que engloba todos os aspectos
da vida da igreja, incluindo a Escola Sabatina, os cultos, programas
em datas comemorativas (Natal, Páscoa, Dia das Mães, Dia dos Pais,
etc.), eventos esportivos e todos os outros ministérios da igreja.
Cada evento e atividade são realizados com o propósito de conectar
as pessoas com Deus,
O evangelismo acontece em qualquer momento, em qualquer
lugar, realizado por qualquer um, em quaisquer circunstâncias.
Na matéria do programa de doutorado que leciono sobre evange-
lismo inovador, dou aos alunos a tarefa de identificar quantas
formas de evangelismo eles conseguem ver mencionadas no livro
de Atos. Todas as turmas encontram pelo menos 50 modelos de

32
Idéias de Igrejas q ue Crescem Rapidam ente

evangelismo e ministério (por exemplo, evangelismo público às


multidões, evangelismo pessoal, cura, atendimento de necessidades
básicas e assim por diante). Fica claro que os membros da igreja
viviam e respiravam a fé. Sua paixão era conquistar o mundo para
Jesus. Nada era capaz de detê-los. O evangelismo era um subpro-
duto da vida diária.
O uso de uma variedade de métodos evangelístieos produz
vários benefícios:
❖ Dá motivos para os membros convidarem amigos e familia-
res. Nossas observações mostram que os membros têm maior pro-
babilidade de convidar amigos e familiares para um programa
especial do que para um culto rotineiro.
❖ Dá aos cristãos a oportunidade de testemunhar de forma
natural. Quando os crentes convidam os amigos para eventos espi-
rituais, podem falar sobre isso depois.
❖ Alcança um grupo amplo de interessados. Seminários sobre
as profecias apelam para algumas pessoas, ao passo que seminários
acerca do criacionismo alcançam outro grupo. Aulas de culinária
interessam de maneira eficaz um grupo, mas eventos esportivos
conectam m elhor outro.
Um pastor que ministra em uma das igrejas adventistas em eres-
cimento que pesquisamos nos contou que todo ano ele e seus líderes
fazem uma auditoria de todos os ministérios e programas de sua
igreja. Eles analisam a eficácia de cada programa cm termos de resul-
tados e os classificam. As categorias são: (1) não essencial e improdu-
tivq; (2) essencial, mas improdutivo e (3)_essencial e produtivo.
Os ministérios que entram na categoria de não essencial e
improdutivo são encerrados. Sempre haverá ministérios que pas-
sam de essencial para não essencial porque os membros perdem a
paixão por eles. Por exemplo, o ministério nas prisões que é reali-
zado por obrigação e tradição, em lugar de por paixão aos perdidos,
deixará de ser essencial por não ser mais produtivo.
As igrejas em crescimento que tem programas e/ou ministérios
essenciais, mas improdutivos, trabalham a fim de redirecionar o
propósito desses ministérios para o evangelismo. Em um caso, os
líderes da igreja mudaram o foco das classes da Escola Sabatina, do

33
Igreja Viva

mero debate para o evangelismo doutrinário. Quando líderes e


professores da Escola Sabatina se uniram na implementação desse
conceito, convidaram interessados, adaptaram a linguagem para
eles e desenvolveram uma atmosfera propícia ao evangelismo.
Os líderes dos ministérios classificados como essenciais e pro-
dutivos se esforçam para tornar esses programas ainda mais fortes.
Por exemplo, reconheceram que os cultos eram essenciais e produ-
tivos, mas podiam ser fortalecidos ao se voltar mais para os inte-
ressados. Iniciaram o esforço de produzir um ambiente no qual os
interessados se sintam em casa: acabaram com o jargão eclesiástico;
passaram a tomar o cuidado de explicar cada parte do culto; come-
çaram a escolher hinos fáceis de cantar e tornaram os sermões mais
práticos e compreensíveis.
A missão básica de nossa igreja nunca vai mudar. No entanto,
nossa metodologia e o sistema precisam estar em constante
mudança, adaptando-se às necessidades mutantes das pessoas que
não conhecem Jesus. Os elementos da estrutura e do sistema da
igreja que não contribuem com o cumprimento da missão podem
ser eliminados a fim de liberar recursos para o benefício daqueles
que funcionam. Quase todas as pessoas que meus colaboradores e
eu entrevistamos para nosso projeto concordam que algo necessita
mudar. A base da estrutura sempre deve apoiar a missão.
Há muitos anos, o pastor Robert Folkenberg, ex-presidente da
Associação Geral, se concentrou na necessidade de avaliar 0 siste-
ma adventista a fim de que ele servisse à missão. Escreveu: “Todos
os níveis da organização da Igreja, das congregações locais à
Associação Geral, existem com o único propósito de servir à sua
missão; não de se perpetuar. [...] Precisamos ser impulsionados por
uma visão de missão, não por praxes esculpidas em pedra por pes-
soas que viveram em circunstâncias diferentes.”13
Usar diversas maneiras para alcançar as pessoas é uma ques-
tão de priorizar e canalizar toda a energia e todos os recursos da
igreja para a expansão do reino de Deus. Isso será diferente em
cada contexto, de acordo com os recursos da igreja e as necessi-
dades da comunidade. As igrejas que fazem uma m istura estraté-
gica de sua abordagem para o evangelismo aproveitam ao máximo

34
Idéias de Igrejas que Crescem Rapidam ente

ns oportunidades que se descortinam à sua frente e perm item que


o Espírito Santo trabalhe de todas as maneiras a fim de conduzir
as pessoas a um relacionamento de amor com Deus.
Embora os membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia
enfrentem desafios significativos para 0 crescimento da igreja,
podem obter insights valiosos de como superar esses desafios ao
aprender com as igrejas que estão crescendo. O que vemos nelas
nos diz que, para ser eficaz hoje, o evangelismo precisa incluir o
loco no discipulado, a ênfase no evangelismo relacionai e o uso de
diversas maneiras de alcançar as pessoas.
Jesus convida cada cristão para ser um discípulo Dele, partilhar
a fé com seus amigos e familiares bem como se unir a outros eren-
tes a fim de evangelizar sua comunidade.

Referências
1 Daniel R. Sanchez, Church Planting Movements in North American (Fort Worth, TX; Church Star-
ting Network, 2GC7), p. 18,
2 David Beckworth e S. Joseph Kidder, ‫״‬Reflections on the Future c! the Sever.th-day Adventist
Church in North America; Trends and Challenges". M-.nistry 82, r.a 12 !dezembro de 2010';,
p. 20-22.
3 De 20C3 a 2007, rrvnha equipe de pesquisa e eu estudamos as igre.as adventistas do sátirio
dia da Divisão Norte-Americana que cresciam com rapidez. Pedimos a todas as 53 Associações
dentro da NAD que identificassem as igrejas que haviam m art ido um cresc rr.er.tc de no mínimo
3% err. frequência aos cuites, número de membros e batismos ao iongo dos três an cs anteriores
consecutivos. Foram excluidas as congregações que rrtirvstram a com unid ades de imigrantes de
primeira geração ma:s receptivos ac evangelho. Identificamos 23 ;grejas que atenderam a esses
critérios. Além disse, para fins de comparação, estudamos 69 igrejas adventistas na mesma re-
giâo geográfica que estavam estagnadas ou em declir.io. Cs instrument, s do pesquna incluíram
um questionário para os participantes dos cuites de sábado pela manhã e entrevistas pessoais
ccm pastores e grupos focais.
4 Ccnfira teda a história da atuação poderosa dc Dons para levar ao orescvnerito as igrejas que
pastoreei em: S. Joseph Kidder, The ñ-g F-cur: Secrets tc a Thriving Church Family (Hagerstown.
MD; Review and Heratd, 2C12).
5 Monte Sahim, entrevista por telefone, 20 de fevereiro do 2013.
6 Ren Gladden, The 7 Habits c f H:gt'.'.y inUfcchvo Churches (i:r;u 1:1:1. IN!:: Advert Source. 20C31,
p. 49, 50.
7 Em diversos sem nários sobre evangel:5rno publico des quais participei, mutes citam essas
estatísticas, ao passo que alguns sugerem que entre uma e três pessoas participan para cada
mil folhetos enviados.
8 Them S. Rainer, The U nchurched Next Dear Grand Rap,·.;is. Ml: Zandervan. £003), p. 24-26.
9 Rainer, The U nchurched Next Doer, p. 24-26.
10 S. Joseph Kidder, “The Fewer of Relationships in Evangelism", M:mstrv 80, r 7 ‫( ״‬julho de 20C8'.,
p. 10-12.
11 Citadc por Elmer Towns em "Evangelism Hot as Ever but Old Methods Are Coding Off”,
Fundamentalist Journal (fevereiro de 1984), p. 33.
12 Confira uma descrição da pesquisa na nota de fim 3.
13 Robert S. Folkenberg, "Renewing Church Organization", Adventist Review, 6 de agosto de 1962, p. 15.

35
C apítulo 4

Como Criar Uma Cultura


Evangelística
“Assim nós anunciamos Cristo a todas as pessoas.
Com toda a sabedoria possível aconselhamos e ensinamos cada
,

pessoa (Cl 1:28, NTLH).


‫״‬

“Irmãos, façam alguma coisa. Façam alguma coisa. Façam alguma


coisa! Enquanto comissões perdem tempo elaborando resoluções,
façam alguma coisa. Enquanto sociedades e uniões criam
constituições, ganhemos almas. Tantas vezes debatemos, debatemos
e debatemos enquanto Satanás ri pelas nossas costas. Já passou
da hora de pararmos de planejar e procurar coisas para planejar.
Minha oração é que todos vocês sejam homens de ação! Ao trabalho.
[...] Nosso único objetivo é salvar os pecadores, e isso não acontece
quando falamos sobre o assunto, mas sim quando agimos mediante
0 poder de Deus!”(C. H. Spurgeon)}

uai é a cultura de sua igreja? Você é apático ou engajado?


O foco está na manutenção do status quo ou na relevância?
Qual é o ponto de vista de sua igreja no que diz respeito à condição
da humanidade? A cultura dos cultos semanais e dos pequenos
grupos convida as pessoas a “virem como estão” para encontrar
amor, ajuda e cura? Você sabe receber pecadores despedaçados em
meio à dor, ou a cultura de sua igreja trabalha para que as pessoas
não admitam suas mágoas e seus defeitos até que tudo esteja bem?

36
Como Criar Uma Cultura Evangelística

Sua igreja é um lugar para as pessoas chegarem e se limparem ou


um local que só é convidativo para quem já está limpo?
Eu sei, é claro, que a graça e a conversão são tarefas do
Espírito Santo, mas nossa tarefa como membros é cooperar com
o Espírito a fim de permanecer úteis no reino de Deus. Temo que
muitas pessoas da igreja - até mesmo pastores e líderes leigos -
não saibam como criar uma cultura que abre as portas para o
Espírito trabalhar.
Com frequência, os líderes perguntam que programas usar na
igreja para produzir discípulos completamente dedicados, engajados
no evangelismo, ministério, na adoração e hospitalidade. Em espe-
eífico, querem saber como to rrar uma igreja mais evangelística.
Minha resposta aponta para uma direção diferente do que a
maioria espera. Tenho a convicção de que é melhor para nossas
igrejas ter uma cultura evangelística do que apenas uma série de
projetos voltados para o evangelismo. Embora existam diversos
programas que alcancem algumas pessoas, percebo que tanto os
pastores quanto os membros estão insatisfeitos porque a maioria de
nossos programas evangelísticos faz muito pouco para aumentar 0
número de membros das igrejas locais.2 As igrejas com uma abor‫־־‬
dagem evangelística voltada para programas podem restringir 0
anúncio do evangelho a determinadas pessoas em épocas específi-
cas. Podem acabar reservando essa oportunidade para as ocasiões
em que a equipe de evangelismo sai para fazer visitas ou quando a
igreja realiza reuniões de evangelismo público.
Cultura se refere ao estilo de vida de um grupo de pessoas.
Refere-se aos comportamentos, às crenças, aos valores e aos símbo-
los que um determinado grupo social aceita, normalmente sem
pensar sobre eles, que são transmitidos de geração em geração, por
meio da comunicação e da imitação. Em uma igreja com cultura
evangelística, cada membro é incentivado a desempenhar um papel
no esforço da congregação de alcançar as pessoas ao redor da igre-
ja com a mensagem de salvação cm Jesus. Cada membro trabalha
para cumprir essa meta.
❖ As classes da Escola Sabatina assumem projetos de alcance
missionário.
37
igreja Viva

❖ Toda a congregação participa no auxílio ao custeio das men-


salidades de crianças da comunidade que estudam na Escola
Adventista local.
❖ Os programas da Escola Sabatina e do culto são voltados para
os interessados.
❖ O Ministério da Mulher tricota cachecóis para os desabriga-
dos da região.
❖ Os membros convidam os vizinhos para eventos sociais na
igreja e cafés da manhã de oração.
❖ Os estudos bíblicos de sexta à noite começam com uma refei-
ção compartilhada.
❖ Os junta-panelas estão sempre cheios de convidados.
❖ A quadra é usada para esportes anunciados no jornal da
região. As partidas começam com um devocional.
❖ O Clube de Desbravadores trabalha pelas crianças do bairro
e da igreja.
❖ Os membros são anfitriões de pequenos grupos em seus lares
ou realizam estudos bíblicos ou manhãs de oração no ambiente
de trabalho.
❖ Seminários regulares atendem necessidades da comunidade
- independência financeira, casamento, recuperação pós-divórcio
- e incluem convites para que os não membros cultuem com
os membros.
Em outras palavras, todos os membros entendem que o evange-
lismo e a busca dos perdidos fazem parte de seu estilo de vida.
Todos aceitam “cada um salvando ura‫ ״‬como seu lema pessoal.
Querem conhecer as pessoas de maneira individual e se esforçar
para projetar uma atmosfera de amor, aceitação e perdão. O cerne
do evangelismo é separar tempo para se familiarizar com as pessoas
de maneira individual a fim de enxergar além dos estereótipos, das
imperfeições e de nosso ideal de como elas deveríam ser ou agir. Ao
ler os evangelhos, percebemos que Jesus foi exemplo desse tipo de
aceitação. Era isso que atraía as pessoas mais necessitadas de amor
e perdão a Ele.
Neste capítulo, apresento as ferramentas, não os programas,
que você pode usar a fim de ajudar sua igreja a cum prir seu

38
Como Criar Uma Cultura Evangelística

chamado e potencial dados por Deus. Com elas, você pode criar em
sua igreja uma cultura que ajuda as pessoas a crescer no amor ao
Senhor e na fidelidade em testemunho a Ele. Aqui estão as sete
ferramentas que capacitarão você a criar uma cultura evangelística
dentro de sua igreja:

1 .0 evangelho é a chama de urna cultura evangelística


A mensagem do evangelho é a chama que alimenta a cultura
evangelística de uma igreja. Ficamos empolgados com esportes, comi-
da e política. Se queremos que os membros de nossas igrejas se
empolguem com a mensagem do evangelho a ponto de falar sobre ela
com não cristãos, necessitamos ajudá-los a se apaixonar profunda-
mente por Cristo. Se isso ocorre, significa que eles entendem a men-
sagem do evangelho. Também quer dizer que a beleza dessa
mensagem deve ser exposta em nossas igrejas semana após semana.
Quando os cristãos compreendem de verdade a profundidade de seu
pecado, a santidade maravilhosa de Deus, a perfeição de Cristo, a pro-
fiindidade de Seu sofrimento por todos, 0 poder de Sua ressurreição
e o dom da vida eterna para todo aquele que se arrepende e crê, então
nosso amor por Cristo e compromisso com Ele crescerão (Cl 3:117‫)־‬.
O evangelho também liberta os cristãos de motivações que pos-
sam levá-los a não gostar de fazer evangelismo. O evangelho diz
que não precisamos evangelizar para conquistar o amor de Deus.
Nossa posição na família de Deus não depende de quantas vezes
compartilhamos o evangelho nem de como o fazemos. Podemos ter
a certeza do amor de Deus, e isso nos li berta da preocupação esma-
gadora que teríamos, de outra maneira, acerca da opinião das pes-
soas, que nos leva a ter medo de assumir nossa posição em relação
a Jesus. Nosso papel é compartilhar Cristo com o melhor de nossa
capacidade. Convencer e salvar são tarefas do Espírito Santo. Muitos
cristãos hesitam em partilhar o evangelho com as pessoas mais
próximas porque temem que o relacionamento seja prejudicado.
Lembre-se: quando as pessoas rejeitam 0 evangelho, estão rejeitan-
do a Deus, não você, o mensageiro.
Faça os cultos semanais da igreja girarem em torno do evange-
lho. Se a cultura de cidadãos do reino depende do evangelho, então

39
Igreja Viva

o evangelho deve estar no centro dos cultos semanais da igreja.


Cada texto precisa ser pregado com o objetivo de exaltar e honrar
a Cristo. Os louvores que cantamos devem apontar para a cruz.
Precisamos confessar nossos pecados em oração coletiva e então
agradecer a Deus por Seu perdão.

2. Amor e aceitação formam a atmosfera da cultura evangelística


A aceitação do evangelho nos leva a amar e aceitar os outros,
índependentemente de quem sejam. O episódio aconteceu há
alguns anos, mas ainda me lembro com tanta clareza como se fosse
ontem. Eu estava no meio do sermão. Não me lembro exatamente
do sermão, mas me recordo que estava enfatizando o fato de Deus,
em Jesus, nos convidar para o lar. Ao falar sobre isso, comentei
sobre como era estar longe de casa e desesperado para voltar. Ali
mesmo, no meio do meu sermão, uma m ulher se levantou e disse
em voz alta: “Eu quero voltar para casa!”
Quando olhei para ela, vi que estava chorando. Seu marido
estava a seu lado, com uma expressão facial que exprimia, ao
mesmo tempo, surpresa e embaraço. Parei de pregar, fui até onde
ela estava e a abracei. Então, com voz suave e as lágrimas ainda a
escorrer, ela disse: “Quero ir para o lar e ter um relacionamento
com Deus.”
Ali mesmo, no meio do templo, no meio do culto, pedi a todos
para se unirem a mim e a conduzi em oração, enquanto ela falava
diretamente com Deus sobre onde ela se encontrava na vida e
como necessitava Dele. Eu a encorajei a confiar nas promessas do
Senhor e a abracei, e ela se assentou.
Não lembro se term inei o sermão ou não, mas a história não
para por aí. Na semana seguinte, eu estava com alguns membros
antigos da igreja, e uma das mulheres mencionou o que havia
acontecido no sábado anterior. Eu esperava que ela demonstrasse a
mesma alegria que eu havia sentido, mas sofri um amargo desapon-
tamento. O comentário foi: “Coisas como essa são inapropriadas na
igreja.” Então continuou explicando: “Foi estranho, embaraçoso e
acabou com a ordem do culto. Além disso, tenho mais religião em
meu dedo mindinho do que aquela m ulher no corpo inteiro.”

40
Como Criar Uma Cultura Evangelística

Fiquei chocado e não soube como agir. Mas depois me senti


impressionado a partilhar com ela o anseio de Jesus por nos aceitar,
cm vez de nos condenar quando o ungimos com adoração trans-
bordante e banhamos Sua presença amorosa com nossas lágrimas
de arrependimento (Jo 8:1-11; 12:1-3).
Senti a convicção de que necessitava usar essa experiência para
levar a congregação ao entendimento de que a igreja é um lugar de
amor uns pelos outros. A cultura de uma igreja pode ser mudada
por meio de educação e exemplo sobre como é amar os filhos de
Deus de maneira incondicional. Então, preguei uma série de ser-
mões sobre amor e aceitação. Falei sobre a mulher samaritana para
quem Jesus pediu água, chamando a atenção para a reputação que
ela tinha, porque ela era conhecida por viver com um homem
que não era seu marido. A despeito da história de vida daquela
mulher, seu testemunho foi muito importante para a obra de evan-
gelização entre os samaritanos.
Lembrei os membros da igreja de que Judas, o traidor, comeu
em comunhão com Jesus na últim a ceia. Falei também da conhe-
cida história do filho pródigo. Embora ele estivesse cansado, feden-
do a porcos e envergonhado de suas falhas, seu pai lhe deu
boas-vindas calorosas, de braços abertos, antes mesmo que ele
conseguisse entrar em casa.
Não desanime se você sentir que há algo de errado com sua
igreja por causa do tempo que está demorando para os membros
aprenderem a amar. Foram necessários cinco anos de pregações
intencionais, educação, oração e exemplo para aquela igreja sair de
uma cultura impregnada de omissão e incorporar outra que pro-
movesse amor, aceitação e evangelismo. Muitas .pessoas deixam
uma igreja julgadora e desprovida de amor, mas poucos deixam o
lar da fé no qual se sentem aceitos.3

3. É a oração que dá poder à cultura evangelístíca


A igreja que compartilha o evangelho deve ser comprometida com
a oração. O evangelismo parece uma tarefa sem esperança. É chamar
pessoas espiritualmente mortas para aceitar a vida. Como capacitar e
encorajar as pessoas a fazer isso? Parece completamente inútil!

41
Igreja Viva

O Salvador sabia que nenhum argumento, embora


lógico, enternecería corações endurecidos ou atraves-
saria a crosta da mundanidade e do egoísmo. Sabia que
os discípulos precisavam receber o dom celestial; que
o evangelho só seria eficaz se proclamado por corações
aquecidos e labios tornados eloquentes pelo vivo co-
nhecimento Daquele que é o caminho, a verdade e a
vida. A obra comissionada aos discípulos iria requerer
grande eficiência, porque a onda do mal corria profun-
da e forte contra eles. Um vigilante e determinado líder
estava no comando das forças das trevas, e os seguido-
res de Cristo somente poderíam batalhar pelo direito
com o auxílio que Deus, pelo Seu Espírito, lhes daria.3

Em oração, os cristãos se achegam ao Senhor confessando sua


insuficiência para a tarefa do evangelismo e suplicando por mila-
gres que só Ele é capaz de realizar. Apenas Deus pode fazer brotar
as. sementes gue lançamos no coração das pessoas c|ue estamos
ten tando alcançar e fazê-las frutificar para a vida eterna._
A oração é essencial. Jesus disse: “A m inha casa será chamada
casa de oração” (Mt 21:13). Cristo não falou: “A minha casa será
chamada casa de pregação” ou “cânticos” ou “comunhão”, muito
embora todas essas coisas sejam necessárias. Cristo falou:
“4 m inha casa será chamada casa de oração”, porque somente em
oração os corações são abrandados e as pessoas.são trazidas^ parao
trono da graça.
Devemos orar uns pelos outros e pelas pessoas que amamos não
somente aos sábados pela manhã e pela tarde, mas todos os dias da
semana. Devemos nos reunir em congregação a fim de orar para
que o Senhor espalhe o evangelho por meio de nós. Aos sábados de
manhã, as pessoas devem compartilhar testemunhos do que acon-
teceu na semana anterior e orar pedindo oportunidades de anun-
ciar o evangelho na semana prestes a começar.
Devemos nos cerificar de que nossas orações públicas incluam a preo-
cupação pelos perdidos. A maioria dos membros da igreja não hesita
em orar pelas necessidades físicas das pessoas. Mas é menos comum
Como Criar Uma Cultura Evangelística

ver urna igreja que ora em conjunto, mencionando o nome de não


cristãos. Com frequência, quando a igreja começa a orar pelos per-
didos da comunidade, Deus atende a essas preces de maneiras que
deixam claro que Ele está em ação.
Quando oramos pelos perdidos em nossa comunidade, deve-
mos nos certificar de que nossa prece tem uma atitude de cuidado,
não de superioridade. A cultura da igreja se torna decisivamente
mais evangelística quando as orações dos membros se enchem da
preocupação por aqueles que não são seguidores de Jesus Cristo.
Nosso tempo de oração pública cumpre diversos propósitos.
Primeiro, entregamos a nós mesmos e nossos bens ao Senhor,
pedindo a Ele Sua bênção e Sou direcionamento. Devemos pedir
que nos comportemos com sabedoria e tato em relação às pessoas
de fora da igreja. Também devemos orar para que encontremos
oportunidades de testem unhar e tenhamos a resposta certa em
cada situação (Cl 4:2-6; Tg 4:2b).
As orações públicas envolvem a igreja inteira na obra de compartilhar 0
evangelho. Portanto, nosso testemunho não é uma tarefa ou um pro-
jeto que empreendemos sozinhos. Em vez disso, temos irmãos e
irm ãs que oram conosco. Essa troca deixa claro que o evangelismo
é a obra de cristãos “comuns‫״‬. As pessoas que fazem as orações e as
que têm pedidos não são, em sua maioria, pastores, anciãos ou
evangelistas talentosos. São apenas cristãos que aceitaram 0 chama-
do de partilhar as boas-novas com as pessoas a seu redor.
Esse momento de oração dá um bom ponto de partida para as pessoas
alcançarem seus vizinhos e colegas de trabalho. Se as pessoas se sentem
nervosas ou inseguras quanto a compartilhar as boas-novas, devem
orar. Podem pedir ao Senhor que lhes dê oportunidades e que Ele
as faça notar quem são os indivíduos que necessitam do evangelho.
Trata-se de um passo muito menos intimidante do que sair corren-
do com folhetos nas mãos.
Por fim , a oração nos torna mais amorosos. Ela suaviza nosso cora-
ção e aplaca nossos preconceitos arraigados. Isso nos faz esperar
relacionamentos melhores com as pessoas dentro de nossa esfera
de influência. Abre oportunidades para alcançarmos as pessoas a
quem testemunhamos.
43
Igreja Viva

Certo homem que vinha tentando ganhar a filha para Cristo


por anos usando a razão e os argumentos se convenceu da necessi-
dade de orar. Suas orações e a abertura de seu coração à obra divina
cm seu interior mudaram sua vida e suas atitudes. Quando a filha
percebeu essas mudanças, desejou aprender mais sobre o Deus
capaz de transformá-lo dessa maneira. Isso os fez voltar a ter um
relacionamento. E posteriormente, esse relacionamento de amor
entre pai e filha conduziu a moça para Jesus.

4 . 0 treinamento cria o projeto de uma cultura evangelística


Lembre-se: o objetivo de nossas igrejas é ter uma cultura evan-
gelística, não meramente realizar programas de evangelismo. Mas
isso não quer dizer que não existe espaço para os líderes da igreja
organizarem e capacitarem as pessoas a partilhar o evangelho.
Aliás, o amor pelo evangelho e a oração motivarão os cristãos a
desejar receber treinamento sobre como testemunhar e ter um
estilo de vida pautado pelo evangelismo.
Ao passo que o evangelismo é algo natural para algumas pessoas
de sua congregação, há muitas outras que amam o evangelho e
oram fielmente, mas ainda precisam ser capacitadas para compar-
tilhar o evangelho. Além do sermão semanal, você pode oferecer
seminários dedicados a temas que alimentem a cultura evangelís-
tica. Treine tanto os líderes quanto os membros. Paulo nos deixou
uma fórmula que resistiu ao teste do tempo. “O que de minha parte
ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a
homens fiéis e também idôneos para instruir a o u tro s2 } ‫״‬Tm 2:2).
Paulo treinou Timóteo, Timóteo capacitou os líderes de suas igrejas
e estes, por sua vez, treinaram a geração seguinte.&Muitos membros
da igreja_e_até_.líderes. nunca foram capacitados a.ajudar alguém a
deixar de ser “perdido‫ ״‬para se tornar “achado”#‫־‬Dedique tempo e
recursos para ajudar seus líderes a encontrar a^própria voz evange-
lística. Seguindo esse exemplo de Paulo, tive a oportunidade de
treinar até 150 equipes em uma igreja.
Fale com frequência, de maneira aberta, sobre como encontrar
as pessoas onde elas estão, dar-lhes conforto e esperança espiritual
e liderá-las em um relacionamento com Jesus para a eternidade.
Como Criar Uma Cultura Evangelística

Depois que o processo e os princípios estiverem claros, então seus


líderes podem usar o contexto e as circunstancias da maneira mais
propícia para testemunhar a cada indivíduo. Lembro-me de um
líder da igreja me contando que, em toda sua experiência na igreja,
ele nunca havia ajudado ninguém a aceitar a Jesus como Salvador
e Senhor porque nunca tinha aprendido a fazê-lo. Quantos de nos-
sos líderes e membros da igreja se encontram terrivelmente mal
preparados para encontrar as pessoas em sua jornada espiritual e
ajudá-las a dar o próximo passo?
O momento de capacitar as pessoas para alcançar os outros com
o amor de Jesus é agora. Estou convencido de que, se conseguirmos
iniciar uma cultura de evangelismo em todas as nossas igrejas,
nossos membros serão capacitados a m inistrar e serão bem recebi-
dos pelas pessoas, que, de modo geral, estão desesperadas por amor
e pela redenção que somente Cristo pode oferecer.
Estas são algumas sugestões de como os líderes podem ajudar
suas igrejas:
❖ Tremarjs.ca^ “Toda igreja deve ser uma
escola missionária para obreiros cristãos.”4 As atividades aos sába-
dos de manhã, os cultos de oração das quartas à noite e os progra-
mas dos pequenos grupos podem facilitar esse treinamento. Use
todos os ministérios e programas da igreja a fim de equipar os
membros para 0 evangelismo (ver Ef 4:11). Os cristãos devem se
reunir para adoração, comunhão e treinamento, a fim de aprender
como colocar o evangelismo em prática todos os dias da semana.
❖ Ofereça estratégias para o evangelismo e o discipulado. Além do
sermão semanal, você pode ter classes da Escola Sabatina dedicadas a
esses temas e recomendar bons livros sobre o assunto. Evangelismo e
Obreiros Evangélicos, de Ellen G. White, são dois dos meus preferidos.
Leia esses livros com as pessoas que você está discipulando, doe para
aquelas que os lerão e os disponibilize na biblioteca da igreja.
❖ Sempre dê ênfase ao testemunho de pessoas que estão fazen-
do coisas maravilhosas na comunidade por meio do evangelismo
e do ministério. Peça que compartilhem o que aprenderam sobre
o que deu certo e o que não funcionou. Isso incentiva os outros e
serve de inspiração para que façam parecido.

45
Igreja Viva

Os resultados foram incríveis! Fiquei surpreso ao ver quantas portas


Deus abriu! Regozijei-me diante de tantas pessoas respondendo posi-
tivamente ao evangelho. E fiquei pasmo ao perceber quantos mem-
bros daquela igreja seguiram meu exemplo. No ano seguinte, a igreja
que não batizava ninguém havia 26 anos teve 11 batismos!
A maneira que você se comporta com os outros revela muito
acerca do que um relacionamento com Deus pode fazer. Ter uma ati-
tude negativa não só afasta as.pessoas, como Jçambém.fazjirna repre-;
sentação incorreta do caráter de Deus. “Tudo quanto for feito para a
glória de Deus deve ser feito com alegria de coração, não com tristeza
e espírito sombrio. Não há nada de sombrio na religião de Jesus. Se,
pela sua melancólica atitude, os cristãos dão a impressão de haverem
sido decepcionados com seu Senhor, isto representa mal o caráter
Dele, dando armas aos Seus inimigos. Conquanto, pelas palavras, eles
pretendam que Deus é seu Pai, todavia, com melancolia e dor apre-
sentam ao mundo o aspecto de órfãos”.5
Portanto, mostre ao mundo a alegria proveniente de saber que
Cristo o aceita e que você pertence a Ele.
Os programas não desenvolvem um estilo de vida. O estilo de
vida positivo é desenvolvido por meio de relacionamentos eno-
brecedores de apoio, fundamentados no amor e na hospitalidade.
Mas é difícil construir relacionamentos desse tipo com as pessoas
quando nossos dias são cheios de tarefas, funções, deveres na igre-
ja, TV e internet. Aliás, talvez os membros da igreja tivessem mais
tempo para o discipulado e evangelism o se cancelássemos alguns
dos programas e os incentivássemos a dedicar essas horas ao
desenvolvimento do tipo de agenda que Jesus teria caso estivesse
em nosso lugar. Desafiem os membros a passar de três a quatro
horas por semana em um m inistério em favor da comunidade.
Certifique-se de que existam atividades sociais no calendário que
recebam bem as pessoas que não pertencem a igreja nenhuma.6

6. A amizade é a cola de uma cultura evangelística


As amizades são relacionamentos nos quais as pessoas crescem
no entendimento umas das outras. Um amigo oferece pão quando
você está com fome, um ombro para chorar, um ouvido disposto a

48
Como Criar Uma Cultura Evangelística

escutar e ura incentivo quando você precisa. Amizade diz respeito


a se alegrar juntos pelas vitórias conquistadas e dar apoio quando
tudo desmorona. É levar biscoitos e assados para os vizinhos,
É prestar atenção às necessidades das outras pessoas e enxergá-las
com o mesmo amor que Deus sente por elas.
Aprenda a abordar amigos, familiares, colegas de trabalho, de
classe e de dormitório para partilhar o evangelho com eles. Em
geral, os cristãos têm menos medo de partilhar o evangelho com
pessoas que conhecem do que co_m_gente_desconhecida._ Setenta e
cinco por cento das pessoas que aceitam ao Senhor e à igreja vêm
como resultado do evangelismo pela amizade.6 Comprometa-se
com um relacionamento com mu 0 com as pessoas a quem você
ministra. O intervalo entre o primeiro contato com alguém até o
compromisso com Cristo pode levar anos, às vezes até três anos.7
A maioria dos cristãos concorda que foram expostos ao evangelho
de diversos modos e métodos antes de se converter.
Uma vez que os descrentes são expostos ao evangelho por meio
dos relacionamentos e das interações cotidianas que têm com os
cristãos, recebemos a instrução de aproveitar ao máximo o tempo
que temos com os interessados, agindo com sabedoria, falando
com graça e dando respostas bem informadas sobre o evangelho
(ver Cl 4:5, 6; IPe 3:15, 16).
❖ Naamã, desafiando as convenções, se mostrou disposto a ir
atrás do profeta de Deus por causa da recomendação da escrava de
confiança de sua esposa (2Rs 5:1-5).
❖ O homem de Genesaré voltou para casa e contou a seus ami-
gos sobre o milagre que havia acontecido e o quanto Jesus fizera
por ele (Mc 5:19, 20).
❖ André levou seu irmão Pedro a Jesus, e Filipe levou o amigo
Natanael, incentivando-o a ir ver o que Cristo estava fazendo
(Jo 1:40-51).
❖ A m ulher Samaritan a contou à cidade inteira sobre seu
encontro com Jesus porque encontrou Nele a aceitação que vinha
buscando (Jo 4:28-42).
Não devemos limitar nossos relacionamentos apenas a outros
cristãos.
49
igreja Viva

O exemplo de Cristo de ligar-Se aos interesses da


humanidade deve ser seguido por todos quantos pregam
Sua palavra, e todos quantos receberam o evangelho de
Sua graça. Não devemos renunciar à comunhão social.
Não nos devemos retirar dos outros. A fim de atingir
todas as classes, precisamos ir ter com elas. Raramente
nos virão procurar de moto próprio. Não somente do
púlpito é tocado o coração dos homens pela verdade
divina. Outro campo de labor existe, mais humilde, tal-
vez, mas igualmente prometedor. Encontra-se no lar do
humilde, e na mansão do grande; na mesa hospitaleira,
e em reuniões de inocente entretenimento.8

Não se satisfaça em restringir a proclamação do evangelho


apenas ao templo. Isso coloca sobre o interessado a responsabili-
dade de vir a nós para ouvir a mensagem do evangelho. Em vez
disso, nós devemos ir até eles, repartindo a alegria e as bênçãos que
acompanham 0 ouvir e o compartilhar da mensagem transforma-
dora do evangelho.

