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2010

QUESTÃO DISCURSIVA 01

(COMUNICARE, jul. 2009.)

Escreva um texto defendendo o uso de biocombustíveis em substituição aos derivados de petróleo. Na sua
argumentação, explique como se dá o ciclo de vida do biocombustível como apresentado no infográfico, destacando a
informação mais relevante para a sustentação do ponto de vista defendido.

Seu texto deve:


y ser autônomo, ou seja, conter as informações necessárias para ser compreendido por quem não teve acesso à
imagem original;
y ser redigido com uma linguagem própria, sem cópia de frases do infográfico;
y ter entre 10 e 15 linhas.

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QUESTÃO DISCURSIVA 02

A Raposa e as Uvas
Certa raposa esfaimada encontrou uma parreira carregadinha de lindos cachos maduros, coisa de fazer vir água à boca.
Mas tão altos que nem pulando.
O matreiro bicho torceu o focinho.
– Estão verdes – murmurou. – Uvas verdes, só para cachorro.
E foi-se.
Nisto deu o vento e uma folha caiu.
A raposa ouvindo o barulhinho voltou depressa e pôs-se a farejar...
Moral: Quem desdenha quer comprar.
(Monteiro Lobato)

O texto acima é uma fábula – uma narrativa de fundo didático, em que os animais simbolizam um aspecto ou qualidade do
ser humano. Narre uma história da vida moderna que seja a transposição da fábula acima. O seu texto deve ter
personagens humanos, e a narração poderá ser em primeira ou terceira pessoa (você escolhe). Não ultrapasse o limite de
10 linhas.

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QUESTÃO DISCURSIVA 03

A Rede Idiota
Segundo leio no Google, num site aberto ao acaso, a internet surgiu com objetivos militares, ainda em plena Guerra Fria,
como uma forma de as Forças Armadas americanas manterem o controle, caso ataques russos destruíssem seus meios de
comunicação ou se infiltrassem nestes e trouxessem a público informações sigilosas. Outro site diz: “Eram apenas quatro
computadores ligados em dezembro de 1969, quando a internet começou a existir, ainda com o nome de Arpanet e com o objetivo
de garantir que a troca de informações prosseguisse, mesmo que um dos pontos da rede fosse atingido por um bombardeio
inimigo”.
Entre as décadas de 70 e 80, estudantes e professores universitários já trocavam informações e descobertas por meio da
rede. Mas foi a partir de 1990 que a internet passou a servir aos simples mortais. Hoje há um bilhão de usuários no mundo todo,
afirma outro site. Outro informa que o Brasil é o quinto no ranking dos países com mais usuários na internet, tem hoje cerca de 50
milhões de internautas ativos, atrás apenas da Índia, Japão, Estados Unidos e China, estes últimos com 234 e 285 milhões de
usuários, respectivamente, informa ainda outro site.
Ilustro com essas informações (suspeitas, como todas que vagam no espaço virtual) a abrangência que tem hoje a internet
em todo o mundo, em especial no Brasil. Quase nada acontece hoje sem que passe pela grande rede. Coisas importantes e
coisas nem tão importantes assim, como este texto, que não chegaria tão ágil à redação da ISTOÉ se não fosse enviado de um
computador a outro num piscar de olhos.
Não pretendo demonizar a internet, até porque sou bastante dependente dela. De todo modo, é histórico o mau uso que os
humanos fazem de meios fantásticos de comunicação, e o rádio e a tevê estão aí e não me deixam mentir. De todas as ilusões
que a internet alimenta, a que julgo mais grave é a terrível onipotência que seu uso desperta. Todos se acham capazes de tudo,
com direito a tudo, opinar, julgar, sugerir, depreciar, mas sempre à sombra da marquise, no confortável “anonimato público” que o
mundo paralelo da rede propicia. Consultam o Google como se consulta um oráculo, como se lá repousasse toda a sabedoria do
mundo. Pra que livros, enciclopédias, se há Google? – perguntam-se.
No livro “A Marca Humana”, de Philip Roth, um personagem fala: “As pessoas estão cada vez mais idiotas, mas cheias de
opinião”. Não sei o que vem por aí, é cedo para vaticínios sombrios, mas posso antever um mundo povoado por covardes
anônimos e cheios de opiniões. O sujeito se sente participando da “vida coletiva”, integrado ao mundo, quando dá sua opinião
sobre o que quer que seja: a cantora que errou o “Hino Nacional”, o discurso do presidente, a contratação milionária do clube, o
novo disco do velho artista, etc. Julga-se um homem de atitude se protesta contra tudo e todos em posts no blog de economia e
comentários abaixo do vídeo no You Tube. Faz tudo isso no escuro, protegido por um nickname, um endereço de e-mail, uma
máscara. Raivosa, mas covarde.
(Zeca Baleiro. ISTOÉ, 16 set. 2009.)

Resuma esse texto, utilizando até 10 linhas.

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QUESTÃO DISCURSIVA 04

O trecho a seguir é adaptado de um texto escrito pelo cantor e compositor Herbert Vianna, veiculado por e-mail. Escreva
uma continuação para esse trecho, concluindo-o. A continuação deve:
y discutir o tema na linha de argumentação definida pelo autor;
y apresentar uma articulação clara com as ideias iniciais;
y ter de 5 a 8 linhas.

Uma sociedade de adolescentes anoréxicas e bulímicas, de jovens lipoaspirados, turbinados, aos vinte anos não é natural.
Não é, não pode ser. Uma coisa é saúde outra é obsessão. O mundo pirou, enlouqueceu. Hoje, Deus é a autoimagem. Religião, é
dieta. Fé, só na estética. Ritual é malhação. Amor é cafona. Sinceridade é careta. Pudor é ridículo. Sentimento é bobagem.
Gordura é pecado mortal. Ruga é contravenção. Roubar pode, envelhecer, não. Estria é caso de polícia. Celulite é falta de
educação.
Eu também quero me sentir bem, quero caber nas roupas, quero ficar legal, quero caminhar, correr, viver muito, ter uma

aparência legal, mas

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QUESTÃO DISCURSIVA 05

Leia abaixo um trecho da entrevista do filósofo e escritor suíço Alain de Botton à revista Época. Na entrevista, De Botton
discute a relação do homem com o trabalho, questão abordada no seu livro mais recente: Os Prazeres e Desprazeres do
Trabalho (Ed. Rocco).

Época: É possível ser feliz no trabalho?


De Botton: Sim, assim como é possível ser feliz no amor. Todos nós conhecemos pessoas que têm relacionamentos
maravilhosos. Conhecemos também pessoas que têm trabalhos maravilhosos. Elas amam o que fazem. Mas é uma minoria. Para
a maior parte das pessoas algo está errado. Pode ser que, em algum momento, as coisas tenham ido bem, mas depois elas
acabaram perdendo o interesse no trabalho. Pode ser que as coisas nunca tenham ido bem para elas. A ideia de que todos
podemos ser felizes no trabalho é bonita. Mas, no atual estado da economia, da política e até da psicologia, isso é impossível.
Época: Por que é tão difícil ser feliz no trabalho?
De Botton: Por diversas razões. Pode ser muito difícil saber o que você quer fazer com sua vida. Existe gente que diz “eu quero
fazer algo para ajudar as outras pessoas”, mas não sabe exatamente o que fazer, nem como fazer isso. Outras pessoas dizem
“quero fazer algo criativo”, mas também não sabem como. Há certo mistério para conseguir o que queremos. Há também muitos
obstáculos. Qualquer empreendedor, ao abrir seu negócio, terá de superar a inércia do mercado para se estabelecer. Um indivíduo
que entrou num novo emprego enfrenta um problema parecido para mostrar ao mundo que ele existe. É uma tarefa difícil, em
qualquer ramo de atividade. É sempre algo extraordinário quando alguém ama o que faz – e é bonito ver isso acontecer.

(Época, 26 set. 2009, p. 114. Texto adaptado.)

Escreva um texto de 08 a 12 linhas, em discurso indireto, sintetizando essa entrevista. Seu texto deve:

y deixar claro que se trata de uma entrevista, indicando a fonte;


y explicitar a que perguntas o entrevistado respondeu.

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2011
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QUESTÃO DISCURSIVA 01
Em 3 de setembro de 2010, a revista ISTOÉ publicou uma síntese, assinada por Paulo Lima, do livro ainda inédito Fé em
Deus e pé na tábua – Como e por que você enlouquece dirigindo no Brasil, do antropólogo Roberto DaMatta:
Nosso comportamento terrível no trânsito é resultado da nossa incapacidade de sermos uma sociedade igualitária; de
instituirmos a igualdade como um guia para a nossa conduta. Nosso trânsito reproduz valores de uma sociedade que se quer
republicana e moderna, mas ainda está atrelada a um passado aristocrático, no qual alguns podiam mais do que muitos, como
ocorre até hoje. Em casa, nós somos ensinados que somos únicos, especiais. Aprendemos que nossas vontades sempre podem
ser atendidas. É o espaço do acolhimento, do tudo é possível por meio da mamãe. Daí a pessoa chega na rua e não consegue
entender aquele espaço onde todos são juridicamente iguais. Ir para a rua, no Brasil, ainda é um ato dramático, porque significa
abandonar a teia de laços sociais onde todos se conhecem e ir para um espaço onde ninguém é de ninguém. E o trânsito é o lado
mais negativo desse mundo da rua. É doentio, desumano e vergonhoso notar que 40 mil pessoas morrem por ano no trânsito de
um país que se acredita cordial, hospitaleiro e carnavalesco. No Brasil, você se sente superior ao pedestre porque tem um carro.
Ou superior a outro motorista porque tem um carro mais moderno ou mais caro. O motorista não consegue entender que ele não é
diferente de outro motorista, do pedestre, do motorista de ônibus. Que ele não tem um salvo-conduto para transgredir as leis. No
Brasil, obedecer à lei é uma babaquice, um sintoma de inferioridade. Quem obedece é subordinado porque a hierarquia que
permeia nossas relações sociais jamais foi politizada. Isso é herança de uma sociedade aristocrática e patrimonialista, em que não
houve investimento sério no transporte coletivo e onde ainda impera o “Você sabe com quem está falando?”
(LIMA, Paulo. “Como estou dirigindo?”, ISTOÉ ed. 2130.)

Tomando como ponto de partida as opiniões de DaMatta, escreva uma carta dirigida ao Secretário de Educação do
Estado do Paraná, solicitando a inclusão, no currículo do Ensino Médio, de conteúdos voltados à educação para o
trânsito. Use as afirmações de DaMatta como argumentos para fundamentar sua solicitação.

• O texto deve ter de 10 a 12 linhas.


• A carta NÃO deverá ser assinada. Qualquer sinal de identificação invalida sua prova.

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QUESTÃO DISCURSIVA 02
Observe esta sequência de quadrinhos do cartunista argentino Quino:

Em um texto de 10 a 12 linhas, apresente as críticas que o autor faz à sociedade atual. Procure integrá-las em uma análise
unificada, evitando a descrição quadro a quadro.

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QUESTÃO DISCURSIVA 03
Faça um resumo de até 10 linhas do texto a seguir.

