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HISTÓRIA DO HERÓI

1°DG – EALT – Prof. Luciana


(Contém algumas inspirações de fatos reais)

“Há muito tempo em um lugar distante na África Ocidental, existia um reino, cujo nome era
Onigwa, mas algo trágico estava prestes a acontecer...”

- Hora de dormir filho – Afirma Alice enquanto fecha o livro de lendas africanas após olhar o
horário do relógio em seu pulso.

- Poxa mãe, mas já? Agora que estava ficando interessante! Conte mais, por favor. – Exclama
Pedro enquanto está deitado em sua cama de dinossauros. Ele pediu tanto que Alice não poderia
discordar de sua ideia, então:
- Ok, ok, eu entendi. – Dizia Alice enquanto pegava o livro novamente, e continuou a contar:
“O ano era 1894, em Onigwa havia festa, pessoas dançando de acordo com o tocar do berimbau,
as vozes saiam com o prazer da melodia, suas vestes de coro e seus tecidos tinham as cores da
morte, da fertilidade, do amor e da pureza, era alegria a todo momento. Celebravam sua união
e ao seu rei Zaci Akello por lhe oferecer a liberdade, e o conforto de estar em um lugar seguro.
O reino tinha uma beleza natural extraordinária, mas, muitos não sabiam de sua existência,
acreditavam que era apenas histórias contadas antes de dormirem, que existiam só nos livros.
Até que um dia, isso deixou de ser mito quando um dos guardas do rei avistaram próximo ao
mar uma espécie de almadia, nele carregava três portugueses e a tribo Kariri como aliada, o
guerreiro as pressas foi avisar ao rei: “Meu rei, temos uma visita inesperada” – Sussurrou no
ouvido de Zaci. Logo após isso, ele ordenou que grande parte de seus guardas o acompanhasse
até a costa do mar. Chegando lá o rei clamou:

- Qual seria o desejo de vocês estarem manifestando-se no reino de Onigwa?


- Seus ancestrais me devem, assim como você, vocês me prometeram essa terra sagrada, mas
não passou de uma farsa. Eu me senti traído, um sentimento de frustração ferveu sobre meu
sangue. Agora, eu tenho sede de vingança! – Respondeu o líder Taú Moyo da tribo Kariri.

- Meus ancestrais se encontram na paz, assim como eu estarei brevemente, mas não aceitarei
tal ameaça diante do meu povo. Podemos lhe oferecer alguns recursos naturais para que não
compareçam mais, porém, como eu sei que isso não será o suficiente, ainda vindo de uma tribo
que mantém aliança com nossos “inimigos”, parece até irônico. É inaceitável tamanho risco,
meu povo luta para que a paz reine, não o caos. – Responde Zaci firmemente, fazendo com
que Taú engula seco juntamente aos portugueses.

- Pois bem, se é assim que tu queres, então declaro guerra a Onigwa, brevemente voltarei com
muitos homens! – Diz um dos portugueses enquanto retornam à almadia. Imediatamente o rei
manda os guardas avisarem ao povo o que estava por vir, para que todos se preparassem, e Zaci
vai em direção à caverna de pedra.
- Acorde Irie, agora! – Ordenou o rei para sua guarda, considerada braço direito – Levantasse
de seus aposentos. Com o chamado, Irie Moyo, uma mulher de 32 anos, que visa a segurança
do seu povo, se sobressai do solo sobre um top feito de Capulanas, uma saia de pano com
miçangas e algumas bijuterias de ouro, incluindo seu colar que cobria todo seu pescoço
deixando nenhuma parte nua. Irie era poderosa, tinha poderes que podiam agregar nas guerras
de seu reino, como fazer paredes de pedra e lanças de argila e pedregulho, além de carregar Idá,
a espada, uma herança de seus descendentes de Iorubá. Então, atendeu ao chamado.

- Rei Zaci? Por que me chamas? – Diz Irie preocupada.


- Irie, é o Taú, ele veio novamente, só que com um reforço dos portugueses, isso não acontece
já faz décadas. – Diz Zaci frustrado.