7 .0 5 testemunhos servem de modelo


e Inspiração para uma cultura evangelística
Crie uma cultura propícia ao evangelismo por meio do uso regu-
lar de testemunhos. Até mesmo em uma igreja frequentada somen-
te por 25 adoradores adultos há histórias suficientes para preencher
um culto de sábado a cada 15 dias ao longo do ano. Comece escutan-
do histórias que você sabe que seriam apropriadas para compartilhar
e aumentariam a cultura de evangelismo. Cada um de nós tem uma
história de redenção e, ao falar sobre a atuação de Deus em nossa
vida, alguém que está ouvindo será tocado.
Os testemunhos não precisam se limitar aos cultos a fim de
inspirar os outros a viver uma cultura evangelística. Tim era casado
com Michelle, uma m ulher cristã, mas ele não era cristão, nem
estava interessado em se tornar um. Michelle passava bastante
tempo contando para ele 0 que estava aprendendo sobre Jesus e
orando para que o coração do esposo se abrandasse.

50
Como Criar Uma Cultura Evangelística

O tempo passou, e Tim continuou a viver segundo os próprios


caminhos. Até que, certo sábado, vários anos depois, Michelle
entrou na igreja e ficou chocada ao ver Tim dentro do tanque batís·‫־‬
mal, pronto para assumir o mesmo compromisso que ela fizera no
passado. Anos antes, um membro da igreja fizera amizade com o
esposo de Michelle e, nos últimos tempos, Tim começara a estudar
a Biblia com ele porque queria conhecer mais sobre o Jesus que sua
esposa lhe apresentava. Tim foi uma das pessoas para quem a con-
versão aconteceu em um processo lento, não em uma rápida virada
de 180 graus.
Pouco antes de completar 30 anos, Pam, que cresceu na igreja,
recebeu o diagnóstico de um câncer agressivo. Ao longo de sete
anos desde então, ela trabalha em tempo integral, enquanto faz
tratamentos que ajudam a controlar a enfermidade. Muito embora
a doença continue a se espalhar e pareça improvável que recue,
Pam vive com tanta alegria que as pessoas não param de comentar
sobre sua atitude positiva. Com frequência, ela é entrevistada sobre
como consegue ter uma perspectiva otimista mesmo sofrendo com
uma doença terminal. Ela logo dá o crédito a Deus, por abençoá-la
com bons amigos, médicos e patrões, bem como com um bom sis-
tema de apoio na igreja. Pam humildemente pede oração durante
cada tratamento e conta para todos que estiverem dispostos a ouvir
sobre a força e o incentivo que as preces lhe proporcionam.
Histórias como a de Pam abrem novos caminhos para as pessoas
encontrarem salvação e esperança.
De modo geral, os recém-eonvertidos são as pessoas da igreja
que têm o maior círculo de influência sobre gente sem vínculo
com a igreja ou que abandonaram suas denominações. E, com fre-
quência, são os mais apaixonados pelas coisas que acabaram de
aprender. Por isso, muitas vezes, as pessoas que entraram recente-
mente para a fé têm os melhores testemunhos. Em geral, estão
cheias da admiração e empolgação, como resultado de terem
conhecido Jesus. Mas tome cuidado: mexer com a paixão e o teste-
m unho desses indivíduos pode levar ao reavivamento!
A cultura de evangelismo envolve tanto renovação espiritual
quanto inteneionalidade em todas as áreas de sua vida. Não existe

51
Igreja Viva

nenhum programa capaz de criar um a cultura evangelístiea em


sua igreja. O desenvolvimento desse processo requer que os lide‫״‬
res ensinem, dem onstrem pelo próprio exemplo e orem até que
os membros comecem a perceber que com partilhar o evangelho
é tanto privilégio quanto responsabilidade deles. Uma igreja com
essa cultura será m uito mais produtiva do que sem ela, mesmo
que esteja carregada de programas e estratégias eficazes. Queremos
que o evangelismo se torne a experiência normativa de todos os
cristãos e que eles compartilhem o evangelho no contexto de
seus relacionamentos diários.

Referências
1 Charles H. Spurgeon, Lectures to My Students: A Selection From Addresses Delivered to the
Students c f the Pastors’ College, Metropol'tan Tabernac:e, 4 v. ;Ulan Press, 2311), v. 2, p. 65, PS.
2 Mesmo com o foco renovado no evangelismo e o incentivo para a realização de programas'evan-
gelisticos ao longo dos últimos anos, a Divisão Norte-Americana da igreja Adventista do Sétimo
D:a teve ;1 m crescimento de membros de apenas 1,5% de 2G12 para 2013, de acordo com o 2074
Annual Statistical Report, disponível em <http://www.advent;ststat!3tios.crg/>, acesso err. 25 de
setembro de 2019.
3 Ei'len G. White, Atos des Apóstolos (Tatu;, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2014), p. 31.
4 E;:'en G. White, A Ciência do Dom Viver (Tatu!, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2015), p. 149.
5 FE'en G. White, O Maior Discurso de Cristo ÍTatu!, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2016), p. 88.
6S . Jcneph Kidder, The Big Four (Hagerstown, MD: Review and Herald, 2011), p. 116.
7 lute mot [Evangelism □ay, "Jesus' Methods: Befriending and Relationships” , disponível em <http:/7
Η ;j.la:m:ni3trv,resourGes.ccm.'jesus-methods‫ ־‬befriend:ng-and-re’atior.3hips/>, acesso em 25 de
: ‫ ! ׳‬k !ubre de 2C19.
HI I T. 1 -1. White, O Deseado de Todas ss Nações (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2014), p. 152.
Capítulo 5

Como Jesus Alcançava


05 5em-lgreja
“Epercorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas
sinagogas, pregando 0 evangelho do reino e curando toda sorte de
doenças e enfermidades. Vendo ele as multidões, compadeceu-se
delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm
pastor. E, então, se dirigiu a seus discípulos:A seara, na verdade, é
grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da
seara que mande trabalhadores para a sua seara”(M t 9:35-38).

“Unicamente os métodos de Cristo trarão verdadeiro êxito no


aproximar-se do povo. O Salvador misturava-Se com os homens
como uma pessoa que lhes desejava 0 bem. Manifestava simpatia
por eles, ministrava-lhes às necessidades e granjeava-lhes a
confiança. Ordenava então: ‘Segue-Me3(Jo 21:19). Ê necessário pôr-
se em íntimo contato com 0 povo mediante esforço pessoal. Se se ___
empregasse menos tempo a pregar sermões, e mais fosse dedicado
q serviço pessoal, maiores seriam os_ resultados que se veríam.
Os pobres devem ser socorridos, cuidados os doentes, os aflitos e
os que sofreram perdas confortados, instruídos os ignorantes e os
inexperientes aconselhados. Cumpre-nos chorar com os que choram,
e alegrar-nos com os que se alegram. Aliado ao poder de persuasão,
ao poder da oração e ao poder do amor de Deus, esta obra jamais
ficará sem frutos”(Ellen G. White).1
53
Igreja Viva

esus comparou as pessoas do m undo ao grão maduro e fecundo.


J Em seguida, pediu a Seus discípulos que orassem a fim de que
mais pessoas se envolvessem na colheita do “grão”. Os cristãos têm
procurado seguir as instruções de Jesus. Na atualidade, há tentati-
vas de conectar os ditos sem-igreja com o poder salvador de Cristo,
mas muitas dessas iniciativas não têm obtido tanto sucesso. Estima-
se que menos de um terço da população mundial se identifica
como cristã2, e esse número não mudou muito ao longo dos cem
últimos anos:\ Aliás, a frequência à igreja está em declínio.
Uma pesquisa recente mostrou que menos de 20% dos norte-
americanos frequentam uma igreja de forma regular ou semirregu-
lar.4 Isso significa que há 252 milhões de pessoas sem-igreja nos
Estados Unidos, tornando o país o terceiro maior em indivíduos
sem vínculo com nenhuma igreja no mundo. Em outras palavras, a
maioria dos norte-americanos não é membro de nenhuma igreja.
Em consequência, os métodos tradicionais de evangelismo — que
em geral envolvem convidar as pessoas sem vínculo com igreja para
assistir a cultos realizados 11a igreja — encontram cada vez menos
resposta hoje. Logo, a pergunta é: O que podemos fazer para aumen-
tar o impacto que nosso testemunho tem sobre os sem-igreja?
Se queremos de fato atrair as pessoas para o reino, necessitamos
aderir ao jeito de Cristo de alcançá-las. “O Salvador misturava-Se com
os homens como uma pessoa que lhes desejava o bem [Lc 15:1, 2].
Manifestava simpatia por eles [Jo 8:1-11], ministrava-lhes às neces-
sidades [Mc 2:1-12] e granjeava-lhes a confiança. Ordenava então:
‘Segue-Me’ [Mt ll:28-30].”5
Cristo buscava de forma ativa as pessoas que se encontravam
espiritualmente “maduras”. Ele não esperava que elas fossem
encontrá-Lo. Cremos que a mensagem de Cristo continua a ser
relevante 2 mil anos depois de Sua morte. Sua abordagem para
transm itir essa mensagem é igualmente relevante hoje. Vejamos
como Ele alcançava as pessoas de Sua comunidade.

Como alcançar os sem-igreja


Como criar um estilo de vida e cultura que ministrem às pessoas
ao nosso redor assim como Jesus ministrava às pessoas que conhecia?

54
Como Jesus Alcançava os Sem-lgreja

Ele fazia mais curas e socialização do que pregação. A atmosfera a seu


redor era de esperança, valor e perdão. “Que verdade extraordinária
o fato de Deus vir a este mundo como um ser humano! Mas essa era
Sua estratégia de comunicação. Sua presença aqui fazia toda a dife-
rença. Ele não estava mandando uma palavra, Ele foi a Palavra à
humanidade. [...] Da mesma maneira, a comunidade cristã no mundo
não só transmite a mensagem, nós somos a mensagem. Somos uma
demonstração viva da realidade de Deus em um mundo caído.”6
Assim como as pessoas a quem Jesus conheceu enquanto andou
pela Terra, os sem-igreja de hoje desejam os mesmos sentimentos
de esperança, valor e perdão. Cristo chamop o corpo da igreja para
ser Suas mãos hoje alcançando e tocando aqueles que estão feridos.
A seguir, estão cinco passos para a implementação do exemplo
evangelístico que Jesus nos deu:

1. Ore pelos sem‫״‬igreja


A oração deve permear todos os nossos esforços de evangelizar.
As Escrituras nos garantem que Deus está em ação redimindo o
mundo. Jesus chorou e orou pela condição espiritual da cidade de
Jerusalém (Lc 19:41). Ele quer que sejamos sensíveis ao Seu agir.
Transforme em hábito e prática orar por seus vizinhos, familia-
res, colegas de trabalho e conhecidos da comunidade. Mencione
cada um pelo nome. Peça que você esteja aberto para identificar
oportunidades de compartilhar 0 evangelho. A oração não deve ser
uma mera e curta menção de nossas preocupações. Em vez disso,
devemos dar oportunidades para que os membros orem fervorosa-
mente pelos esforços evangelísticos da igreja.
Crie grupos de oração com o único prqpósito de omr mais pelas
pessoas _sen1 vínculo_com igreja de sua comunidade. Transforme o
culto de oração das quartas-feiras em mais que um mero momento
para ler a lista do nome dos enfermos. Transforme esse encontro
em uma oportunidade para a igreja orar a fim de que Deus atue em
seu bairro, para que Ele abençoe suas atividades evangelístieas.
Jesus pediu não só pela união dos discípulos, mas também por
aqueles que ouviríam a mensagem a fim de que eles pudessem crer
e ser salvos (Jo 17:20-23).

55
igreja Viva

Todo ano eu peço a Deus que me conduza a cinco pessoas para


as quais eu possa apresentá‫־‬Lo e sempre peço que Ele me dé o que
chamo de olhos evangelístieos. O Senhor nunca falhou. Em cada
um desses 14 anos desde que eu comecei a fazer esses pedidos espe-
cíñeos, nunca levei menos do que sete pessoas ao batismo e houve
um ano em que batizei 36!
Há pouco tempo, minha esposa e eu fomos convidados para
uma festa de aniversário de um dos membros de nossa igreja.
Quando chegamos, observei que, embora a maioria dos convidados
já estivesse conversando com alguém, havia um casal sozinho.
Então decidi ir falar com eles.
Eram vizinhos do hom em que estava fazendo aniversário.
Como todos os outros convidados, o casal não conhecia mais nin-
guém além do aniversariante. Pessoa alguma na festa tinha tomado
a iniciativa de falar com eles.
Eu me apresentei e fiz perguntas sobre eles. Então me contaram
que não frequentavam igreja nenhuma. O homem gostava de ir à
igreja na infância, mas, quando se tornou independente, acabou se
afastando. Desde então, não havia encontrado uma igreja com a
qual se identificasse. A m ulher explicou que os pais não iam à igre-
ja e então ela nunca havia ido a um culto.
Contei um pouquinho para esse casal sobre como eu me tornei
cristão. O homem ficou interessado e me chamou para ir à casa
deles naquela semana para continuar a conversa. É claro que aceitei
e comecei a estudar a Bíblia com eles. Não demorou muito, e esse
casal que vivia junto, mas nunca havia se casado, decidiu colocar o
coração nas mãos de Deus. Eles se casaram e entregaram a vida ao
Senhor por meio do batismo.

2. Comprometa-se com o cultivo


de relacionamentos com os sem-igreja
Vou apresentar uma orientação que pode parecer clichê, mas é
uma boa regra para manter em mente: só convide as pessoas para ir à
igreja depois de passar tempo em relacionamento com elas. Em outras
palavras, desempenhe alguma atividade social antes de falar com elas
sobre Deus. Familiarize-se com quem são. Encontre interesses em

56
Como Jesus Alcançava os Sem-lgreja

comum que possam desfrutar juntos. Pergunte de onde são e qual é


seu histórico espiritual. Convide-as para participar de eventos espor-
tivos e culturais com você. Ore por elas todos os dias e procure
maneiras de ministrar a elas, como cortar a grama do jardim enquan-
to estão de férias ou realizar projetos juntos. O apóstolo João retratou
Jesus estabelecendo essas conexões com a mulher samaritana junto
ao poço {Jo 4:129‫)־‬. O processo de ajudar os sem-igreja a se tornar
seguidores totalmente dedicados de Jesus não é uma operação instan-
tânea. Demanda compromisso de longo prazo com os relacionamen-
tos que você cultiva.
Há alguns anos, batizei uma m ulher chamada Sara. Seguindo
meu costume, eu a visitei no domingo após seu batismo para lançar
nela a visão de alcançar seus familiares com o amor de Deus.
Enquanto estava ali, observei que todas as paredes da casa tinham
fotos de peixe e vi seu esposo, Roger, com os pescados do dia.
Roger era um pescador entusiasmado que tinha um barco e um
sonar de ponta para localizar peixes. Ele pescava de duas a três
vezes por semana. Logo percebi que, se eu quisesse chegar ao cora-
ção daquele homem, precisaria aprender tudo que pudesse sobre
pesca. Comecei a ler todos os materiais que encontrava sobre o
assunto. Também comecei a visitar Roger semanalmente e conver-
sávamos sobre pesca. Então, certo dia, perguntei a ele se poderia ir
pescar com ele e levar meu filho junto. Roger ficou muito conten-
te em nos levar.
Durante a semana anterior à nossa expedição, pedi a Deus que
fizesse algo extraordinário naquele dia. Eu não sabia o que pedir, a
não ser um milagre.
No dia de nosso passeio, passamos cerca de cinco horas no lago.
Era um dia extremamente belo. Meu filho e eu nos divertimos
muito. Quando terminamos de pescar, começamos a contar os pei-
xes. Meu filho havia pescado dois peixes e eu pegara sete peixes
grandes, mas Roger não tinha conseguido pegar nenhum. Isso o
envergonhou e chateou. Ele perguntou:
- Como você fez isso? É a primeira vez que você pesca!
Então respondí:
- Eu orei sobre isso.

57
Igreja Viva

Roger logo pediu:


- Ensine-me mais sobre a oração.
Em poucos meses, ele foi batizado.
Para alcançar as pessoas que Deus coloca em seu caminho, você
pode precisar aprender a pescar ou fazer crochê, consertar carros
ou cozinhar. É muito provável que o cultivo de relacionamentos
que levam a um compromisso espiritual exija que você saia de sua
zona de conforto. Mas esses relacionamentos tornam as pessoas
abertas para o crescimento espiritual.

3. Atenda às necessidades dos sem-igreja


Os sem-igreja podem ou não se interessar pelas posições doutri-
nárias de sua igreja. Muitos não se importam com a versão da Bíblia
que você está lendo nem com o modelo de administração de sua
igreja. A maioria está se afogando na correnteza da realidade da vida
e não acredita que a igreja seja capaz de fazer algo para ajudar.
Embora estejam abertos para as coisas espirituais, vivenciar a fé no
ambiente da igreja tem sido uma pedra de tropeço para eles.
Suas preocupações são mais pragmáticas: encontrar um bom
emprego, pagar as prestações da casa própria, colocar comida na
mesa, sair do vermelho, manter a segurança no emprego. Estão
estressados com a saúde e questões familiares. Apreciariam receber
ajuda com temas ligados à criação de filhos: disciplina, eventos
escolares, namoro e mesadas. Pais e mães solteiros se preocupam
por terem de carregar o fardo sozinhos. Muitos adultos estão
ocupados atendendo às necessidades de pais idosos. Querem ami-
zades pessoais próximas e um propósito claro para a vida.
Jesus sem pre falou às necessidades dos indivíduos. Como fez
no caso da m ulher ju n to ao poço ou do cego de Siloé, Ele sem-
pre encontrava as pessoas onde elas estavam c lhes dava confor-
to e esperança para o futuro. Ainda hoje Seu convite ecoa:
“Vinde a Mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e
Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim,
porque sou manso e hum ilde de coração; e achareis descanso
para a vossa alma. Porque o Meu jugo é suave, e 0 Meu fardo é
leve” (Mt 11:2830‫)־‬.

58
Como Jesus Alcançava os Sem-lgreja

Jesus também disse: “Os sãos não precisam de médico, e sim os


doentes. [...] Não vim chamar justos, e sim pecadores” (Mt 9:12,13).
As igrejas que impactam a comunidade personificam a doutrina da
graça. Quando a vida das pessoas é transformada, elas partilham as
boas-novas com outros que estão em busca de esperança, auxílio e
cura. Ellen G. White escreveu sobre o que Jesus fazia:

Durante Seu ministério, Jesus dedicou mais tem-


po a curar os enfermos do que a pregar. Seus milagres
testificavam da veracidade de Suas palavras, de que não
veio a destruir, mas a salvar. Aonde quer que fosse, as
novas de Sua misericórdia O precediam. Por onde ha-
via passado, os que haviam sido alvo de Sua compaixão
se regozijavam na saúde, e experimentavam as forças
recém-adquiridas. Multidões aju 11tavam‫־‬se em torno
deles para ouvir de seus lábios as obras que o Senhor
realizara. Sua voz havia sido o primeiro som ouvido por
muitos, Seu nome o primeiro proferido, Seu rosto o
primeiro que contemplaram. Por que não haveríam de
amar a Jesus, e proclamar-Lhe o louvor? Ao passar por
vilas e cidades, era como uma corrente vivificadora,
difundindo vida e alegria.7

O modelo de cristianismo prático de Jesus se concentra em


aliviar o fardo dos outros. Examine sua igreja. O estudo da Bíblia
deve ir além daquilo que aconteceu há milhares de anos com um
grupo de nômades em peregrinação pelo deserto. Deve ser direcio-
nado diretamente para aplicação à vida das pessoas hoje, para que
Deus possa transformá-las.
A fim de que a igreja faça a diferença, ela deve se tornar como
Jesus em amor, graça e poder redentor. Quando a igreja é conduzi-
da de m aneira certa, ela se torna um lugar de graça e esperança que
o Senhor usa para mudar as pessoas e transformar o mundo em um
lugar m elhor.

59
Igreja Viva

Jesus personificou a profecia de Isaías:

O Espírito do Senhor está sobre Mim, pelo que Me


ungiu para evangelizar os pobres; enviou-Me para proela-
mar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos,
para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano
aceitável do Senhor (Lc 4:18,19; ver também Is 61:1, 2).

Reflita na possibilidade de dar início a grupos familiares comum‫״‬


táríos que se reunam em prédios ou casas. Use esses grupos para abor-
dar questões da vida com base em uma perspectiva bíblica. Providencie
respostas e ferramentas úteis. Mostre como Deus está ajudando mem-
bros da igreja em dificuldades, como testemunho daquilo que Ele pode
fazer por quem não tem uma igreja também. Encontre maneiras de ser
os olhos de Deus, enxergando as pessoas feridas, e Suas mãos, para
estender esperança, alegria e aceitação para os necessitados.

4. Faça de sua igreja um lugar amigável para os interessados


Alcançar os sem-igreja envolve sair da zona de conforto. Você
precisa começar a enxergar sua igreja com os olhos de um ínteres-
sado. Dedique tempo para analisar o culto e o ambiente do ponto
de vista de alguém que nunca foi à igreja antes.
Alcançar os sem-igreja pode exigir que mudemos a forma de
fazer as coisas. Essas pessoas não estão familiarizadas com a lingua-
gem, as práticas ou a cultura de sua igreja. Muitos já me contaram
que entrar em uma igreja é como chegar a um país estrangeiro.
Certifique-se de que a linguagem utilizada no púlpito, no boletim
e nos outros meios de comunicação seja acessível a todos. Jesus é
conhecido por usar um vocabulário simples e parábolas de fácil
compreensão e identificação. Acrescente descrições relacionadas
aos vários elementos do culto que ajudem as pessoas novas nessa
experiência a entender o significado por trás deles. Se há práticas
sem significado, pense em modificá-las ou eliminá-las.
Evite o uso de jargão adventista, como “DSA”, “mordomia” e
“Espírito de Profecia”. Não se esqueça de explicar o sentido de dou-
trinas historicamente cristãs como a santificação e a justificação.

60
Como Jesus Alcançava os Sem-lgreja

Não presuma que todos os ouvintes entendem o significado dessas


palavras e expressões.
Incentive os membros de sua igreja a evitar panelinhas nos
cultos e junta-panelas. Façam um esforço conjunto como igreja
para interagir com todos os visitantes. E fique de olho em qualquer
tradição local que possa deixar os interessados desconfortáveis ou
envergonhados, como pedir que todos os visitantes se coloquem de
pé e se apresentem.
Embora nem sempre seja fácil modificar ou eliminar práticas
como essa, isso é necessário para que os sem-igreja se sintam con-
fortáveis 0 bastante em sua igreja para desejar voltar. Transforme
em hábito regular analisar sua igreja e os cultos do ponto de vista
do interessado.

5. Promova um senso de aceitação


Lembre-se de que a maioria dos interessados está em busca de
algo maior do que eles mesmos. Eles querem pertencer a algo. No
entanto, a maioria das igrejas tende a seguir a seguinte fórmula:
crença +- comportamento = pertencimento.8 Se você acredita como
nós e se comporta da mesma maneira que nós, você fala, come e se
veste como nós, então pertence à nossa comunidade.
Historicamente, o evangelismo começou com o compartilha-
mento de conhecimento, isto é, de nossas crenças. Por exemplo,
usamos a Bíblia para mostrar a verdade do sábado, esperando que
o Espírito Santo convença a pessoa acerca dessa verdade bíblica.
Então só depois de aceitar essa verdade e outras doutrinas distinti-
vas é que mostramos, por meio da experiência, como é pertencer à
comunidade de nossa igreja.
Embora esse método ainda funcione para alguns, sugiro um
paradigma diferente. Trata-se de uma abordagem que prioriza a prá-
tica da doutrina. Funciona mais ou menos assim: antes de ensinar a
crença sobre o sábado, compartilhe as tardes de sábado com os ami-
gos que deseja evangelizar. Convide-os para almoçar, fazer caminha-
das na natureza e talvez até mesmo para ir aos cultos com você.
Em algum momento desse processo, eles perceberão a alegria
e a paz que o sábado traz e começarão a ter essa experiência na

61
Igreja Viva

própria vida. Isso os levará a perguntar sobre os princípios e as


crenças subjacentes à doutrina do sábado, dando para você a opor-
tunidade de compartilhar essa verdade, mostrando a base na Bíblia.
Como já experimentaram o que o sábado pode fazer por eles, é
provável que se sintam convencidos dessa verdade bíblica antes
mesmo de você a apresentar de maneira formal. Quando começa-
mos com o pertencimento e só depois passamos para o comporta-
mento, a crença é consequência.
Os pós-modernos estão à procura de uma comunidade à qual
possam pertencer. Depois de se sentirem aceitos do jeito que são,
ficam mais abertos para mudar seus valores e suas crenças. Quando
entendem o chamado de Deus em relação àquilo que Ele deseja que
sejam e façam, mudam de comportamento. Encontre maneiras de
desenvolver a cultura de sua igreja para que se torne um local ao
qual todos sentem que pertencem.
É de aceitação que as pessoas estão em busca. Deus quer que
você aceite os outros da mesma maneira que Jesus o aceitou. Ele
sente amor incondicional por todos, a despeito de quem são. Na fé,
nós nos deleitamos na aceitação divina a nosso respeito mesmo
sendo inaceitáveis e demonstramos amor a Ele ao oferecer livre-
mente esse dom aos outros. Deixamos de lado preconceitos e jul-
gamentos a fim de enxergar 0 que os olhos não veem e escutar o
que os ouvidos não ouvem (1C0 2:9) a fim de confortar quem passa
por necessidades. O amor de Deus nos permite estender um senso
de pertencimento àqueles que nem chegaram a reconhecer que
necessitam disso.
Os sem-igreja querem saber se o cristianismo vai funcionar
para eles. As perguntas que fazem são: “Seguir a Jesus faz alguma
diferença na sua vida?”, “A Bíblia tem algo a dizer acerca dos meus
problemas?” As respostas que você der a essas indagações influen-
ciarão a receptividade dessas pessoas ao evangelho.
Que sua vida demonstre os aspectos práticos de uma cami-
nhada com Deus! Vá fundo naquilo que mais incomoda os sem-
igreja. Fale sobre essas questões fora das paredes da igreja.
O argumento hoje não é se o cristianismo é real, mas, sim, se ele
funciona. Que sua vida seja a resposta, mostrando que um

62
Como Jesus Alcançava os Sem-lgreja

relacionamento com Jesus não só funciona, como também faz a


existência valer a pena!
A maneira de Cristo alcançar as pessoas começa ao tocar a vida
delas por meio da satisfação de suas necessidades, tornando a exis-
tência de quem Q segue cheia de significado. Culmina com o cha-
mado de Jesus para que O sigam e tenham um relacionamento com
Ele. Essa é a nossa missão hoje.

Referências
1 Ellen G. Wh:te, A Ciência do Bom Viver (Tatuí, SP: Casa Pubiicadora Brasileira, 2015), p. 143, 144.
2 Pew Research Center, "The Global Religious Landscape", 18 de dezembro de 2012, disponível
em <http:/Avww.pev,‫׳‬forunn.org/2012.'12/18.‫׳‬g'.obai-re!ig:ous‫ ־‬land3cape'exec/>, acesso em 26 de
setembro de 2019.
3 Pew Research Center, “Global Christianity - A Report on the Size and Distribution 01 the
World’s Christian Population” , 19 de dezembro de 2011, disponível em < http:./www.pewforum.
crg/2011/12,' 19/g[abal‫־‬chr:£tian:ty-exec/>, acesso em 26 de setembro de 2019.
4 Rebecca Barnes e Lindy Lowry, “7 Startling Facts: An Up Close Look at Church Attendance m
American” , ChurchLeaders, <http:/:'ww\,v.church’.eaders.com/pastors/pastor-artic':es/139575-
7-startl;ng-facís-an-up-c!ose-!cak-at-ch11rch‫ ־‬attendance-!n‫־‬amenca.htmi>, acesso e n 26 de
setembro de 2019.
5 White, A Ciência do Bom Vivor, p. 143.
6 Wayne McDill, Making Friends for Christ: A Practica! Approach to fíeiationai Evangelism,, 2ü ed.
{Maitland, FL: Xulon Press, 2010), p. 22.
7 White, A Ciência do Bom Vivar, p. 19, 20.
8 Confira mais explicações em Richard Rice, Believing, Behaving, Belonging: Finding Now Love for
the Church (Roseville. CA: Association of Adventist Forums, 2002).

63
Capítulo 6

Evangelismo
Pela Amizade
“Seja constante 0 amor fraternal. Não negligencieis a hospitalidade ‫״‬
(Hh 13:1,2).

que leva as pessoas à decisão de entregar o coração a Jesus?


O Cultos evangelísticos? Estudos bíblicos? Eventos sociais? Atos
de bondade? Relacionamentos? São circunstâncias especiais que
provocam a decisão ou ela acontece em meio aos acontecimentos
comuns da vida? Enquanto lê a história a seguir, tente identificar o
que foi mais importante para Bobbie entregar completamente a
vida a Jesus.
Quando Bobbie Moersch saiu de casa aos 18 anos de idade, ela
tinha pouco interesse por Deus. Mas depois de se casar e ter filhos,
começou a frequentar a igreja metodista, embora suas visitas fos-
sem apenas ocasionais, já que o trabalho do marido exigia que se
mudassem com frequência.
Bobbie criava e vendia poodles. Na metade da década de 1990, ela
e o marido estavam morando em Niles, Michigan. Kathy Herbel,
uma adventista do sétimo dia, foi à casa de Bobbie comprar um
filhote de poodle. Mas Bobbie já havia vendido todos os filhotes da
última ninhada. No entanto, como Bobbie tinha uma excelente
reputação de criadora, Kathy decidiu que, em vez de comprar o
cachorrinho em outro lugar, esperaria até Bobbie ter filhotes dis-
poníveis. Enquanto a família Herbel esperava, fazia visitas frequen-
tes a Bobbie para ver como a gravidez da “mamãe” cadela estava
progredindo. Os filhotes finalmente nasceram, e os Herbel escolhe-
ram qual queriam: um poodle toy caramelo a quem deram o nome

64
tvangeíismo Pela Amizade

de Cider. Mas aquele tempo de espera resultou em mais do que a


mera compra de um filhote. Também deu início a uma amizade
que já dura mais de duas décadas.
A força de um relacionamento é medida pelo que os amigos
estão dispostos a fazer para se ajudai; Levando isso em conta, o
relacionamento da família Herbel com Bobbie é bem forte. Por
exemplo, certo dia, quando Kathy passou na casa de Bobbie, perce-
beu uma necessidade da amiga. Bobbie queria cercar a casa, mas
não conseguiría fazer isso sozinha. Seu marido não podia ajudar,
pois sofria de mal de Alzheimer. Ao perceber a necessidade
de Bobbie, Kathy chamou alguns membros da igreja de Niles e de
outra igreja adventista da região para instalar a cerca. Bons amigos
se ajudam, mesmo que isso demande tempo e energia.
Ao longo dos anos, os Herbel faziam convites frequentes para
Bobbie e o marido irem a programas especiais e outras atividades
realizadas na igreja de Niles. Às vezes, os Moersch aceitavam o convi‫״‬
te e iam a essas programações especiais, incluindo diversos cultos
evangelísticos. Durante os apelos feitos nesses sermões, Kathy orava
por Bobbie, sabendo que ela estava lutando contra a convicção. Kathy
tinha certeza de que a amiga se entregaria a Jesus, mas Bobbie resistia.