Palavras sem fronteiras

Muito se combate a penetração de palavras estrangeiras na nossa língua. Se até certo ponto esse combate se justifica,
todo radicalismo, como exigir o banimento puro e simples de todo e qualquer termo estrangeiro do idioma, cheira a preconceito
xenófobo, fanatismo cego e, mais ainda, ignorância da real dinâmica das línguas.
Antes de lançar ao fogo do inferno tudo o que vem de fora, é preciso tentar compreender sem paixões por que os
estrangeirismos existem. Se olharmos atentamente para todas as línguas, veremos que nenhuma tem se mantido pura ao longo
dos séculos: intercâmbios comerciais, contatos entre povos, viagens, grandes ondas migratórias, disseminação de fatos culturais,
tudo isso tem feito com que as línguas compartilhem palavras e expressões. Até o islandês, que, para muitos, é a língua mais pura
do mundo, sem nenhum termo de origem estrangeira, é na verdade um idioma altamente influenciado por línguas mais centrais e
hegemônicas. O que ocorre é que o islandês traduz os vocábulos que lhe chegam de fora, usando material nativo. Mas, sendo a
Islândia um país bem pouco industrializado e bastante periférico em termos culturais, é natural que seja muito mais um polo atrator
do que disseminador de criações culturais – e de palavras. No islandês, os estrangeirismos estão apenas camuflados.
Aliás, a política oficial do país de traduzir todas as palavras estrangeiras beira o ridículo e a esquizofrenia eugenista. Afinal,
em viagens pelo mundo, é reconfortante reconhecer vocábulos familiares como "telefone", "hotel", "restaurante", táxi", "hospital",
ainda que ligeiramente modificados pela fonética e ortografia do país que visitamos.
Portanto, quando se trata de discutir uma política de proteção do idioma contra uma suposta "invasão bárbara", é preciso,
em primeiro lugar, compreender que nenhuma língua natural passa incólume às influências de outras línguas, e que isso, na
maioria das vezes, é benéfico tanto para quem exporta quanto para quem importa palavras. Toda língua se vê enriquecida com
contribuições externas, que sempre trazem novas visões de mundo, por vezes simplificam a comunicação e, sobretudo, tiram o
idioma de uma situação de "autismo" linguístico. Assim como viajar para o exterior é saudável e enriquecedor, acolher em nossa
terra influências externas (na culinária, moda, música, tecnologia e, por que não, na língua) tem o mesmo efeito salutar.
Dando por assentada a questão de que o empréstimo de palavra estrangeira é um fenômeno legítimo da dinâmica das
línguas e, acima de tudo, inevitável, cabe então distinguir quando um empréstimo é necessário ou não, quando é oportuno ou
inoportuno. Afinal, uma coisa é a introdução em nossa sociedade de um novo conceito (por exemplo, uma nova tecnologia, um fato
social inédito, uma nova moda) que, por ser originário de outro país, chegue até nós acompanhado do nome que tem na língua de
origem. Outra coisa é dar nomes estrangeiros a objetos que já têm nome em português, como chamar "entrega" de delivery ou
"salão de beleza" de esthetic center.
Mas será que as lojas estampam sale em lugar de "liquidação" e off em vez de "desconto" por uma pressão da clientela,
que só compra nessas lojas se a vitrine estiver em inglês? Ou será que foram os lojistas que inventaram essa moda besta de
escrever tudo em inglês? Que me conste, o freguês deseja produtos bons e baratos, pouco importa se eles estejam sendo
vendidos com desconto ou off price.
Ou seja, essa história de sale, off e outras patacoadas do gênero parece ser invenção de comerciantes desinformados, que
acreditam aumentar os lucros com tais macaquices. O máximo que a maioria dos clientes faz em relação a isso é não fazer nada
(ninguém vai deixar de comprar numa loja só porque o letreiro está em inglês). E aí todos nós ficamos com a pecha de bregas,
macacos, subservientes ao capitalismo global e toda aquela lengalenga pra lá de conhecida. Mas insisto no ponto de que essa
tendência a idolatrar as palavras estrangeiras e usá-las maciçamente para vender surge da indústria e do comércio, não de uma
reivindicação dos próprios consumidores. O marketing, braço armado do capitalismo e de sua ética do vale-tudo em busca do
lucro, é quem cria nas pessoas o desejo por coisas de que elas efetivamente não precisam.
(BIZZOCCHI, Aldo. Revista Língua Portuguesa, n. 58, agosto 2010 – adaptado.)

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QUESTÃO DISCURSIVA 04

(http://noticias.uol.com.br, acesso em 27/08/2010.)

Tomando como referência as informações contidas no gráfico, aponte as tendências das crianças brasileiras quanto à
altura e ao peso e indique possíveis causas das mudanças observadas entre 1974 e 2009. Seu texto deve ter de 8 a 10
linhas.

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QUESTÃO DISCURSIVA 05
Leia as notícias abaixo:
Notícia 1:

* Fahrenheit 451: romance de ficção científica (Ray Bradbury, 1953), que cria um futuro no qual todos os livros são proibidos.
(Revista Exame Informática (Portugal), 07 set. 2009. Adaptado de <http://aeiou.exameinformatica.pt/escola-secundaria-nos-eua-vai-ter-biblioteca-digital=f1003327>.
Acesso em 21 set. 2010.)

Notícia 2:

(Estadão.com. 26 mai 2010. <http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,lei-exige-que-escola-tenha-biblioteca,556959,0.htm>. Acesso em 22 set. 2010.)

A polêmica decisão da escola americana foi comentada pelos jornais e revistas do mundo todo. Qual é seu ponto de vista
sobre a decisão da Cushing Academy? Escreva um texto posicionando-se frente ao fato noticiado. Seu texto deve:
• apresentar sua opinião e os argumentos que a sustentam;
• relacionar o fato com a situação das escolas brasileiras, a partir da notícia publicada no Estadão.com;
• ter de 10 a 12 linhas.

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2012
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QUESTÃO DISCURSIVA 01
Leia o texto e o infográfico sobre as implicações da meia-entrada.

Escreva uma carta dirigida à seção “Cartas” da revista Superinteressante, manifestando sua opinião sobre a existência
da meia-entrada. O seu texto deve, necessariamente:

a) manifestar um ponto de vista em relação à questão tratada;


b) retomar argumentos do infográfico para dar sustentação a sua opinião (você poderá reafirmar esses argumentos ou
contrapor-se a eles);
c) ter de 12 a 15 linhas.
Obs. A sua carta NÃO deverá ser assinada. Qualquer sinal de identificação invalida sua prova.
Sr. Editor,

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QUESTÃO DISCURSIVA 02
Faça um resumo de até 10 linhas do texto a seguir.
Algumas das principais cidades espanholas, a partir do último mês de março, passaram a abrigar um experimento político e
cultural que tem atraído interesse crescente de cientistas e filósofos políticos. Trata-se da ocupação permanente, por parte de
multidões de jovens, de praças públicas, como a Plaza Del Sol (em Madri) e a Plaza de Catalunya (em Barcelona). Milhares de
jovens passam a viver nas praças, organizam cozinhas coletivas, promovem seminários e grupos de discussão. Dançam, cantam
e, certamente, namoram.
Duas ou três visitas à Plaza de Catalunya, como as que fiz em fins de maio, são suficientes para recolher as várias palavras
de ordem ali audíveis, em meio à polifonia das urgências e ao ruído do incessante bater de panelas, latas ou coisa similar. Uma
palavra de ordem, no entanto, parecia unificar o coro por vezes dissonante de reivindicações díspares: “por uma vida mais digna”.
Difícil associá-la a qualquer causa já conhecida. Não há vínculos partidários explícitos e, se calhar, implícitos. De algum
modo, um sentimento de desterro em sua própria pátria releva dos semblantes juvenis. Será a dignidade de esquerda ou de
direita? Ou seriam todos extremistas de centro?
Há quem explique a coisa pela gravidade da crise que atravessa o país. Com efeito, na Espanha, 43% dos jovens não
conseguem entrar no assim chamado ‘mercado de trabalho’. O país, por certo, sempre conviveu com taxas mais elevadas de
desemprego do que a média da União Europeia, fato compensado pelas políticas de proteção social, cujo lastro foi o crescimento
econômico do país, décadas atrás. [...]
No entanto, não se trata apenas de risco de não emprego. Mais que isso, sinais eloquentes de descrença na política, na
capacidade dos governos e nos mecanismos de representação aparecem por todo lado. O movimento de ocupação foi afetado
pelas eleições municipais espanholas, ocorridas em 15 de março passado, nas quais se observaram imenso avanço da oposição
conservadora ao governo socialista de José Luis Zapatero e um forte alheamento ao processo eleitoral, visível pelas altas taxas de
abstenção. O mesmo componente repetiu-se, quase três meses mais tarde, em Portugal. Lá, os socialistas foram derrotados pela
oposição conservadora, graças, em grande medida, à indiferença de eleitores – mais de metade do país –, que não percebiam
qualquer diferença entre as propostas em disputa.
Muito se tem escrito, em vários países, a respeito da crise de representação política. Por toda parte, parlamentos e partidos
parecem ter vida própria e se distinguem da massa dos eleitores, visitados e revisitados por ocasião das temporadas de captura
de sufrágio, também conhecidas como ‘eleições’. [...] Um interesse a ser abrigado e lapidado pela ação de partidos políticos, cuja
atribuição, além da disputa eleitoral pelo poder, deveria ser da organização de correntes de opinião, da educação política e da
difusão da informação. Um cenário que muitos julgam já desfeito. Outros, ainda mais descrentes, duvidam mesmo de sua
existência em qualquer tempo.
De qualquer modo, os jovens da Catalunha formularam, sob forma de queixa, seu próprio diagnóstico. Entre as muitas
palavras de ordem, e além da exigência de vida digna, destacava-se essa pérola: “Basta de realidade, deem-nos promessas”.
(LESSA, Renato. “Promessas, não realidades”. CIÊNCIAHOJE, vol. 48, p. 88.)

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QUESTÃO DISCURSIVA 03
De tempos em tempos, podemos presenciar alguns movimentos sociais, que são frutos dos acontecimentos de
sua época. O texto anterior fala de um deles: movimento impetrado por jovens espanhóis, frente a um mundo sem
perspectivas. No quadro a seguir, elencamos alguns slogans desse movimento e, à direita, apresentamos outros
“slogans” também de um movimento de jovens, só que datado de 1968, quando estudantes e operários na França
escreviam essas frases em muros e cartazes espalhados por Paris. Irreverentes e provocadoras, de forte teor surrealista,
as mensagens eram dirigidas não só ao poder, aos patrões e à polícia, mas também aos próprios estudantes e às
instituições da esquerda tradicional.
Escreva um texto de 8 a 10 linhas, apresentando semelhanças ou diferenças entre os dois movimentos, que podem
ser deduzidas dos slogans. Faça um recorte preciso, selecionando dois slogans de cada lado como base para a sua
comparação. Recorra, se quiser, às informações do texto da questão 02.
5

Movimento dos jovens espanhóis – 2011 Movimento dos jovens franceses – 1968

É proibido proibir.
Por uma vida mais digna.
Abaixo a sociedade de consumo.
Onde está a esquerda? No fundo à direita.
Abaixo o realismo socialista. Viva o surrealismo.
Nossos sonhos não cabem nas urnas.
Parem o mundo, eu quero descer.
Se não nos deixam sonhar, não os deixaremos dormir.
Proibido não colar cartazes.
Sem trabalho, sem casa, sem medo.
A humanidade só será feliz quando o último capitalista for
Enganaram os avós, enganaram os filhos, que não
enforcado com as tripas do último esquerdista.
enganem os netos.
Eu participo. Tu participas. Ele participa. Nós participamos.
Nós somos o futuro, o capitalismo é passado.
Vós participais. Eles lucram.
Todo poder às assembleias.
O patrão precisa de ti, tu não precisas dele.
Não há evolução sem revolução.
Fim da liberdade aos inimigos da liberdade.
O futuro começa agora.
O sonho é realidade.
Continuas pensando que é uma utopia?
Sejam realistas, exijam o impossível.