- Esse verme deve estar negociando seu próprio povo só para garantir poder, não duvido muito
que ele tenha tamanha ignorância perante a sua tribo. Não vamos deixar que ele destrua esse
lugar! – Irie responde amargamente.
Irie Moyo tinha um pai, Taú Moyo. Antigamente ela lutava ao lado dele, até ele fazer uma
aliança com o antigo rei de Onigwa, Ayo Akello, fazendo com que os dois reinassem juntos,
trazendo um equilíbrio. Até que um certo dia Taú queria muito mais do que ele já tinha, criando
conflito contra o seu próprio aliado. Visto isso como algo perigoso para o povo de Onigwa,
Ayo expulsou Taú de seu reino, e sua filha Irie Moyo ficou ao lado de Ayo. Taú revoltou-se e
a agrediu sem dó e piedade, deixando-a cega, entretanto, seu sistema sensorial é excelente, mas
isso fez que o ódio de Irie por ele, crescer ainda mais. Após esse ato, ele foi embora, nunca mais
foi visto. Durante uma época ele tentou invadir Onigwa, mas foi falha. Desde então, sempre
que Irie está na presença de seu pai, nada mais importa além de retribuir o ódio em que ela
recebeu.
Se passaram semanas, todos já estavam prontos para a guerra, lanças afiadas; bombas caseiras;
guardas posicionados; arcos na mira e facões um brinco, só a espera de um sinal. Até que se
ouve muitos barulhos vindo sobre a água. Eram barcos, dos grandes, o reino teria que lidar com
algo extremo, mas todos fariam de tudo para que seus descendentes tenham um futuro melhor.
Então começou, de um lado do campo estavam o povo de Onigwa no meio, na frente os guardas,
e Irie atrás para dar o suporte à todos. Do outro lado havia portugueses armados descendo de
seus barcos, e a tribo Kariri descendo de sua almadia com seus armamentos. Então os
portugueses ordenaram o ataque, e os habitantes de Onigwa também. Ao perceber a iniciativa,
Irie produz várias lanças de argila e pedregulho, todas miradas para os portugueses, no 1...2...3...
ela lança, um tiro certeiro que fez com que a vida deles fossem embora em questão de segundos,
após as lanças terem cumprido com a missão, elas se despedaçam sobre o chão fresco do
gramado. Enquanto ocorria a batalha entre esses dois povos, Irie consegue escutar seu pai
gritando:
- Essa terra é minha!

Então Irie leva seu pai até um lugar isolado, e com suas habilidades de criar paredes, ela produz
quatro em volta deles. Ali, ela poderia descontar todo seu ódio.
- Agora poderei fazer você sentir o que eu senti! – Disse Irie com ódio enquanto pegava Idá,
sua espada.
- Você acha que é tão forte assim? – Retrucou Taú.

Ele tira de sua cintura uma espada idêntica, partindo para o ataque, Irie consegue se desviar da
tentativa de golpe em sua barriga, então ela prende Taú sobre a parede, com o auxílio de sua
espada, arrasta sobre seu rosto. Irie ouve gritos, então seu pai consegue se soltar revertendo os
lugares em que se posicionavam, e a enforcou. Irie ficou preocupada percebendo que largou
seu povo para agradar a si mesmo, com seu ódio, estava ficando sem ar, então ela produziu uma
lança devagar com o resto de materiais jogados próximo a ela, mira contra as costas de seu pai
e diz quase sem ar:

- Foi isso que eu senti naquele dia, Pai. – (Barulho da lança entrando sobre o peito de Taú). Ele
tenta até tirar, mas não consegue. Está perdendo muito sangue, ficando fraco. Irie deixa ele
encolhido em posição fetal no chão, enquanto ficava frio. Após isso ela foi correndo na
velocidade da luz ajudar o seu povo, porque Onigwa sempre foi sua verdadeira família.
Eles chegam à vitória! Durante esse caminho tiveram muitas perdas, um deles foi o próprio
rei Zaci, encontrado por Irie no chão verde após levar um tiro por tentar proteger seu povo das
armas perigosas dos portugueses. Foi um momento drástico, se foram muitos, mas o amor ali
reinava, e Irie sabia que Zaci não iria querer lágrimas no seu enterro, mas alegria. A contar
desse tempo, houve a celebração da vitória, e como o reino precisava de um novo rei, Irie Moyo
foi nomeada a primeira mulher a participar do reinado em toda a linha de sucessão.

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