Irmãs no sofrimento
Em abril de 2001, 0 marido de Bobbie faleceu. Ela reagiu com
ira, se afastando de Deus. Os Herbel continuaram a convidá-la para
ir à igreja, mas Bobbie usava seus vários problemas de saúde como
desculpa para não aparecer. Sua tendência era se isolar naquelas
circunstâncias, mas Kathy e a mãe, LeAnne, mantiveram contato,
sempre orando por ela e ajudando toda vez que possível. Kathy,
enfermeira formada, às vezes era praticamente uma enfermeira
particular da amiga.
Bobbie achava muito incômodo aqueles cristãos insistentes e
diretos demais. Mas os Herbel eram ternos e amorosos no teste mu-
nho a ela. Aliás, as conversas que tiveram assim que se conheceram
não foram abertamente espirituais. No entanto, mesmo naquela
época, Bobbie havia sentido de alguma forma que eles eram cris-
tãos. Anos depois, Kathy e LeAnne continuavam a orar com Bobbie

65
Igreja Viva

e visitá-la durante suas enfermidades. Com isso, 0 relacionamento


entre as três se tornou bem próximo, semelhante ao que mães e
filhas têm. Bobbie se sentia confortável em abrir o coração com
Kathy e LeAnne. Ela chamava LeAnne de “meu anjo”, por causa do
grande poder de suas orações e palavras de ânimo. Esses estímulos
espirituais aconteciam de forma natural e sincera.
Kathy e LeAnne deram apoio quando o esposo de Bobbie mor-
reu. E Kathy também sofreu perdas pessoais significativas na
mesma época, o que uniu ainda mais as duas mulheres, que se
apoiaram e incentivaram uma à outra. Kathy conheceu a família de
Bobbie e até fez um cruzeiro com a amiga e suas duas filhas.

Enfim progresso
No final de 2003, Bobbie começou a frequentar a igreja adven-
tista de Niles. Sete anos depois, enquanto estava sentada sozinha e
observando as famílias se divertirem nos jogos do festival de outo-
no que a igreja realizou na quadra da escola, o amor, a amizade e a
sensação de pertencimento a uma família que ela viu nos membros
da igreja encheram seu coração. Falando em voz alta, mas para
ninguém em particular, ela disse: “Quero fazer parte de tudo isso!”
O calor relacionai que viu na igreja a fez desejar se tornar membro.
Pouco tempo depois, enquanto Bobbie estava internada em
um hospital, Kathy e LeAnne foram visitá-la. Durante a visita,
Kathy perguntou a Bobbie se ela queria se tornar membro da
igreja de Niles. Bobbie respondeu que havia acabado de tomar
essa decisão. Quando voltou para casa, Bobbie começou a fre-
quentar a igreja de maneira regular. Que felicidade isso trouxe ao
coração de Kathy e LeAnne!
Pouco depois disso, Bill Dungeon, o pastor auxiliar, perguntou
a Bobbie se ela queria fazer estudos bíblicos, sem saber que ela já
estava decidida a se batizar. Ela achou preciosos os encontros nos
quais aprendeu mais sobre o jesús que a amava e havia cuidado dela
ao longo de todos aqueles anos. E no último dia de 2011, Bobbie se
batizou e se tom ou membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia de
Westside, Niles. Assim, Deus usou um poodle, paciência, oração,
atividades sociais e a Palavra para levar a salvação para Bobbie.

66
Evangel ismo Pela Amizade

De volta à pergunta agora. Qual foi a influência mais importan-


te para Bobbie entregar 0 coração ao Senhor e a querer se unir à
igreja de Niles? A resposta é que não houve apenas uma. Foram no
mínimo quatro influências que a levaram ao momento de decisão:
as muitas respostas a orações por cura, o testemunho amoroso da
família Herbel ao longo dos anos, as atividades sociais que a apro-
ximaram dos outros membros da igreja e o entendimento da ver-
dade que obteve nos cultos evangelísticos de que participou e nos
estudos bíblicos que fez. Q evangelismo não se resume a uma única
abordagem ou evento que Jeva as pessoas^ ao Senhor. É a soma de
muitas influências que criam um aatm osfera gue conduz gradual-
mente os indivíduos a Deus.

Lições aprendidas
Aqui estão algumas regras do evangelismo que podemos extrair
da história de Bobbie, confirmada por pesquisas:
1. Aproveite as oportunidades. Deus usou a busca por um poodle
para conectar membros com uma interessada. Todos nós precisa-
mos procurar oportunidades de começar um relacionamento com
alguém. Ore pedindo a Deus que revele a você onde Ele está traba-
lhando. Jesus usou a própria sede a fim de quebrar as barreiras
existentes entre Ele e a m ulher samaritana junto ao poço (Jo 4).
Usou a curiosidade de Nicodemos como caminho que levou o líder
judeu a uma amizade com o Salvador (Jo 3). Paulo até usou ídolos
para fazer um ponto de contato com os atenienses (At 17). Peça ao
Senhor que lhe dê visão clara a fim de reconhecer aberturas para
relacionamentos que possam le var pessoas a Jesus. O Espírito Santo
pode usar um poço, um copo de água, um ídolo pagão e até mesmo
a compra de um poodle para alcançar corações!
2. Seja intencional Edifique relacionamentos com as pessoas
como meio de levá-las a Jesus. Socialize com elas. Ame-as.
Satisfaça suas necessidades. Invista sua vida nelas. A família
Herbel não se satisfez com um mero conhecimento casual de
Bobbie. Em vez disso, eles a amaram com bondade e autenticidade.
Quando ela estava no hospital, a visitaram. Quando ela perdeu o
marido, também ficaram de luto e a consolaram. Quando estava

67
Igreja Viva

magoada, choraram junto com ela e se mostraram disponíveis.


Quando estava feliz, alegraram-se também. E sempre a conserva-
ram em suas orações.
3. Seja paciente e persistente. A maioria dos relacionamentos não
se desenvolve rapidamente. É necessário tempo, esforço e propósi-
to. Nossa estratégia de alcance das pessoas não deve ser do tipo
“corte e corra”. O fruto do evangelismo não costuma amadurecer
da noite para o dia. Uma única literatura não é suficiente. De acor-
do com Ed Stetzer, o evangelismo não relacionai é um paradoxo.1
Em diversos estudos sobre quanto tempo é necessário, em média,
para a conversão de um adulto típico, os participantes relataram,
em retrospectiva, as seguintes observações:
❖ Em média, há um período de cerca de três anos em processo
de questionamentos.
❖ Em mais de 60% das conversões, um problema sério na vida
desem penhou um a parte im portante no processo de início da
jornada cristã.
❖ Em mais de 70% das conversões, o relacionamento com um
cristão que orava pela pessoa foi o fator mais forte. E isso é bem
mais significativo do que assistir a vídeos, ler folhetos, livros ou até
mesmo a Bíblia. As pessoas queriam ter aquilo que viam exempli-
ficado na vida de seus amigos cristãos.
❖ A maioria das conversões ocorreu, por fim, no contexto da
comunhão com a igreja, não em isolamento?
Isso sugere que qualquer forma de evangelismo que n ão tenha
o objetivo de atrair as pessoas para relacionamentos verdadeiros e
confiáveis com cristãos tem pouca probabilidade de dar certo.
E como tais relacionamentos podem cobrar um alto preço e reque-
rer bastante tempo, os cristãos devem se comprometer com uma
vida de fidelidade, autenticidade, integridade e partilha intencional
de Jesus com os outros por meio de atos e palavras.

O que sig n ifica ser a u tê n tico


O Espírito Santo lhe dirá quando é apropriado compartilhar sua
história. Os Herbel escutaram o Espírito. Eles viviam a fé com ale-
gria e compromisso. Falavam abertamente sobre a fé e a igreja.

68
Evangelismo Pela Amizade

Jesus fizera tanto por eles que estavam ansiosos para contar sua
história aos outros.
Aqui estão algumas idéias que podem ajudar você a se tornar
mais eficaz ao compartilhar a fé:
❖ Deixe claro, ao longo da conversa, que você é cristão. Inclua
frases apropriadas ao assunto que se baseiem na Palavra de Deus.
❖ Não hesite em mencionar os benefícios e as bênçãos especiais
de ser cristão.
❖ Quando apropriado, dê glória a Deus ao falar sobre as coisas
boas que lhe acontecem, mas evite o louvor excessivo, que pode
parecer artificial e hipócrita.
❖ Não tente falar de uma vez só para as pessoas tudo que é a
vida cristã.
❖ Faça perguntas. Tente entender primeiro, para só depois ser
entendido. Crie um diálogo.
❖ Seja sensível às reações. Coloque-se no lugar do outro.
❖ Enquanto compartilha sua fé, peça sabedoria a Deus em ora-
ção (ver Tg 1:5; Ne 2:4).
❖ Quando lhe pedirem para explicar o plano da salvação, faça
isso de forma simples e clara (ver At 18:24-26).
Mantenha em mente que seu propósito não é converter. Você
está apenas partilhando seu relacionamento com Jesus. O tempo
para o ensino formal virá depois.

Convide seus amigos para irà igreja


Sempre que possível, convide seus amigos para as atividades da
igreja. O m elhor jeito de começar é convidando para um encontro
social despretensioso. Foi em uma reunião social que Bobbie se
sentiu em casa com a família da fé de Niles e decidiu se tornar
membro da igreja. Também é importante notar que os Herbel não
sentiram vergonha de levar a amiga à Escola Sabatina e ao culto.
Q papel da igreja é proporcionar um ambiente seguro e agradável
para as pessoas levarem os amigos. Isso ajuda tanto os interessados
quanto os novos membros a sentirem que pertencem mesmo
enquanto estão conhecendo os outros fiéis.

69
Igreja Viva

A seguir algumas sugestões de atividades:


❖ Inclua membros da igreja em atividades sociais, recreativas e
de trabalho para as quais você convida seus amigos não cristãos.
❖ Convide seus vizinhos e amigos que não têm vínculo com
nenhum a igreja para os eventos da sua igreja (culto, reuniões de
oração, eventos sociais, etc.).
❖ Convide-os para estudar a Bíblia na casa de alguém. Inclua
tanto cristãos quanto não cristãos.
❖ Convide-os para reuniões evangelísticas, grupos de estudo da
Bíblia e reuniões de pequenos grupos.

Seja paciente
Não demorou dias, semanas ou meses para Bobbie Moersch
escolher se entregar a Jesus. Dezesseis anos se passaram entre o
prim eiro contato com a família Herbel e o batismo. Algumas pes-
soas tomam a decisão bem rapidamente; outras, por sua vez, preci-
sam de mais tempo. Nunca devemos desistir delas. Até Jesus
precisou ser paciente. Nieodemos demorou mais de três anos para
revelar em público sua fé em Cristo.
Quando conversamos com os Herbel, ficou claro para nós que
a oração desempenhou um papel crucial na conversão de Bobbie.
Eles oravam por sua salvação, cura, por seu marido e por seu bem-
estar de modo geral. Os Herbel nunca viram Bobbie como um
objeto. Eles a enxergavam como uma amiga a quem amavam e
apreciavam profundamente.
Jesus orava pela salvação e cura das pessoas. Algumas eram
gratas e, sem dúvida, se tornavam parte de Seu grupo de seguido-
res. A oração por cura parecia ser uma porta de entrada para a
mensagem que Jesus trazia. A confiança aumentava, e as pessoas se
preparavam para ouvir a mensagem do reino. Jesus quer nos usar
a fim de levar esperança, paz e propósito para as pessoas dentro de
nossa esfera de influência.
Tanto o evangelismo público quanto o relacionai funcionam.
Até mesmo comprar um filhote de poodle pode se tornar uma opor-
tunidade para fazer evangelismo. Imagine o que pode acontecer se
você começar a partilhar sua fé com as pessoas de sua esfera de

70
Evangelismo Pela Amizade

influência: família, amigos e colegas! Pense em seus filhos no reino


de Deus desfrutando Jesus ao longo de toda a eternidade porque
você levou sua fé a sério. Reflita em como seria estar com sua mãe
e seu pai no Céu. Não seria ótimo desfrutar a eternidade com seus
vizinhos e colegas? Enxergue as pessoas como filhos preciosos de
Deus. Imagine seus amigos se aproximando de você no Céu para
dizer: “Estou aqui por sua causa. Muito obrigado!”

Referências
1 Internet Evangelism Day, "Jesus' Methods: Befriendind and Relationships‫ ״‬, disponível em <http://
d¡gitalministryresources.com/jesus-method3‫־‬befriending-and-relaticnsh:ps/>, acesso em 27 de
setembro de 2019.
2 Ibid.

71
Capítulo 7

Vendo o que Deus Vê


“E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de
ensinar e de pregar Jesus, 0 Cristo‫( ״‬At 5:42).

liando eu era pastor de igreja, tinha a forte convicção de que


devemos enxergar todos os lugares para onde vamos, em
que vivemos e no qual trabalham os como oportunidades de
m inistério. Eu fazia questão de visitar cada m em bro de minha
igreja em seu lar e am biente de trabalho a fim de desafiá-los a
ter um a vida de serviço e evangelismo. Com essas palavras, não
estava querendo dizer que todos precisavam se tornar pastores.
Em vez disso, estava expressando que Deus pede a todos nós que
nos tornem os m inistros por meio de nossa carreira.
Veja o exemplo de Owen: ele era médico, dono de uma clínica,
e havia mais dois médicos que trabalhavam para ele. Pedi a Owen
que me mostrasse a clínica dele e me contasse o que acontecia ali.
Após cerca de 45 minutos de visita, perguntei a Owen se podíamos
dedicar sua clínica para a glória de Deus. Ele respondeu que sim.
Então orei.
Quando terminei a oração, disse: “Owen, você é um médico cris-
tão. Os outros médicos tratam apenas da saúde física dos pacientes,
mas você se interessa também pela salvação eterna de cada um. Deus
o chamou para ministrar às necessidades espirituais das pessoas,
bem como às físicas. Eu o desafio a orar por seus pacientes, partilhar
sua fé com eles e, se possível, convidá-los para ir à igreja, estudar a
Bíblia ou qualquer outra ação espiritual que você julgar apropriada.‫״‬
Owen parecia ter levado um choque. Ele me contou que era
cristão a vida inteira, filho de pastor, mas nunca havia pensado em
seu trabalho dessa maneira antes. A reação de Owen à minha

72
Vendo o que Deus Vê

oração me mostrou que muitas pessoas não veem seu ambiente


profissional como um local de ministério.
Pouco depois que orei por Owen e sua clínica, ele começou a
me contar, todo empolgado, a respeito do que aconteceu quando
passou a falar para seus pacientes sobre o poder de Deus para curar,
se oferecer para orar por eles e até levá-los para a igreja. Owen
estava enxergando seu trabalho de maneira diferente. Percebeu que
a profissão servia para mais do que apenas dar estabilidade finan-
eeira para ele e sua família. Havia um propósito mais profundo
para sua vida: ajudar espiritualmente seus pacientes.
Deus chamou todo médico, todo zelador, todo CEOjtodo enge-
nheiro - todos n ós - para atuar como um embaixador do Céu em
qualquer momento e lugar. Ele nos; desafia a ir além dos !unites de
nossa profissão para servir onde quer que estejamos.

Ouse ser como Daniel


Daniel é um grande exemplo de alguém que viveu essa realida-
de. Ele trabalhava duro em sua profissão e fazia um ótimo serviço.
O livro de Daniel nos conta o que seus colegas de trabalho pensa-
vam sobre ele. Por influência de Daniel, o rei Nabucodonosor lou-
vou a Deus: “Quão grandes são os seus sinais, e quão poderosas, as
suas maravilhas! O seu reino é reino sempiterno, e o seu domínio,
de geração em geração” (Dn 4:3). Que testemunho de um grande
rei pagão! Daniel vivia e respirava seu relacionamento com Deus
segundo a .segundo. É por isso que as pessoas viam Deus Nele. Sua
integridade e fé exaltavam a Deus.
Daniel vivia com tanta integridade que o rei Dario planejava
colocá-lo no comando de todo o Império Persa. Isso deixou seus
oponentes cheios de inveja. Eles sabiam que o trabalho de Daniel
era impecável e não encontrariam motivo nenhum para que ele
fosse demitido. Portanto, em vez disso, tentaram usar a fidelidade
de Daniel contra ele.
Por causa de Daniel, o rei Dario havia começado a respeitar o
poder do Deus dos hebreus. Por isso, implorou a Daniel que clamas-
se ao Senhor por libertação (ver Dn 6:16). Quando Ele de fato salvou
Daniel da morte certa, o rei Dario testemunhou da grandeza divina

73
Igreja Viva

para todo o reino, promulgando um decreto “pelo qual, em todo


o dominio do meu reino, os homens tremam e temam perante o
Deus de Daniel, porque Ele é o Deus vivo e que permanece para
sempre; o Seu reino não será destruido, e o Seu dominio não terá
fim. Ele livra, e salva, e faz sinais e maravilhas no céu e na terra; foi
Ele quem livrou a Daniel do poder dos leões” (Dn 6:26, 27).
A vida de Daniel^ revelava ura caráter Jão forte e_ confiável que
impulsionou seus colegas de trabalho e.supervisores a testem unhar,
4a grandeza do Deus a quem ele servia. __
Esse tipo de testemunho não se restringe apenas aos tempos
bíblicos. Veja o exemplo de Lois: além de sua profissão, ela também
tem trabalhado como conselheira espiritual. Pouco tempo atrás, ela
me contou que a bondade de Deus tem se tornado tão visível por
meio daquilo que Ele tem feito na vida dela que seus amigos estão
contando aos colegas de trabalho seu testemunho.
Lucas conta que Jesus atraía pecadores para Si (leia, por exem-
pio, Lc 7:34; 15:1). Lois tem esse dom da “presença”: Deus é capaz
de usá-la como Suas mãos para confortar quem está sofrendo. Lois
consegue se identificar com pessoas de todas as posições sociais. Ela
não precisa pregar a fé de maneira formal, pois suas convicções
religiosas são perceptíveis para todos que convivem com ela diaria-
mente. Lois é um ombro no qual as pessoas podem chorar, uma
motivadora, uma mão ajudadora. Pela amizade que estende às pes-
soas a seu redor e pela visão de Deus que compartilha, muitos que
não pisam em uma igreja há anos tentam convencer os amigos
sem-igreja de que a aceitação que sentem da parte de Lois é um
reflexo do amor e do cuidado de Deus por todos os Seus filhos.
Paulo nos lembra de que somos chamados a viver para Deus em
tudo que fazemos (ICo 10:31). Não devemos refletir a glória de Deus
somente durante os momentos em que estamos oficialmente “de
plantão” como cristãos. Paulo disse aos filipenses: “Vivei, acima de
tudo, por modo digno do evangelho de Cristo” (Fp 1:27, itálico
acrescentado). Parece que saber 0 que Cristo fez por nós deveria nos
tom ar alegres e nos dar o desejo de compartilhar as boas-novas
com os outros, não por sermos obrigados a fazê-lo, mas porque
queremos contar aos outros o quanto Deus nos tem dado.

74
Vendo o que Deus Vê

Quando o propósito de sua vida é dar glória a Deus, não é pre‫^־‬


c|so seesforçar para evangelizar. Você faz isso de maneira automá‫_־‬
tica. Quando você vive por Cristo, as pessoas se sentem atraídas a
ver o que Deus faz em j i ^ vjda. Elas desej arã de você
para conhecer o que traz tanta satisfação pessoal e espiritual.

Com os olhos de Deus


Depois que reconhecemos que tudo o que fazemos na vida é
uma forma de ministério, nossa perspectiva muda. Enxergamos
as pessoas pelos olhos do nosso Pai celestial. Então, nossas comu-
nidades e nossos locais de trabalho se transformam em lugares
nos quais podemos testem unhar aos outros sobre o am or do
nosso Deus. Negócios e lucros ficam em segundo lugar. A prin-
cipal preocupação é com as necessidades espirituais das pessoas
com quem trabalhamos. Começamos a enxergar nossos colegas
de trabalho como pessoas que necessitam do Salvador.
Deus nos dá Seus olhos para que possamos ver o mundo e
alcançar os outros. Não é a posição social que motiva Deus, mas
sim a dor que Seus filhos sentem. Mateus, que estava lá quando a
cena aconteceu, escreveu: “Vendo Ele as multidões, compadeceu-Se
delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm
pastor” (Mt 9:36).
❖ Jesus viu o sofrimento de Jairo e ressuscitou sua filha dentre
os mortos (Lc 8:4056).
❖ Jesus viu a m ulher samaritana junto ao poço e lhe ofereceu
água viva (Jo 4:1-30).
❖ Jesus viu uma mulher consumida pela culpa e a perdoou
(Jo 8:2-11).
❖ Pedro e João viram um mendigo aleijado em seu caminho e
o curaram (At 3:110‫)־‬.
❖ Paulo ensinou as mulheres que foram até as margens de um
rio (At 16:13).
É a compaixão de Cristo que nos capacita a ver além de nós mes-
mos e encontrar maneiras de amar os outros. As Escrituras dizem:
“Desembarcando, viu Jesus uma grande multidão, eompadeeeu-Se
dela e curou os seus enfermos” (Mt 14:14).

75
Igreja Viva

Há alguns anos, eu estava ensinando os anciãos de uma de


nossas associações sobre o evangelismo no ambiente de trabalho
e, à noite, tivemos tempo para ouvir alguns testem unhos. Um
dos anciãos se levantou e disse: “Sou um empresário de grande
sucesso. Sou dono das revendedoras de carros de luxo de todo o
estado onde vivo. Mas hoje, pela prim eira vez, eu me perguntei:
‘Qual é a diferença entre mim e qualquer outro em presário bem-
sucedido?’ Quero ter um a margem justa de lucro; eles também.
Quero tratar m eus clientes com respeito; eles também. Quero
conseguir novos clientes; eles também.
“Hoje eu descobri que a diferença é que eu preciso, antes de
mais nada, me preocupar com a salvação eterna das pessoas com
quem entro em contato. Quero que Deus mude m inha perspectiva,
para que eu possa enxergar esses indivíduos como candidatos ao
reino de Deus, não como meros clientes e funcionários. Preciso
orar por eles, m inistrar a eles e encontrar formas criativas de par-
tilhar Jesus com eles. Minha preocupação deve ser as pessoas e sua
salvação, não os negócios ou o lucro. Necessito ver essas pessoas
como Jesus as vê: filhos Dele. Cristo morreu por elas porque as
ama m uito.”

Deixe sua luz brilhar


Como mudar nossa percepção da preocupação com o eu e os
bens mundanos para a visão que Deus tem pela humanidade? O pro-
fcta Miqueias nos instrui: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e
que é o que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a
misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus” (Mq 6:8).
Quando investimos nossa vida nos outros (descobrindo quais
são suas dores, nos lamentando com eles, sentindo suas incapaci-
dades como se fossem nossas), conseguimos encontrar as pessoas
onde elas estão. Somente depois de experimentarmos o cabo de
guerra que enfrentam na vida, somente depois de conhecê-las
pelo nome e lhes oferecer consolo, o testem unho é possível. Nós,
cristãos, somos desafiados a ser diferentes daqueles que vivem
sem Jesus. Somos chamados a deixar nossa luz brilhar diante dos
outros (Mt 5:16). O m inistério não se limita àqueles que recebem

76
Vendo o que Deus Vê

salário pela função pastoral. Em vez disso, trata-se de uma ordem


divina dada a todos os crentes, uma ordem que cada um precisa
colocar em prática.
Nada do que fazemos terá efeito duradouro, a menos que seja
banhado de oração e tenhamos recebido poder do Espírito Santo.
Sem sensibilidade profunda à guia do Espírito, não temos condi‫״‬
ções de ter uma vida que revele a Deus e dê glórias a Ele diante de
nossos vizinhos e colegas de trabalho. Nosso estilo de_vida deve
revelar paixão por alcançar pessoas, desejo de fazer o bem a todas
as pessoas e o respeito e a reverência devidos ao Senhor. Q investi-
mento em uma paixão diária a longo prazo pelo desenvolvimento
de uma vida positiva, guiada pelo Espírito e centrada em Cristo,
acabará por produzir o melhor impacto possível na esfera de sua
influência pessoal.

77
SEÇÃO 3

Adoração Inspiradora
esta seção abordamos como você pode fazer os cultos de ado‫״‬
M ração serem mais transformadores. Isso é realizado quando
Deus é o foco de cada parte do culto. As boas-vindas, o louvor, a
leitura bíblica e o ambiente são tão importantes quanto o sermão
e não devem ser negligenciados. Por isso, seus líderes de culto
devem ser treinados.
Ensine sua congregação sobre o que é cultuar e quais são as
partes de um culto de adoração. Ajude os membros a entender por
que fazemos 0 que fazemos toda semana. Promova cultos participa-
tivos; adorar não é apenas ficar sentado em um banco esperando
ser alimentado pelo sermão. E mostre a seus membros que a ado-
ração não se limita ao templo. Ela pode fazer parte da vida diária
de cada um.

78
Capítulo 8

Doze Maneiras de
Melhorar 05 Cultos de
Adoração em 5ua Igreja
"Tributai ao Se n h o r , ófam ílias dos povos,
tributai ao Se n h o r glória eforça.
Tributai ao Se n h o r a glória devida ao Seu nome;
trazei oferendas e entrai nos Seus átrios;
adorai 0 Sen h o r na beleza da Sua santidade.
Tremei diante Dele, todas as terras”(ICr 16:28-30).

s cultos da igreja têm o objetivo de apresentar Deus às pessoas


O e apoiar as mudanças que Ele faz na vida delas. Ao longo de
mais de três décadas, usando tanto métodos formais quanto infor-
mais, tenho coletado dados sobre igrejas e seus cultos. Durante esse
período, também já conversei com inúmeros pastores, membros da
comissão da igreja, líderes de louvor e outros. O que aprendí me faz
crer que a qualidade do culto nas igrejas sempre pode ser aperfei-
çoada. Este capítulo apresenta 12 coisas que você pode fazer para
tom ar os cultos de sua igreja mais eficazes.

1. Crie uma equipe de culto


Ter uma equipe de culto ajudará sua igreja a desenvolver e
manter cultos envolventes.1 Dedicar tempo para treinar membros
da igreja acerca de como planejar e realizar cultos não só libera o
pastor dessa tarefa administrativa, como também dá aos membros
a sensação de envolvimento e responsabilidade pelos cultos.

79
Igreja Viva

A equipe de culto deve encontrar maneiras de torná-lo inspi-


rador. É fundamental seguir os principios bíblicos de louvor e
adoração. É preciso m anter na igreja local urna filosofía de adora-
ção que se oriente pelos valores da Palavra de Deus.2
A equipe de culto também pode trabalhar com o pastor para criar
urna escala de pregação anual e encontrar temas relevantes tanto para
os membros quanto para os interessados. Também pode auxiliar a
encontrar vídeos e ilustrações que acrescentem variedade aos cultos.
E a equipe pode assumir a liderança no planejamento de programas
especiais e em datas comemorativas para a igreja.3

2. Coloque Deus no foco de cada parte do culto


O culto deve ser um tempo dedicado a Deus. Avalie a ordem dos
cultos de sua igreja e se pergunte acerca de cada parte: “Isso foca em
Deus ou no evangelho?” Se algumas partes não fazem isso,
elimine-as ou as coloque no início da reunião. Em específico, itens
como anúncios, cumprimentar uns aos outros e estender as boas-
vindas aos convidados podem encontrar um espaço legítimo no
culto da manhã de sábado, mas devem ser realizados de forma que
não desviem 0 foco do Senhor.
É o desejo de adorar a Deus e se sentir conectado com Ele que
leva as pessoas para a igreja toda semana. Elas anseiam ter proxi-
midade com Deus. isso pode ser vivenciado ao adquirirem novos
insights para a vida ou por meio do que gosto de chamar de
“Momentos de Deus”. O Momento de Deus é um tempo do culto
no qual nosso coração se liga ao coração de Deus e conseguimos
vê-Lo pela fé. Significa estabelecer uma conexão com o Divino.
Encontre uma maneira de proporcionar à sua congregação um
Momento de Deus toda semana. Testemunhos e tempo em oração
podem ser tão eficazes quanto os sermões no que diz respeito a dar
a oportunidade para as pessoas se sentirem mais próximas de Deus.

3. Não permita que a música se transforme em show


Muitas pessoas vivenciam um encontro com Deus por meio da
música de louvor. Cada vez mais, grupos de louvor têm cantado hinos
inspiradores, mas a maior parte da congregação não canta junto.

80
Doze Maneras de Melhorar os Cultos de Adoração em Sua Igreja

São melodias populares escritas para um vocalista talentoso, não para


pessoas cuja extensão musical não passa de uma oitava. Assim, nós,
nos bancos, ficamos relegados a ser espectadores que assistem aos
indivíduos na plataforma louvarem a Deus.
Ellen White destacou a necessidade de usar músicas das quais
todos possam participar: ‘‘Escolha-se um grupo de pessoas para
tomar parte no serviço de canto. E seja este acompanhado por ins-
trumentos de música habilmente tocados. Não nos devemos opor
ao uso de instrumentos musicais em nossa obra. Esta parte do ser-
viço deve ser cuidadosamente dirigida; pois é o louvor de Deus em
cântico. Nem sempre 0 canto deve ser feito por apenas alguns. Permita-se
0 quanto possível que toda a congregação dele participe.”4

4. Não interrompa o fluxo da adoração


Todos já passamos por isso. A música está maravilhosa. Cada vez
mais pessoas da congregação estão participando. O tempo está pas-
sando depressa porque os presentes estão se encontrando com Deus
por meio da experiência. O culto chega a um crescendo com uma
oração de ações de graças que faz alguns enxugarem lágrimas.
O Espírito é chamado a entrar no ambiente de maneira poderosa.
Então, de repente, um dos líderes do louvor pede ao Espírito que
fique sentado em silêncio em um cantinho por uns dez minutos
enquanto cuidamos da limpeza da casa.
Às vezes, essa limpeza é uma série de anúncios que as pessoas
poderíam muito bem ler no boletim. Às vezes, é um membro da
igreja fazendo um apelo para que haja mais participação em um
ministério iniciante. Às vezes, é apenas uma questão de parar tudo
para cumprimentarmos uns aos outros. Qualquer que seja o moti-
vo do hiato, ele interrompe completamente o Momento de Deus.
O coração das pessoas estava preparado para ouvir uma mensagem
poderosa da Palavra de Deus. Em vez disso, são informadas quanto
à logística do piquenique da igreja.

81
Igreja Viva

Composição da equipe de cuito


Tipicamente, a equipe de cuito é formada por:
❖ Coordenador do cuito
❖ Diretor de música
❖ Diretor do corai
❖ Coordenador do ministério da criança/de encenação
❖ Diretor do departamento audiovisual
❖ Anciãos selecionados
❖ Leigos criativos
❖ Um membro da equipe pastoral
Observe que, nas igrejas pequenas, muitas dessas funções se
sobrepõem ou nem existem.

É importante que as coisas fluam de maneira desimpedida no


culto; portanto transforme isso em uma prioridade. Planeje. É melhor
passar do louvor diretamente para o sermão do que atrapalhar o fluxo
com intromissões.
Os cultos devem despertar enlevo e transmitir esperança. A equipe
de culto pode trabalhar com o pastor para garantir que ele não seja
formado por pequenas partes desconexas. Planeje para que cada parte
do culto esteja em sintonia com o tema do dia. O ideal é que o louvor
congregaeional, o momento de oração, a adoração infantil, a leitura da
Bíblia e a música especial apontem para a mensagem do sermão.
A apresentação dessa mensagem de maneiras diferentes beneficiará a
todos os presentes e alcançará todos os estilos de aprendizagem.

5. Permita que os visitantes permaneçam anônimos


Pesquisas mostram que a maioria das pessoas que visita uma
igreja pela primeira vez deseja permanecer anônima.5Se não for o
caso, a própria pessoa se apresenta ao pastor ou líder após 0 culto.
A última coisa que um recém-chegado deseja é se colocar de pé
“para que possamos mostrar 0 quanto apreciamos sua presença”.
A maioria dos membros de longa data não gosta de ser destacado e
colocado diante da atenção de todos, muito menos um visitante
que comparece à igreja pela primeira vez!

82
Doze Maneiras de Melhorar os Cultos de Adoração em Sua Igreja

Certa igreja que visitei tentou resolver o que consideravam ser


um problema, pedindo àqueles que visitavam a igreja pela primei-
ra vez que permanecessem assentados enquanto todos os outros
ficavam de pé para cumprimentá-los. Uma vez que a questão é
chamar atenção, essa tática criativa não ajudou muito. Os líderes de
louvor e responsáveis pelas boas-vindas fariam bem em visitar uma
igreja na qual não conhecem ninguém. Isso ajudaria a lembrá-los
como é desconfortável ser destacado diante do grupo.

Coisas importantes para analisar


❖ Comece na hora. Se não, os visitantes que chegaram pon-
tualmente podem se sentir tentados a ir embora, em vez de
esperar. E quando você começa tarde, acaba tarde. Adultos e
crianças com fome começam a se remexer e comprometem a
atmosfera espiritual.
❖ Transforme cada culto de adoração em uma experiência
positiva. As pessoas devem se sentir esperançosas e inspiradas
quando forem embora.
❖ Acrescente variedade a seus cultos para conservá-los inte-
ressantes. Não tenha medo de acrescentar elementos como vídeos
ou coisas do tipo.
❖ Instrua sua congregação sobre como e por que adoramos.
❖ Cuide para que a história da adoração infantil dure cerca
de cinco minutos. Certifique-se de que a pessoa que conta a his-
tória é empolgada e se identifica com as crianças.
❖ Defina a duração do culto que atenda melhor a sua congre-
gação e se planeje dentro desse tempo. Se o culto for maior do
que as pessoas da comunidade acham que deveria, elas sairão
antes de term inar e não voltarão mais.
<‫ >׳‬Peça feedback com frequência. Isso ajudará a determ inar
que partes do culto são benéficas e quais precisam ser
aperfeiçoadas.
Φ Esforee-se para apelar tanto para as emoções (por meio da
música e de histórias) quanto para a razão (por meio de uma
exegese correta e de exposição dos ensinos bíblicos).