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QUESTÃO DISCURSIVA 04
A seguir, apresentamos os parágrafos iniciais de um texto de Fernando Rodrigues publicado na Folha de S. Paulo, em
12/11/2011. Escreva uma continuidade para esse texto, observando as seguintes recomendações:

• ter de 6 a 8 linhas;
• apresentar uma articulação clara com os parágrafos iniciais;
• introduzir informações novas, que garantam a progressão no tratamento do tema;
• concluir o texto de forma coerente.

Uma lei imperfeita


O título deste texto é um pleonasmo. Não há leis perfeitas. A Lei da Ficha Limpa é também cheia de qualidades e de
defeitos.
O seu maior mérito é impedir a candidatura de quem já está condenado por uma instância colegiada, de mais de um
juiz. O Supremo Tribunal Federal deu indicações de que aceitará como constitucional esse trecho. A regra terá um efeito
profilático após algumas eleições.

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QUESTÃO DISCURSIVA 05

Leia o texto abaixo.

Morreu Amy Winehouse e os moralistas de serviço já começaram a aparecer. Como abutres que são. Não há artigo,
reportagem ou mero obituário que não fale de Winehouse com condescendência e piedade. Alguns, com tom professoral, falam
dos riscos do álcool e da droga e dão o salto lógico, ou ilógico, para certas políticas públicas.
Amy Winehouse é, consoante o gosto, um argumento a favor da criminalização das drogas; ou, então, um argumento a
favor de uma legalização controlada, com o drogado a ser visto como doente e encaminhado para a clínica respectiva. O sermão é
hipócrita e, além disso, abusivo.
Começa por ser hipócrita porque este tom de lamentação e responsabilidade não existia quando Amy Winehouse estava
viva e, digamos, ativa. Pelo contrário: quanto mais decadente, melhor; quanto mais drogada, melhor; quanto mais alcoolizada,
melhor. Não havia jornal ou televisão que, confrontado com as imagens conhecidas de Winehouse em versão zoombie, não
derramasse admiração pela 'rebeldia' de Amy, disposta a viver até o limite.
Amy não era, como se lê agora, uma pobre alma afogada em drogas e bebida. Era alguém que criava as suas próprias
regras, mostrando o dedo, ou coisa pior, para as decadentes instituições burguesas que a tentavam "civilizar". E quando o pai da
cantora veio a público implorar para que parassem de comprar os seus discos – raciocínio do homem: era o excesso de dinheiro
que alimentava o excesso de vícios – toda a gente riu e o circo seguiu em frente. Os moralistas de hoje são os mesmos que riram
do moralista de ontem.
Mas o tom é abusivo porque questiono, sinceramente, se deve a sociedade impor limites à autodestruição de um ser
humano. A pergunta é velha e John Stuart Mill, um dos grandes filósofos liberais do século 19, respondeu a ela de forma
inultrapassável: se não há dano para terceiros, o indivíduo deve ser soberano nas suas ações e na consequência das suas ações.
Bem dito. Mas não é preciso perder tempo com filosofias. Melhor ler as letras das canções de Amy Winehouse, onde está todo um
programa: uma autodestruição consciente, que não tolera paternalismos de qualquer espécie.
O tema "Rehab", aliás, pode ser musicalmente nulo (opinião pessoal) mas é de uma honestidade libertária que chega a ser
tocante: reabilitação para o vício? Não, não e não, diz ela. Três vezes não.
Respeito a atitude. E, relembrando um velho livro de Theodore Dalrymple sobre a natureza da adição (Junk Medicine:
Doctors, Lies and the Addiction Bureaucracy), começa a ser hora de olhar para o consumidor de drogas como um agente
autônomo, que optou autonomamente pelo seu vício particular – e, em muitos casos, pela sua destruição particular.
(PEREIRA COUTINHO, João. “Sermão ao Cadáver”, www.folhaonline.com.br – acesso 25 jul 2011.)

A sociedade deve impor limites à autodestruição de um ser humano? Num texto de 10 a 12 linhas, discuta essa questão,
ponderando a respeito da descriminalização das drogas. Seu texto deverá levar em consideração a argumentação de
Coutinho.

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2013
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QUESTÃO DISCURSIVA 01

Doutor Advogado e Doutor Médico: até quando?

Sei muito bem que a língua, como coisa viva que é, só muda quando mudam as pessoas, as relações entre elas e a forma
como lidam com o mundo. Exerço, porém, um pequeno ato quixotesco no meu uso pessoal da língua: esforço-me para jamais usar
a palavra “doutor” antes do nome de um médico ou de um advogado.
Travo minha pequena batalha com a consciência de que a língua nada tem de inocente. Se usamos as palavras para
embates profundos no campo das ideias, é também na própria escolha delas, no corpo das palavras em si, que se expressam
relações de poder, de abuso e de submissão. Cada vocábulo de um idioma carrega uma teia de sentidos que vai se alterando ao
longo da História, alterando-se no próprio fazer-se do homem na História. E, no meu modo de ver o mundo, “doutor” é uma praga
persistente que fala muito sobre o Brasil.
Assim, minha recusa ao “doutor” é um ato político. Um ato de resistência cotidiana, exercido de forma solitária na
esperança de que um dia os bons dicionários digam algo assim, ao final das várias acepções do verbete “doutor”: “arcaísmo: no
passado, era usado pelos mais pobres para tratar os mais ricos e também para marcar a superioridade de médicos e advogados,
mas, com a queda da desigualdade socioeconômica e a ampliação dos direitos do cidadão, essa acepção caiu em desuso”.
Historicamente, o “doutor” se entranhou na sociedade brasileira como uma forma de tratar os superiores na hierarquia
socioeconômica – e também como expressão de racismo. Ou como a forma de os mais pobres tratarem os mais ricos, de os que
não puderam estudar tratarem os que puderam, dos que nunca tiveram privilégios tratarem aqueles que sempre os tiveram. O
“doutor” não se estabeleceu na língua portuguesa como uma palavra inocente, mas como um fosso, ao expressar no idioma uma
diferença vivida na concretude do cotidiano que deveria ter nos envergonhado desde sempre.
A resposta para a atualidade do “doutor” pode estar na evidência de que, se a sociedade brasileira mudou bastante,
também mudou pouco. A resposta pode ser encontrada na enorme desigualdade que persiste até hoje. E na forma como essas
relações desiguais moldam a vida cotidiana.
O “doutor” médico e o “doutor” advogado, juiz, promotor, delegado têm cada um suas causas e particularidades na história
das mentalidades e dos costumes. Em comum, têm algo significativo: a autoridade sobre os corpos. Um pela lei, o outro pela
medicina, eles normatizam a vida de todos os outros. Não apenas como representantes de um poder que pertence à instituição e
não a eles, mas que a transcende para encarnar na própria pessoa que usa o título.
Se olharmos a partir das relações de mercado e de consumo, a medicina e o direito são os únicos espaços em que o
cliente, ao entrar pela porta do escritório ou do consultório, em geral já está automaticamente numa posição de submissão. Em
ambos os casos, o cliente não tem razão, nem sabe o que é melhor para ele. Seja como vítima de uma violação da lei ou como
autor de uma violação da lei, o cliente é sujeito passivo diante do advogado, promotor, juiz, delegado. E, como “paciente” diante do
médico, deixa de ser pessoa para tornar-se objeto de intervenção.
Num país no qual o acesso à Justiça e o acesso à Saúde são deficientes, como o Brasil, é previsível que tanto o título de
“doutor” permaneça atual e vigoroso quanto o que ele representa também como viés de classe. Infelizmente, a maioria dos
“doutores” médicos e dos “doutores” advogados, juízes, promotores, delegados etc. estimulam e até exigem o título no dia a dia.

(Eliane Brum. Época – 10 set. 2012. Adaptado.)

Escreva um resumo do texto acima, com 10 linhas no máximo. Em seu texto, você deve:

• apresentar o ponto de vista da autora e os argumentos que ela utiliza para justificá-lo;
• escrever com suas próprias palavras, sem copiar enunciados da autora;
• mencionar no corpo do resumo o autor e a fonte do texto Doutor Advogado e Doutor Médico: até quando?

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QUESTÃO DISCURSIVA 02

Leia a seguinte notícia:

Para apagar o incêndio Considerando a decisão do Ministério da


Educação de reformular o ensino médio e
Com o ensino médio estagnado, o governo propõe um sua experiência como aluno, responda:
redesenho curricular a fim de sair do impasse Segundo seu ponto de vista, quais seriam
as duas mudanças mais importantes para
Após a divulgação dos vexatórios resultados do ensino médio na última
uma melhoria desse nível de ensino?
edição do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), o
Ministério da Educação planeja uma ampla modernização do currículo, Responda essa questão em um texto de 8 a
com a integração das diversas disciplinas em grandes áreas do 10 linhas, atendendo às seguintes
conhecimento. Na terça-feira (21), o ministro Aloízio Mercadante reuniu- recomendações:
se com os secretários estaduais da área e propôs um grupo de trabalho • proponha exatamente duas mudanças,
para estudar a proposta, inspirada no Exame Nacional do Ensino Médio que devem ser diferentes das
(Enem), que organiza as matrizes curriculares em quatro grupos: apresentadas na notícia;
linguagens, matemática, ciências humanas e da natureza e suas • justifique cada uma das mudanças
tecnologias.[...] propostas;
(CartaCapital, 29 ago. 2012, p. 28.) • não apresente tópicos desconectados,
mas um texto articulado.

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QUESTÃO DISCURSIVA 03

TEXTO 1: Relato do historiador romano Tácito (XIV, 17) de um incidente ocorrido em 59 d.C.
Um incidente sem importância provocou uma horrível matança entre os colonos de Nucéria e Pompeia. Aconteceu durante um
combate de gladiadores oferecido por Livônio Régulo. Como ocorre comumente em pequenas cidades, trocaram-se insultos, em
seguida, pedras, chegando-se, por fim, às espadas. A plebe de Pompeia, onde se realizava o espetáculo, levou a melhor. Muitos
nucerianos, feridos e mutilados, eram levados para sua cidade. Muitos choravam a morte de um filho ou um pai. O príncipe (Nero)
instruiu o Senado para investigar o caso. O Senado deixou-o a cargo dos cônsules. Quando recebeu as informações, o Senado
proibiu, por dez anos, a realização, por parte de Pompeia, de reuniões daquele tipo (jogos de gladiadores), e as associações legais
(torcidas organizadas) foram dissolvidas. Livônio e seus cúmplices na desordem foram exilados.

TEXTO 2: Crônica de Nelson Rodrigues.


Nós, os mortais
Amigos, é certo que houve o diabo, anteontem, no Maracanã. Poucas vezes, desde que me conheço, tenho visto uma
partida tão truculenta. Foi pé na cara de fio a pavio do jogo. E quando soou o apito final, só uma coisa admirou: é que ninguém
tivesse saído de maca ou rabecão.
Mas o futebol é muito divertido. À saída do estádio, só vi gente vociferando contra a indisciplina. Um sujeito fazia uma
espécie de comício. Dizia, de olho rútilo e lábio trêmulo: “Isso é uma vergonha!”. Fazia o suspense de uma pausa e reforçava:
“Uma pouca-vergonha!”. Só eu no meio de tantos, de todos, não estava nada irado, nada ultrajado. Sempre que vejo dois times
baixarem o pau, concluo, de mim para mim: “Eis o homem”.
Pode ser lamentável e acredito que seja lamentável. Mas, que fazer se é esta, exatamente esta, a condição humana? A
rigor, ninguém tem o direito de se espantar com o alheio pecado. O homem sempre foi assim, desde o Paraíso e antes do Paraíso.
E nenhum jogador vai para o inferno só porque meteu o pé na cara de outro jogador.
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Todos nós temos o fanatismo da disciplina, mas creiam: é um fanatismo suspeito ou, como dizia outro, de araque. A
disciplina foi feita para o soldadinho de chumbo e não para o homem. E o futebol tem de ser passional, porque é jogado pelo pobre
ser humano. A grandeza de um clássico ou de uma pelada está em que fornece uma imagem fidedigna do homem. Assim somos
todos nós.
Quando a multidão vaia um jogador feroz, está agindo e reagindo como um Narciso às avessas que cuspisse na própria
imagem. Ninguém é melhor do que ninguém. Se a multidão estivesse no lugar do jogador faria a mesma coisa e, se o jogador
estivesse no lugar da multidão, vaiaria do mesmo jeito. Portanto, eu não consigo me escandalizar com a baderna de anteontem.
Eu me espantaria, sim, se, ao ser agredida, a vítima retribuísse com um beijo na testa. Mas se o agredido esperneia, tenho
de admitir a lógica do seu comportamento. Há, também, o caso do juiz. A meu lado, um confrade esperneava: “Inconcebível!”. E,
de fato, o árbitro fez o diabo. Só faltou subir pelas paredes e se pendurar no lustre de cabeça para baixo. Está certo: S.Sª errou.
Mas pergunto: por que cargas d’água só o juiz há de ser o incorrupto, o infalível, se nada disso pertence à condição humana?
Se reis, príncipes, barões cometeram as maiores iniquidades, por que um juiz de futebol há de ser irrepreensível? Se Maria
Antonieta fez uma piada sobre a fome; e se pagou essa piada com a cabeça – o árbitro de anteontem pode marcar um pênalti
errado. Amigos, a disciplina é uma convenção. E qualquer convenção nasce e existe para ser violada.
Casos de violência no esporte e brigas entre torcidas, como os relatados nos textos 1 e 2, são notícias recorrentes na
atualidade. Diante dessas ocorrências, você concorda com a opinião de Nelson Rodrigues? Apresente seu ponto de vista
em um texto, atendendo às seguintes recomendações:
• mencionar fatos atuais;
• apresentar argumentos para sustentar sua opinião;
• ter de 8 a 10 linhas.

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QUESTÃO DISCURSIVA 04

Leia abaixo os parágrafos iniciais de um texto de Rosely Sayão (Folha de S. Paulo, 01 maio 2012). Escreva um ou dois
parágrafos – 8 a 10 linhas – dando continuidade ao texto, sem necessariamente concluí-lo. Uma continuação adequada
deve:
• apresentar uma articulação clara com os parágrafos iniciais;
• introduzir informações novas, que garantam a progressão no tratamento do tema.

A família passou do singular ao plural. Antes, havia "a família". Quando nos referíamos a essa instituição todos
compartilhavam da mesma ideia: um homem e uma mulher unidos pelo casamento, seus filhos e mais os parentes ascendentes,
descendentes e horizontais. E, como os filhos eram vários, a família era bem grande, constituída por adultos de todas as idades e
mais novos também.
Pai, mãe, filhos, tios e tias, primos e primas, avós etc. eram palavras íntimas de todos, já que sempre se pertence a uma
família. Quando as palavras "madrasta" ou "padrasto" ou mesmo "enteado" precisavam ser usadas para designar um papel em um
grupo familiar, o fato sempre provocava um sentimento de pena. É que na época da família no singular isso só podia ter um
significado: a morte de um dos progenitores.
Mas essa ideia de família só sobreviveu intacta até os anos 60.

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Continua o rascunho
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QUESTÃO DISCURSIVA 05

Paixão. In: Gazeta do Povo, 13 jun. 2012.


Marines hasteiam a bandeira dos Estados Unidos, após batalha
contra os japoneses e ocupação da ilha de Iwo Jima/Japão, em
1945, durante a Segunda Guerra Mundial.

Observe a charge de Paixão publicada durante a realização no Rio de Janeiro da Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Considerando os elementos representados na charge e sua relação com a foto
ao lado, escreva um texto explicitando a opinião de Paixão sobre a Rio+20.
Seu texto deve:
• ter de 10 a 12 linhas;
• indicar não apenas o ponto de vista do autor, mas também os elementos gráficos em que se fundamenta sua
interpretação.

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2014
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QUESTÃO DISCURSIVA 01

(http://www.ojornalista.com/2010/12/a-internet-no-brasil-em-2010)

Tomando como ponto de partida o infográfico acima, escreva um texto informativo sobre o uso da internet no Brasil em
2010. Seu texto deve:
 Selecionar as informações que você achar relevantes (a escolha é sua);
 Reunir as informações selecionadas num todo coeso;
 Citar a fonte;
 Ter entre 10 e 12 linhas.

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QUESTÃO DISCURSIVA 02

(QUINO, Toda Mafalda.São Paulo: Martins Fontes, 2008, p. 384)

A partir do diálogo entre as personagens Mafalda e Liberdade, explicite a crítica e o efeito de humor da tirinha. Seu texto
deve ter entre 8 e 10 linhas.

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QUESTÃO DISCURSIVA 03

Leia um trecho da entrevista ao iG do cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho, que teve, em 2012, seu primeiro
longa-metragem, “O Som ao Redor”, incluído na lista dos dez melhores filmes do ano do jornal americano The New York
Times.
iG: Como fazer para que “O Som ao Redor” seja visto por um grande público no Brasil?
Mendonça Filho: É difícil. O mercado hoje tem mecanismos de convencimento, tudo é massificado. Faz semanas que só vejo “O
Hobbit” na minha frente: cartaz, jornal, Facebook, email, outdoor, televisão. É impressionante o que o dinheiro faz. No fim, as pessoas
naturalmente assistem a esses filmes. Elas veem “O Hobbit” sem saber direito o motivo. E aí você tem filmes bem menores e fica
pensando que seria bom se eles saíssem um pouco do cercadinho da cultura e fossem descobertos por outras pessoas, por pessoas
que talvez não o vissem, mas viram e gostaram. Esse é o meu desejo.
iG: O que acha do Vale-Cultura?
Mendonça Filho: Talvez seja positivo, mas me parece pular alguns estágios, porque não há investimento educacional no País. Acho
que investir na educação de base já geraria cidadãos naturalmente inclinados para a cultura.
(http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/cinema/2013-0303)
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Obedecendo às normas da escrita culta, exponha a opinião de Mendonça Filho sobre a relação entre o público consumidor
e o cinema, num texto em discurso indireto de até 8 linhas.

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QUESTÃO DISCURSIVA 04
Curto, logo existo
Com a evolução e o aumento de usuários e da importância das redes sociais, o nome e a fotografia de cada pessoa passaram
a funcionar como o substituto do sujeito. O “eu” real se esvaziou para dar lugar ao “perfil”. O filósofo francês René Descartes
estabeleceu um novo modelo de pensamento no século XVII, ao formular em latim a seguinte proposição: “Penso, logo existo”
(Cogito, ergo sum). Era uma forma de demonstrar que aquele que existe raciocina e, por conseguinte, põe em xeque o mundo que
o cerca. A dúvida científica substituía a certeza religiosa. Hoje, Descartes se reviraria no seu túmulo em Estocolmo, caso pudesse
observar o que se passa na cabeça dos seres humanos. “Curto, logo existo” (Amo, ergo sum) parece ser a nova atitude lógica
popularizada pelo Facebook. A dúvida científica cedeu espaço à presunção tecnológica.
Melhor ainda é a formulação da jornalista americana Nancy Jo Sales no livro Bling Ring – a gangue de Hollywood: a dúvida
sobre a existência do ego deu lugar, na cultura do ultraconsumismo e das celebridades, a um outro tipo de pergunta: “Se postei algo
no Facebook e ninguém curtiu, eu existo?”
A resposta é: provavelmente não. Eu existo se meus tuítes não são comentados nem retuitados? Claro que não. E se são
curtidos e retuitados, tampouco! Ninguém existe nas redes sociais senão como representações, que estão ali no lugar dos indivíduos.
Não há uma transparência ou uma continuidade natural entre o que somos de fato e o que queremos ser nas redes sociais. Isso
parece óbvio, mas não o é para muita gente. Agora as pessoas reais guardam uma alta concentração de nada nos cérebros, pois
preferem jogar tudo o que pensam e sentem via suas representações nas redes sociais. Elas se tornam ocas para rechear de signos
seus perfis. O verdadeiro eu migrou do mundo off-line para o online.
É óbvio que os signos na internet podem enganar, mentir e insidiosamente simular um alter ego digital. Os vigaristas e falsários
pululam alegremente com suas máscaras nas redes sociais. Quando alguém me “curte” ou “não curte”, está agindo com sinceridade
na mensagem ou quer agradar e parecer inteligente? Nesse sentido, se o eu do Facebook quiser se sentir mais vivo com o número
de pessoas que o curtiram, estará caindo em uma armadilha. Pois ele não é o que é nem quem curte é o que parece ser. Mesmo
quando a boa-fé existe, ela deixa de o ser porque nada se mantém estável no ambiente da “curtição” do Facebook. [...]
(Luís Antonio Guiron, Época, 01 ago. 2013)
Escreva um resumo do texto acima, com 10 linhas no máximo. Em seu texto, você deve:
 apresentar o ponto de vista do autor e os argumentos que ela utiliza para justificá-lo;
 escrever com suas próprias palavras, sem copiar enunciados do autor;
 mencionar no corpo do resumo o autor e a fonte do texto.

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QUESTÃO DISCURSIVA 05
Texto 1:
Sem Tempo para as Palavras
O tempo da comunicação por e-mails e mensagens de texto pode, em breve, ficar tão ultrapassado quanto o das cartas
manuscritas enviadas pelo correio tradicional ou o das conversas ao telefone. E o longo post de 140 caracteres no Twitter? Esqueça!
Estamos nos aproximando do dia em que tudo será dito com imagens, segundo o New York Times. “As fotos estão rapidamente se
convertendo em um tipo de diálogo inteiramente novo”, escreveu Nick Bilton no jornal. “A turma de vanguarda está descobrindo que
se comunicar com uma simples imagem, quer seja uma foto do que vai haver para o jantar ou uma imagem de uma placa de rua
indicando ao amigo ‘Ei, estou esperando por você aqui’, é mais fácil que se dar ao trabalho de usar as palavras.”
No passado, álbuns de fotos de família ocupavam espaço em estantes, repletos de imagens de casamentos, formaturas, férias
memoráveis e poses desajeitadas em volta da árvore de Natal. Agora, com o clicar de um botão, podemos postar uma foto online,
poupando-nos do trabalho de usar nossos dedos ou de digitar com os polegares num teclado pequeno. “Este é um momento divisor
de águas. Estamos nos afastando da fotografia como maneira de registrar ou armazenar um momento passado e convertendo-a
num meio de comunicação”, disse ao NYT Robin Kelsey, professor de fotografia da Universidade de Harvard. [...]
(Tom Brady, Observatório da Imprensa, 23/07/2013.)
Texto 2:
Procura da Poesia
[...]
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?
[...]
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia poética. 8a ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 1975. p. 175-177)
Confronte os textos 1 e 2 e dê sua opinião sobre a utilização da palavra escrita: que prognósticos podemos fazer quanto
ao seu uso na comunicação e na vida em geral?
Seu texto deve:
 Apresentar uma opinião clara sobre o assunto e argumentos para sustentá-la, pautados nos textos;
 Ter entre 10 e 12 linhas.