83
!greja Viva

❖ Os líderes de louvor “devem dedicar algum tempo para a


prática, a fim de empregar esse talento para a glória de Deus”.*
Pratique todas as partes do culto, não só a música. É por meio da
prática consciente que aperfeiçoamos os talentos que Deus nos
deu, para que possamos Lhe dar gloria.
❖ Em todos os cultos, contemple a Palavra de Deus, celebre o
evangelho e se regozije na mudança que Deus opera em todo o
que crê.
* Ellen G. White, The Voice in Speech and Song (Nampa, ID: Pacific Press, 1988), p. 434.

As igrejas receptivas aos interessados reconhecem que há


momentos melhores para saudar os convidados do que quando
todos os olhos estão concentrados neles. Tentam evitar destacar as
pessoas com um cumprimento impessoal em massa. Em vez disso,
dedicam tempo para puxar conversa e conhecer os recém-chegados
de maneira individual. Um centro de boas-vindas e refeições de
comunhão após o culto são boas maneiras de criar uma conexão
com os visitantes.

6. Elimine as orações que não passam de discursos


Quando Jesus nos ensinou a orar, deu como exemplo uma ora-
ção que dura menos de 30 segundos do início ao fim. Em contra-
partida, muitas das orações feitas no púlpito demoram muito mais
do que isso. Cristo ensinou: “E, orando, não useis de vãs repetições,
como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão
ouvidos” (Mt 6:7).
Falar com Deus é uma coisa boa; todos nós precisamos fazer
mais isso. Contudo, Ellen White advertiu que, embora nossas ora-
ções particulares possam ser longas, as públicas necessitam ser
curtas e devemos evitar fazer pregações enquanto oramos, já que
isso é papel do sermão.6*Nos cultos, é recomendável que as orações
sejam rápidas e fervorosas. Os adoradores devem ser estimulados a
orar em silêncio por um tempo.

84
Doze Maneiras de Melhorar os Cultos de Adoração em Sua Igreja

7. Delegue a fim de que você tenha


o tempo necessário para preparar o sermão
Muitos pastores ficam sobrecarregados com tarefas administra-
tivas que roubam o tempo do preparo do sermão. Em consequência,
restam apenas sobras de tempo nas quais espremem o preparo, às
vezes em detrimento da própria família e saúde. Após transmitir
a mensagem, quem está assentado nos bancos sorri, acena com a
cabeça e agradece pelo sermão. Mas a congregação podería ter
aprendido muito mais com o que o orador disse e poderia ter viven-
ciado uma experiência melhor de adoração caso o pastor tivesse
separado mais tempo para investir na mensagem.
Pregadores que desejam ensinar com excelência necessitam de
tempo adequado para se preparar. Pastores eficazes de igrejas em
crescimento gastam de 12 a 20 horas por semana preparando ser-
mões_7 Precisam de tempo para pesquisar o assunto, organizá-lo em
um formato engajador, garantir que as idéias fluam e praticar a
pregação. E algo ainda mais básico do que isso: qualquer cristão que
deseja ensinar bem necessita de tempo e recursos para o desenvol-
vimento espiritual e profissional. Quando paramos de aprender,
nosso ensino sofre imensamente.
Aqueles que querem pregar mensagens que transformem a vida
semana após semana podem necessitar de uma mudança 110 siste-
ma de trabalho em suas igrejas. Precisam conseguir deixar a carga
de diversas tarefas administrativas, entregando-a para membros da
igreja bem preparados, a fim de ter condições de se concentrar em
ensinar com excelência.8

8. Ensine para as pessoas como a Bíblia se aplica à vida diária


Após realizar um seminário sobre leitura transformadora da
Bíblia, vários pastores me contaram que nunca haviam ouvido falar
sobre as Escrituras serem usadas dessa maneira. Certo homem
disse: “Você fala de coisas práticas usando linguagem espiritual.”
Para esses indivíduos, a Bíblia diz respeito à teologia ou à escatolo-
gia, mas tem pouco que ver com a vida cotidiana.
Esse problema acontece no mundo inteiro todos os fins de
semana, enquanto pastores negligenciam a natureza extremamente
Igreja Viva

prática da Palavra de Deus. Qual foi a última vez que você ouviu
um sermão sólido sobre como viver a fé no ambiente de trabalho?
Ou sobre os princípios bíblicos para a criação dos filhos? Ou sobre
como resolver conflitos de maneira consistente com a Bíblia? Ou
sobre como testem unhar em sua vida diária? Ou sobre como ser
um a influência positiva em sua comunidade? A Bíblia fala sobre
todas essas áreas, mas muitos cristãos não sabem disso.
Em geral, as melhores mensagens transmitidas no púlpito mos-
tram como aplicar as lições da Bíblia à vida cotidiana. Devemos
“pregar para transformar e isso é feito por meio de ensinos com
aplicação prática”.9 As pessoas estão sedentas por muito mais do
que bons conselhos. O estudo dos escritores das cartas do Novo
Testamento e dos maiores pregadores da história mostra que suas
epístolas e seus sermões são formados por no mínimo 50% de apli-
cação.10 Se começarmos a levar a teologia prática a sério, ficaremos
surpresos ao perceber quantas pessoas assentadas nos bancos come-
çarão a fazer anotações sérias enquanto pregamos!

9. Não apresente destinos sem dar as coordenadas de como chegar lá


Os pastores são excelentes em identificar objetivos. Ame a Deus
de todo o coração. Ouça a voz do Senhor. Demonstre alegria, paz,
bondade e assim por diante. Coloque em prática a grande comissão.
Dê a outra face. Ame a seu próximo como a si mesmo.
Devemos trabalhar com Deus para alcançar esses ideais. No
entanto, já fui embora de inúmeros cultos me perguntando como
conseguiría fazer o progresso sugerido. O que devo fazer? Aprendí
sobre como o destino é desejável, mas me sinto desanimado porque
não me ensinaram como alcançar esse estado maravilhoso.
Quando os pastores ensinam que devemos ser mais pacientes,
também devem nos instruir sobre como ser mais pacientes. Quando
incentivam os membros a evangelizar, eles devem compartilhar o
que funciona ao persuadir as pessoas a avaliar as premissas do
evangelho. Os pregadores devem mostrar às congregações como
viver a vida cristã com alegria e eficácia.
Os melhores professores e pregadores reconhecem essa questão
e, por isso, é raro apresentarem aplicações sem mostrar o “como”.

86
Doze Maneiras de Meihorar os Cultos de Adoração em Sua Igreja

São extremamente práticos em seus ensinos. Em consequência, os


membros saem de cada culto com um plano de ação para fazer
progresso real naquela semana e muito mais.
Isso não é apenas um detalhe. Os pregadores que apresentam
destinos sem coordenadas para suas congregações acabam por
frustrá-las, pois m ostram o quanto elas devem ir longe, mas não
como chegar até lá. Assim como explicamos com cuidado para
o viajante perdido como chegar de A a B, devemos fornecer
mapas claros para os m uitos viajantes que fazem um a parada em
nossos bancos.

10. Abrevie o sermão e imprima foco nele


Quer saber o jeito mais rápido de deprimir um pastor? Peça que
ele pergunte aos membros na noite de sábado quais foram as idéias
transmitidas no sermão da manhã. Se quiser desmoralizá-lo por
completo, é só fazer a mesma pergunta na terça-feira. Recentemente
perguntei a um grupo de amigos no sábado à noite do que eles se
lembravam. Somente 20% conseguiu dar uma resposta correta.
E na terça-feira, apenas uma pessoa foi capaz de articular sobre o
que o sermão havia falado.
A triste realidade é que, em uma era de excesso de informação,
não nos lembramos mais da grande maioria das coisas que ouvi-
mos. É possível que nos lembremos das piadas ou histórias conta-
das no sermão, mas as lições essenciais caem no esquecimento.
Você pode ajudar seus ouvintes a se lembrarem da mensagem
abreviando o sermão.11Li pausadamente em voz alta o sermão mais
substancial de Jesus, 0 Sermão do Monte. Consegui ler tudo em
menos de 12 minutos!
“Mas vou precisar cortar tanta coisa!”, dizem alguns. Da pers-
pectiva do ensino, isso é bom! Em vez de apresentar três pontos ou
passos, concentre-se em uma ideia principal, um “tiro homilético”.12
Andy Stanley adverte: “Se você der elementos demais para as pes-
soas se lem brarem, elas não se lembrarão de nada. [...] Tudo que
você diz pode ser transformador, mas, se não conseguirem se lem-
brar. seus ouvintes não mudarão nada. [...] E preciso reduzir o foco
de sua m ensagem a um só ponto. Assim, todo o restante da

87
Igreja Viva

mensagem estará lá para apoiar, ilustrar e tornar esse ponto mais


memorável”.1213 Mostre de maneira visual. Use humor e emoção para
transm itir a mensagem. E, sobretudo, conte histórias que a ilus-
trem. Essa era a abordagem de Jesus no ensino. Ele contava histó-
rias porque as pessoas se lembram de histórias. Não consigo me
lembrar de discursos subjetivos, mas me lembro muito bem do
livro de Jonas, pois é uma história.
Tento me lembrar do conselho de m inha esposa: sempre deixe
as pessoas com um gostinho de quero mais.

11. Desafie as pessoas


As vezes, os pastores não estão dispostos a exigir muito de seus
ouvintes porque têm medo de que, se mostrarem que Deus dese-
ja que coloquem em prática suas crenças, as pessoas rejeitarão
seus ensinos. Por isso, pregam um cristianismo barato. Desafie as
pessoas a mudar. Desafie-as de maneira individual e coletiva a ser
exemplos do poder transformador de Cristo. Desafie-as a fazer
uma introspecção e a se analisar em comparação com o testemu-
nho inflamado das Escrituras, a se tornar mais santificadas, a sair
e m udar seu pequeno m undo para 0 reino de Deus. Isso pode ser
feito sem recorrer à culpa ou manipulação. Mostre às pessoas que
elas fazem parte de um a aventura com Deus; uma aventura
que requer tanto coragem quanto compromisso.
Era isso que Jesus fazia. Ele ensinava as pessoas a deixar sua luz
brilhar. Também as instruía a tomar a cruz e segui-Lo.
O chamado de Deus é tanto empolgante quanto exigente. As
igrejas que falam a verdade em amor com ousadia estão crescendo
ej o mais importante, estão desenvolvendo discípulos de verdade..

12. Dre pedindo a presença do Espírito Santo


Em última instância, não é a estrutura do culto, 0 talento de
quem vai à frente nem a persuasão dos sermões que determinam
a eficácia de um culto de adoração. É a convicção do Espírito Santo
que produz esses resultados. E o poder do Espírito que convence
o coração e muda a vida. As igrejas nas quais Deus é adorado e
glorificado e onde as pessoas são mudadas e transformadas são

88
Doze Maneiras de Melhorar os Cultos de Adoração em Sua Igreja

igrejas que oram muito. Elas oram antes, durante e depois do


culto. Em muitas delas, os membros dedicam tempo para ir ao
templo e orar passando por todos os bancos, pedindo por todas as
pessoas que irão à igreja, rogando a Deus que esteja presente e faça
algo extraordinário em seu meio. Se você deseja que seus cultos
melhorem, ore muito!
Sc há algo que vale a pena fazer com excelência é a adoração de
nosso glorioso Deus. Não dá para esperar ver mudanças na adora-
ção sem oração e o trabalho do Espírito Santo, mas tampouco deve-
mos esperar que nossa adoração melhore sem tom ar iniciativa.
É por meio de planejamento intencional, prática e comunicação
que conseguiremos proporcionar um culto que honre a Deus, ao
mesmo tempo em que edifica e enleva membros e convidados.

Referências
1 Usei as informações que apresento neste capitulo ao formar minha própria equipe de cuito e ao
aconselhar outros acerca da criação de equipes de cuito em suas igre;3s. O retomo que recebí
dessas igrejas foi nruito positivo. As pessoas sentiram que a equipe de culto ccntribui com estru-
tura, profundidade, variedade e inspiração para 03 cultos de adoração.
2 Rich DuBose, “Should Your Church Have a Worships Committee?”, Advent Source, <http:.'/www.
adventsource.org/as30/p!usL!ne.article.aspx?id=20eSiumschk-1>, acesso em 30 de setembro
de 2019.
3 Para aqueles que pastoreiam rnals de uma igre;a, a equ.pe de cuito ajuda a conferir continuidade
e economizar o tempo do pastor, urna vez que os membros da equipe são os responsáveis por
planejar es cultos semanais. Confira no segundo destaque com informações lateras a ilsta de
quem deve participar da equipe de culto.
4 El !en G. White, Obreiros Evangélicos (Tatu¡, SP: Casa Pubücadora 8rasi!eira, 2014), p. 357, 353,
itálico acrescentado.
5 De acordo com um estudo da UfeWay, apenas 11 % dos que deixaram a igreja e estão voltando que-
rem ser identificados como visitantes (“Formerly Churched Prefer to Remain Anonymous” , LifeWay
Research, 6 de novembro de 2008, disponível em <http:Mvww.liíewayresearch.com.'2006/11/06/
f 0 rmeriy-churched-prefer-to■-remain-anonym0 us/>, acesso em 30 de setembro de 2019) e, de
acordo com Barna, somente 22% dos visitantes gostam que lhes peçam para se Identificar (George
Barn a, [Ventura, CA: Regal Bocks, 1995], p. 67).
6 "Muitos, entretanto, fazem orações secas em forma de sermão. Eles oram aos homens e nãc a
Deus. [...] Não são tidas em conta alguma no Céu. 03 anjos de Deus e também os mortais que
são obrigados a escutá-las aborrecem-se delas” (Eilen G. White, Testemunhos Para a ígrea,
9 v. [Tatuí, SP: Casa Pubhcadora Brasileira, 2015], v. 2, p. 531, 5S2).
7 Thom S. Rainer, Surprising Insights Prom the Unchurched and Proven Ways ίο Reach Them ;Grand
Rapids, Ml: Zondervan, 2003), p. 209-222. Uma pesquisa mais recente feita per Thom Rainer
constatou que 70% dos pastores gastam de 10 a 18 horas preparando cada sernr.ão. Ccnfra
Thom S. Rainer, “ Hew Much Time Do Pastors Spend Preparing a Sermon?'’, Thom S. Rainer (blog),
disponível em <http://thomrainer.com/2013,O6/ho\v-much-t:rr.e-dc-pastcrs-spend-preparing-a-
-serman/>, acesso em 30 de setembro de 2019. 03 pastores que trabalham em urna igre a menor
ou em distritos com várias igre;as podem não conseguir dedicar tanto tempo ao preparo de ser-
rrões por causa da falta de auda administrativa. (Leia o exemplo de T;m Keller em Eric McKiddie,
“Should You Take 2 Hours or 32 Hours for Sermon Prep?” , Sermon Centra/, diapomvel em «·.http:.7
vww.sermoncentral.com/pastcrs-preachirig-articies/eric-mckiddle-should-you-tGke-2 -h 0 jrs-cr-
32-hours-íor-sermon-prep-l 730.asp>, acesso em 30 de setembro de 2015;‫׳‬. No entanto, em
um distrito com várias igrejas, 03 pastores costumam pregar o mesmo sermão, ajustado para

89
Igreja Viva
o contexto, em cada urna de su as congregações. Por !8 8 0 , ao longo de algumas semanas, terá
tempo extra para treinar cu preparar sermões que serna pregados em algum momento futuro.
8 A qualidade do sermão costuma ser um fator preponderante na decisão das pessoas de vo'tar a
uma igreja. Roger Walter, “A Collaborative Sermon Preparation Team at the Seventh-day Adventist
Community Church of Vancouver, WA‫{ ״‬tese de doutorado em Ministério, Andrews University,
2012), p. 3.
9 Riok Long, “Preaching for Life Change”, Church Leaders, disponível em <http://www.churchleaders,
com/p asto rs/p reac h:ng-teach ing/13 3265-ri ck- long-p reach ing-for-iife-change.html>,acessoem 30
de setembro de 2019.
10 Michael Duduit, "Purpose-Driven Preaching: An Interview With Rick Warren”, Preaching,
com , 12 de setembro de 2001, disponível em < http://vM W .preaching.com /resources/
artic!es/11565775/>, acesso em 30 de setembro de 2019.
11 Reconheço que a faixa etária e 0 contexto cultura! da congregação exercem um impacto na
duração do sermão que será preferida. As pesquisas tendem a apresentar resultados mistos
quando perguntam às pessoas se os sermões deveríam ser mais longos au mais curtos. Con-
fira Thom S. Rainer, "Three Views on How Long a Sermon Should Be", disponível em <http://
thomrainer.com/2014/07/three-views-long-sermcn/>. acesso em 30 de setembro de 2019.
A qualidade do conteúdo também pesa. Um sermão curto bem pesquisado e pregado pode
causar mais impacto do que uma mensagem que fica enrolando para preencher o tempo. Da
mesma maneira, um sermão longo com conteúdo será mais benéfico à congregação do que
um sermão curto cheio de superficialidades. Confira Chris Thompson, “Chris Thompson: Does
the lenght of the sermun matter?", Alaska Dispatch News, 12 de julho de 2014, disponível em
<https://www.adn.com/reilgion/articie/ch urch-vis!ts-does‫״‬length-sermon-mater/2014/07/13/>,
acesso em 30 de setembro de 2019.
12 Derek J. Morris e Haddon W. Robinson, “Bullets or Buckshot?", Ministry 73, na 9 (setembro de
2000), p. 22-25. Confira também Terry G. Carter, J. Scott Duvall e J. Daniel Hays, Preaching God's
Word: A Hands-On Approach to Preparing, Developing, and Delivering the Sermon (Grand Rapids,
Ml: Zondervan, 2005), p. 101.
13 Andy Stanley e Lane Jones, Communicating fo ra Change: Seven Keys to irresistible Communication,
North Point Resources Series (Portland, OR: Multnomah Books, 2006), p. 39-41.

90
Capítulo 9

Educação Para Adorar


“Vinde, cantemos ao S e n h o r , com júbilo,
celebremos o Rochedo da nossa salvação.
Saiamos ao Seu encontro, com ações de graças,
vitoriemo-Lo com salmos.
Porque 0 Se n h o r é o Deus supremo e 0 grande Rei
acima de todos os deuses.
Nas Suas mãos estão as profundezas da terra,
e as alturas dos montes Lhe pertencem.
Dele é 0 mar, pois Ele 0fez; obra de Suas mãos, os continentes.
Vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Se n h o r ,
que nos criou.
Ele é o nosso Deus, e nós, povo do Seu pasto
e ovelhas de Sua mão " (Sl 95:1-7).

maioria dos cristãos afirma que a adoração coletiva tem impor-


tâneia crucial. No entanto, em muitas das igrejas, o culto é
terrivelmente mal desenvolvido. Com frequência, esse ponto cen-
trai da comunidade cristã é maçante e sem vida. Em consequência,
os adoradores se desligam. Ou saem do culto m entalm ente,
sonhando acordados para fazer o tempo passar, ou procuram uma
igreja na qual sintam que Deus está presente.
Não precisa ser desse jeito em nenhum a igreja cristã. Todas as
congregações locais podem ter cultos inspiradores se os líderes
estiverem dispostos a investir seriamente na adoração. É claro que
isso significa orar, planejar e ir em busca de talentos e recursos.
Além disso, educação e treinamento são fatores importantes tanto

91
Igreja Viva

para os líderes quanto para a congregação. “A menos que aos eren-


tes sejam inculcadas ideias precisas acerca da verdadeira adoração
e da verdadeira reverência, prevalecerá entre eles uma crescente
tendencia para nivelar o que é sagrado e eterno ao que é comum.
E os que professam a verdade serão uma ofensa a Deus e uma lás-
tima para a religião.”1
Não devemos presum ir que as pessoas têm conhecimento acer-
ca do que é adoração simplesmente porque frequentam os cultos.
Os líderes devem desenvolver um plano de ensino para que os
membros se tornem verdadeiros adoradores.

Conceito de adoração
Há diversos aspectos relevantes da adoração em público que os
líderes farão muito bem ao ensinar às congregações:
1. A prioridade da adoração. Nosso chamado mais elevado é para
glorificar a Deus. Por isso, a igreja deve atribuir prioridade máxima
a isso. A adoração é uma questão séria que merece o maior invés-
timento da congregação. Ela não deve ficar confinada às paredes da
igreja nem a uma hora e pouco de duração dos cultos de sábado de
manhã. A adoração precisa ser um processo ao longo da semana
inteira, que chega ao clímax durante o culto coletivo.
Os salmos se encontram cheios de louvor e adoração direciona-
dos ao Deus extraordinário que, além de Criador, também é
Salvador e Rei. Estar na presença do Senhor deveria ser um a expe-
riência de humildade. De acordo com Pedro, Davi teve uma vida de
adoração. Ele repete o que Davi disse acerca do Criador, Salvador e
Rei: “Diante de mim via sempre o Senhor, porque está à minha
direita, para que eu não seja abalado. Por isso, se alegrou o meu
coração, e a minha língua exultou; além disto, também a minha
própria carne repousará em esperança” (At 2:25, 26).
Davi não limitava a adoração ao culto no santuário. Ele sempre
estava na presença de Deus, e isso o enchia de alegria, estabilidade
e esperança.
2. O propósito da adoração. A adoração é uma atividade na qual os
adoradores primariamente declaram os atributos e a glória de Deus.
À medida que os adoradores aprendem a engrandecer o nome do

92
Educação Para Adorar

Senhor, a declarar Seus feitos poderosos por meio de cânticos, lei-


tura da Bíblia, testemunhos, exortação e adoração, eles são condu-
zidos à inspiradora presença de Deus.
Adorar não se reduz à mera proclamação da grandeza do Senhor.
A adoração entra nos adoradores,^jransformando-os. “A adoração é
a submissão de toda a nossa natureza a Deus. É o aguçamento da
consciência por meio de Sua santidade; a alimentação da mente com
Sua verdade; a purificação da imaginação por Sua beleza; a abertura
do coração por Seu amor; a entrega da vontade ao Seu propósito; e
tudo isso reunido em adoração, a emoção mais abnegada que nossa
natureza é capaz de sentir e, por isso, o principal remédio para o
egocentrismo do pecado original e a fonte de todo pecado.2‫״‬
3. Os princípios da adoração. Descobri que ensinar as pessoas a
seguir princípios aumenta sua compreensão de adoração, o que faz
crescer também sua participação. A adoração deve:
❖ Glorificar a Deus ao encorajar os adoradores a fazer um com-
promisso radical com Ele.
❖ Focar em Jesus Cristo, transformando-O no centro de todas
as partes do culto.
❖ Edificar os cristãos por meio da comunhão, do encorajamen-
to, do serviço, do ministério e da oração.
❖ Conquistar os visitantes por meio de linguagem e práticas
acessíveis aos interessados.
A ideia de que o serviço deveria fazer parte da adoração pode
ser nova para alguns. No entanto, Ellen White observou: “O culto
verdadeiro consiste em trabalhar juntam ente com Cristo. Orações,
exortações, e conversas são frutos baratos, que frequentemente são
acrescentados; mas os frutos que se manifestam em boas obras, em
cuidar dos necessitados, dos órfãos e das viúvas, são frutos genuí-
nos, e crescem naturalmente numa árvore boa.”3
Jesus também destacou que nosso envolvimento com o serviço
deve desem penhar um papel em nossa adoração. Ele disse:
“Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a Ele darás culto”4 (Mt 4:10).
Os cristãos sempre devem buscar maneiras de servir aos outros ao
longo da semana. A igreja incentiva isso ao proporcionar oportu-
nidades regulares de serviço na igreja ou na comunidade,

93
Igreja Viva

por exemplo: pintar a casa de um membro, consertar o carro ou


cortar a grama de um a pessoa incapacitada.
4. As práticas de adoração. Os líderes podem presumir erroneamen-
te que os cristãos entendem as formas de adoração simplesmente
porque as veem acontecer enquanto participam do culto. A visão dos
educadores acerca da história, do significado e do propósito dessas
formas de adoração capacita homens e mulheres a se engajar de todo
o coração nas atividades de louvor e adoração.
A adoração coletiva normalmente assume os atributos daqueles
que estão participando. Uma vez que cada participante do culto
influencia seu “formato” e sua abrangência, devemos tom ar cuida-
do com o que estamos projetando para as pessoas de nossa eongre-
gação. Apreciamos de verdade nos unir aos membros no louvor a
Deus, ou frequentamos os cultos semanais apenas porque se espe-
ra isso de nós? A Bíblia apresenta muitos exemplos de adoração
alegre: em 1 Crônicas 15:16, vemos que Davi pediu que fossem
nomeados levitas “cantores, para que [...] levantassem a voz com
alegria”; o Salmo 100 retrata as pessoas louvando a Deus; e, em
Apocalipse 19, descreve-se o regozijo celestial e mencionam-se as
pessoas entoando seu louvor. As Escrituras nos instruem a oferecer
“a Deus, sempre, sacrifício de louvor” {Hb 13:15)>^E Ellen W hite
n os diz: “A atitude sem vida dos adoradore^na casa de Deus é uma
das grandes razões por que o m inistério não produz maior bem ¿¿
Todo o culto deve ser efetuado com solenidade e reverência, como
se fora feito na visível presença do próprio Deus.”5
5. O poder da adoração. A adoração pode ser envolvente mesmo sem
a presença de Deus, mas_, quando Ele não está, a vida dos presentes
não é transformada. Somente o Espírito de Deus é capaz de curar os
abatidos e redimir os perdidos. Ele deve ser o convidado mais bem
recebido e honrado da congregação. Por isso, os líderes devem instruir
os adoradores a orar pedindo que o Espírito Santo nos preencha.
Foi a adoração que moveu Isaías à ação. Ele viu a glória de Deus
e sentiu o peso de sua natureza pecaminosa. Por causa disso, teve a
oportunidade de viveneiar o evangelho. Esse encontro encheu
Isaías de gratidão e o inspirou a aceitar o chamado divino para o
serviço (Is 6:1-8).
Educação Para Adorar

Instruções para a adoração


Como parte de minha pesquisa de doutorado, estudei os efeitos
da educação para a adoração na experiência de culto congregacional.
Em minha igreja, que, na época, contava com a frequência média de
290 pessoas, passamos oito semanas concentrados nos motivos da
adoração e no que significam os elementos do culto. Antes de come-
çarmos essa educação intencional sobre adoração, 39% dos pesqui-
sados sentiam que era importante participar durante o culto (‫״‬Deus
fala e eu respondo”), mas, ao fim das oito semanas, 58% de todos os
pesquisados e 63% daqueles que estiveram presentes em todas as
oito semanas reconheceram a importância da participação. Eu me
senti encorajado quando descobri que todas as práticas de adoração
se tornaram mais significativas para a congregação depois que sua
compreensão acerca do culto aumentou. As partes incluem o louvor,
a comunhão com os outros cristãos, o sermão, o estudo da Bíblia, as
orações coletivas e as ofertas. Também houve o crescimento de
quase 15% no número de membros que passou a sentir a importân-
eia de frequentar a igreja com regularidade.6 Descobri que a educa-
ção não só aumenta o conhecimento, como também intensifica a
experiência individual de adoração.
Pastores e líderes de culto devem aproveitar ao máximo uma
variedade de recursos de mídia e formatos de instrução para ensi-
nar os membros acerca dos conceitos de adoração. Há no mínimo
quatro coisas específicas que os líderes podem fazer para aumentar
a compreensão da congregação sobre os elementos da adoração:
1. Elabore um guia de adoração para os visitantes. A maioria dos
visitantes chega ao culto com certo grau de ansiedade, por causa
do desconhecido. Tanto quanto possível, ajude os convidados a se
sentir confortáveis por meio de um guia que defina com clareza
o propósito e a prática de adoração em sua igreja. Quando os lide-
res aumentam a compreensão das pessoas, também fazem crescer
sua participação.
2. Nas classes realizadas para membros em potencial e recém-conversos,
inclua debates sobre as diversas questões relativas à adoração. As classes para
futuros membros são muito importantes para a saúde de uma congre-
gação. Toda igreja deve ter uma classe dessa natureza em andamento.

95
!greja Viva

Ela deve apresentar aulas sobre as doutrinas e a história da igreja e


da denominação; a história, missão e visão da igreja local; dons espi-
rituais e filosofía de adoração. Isso permitirá que os recém-chegados
aprendam, entendam e aceitem as prioridades do corpo de Cristo
antes de fazer o compromisso de se tornar membros. Como a adora-
çao é uma prioridade, não deixe de abordá-la durante pelo menos
uma das aulas da série de instrução para futuros membros. Aqui
estão algumas sugestões do que incluir:

❖ O que é adoração
❖ O que é adoração coletiva
❖ Como se comportar de uma forma que incentive a adoração
❖ O que esperar do culto
• Estar na presença de Deus
• Vivenciar a graça divina
‫ ״‬Sentir-se amado pela comunidade da fé
• Permitir que o Espírito Santo transforme você
‫ ״‬Ser conduzido e motivado a servir aos outros
• Concluir com esperança porque Deus está no controle
❖ O que a igreja espera do adorador
• Um coração aberto e uma atitude positiva
• Um espírito de oração
• Participação e engajamento (cânticos, ofertas, comunhão,
exortação, oração, serviço, atenção)
Recomendo que essas classes sejam realizadas a cada três ou
quatro meses. Em geral, elas duram dois sábados. Espere dedicar
três horas da tarde de sábado comendo juntos c transmitindo as
informações.
3. Instrua as adoradores durante 0 culto semanal. Uma das igreja
que pastoreei focava em instruir os membros enquanto 0 culto
acontecia. Toda semana, explicávamos de forma criativa as partes
do culto que estávamos vivenciando. Também destacavamos práti-
cas de adoração específicas que achávamos que as pessoas poderíam
entender, por exemplo, por que as ofertas fazem parte da adoração.
Nesse caso, mais uma vez, a educação leva a uma nova compreen-
são e ao aumento da participação.

96
Educação Para Adorar

4. Elabore uma série de sermões acerca da adoração. Todo pastor que


prega sobre adoração tem uma excelente oportunidade de dar início
a mudanças. Faria muito bem a todos os pastores elaborar ura ou
mais sermões temáticos sobre cada um dos cinco conceitos e ele-
mentos da adoração. Como sua congregação está fazendo uma
mudança de práticas de adoração - e sendo tentada a voltar aos
velhos hábitos planeje fazer uma série de sermões sobre adoração
a cada três anos. Temas possíveis para os sermões podem ser: “O que
é adoração?”; “Louvor e adoração”; “Ofertas e adoração”; “A emoção
de adorar”; “Testemunho c adoração” e “Oração e adoração”.
/^Nenhuma,empresa responsável incentivaria seus funcionários a
realizar suas funções sem o treinamento apropriado. Quanto mais
crítica a área de responsabilidade, mais vital é o preparo. A adoração
éo evento mais importante da vida do cristão, pois tudo no cristianismo gira
em torno da adoração. A1saúde e a vitalidade dos cristãos crescem
e diminuem com base no vigor de sua experiência de adoração.
A..adpjraçã_o^ criação e a celebração do evange-
lho. É a resposta do cristão à misericórdia e à bondade de Deus, p o r
meio da e x a l t ^ ação de graças, obediência e s u t o
são. Os cristãos adoram por causa do que Deus fez, está fazendo e _
fará por interm édio de Seu Filho Jesus Cristo e mediante Seu
Espírito. De todas as atividades da igreja local, o culto de adoração
deve receber grioridade mâximaljé?

Referências
1 Eüen G. White, TcstQ!a unhos Pam a igreja, 9 v. (Tatuí, SP: Casa Pub :.cadera Eres!;31‫'׳‬a, 2315'!,
v. 5, p. 5 j C.
2 William Temple, Readings ni St. John's G cspei, citado per: Bob Kaufi.n, “ Defining Worsfrp.
Fart 1”, '¡,Vsrshrp M atters, 4 de noveirbro de 2005, dispon :ve! ern <http:./v;wvv.wcrsh:pm alters,
com,20C5/11. C4. defin.ng-worship,‫'׳‬/*, acesso em 3C de setembro de 2D:9.
3 Eüen G. White, Serv:gc Cristão !Tatu.', SF: Casa Pabloadora Rras:!e:ra, 2015). p. S?B.
4 É :nteressante rotar qoo a paiavra asada ao!u: conn o sentido de dar cuite tarr.bém pode ser tracín-
¿ida per adoração. CcnfTa B'fcle Hub, verbete “3C0C iatreuD", d:3pon!vel em <:http:.‫׳‬Vfcit:ehub.cc!n'
greek/3C0‫׳‬C'htnn>. acesso em 11 cie novembro de 2019.
5 White, Testemunhos Para a lgrej.3, v, 5. p, 493.
6 S, Joseph Kidder. “ Educator: for Wcrsffp ::1 the East Wenatchee Seventh-day A river ‫־‬.:is: Church*
(tese de dourado em Ministério, Universidade Andrews, 1996'‫׳‬, p. 119.
SEÇÃO 4

Pregação Envolvente
e Transformadora
m geral, os sermões consomem a maior parte do culto. A con-
E gregação espera aprender e ser inspirada com o que é apresen-
tado no púlpito. Em consequência, os pastores c outros líderes
devem preparar bem os sermões.
Esta seção do livro conta com três capítulos. Dividi o tema “As
20 melhores maneiras de aperfeiçoar suas pregações” em dois capí-
tulos: um sobre o preparo para escrever um sermão e o outro sobre
0 conteúdo essencial à escrita do sermão em si. Ao aumentar con-
tinuamente sua base de conhecimentos e seu conjunto de habilida-
des, você crescerá na capacidade de m inistrar à sua congregação.
Essas dicas também serão úteis para os professores da Escola
Sabatina e para aqueles que contam a história na adoração infantil.
Aliás, todos que exercem uma função durante o culto encontrarão
material útil nesta seção.
Também proponho que você reflita em adotar 0 sistema de
planejamento anual de sermões. Isso significa planejar os temas
dos sermões e cultos para o ano inteiro. Ao fazê-lo, você pode tra-
balhar com os líderes da igreja e ser intencional nos temas e nas
mensagens que deseja apresentar à congregação. Essa abordagem
facilita 0 equilíbrio entre alimentação espiritual, evangelismo e
assimilação. Você também pode planejar como irá abordar as datas
comemorativas e como atender melhor às necessidades da comu-
nidade, além de dar destaque às séries evangelísticas. Embora o
planejamento anual dos sermões exija bastante trabalho, os bene-
fícios são inúmeros.