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2015
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QUESTÃO DISCURSIVA 01
Adoniran Barbosa é um ícone do samba paulista. Os temas de suas composições giravam em torno dos tipos humanos
mais comuns e da realidade crua de uma metrópole que não para. Em suas músicas, usou sempre a linguagem popular
paulistana para dar vida a suas personagens. “Saudosa Maloca” (1951) conta um fato, que é retratado a partir do ponto
de vista de uma das personagens.

Saudosa Maloca*
Se o senhor não tá lembrado, Doía no coração.
Dá licença de contá Mato Grosso quis gritá
Que aqui, onde agora está Mas em cima eu falei:
Esse edifício arto, “Os home tá cá razão
Era uma casa veia, Nóis arranja outro lugá.”
Um palacete assobradado. Só se conformemos
Foi aqui, seu moço, Quando o Joca falou:
Que eu, Mato Grosso e o Joca "Deus dá o frio conforme o cobertô."
Construímos nossa maloca. E hoje nóis pega a paia** nas grama do jardim
Mas um dia, E pra esquecê nóis cantemos assim:
Nóis nem pode se alembrá,
Veio os home c´as ferramentas Saudosa maloca, maloca querida,
O dono mandô derrubá. Que dim donde nóis passemos os dias feliz de nossa vida.
Peguemos todas nossas coisa
E fumos pro meio da rua Saudosa maloca, maloca querida,
Apreciá a demolição. Que dim donde nóis passemos os dias feliz de nossa vida.
Que tristeza que nóis sentia,
Cada tauba que caía

*Maloca: casa muito pobre e rústica; lar.


**Pegar uma palha ou puxar uma palha: dormir.

A partir da leitura dessa música, redija uma notícia de jornal que informe ao leitor os fatos narrados. Seu texto deve:
 ser introduzido por um título (manchete);
 apresentar a narrativa do ponto de vista do veículo de comunicação;
 ser fiel aos fatos apresentados na letra da música, podendo haver acréscimo de detalhes, inventados por você,
que atualizem a narrativa e permitam adequá-la ao gênero “notícia de jornal”;
 apresentar a linguagem e a estrutura próprias do gênero;
 ter de 7 a 10 linhas.

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4

QUESTÃO DISCURSIVA 02

Pacifismo ou é integral ou não é pacifismo

A Grande Guerra (1914-1918) tem diversos nomes, sobrenomes, alcunhas e pseudônimos. Um deles, o mais veraz – a
Guerra Inacabada – é também o mais atual: os três grandes conflitos bélicos que ocupam manchetes e “escaladas” no horário
nobre são herdeiros diretos de uma guerra contínua e de uma paz fugaz, periódica, raramente levada a sério. Na Ucrânia, Gaza
e Síria combate-se com armas ultramodernas em guerras com mais de um século de existência. O sangue que jorra é novo,
as pendências são velhas, encarquilhadas. A Rússia nasceu na Ucrânia, que na realidade só existiu como Estado soberano
num remoto passado.
Antes de 1914, parte da Ucrânia era do Império Austro-Húngaro, a outra, do Império Russo. De um lado um kaiser
pretensamente esclarecido, do outro um czar absolutista e implacável. No meio, um vácuo político incapaz de absorver etnias
e povos diametralmente opostos. Parte do vácuo foi entregue à recém-criada Polônia.
Os cem anos do início da Grande Guerra começaram a ser lembrados desde 28 de junho deste ano, mesmo dia em
que, há cem anos, um jovem terrorista assassinou em Sarajevo o casal de arquiduques, herdeiros do Império Austro-Húngaro.
Em 1º de agosto de 1914 começaram as hostilidades, quando a Alemanha invadiu a neutra Bélgica. Cerca de 65 milhões de
homens em armas durante mais de quatro anos. Cerca de 20 milhões ficaram nos campos de batalha.
Os tempos são outros, os mapas mudaram, as ideologias reescreveram relatos e biografias. A convergência da nostalgia
com o entretenimento dissolveu os horrores. O que falta ao salutar boom sobre a Grande Guerra é ressaltar o papel dos
diferentes movimentos pacifistas. Em 1911, o Nobel da Paz foi entregue a Alfred Hermann Fried, fundador do primeiro periódico
pacifista, “A Observação da Paz”. O Nobel da Paz de 1933 foi concedido ao jornalista inglês Norman Angell, que ainda antes
do primeiro tiro da Grande Guerra empenhava-se em convencer a humanidade da eficácia da paz como um meio racional de
resolver contenciosos entre nações. O escritor Romain Rolland, Nobel de Literatura em 1915, continuou escrevendo seus
panfletos antiguerreiros numa França delirante e patrioteira, até que foi obrigado a recolher-se na Suíça. O que diferenciava
esses pacifistas da maioria dos militantes contemporâneos era a integralidade das suas convicções. Eram contra a beligerância,
contra todos os beligerantes, inclusive seus concidadãos.
O pacifismo meia-bomba onde os adversários são demonizados e os correligionários exaltados apenas camufla velhas
intolerâncias, pinta de branco rubros rancores. Exclui em vez de incluir e agregar. Nesta era da informação (ou da
desinformação, dá no mesmo), o pacifismo tem chance de tornar-se efetivo. Na base do 50%, é inútil.

Adaptado de Alberto Dines, 22 jul.2014. www.observatoriodaimprensa.com.br

Escreva um resumo do texto acima, com 10 linhas no máximo. Em seu texto, você deve:

 apresentar a tese do autor e fatos que ele utiliza para justificá-la;


 escrever com suas próprias palavras, sem copiar trechos do texto;
 mencionar o autor no corpo do resumo.

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QUESTÃO DISCURSIVA 03

Leia o trecho de Jr. Bellé (Revista Cultura, 02 jun.2014) e escreva um parágrafo que dê continuidade à ideia explorada
pelo autor, mantendo as características do gênero. O parágrafo deve ter no mínimo 5 e no máximo 7 linhas.
Você já se perguntou o que é brasilidade? Inúmeros cientistas sociais, historiadores, escritores e pensadores dedicaram-
se a escavar esse termo, desmembrá-lo a fim de mapear e entender o que nos constitui como brasileiros. Nascer em solo
nacional é a resposta mais óbvia, mas também a mais rasa. Afinal, todo território é volátil. O Acre nem sempre foi brasileiro, o
Uruguai já foi nossa Província Cisplatina, o Mato Grosso do Sul ganhou uns tantos hectares com a vitória da Tríplice Aliança
na Guerra do Paraguai. Além do mais, alguma vez passou por suas ideias o porquê de a América Portuguesa, ou seja, nós,
não termos nos dividido, nos recortado em pequenas nações, como aconteceu com a porção espanhola? Há motivações para
além do processo civilizatório e da falta de unidade administrativa por parte dos Hermanos.
Para construir a identidade de um povo, __________________________________________________________________

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QUESTÃO DISCURSIVA 04
04 - A placa ao lado reflete a existência de uma prática atual muito comum.
Escreva um texto argumentativo, de até 10 linhas, pondo em confronto as
informações contidas na placa e a referida prática vigente.
O seu texto deve:
 explicitar que prática é essa;
 assumir uma posição em relação a ela;
 apresentar argumentos que sustentem o seu posicionamento, seja ele
qual for.

www.mensagens10.com.br/mensagem/3424.
Acesso em 30 maio 2014.

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QUESTÃO DISCURSIVA 05
Observe, com atenção, o mapa.

Adaptado de: http://ongcea.eco.br/wp-content/uploads/2014/09/. Acesso em 02 nov.2014.

O relatório da FAO (Fundo das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura-ONU), divulgado em 16/09/2014,
mostra a distribuição da fome no mundo. O mapa acima mostra a distribuição geográfica de áreas com diferentes
graus de concentração de pessoas que passam fome. Segundo a organização, no período de 1990-1992, 14,8% dos
brasileiros passavam fome. Para o período de 2012-2014, o índice brasileiro caiu para 1,7%.
Escreva um texto informativo/opinativo, de 10 a 12 linhas, a respeito da fome no mundo, destacando a
presença/ausência do problema nos diferentes continentes. Seu texto deve:
 apresentar um panorama geral do problema no mundo;
 levantar hipóteses que expliquem essa distribuição;
 comentar a situação do Brasil no presente quadro.

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2016
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QUESTÃO DISCURSIVA 01
Considere a seguinte charge:

(Gazeta do Povo, 08 jul. 2015.)

Segundo a mitologia grega, Narciso era um belo rapaz, filho do deus do rio Céfiso e da ninfa Liríope. Quando nasceu, o
adivinho Tirésias profetizou que ele teria uma vida longa se não visse a própria face. Depois de adulto, após uma caçada, ele se
debruçou numa fonte para beber água. Nessa posição, viu seu rosto refletido na água e se apaixonou pela própria imagem. Ali ficou,
imóvel na contemplação de seu rosto refletido, e assim morreu.
(Fonte: KURY, Mário da Gama. Dicionário de Mitologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1990.)

A charge de Benett apropria-se do mito de Narciso para questionar um comportamento atual. Em um texto de 8 a 10 linhas:
 explicite qual é o comportamento criticado na charge e a relação que o autor estabelece entre essa tendência atual e o
mito grego;
 posicione-se em relação à crítica de Benett e justifique o ponto de vista defendido por você.

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QUESTÃO DISCURSIVA 02
Considere o texto abaixo:
Complexo de vira-lata dos brasileiros
Adam Smith (estudante de Oxford)
Pouco depois de chegar a São Paulo, fui a uma loja na Vila Madalena comprar um violão. O atendente, notando meu sotaque,
perguntou de onde eu era. Quando respondi “de Londres”, veio um grande sorriso de aprovação. Devolvi a pergunta e ele respondeu:
“sou deste país sofrido aqui”.
Fiquei surpreso. Eu – como vários gringos que conheço que ficaram um tempo no Brasil – adoro o país pela cultura e pelo
povo, apesar dos problemas. E que país não tem problemas? O Brasil tem uma reputação invejável no exterior, mas os brasileiros,
às vezes, parecem ser cegos para tudo exceto o lado negativo. Frustração e ódio da própria cultura foram coisas que senti bastante
e me surpreenderam durante meus 6 meses no Brasil. Sei que há problemas, mas será que não há também exagero (no sentido
apartidário da discussão)?
Tem uma expressão brasileira, frequentemente mencionada, que parece resumir essa questão: complexo de vira-lata. A frase
tem origem na derrota desastrosa do Brasil nas mãos da seleção uruguaia no Maracanã, na final da Copa de 1950. Foi usada por
Nelson Rodrigues para descrever “a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo”. E,
por todo lado, percebi o que gradualmente comecei a enxergar como o aspecto mais “sofrido” deste país: a combinação do abandono
de tudo brasileiro, e veneração, principalmente, de tudo americano. É um processo que parece estrangular a identidade brasileira.
Sei que é complicado generalizar e que minha estada no Brasil não me torna um especialista, mas isso pode ser visto nos
shoppings, clones dos “malls” dos Estados Unidos, com aquele microclima de consumismo frígido e lojas com nomes em inglês e
onde mesmo liquidação vira “sale”. Pode ser sentido na comida. Neste “país tropical” tão fértil e com tantos produtos maravilhosos,
é mais fácil achar hot dog e hambúrguer do que tapioca nas ruas. Pode ser ouvido na música americana que toca nos carros, lojas
e bares no berço do Samba e da Bossa Nova.
Pode ser visto também no estilo das pessoas na rua. Para mim, uma das coisas mais lindas do Brasil é a mistura das raças.
Mas, em Sampa, vi brasileiras com cabelo loiro descolorido por toda a parte. Para mim (aliás, tenho orgulho de ser mulato e afro-
britânico), dá pena ver o esforço das brasileiras em criar uma aparência caucasiana.
O Brasil está passando por um período difícil e, para muitos brasileiros com quem falei sobre os problemas, a solução ideal
seria ir embora, abandonar este país para viver um idealizado sonho americano. Acho esta solução deprimente. Não tenho remédio
para os problemas do Brasil, obviamente, mas não consigo me desfazer da impressão de que, talvez, se os brasileiros tivessem um
pouco mais orgulho da própria identidade, este país ficaria ainda mais incrível. Se há insatisfação, não faz mais sentido tentar
melhorar o sistema?
(Disponível em <http://www.pragmatismopolitico.com.br>. 14 mai. 2015. Adaptado.)

Tendo como ponto de partida as impressões do estudante inglês Adam Smith sobre o Brasil, formule uma resposta para a
seguinte questão:
Existe uma solução para o complexo de vira-lata dos brasileiros?
Seu texto deve:
 fazer referência ao texto, retomando seus argumentos;
 apresentar, com clareza e autonomia, uma resposta à pergunta acima, justificando-a;
 ter de 6 a 8 linhas.

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QUESTÃO DISCURSIVA 03
O infográfico a seguir faz uma comparação entre o espaço que três meios de transporte ocupam nas ruas para transportar
30 pessoas, para convencer as pessoas a reduzir o uso do automóvel.

(Disponível em <http://planetasustentavel.abril.com.br/download/stand3-painel8-ocupacao-espaco.pdf>. Acessado em 19 set. 2015.


Adaptado.)

Escreva um texto informativo fazendo uma comparação entre os três meios de transporte contemplados na imagem.
Seu texto deve:
 apresentar fatores positivos e negativos associados a cada um dos meios de transporte;
 usar informações do infográfico, apresentando-as com suas próprias palavras, sem copiar trechos do texto;
 ter de 10 a 12 linhas.

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6

QUESTÃO DISCURSIVA 04
Leia abaixo um trecho da entrevista do físico Marcelo Gleiser ao jornal Zero Hora.

Zero Hora — O senhor veio a Porto Alegre para falar sobre “ética na ciência”. Curiosamente, uma recente coluna sua sobre
o tema está repleta de pontos de interrogação. O texto é uma sucessão de perguntas difíceis. O senhor já chegou a alguma
resposta?
Gleiser — Nessa coluna, comecei tratando do romance Frankenstein, um dos símbolos mais poderosos sobre a questão da ética
na ciência. Esse romance, de força mítica profunda, diz que existem certas questões científicas que estão além do que os humanos
podem controlar. Mesmo que tecnologicamente possamos fazer algo — caso do doutor Victor Frankenstein, ao ressuscitar um
cadáver usando eletricidade — não significa que moralmente estejamos prontos para fazê-lo. Você me pergunta se eu tenho
respostas. O que a gente está tentando é começar a fazer as perguntas certas. Porque só quando se faz as perguntas certas é
possível começar a encontrar algumas respostas.
ZH — E estamos prontos para chegar a essas respostas?
Gleiser — A questão em que você está interessado é se temos maturidade moral para decidir. E a resposta é simplesmente a
seguinte: não. Não temos maturidade moral para certas questões. Mas isso não significa que a gente não deva fazer a pesquisa.
Existe a ideia da Caixa de Pandora, onde estão guardados todos os males do mundo, e se você abre a Caixa de Pandora tudo
escapa. As pessoas veem a ciência como um tipo de Caixa de Pandora: “Ah, esses cientistas ficam fuxicando, descobrem problemas
sérios e depois a sociedade fica à mercê de avanços sobre os quais não temos controle”. Na verdade, não é nada disso. A ciência
tem de ter total liberdade de pesquisa, contanto que certas questões sejam controladas ou pelo menos monitoradas por corpos
especiais. Por exemplo, a questão da clonagem humana. Para mim, essa é uma das áreas que deveriam ser controladas com muito
cuidado.
ZH — Quem deveria decidir as regras sobre o que se pode fazer?
Gleiser — Essa é a grande questão. Quem decide o que pode e o que não pode? Quem tem o direito de decidir por todas as
pessoas? Acho que deveria haver uma aliança entre o Judiciário e um corpo de cientistas escolhido por órgãos do governo para
estabelecer regras. Mas, infelizmente, qualquer tecnologia que possa ser desenvolvida mais cedo ou mais tarde vai ser desenvolvida.
(Zero Hora.13 out 2013.)

Exponha as principais ideias de Marcelo Gleiser num texto de 8 a 10 linhas, totalmente em discurso indireto.

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7

QUESTÃO DISCURSIVA 05
Considere o seguinte texto:
Um inadiável acerto de contas com a Mãe Terra
A encíclica do Papa Francisco sobre “O cuidado da Casa Comum” (Laudato Si) está sendo vista como a encíclica “verde”,
semelhantemente como quando dizemos economia “verde”. Eis aqui um grande equívoco. Ela não quer ser apenas “verde”, mas
também propor a ecologia “integral”.
Na verdade, o Papa deu um salto teórico da maior relevância ao ir além do ambientalismo verde e pensar a ecologia numa
perspectiva holística, que inclui o ambiental, o social, o político, o educacional, o cotidiano e o espiritual. Ele se coloca no coração
do novo paradigma, segundo o qual cada ser possui valor intrínseco, mas está sempre em relação com tudo, formando uma imensa
rede, como aliás o diz exemplarmente a Carta da Terra.
Em outras palavras, trata-se de superar o paradigma da modernidade. Este coloca o ser humano fora da natureza e acima
dela, como “seu mestre e dono” (Descartes), imaginando que ela não possui nenhum outro sentido senão quando posta a serviço
do ser humano, que pode explorá-la a seu bel-prazer. Esse paradigma subjaz à tecnociência, que tantos benefícios nos trouxe, mas
que simultaneamente gestou a atual crise ecológica, pela sistemática pilhagem de seus bens naturais.
E o fez com tal voracidade que ultrapassou os principais limites intransponíveis (a sobrecarga da Terra). Uma vez transpostos,
colocam em risco as bases físico-químico-energéticas que sustentam a vida (clima, água, solos e biodiversidade, entre outros). É
hora de se fazer um ajuste de contas com a Mãe Terra: ou redefinimos uma nova relação mais cooperativa para com ela, e assim
garantimos a nossa sobrevivência, ou conheceremos um colapso planetário.
O Papa inteligentemente se deu conta dessa possibilidade. Daí que sua encíclica se dirige a toda a humanidade e não apenas
aos cristãos. Tem como propósito fundamental cobrar um novo estilo de vida e uma verdadeira “conversão ecológica”. Esta implica
um novo modo de produção e de consumo, respeitando os ritmos e os limites da natureza também em consideração das futuras
gerações às quais igualmente pertence a Terra. Isso está implícito no novo paradigma ecológico.
Como temos a ver com um problema global que afeta indistintamente a todos, todos são convocados a dar a sua contribuição:
cada país, cada instituição, cada saber, cada pessoa e, no caso, cada religião.
Assevera claramente que “devemos buscar no nosso rico patrimônio espiritual as motivações que alimentam a paixão pelo
cuidado da criação” (Carta do Papa Francisco de 6/08/2015). Observe-se a expressão “paixão pelo cuidado da criação”. Não se trata
de uma reflexão ou algum empenho meramente racional, mas de algo mais radical, “uma paixão”. Invoca-se aqui a razão sensível
e emocional. É ela e não simplesmente a razão que nos fará tomar decisões, nos impulsionará a agir com paixão e de modo inovador,
consoante a urgência da atual crise ecológica mundial.
O Papa tem consciência de que o cristianismo (e a Igreja) não está isento de culpa por termos chegado a esta situação
dramática. Durante séculos pregou-se um Deus sem o mundo, o que propiciou o surgimento de um mundo sem Deus. Não entrava
em nenhuma catequese o mandato divino, claramente assinalado no segundo capítulo do Genesis, de “cultivar e cuidar o jardim do
Éden”. Pelo contrário, o conhecido historiador norte-americano Lynn White Jr., ainda em 1967, acusou o judeu-cristianismo, com
sua doutrina do domínio do ser humano sobre a criação, como o fator principal da crise ecológica. Exagerou, como a crítica tem
mostrado. Mas, de todo modo, suscitou a questão do estreito vínculo entre a interpretação comum sobre o senhorio do ser humano
sobre todas as coisas e a devastação da Terra, o que reforçou o projeto de dominação dos modernos sobre a natureza.
O Papa opera em sua encíclica uma vigorosa crítica ao antropocentrismo dessa interpretação. Entretanto, na carta de
instauração do dia de oração, com humildade suplica a Deus “misericórdia pelos pecados cometidos contra o mundo em que
vivemos”. Volta a referir-se a São Francisco, com seu amor cósmico e respeito pela criação, o verdadeiro antecipador daquilo que
devemos viver nos dias atuais.
(BOFF, Leonardo. Em <http://www.jb.com.br/leonardo-boff/noticias/2015/09/06/um-inadiavel-acerto-de-contas-com-a-mae-terra/>. Acesso em 14 set
2015. Adaptado.)

● Elabore um resumo desse texto, de 09 a 12 linhas, respeitando as características do gênero textual.


● Apresente a tese do autor e os argumentos que ele utiliza para justificá-la.
● Escreva com suas próprias palavras, sem copiar trechos do texto.

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2017
3

QUESTÃO DISCURSIVA 01
Considere o seguinte texto:

Uma janela para o mundo


Escrever é um ato não natural. Como observou Charles Darwin, “o homem tem uma tendência instintiva para falar, basta ver
o balbucio de nossas crianças pequenas, ao passo que criança alguma tem tendência instintiva para cozinhar, preparar infusões ou
escrever”. A palavra falada é mais velha do que nossa espécie, e o instinto para a linguagem permite que as crianças engatem em
conversas articuladas anos antes de entrar numa escola. Mas a palavra escrita é uma invenção recente que não deixou marcas em
nosso genoma e precisa ser adquirida mediante esforço ao longo da infância e depois.
A fala e a escrita diferem em seus mecanismos, é claro, e essa é uma das razões pelas quais as crianças precisam lutar com
a escrita: reproduzir os sons da língua com um lápis ou com o teclado requer prática. Mas a fala e a escrita diferem também de outra
maneira, o que faz da aquisição da escrita um desafio para toda uma vida, mesmo depois que seu funcionamento foi dominado.
Falar e escrever envolvem tipos diferentes de relacionamentos humanos, e somente o que diz respeito à fala nos chega
naturalmente. A conversação falada é instintiva porque a interação social é instintiva: falamos às pessoas “com quem temos diálogo”.
Quando começamos um diálogo com nossos interlocutores, temos uma suposição de que já sabem e do que poderiam estar
interessados em aprender, e durante a conversa monitoramos seus olhares, expressões faciais e atitudes. Se eles precisam de
esclarecimentos, ou não conseguem aceitar uma afirmação, ou têm algo a acrescentar, podem interromper ou replicar.
Não gozamos dessa troca de feedbacks quando lançamos ao vento um texto. Os destinatários são invisíveis e
imperscrutáveis, e temos que chegar até eles sem conhecê-los bem ou sem ver suas reações. No momento em que escrevemos, o
leitor existe somente em nossa imaginação. Escrever é, antes de tudo, um ato de faz de conta. Temos que nos imaginar em algum
tipo de conversa, ou correspondência, ou discurso, ou solilóquio, e colocar palavras na boca do pequeno avatar que nos representa
nesse mundo simulado. [...]
(Pinker, Steven. Guia de escrita: como conceber um texto com clareza, precisão e elegância. São Paulo: Contexto, 2016, p. 41-2.)