98
Capítulo ΊΟ

A5 Vinte Melhores
Maneiras de Aperfeiçoar
5uas Pregações
- Parte 1
“Que formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas-
novas, quefa z ouvir a paz, que anuncia coisas boas, quefa z ouvir a
salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina¡“(Is 52:7),

“Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige,


repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina”(2Tm 4:2).

ei que não sou o melhor pregador do planeta, mas gostaria de


3 ser. Ao passo que todo cristão tem o privilégio de compartilhar
as boas-novas do Príncipe da Paz, os pastores contam com a bênção
de transformar essa atividade no trabalho de sua vida. É por isso
que sou engajado em melhorar cada vez mais.
Este capítulo e o próximo abrangem uma lista de sugestões que
você pode usar para ser um pregador ou professor mais eficaz. São uma
coletânea de algumas coisas que aprendí ao longo do caminho, muitas
delas que estou atualmente tentando colocar em prática em minhas
pregações e obras de ensino. Este primeiro capítulo fala dos elementos
práticos do preparo, ao passo que o próximo aborda as questões rela-
cionadas ao conteúdo dos sermões. Aqui estão minhas 20 melhores
maneiras do que você pode fazer para aperfeiçoar suas pregações.

99
Igreja Viva

1. Cresça em conhecimento e experiência


Não importa o quanto você pregue bem, com o tempo é inevitável
que você se torne previsível. Somos tão familiarizados com o que fun-
ciona para nós que acabamos perdendo aquela sensação revigorante de
novidade que costumava nos encher enquanto nos preparávamos para
pregar. No entanto, a novidade é essencial para a boa pregação. Uma
infusão de temas novos e de formas novas de transmiti-los é benéfica
para que não nos tornemos previsíveis e rotineiros. Aqui estão algu-
mas coisas que você pode fazer para superar o problema da insipidez:

❖ Leia muito, sobretudo a Bíblia. O contato diário com a Palavra


de Deus revigorará sua vida. Por isso continue a ler e reler as
Escrituras. Leia também livros sobre crescimento espiritual, valo-
res cristãos e doutrinas. Leia comentários e obras de referência.
Leia livros sobre pregação, biografias, o jornal e tudo o mais que
possa ajudá-lo a se tornar um pregador melhor. Mesmo com uma
agenda ocupada de sermões e ensino, separo tempo para ler pelo
menos dois livros por mês.
❖ De uma a duas vezes por ano, participe de uma classe ou um
seminário sobre algum tema. Você pode encontrar seminários dis-
poníveis sobre temas como cultura, tendências e pregação. Fique de
olho nos seminários gratuitos, que normalmente são oferecidos em
faculdades e bibliotecas locais.
Quando sugiro para meus alunos a importância do crescimento
por meio da leitura, de seminários, de aulas e diversos serviços de
pregação, eles protestam: “Vai sair caro demais e tom ar muito
tempo.‫ ״‬Eu lhes respondo: “Gastar dinheiro para crescer pu se tor-
nar mais eficaz é algo que honra a Deus!‫״‬

2. Ouça e leia ótimos sermões


Quando você ouvir o sermão de outra pessoa, procure o melhor
que ela tem a oferecer. O ferro afia o ferro, e ouvir boas pregações
afiará você. É possível encontrar sermões no rádio, em CDs e na
internet. Se você ouvir um bom sermão, separe tempo para exami-
nar sua estrutura. Se for excelente, transcreva -0 para analisá-lo.
Você se beneficiará desse esforço.

100
As Vinte Melhores Maneiras de Aperfeiçoar Suas Pregações - Parte 1

3. Comece um sistema de arquivamento


que funcione para você e seja consistente
Os pregadores necessitam ser capazes de arquivar os bons
materiais de uma forma que lhes permita encontrá-los quando
precisarem. Já tentei diversos sistemas ao longo dos anos e acabei
optando por um que me permite catalogar sem trabalho as histó-
rias e outros materiais que desejo guardar, tanto em meio eletrôni-
eo, quanto no papel.
Meu sistema é muito simples. Eu coloco três letras (A, B ou C)
em tudo que arquivo. Se eu ler algo que me tomará menos de dez
horas para transformar em sermão, marco com a letra A. Se o que
tenho em mãos é uma semente para ser usada no futuro e eu esti-
mar que vai me levar mais de dez horas para desenvolver em uma
pregação, marco com a letra B. Se o que tenho não dará um sermão,
mas servirá como ilustração ou introdução, eu marco com a letra C.
Então arquivo de acordo com o título que se encaixa melhor,
mas também coloco referências em pastas sobre outros assuntos
nos quais 0 material também se encaixa, indicando a pasta na qual
arquivei a história. O ponto-chave é arquivar tudo que você tiver
de acordo com diversos assuntos, a fim de que consiga encontrar o
material com facilidade. Por exemplo, posso arquivar uma história
que encontrei em categorias como: esperança, fé e segunda vinda.
Assim, quando eu precisar de uma história sobre qualquer um
desses assuntos para um sermão, sei onde encontrar.

4. Tenha paixão por colecionar ilustrações


Com frequência, as ilustrações fazem a diferença entre um bom
e um ótimo sermão. Ter a história ou a analogia certa no momento
certo faz maravilhas para você e seus ouvintes. Recomendo de cora-
ção o sofiware Parsons Bible Illustrator {versão deluxe). É o melhor
auxílio que você pode encontrar nessa área. O preço é razoável e,
se eu perdesse 0 meu, daria a maior prioridade para adquirir outro.

5. Melhore sua técnica de contação de histórias


Contar uma história é mais eficaz do que a ler. Todos amamos
ouvir histórias hem contadas. Quando você tiver a intenção de

101
Igreja Viva

relatar um incidente ou um fato, ou ainda repetir uma história da


Bíblia, dê atenção especial à apresentação. Essa é sua oportunidade de
acrescentar cor a um discurso que podería ser bem sem graça.
Aliás, você é um contador de histórias profissional. Torne belo
o ato de contar sua história, mesmo que seja um relato bíblico que
a congregação já ouviu centenas de vezes. Se puder, participe de
uma convenção de contação de histórias para observar como os
mestres trabalham. Aqui estão algumas dicas deles que você pode
pegar emprestadas:
❖ Visualize tão bem os personagens e o cenário que seus ouvin-
tes consigam enxergar com os olhos da mente o que você está
vendo. Permita que eles se coloquem dentro da história.
❖ Não tenha medo de se movimentar e fazer gestos.
❖ Use a voz assim como um ator o faria. Mude a modulação da
voz à medida que transmite as palavras dos diferentes personagens
da história. Varie a velocidade, o tom e o volume que eles usam.
❖ Ouça e observe outros pregadores e palestrantes. Não os
copie; ao pregar, você deve se parecer consigo mesmo. Mas aprenda
com os bons pregadores e palestrantes que cruzarem seu caminho.

6. Anote as idéias
Quase sempre carrego comigo um caderninho e uso também as
notas do celular. Se estou no carro entre compromissos e ouço algo
bom no rádio, pego o celular e registro antes que me esqueça. Se
uma ideia boa me vier à mente, registro nas notas mais uma vez e
a gravo antes que ela me escape. Estou sempre atento às idéias que
me ocorrem e as registro até quando estou de férias. As boas idéias
são ótimas em desaparecer quando não as anotamos.

^ 7. Mentoreie alguém ou encontre alguém para mentorear você


Muitos dos que me escrevem contam que, embora tenham
aprendido bastante no seminário, aprenderam ainda mais quando
alguém os tutoreou de maneira pessoal. Os jovens pregadores podem
se beneficiar da observação de pregadores mais velhos e ,‘tarimba-
dos”. Já esses pregadores “tarimbados” podem encontrar nova ener-
gia e um desafio ao mentorear alguém mais jovem. Quando me

102
As Vinte Melhores Maneiras de Aperfeiçoar Suas Pregações - Parte 1

formei no seminário e comecei o ministério pastoral, pedi ao minis-


terial que me informasse quem eram os melhores pastores da minha
Associação. Queria que eles me mentoreassem em diversas áreas.
Essa foi uma das melhores coisas que eu fiz. Aprendí muito sobre
pregação, crescimento de igreja e administração de conflitos com
esses pastores. Também entrei em um programa de mentoreamento
com três amigos. Nós compartilhavamos livros, ouvíamos as prega-
ções uns dos outros e fazíamos comentários úteis.
Escolha com cuidado seu mentor. Quando encontrá-lo, trate-o
com honra e respeito.

8. Seja o seu crítico mais severo


Fique de olho em maneiras de melhorar suas apresentações.
Tentar algo novo pode fazer você se sentir desconfortável a princí-
pio, mas os benefícios valem a pena. Você será sábio ao assumir que
necessita melhorar. É fácil cair na rotina. Ao longo dos anos, você
pode ter desenvolvido um ou outro hábito incômodo, ou, pelo
menos, ter perdido parte do entusiasmo e do encanto que são mais
naturais nos primeiros anos de ministério. É preciso coragem para
pedir às pessoas que lhe façam críticas objetivas e construtivas, mas
pode valer a pena, sobretudo se faz anos desde que seus defeitos
foram destacados na matéria de Homilética.
Além de pedir a avaliação crítica de outras pessoas, você mesmo
pode se avaliar e melhorar sua oratória. Não se deixe enganar. Ouça
seu sermão e se pergunte o seguinte:
❖ Você escutaria o que está dizendo se não fosse obrigado a
isso?
*:»Você consegue resum ir o que disse em três frases ou menos?
Em outras palavras, há um tema claramente identificável?
4* Você está com dificuldades em se concentrar no que disse?
❖ O público reage ao que você fala? Eles riem nas horas certas,
ou estão tossindo e se remexendo no banco, indicando que você
perdeu a atenção das pessoas?
*>A maioria das crianças de 12 anos consegue entender as pala-
vras que você usa? Elas são capazes de assimilar 0 conteúdo de
seus sermões?
Igreja Viva

❖ O que você quer que as pessoas façam depois de ouvirem seu


sermão? Há um ponto de ação? Se não conseguir encontrar respos-
tas para essas perguntas, então você não completou o sermão. Se
não achar que seu sermão foi significativo e transformador, ore
mais e estude mais.
Peça um feedback honesto às pessoas e não as libere até que lhe
digam algo que você pode fazer melhor. São essas críticas honestas,
às vezes duras, mas construtivas, que mais têm sido úteis para mim.
As pessoas tendem a se lembrar de princípios cuidadosamente
construídos ou de histórias poderosas. Certifique-se de incluir pelo
menos um desses elementos, se não ambos. Lembre-se: nossas opi-
niões não importam tanto quanto pensamos. Pregue a Palavra de
Deus, não suas preferências ou idéias pessoais.

9. Peça a Deus que transforme você em um servo melhor


“Se o S e n h o r não edificar a casa, em vão trabalham os que a
edificam” (Sl 127:1). Oração, disciplina, integridade, honestidade,
humildade e o lembrete de para quem você trabalha são cruciais
para uma boa pregação. Permita que Deus trabalhe em você
enquanto você trabalha na mensagem.
Lembre-se de que seus sermões devem ser primeiro sobre Deus
e segundo sobre as pessoas. E não pregue sobre si mesmo. Para
testar se você evita essa armadilha, conte quantas vezes você diz
“eu” e “m im ’’ em seus sermões.
Agora que falamos sobre a importância do preparo adequado,
vire a página para encontrar algumas dicas sobre como melhorar o
conteúdo das suas pregações.

104
Capítulo 11

A5 Vinte Melhores
Maneiras de Aperfeiçoar
5uas Pregações
- Parte Z
“E a vida eterna é esta: que Te conheçam a Ti, 0 único Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste ‫( ״‬Jo 17:3).

M o capítulo anterior, analisamos algumas ótimas dicas sobre


como se preparar para escrever um sermão. Neste capítulo,
apresento algumas idéias em relação ao conteúdo de suas pregações.

10. Mantenha Jesus no centro


Todo sermão deve ser sobre Jesus. “São essenciais discursos
teóricos, para que o povo veja a cadeia da verdade, elo após elo,
ligando num todo perfeito; mas nunca se deve pregar um sermão
sem apresentar como a base do evangelho a Cristo, e Ele crucifica-
do. Os pastores alcançariam mais corações, se salientassem mais a
piedade prática.”1
Se seu sermão não for sobre Jesus, então continue trabalhando
nele ou comece de novo. Não importa qual seja o tema de sua pre-
gação, inclua uma apresentação do evangelho. Cristo disse: “E Eu,
quando for levantado da terra, atrairei todos a Mim mesmo”
(Jo 12:32).
Igreja Viva

11. Críe tensão


Como você está pregando com um propósito, haverá algum tipo
de oposição. Aqui está uma verdade extraída diretamente de Mateus 5:
“Amai os vossos inimigos” (v. 44). Sim, você precisa dizer às pessoas
que elas necessitam fazer isso e explicar por quê. Mas não pare por
aí. Conte também que desafios elas enfrentarão ao tentarem obede-
cer a essa ordem de Jesus. Exponha as objeções e os pensamentos
que atrapalham. Mostre que o amor pelo eu e por bens materiais
sempre sufoca o amor a Deus e a outras pessoas. Tire a verdade do
esconderijo e a exiba na prateleira. Uma boa pergunta a se fazer é:
“Quais são os obstáculos para obedecer a essa verdade?”
Você também pode reconhecer a tensão que se levanta ao se tentar
colocar em prática a verdade que vocc está apresentando. Por exemplo,
somos chamados a perdoar uns aos outros. Bem, e aqueles que não se
arrependem nem confessam o erro? Como lidar com isso? De que
forma acontece o princípio de setenta vezes sete? Chame atenção para
as perguntas que a verdade que você está ensinando levanta. Seus mem-
bros já estão pensando nelas, então vá em frente e dê as respostas.

12. Use figuras de linguagem


Quer dar vida a seus sermões? Pendure alguns quadros nas
paredes. Pinte alguns cômodos. Abra as janelas. Os sermões não
devem cheirar como se tivessem sido colocados em um guarda-
roupa velho e mofado. Você precisa colocar ar, vida e cor neles.
O mundo inteiro está estampado com o seio criativo de Deus;
portanto, encontre algo que ilustre, elucide ou comunique sua
ideia e vá em frente. Se quiser mais ajuda para entender como fazer
isso, leia o Sermão do Monte, ou as epístolas de Paulo. Há metáforas
para todos os lados. Os fiéis são comparados ao sal, à luz e ao corpo
humano. A espiritualidade é retratada como uma armadura e como
uma corrida olímpica. Ajude sua congregação a enxergar as glórias
da Palavra de Deus. Encha seu sermão de figuras de linguagem.
Mark Twain disse certa vez: “A diferença entre a palavra certa e a
palavra quase certa é a mesma entre o relâmpago e um vaga-lume.”
Esforce-se para encontrar as palavras certas. Isso fará grande dife-
rença em sua pregação.

106
As Vinte Melhores Maneiras de Aperfeiçoar Suas Pregações - Parte 2

13. Inove
Dá trabalho transm itir a mesma mensagem (de amor) 52 sema-
nas por ano sem se repetir ou usar expressões desgastadas, clichês,
jargão profissional ou respostas prontas. Se você está tocando o
mesmo disco sábado após sábado, procure à sua volta uma perspec-
tiva inédita, um ângulo novo ou um ponto de vista incomum. Aqui
estão algumas maneiras de despertar interesse:
❖ Dedique mais tempo ao preparo dos seus sermões: de 15 a 20
horas.
❖ Deixe de fora os detalhes chatos. Quanto mais focado o ser‫״‬
mão, melhor ele será.
❖ Esqueça as anotações. Λ memorização do seu sermão, permi-
tirá que você preste atenção ao público, não às notas.
❖ Permita que sua mensagem seja compreensível para os que
ainda não foram batizados.
❖ Pregue sermões que edifiquen! o corpo de Cristo.
❖ Fale sobre Jesus e O exalte toda semana.
❖ Inclua uma excelente história. As melhores histórias são
pessoais.
❖ Explique aos membros como colocar em prática o que acaba-
ram de ouvir.
❖ Ore como se sua vida dependesse disso. A maior tarefa da ,
pregação não é o preparo do_sermão, mas sim o preparo do coração.
Permita que Deus fale a você e O encha com Sua graça e Seu amor.

14. Seja criativo


Ser criativo não quer dizer que você precisa se tornar um eome-
diante ou mudar de maneira significativa seu estilo de pregação. Há
três principais maneiras de usar a criatividade para dar vida a seus
sermões. Primeiro, extraia novos insights de uma história bem
conhecida. Pesquise a relevância cultural dos elementos da história
ou da história como um todo a fim de encontrar uma nova com-
preensão que você possa partilhar com sua igreja.
Por exemplo, na parábola do filho pródigo, o filho mais novo
pede ao pai um adiantamento da herança. Esse pedido era o equi-
valente ao filho dizer ao pai que preferia que ele estivesse morto.
Igreja Viva

Mostrava desrespeito extremo. Na cultura da época, o pai teria


justificativa para deserdar ou até mesmo matar o filho que fizesse
um pedido dessa natureza.
Posteriormente na história, conta-se que o pai correu para
encontrar o filho que voltava. Isso também é extremamente inco-
mum. Naquela cultura, os homens com a posição social do pai
nunca corriam.
Há muitos livros que dão informações sobre a cultura e os cos-
turnes do Oriente Médio. Alguns dos meus preferidos foram escri-
tos por Kenneth E. Bailey.
Em segundo lugar, apresente informações sobre uma história
enigmática. Algumas passagens bíblicas são pregadas vez após vez,
ao passo que outras são negligenciadas. Qual foi a última ocasião
que você escutou alguém apresentar a história de Judá e Tamar
{Gn 38)? Com que frequência o livro de Sofonias é a base de um
sermão? Recentemente, preguei sobre o episódio em que Simei
amaldiçoa Davi (2Sm 16), mostrando como Davi deixou o ressenti-
mento de lado e ofereceu perdão.
Lembre-se de que Paulo aconselhou um jovem pregador de sua
época, dizendo que: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil
para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação
na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeita-
mente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3:16, 17).
Terceiro, pregue sobre uma história marcante que permaneça
na mente das pessoas. Não tenha medo de usar vídeos, encenações
ou recursos visuais em sua pregação, contanto que sejam um apoio
à mensagem do sermão, sem ofuscá-la.

15. Limite a pregação a no máximo 30 minutos


Você tenta encaixar informações em excesso dentro do tempo
ideal? Ou diz pouco demais, usando expressões vazias e repetição
para preencher os 30 minutos? Você serve calorias vazias ou um
alimento nutritivo e satisfatório?
Se você prega por mais de 30 muitos, é bem provável que este-
ja falando demais. Não conheço muita gente que diz: “Eu gostaria
que ele pregasse por mais tempo!” M inha esposa sem pre me

108
As Vinte Melhores Maneiras de Aperfeiçoar Suas Pregações - Parte 2

aconselha a term inar de pregar antes que a congregação sinta esse


desejo. É uma ótima orientação!

16. Pregue para duas pessoas


Pregue para a pessoa do público ouvinte que está escutando pela
primeira vez o que é uma pregação. Isso o tornará acessível aos
interessados. E o ajudará a enxergar o que você está dizendo do
ponto de vista dos ouvintes que podem não estar familiarizados
com nossa terminologia cristã. Há muitas frases feitas que funcio-
nam como atalhos para verdades profundas para aqueles de nós que
já entenderam o que elas significam. Mas o que para nós soa como
atalhos é um beco sem saída para pessoas que estão ouvindo seu
primeiro sermão. Pense, por exemplo, em: cair sobre a Rocha, 0 sangue
do Cordeiro, justificação, santificação, glorificação, Ehenézer e assim por
diante. E nós, adventistas, temos diversos jargões peculiares à nossa
denominação, como “o Espírito de Profecia”, siglas e nomes de ins-
tituições como DSA, IASD, Associação Geral e assim por diante.
Há pouco tempo, perguntei em um a matéria do seminário
para cerca de 30 alunos se eles conheciam o significado de algu-
mas dessas expressões e siglas. A maioria daqueles alunos já havia
se formado na faculdade e estava fazendo as disciplinas de pós-
graduação. No entanto, nem eles sabiam o significado de algumas
dessas expressões. Então, seria tolo presum ir que todas as pessoas
de sua igreja sabem exatamente o que você está querendo dizer ao
usar esses termos. Se as pessoas não conhecem 0 significado da
palavra que você está falando, é mais provável ignorarem o que
não estão entendendo e não se esforcem para descobrir o que você
está tentando dizer.
Tenha consciência de que o preparo de um sermão acessível aos
interessados é mais do que uma questão de usar o vocabulário
certo. Também é dedicar tempo para se certificar de que sua men-
sagem é envolvente e relevante para indivíduos de todas as posições
na vida. Também é preciso encontrar maneiras de ajudar os ouvin-
tes a entender em termos claros a esperança do evangelho.
A outra pessoa para quem você necessita pregar a cada sábado
é aquela que está ouvindo um sermão pela última vez. Pense em seu

109
Igreja Viva

sermão do ponto de vista de alguém que está tendo dificuldades


com o chefe que não quer dar o sábado livre para ele. Pense tam-
bém na possibilidade de uma doença ou um acidente acometer um
membro de sua congregação. Não corra o risco de negligenciar a
oportunidade de dar a esses indivíduos a chance de renovar o com-
promisso com Deus. Manter tal pessoa na memoria lhe dará urgên-
cia em relação ao que você diz e a como diz. Impulsionará você a
fazer um apelo apropriado para a aceitação do Senhor Jesus Cristo
e a submissão a Ele.

17. Seja honesto e transparente


Mostre integridade em todas as áreas de sua pregação. Se você
pegou emprestada uma anedota de alguma revista conhecida, não
tente “personalizá-la”, fingindo que aconteceu com você ou com
um conhecido. Os comediantes podem até fazer algo do tipo, mas
os ministros não podem se dar ao luxo de perder a credibilidade.
É mais provável que as pessoas deem credibilidade a um pregador
quando a verdade do sermão faz parte da vida dele. Os ouvintes con-
seguem perceber quando o pregador não crê em seu sermão. Por isso,
é necessário não só conhecer o tema, mas também acreditar nele.
Quando isso acontece, os sermões calam fundo na vida do pregador
e tomam conta dele. Isso traz convicção, arrependimento c mudança.
É saudável e útil que 0 pregador seja um modelo disso. No
entanto, é importante evitar a armadilha de transformar a hora do
sermão em uma exibição de suas falhas. Quando isso acontece, as
confissões se tornam distrações problemáticas. Permita que a ver-
dade transforme você e mostre como isso aconteceu, mas não
transforme seus sermões inteiros em confissões.
Os pastores mais eficazes são aqueles cujo relacionamento com
Deus se revela em toda sua vida. São pessoas gentis que, embora
falem com firmeza, temperam suas palavras com bondade e amor.

18. Dê esperança
Pode ser tentador concentrar seus sermões em sentim entos
de culpa, vergonha, negativismo, repreensões, manipulação e no
lado obscuro da vida e dos acontecimentos atuais. Mas não se

110
As Vinte Melhores Maneiras de Aperfeiçoar Suas Pregações - Parte 2

demore nessas provações e nesses desafios, pois isso significa


ignorar a esperança que temos em Jesus. Ellen White relatou sua
experiência com um pregador que se concentrava mais nas tri-
buíações do que no amor de Deus:

Em Mineápolis encontramos uma grande delegação


de pastores. Discerni, bem no começo da reunião, um
espírito que me preocupou. Foram proferidos discur-
sos que não deram ao povo o alimento que ele tanto
necessitava. Foi-lhes apresentado o lado escuro e som-
brio do quadro a ser pendurado na galeria da memória.
Isso não traria luz e liberdade espiritual, mas desalento.
Fui profundamente influenciada pelo Espírito do
Senhor, no sábado à tarde [13 de Outubro de 1888], a
chamar a atenção dos presentes para o amor que Deus
manifesta para Seu povo. Não se deve permitir que a
mente se demore nos aspectos mais desagradáveis de
nossa fé. Na Palavra de Deus, que pode ser comparada
a um jardim cheio de rosas, lírios e cravos, podemos
colher pela fé as preciosas promessas de Deus, destina-
las a nosso próprio coração e ter bom ânimo - sim,
ser alegres em Deus - ou podemos concentrar nossa
atenção nos espinhos e cardos, ferir-nos gravemente, e
lamentar nossa situação adversa.
Não agrada a Deus que Seu povo pendure quadros
sombrios e dolorosos na galeria da memória. Ele quer
que toda alma colha as rosas, os lírios e os cravos, en-
chendo a memória com as preciosas promessas de
Deus que florescem em toda a parte de Seu jardim. Ele
quer que nos demoremos nelas, com os sentidos bem
aguçados e atentos, captando-lhes toda a preciosidade,
e falando da alegria que nos é proporcionada. Ele quer
que vivamos no mundo, mas não sejamos dele, están-
do nossos pensamentos concentrados nas coisas eter-
nas. Deus quer que falemos do que Ele tem preparado
para aqueles que O amam. Isto enlevará nosso espírito,

111
Igreja Viva

avivará nossas esperanças e expectativas e fortalecerá


nossa alma para suportar os conflitos e as provações
desta vida. Ao nos demorarmos nestas cenas, o Senhor
estimulará nossa fé e confiança. Ele afastará o véu e nos
dará vislumbres da herança dos santos.2

Por meio de Seu ministério de cura e ensino, Jesus fazia questão


de compartilhar a esperança e a graça do Pai em todos os lugares
por onde passava. Seremos sábios ao fazer o mesmo. “Ora, a espe-
rança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso
coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado’’ (Rm 5:5).

19. Pregue no poder do Espírito Santo


Só temos o direito de pregar a Palavra de Deus depois dc ser
ungidos pelo Espírito de Deus (ver At 1:4, 5, 8). Após a unção do
Céu no Pentecostés, os seguidores de Jesus saíram para pregar com
o poder do Espírito Santo. Quando Estêvão, “homem cheio de fé e
do Espírito Santo”, pregava, seus ouvintes “não podiam resistir à
sabedoria e ao Espírito, pelo qual ele falava”. Até mesmo a comuni-
cação não verbal de Estêvão era um testemunho irrefutável: “Todos
os que estavam assentados no Sinédrio, fitando os olhos em Estêvão,
viram o seu rosto como se fosse rosto de anjo” (At 6:5, 10, 15).
A vida de Estêvão demonstrou que, quando os pregadores estão
cheios do Espírito Santo, são cheios de poder.
Podemos pedir com confiança que 0 Espírito Santo habite em
nós, porque Jesus disse: “Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas
dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito
Santo àqueles que lho pedirem?” (Lc 11:13). Como fez Jesus, nós
também podemos declarar com ousadia e humildade que “o
Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele Me ungiu para pre-
gar” (Lc 4:18, NVI).

20. Mergulhe o preparo e a pregação do seu sermão em orações


Jesus, o Pregador Mestre, dedicava muito tempo à oração.
Enquanto Se preparava para pregar nas sinagogas de toda a Galileia,
levantava-Se bem cedo, ia para um lugar solitário e orava (Mc 1:35-39).

112
As Vinte Melhores Maneiras de Aperfeiçoar Suas Pregações - Parte 2

E antes de pregar o sermão sobre o pão da vida, Cristo passou horas


em oração (Mt 14:23-25). Jesus acreditava que pregação e oração sc
encontram intrínsecamente ligadas.
Os discípulos de Jesus entenderam que aqueles que ministram
a Palavra também devem se dedicar à oração (ver At 6:4). Os muitos
dias que os seguidores de Cristo passaram em sessões intensivas de
oração antes do Pentecostés foram não só um preparo essencial para
a unção do Espírito, mas também um preparo essencial para pregar
com poder. O apóstolo Paulo destacou a importância da oração no
preparo e na pregação de sermões quando fez um pedido especial
de oração intercessória, “para que me seja dada, no abrir da minha
boca, a palavra, para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do
evangelho” (Ef 6:19). Ele entendia que, sem oração, não seria capaz
de ser “ousado para falar, como me cumpre fazê-lo” (v. 20).
A escassez de pregação bíblica poderosa que às vezes experi-
mentamos pode ser corrigida por meio da oração poderosa. A oca-
sião em que Pedro negou Jesus ilustra a verdade incômoda de que
não temos um testemunho poderoso sobre Cristo para partilhar
com os outros se dormirmos quando deveriamos estar orando.
A lição é clara. Ore pedindo orientação divina antes de começar a
preparar seu sermão. Faça o mesmo pedido durante o preparo.
E continue orando enquanto estiver pregando. Com o exemplo de
Jesus, aprenda que há poder em nossa pregação quando oramos,
em^oração o preparo e a pregação de seu sermão.
As sugestões que dei nestes dois capítulos são coisas que você
pode começar a fazer agora mesmo para fortalecer suas pregações.
Quando me recordo dos sermões que preguei e pareceram ter
mais força, percebo que, em sua maioria, foram mensagens nas
quais fielmente esclarecí o texto bíblico e saí de cena para deixar
Jesus brilhar.
Vou contar um exemplo recente de como isso tem funcionado
para mim. Eu seria o orador convidado no culto de pôr do sol da
Universidade Andrews. Orei por várias semanas, pedindo a Deus
que me ajudasse 110 preparo e estudo, dando-me uma mensagem
inspiradora que abrisse 0 coração de alguém que estivesse ouvindo,
encorajando tal pessoa a me procurar pedindo estudos bíblicos.

113
Igreja Viva

Meu sermão se concentrou no fato de que podemos perdoar os


outros pelo poder de Deus, que nos perdoou.
Ao fim do culto, uma jovem e seus pais me abordaram. Eles
ficaram emocionados com a mensagem e, ao longo dos 30 minutos
seguintes, contaram sua história. Estavam visitando a filha e só
foram ao culto porque ela havia insistido. Eles haviam parado de ir
à igreja por causa de um conflito com outros membros da congre-
gação, mas, naquela noite, o coração deles foi abrandado.
Lembraram-se do perdão de Deus e decidiram perdoar quem os
havia ofendido e voltar para a igreja. Agradecí ao Senhor por me
perm itir ver como Sua mensagem toca a vida das pessoas. Entendí
que era uma resposta às minhas orações.
Ao voltar para o carro, outra jovem me procurou, dizendo que
estava me esperando sair da igreja e queria falar comigo. Era uma
aluna nova na Andrews. Segundo ela, só estava estudando aíi por-
que tivera alguns problemas com a universidade que era sua pri-
meira opção.
Aquela jovem me contou que não sabia nada sobre Deus, sobre
o cristianismo ou a Bíblia. Disse que havia sido tão tocada pela
mensagem que queria fazer estudos bíblicos. Tempos depois ela foi
batizada. Agradeço ao Senhor por haver respondido minha oração
de forma tão específica e por ter me dado as palavras certas para
mostrar Jesus a alguém que necessitava Dele.
Experiências como essa me incentivam a continuar dedicando
tempo ao preparo, à oração e ao aperfeiçoamento de minhas habili-
dades como pregador. Acima de tudo, me mostram o poder da
Palavra de Deus para convencer o coração. “Porque a palavra de Deus
é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois
gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito” (Hb 4:12).
“A fé vem por se ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida median-
te a palavra de Cristo” (Rm 10:17, NVI).

Referências
1 Ellen G. White, Obreiros Evangélicos (Tatu!, SP: Casa Public adora Brasileira, 2014), p. 158, 159.
2 Ellen G. Wh:te, Λ/fensagens Escoihidas, 3 v. Tatu:, SP: Casa Pubücadora Brasileira, 2014), v. 3, p.
163, 164.

114
Capítulo 12

Planejamento Anual
de Sermões
“Tudo, porém, sejafeito com decência e ordem”(1 Co 14:40).

M uito embora o planejamento anual de sermões seja um proces-


so longo, é essencial para cum prir a missão. É resultado da
filosofía coletiva, missão e visão da igreja. Confere direcionamento
e inspiração para os membros, além de dar foco ao pastor e aos
líderes leigos.1
Quando eu era pastor de igrejas, planejava um calendário de
sermões de janeiro a dezembro. No entanto, antes de começar o
planejamento, precisava gastar de três a cinco horas por semana,
de agosto a outubro, me preparando para a etapa de planejamen-
to. A maior parte desse tempo eu dedicava a oração, pedindo
sabedoria e direcionam ento do Espírito Santo. Eu necessitava
ouvir de Deus para onde Ele queria que eu conduzisse m inha
igreja no ano seguinte.

Como elaborar um calendário mestre


com temas de sermão para 0 ano inteiro
O calendário mestre com temas de sermão para o ano é uma
ferramenta que permite que tanto o pastor quanto as equipes dos
ministérios da igreja permaneçam organizados. Também ajuda o
pastor e a liderança leiga da igreja a avaliar se a dieta espiritual que
prepararam para alimentar a congregação ao longo do ano que se
aproxima é balanceada e apresenta temas diversos. Isso lhes permite
ter a certeza de que os programas planejados para 0 ano seguinte
estão em harmonia com a missão que Deus tem para a igreja.

115
Igreja Viva

Confira alguns passos para desenvolver um calendário de temas de


sermão para o ano:
1. Pesquise a comunidade e a congregação. O primeiro passo é fazer
uma pesquisa com a comunidade a fim de descobrir quais assuntos
interessam quem não tem vínculo com nenhuma igreja. Certifique-
se de envolver os líderes e membros leigos nesse processo. Uma
maneira de fazer isso é ir a algumas lojas do bairro e perguntar aos
donos que temas eles gostariam de ouvir caso fossem à igreja. Outra
forma é pedir aos membros que conversem com familiares e amigos
para descobrir o que gostariam de ouvir em uma igreja.
Sempre me organizei para preparar uma série de sermões suge-
rida por não membros e enviava folhetos fazendo propaganda.
Destacava que as pessoas da comunidade haviam sugerido o assun-
to que seria abordado. Isso dava credibilidade e levava algumas
pessoas à igreja. Alguns dos temas sugeridos foram: como educar
os filhos, como ter um casamento mais feliz e por que há tantas
religiões. Receber feedback dos interessados ajuda você a se concen-
trar nas necessidades dos sem-igreja e a ser intencional na busca
por eles.
No entanto, não ignore os mem bros de sua congregação.
Descubra que temas eles gostariam que você abordasse e permita
que sugiram áreas de interesse.
2. Faça um retiro com a liderança. Todo mês de agosto, realizo um
retiro espiritual de planejamento durante um fim de semana para
os líderes da igreja. Passamos a sexta à noite e a maior parte do
sábado orando, adorando, lendo a Bíblia e refletindo. Então passa-
mos a noite de sábado e a manhã de domingo vislumbrando o
futuro. Durante esse período, aprendo muito com a equipe de lide-
rança sobre as necessidades da congregação e comunidade. Isso me
orienta quanto ao rum o que meu planejamento e os temas de ser-
mão ao longo do ano devem tomar. Também usamos esse tempo
para definir datas de eventos especiais, como a escola cristã de
férias, e ver se há programas que fizemos no ano anterior que não
são mais eficazes e não devem entrar no calendário.
Durante esse fim de semana, recebo um feedback valioso da
equipe de líderes acerca do que eles acham que a igreja necessita.

116
Planejamento Anual de Sermões

Já houve problemas e desafios na congregação e na comunidade


que eles me informaram e não haviam sido mencionados nas pes-
quisas. Os líderes compartilham suas perspectivas sobre a igreja
como um todo, bem como suas preocupações individuais. Muito do
que me contam me ajuda a sentir a pulsação espiritual dos líderes
da igreja e me revela os pontos fortes e fracos da congregação. Isso
determina o conteúdo do planejamento anual de sermões.
3. Ore, estude e reflita. Quando voltamos do retiro, passo tempo
considerável em oração, estudo da Bíblia e reflexão, analisando as
necessidades da igreja e para onde sinto que Deus está nos condu-
zindo. Às vezes, percebo o Senhor nos chamando para um foco
maior na missão. Em outras ocasiões, parece que Ele quer que
construamos uma comunidade e abordemos temas diversos, como
a santificação pessoal e o crescimento espiritual. Pego todas essas
idéias e as coloco 110 papel para conseguir enxergar as conexões
entre elas e estabelecer uma sequência lógica.
4. Elabore 0 primeiro rascunho. Por volta de outubro, já havia ter-
minado de elaborar o primeiro rascunho do calendário mestre do
planejamento de sermões para o ano seguinte. Então colocava tudo
que estava planejando em um calendário de uma só página a fim
de vislumbrar o ano inteiro de uma só vez. Aqui estão algumas
coisas que acho útil incluir:
❖ Todos os principais eventos do ano, prestando bastante aten-
ção às datas comemorativas: Ano-novo, Páscoa, Dia das Mães, Dia
dos Namorados, Dia dos Pais e Natal. As pessoas são mais propen-
sas a ir à igreja nessas datas especiais do que em qualquer outra
época. Portanto, é sábio usar as oportunidades que esses dias pro-
porcionam para convidá-las a voltar à igreja com você.
❖ Outros dias especiais para a igreja, como o aniversário da con-
gregação (a fim de enfatizar como Deus conduziu no passado e Sua
visão para o futuro), temporadas de férias, recessos escolares, escola
cristã de férias e duas séries evangelísticas curtas, uma realizada em
fevereiro e a outra, em setembro. Cada uma dessas séries evangelísti-
cas durava uma semana e dois fins de semana.2 Os sábados especiais
deste item, mais os do anterior, ocupam de 14 a 18 sábados do ano.
O ritmo geral da igreja.

117
Igreja Viva

5. Agende os cultos com Santa Ceia. Coloco no calendário quatro


vezes por ano cultos com Santa Ceia e lava-pés. Tento realizar pelo
menos uma (ou mais) delas na sexta ou no sábado à noite para
fazermos uma refeição em comum, semelhante às realizadas pela
igreja primitiva, a fim de acrescentar variedade à nossa celebração
das ordenanças.
6. Incentive atos de bondade. Com uma série de sermões sobre ação,
eu sempre planejei quatro tardes de sábado de serviço à comunida-
de. Durante esses sábados, as pessoas podem se envolver em qual‫״‬
quer forma de serviço à comunidade que chame a atenção, tanto de
maneira individual quanto na companhia de outras pessoas.
7. Agende sábados de retrospectiva. Também costumavamos ter dois
sábados de “retrospectiva” por ano no início de dezembro, a fim de
agradecer ao Senhor pelo modo que nos guiou. Nesses cultos:
❖ Convidamos todas as pessoas que foram batizadas ao longo do
ano e aquelas que foram fundamentais para o processo de conver-
são para dar seu testemunho.
❖ Por meio de testemunhos e vídeos, destacamos todos os
ministérios que Deus deu poder à igreja para desenvolver ao longo
do ano que se passou.
❖ Faço uma síntese de todas as séries de sermões que preguei
ao longo do ano e enfatizo sua relevância e aplicação.
8. Agende as séries de sermões que vocêfará no ano seguinte. Procure
blocos de sábados seguidos no calendário para encaixar séries de
sermões que durem de quatro a oito semanas. Séries curtas não têm
tanto impacto máximo, e séries muito longas entediam as pessoas.
Dê um espaço de uma a três semanas entre as séries. Dessa
forma, a equipe pastoral pode acrescentar acontecimentos e ques-
tões atuais, trazer um orador convidado3 ou aumentar um pouco o
tamanho da série, caso o Espírito oriente assim. Não se esqueça de
considerar o tamanho da série em relação ao tema. E esteja prcpa-
rado para interrom per a série por uma semana, caso as circunstân-
cias tornem isso necessário.
9. Peça feedback e então elabore a versão final. Nesse momento,
entrego o calendário quase terminado para os membros da comis-
são, o secretário da igreja, os músicos, o diretor de comunicação, o

118
Planejamento Anual de Sermões

coordenador de evangelismo e quaisquer outras pessoas que neees-


sitem saber quais são nossos planos para o ano seguinte. Faço isso
para receber feedback da equipe de liderança, mas também para
fazer publicidade. Todos ficam sabendo 0 que a igreja fará no ano
seguinte e podem participar.
Depois de incorporar as sugestões da equipe de líderes e ter a
certeza de que eles se sentem confortáveis com a agenda, entrego a
versão final do calendário para todos os membros da igreja. Faço isso
em novembro, a fim de que os membros possam se planejar e con-
vidar amigos e familiares para as séries que forem do interesse deles.

Como planejar uma série de sermões


Uma série de sermões é formada por dois ou mais sermões que
desenvolvem um só tema ou abrangem um único assunto. Os prega-
dores podem escolher fazer séries de sermões por diversos motivos,
dentre eles ter tempo para abordar um assunto complexo de manei-
ra adequada, ou acabar com o preconceito por meio da exposição.
Em geral, os sermões que formam a série são apresentados de manei-
ra consecutiva, embora às vezes o pregador possa a interromper por
uma ou duas semanas. A fim de elaborar uma série de sermões que
cumpra seus objetivos, é preciso primeiro escolher em oração os
grandes temas a ser explicados. Todos os temas sobre os quais você
pregar devem se encaixar em uma das seguintes categorias:
❖ Necessidades das pessoas, que abrangem todos os “cornos”,
por exemplo, como criar filhos da maneira que Deus deseja, como
vencer a depressão, como administrar a raiva ou como se livrar de
maus hábitos.
❖ Crescimento espiritual: oração, estudo da Bíblia, adoração,
santificação e justificação.
❖ Doutrinas.
❖ Mordomia: dízimos e ofertas, o templo do corpo, talentos e
tempo.
❖ Disseminação da visão, incluindo a jornada na qual a igreja se
encontra, tanto na esfera espiritual quanto na relacionai, rumo à
personificação do caráter da igreja do 1- século descrita em Atos 2.
❖ Datas comemorativas.

119
Igreja Viva

Não se limite a apenas um ou dois desses temas. Tente eneon-


trar espaço em seu calendário para abordar todas as categorias
mencionadas. Uma vez que é preciso dedicar de quatro a oito sema-
nas para abranger cada uma das possibilidades, será necessário
dedicar cerca de dois anos para falar de todos.
Por exemplo, eu costumava falar da visão, dos valores e da mis-
são da igreja todo mês de janeiro. Pregava sobre mordomia em abril
e aproveitava as datas comemorativas ao longo do ano. Tratava da
vida e dos ensinos de Jesus na época da Páscoa e da criação de filhos
no período do Dia das Mães.
É muito importante também equilibrar seus sermões. Baseie
alguns no Antigo Testamento, outros no Novo, além de pregar alguns
sermões temáticos. Há livros da Bíblia, como Gênesis e João, que pro-
porcionam “atalhos” para tantos assuntos que podem ser usados como
base para quase todas as categorias citadas anteriormente. Ajude seus
membros a se aprofundarem na Palavra. Não importa o tema em
questão, cada sermão também deve refletir a mensagem do evangelho.
Houve ocasiões em que o ano inteiro recebeu um tema, como
“Ano da Missão”. Nesse caso, todas as séries de sermões apresenta-
vam idéias relacionadas com esse tema. Muitas séries eram aberta-
mente sobre missão, por exemplo: “O evangelista mais eficaz do
m undo” e “O papel do Espírito Santo na missão”. Houve também
uma série sobre Tiago, cujo tema central foi: “Se queremos ser uma
igreja em missão, então nosso melhor testemunho missionário é
nossa maneira de viver.”
Em outras situações, decidimos que cada mês ou série de ser-
mões necessitava do próprio tema. Por exemplo, todo o mês de
novembro pode ser dedicado para falar de gratidão; o mês de maio
pode ser usado para falar do cuidado de Deus.
Alguns temas4 a ser considerados são: o caráter de Deus, os hábi-
tos devocionais, doutrinas distintivas da denominação, questões
básicas do cristianismo, personagens bíblicos e os Dez Mandamentos.

Como elaborar uma série de sermões


Pregar uma série de sermões sobre um tema ou uma passagem
das Escrituras permite que você desenvolva um assunto de forma

120
Planejamento Anual de Sermões

mais completa do que seria possível por meio de um único sermão.


Isso quer dizer que você também pode causar mais impacto. No
entanto, uma série de sermões exige mais do pregador em termos de
conteúdo do que um sermão isolado. E preciso dividir o tema ou a
passagem em trechos para abordar a cada semana. Mantenha os ser-
mões simples o bastante para que os interessados consigam entender
sua mensagem, sem diluí-la. Evite jargões e explique os termos teo-
lógicos que usar. Escolha um título, um subtítulo e um texto-chave
para a série inteira, com títulos para cada um dos sermões, quem
sabe encontrando uma metáfora com a qual consiga uni-los.
Depois de saber os blocos de tempo que poderá usar, agende
cada série de sermões em seu calendário e então comece a planejar
a ordem de cada sermão. Tente construir uma progressão na qual
os sermões façam um movimento do teológico para o prático. Em
outras palavras, do por que para o quê. Dessa maneira, você conduz
as pessoas a uma aplicação tanto pessoal quanto coletiva das verda-
des espirituais que aprenderam.
Antes de pregar cada um dos sermões de sua série, monte uma
equipe de criação, incluindo líderes de louvor, diretores de comunica-
ção, anciãos e algumas outras pessoas criativas. Separe um dia ou
algumas noites e trabalhe com o grupo na série em pinceladas amplas,
destacando as principais metáforas e idéias que você deseja comunicar.
O papel da equipe é ajudar a dar corpo para suas idéias. Eles
precisam ser honestos o bastante para dizer coisas como: “Eu acho
que, se você pregar desse jeito, vai apresentar informações teológi-
cas, mas sem mudar 0 coração de ninguém.” Se alguém de sua
equipe disser algo desse tipo, leve o comentário a sério, volte para
o quadro e trabalhe mais nas idéias. Sempre se pergunte: “Como
isso vai mudar de verdade a vida das pessoas?”
As equipes de criação são benéficas não só por darem um feedback
honesto, mas também por levá-lo a um passo além no trabalho.
Quando você dá esse passo a mais, toma-se mais criativo, e as boas
idéias acabam ficando excelentes. E os membros da equipe podem aju-
dar com ilustrações, apresentações em Power Point, vídeos, títulos, etc.
Depois de determ inar o ritm o de sua série de sermões, comece
a trabalhar no branding. Isso quer dizer determinar 0 vocabulário e

121
!greja Viva

as imagens que você irá usar para comunicar a mensagem da série.


Por exemplo, demos a uma série sobre o Espirito Santo o nome de
‘Terceira Pessoa”. Então escolhemos títulos e artes gráficas que
refletissem o mistério do Espírito. Também definimos o branding de
uma série sobre a Bíblia ao dar a ela o título de “MSG de TXT”.
O planejamento anual dos sermões com intencionalidade signi-
fica evitar o pânico de não saber sobre o que pregar na semana
seguinte. Significa ter tempo para que os líderes de louvor e comu-
nicação planejem cultos e branding que contribuam com o tema e
permitam um equilíbrio entre os temas e as lições espirituais apre-
sentadas.5 Também inspira as pessoas a ver se há uma maneira de
incorporar as iniciativas de ministério a seu estilo de vida.
Lembre-se: você não está tentando introduzir um branding cria-
tivo para que as pessoas o achem inteligente. Seu trabalho é mos-
trar que a Bíblia é relevante. Se você não apresentar a Palavra de
Deus com integridade a fim de mostrar para as pessoas como a
verdade faz a diferença na vida delas, então sua criatividade não
passa de fumaça. Em última instância, acertamos o alvo quando
pregamos a Palavra de Deus de uma forma que abre o coração de
nossos ouvintes para uma transformação genuína.
Use 0 planejamento anual de sermões como ferramenta para
edificar os membros de sua igreja e fazer a missão de Deus avançar.

Referências
1 Um calendário com os sermões para o ano inieiro pode ser eficaz para o pastor distrital com mui-
tas igrejas também, porém, para que funcione, os anciãos e oradores convidados devem pregar
sobre os temas que você definir, erri vez de escolher c próprio assunto. Confira mais informações
sobre 0 planejamento para distritos de igrejas em Rodlie Ortiz, “Planning a Preaching Calendar for
a Multichurch District‫״‬, Ministry 83, nâ 8 (agosto de 2011), p. 13, 14, disponível em <htíps:/'www.
m.:nistrynr.agazine.org/archive/2011/C3/p'anning-a‫־‬preachlr.g-ca;0ndar-ior-a‫־‬rnu:tichurch-distr;ct>,
acesse em 13 de novembro de 2019.
2 Um desses períodos pode ser estendido para uma série evangelistica campista, com três a quatro
semanas de duração.
3 Eu não convido pessoas a fim de preencher o tempo das 11 horas da manhã do culto de sábado.
Convido oradores que me ajudem a cumprir a visão e missão da Igreja. É possível chamar convl-
dados para dar treinamento, alguns com fins evangel¡stIcos e outros ainda por serem conhecidos
e atraírem muita gente.
4 Encontre mais Idéias de temas em: J. Reynolds Hoffman, ,,Planning a Sermonic Year”, Ministry
51, n; 12 (dezembro de 1978), p. 8, 9, disponíve! em < https://wvvw.ministrymagazine.org/archive/
1978/12/pl arming-a-sernnon:c-year>, acesso em 13 de novembro de 2Q19.
5 Confira mais insights em: Derek Morris, “From Panic to Purpose: The Process and Benefits of
Planning a Preaching Calendar", Ministry 76, n; 9 (setembro de 2004), p. 30-31, disponível em
< htt p8:. 7v/ww, m in!stryn‫¡־‬ag azi ne.0rg/'arch ive. '2004/09. 'from- pan ic-to - purp ose. ht mI>, aces so em 13
de novembro de 2019.
SEÇÃO 5

Plantio de Igrejas
O plantio de igrejas é uma ferramenta evangelística eficaz que,
infelizmente, muitos negligenciam. A pesquisa que fiz para o
primeiro capítulo desta seção, “Lições aprendidas com o plantio
de igrejas”, revela que, na América do Norte, não são plantadas
tantas igrejas quanto deveria. E em consequência, a igreja não
cresce na mesma velocidade do aumento da população. Ellen
White nos desafia: “O povo que leva o Seu sinal deve estabelecer
igrejas e instituições como monumentos a Ele [Deus].”'
Em parte, não estamos plantando tantas igrejas quanto deve-
ríamos por causa dos muitos mitos q u ejá ouvimos sobre os desa-
fios enfrentados por aqueles que usam essa abordagem. No
segundo capítulo desta seção, abordo três dos mitos existentes
sobre esse método evangelístico, eliminando as percepções incor-
retas a fim de revelar a verdade. Neste capítulo, também apresen-
to algumas idéias simples de coisas que você pode fazer para
ajudar sua igreja a começar a plantar igrejas. Muito embora a
pesquisa para esta seção tenha sido realizada na América do Norte,
seus desdobramentos são universais.

* Elcn G. White, Testemunhes Fara a lgre;a. 9 v. (Tatu(, SR: Casa Put':cadora Bras :·eirá, 201C). v. 7, p. 105.

123
Capitulo 13

Lições Aprendidas com


o Plantio de Igrejas1
,Έ será pregado este evangelho do reino por todo 0 mundo, para
testemunho a todas as nações. Então, virá o fim ”(Mt 24:14).

“Sobre todos os que creem, Deus colocou a responsabilidade de


fundar igrejas" (Ellen White).'1

M o início do movimento adventista, grupos de fiéis se uniam para


promover a causa do evangelho, mudando-se para lugares onde
não havia adventistas e fundando congregações. Essa abordagem
provocou o crescimento explosivo que acabou permitindo que a
igreja se espalhasse pelo mundo inteiro. Agora é o momento de
perguntar se estamos fundando novas igrejas o suficiente para ter
a certeza de que terminaremos a colheita. A fim de achar a respos-
ta para essa pergunta, decidimos revisar as estatísticas do progresso
do plantio de igrejas adventistas do sétimo dia. Esperamos que as
descobertas deste estudo sejam benéficas para nossa igreja no
mundo inteiro que, em algumas áreas, tem crescido com rapidez,
ao passo que em outras passa por dificuldades.3 Essa pesquisa foi
feita na América do Norte.
A Divisão Norte-Americana (NAD, na sigla em inglês) abrange
os membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia nas Bermudas, no
Canadá e nos Estados Unidos. O gráfico a seguir compara o cresci-
mento no número de igrejas adventistas nesses três países ao longo
dos últimos cem anos com o crescimento da população dos países
durante o mesmo período.4
Lições Aprendidas com o Plantio de Igrejas

CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO X
CRESCIMENTO LÍQUIDO DA IGREJA NA NAD

População
(a cada d0z mil;

Igrejas

Gráfico 1. Crescimento da Igreja Adventista do Sétimo Dia nas Eermudas, no Canadá e nos
Estados Unidos em comparação com 0 crescimento da população nesses países

Em 1913, havia 2.006 igrejas na NAD para cumprir a ordem


divina de levar a mensagem do advento para os 105 milhões de
pessoas que formavam a população desses três países. Em 2011,
esses números haviam mudado. Naquela ocasião, havia 5.332 igrejas
levando a mensagem para 342 milhões de pessoas na NAD. Em
outras palavras, em 1913, o índice de igrejas adventistas para a popu-
lação total era de uma igreja para cada 52 mil habitantes. Em 2011,
a proporção aumentou para uma igreja a cada 64 mil habitantes.
Esses dados fazem a Igreja Adventista do Sétimo Dia na América
do Norte enfrentar uma realidade esmagadora: não estamos plantando
igrejas rapidamente o bastante para acompanhar 0 crescimento da população.
As igrejas adventistas existentes jamais serão capazes de acompanhar
a população em rápido crescimento, sobretudo em áreas sem presen-
ça adventista. Em outras palavras, ao longo do último século, o desa-
fio de evangelizar o território da NAD aumentou em vez de diminuir.
No entanto, não é impossível alcançar essa população crescente.
No último século, 0 número de igrejas adventistas da América do
Norte cresceu 1,03% por ano. Esse número se encaixa na Regra de um
por cento do especialista em crescimento de igrejas I.yle Schaller.
Ele diz que as denominações não conseguem evitar o declínio se

125
igreja Viva

mantiverem o número de igrejas que têm. Por causa do crescimento


da população, só para manter o patamar atual de suas igrejas em
relação à população do território, é preciso crescer 1% a cada ano.
A fim de crescer mais rápido que a população em geral, é necessário
plantar de 2 a 3% mais igrejas do que as que existem 11o momento.5
O gráfico 2 retrata o que aconteceria se 25% das igrejas existen-
tes {uma em quatro) plantassem uma igreja-filha a cada década.
A fim de ilustrar essa possibilidade no contexto adventista ao longo
do último século, projetamos um índice de 2,5% de crescimento no
número de igrejas por ano.6

PROJEÇÃO DO CRESCIMENTO LÍQUIDO


DE IGREJAS AO ÍNDICE DE 2,5% POR ANO
40.000

35.000

30.000

25.000 População
(a cada dez mil)

20.000 Igrejas se o crescimento


fosse de 2,5%
15.000
Igrejas !roje
10.000

5.000 !

0
Gráfico 2. Promoção do crescimento liquido do número de igrejas
ccm um indice de 2,5 ‫ז‬:‫ ל‬de creso mento per ano

O gráfico 2 mostra que, se tivéssemos adotado a regra de 2,5% de


crescimento, em 2011, teríamos mais do que o triplo de igrejas ¡18.682)
que temos atualmente, c o índice de igrejas adventistas em relação à
população crescería, passando a ser uma igreja para cada 18 mil habi-
tantes. Em outras palavras, por meio do plantio de mais igrejas, os
adventistas do sétimo dia podem aumentar o índice de igrejas em rela-
ção ao número de habitantes. As proporções são importantes porque
revelam o número de pessoas que uma igreja necessita influenciar para
cumprir seu papel na grande comissão. Em outras palavras, as propor-
ções identificam o tamanho do campo missionário de cada igreja.

126
Lições Aprendidas com o Plantio de Igrejas

Dan Serns, que plantou no mínimo uma igreja em cada distrito


que pastoreou nos estados do Texas, Kansas e de Washington e é
atualmente pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Richardson,
Texas, conta que novas congregações são essenciais para expandir a
influência da igreja para o reino de Deus. Sua visão é que haja uma
igreja adventista do sétimo dia vibrante para cada dez mil habitan-
tes.7 Isso está em harmonia com o que Kevin Ezell descobriu ao
estudar a Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos. A igreja
prospera quando o índice de igreja por habitantes é igual ou supe-
rior a uma para cada dez mil pessoas.8___
As pesquisas acerca dos índices de igrejas adventistas por habi-
tantes para cada década que nosso estudo cobriu revelam que, embo-
ra em algumas décadas a igreja tenha conseguido diminuir o índice,
a tendência geral tem sido fíear para trás (confira o gráfico 3).

ÍNDICE (UMA IASD POR HABITANTES)

Gráfico 3. índice de igrejas adventistas do sétimo d:a por habitantes ao longe de ;jrn século

A análise dos dados acima revela o seguinte:


❖ O melhor índice ocorreu em 1921: uma igreja para cada
48.500 habitantes.

127
Igreja Viva

❖ O pior índice experimentado peia igreja foi em 1971: uma


igreja para cada 67 mil habitantes.
❖ O índice melhorou em quatro décadas: 1 9 1 3 1 9 3 1 - 1 9 4 1 ,1921‫־‬,
1971-1981 e 1981-1991.
❖ O pior índice da história (1971) foi contrabalançado por um
movimento em massa de plantio de igrejas que começou na década
de 1970 e continuou ao longo dos anos 1980.
❖ O índice em 2011 (o ano de nossa pesquisa)9 era de uma igre-
ja para cada 64 mil habitantes.
❖ O índice de 2011 é bem mais próximo do pior quejá tivemos
do que do melhor.
Na década de 1970’‫־‬°, a Igreja Adventista deu largos passos no
plantio de igrejas. Isso resultou na recuperação do ponto mais baixo
que havia alcançado em 1971. Necessitamos de outro movimento
em massa de plantio de igrejas hoje. As igrejas estabelecidas devem,
ser desafiadasjj. plantar igrejas, as quais, por sua vez, também plan-
tarão novas igrejas. Ellen White aconselhou: "Ao estabelecerem-se
igrejas, deve-se-lhes apresentar o fato de que c dentre elas que hão
de sair os homens que devem levar a verdade a outros e levantar
novas igrejas.”15 Essa mudança de paradigma deve acontecer em
todos os níveis da igreja. Acreditamos que cada pastor, administra-
dor, membro, Associação e igreja podem fazer parte da solução.

PROJEÇÃO DO ÍNDICE DE IGREJAS POR HABITANTES


COM 0 CRESCIMENTO LÍQUIDO DE 2,5% A0 ANO
80.000 !

70.000 !
60.000 i

50.000 ·
40.000 >

30.000 i

20.000 I
1
10.000 1I·
0 1-----------------------------------------------
19:1 531; ‫י‬S3t 197! ÍW1 2C1!

Grático 4. índ;oe de ¡grejss adventistas dc sétimo dia por habitantes com a projeção
da urr. crescmentc iíquido de 2,5°0 8 ‫ כ‬εηο

128
Lições Aprendidas corn o Plantio de Igrejas

O gráfico 4 mostra que, se a Igreja Adventista do Sétimo Dia


houvesse plantado novas congregações a um índice de 2,5% ao ano,
o número de pessoas que cada igreja precisaria influenciar seria de
cerca de 18 mil. Trata-se de uma meta mais administrável para cada
congregação alcançar, permitindo que desempenhem um papel
significativo no cumprimento da grande comissão 11a América do
Norte. Mas como não plantamos igrejas em um ritmo apropriado,
cada congregação é responsável por alcançar 64 mil pessoas.

Interpretação dos dados


Ao longo do último século, a Divisão Norte-Americana fundou
uma média de 35 igrejas por ano. Trata-se de uma média de seis
igrejas por década por Associação. Isso significa que cada Associação
fundou cerca de meia igreja por ano.
Esses dados revelam que, na América do Norte, o plantio de
igrejas adventistas do sétimo dia é mais uma exceção do que uma
expectativa. Na últim a década, houve o crescimento líquido de
399 igrejas. Se presumirmos que cada igreja adicional veio de uma
igreja-mãe diferente, isso sugere que apenas 8% das igrejas
na NAD plantou uma igreja. Isso quer dizer que 92% das igrejas da
NAD não plantaram nenhuma igreja ao longo dos dez últimos anos.
Logo, o potencial para crescimento é quase ilimitado! Se apenas
8% das igrejas a mais plantassem outra congregação no decorrer
desta década, em 2021 h averia quase 800 novas igrejas adventistas
compartilhando Jesus fielmente com milhares que Dele necessi-
tam tão desesperadamente. A colheita da América do Norte neces-
sita com veemência de que cada adventista se envolva em um
movimento em massa de plantio de igrejas.
Para alcançar a fórmula de um índice de crescimento de 2,5%
proposta por Schaller durante a próxima década na América do
Norte, precisamos ter um crescimento líquido de 1.333 igrejas.
Trata-se de uma média de 133,3 igrejas por ano. É uma média de
2,25 igrejas por Associação por ano. Sair de 0,6 para 2,25 igrejas
por Associação por ano requer esforço significativo. No entanto, é
possível alcançar essa meta, considerando que, ao longo da última
década, as quatro melhores Associações no plantio de igrejas

129
Igreja Viva

tiveram um aumento de 5,15 igrejas e grupos por ano (confira a


tabela abaixo). Sem dúvida, um movimento em massa de plantio de
igrejas na América do Norte é um objetivo alcançável.

Imagine um movimento em massa de plantio de igrejas


A fim de obter uma imagem realista de como seria esse moví-
mento em massa de plantio de igrejas adventistas, analisamos pri-
meiro os lugares onde esse processo estava ocorrendo de forma
bem-sucedida na América do Norte. Então, para manter a pesquisa
em uma proporção administrável, identificamos as Associações que
plantaram mais igrejas, da melhor maneira, ao longo dos dez anos
anteriores.12 Somente quatro das 59 Associações revelaram um
crescimento líquido de no mínimo 45 igrejas e grupos durante o
período abordado por nosso estudo: uma média de 4,5 ou mais por
ano (confira a tabela a seguir).13

Associação Igrejas Grupos Total


Texas 31 26 ' 57
Georgia-Cumberland 22 31 53
Grande Nova York • 40 8 48
Flórida 13 35 48
Tabela 1. As quatro melhores Associações da NAD em plantio de igrejas ao longo da última década
e 0 número de igrejas e grupos fundados

Para o estudo das quatro Associações com melhor resultado, con-


sultamos os arquivos e as estatísticas da Associação Geral, arquivos da
Associação e das igrejas, além de realizar entrevistas com administra-
dores, departamentais, pastores e líderes leigos das Associações.

Renovar ou plantar?
Enquanto realizávamos a pesquisa, descobrimos que um dos
maiores impedimentos para o aumento do plantio de igrejas na
América do Norte é a existência de muitas igrejas adventistas estag-
nadas ou em declínio na região. Os especialistas em crescimento de
igreja explicam que a falta de plantio de igrejas é um dos principais
motivos para o declínio.14

130
Lições Aprendidas com o Plantio de Igrejas

,^Ellen White afirmou que muitas igrejas ira a


morte espiritual podem ser reavivadas ao levar a mensagem do_
advento para regiões nas quais não existe presença adventista:16^
A renovação acontece quando os membros da igreja focam em
cumprir a missão, desenvolver discípulos e dar passos grandes pela
fé. À medida que a espiritualidade dos membros da igreja aumenta,
eles ficam mais perceptivos aos campos maduros à sua volta e vão
em busca de treinamento (discipulado) e estrutura (ministério e
igrejas plantadas) para que possam colher os grãos maduros.16
Nossa pesquisa revelou que uma das melhores maneiras de
renovar a igreja é por meio do plantio de outra congregação.
Cremos que, com o poder do Espírito Santo, qualquer igreja adven-
tista pode plantar outra congregação.
Não encontramos nenhuma igreja-mae que tenha sofrido por
ter plantado outra igreja. Aliás, muitos exemplos mostram que o
plantio de igrejas-filhas renovou a igreja-mae e acabou levando
mais pessoas e recursos para ela do que antes do plantio.
Por exemplo, a Igreja Adventista do Sétimo Dia Hispânica de
Hollywood (Flórida)17estava sofrendo declínio. O prédio no qual se
reuniam era um local pequeno e alugado. A congregação sentia que
não tinha como crescer. Então eles se despertaram para as necessi-
dades à sua volta. A liderança da igreja começou a enfatizar a mis-
são e o discipulado por meio da pregação, da educação e de
lembretes constantes sobre a importância de alcançar a comunida-
de ao redor. Os membros da igreja pararam de se concentrar em si
mesmos e passaram a enxergar as necessidades externas. Por isso,
decidiram que plantariam novas congregações.
Allan Machado, coordenador hispânico da Associação da
Flórida, nos contou que “assim que eles colocaram o coração na
missão, começaram a crescer e se m ultiplicar”.18 Um empresário
adventista viu Deus em ação e comprou um novo prédio de
5 milhões de dólares para a igreja. Mas quando se mudaram para
lá, a manutenção era tão cara que quase os faliu. Eles decidiram
confiar em Deus e continuar plantando novas igrejas assim
mesmo. Ao longo dos cinco anos seguintes, plantaram quatro igre-
jas e se tornaram uma congregação bilíngue (espanhol e inglês).
Igreja Viva

Enquanto escrevo este livro, o número de membros é de quase


300, e o total de membros das cinco igrejas é de cerca de mil.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia Hispânica de Hollywood é uma
das muitas entre as estudadas que passaram por renovação quando
os membros deram um passo de fé e foram plantar uma igreja.

0 novo movimento
O início de um movimento de plantio de igrejas adventistas na
América do Norte exigirá a participação de pessoas de todos os
níveis da igreja.

Há uma obra para toda mente e para todas as mãos.