 Elabore um resumo desse texto, entre 10 e 15 linhas, respeitando as características do gênero textual.
 Apresente as bases da comparação que o autor faz.
 Escreva com suas próprias palavras, sem copiar trechos do texto.

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4

QUESTÃO DISCURSIVA 02
Considere o seguinte texto:
Esquerda, Direita ou Centro?
Vivemos, no Brasil de hoje, um momento curioso em que todos, de repente, resolveram politizar-se. Até pouco tempo atrás,
vigorava um senso comum de que não valeria a pena discutir a respeito de política, porque, afinal de contas, políticos são todos
corruptos. Opinião política era considerada uma coisa tão pessoal, que não era de bom tom perguntar a respeito disso a ninguém,
assim como não se perguntaria quanto uma pessoa ganha ou qual seria a sua fé (ou ao menos assim ditavam os bons costumes).
Agora, em especial no que concerne à política, já não me parece que as coisas são assim. Um maior acesso à informação, aliado à
abertura de um novo canal de diálogo nas redes sociais, tem feito com que as pessoas passem mais frequentemente a dar voz às
suas opiniões, entrando, por isso mesmo, muitas vezes em confronto com conhecidos e familiares. Nisso, há um agravante:
justamente por não termos prática de debater a respeito de política, há uma enorme confusão de conceitos dentro do que hoje
constitui o diálogo político médio no Brasil, o que em nada ajuda a mitigar a situação de confronto.
É notório que tenha havido, recentemente, um crescimento no número de pessoas que se identificam como de direita
(sabendo bem o que é isso ou não). Esse crescimento tem ocorrido não sem um enorme esforço de desinformar essas mesmas
pessoas a respeito do que é ser de esquerda e, por extensão, também a respeito do que é ser de direita. Reitero o caráter pessoal
deste texto por um motivo simples: não há uma única acepção possível do que é ser de esquerda ou ser de direita. Isso ocorre
evidentemente porque existe um espectro de possibilidades entre o máximo da esquerda e o máximo da direita.
Dentro de uma sociedade humana organizada, a vida política envolve questões atuantes em dois eixos, o econômico e o
social, que caracterizam, mediante leis (da parte do governo) e costumes (da parte da sociedade), a existência humana em comum.
Cada um desses eixos abrange uma pluralidade de questões, as quais, por vezes, têm participação em ambos os eixos
simultaneamente.
Há, basicamente, dois tipos de indivíduo no centro: os que têm de fato uma postura comedida e apregoam um posicionamento
moderado em todas as questões; e aqueles que simplesmente têm um posicionamento misto, sem fortes inclinações nem para um
lado nem para o outro. Alguns talvez não tenham interesse em política; outros podem estar indiferentes com a situação atual, sem
grandes intenções de mudá-la nem de perpetuá-la; outros ainda podem apenas ser cautelosos e acreditar que é preciso moderação
para abordar questões complexas e polêmicas. A partir da definição do que é ser de centro, podemos tentar identificar o que poderia
significar ser de esquerda e ser de direita, ao menos em uma definição inicial, por mais insuficiente que ela possa ser para um
diálogo mais aprofundado.
Não é difícil ver que essas posições extremas são perigosíssimas. Entretanto, certamente há ocasiões em que ambas têm
seu valor: em uma situação de extrema injustiça e ausência de qualquer outra solução, é compreensível que pessoas adotem uma
posição revolucionária, da mesma forma como é compreensível que, em uma situação de extremo contentamento geral, pessoas
estejam prontas para impedir, até por meios violentos, que se estrague o bom funcionamento da sociedade. O grande perigo reside
no erro de diagnose, tanto de se fazer a revolução quando ela não é necessária como de se defender a manutenção de uma situação
injusta.
Mais do que isso: há enorme perigo em não perceber que essas posições extremas não são o único caminho para se orientar
a sociedade mais para a esquerda ou mais para a direita, isto é, operando mudanças sociais a fim de buscar melhorias para a
qualidade de vida da maioria (movimento à esquerda) ou focando em coibir mudanças sociais a fim de preservar o funcionamento
atual da sociedade (movimento à direita). Há que se notar ainda que os dois movimentos podem ser feitos ao mesmo tempo, para
áreas diferentes de nossa sociedade, preservando as leis e tradições que são frutuosas, mas dando espaço para mudanças nos
pontos em que elas são necessárias.
Quando digo vida política, claro, não me refiro apenas à política como o exercício de cargos governamentais; refiro-me à vida
do ser humano como organismo político, isto é, um organismo partícipe de uma πόλις (pólis), ou seja, um πολίτης (polítēs), um
membro de uma sociedade humana organizada.
Por democracia próspera e saudável, defino uma sociedade não perfeita, mas em que há o bastante para todos de forma
mais ou menos semelhante, a ponto de não haver necessidade para uma revolução, mas, ao mesmo tempo, a ponto de ainda haver
(como talvez sempre haja) questões sociais e/ou econômicas a serem resolvidas. Antes de estar pensando em um exemplo real,
penso aqui em um ideal do qual as diferentes sociedades humanas se aproximam mais ou menos.
(Adaptado de Leonardo Antunes. Disponível em: <http://www.jornalja.com.br/esquerda-direita-ou-centro/>. Acesso em 06/07/2016.)

Segundo o autor, o maior acesso à informação modificou a participação das pessoas no debate a respeito de política.
Escreva um texto explicitando como o autor caracteriza o cenário atual no tocante a essa participação e, com base na
distinção que ele faz entre os diferentes posicionamentos políticos, defina em qual deles você se enquadra.
O seu texto deve:
 ter de 10 a 12 linhas;
 definir sua posição atendo-se aos elementos apresentados no texto-base;
 justificar a posição assumida por você.

IMPORTANTE: Você será avaliado pela consistência dos argumentos escolhidos e pela clareza e organização de seu texto, NÃO
pela posição que tomar.

Utilize a folha seguinte para o rascunho


5

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Limite mínimo

QUESTÃO DISCURSIVA 03

Considere o texto ao lado, em que Neil Degrasse


Tyson aborda a relação entre equilíbrio social e
desenvolvimento científico e tecnológico:

Escreva um texto em que você explicite e


desenvolva a linha de raciocínio do autor.
Seu texto deve:
 ter no mínimo 6 e no máximo 8 linhas;
 ser desenvolvido em dois parágrafos;
 citar, de forma contextualizada, pelo menos
um dos cientistas apresentados no quadro.

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6

QUESTÃO DISCURSIVA 04
Considere o texto abaixo:
A ascensão política de Donald Trump nos EUA, a decisão britânica de deixar a União Europeia e a definição contrária ao acordo
de paz na Colômbia têm sido elencados como exemplos de uma crise da democracia global e dos sistemas de representação
política. [...]
Para o filósofo norte-americano Jason Brennan, os três casos são símbolo de problemas na tomada de decisões políticas.
Esses impasses favorecem a participação das pessoas em detrimento do conhecimento que elas têm sobre a realidade em questão
– o que leva, segundo ele, a escolhas irracionais.
Este é o caso específico do “brexit”, na visão de Brennan, em que as pessoas tomaram “uma decisão estúpida” porque não
tinham informações sobre a realidade britânica. E é o modelo que aproximou Trump da Presidência dos EUA, apesar de fazer
campanha com pouco apego a fatos reais e a mentir em 71% das suas declarações, segundo o site PolitiFact, que checa discursos
políticos. [...]
Em entrevista à Folha, por telefone, Brennan falou sobre suas críticas aos sistemas democráticos, reunidas no recente livro
“Against Democracy” (contra a democracia), em que sugere a implementação de um sistema político diferente: a epistocracia. Ele
defende que apenas uma elite com conhecimento aprofundado sobre temas de relevância nacional possa tomar decisões.
Criticado por sua visão de mundo “elitista”, ele diz que a democracia ainda é o melhor sistema de governo, mas que isso não
significa que não precise evoluir.

Epistocracia (ou epistemocracia, como também aparece citado em trabalhos acadêmicos no Brasil), é um conceito de sistema
político baseado na ideia de epistem. O termo foi usado por Platão na filosofia grega, no século 4º a.C., para se referir ao
“conhecimento verdadeiro”, em oposição à opinião infundada, sem reflexão.
Por esse sistema, o poder político não deveria ser distribuído igualmente a todos os cidadãos, em contraposição à democracia,
mas sim estas nas mãos das pessoas sábias.
(Fonte: <http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2016/11/1829957>)

Escreva um texto argumentativo posicionando-se em relação à proposta apresentada por Jason Brennan.

O seu texto deve:


 ter de 10 a 12 linhas;
 explicitar em linhas gerais as ideias de Jason Brennan;
 assumir uma posição contra ou a favor dela, contrapondo argumentos se for contra, ou reforçando os já apresentados
se for a favor.

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Limite mínimo
7

QUESTÃO DISCURSIVA 05
O gráfico a seguir apresenta os resultados da 4ª edição da pesquisa nacional Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo
Ibope e encomendada pelo Instituto Pró-Livro. O país possui, atualmente, 104,7 milhões de leitores (56% da população), o
que representa um crescimento de 6 pontos percentuais em relação à última apuração, feita em 2011. Foram ouvidas, ao
todo, 5.012 pessoas em todas as regiões do Brasil, com uma população de 5 anos ou mais.

Fonte: <http://entretenimento.ne10.uol.com.br/literatura/noticia/2016/05/18/615476.php>.

Escreva um texto, com no mínimo 10 e no máximo 12 linhas, em que você apresente a um leitor as informações do
enunciado e do infográfico, explicitando as correlações possíveis entre os dados.

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Limite mínimo
2018
3/6

QUESTÃO DISCURSIVA 01
Leia o excerto e a tirinha que seguem.
[...] agora habitamos, de modo sem precedentes, dois mundos diferentes – o ‘on-line’ e o off-line’ –, ainda que sejamos capazes de
passar de um para outro de forma tão suave, a ponto de isso ser, na maioria dos casos, imperceptível, de vez que não há nem
fronteiras demarcadas ou controles de imigração entre elas, nem agentes de segurança para verificar nossa inocência ou
funcionários da imigração checando nossos vistos e passaportes. Com muita frequência conseguimos estar nos dois mundos ao
mesmo tempo [...]. Pode-se fazer uma longa lista de diferenças entre os dois mundos, mas uma delas parece ter mais peso sobre
nossas reações aos desafios da ‘crise migratória’. Dentro do mundo off-line eu estou sob controle – espera-se que me submeta ao
controle de circunstâncias contingentes, voláteis, e muitas vezes sou forçado a isso – para que obedeça, me ajuste, negocie meu
lugar, meu papel, assim como o equilíbrio de direitos e deveres – tudo isso vigiado e imposto pela sanção, explícita ou suposta, da
exclusão e da expulsão. Enquanto no mundo on-line, pelo contrário, eu sou responsável e estou no controle. On-line, sinto que sou
o administrador das circunstâncias, aquele que estabelece a agenda, recompensa a obediência e pune a indisciplina, que detém a
arma do banimento e da exclusão. Eu pertenço ao mundo off-line, enquanto o mundo on-line pertence a mim.
(In: BAUMAN, Zygmunt. Estranhos à nossa porta. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 101/102.)

(Disponível: <http://assuperlistas.com/2017/02/21/os-melhores-cartunistas-do-brasil>. Acessado em 04/09/2017.)

Escreva um texto argumentativo no qual você concorde ou discorde da afirmação contida na última frase do excerto, síntese
do pensamento do autor, em face da tirinha de Dahmer.
Seu texto deve:
 ter de 12 a 15 linhas;
 apresentar seu posicionamento relativamente ao tema da afirmação;
 conter as justificativas de seu posicionamento.