Há uma variedade de trabalhos a ser feitos, adaptados
para as diferentes mentes e as variadas capacidades.
Todos que estão conectados com Deus levarão luz aos
outros. [_J
Caso se tornem colaboradores de Jesus, veremos a
luz das nossas igrejas brilhando com intensidade cada
vez maior, enviando seus raios para penetrar as trevas
além de suas fronteiras.19

Nosso estudo das quatro Associações mais bem-sucedidas no


plantio de igrejas revelou que há uma série de modelos que fun-
cionam. Sobre Nova York, Gerson Santos observou: “A cidade é tão
diversificada que não creio que podemos ter apenas um modelo.”
Os modelos a seguir foram usados pelas quatro Associações mais
eficazes ao longo da última década. Eles ilustram que pessoas de
todos os níveis da igreja podem desempenhar um papel em um
movimento maciço de plantio de igrejas.
1. Iniciativa dos membros. Os membros da igreja começam a reunir
pequenos grupos em seus lares. Reúnem-se durante a semana e
testemunham na comunidade. À medida que os grupos crescem
e se multiplicam, entre um a quatro grupos se unem e começam a
congregar juntos nos cultos de sábado de manhã.
Embora a igreja plantada comece como um grupo adventista do
sétimo dia, pode não estar conectada a nenhuma igreja específica

132
Lições Aprendidas com o Plantio de Igrejas

a princípio. Com o tempo, porém, trabalha com uma igreja-mãe ou


diretamente com a Associação.
2. Iniciativa de uma igreja-mãe. O plantio de igreja por meio de uma
igreja-mãe pode acontecer a partir de uma ou mais das formas a seguir:
❖ Uma igreja-mãe escolhe um líder e um grupo-base de dentro
de sua congregação a fim de plantar uma igreja-filha.
❖ Duas ou mais igrejas trabalham juntas para plantar uma
igreja-filha.
❖ Uma igreja-mãe planta uma igreja ao iniciar um novo culto
no mesmo prédio ou em outro local com o objetivo de alcançar
pessoas de um grupo demográfico diferente da maioria dos mem-
bros da igreja-mãe.
❖ Uma classe de Escola Sabatina bem estabelecida pode crescer
e se tornar uma igreja.
❖ Membros de uma igreja que fala uma língua plantam uma
igreja para pessoas que falam outro idioma (por exemplo, uma igre-
ja de fala espanhola planta uma igreja para pessoas de fala inglesa).
❖ Uma igreja com maioria de membros idosos planta uma igre-
ja para jovens.
3. Iniciativa da Associação.
<*A Associação se concentra em uma área na qual há pouca ou
nenhuma presença adventista e custeia o trabalho de um plantador
de igreja na região.
❖ A Associação trabalha com um líder leigo para fundar uma
nova igreja.
❖ Uma Associação ou grupo de Associações cria um centro de
influência a fim de alcançar uma cidade. Por exemplo, a Associação
da Grande Nova York transformou uma livraria adventista no cen-
tro da cidade em uma lanchonete na qual as pessoas se encontram
para estudar a Bíblia e conviver no horário do almoço nos dias de
semana e cultuar aos sábados.

Há muitos exemplos de maneiras para cada nível da igreja se


envolver em um movimento de plantio de igrejas. Havia um ponto em
comum em cada uma das quatro Associações e igrejas que estudamos:
elas se levantaram para cumprir a missão que Deus nos confiou.

133
Igreja Viva

O plantío bem-sucedido de uma igreja acontece pela consciência


da missão, não por causa de conflitos ou dissensões. Todas as qua-
tro Associações foram muito intencionais, alocando pessoas e
recursos para o projeto e desenvolvendo planos estratégicos para
colocar em prática.
Em nosso estudo, descobrimos uma correlação entre o plantio
de igrejas e 0 crescimento do número de igrejas. As quatro
Associações mais bem-sucedidas no plantio de igrejas de 2001 a
2011 ficaram acima da média da NAD no crescimento de membros
(NAD: 1,8% por ano, em contraste com 4,2% no Texas; 2,8% na
Associação Georgia-Cumberland; 2,4% na Grande Nova York e 2%
na Flórida). O número atual de batismos e profissões de fé que as
quatro Associações obtiveram é uma evidência da conexão entre
plantio de igrejas e evangelismo (Texas: 2.279; Associação Georgia-
Cumberland, 1.130; Grande Nova York, 1.369 e Flórida, 2.365). Os
quatro campos consideraram que o plantio de igrejas foi o segredo
valioso para alcançar a colheita (veja a tabela 2).

Associação Crescimento Batismos


Texas 4,2% 2.279
Georgia-Cumberland 2,8% 1.130
Grande Nova York :2,4% 1.369
Flórida : 2,0% 2.365
Tabela 2. Percentual de crescimento e 0 número de batismo das quatro As scciaçõea da NAD que
mais plantaram igrejas ao longo da ú:tima década

Temas recorrentes e algumas lições aprendidas


Nossas entrevistas e pesquisas revelaram os principais temas
recorrentes. Aqui estão algumas das lições que aprendemos sobre
o plantio de igrejas:
Primeiro, fazer alguma coisa é melhor do que nãofazer nada. Apenas
começar um novo pequeno grupo ou mesmo falar sobre o plantio
de uma igreja já é um passo à frente. Depois que o conceito ganha
ímpeto, você pode trabalhar para identificar e mentorear líderes
em potencial.

134
Lições Aprendidas com o Plantio de Igrejas

Segundo, 0 plantio de uma igreja é resultado de fazer discípulos.


A medida que as pessoas crescem na paixão por Deus, necessitam
de novas oportunidades para usar sua energia e capacidade no tes-
temunho e serviço. O plantio de uma igreja dá muitas oportunida-
des de envolvimento no ministério.
Terceiro, 0 plantio liderado por leigos é mais comum, mais eficaz e
mais barato. O maior investimento que você pode fazer para aumen-
tar o plantio de igrejas é desenvolver a espiritualidade e as habili-
dades de liderança de algumas pessoas-chave.
Quarto, 0 plantio de igreja cria sinergia tanto para as igrejas-mães
quanto para as filhas. O foco na missão e na capacitação de novos
líderes renova a igreja-mãe e prepara a igreja-filha. Igrejas que
plantam outras recebem ricas bênçãos e crescem em número,
saúde e finanças.
Quinto, as Associações que colocam em prática uma estratégia intencional
áe plantio de igrejas experimentam crescimento significativo. As estratégias
eficazes incluem a escolha de um coordenador de plantio de igrejas
na Associação, o recrutamento e a capacitação de líderes leigos, trei-
namento dos plantadores de igrejas, uso de estudos demográficos e
designação de recursos para projetos especiais de plantio de igrejas.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia surgiu como um movimento
com o objetivo de cumprir a grande comissão ao entrar em novos
territórios e fundar novas congregações. Contudo, na América do
Norte, o movimento de plantio de igrejas foi praticamente esque-
cido. O desafio de alcançar a população em rápido crescimento na
América do Norte é grande, mas, pelo poder do Espírito Santo e
mediante intencionalidade em todas as esferas da igreja, seremos
capazes de alcançar essas pessoas.
O plantio de novas igrejas é essencial para o crescimento e a
vitalidade da Igreja Adventista em todas as partes do mundo. Cada
nova igreja consiste em um monumento visível do amor de Deus
pela humanidade e é capaz de alcançar grupos populacionais e
comunidades distintos com o evangelho eterno. A elaboração de
um movimento maciço de plantio de igrejas é desafiadora, mas até
mesmo um pequeno passo nessa direção pode ser eficaz, se multi-
plicado pelo poder do Espírito Santo.

135
Igreja Viva

Idéias Inspiradas de Ellen G. White Para o Plantio de Igrejas

“Sobre todos os que creem, Deus colocou a responsabilidade de


fundar igrejas” {Medicina e Salvação, p. 315).

“Novas igrejas devem ser estabelecidas e novas congregações


organizadas. Nesta época deve haver representantes da verdade
presente em cada cidade e nas mais remotas partes da Terra”
('Testemunhos Para a Igreja, v. 6, p. 24).

“Em todos os países e cidades o evangelho deve ser proclamado.


Igrejas devem ser organizadas e planos formulados para o trabalho
que se realizará pelos membros das recém-organizadas igrejas”
(.Evangelismo, p. 19).

“Um lugar após outro deve ser visitado; uma igreja após outra
ser estabelecida” (‫׳‬Testemunhos Para a Igreja, v. 7, p. 19).

“O estabelecimento de igrejas, a edificação de casas de reuniões


e edifícios escolares, estendia-se de cidade a cidade, e o dízimo
crescia para ajudar a levar avante a obra. Construíam-se edifícios
não somente num lugar, mas em muitos, e o Senhor estava operan-
do para aumentar Suas forças” (Obreiros Evangélicos, p. 435).

“Não seja dificultado e tornado fatigante o trabalho de estabe-


lecer monumentos para Deus em muitos lugares, pelo motivo de
serem retidos os meios necessários” (Testemunhos Para a Igreja, v. 9,
p. 132, 133).

“O povo que leva o Seu sinal deve estabelecer igrejas e institui-


ções como monumentos a Ele” (Testemunhos Para a Igreja, v. 7, p. 105).

“Os obreiros de Deus devem implantar as normas da verdade em


todo lugar a que possam obter acesso [...]. Cumpre erguerem-se‫־‬Lhe
monumentos nos Estados Unidos e nos outros países” (Mensagens
Escolhidas, v. 1, p. 112).

136
Lições Aprendidas corrí o Plantio de igrejas

“Muitos dos membros de nossas grandes igrejas praticamente


nada realizam. Eles poderíam fazer um bom trabalho se, em vez de
se aglomerarem, se dispersassem por lugares ainda não atingidos
pela verdade. As árvores plantadas junto demais umas das outras
não se desenvolvem. Elas são transplantadas pelo jardineiro a fim
de terem espaço para crescer, e não ficarem mirradas e débeis.
O mesmo procedimento daria bons resultados em nossas igrejas
grandes. Muitos membros^ estão morrendo espiritualmente por
falta dessa _atividade. Estão-se tornando fracos e incapazes”
(Testemunhos Para a Igreja, v. 8, p. 244).

“Esta obra missionária do evangelho precisa manter-se atingin-


do e anexando novos territórios, ampliando as porções cultivadas
da vinha. O círculo deve ser estendido até que rodeie o mundo. De
vila em vila, de cidade em cidade, de país em país, a mensagem de
advertência deve ser proclamada, não com ostentação exterior, mas
no poder do Espírito, por homens de fé” (Evangelismo, p. 19).

Referências
1 Dustin Serns, mestre em Divindade pelo Seminário Teológico Adventista do Sétimo Dia r.a Univer-
sidade Andrews, ajudou a escrever este capítulo.
2 E;len G. White, Medicina e Saivação ·;Taluí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2015), p. 315.
3 Per exemplo, de 2001 a 2011, a Divisão Sul da Ás;a cresceu 8,1 % em igrejas e grupos por ano
e a Divisão Sul-Americana cresceu 4,9?3 ao ano. Durante o mesmo período, a Associação Geral
como um todo cresceu 3% em igre;as e grupos por ano. Essas informações foram acessadas em
20 de janeiro de 2014, no s:te do Departamento de Arquivos, Estatísticas e Pesquisa da Igreja
Adventista do Sétimo Dia, disponível em <http://www.adventiststatistics.crg>.
4 As estimativas da população foram extraídas de “Population Estimates", United States Census
Bureau, dispeníve! em <http:.Vwww.census.gov/pcpest/data/:ndex,htrnl>, acesso em 20 de
setembro de 2013; “Overpopulation in Your State", Negative Population Growth, disponível
em <http:.'/www.npg.org/facts/us‫ ״‬historicaLpops.htm>, acssso em 20 de setembro de 2013:
Statistics Canada, disponível em <http://www.statcan.gc.ca/start-debut-eng.html>, acessc em
20 de setembro de 2013; “Population of Canada”, Wikipedia, disponível em <http://en.v;ikiped:a.
org/wik!.'Population_,of‫״‬.Canada..by_year>, acesso em 10 de outubro de 2013: e “Bermuda
Demographics Profile 2014”, Index Mundi, disponível em <http;,'/www.indexrriundi.com/bermuda/'
demographics..prof;!e.htm!>, acesso em 10 de outubro de 2013.
Todas as estatísticas denomir.acionais são provenientes do Departamento de Arquivos, Esta-
tisticas e Pesquisa da Igreja Adventista do Sétimo Dia, disponível em <http:/-'www.advent!sts-
tatistics.org>, acesso em 14 de novembro de 2019. Chegamos ao crescimento líquido das
igrejas subtraindo do total de igrejas plantadas o número das igrejas que fecharam ou se unram
a outra já existente. Em favor da precisão na pesquisa, não incluímos os grupos adventistas do
sétimo dia, por causa da falta de dados. Em 1913, a denominação relatou o número de igrejas
e grupos, mas entre 1914 e 1999 0 número de grupos não foi registrado nos arquivos oficiais.
Embora alguns indivíduos destaquem que existem grupos de tamanho considerável na NAD,
percebemos que esse fato é neutralizado pelo número significativo de igrejas multo pequenas.
5 Lyie E. Schaller, 44 Questions for Church Planters (Nashville, TN: Abingdon, 1991), p. 12.
6 Um exemplo contemporâneo desse índice de crescimento r.a igreja mundial ao longo da última
década de nosso estudo •120012011‫ } ־‬pode ser encontrado na Divisão Inieramericana, que teve
um aumento de 2,40·ό em igrejas e grupes por ano. Durante esse período, o número de menrbrcs

137
Igreja Viva
cresceu cte 2X78.226 para 3.403.718, ou seja, 6,4% ao ?.!‫סר‬. Isso !:ostra a correlação entre plantio
de Igrejas e eres cimento no número de membros.
7 Dan Serns, entrevista par telefone, 15 de novembro de 2013.
8 North American Mission Board, “Why We Need Mere Churches”, Whatever It Takes, disponível
em <http: ‫׳‬.'www.n a mb. net''Population_Church_Rat‫׳‬cns/>, acesso em 25 de novembro de 2013.
9 O ano mais recente com estatísticas completas disponíveis na época desta pesquisa foi o de 2011.
10 Confira uma pesquisa abrangente sobre o plantio de igrejas nas décadas de 1970 e 1980 em:
Roger Dudley e Clarence Gruesbeck, Plant a Church, Reap a Harvest (Boise, ID: Pacific Press,
1989). Monte Sahlm também acrescenta que uma das razões significativas para o plantio de ¡gre-
jas durante essa época foi a reação da igreja ao aumento de grupo de imigrantes na América do
Norte e o entendimento da importancia de atender às suas necessidades (entrev.sta por telefone,
10 de outubro de 2C13). Isso ilustra um movimento intencional de plantio de igrejas ccm o objetivo
de alcançar a população cada vez malar.
11 Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, 9 v. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasilc-:ra, 2015), v. 3,
p. 205. Ed Stetzer declara esse principio, fazendo um apelo para que as igrejas nào só plantem
Igrejas-fIlhas, mas também tenham o alvo de se tornar "igrejas-avós". Viral Churches: Helping
Church Planters Become Movement Makers (San Francisco: Jossey-Bass, 2010), p. 31 -47.
12 Estatísticas provenientes do site do Departamento de Arquivos, Estatísticos e Pesquisa da Igreja
Adventista do Sétimo Dia, disponível em <http://www.adveritiststatistics.org>. Os resultados mais
atuais disponíveis da época mensuravam 2001 a 2011.
13 Estatísticas retimdas, em 10 de outubro do 2013, do Departamento de Arquivos, Estatísticas e
Pesquisa da Igroja Adventista do Sétimo Dia, disponível em < http://www.adventiststat:'stics.org>,
14 Aubrey Malphurs argumenta que 0 plantio de Igrejas é fundamental para a sobrevivência de uma
denominação em Planting Growing Churches for the 21st Century (Grand Rapids, Ml: Baker,
2004), p. 32-38. Lyle Schaller afirma quo a falta de plantio de igrejas é urna das principais causas
para o declínio do protestantismo tradicional em 44 Questions for Church Planters, p. 24-20.
O mesmo cenário se aplica ao adventismo.
15 Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, 9 v. {Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2010),
v. 8, p, 244.
16 Confira mais detalhes sobre passos estratégicos simples a se dar rumo ao plantío de igrejas no
capitulo 14, “De obstáculos a oportunidades”.
17 Confira exemplos desse principio em outros grupos étnicos no capitulo 14, "De obstáculos a
oportunidades”.
18 Alian Machado, entrevista por telefone, 22 de outubro de 2013.
19 Ellen G. White, Notebook Leaflets From the Bmshaven Library, 2 v. (Waslrngton, DC: Review and
Herald, 1947), v. 1, p. 27.

138
Capítulo 14

De Obstáculos
a Oportunidades1
“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espirito Santo, e sereis
Minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e
Samaria e até aos confins da terra‫( ״‬At 1:8).

“Um lugar após outro deve ser visitado; uma igreja após outra ser
estabelecida"(Ellen G. White).2

P lantar igrejas é uma iniciativa desafiadora. Reivindicar território


para Jesus desperta, sem dúvida, oposição de muitos lados,
É essencial ter expectativas realistas. Um sistema de apoio e treina-
mento adequados também ajuda muito. Nossa pesquisa revelou que
aqueles que se comprometem com o plantio de igrejas se deparam
com obstáculos significativos, mas, quando dependem de Deus, Ele
responde com bênçãos e recompensas inacreditáveis.3 Como Deus irá
superar os obstáculos e abençoar sua igreja para alcançar sua cidade?
Este capítulo se baseia cm dados e entrevistas com pessoas
das quatro Associações na América do Norte mais ativas no plan-
tio de igrejas ao longo da últim a década. Serão abordados os três
obstáculos mais comuns ao plantio de igrejas e m ostrar como
Deus os transform a em oportunidades extraordinárias.4

Objeção 1: Não temos pessoas suficientes para plantar uma igreja


Quando os líderes de uma igreja local pensam em plantar
outra igreja, em geral sentem que carecem dos recursos humanos

139
Igreja Viva

necessários. Jesus incentivou Seus seguidores, dizendo que Deus


provê colaboradores quando nos com prom etem os com Sua
missão: “A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos.
Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a
sua seara‫( ״‬Lc 10:2).
A Igreja Adventista do Sétimo Dia de Perry, na Flórida, passava
por dificuldades. Seus membros haviam minguado para oito a dez
idosos. Então Patty Crouch foi convidado a atuar como obreiro
bíblico e líder daquela congregação. Sentindo a forte necessidade de
alcançar os jovens da comunidade, Patty incentivou a igreja a dar
um passo de fé, vendendo o templo para começar de novo do outro
lado da cidade.5 Eles compraram um trailer e começaram um minis-
tério voltado para os jovens chamado “Virada Total”, com progra-
mas de microfone aberto, adoração e cultos liderados pelos jovens.
Por meio desse processo de plantio, Deus concedeu nova vida a essa
igreja e trouxe mais pessoas do que eles imaginavam ser possível.
Hoje a congregação conta com mais de 80 membros e é uma das
igrejas mais saudáveis da Associação da Flórida, segundo Allan
Machado, ex-coordenador de pastores leigos e hoje coordenador da
ala hispânica do campo.
Embora igrejas menores possam sentir que precisam crescer
antes de dar à luz a outra igreja, há muitos casos mostrando que
Deus abençoa os esforços das pessoas quando elas dão um passo de
fé. Em 2007, a igreja do noroeste de Houston contava com cerca de
125 pessoas frequentes quando plantaram a igreja de Woodlands.
Ao fim de 2012, a igreja-mãe reunia 196 pessoas frequentes e havia
71 participando da igreja-filha.6
A pequena Igreja Adventista do Sétimo Dia Hispânica de
McKinney reconheceu que sua cidade estava passando por um
crescimento populacional explosivo7, mas ainda não possuía
nenhuma congregação de língua inglesa. Pouco mais ao sul, a Igreja
Adventista do Sétimo Dia de Richardson tinha as pessoas e a lide-
rança necessárias para iniciar a nova igreja, mas nenhum lugar para
que ela se reunisse. As duas igrejas colaboraram uma com a outra
e, em 2012, deram à luz uma nova igreja-filha bem saudável.
O processo empolgou e vitalizou as igrejas-mães.

140
De Obstáculos a Oportunidades

O pastor Dan Serns contou: “Estou orando para que Deus


impressione 5% dos meus membros a se tornarem parte da Igreja
Adventista do Sétimo Dia de Língua Inglesa de McKinney.” Ele
explicou que, embora alguns pensem, que plantar outra igreja em
uma região pode prejudicar as igrejas próximas, a realidade é que,
nas áreas metropolitanas de rápido crescimento populacional, exis-
tem muitas pessoas que precisam ser alcançadas para Jesus.
Também fica claro que Deus leva pessoas para as igrejas-mães
que dão um passo de fé. A Igreja de McKinney é a décima eongre-
gação plantada com a qual a Igreja de Richardson se envolveu ao
longo dos últimos 14 anos. Quando a Igreja de Richardson começou
a plantar novas igrejas em janeiro de 2000, contava com a frequên-
cia semanal de cerca de 550 pessoas. Em 2012, após plantar quatro
igrejas e ajudar outras seis a começar, a frequência havia subido
para 598.8 Ao fim de 2012, o total combinado de indivíduos fre-
quentando a igreja de Richardson e todas as que ela ajudou a plan-
tar somava mais de 1.700 pessoas.
Além disso, entre 2002 e 2010, 1.257 pessoas foram batizadas9
e, em julho de 2013, a Igreja de Richardson recebeu seu membro
de número 800. O total de membros atual é o mais elevado nos 50
e poucos anos de existência da igreja. Entre 2000 e 2013, a popu-
lação do norte de Dallas cresceu cerca de 12,5%10, ao passo que o
total de membros da Igreja Adventista da região aumentou por
volta de 209% em decorrência da multiplicação da igreja. Quando
este livro estava sendo escrito, os líderes da Igreja de Richardson
estavam se preparando para plantar sua quinta igreja.11
Com frequência, as igrejas que perdem alguns membros para 0
plantio de uma nova congregação voltam para seu tamanho origi-
nal ou o superam entre seis meses e dois anos depois. A Igreja
Adventista de McDonald Road, localizada na zona rural a poucos
quilômetros de Collegedale, Tennessee, tinha cerca de 800 mem-
bros. Eles queriam crescer, por isso escolheram uma comunidade e
começaram a realizar estudos bíblicos e outras formas de evange-
lismo ali. Cerca de quatro anos depois, plantaram a Igreja Adventista
do Sétimo Dia de East Ridge, com um grupo básico de cerca de 80
pessoas. Hoje a igreja está saudável e em crescimento. Além disso,

141
Igreja Viva

Deus concedeu à Igreja de McDonald Road tudo que ela tinha e


muito mais. De fato, o Senhor preenche as fileiras de todas as igre-
jas que seguem em frente, com fé, e plantam outra congregação..

Objeção 2: Não temos dinheiro para plantar uma igreja


A maioria das Associações não tem recursos para chamar pas-
tores com a única responsabilidade de plantar novas igrejas. De
maneira semelhante, muitas igrejas se preocupam com os recursos
financeiros que perderão quando membros ativos saírem para fun-
dar uma nova igreja. Contudo, nossa pesquisa revelou que o plantio
de igrejas não prejudica as finanças nem da Associação nem da
igreja-mãe.
As Associações cujas igrejas plantam outras congregações não
precisam contratar evangelistas profissionais. Quando estudamos
as quatro associações mais ativas no plantio de igrejas da Divisão
Norte-Americana, descobrimos que todas elas seguem modelos nos
quais os leigos fazem o plantio. Allan Machado contou que a
Flórida tem 87 obreiros bíblicos, muitos dos quais começaram
novas igrejas. Coletivamcnte, eles geraram mais de 3 milhões de
dólares em dízimos, ao passo que o custo total em treinamento,
recursos e reembolso de gastos com viagens para os líderes leigos
foi de cerca de 400 mil dólares em 2012.1'2 Em outras palavras, o
investimento da Associação da Flórida no plantio de igrejas resul-
tou em um ganho líquido de mais de 2 milhões e meio de dólares.
Gerson Santos, então secretário da Associação da Grande Nova
York, conta que, quando sua Associação estava passando por sérias difi-
culdades financeiras, a liderança do campo decidiu aumentar o aporte
financeiro para plantio de igrejas e evangelismo. Eles dobraram a quan-
tia dedicada a essa área. O pastor Gerson começou um pequeno grupo
a fim de treinar pastores e líderes leigos para plantar novas igrejas.
Quando o entrevistei, um ano e meio após o início desse pro-
grama, esses líderes já haviam plantado 17 igrejas de vários tipos,
inclusive lideradas por jovens, igrejas étnicas e multiétnicas, igrejas
tradicionais e centros de missão urbana.13 Pelo menos um terço
dessas igrejas tem o objetivo de alcançar profissionais seculares
pós-modernos.

142
De Obstáculos a Oportunidades

Santos disse que as únicas despesas que teve durante a inieia-


ti va de plantio de igrejas foram com as refeições para o pequeno
grupo de desenvolvimento de liderança e o reembolso das despe-
sas de viagem dos obreiros bíblicos. Deus honrou os esforços da
Associação e a abençoou, devolvendo dinheiro suficiente para pagar
70% de sua divida durante essa época. A parte mais empolgante
para Santos não foi o ganho financeiro, mas sim o crescimento do
reino que viveneiaram. “Os batismos não param!”, contou. “Ano
passado foi o melhor de todos para a missão em Nova York.”14
As igrejas que piantam outras produ7,em ainda mais recursos finan-
ceiros para ser usados na missão divina. Por exemplo, na Associação do
Texas, o dízimo da Igreja de Richardson era cerca de 690 mil dólares
em 1999 (o equivalente a quase 950 mil dólares em 2012). Catorze anos
e dez igrejas plantadas depois, o dízimo combinado de todas as 11 igre-
jas envolvidas foi de cerca de 2,25 milhões de dólares.15 Em todas as
quatro Associações que estudamos, Deus providenciou dividendos
financeiros significativos sobre o investimento no plantio de igrejas.
E não são apenas as Associações que se beneficiam ao apoiar o
plantio de igrejas. As congregações locais que fazem o plantio tam-
bém colhem benefícios. Tom Evans, que supervisionou 0 plantio de
mais de cem igrejas na Associação do Texas, confirmou isso. Ele
relata: “O plantio de igrejas não precisa custar nada para a igreja-
mãe. Algumas escolhem auxiliar no pagamento da primeira série
evangelística ou custear os primeiros meses de aluguel para impul-
sionar a igreja-filha, mas muitas igrejas plantadas com sucesso
começam sem nada.”16
Em San Antonio, Texas, a Igreja Adventista do Sétimo Dia de
Scenic Hills plantou a Igreja Adventista do Sétimo Dia Fil-Am
International em 2003. Embora a igreja-mãe não tenha concedido
apoio financeiro para a congregação plantada, tanto a igreja-mãe
quanto a filha prosperaram. Sam Palomero, o líder leigo da Fil-Am
International, conta que eles começaram com 25 pessoas e, dez
anos depois, contavam com 226 membros, com a média de 185
pessoas frequentes todo sábado. “Estamos lotados agora”17, Palomero
relata que, em 2012, a igreja recebeu 180 mil dólares em dízimos e
63 mil para 0 orçamento da igreja local.

143
Igreja Viva

Assim como muitas igrejas, Scenic Hills teve medo de perder o


apoio financeiro dos líderes comprometidos que saíram para plan-
tar a nova igreja. Estavam no meio de um projeto de construção, e
alguns membros achavam que era necessário manter todas as pes-
soas e todos os recursos que recebiam a fim de satisfazer as neces-
sidades da Igreja de Scenic Hills. Por isso, a igreja decidiu prosseguir
com o plantio confiando que Deus providenciaria os recursos
necessários. Rodney Mills, pastor atual da Igreja de Scenic Hills,
observou o resultado. Ele conta: “O plantio não criou um rombo
nas finanças da igreja-mãe. Aliás, ao longo do plantio, crescemos
tanto em recursos quanto em membros.” Apesar da inauguração da
nova igreja, a frequência na igreja-mãe gira em torno de 400 pes-
soas. E os membros da Igreja de Scenic Hills estão trabalhando na
criação de uma igreja hispânica para cerca de 120 pessoas, além de
terem formado também um grupo de língua portuguesa.
Nosso estudo sobre as quatro Associações mais bem-sucedidas
no plantio de igrejas revelou que, durante o período que estuda-
mos, de 2000 a 2012, algumas igrejas-mãe de fato precisaram fazer
sacrifícios financeiros por causa do processo de plantio de uma
igreja. Mas nenhuma sofreu dificuldades financeiras tão prejudi-
ciais a ponto de afetar a saúde da igreja em caráter permanente.

Objeção 3: Estamos ocupados demais para assumir a


responsabilidade de plantar uma igreja
Várias igrejas dedicam muitos recursos a uma ampla gama de
programas e atividades. Embora toda igreja de fato necessite
de uma variedade de programas edificantes, é importante que
evitemos perder de vista nosso propósito. Em nossa pesquisa, des-
cobrimos que o plantio de igrejas é o melhor “programa” que uma
congregação pode ter para o evangelismo, discipulado, crescimen-
to espiritual e reconquista de membros inativos.
A possibilidade de aumentar a colheita é a melhor razão para
plantar uma nova igreja, tanto para a igreja-mãe quanto para a
filha. Pesquisas abrangentes na Associação do Texas revelaram que
as igrejas plantadas têm saúde espiritual significativamente maior
do que as igrejas já estabelecidas. Aliás, elas foram ranqueadas entre

144
De Obstáculos a Oportunidades

as 15% melhores de todas as igrejas pesquisadas nos Estados


Unidos. Na pesquisa de Desenvolvimento Natural da Igreja, a cate-
goria na qual se destacaram foi o evangelismo voltado para as
necessidades. As declarações mais fortes foram: “Incentivamos os
novos membros de nossa igreja a se envolver de imediato com o
evangelismo” e “Tento aprofundar meus relacionamentos com pes-
soas que ainda não conhecem Jesus Cristo”.
A prioridade que as igrejas plantadas dão ao evangelismo tam-
bém se reflete em seu orçamento. Tom Evans observou: “A maioria
das igrejas plantadas no Texas contribui com no mínimo 25% do
orçamento da igreja local para o evangelismo. [...] A maioria das
igrejas já estabelecidas destina menos de 5% do orçamento para o
evangelismo.”18
Embora igrejas menores e mais novas não ofereçam 0 mesmo
nível de programação de igrejas maiores e mais consolidadas, as
menores e mais novas têm m aior potencial de crescimento.
Jerry Fore, vice-presidente da Associação Georgia-Cumberland, fez
uma análise abrangente de sua Associação, contemplando mais
de uma década. Ele conta: “Descobri que, quanto mais estabelecida
a igreja, mais membros são necessários para produzir um batismo.
Em contrapartida, quanto mais recente a igreja, maior é o seu
potencial de crescimento.” Isso pode se dever a diversos fatores,
como a necessidade de colher a seara, a vitalidade que as igrejas
mais jovens tendem a ter e a flexibilidade que apresentam nos
métodos e nas abordagens.19Assim como as crianças, as igrejas cos-
tumam ter picos de crescimento enquanto ainda jovens.‫״ב‬
O plantio de igrejas desenvolve líderes tanto na igreja plantada
quanto na igreja-mãe. Gerson Santos comentou: “Nosso principal
objetivo é fazer discípulos. A medida que o número de pessoas
cresce, é necessário colocá-las em um lugar no qual possam usar
sua paixão e [as] novas habilidades que desenvolverão. Isso aconte-
ce em uma nova igreja.”
Santos nos contou a história de uma igreja na cidade de Nova
York que era formada quase que totalmente por membros idosos.
Eles decidiram que queriam fazer algo pelos jovens, então oferece-
ram o uso da capela da igreja para os jovens das imediações.
Igreja Viva

Em meses, foi plantada uma igreja liderada por jovens que recebeu
o nome de Fusion [Fusão] e jovens discípulos se levantaram para
ocupar funções de liderança. Santos disse: “O diácono-chefe tem
16 anos e a diaconisa-chefe, 13.”
O envolvimento dessa igreja no ministério nas ruas tem resul-
tado em muitas conversões e vários batismos, envolvendo até
mesmo pessoas que atuavam em gangues. A igreja começou com
19 membros e hoje conta com a frequência de 60 jovens ativamen-
te envolvidos. Santos explica: “S^perm aneee na igreja quem esti-
ver envolvido. Quem não está envolvido em nenhum ministério,
pode ir como visitante.” Em um ano, a Igreja Fusion plantou outra
igreja liderada por jovens do outro lado da cidade, na Broadway,
Manhattan, que recebeu o nome de Zion [Sião],
Walton Zibanayi relatou que sua experiência com Deus cresceu
de diversas maneiras por meio de seu envolvimento como líder da
igreja de língua inglesa em McKinney. Uma das áreas na qual ele
cresceu foi na doação de recursos financeiros para a igreja. “Quando
eu estava em Richardson, com seus 750 membros, era comum na
hora do ofertorio eu não sentir a convicção pessoal de que podia
doar mais.” Zibanayi devolvia o dízimo apenas. Ele sentia que suas
finanças não permitiam sobra para as ofertas.
No entanto, com a nova igreja, Walton conta: “Percebemos que
precisaríamos fazer doações pessoais [para que a igreja pudesse
pagar] as contas. Começamos devolvendo o dízimo, mais 10% em
ofertas. Três semanas depois, consegui um novo emprego que sig‫״‬
nificou um aumento de 80% em meu salário.” Ele relata que estava
esperando um aumento de apenas 10% no salário, mas Deus lhe
deu muito mais. “Antes, nossa família sempre tinha dificuldades
para pagar as contas. Agora nem precisamos nos preocupar tanto
assim. Deus tem cuidado de nós.” Walton se alegra ao perceber
como o Senhor o ensinou a ser fiel.
As igrejas da América do Norte lutam com a realidade de que
muitos de seus membros se tornam desengajados, desconectados ou
inativos. As igrejas plantadas dão a esses indivíduos uma segunda
oportunidade, uma chance para começar mais uma vez.21Jerry Fore
nos contou o que ele aprendeu ao analisar as igrejas plantadas em

146
De Obstáculos a Oportunidades

sua Associação: CiÉ mais difícil para as pessoas se mudarem para urna
igreja antiga. Igrejas recém-plantadas dão a oportunidade para a cria-
ção de uma estrutura diferente e títulos de programação distintos.”
As pessoas gostam das igrejas recém-plantadas porque elas dão
a oportunidade de crescimento espiritual sem nenhum a memória
ou bagagem desfavorável e, em geral, seus membros se mostram
abertos para novas idéias. Quando a igreja comunitária de
Collegedale foi plantada em uma área cercada por igrejas adven-
tistas, alguns ficaram com medo de perder membros e dízimo
para a nova congregação. A igreja comunitária de Collegedale
tinha o objetivo específico de alcançar os adventistas inativos que
viviam na comunidade. Hoje conta com uma frequência de mais
de 1.200 pessoas. Por fim, todas as igrejas da região se recupera-
ram e continuaram a crescer. Fore observou: ‘Άο recordar o pas-
sado, percebemos que não houve nenhuma catástrofe na área de
dízimos ou perda de membros, como alguns previram. Aliás, não
houve declínio nenhum na região de Collegedale.”
Deus usou igrejas plantadas para reconquistar membros inativos
em todas as Associações que estudamos. Palomero, o obreiro bíblico da
Igreja Fil-Am International em San Antonio, reconheceu que muitos
membros de sua igreja eram inativos quando chegaram à congregação
e reconheceram nela um lugar onde poderíam se conectar com Deus.
Em suma, analisamos três objeções significativas para o plantio
de igrejas: falta de pessoas, falta de dinheiro e uma agenda cheia.
Percebemos que, quando as igrejas são fiéis a Deus, Ble transforma
esses obstáculos em oportunidades e as abençoa com mais do que
nunca tiveram antes.
Plantar uma igreja exige que as pessoas deem um passo tre-
mendo de fé. Mas as recompensas que Deus dá superam em muito
os riscos. Por meio do plantio de igrejas, o Senhor acrescenta pes-
soas à Sua família, dinheiro para as missões, foco evangelístico
eficaz, crescimento espiritual e reconexão com Ele. O plantio de
igrejas é e sempre foi a maneira mais eficaz de alcançar a colheita
e seguir em frente na missão. Se formos fiéis a Deus, Ele será fiel
em nos usar para realizar atos milagrosos. O que Deus fará por seu
intermédio e por meio de sua igreja?

147
Igreja Viva

Dez Passos Simples Para Começar

1. Cultive o amor pelos perdidos. Eles são importantes para Deus


e devem ser para nós também.
2. Desenvolva uma filosofia de plantio de igrejas. Estude o tema
na Bíblia, nos escritos de Ellen White e em alguns livros prá-
ticos a fim de definir a posição de sua igreja sobre o plantio
de novas congregações.
3. Sempre ore para que Deus amplie seu território por meio da
expansão de sua influência e do alcance evangelístico median-
te o plantio de igrejas.
4. Eduque os líderes e membros leigos de sua igreja por meio de
sermões, reuniões de comissão, boletins e assim por diante
sobre o valor, as necessidades e os benefícios de fundar uma
nova igreja. Comprometam-se como igreja a trabalhar em
prol desse plantio.
5. Reivindique as promessas de Mateus 9:37 a 38 de que Deus
enviará trabalhadores para a colheita ao levar até você líderes
dispostos a assumir esse projeto. Invista profundamente no
crescimento espiritual deles e no desenvolvimento das habili-
dades da liderança.
6. Identifique, eleja e mentoreie o líder e o grupo-base da igreja
a ser plantada. O grupo-base pode iniciar o planejamento,
fazer evangelismo e recrutar membros enquanto continua
envolvido nas respectivas igrejas de origem.
7. Faça o treinamento de que você necessita. Encontre eventos e
recursos no site de evangelismo da Divisão Sul-Americana,
<https://www.adventistas .org/pt/evangelismo/>.
8. Estude as necessidades e tendências demográficas de sua
região a fim de identificar o m elhor local para plantar uma
nova igreja. Uma das melhores maneiras de alcançar as pes-
soas de qualquer comunidade é plantando uma igreja ali.
Trabalhe para conectar os adventistas que já vivem nessa área
com a nova congregação.
9. Dedique recursos para ajudar a jovem igreja a conseguir um
imóvel para comprar ou alugar e também para adquirir os
equipamentos necessários para o evangelismo.
10. Desenvolva a estratégia que combine melhor com sua igreja.
Inicie e prossiga em fé. Ore sempre pela colheita, pedindo o
direcionamento e a bênção de Deus.

148
De Obstáculos a Oportunidades
Referências
1 Dustin Seras. mestre em Divindade pelo Sem riário Teológico Adventsta do Sétm c Dia na Liniver-
sidade Andrews, ajudcu a escrever este cap itero,
2 Ei.'en G. Wrrte, Testemunhos Para a Igre a, 9 v. (Tatuí, SP; Casa Publicadora Brasileira, 2Ü1C.‫׳‬, v.
7, p. 20.
3 0 desafio de alcançar a população em rápido crescimento na América dc Norte ccnclam.a todos cs
níveis da igreja a despertar e começar um mov;mento em massa de planto de igrejas adventistas
do sétimo dia, O capítulo 13 deste livro, “Lições aprend:das com 0 plantio de igrejas”, campara o
crescimento i.quido das igrejas adventistas ao crescimento da população dos Estadas Unidos ao
longo dc últúno século. Para ter u:r;a visão realista, estudar.es as quatro Associações da Divisão
Ncrte-Amencara mais envolvidas nc plantio de igrejas durante a úüima década cio sécuío 20: Te-
xas, Georgia-Cu mb orlan d, Grande Nova York e Flórida. Ac analisar essas Associações, descebri-
mas maneiras poderosas usadas por Deus para superar 03 obstáculos e fazer Sua cbra avançar.
4 Lc.a mais sobre 03 supostas obstáculos para o plant o de igrejas em: Russel! Burn!], “Myths cf Church
Planting“, em: Rekindling a Lest Passion (Fa::brook, CA: Hart Research Center, 1999), p. 93-101.
5 Embora às vezes seja necessário mudar uma igreja de lugar, 03 lideres devem buscar com dili-
gência e cração a,udar es membros a fazer a diferença onde quer que cies estejam. Essa era a
intenção final de Patty Crouch.
6 Texas Ccnference of Seventh-day Advent sis Statistical Comparison by Pastora; District, dezembro
de 2912, p. 10.
7 A população de McKinney cresceu 21.4 0 de 20DC a 2003 e foi classificada como a segunda
cidade com maior ntmo de crescimento dos Estados Unidcs. Leia o artigo ccmpieto em: Dan
Eakm, ‫״‬Frisco. McKinney Top Two Fastest Growing Cities in America", Star Local News, 14 de
fevereiro de 2012, disponível em <http:/,Vv‫־‬,vw.pegasusnews.com/news.'2012.'feb/14'frisco-
-rr.ck!nney-tcp-fas!e3t-growin3‫־‬o;t:es-arner:ca/?refscro!L-1017>.
8 Texas Conference of Seventh-dav Adventists Statistical Comparison bv Pastera; District, dezembro
de 2012, p, 5.
9 Em geral, leva de um a deis anos para uma igre.a recém-piantadase consolidare trezer resultadas.
A primeira igreja que Richardson pianteu foi a de Metro North (que posteriormente recebeu o neme
de Fairview Mosaic), em janeire de 2000.
10 Limitamos nosso estude ao norte de Dallas, Texas, incluindo Richardson, Plano, McKinney e
Frisco, porque fei iá que as igrejas feram plantadas. Disponível em <http;.7wwv‫\״‬ci!y-clata.com>,
acesso em 18 de ncverrfcro de 2019.
11 A Igreja Advent‫׳‬sta dc Sétimo D:a de Richardson é exemp'0 de uma congregação que tem
seguido 0 principia da multiplicação das ¡grejas. Ed Stetzer e Warren E.rd argumentam que as
igrejas devem r.ãc só plantar igrejas‫־‬filhas, mas também ter o alvo de se tornar "igrejas-avòs".
Confira: Viral Churches: Helping Church Planters Became Movement Makers (San Francisco:
Jcssey-Bass, 2010), p. 31-47. Ellen White afirmou: “Ao estab ele cere m-se igrejas, deve-se-lhes
apresentar c fato de que é dentre elas que hão de sair cs hemons que devem levar a verdade
a outres e levantar r.ovas igrejas” ,T estemunhos Para a Igreja, 9 v. [Tatui, SP: Casa Publicadora
Brasileira, 2015], v. 3, p. 205).
12 Alian Machado, entrevista pessoal, 10 de setembro de 2013.
13 Essa cstratég.a se encar.tra em harmonia com o argumento de Mu ‫־״‬ay de que são necessários
váries tipos de igrejas para alcar.çar diferentes tipos de pessoas, sobretudo na era pes-moderna.
Ccnfira Church Planing: Laying Foundations (Scottsdale, AZ: Harold Press, 2001), p. 156-180.
14 Gerson Santos, entrevista por telefone, 4 de cutubro de 2013.
15 Texas Ccnference c f Seventh-day Adventists Statistical Comparison by Pastera: District, dezembre
de 2012, p. 5, 6.
16 Tom Evans, entrevista pessoal, 21 de outubro de 2C13. Essa observação confirmou a vaidade das
descobertas de Dudley e G rues beck em 1923. Em um estudo abrangente sobre plant o de igrejas
adventistas do sétimo d:a nas décadas de 1970 e 1930, eles descobriram que 0 recebimento
de auxvo financeiro de cutra igreja não fazia multa diferença no crescimento e sucesso da igreja
plantada. Cfcservaram: “As d.ferenças são pequenas demais para ser sign :,:cativas” e “somente
a minoria das igrejas pesquisadas recebeu esse tipo dô auxílio.” Reger L. Dudley e Clarence B.
Gruesbeck, Fian! a Church, fíeap a Harvest (Boise, ID: Pacific Fross, 1929(, p. 39. Lyle Schalier
argumenta: "Quanto menes dependente de subsídios ferem nessas igrejas, mais sustentáveis elas
serãe. [...] O auxil.o fln3r.ce.rc direto cu indireto pode ser viciante tanto para quem doaquante
para quem recebe" (44 Questions for Church Planters, p. 1411.
17 Sam Palomero, entrevea por telefone, 4 de outubro de 2013.
18 Torn Evans, Implementation of a Conference-Wide Church Planting Strategy Viith the Texas
Ccnference (tese de douto rede em Ministério, Seminário Teológico Adventista do Sétimo D: a,
Universidade Andrews, 2C13), p. 115, 116.
19 Dudley e Gruesbeck também descobriram que íg reres rna:3 recentes têm flex, bil ida de e vitalidade,

149
Igreja Viva
sordo capazes de colher a seara com eficácia. Plant a Church, Reap a Harvest, p. 17-27.
Russe.'l Burnll escreve sobre o ciclo de vida de uma :gre^, ou se;a. quanto mais e.'a envelhece,
mais acaba necessitando de reavwamonto. Confina: Waking the Dead (Silver Spring, MD: Review
and Herald, 2004), p. 31-35.
20 Aubrey Maiphurs também destaca esse fenómeno na descrição do ciclo de vida de urna igre.a.
Confira Planting Growing Churches for the 21st Century (Grand Rapids, Ml: Baker, 2004), p. 32-34.
21 Nossa pesquisa reafirmou esse conceito bem consolidado de plantio dc igrejas. Dudley e
Gruesbeck observaram: ‫״‬Diversos estudos mostraram que entre 60 e 80% dos novos membros
adultos das novas igrejas são pessoas que nãc eram atlvarrente envolvidas na vida de nenhuma
congregação iego antes de entrar para a nova missão. [...] Alguns desses novos membros adultos
são jovens que haviam sa:do da igreja durante a adolescência ou com 2C e pouco anos. Mais
tarde, ao se tornarem pa:3, eles querem que os filhos tenham uma educação religiosa. Preferem
não frequentar a igreja dos pais, procuram novos tipos de adoração e experiências diferentes
de renovação. Outros ex-membros não de se; am voltar para a igreja da qual saíram por sentirem
vergonha, ou por temer que os membros não os aceitem. Em contrapartida, essas pessoas
encontram aceitação em uma nova Igreja na qua! os fiéis estão acostumados a receber novos
membros de braços abertos” (Dudley e Gruesbeck, Planta Church, Reap a Harvest, p. 20). Confira
também Sc hail er, 44 Questions for Church Planters, p. 27-28.

150
Conclusão: 5eus
Melhores Dias Ainda
Estão por Vir
“Sêforte e corajoso; não temas, nem te espantes, porque 0 Senhor ,
teu Deus, é contigo por onde quer que andares‫( ״‬Js 1:9).

“Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor ;
pensamentos de paz e não de mal, para vos dar 0fim que desejais"
(Jr 29:11).

E ste livro apresentou maneiras para as igrejas cumprirem o pro-


pósito para o qual Cristo as criou, por meio da liderança, dos
relacionamentos, do evangelismo, da adoração, da pregação e do
plantio de igrejas. A seguir, você encontra uma reflexão sobre cada
um desses dons e como eles trabalham juntos quando permitimos
que nosso coração seja contagiado com o amor de Deus pelas pes-
soas e escolhemos fazer parte de Sua grande missão.

Liderança eficaz e eficiente


Os líderes da igreja definem o tom que eia apresenta ao disse-
m inar a visão e ajudar a capacitar os membros para viver a grande
comissão de Mateus 28:19 e 20 em todas as áreas da vida.
Foque na disseminação da visão de ministério e evangelismo. Todo ano,
nas matérias que leciono no seminário, pergunto aos alunos se eles
já ouviram uma série de sermões sobre a missão da igreja.
Infelizmente, a resposta quase sempre é não. Por serem líderes
espirituais, nossos adm inistradores e pastores se encontram na
m elhor posição para incutir a percepção de que os perdidos

151
Igreja Viva

importam para Deus e deveríam ser importantes para nós também.


A missão da igreja deve estar na frente, no centro, e ser transmiti-
da com criatividade e de forma envolvente. À medida que os líderes
disseminam essa visão de alcançar almas perdidas, devem dar ênfa-
se à urgência de nossa época. A igreja primitiva tinha a convicção
de que Jesus voltaria em breve, e essa convicção os impelia a levar
Sua mensagem ao m undo inteiro. Eles faziam isso com paixão,
convicção e urgência. As pessoas que amam Jesus e têm uma visão
clara de seu destino farão qualquer coisa por Sua causa.
Treine^equipe_e. motive,, osJe\gos_j¡mrg_ 0 MtMstério__e_ o evangelismo.
#Q principal papel dos líderes da igreja é treinar e capacitar os leigos
para o evangelismo.?’Venho perguntando a meus alunos se existe
um programa sistemático de treinamento e capacitação em suas
igrejas locais. Das centenas de pessoas a quem fiz essa pergunta ao
longo dos últimos 14 anos, menos de dez disseram que sua igreja
local conta com algum tipo de programa de treinamento para o
ministério e o evangelismo.
Paulo define o papel do pastor e do professor como capacita-
dores dos santos para a obra de serviço, com o objetivo de edificar
o corpo de Cristo.1 Jesus passou três anos e meio treinando as
pessoas para 0 ministério. Ellen W hite escreveu: “Todaigreja deve
ser^uma escola missionária para obreiros cristãos. [...] Não somente
deve haver ensino, mas trabalho real, sob a direção de instrutores
experientes. Que os mestres vão à frente no trabalho entre o povo,
e outros, unindo-se a eles, aprenderão em seu exemplo. Um
exemplo vale mais que muitos preceitos.‫צ״‬
& EJa também enfatiza que “os ministros não devem fazer a obra
quejpertence àjgreja, exaurindo-se dessa maneira e impedindo que
os outros cumpram o próprio dever. Eles devem ensinar os mem-
bros como trabalhar na igreja e na comunidade”. ^
As igrejas crescem quando os leigos são apaixonados pela mis-
são de Jesus Cristo e se tornam ativos em com partilhar Seu amor.
A falta de envolvimento no evangelismo pode ser atribuída à
espiritualidade fraca, falta de visão, medo de rejeição, excesso de
ocupações, desdém pelos _métodos tradicionais de evangelismo,
tais como visitas de porta em porta e séries evangeíísticas
Conclusão: Seus Melhores Dias Ainda Estão porVir

públicas, profissionalização do evangelismo e dúvida se as pessoas


estão interessadas no evangelho e, em particular, em nossa m en-
sagem única. Há pessoas que podem até sentir vergonha de sua
igreja local. Muitas dessas barreiras ao envolvimento dos mem-
bros podem ser superadas por meio do treinam ento com o pro-
pósito de capacitar e motivar a congregação.

·*Aumentando a família da fé: relacionamentos,


crescimento da igreja e evangelismo
Muitas pessoas, sobretudo jovens, são espirituais e estão em
busca de uma experiência com Deus, mas não se sentem inclina-
das a procurar por ela dentro de uma igreja.4 Como as pessoas não
se sentem confortáveis em ir a nossas igrejas, nós devemos estar
dispostos a sair e eneontrá-las onde estão. Ao ver como temos
uma experiência com Deus na vida diária, elas começam a enten-
der como também podem conhecer e amar o Senhor. Isso é mos-
trado quando o evangelismo se tom a um estilo de vida e uma
diversidade de métodos é empregada para alcançar as pessoas.
Transforme 0 evangelismo em um estilo de vida. Quando pergunto às
pessoas nos seminários de treinamento: “Qual foi a última vez que
sua igreja fez evangelismo?”, a resposta mais frequente que recebo
é: “Tivemos reuniões evangelísticas ano passado” (ou “há três anos”,
ou ainda “dez anos atrás”). A maioria pensa que o evangelismo é
um evento. Na verdade, porém, evangelismo é um estilo de vida.
Ele acontece a qualquer momento, em qualquer lugar. É realizado
por qualquer um, sob quaisquer circunstâncias.
Em meu seminário, quando peço aos alunos para ler o livro
de Atos e listar todas as vezes que 0 autor conta que os cristãos
evangelizaram ou ministraram, eles norm alm ente encontram
mais de 50 ou 60 experiências e métodos diferentes de evange-
lismo e ministério. O valor central para os cristãos apostólicos
era Jesus. Era por causa Dele que viviam e respiravam evangelis-
mo e ministério. O objetivo da igreja primitiva era m ostrar ao
mundo como ter um a experiência com Jesus. Seus membros
criam que nada na Terra ou no Céu seria capaz de detê-los. Cristo
era tudo para eles.

153
Igreja Viva

Use uma variedade de métodos e estratégias para alcançar as pessoas.


Por muitos anos, nossa igreja dependeu fortemente do evangelismo
público como método para crescimento das congregações e cum-
primento da Grande Comissão. Muitos dos pastores, líderes, pes-
quisadores e leigos que entrevistei creem que nossas estratégias e
técnicas de evangelismo público funcionaram muito bem no passa-
do, mas não dão tão certo hoje. Monte Sahlin, pesquisador bem
conhecido no campo de cultura e tendências adventistas, chegou à
mesma conclusão. Ele explica que, se a igreja se concentrar somen-
te no evangelismo público tradicional para evangelizar o mundo,
corremos o risco de ignorar e isolar a grande maioria das pessoas.5
Temos hoje uma geração completamente nova, cujos pontos de
vista são radicalmente distintos dos passados. Não estamos aprovei-
tando as oportunidades únicas que temos hoje. Essa nova era está
nos desafiando a colorir fora das linhas do velho evangelismo e a
tentar algo novo mais eficaz. Embora devamos manter os métodos
tradicionais em nosso leque de opções, também precisamos usar
todos os meios possíveis a fim de ganhar pessoas para Jesus Cristo.
O evangelismo público, quando intimamente ligado ao evangelis-
mo pela amizade e coberto de oração e do poder do Espírito Santo,
tem um lugar definitivo em nossos esforços evangelísticos. Quanto
m a i s e f i c a z será ela. _
Percebemos que a igreja cresce ao usar todos os meios disponí-
veis a fim de evangelizar o mundo. Faremos bem em seguir esse
exemplo e essa experiência. A igreja atual necessita lançar mão de
uma variedade de métodos para ganhar as pessoas.6 Precisa ser
aberta ao evangelismo pela amizade;7 escolas sabatinas, cultos e
reuniões evangelísticas públicas significativas; e à formação de dis-
cípulos espirituais autênticos.8
Ter uma variedade de programas atende a, no mínimo, dois
propósitos. Em primeiro lugar, dá opções para os membros com-
partilharem sua fé de maneira natural. Segundo, formas variadas de
evangelismo alcançam diversos tipos de pessoas, pelo menos algu-
mas que não seriam alcançadas de outra maneira. Todo evento,
todo ministério e toda atividade devem ser feitos com o propósito‫״‬
de conectar as pessoas com Deus.

154
Conclusão: Seus Melhores Dias Ainda Estão porVir

Adoração inspiradora
A renovação da igreja sempre está ligada à renovação da adora-
ção.9 Na obra Opening the Front Door: Worship and Church Growth
[Abrindo a pronta da frente: adoração e crescimento de igreja],
James Emery White observa que crescimento e renovação da igreja
costumam estar ligados a experiências de culto.10 Parece claro que
a maioria das pessoas está sedenta por cultos dinâmicos e inspira-
dores. Muitos anseiam por ter um encontro com Deus, sentir Sua
presença e viver Seu poder.
George Barna deixa claro que a expectativa número um que as
pessoas têm em relação a uma igreja é sentir a presença de Deus.11
Fica o apelo para que nossas igrejas prestem mais atenção a seus
cultos e para continuamente revestirem seus membros e convida-
dos de oração, a fim de que cada um encontre a presença de Deus.
Thom S. Rainer mostra que o culto de adoração contribui de
maneira muito positiva com o evangelismo, o discipulado e a assi-
milação.12 Toda vez que uma igreja é intencional acerca da renova-
ção da adoração, ela fica saudável e começa a crescer.

Pregação transformadora e envolvente


A igreja atual necessita priorizar a pregação. Paulo instruiu os
romanos: “A fé vem por se ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida
mediante a palavra de Cristo” (Rm 10:17, NVI). Deus escolheu Se fazer
conhecido a nós por meio da pregação. O apóstolo Paulo era enfático
a esse respeito. Ele orientou Timóteo a pregar a palavra (2Tm 4:2).
Quando testemunhou no Areópago em Atenas, Grécia, Paulo
poderia ter usado o teatro para transmitir suas idéias. Afinal, as dra-
matizações foram uma invenção dos gregos. Paulo poderia ter pedido
alguém para apresentar “o evangelho em três atos” ou ter transfor-
mado a mensagem em uma música. Mas ele não fez nada disso;
apenas decidiu pregar. A música, os cânticos e a arte têm seu lugar,
mas não são, nem de perto, tão importantes quanto a pregação e o
ensino da Palavra de Deus. Sei que isso é verdade não só porque a
Bíblia diz, mas por experiência pessoal.
Tive o privilégio de ensinar e pregar por mais de 35 anos da
China a Londres, de Michigan a Sydney, em todos os tipos de

155
Igreja Viva

lugares, desde grandes arenas a estudos bíblicos em um lar cujo


público era apenas uma jovem família. Por meio daquilo que pre-
senciei em todas essas situações, posso lhe garantir que é pelo ouvir
da Palavra de Deus que as vidas são tocadas.
Da primeira vez que tive o privilégio de pregar o evangelho, vi o
poder de Deus em ação. Minha vida foi tocada pelo ensino e a prega-
çao da Palavra do Senhor. Anos depois, eu ainda me emociono quan-
do ouço mensagens da Palavra de Deus. Eu amo ouvir pregações.
Escuto sermões e mensagens de pastores diferentes o tempo inteiro.
A pregação é usada para ajudar os ouvintes a crescer em sua
caminhada com Deus. Uma maneira de garantir que sua pregação
seja continuamente focada na alimentação e no amadurecimento
espiritual de sua congregação é usar o método do planejamento
anual de sermões. Ele requer que você enxergue além da superfí-
cie de sua comunidade a fim de encontrar áreas que necessitam
ser abordadas. Lembre-se das palavras escritas aos hebreus:
“Deixemos os ensinos elementares a respeito de Cristo e avance-
mos para a maturidade, sem lançar novamente o fundamento do
arrependimento de atos que conduzem à morte, da fé em Deus”
(Hb 6:1, NVI).

Em dois lugares ao mesmo tempo: plantio de igrejas


Todos os especialistas concordam que o plantio de igrejas é o
método mais eficaz de crescim ento de igreja^ De acordo com
Peter Wagner, “a metodologia evangelística mais eficaz debaixo
dos céus é o plantio de novas igrejas”.13 Em 44 Questions for Church
Planters [44 perguntas para plantadores de igrejas], Lyle Schaller
escreve: “Sem exceção, as denominações em crescimento são
aquelas que dão ênfase ao plantio de igrejas.” Ele afirma também
que “o plantio de igrejas continua a ser o componente mais útil
e produtivo para a estratégia de crescimento de igrejas de qual-
quer denominação”.14
David Olson diz que ele descobriu que até completar 40 anos,
as igrejas tendem a crescer, atrair jovens, prover sinergia e ajudar
a levantar uma nova geração de líderes leigos, dentre muitas
outras coisas.1S

156
Conclusão: Seus Melhores Dias Ainda Estão porVir

Olson também destaca que o plantio de igrejas é necessário por‫״‬


que as igrejas estabelecidas provavelmente continuaram em estag-
nação ou declínio.16 Logo, o plantio de igrejas deve ser colocado no
DNA de todas as igrejas locais e Associações. Ellen White foi bem
clara. Ela escreveu que Deus colocou a responsabilidade de fundar
igrejas “sobre todos os que creem”.17 Toda congregação, grande ou
pequena, tem o chamado e a capacidade de plantar igrejas.

Espiritualidade íntima e fervorosa


Embora eu não tenha atribuído uma seção específica para a
espiritualidade neste livro, o coração renovado e a oração inten-
cional são elementos essenciais de todos os capítulos. Em conse-
quência, devemos priorizar a espiritualidade e a renovação.
A ênfase sobre a espiritualidade e o reavivamento devem ser a
principal obra da igreja. Ellen W hite estabeleceu um a forte cone-
xão entre a renovação e uma experiência contínua com Jesus:
“Um reavivamento da verdadeira piedade entre nós, eis a maior
e, a mais urgente dc todas as nossas necessidades. Buscá10‫־‬j.j:jeve
ser nossa prim eira ocupação. [...‫ ן‬Cumpre-nos, porém, mediante
confissão, humilhação, arrependim ento e fervorosa oração, cum-
prir as condições estipuladas por Deus em Sua _promessa para
conceder-nos Sua bênção.”18
A igreja deve aum entar seu investimento no desenvolvimento
espiritual de nossos pastores, líderes e membros. A ênfase da
igreja não deve estar em elaborar programas, mas sim em desen-
volver discípulos totalmente dedicados a Jesus e que têm paixão
por Ele. O bem mais im portante que a igreja possui são seus
membros. Quando esses membros são espiritualmente saudáveis,
estão crescendo, sendo treinados e capacitados, eles farão grandes
coisas para Deus. O livro de Atos nos conta que, por causa do
amor da igreja do Novo Testamento por Jesus e pela urgência de
Sua mensagem, eles dedicavam tempo, talentos, posses e até
mesmo a vida pela causa de Deus.19 Hoje as pessoas esperam que
a igreja satisfaça suas necessidades espirituais. Caso suas necessi-
dades não sejam atendidas ali, eles vão para outro lugar em busca
dessa satisfação.

157
Igreja Viva

Vida de oração intencional


O crescimento da igreja sempre está intimamente relacionado
à oração e ao poder do Espirito Santo. Ellen White conectou clara-
mente o reavivamento à oração: “Só podemos esperar una reaviva-
mento em resposta à oração. Enquanto o povo se acha tão
destituído do Espírito Santo de Deus, não pode apreciar a pregação
da Palavra; mas quando o poder do Espírito lhes toca o coração,
então os sermões não ficarão sem efeito.”20
Deus é especializado em fazer o impossível. A igreja primitiva
não cresceu por causa de programas, talentos ou recursos. Ela eres-
ceu por causa da oração c do Espírito Santo.21 Lembremos da “pala-
vra do Senhor a Zorobabel: Não por força nem por poder, mas pelo
meu Espírito, diz 0 Seniior dos Exércitos” (Zc 4:6).
Thom Rainer, em High Expectations [Altas Expectativas], mostra
que as igrejas que oram tendem a crescer e a conservar um per-
centual maior de seus membros.22 Em tom otimista, Ellen W hite
escreveu: “A oração e a fé farão o que nenhum poder na Terra é
capaz de realizar. Precisamos deixar de ser tão ansiosos e preocu-
pados. Os agentes humanos não podem ir a todos os lugares, nem
realizar tudo que precisa ser feito. [...] A oração fervorosa com fé
fará por nós aquilo que nossas próprias estratégias são incapazes
de alcançar.”23

Sua igreja terá um futuro fantástico


Sua igreja pode estar enfrentando desafios sérios que exigirão
uma reavaliação de seus valores e métodos. Enquanto analisamos
uma maneira de seguir em frente, rumo ao futuro, é crucial entender
que há apenas uma Pessoa capaz de superar nossas fraquezas e nossos
desafios: o Senhor Jesus Cristo. “Obreiros de Cristo nunca devem
pensar, muito menos falar em fracasso em sua^obra. O Senhor Jesus
é nossa eficiência em todas as coisas; Seu Espírito tem de ser nossa
inspiração; e ao nos colocarmos em Suas mãos, para ser veículos de
luz, nossos meios de fazer bem nunca se esgotarão. Poderemos sorver
de Sua plenitude, e receber daquela graça que desconhece limites.”24
Portanto, à medida que avançamos, prossigamos ao lado Dele.

158
Conclusão: Seus Melhores Dias Ainda Estão porVir

Referências
1 Efósios 4:12. Confira também 2 Timoteo 2:2: “C que d8 minha parte cuviste através de muitas
testem, ur. has, isso mesmo transante a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros.”
2 Eí.'en G. White, A Ciência do B a r Viver (Tatu:, SF: Casa Pubí.cadora Brasileira, 2015;, p, 149.
3 Elien G. White, H:star:ca! Sketches ct the Foreign M.scions of the Seventh-day Adventists (Basle:
imprimorie Poiyglotte, 1856;, p. 291.
4 Reggie MoNeal, The Present Future :;San Francisco: Jcssey-Bass, 2003), p. 4, 5. Confira também
James H. Ruiz, The Open Church {Auburn, ME: The SeedScwers, 1992), p. 3.
5 Monte Sahl.'n, entrevistado por S. Joseph Kidder, Berrien Springs, Michigan, 24 de setembro de
2C14.
6 Dois dos diversos autores que observam a necessidade de usar métodos evangelisticcs varia-
des são: Lyle E. Schalier, 44 Ways to Increase Church Attendance, p. 49-63 e Thom S. Rainer,
The Book of Church Growth: History, Theology, and Principles (Nashville, TN: Broadman Press,
1993), p. 239-247.
7 S. Joseph Kidder, "The Power of Relationships in Evangelism". Confira também Win Arn, The
Master's Plan, for Making Disciples (Pasadena, CA: Church Growth Press, 1993), p. 239-247.
8 Bii! Hull, The Disciple-Making Church (Did Tappan, NJ: Reveli, 1988), p. 19-27.
9 Walter C. Kiser Jr., Quest for Renewal: Personal Revival in the Old Testament ;Chicago: Moody
Press, 1986), p. 11 -25.
10 James Emery White, Opening the Fro;:‫ ׳‬Hear.‫ ׳‬Worship and Church Growth (Nashvi.'.e, TN: Con-
vention, 1992), p. 62-64.
11 George Barna, “How to Reach Pcst-Moderns”, Adventist Ministerial Convention, Myrtle Beach,
N. C., 20 de jane:ro de 2Q09.
12 Them S. Ra:ner, The Book of Church Growth (Nashville, TN: B&H, 1998), p. 20.
1 3 C . Peter Wagner, Church Planting for a Greater Harvest (Ventura, CA: Regai, 1990), p. 11.
14 Lyle Schaüer, 44 Questions, p. 20.
15 David T. Olson, The American Church in Crisis (Grand Rapids, Ml: Zondervan, 2008), p. 155, 156.
16 Olson, The American Church in Crisis, p. 142-157.
17 Ellen G. White, Medicina e Salvação, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2015), p. 315.
18 Elien G. White, Mensagens Escolhidas, 3 v. (Tatui, SP: Casa Publicadora Erasiieira, 2016), v. 1, p. 121.
19 Roberta Hestenes, The Power to Make Things New (Waco, TX: Work Books, 1986;, p. 79-90.
20 White, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 121.
21 Randy Maxwe’l, if My Pec-pie Fray (Boise, ID: Pacific Press, 1995), p. 31.
22 Thom S. Rainer, High Expectations: The Remarkable Secret for Keeping People in Your Church
!Nashville, TN: Broadman and Hallman, 1999), p. 174, 175.
23 Ellen G. White, Manuscript Releases Washington, DC: White Estate, 1990), v. 8, p. 218.
24 Ellen G. White, Obreiros Evangélicos ■ Tatú!, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2C14). p. 19, 2C.

159

Você também pode gostar