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Limite mínimo
4/6

QUESTÃO DISCURSIVA 02
Leia as duas notícias abaixo.
63% das vítimas da violência em Fortaleza são jovens
Cartografia da Criminalidade e Violência mapeou todos os bairros da Capital entre os anos de 2007 e 2009
Mais de 2.300 homicídios, cerca de 74.800 roubos, além de 16.900 casos de lesão corporal em apenas três anos na Capital.
Os números parecem de uma cidade que vive em permanente guerra, mas são dados da realidade da violência na Capital cearense,
apresentados ontem pela Fundação da Universidade Estadual do Ceará (FUNECE).
Um dado chamou mais a atenção dos pesquisadores: 63% das vítimas de homicídio são jovens, todos entre 15 e 29 anos.
Para a pesquisadora Rosemary de Oliveira, do Mestrado em Políticas Públicas e Sociedade, o perfil dos mais vulneráveis ainda tem
sido o mesmo: são jovens, solteiros, em idade produtiva, negros e com baixa renda e escolaridade.
Em 2014, com 3.533.255 habitantes, Fortaleza continua com uma taxa alta de homicídios: 81,12 homicídios a cada 100 mil
habitantes. Nesse mesmo ano, cidades como Coreaú, com 58.138 habitantes, apresenta taxa de 10,32; e Sobral, com 400.799
habitantes, tem taxa de 41,17 homicídios a cada 100 mil habitantes.
(Fontes: <http://www.uece.br/labvida/index.php/noticias/14-lista-de-noticias/137-63-das-vitimas-da-violencia-em-fortaleza-sao-jovens>. Acessado em 23/06/2017.
<http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/nota_tecnica/160322_nt_17_atlas_da_violencia_2016_finalizado.pdf>. Acessado em 10/11/2017>. Adaptado)

77 das 100 melhores escolas do País estão no Ceará, mostra Ideb


As 24 melhores escolas dos anos iniciais do ensino fundamental estão todas no Ceará. As escolas municipais São Joaquim, em
Coreaú, e Emílio Sendim, em Sobral, lideram o ranking, com nota 9,8.

Fonte: <http://www20.opovo.com.br/app/opovo/cotidiano/2016/09/09/noticiasjornalcotidiano,3657675/77-das-100-melhores-escolas-do-pais-estao-no-ceara-mostra-ideb
.shtml>. Acessado em 23/06/2017.)
5/6

As duas notícias evidenciam um contraste social entre a capital e algumas das cidades do estado do Ceará. Elabore um
texto que exponha as duas situações, selecionando dados de cada uma delas.

Seu texto deve:


 ter de 12 a 15 linhas.
 Citar de forma contextualizada pelo menos dois dados selecionados de cada texto.

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Limite mínimo

QUESTÃO DISCURSIVA 03
Leia o texto abaixo.
Em final de 2014, uma aluna de pós-doutorado da Universidade de Yale-EUA, a astrônoma americana Tabetha Boyajian,
identificou flutuações inexplicáveis no brilho de uma estrela monitorada pelo telescópio espacial caça-planetas Kepler, da Nasa. As
flutuações em nada lembravam o que se vê quando um planeta passa entre a estrela e o telescópio.
Das mais de 150 mil estrelas observadas pelo Kepler, apenas uma – a estrela de Boyajian (EdB) – exibia uma curva de luz que
desafia a lógica. O gráfico do brilho da estrela ao longo do tempo é chamado de curva de luz. O que acontece é que a curva da EdB
mostrava depressões similares a trânsitos aparentemente aleatórios, sendo que algumas duravam horas e outras persistiam por
dias ou semanas.
A EdB ainda guardaria mais surpresas. Outro astrônomo americano, Bradley Schaefer, afirmou que o brilho do astro tinha
diminuído em mais de 15% no último século. A afirmação gerou polêmica, porque uma queda no brilho durante várias décadas
parece quase impossível. O brilho das estrelas segue quase constante por bilhões de anos depois de seu nascimento e só sofre
mudanças rápidas pouco antes de a estrela morrer. E as mudanças “rápidas” ocorrem numa escala temporal de milhões (ou bilhões)
de anos, sendo acompanhadas de marcadores claros que não se veem na EdB. Segundo várias outras medidas, a estrela está na
meia-idade. Não há evidências de que seja uma estrela variável, que pulsa num ritmo regular.
Precisamos explicar então dois fenômenos incompreensíveis relacionados à EdB: depressões profundas e irregulares com
duração de dias ou semanas e um escurecimento ao longo de pelo menos quatro anos (e possivelmente por todo o século passado).
Embora os astrônomos prefiram uma única explicação para os dois fenômenos, se cada um é difícil de explicar, imagine como é
difícil explicar os dois juntos. Alguns cenários propostos:
Disco de gás e poeira
As depressões irregulares e a redução de brilho da EdB por longos períodos são observadas em outras situações – em estrelas
muito jovens, com planetas ainda em formação. Elas são rodeadas por discos de ar e poeira aquecidos pela luz da estrela que, no
processo de formarem planetas, geram caroços, anéis e arcos. Nos discos observados de lado, esses aspectos podem reduzir a luz
da estrela por curtos períodos, e discos ondulantes podem bloquear quantidades crescentes do brilho da estrela por décadas e
séculos. Mas a estrela é de meia-idade, não jovem, e não parece conter nenhum disco.
Buracos negros
Alguns membros do projeto em Yale sugerem que um buraco negro poderia estar envolvido. Ou seja, um buraco negro de uma
massa estelar numa órbita próxima em torno da EdB poderia bloquear a luz da estrela. Mas essa hipótese é falha, porque o buraco
negro arrastaria a estrela para um lado e para o outro, criando um movimento oscilante detectável, algo que a equipe buscou e não
achou.
6/6

Megaestruturas alienígenas
Uma sociedade alienígena teria construído uma quantidade absurda de painéis coletores de energia solar com uma grande
variedade de tamanhos e órbitas em torno da estrela. O efeito combinado dos painéis menores do enxame seria bloquear parte da
luz da estrela como uma tela translúcida.
[...]
Até que se obtenham mais medidas com outros equipamentos e mais análises de outras equipes, nossas especulações sobre
a EdB serão limitadas apenas por nossa imaginação e uma saudável dose de física. Como acontece com os melhores quebra-
cabeças da natureza, a jornada até chegarmos à verdade que está por trás dessa estrela enigmática está longe de acabar.
(Kimberly Cartier e Jason Wright, Scientific American – Brasil, no. 174, junho 2017, p. 46 a 49. Adaptado)

Elabore um resumo do texto acima que contemple as peculiaridades da estrela EdB, as explicações científicas para esse
comportamento e o posicionamento da revista.
Seu texto deve:
 ter de 12 a 15 linhas;
 respeitar as características de um resumo;
 ser elaborado com suas próprias palavras.

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Limite mínimo
2019
3/5

QUESTÃO DISCURSIVA 01

Leia o texto a seguir, do jornalista francês Thomas Pietrois-Chabassier, traduzido pelo jornalista Inácio Araújo e publicado
no site UOL Cinema, acerca do personagem Harry Potter, de J. K. Rowling.

O insuportável Harry Potter


A revista francesa Les Inrockuptibles não está entre aquelas que fazem do último filme de “Harry Potter” um sucesso. Em sua
carta de 20/7, Thomas Pietrois-Chabassier expõe sua crítica ao personagem de J. K. Rowling. Mesmo para os fãs do jovem aprendiz
de feiticeiro, me parece que será interessante conhecer o seu inverso.
Por isso, eu fiz a tradução da carta de Pietrois-Chabassier, ali, em cima da perna, mas acho que o total está fiel ao sentido:
“Personagem inodoro, incolor e sem gosto, Harry Potter é um adolescente sem grande interesse, um rapaz intelectualmente
banal em um universo extraordinário. Seus únicos traços de caráter são qualidades de idiota: bravura e suscetibilidade. Ele só não
fica nervoso quando fala de seus pais. Suas forças são inatas e tudo o que Harry Potter adquire deve a seus protetores, que são
seus amigos ou seus professores. O que o torna excepcional (sua vitória sobre Voldemort, quando bebê, sua cicatriz, seu lado “eu
sou o eleito”) ele deve apenas a sua mãe. E é aí que se situa toda a questão da criatura de J. K. Rowling.
Em cada filme (muito fiel aos livros), os personagens que ele encontra pela primeira vez têm sempre a mesma frase: “Então
você é Harry Potter. Você parece com seu pai. Só os olhos que não, os olhos são da sua mãe”.
Mas Harry Potter não apenas tem os olhos de sua mãe, como é os olhos de sua mãe. Ele é um ponto de vista neutro, uma
porta de entrada nesse mundo fabuloso, uma verdadeira câmera viva, levando, como prova, essa capa de invisibilidade que ele
veste todo o tempo ou esses óculos redondos que se tornaram o símbolo do personagem, convertendo-o num par de olhos e lhe
oferecendo o ponto de vista onisciente do narrador.
Obra maternal, a saga Harry Potter é sobretudo maternalista, vampirisando a figura do filho até em seus pesadelos, para não
fazer dele senão um garotinho sabido, respeitador das regras, bom aluno, bom em esportes. Ele só é subversivo quando tem
autorização do diretor. Harry Potter é zeloso da memória de sua mãe e virgem. Seu coração bate por uma garota tão enfadonha
quanto ele, que ele beija só no final do último episódio, com 18 anos, e com quem se casará. As peripécias que enfrenta surgem ao
acaso, para transformá-lo em herói, em líder apesar dele.
Harry Potter é o filho de plástico sonhado por J. K. Rowling, o filho sem paixão nem falhas, seu orgulho, o antipunk, o bom
filhinho de mamãe. É por isso que nós nunca gostaremos dele”.
Thomas Pietrois-Chabassier
(Texto disponível em <https://inacio-a.blogosfera.uol.com.br/2011/07/22/o-insuportavel-harry-potter/>. Acesso em 02/10/2018. Adaptado.)

Faça um resumo desse texto de no mínimo 8 e no máximo 12 linhas, respeitando as características do gênero discursivo
solicitado.

HO
UN
SC
RA Limite mínimo
4/5

QUESTÃO DISCURSIVA 02
O texto a seguir é um trecho do depoimento da surfista brasileira Mayra Gabeira à revista Veja (ed. 2603, de 10/10/2018), no
qual ela conta episódios marcantes da sua trajetória profissional. Um trecho dessa narrativa foi suprimido, resultando em
duas partes.

Dê continuidade à narrativa a partir do ponto em que foi interrompida, garantindo a coerência entre o trecho inicial e o
trecho posterior à interrupção.

Seu texto deverá:


 ter no mínimo 8 e no máximo 10 linhas;
 obedecer aos elementos formais necessários ao desenvolvimento do gênero discursivo solicitado.

Sou surfista de ondas gigantes e passei muitos anos perseguindo a maior de todas. Cismei que ia ter esse título, mais difícil
ainda por eu ser uma mulher disputando em um mundo de homens, e fui atrás dele com persistência. Quase morri em 2013 no mar
de Nazaré, em Portugal, hoje o local onde se formam as ondas mais altas do mundo, e mesmo assim não desisti. Neste ano,
aconteceu: surfei uma onda de mais de 20 metros, a maior da minha vida. Eu consegui, mas a conta não foi nada barata. Tive meu
primeiro contato com o oceano revolto de Nazaré há exatamente cinco anos. Era um mar ainda pouco explorado, mas cheguei e
pensei: se eu quiser ser reconhecida como surfista de onda grande, é aqui que tenho de praticar.
Fui a primeira mulher a enfrentar as ondas de lá. Depois de vinte dias treinando, o mapa meteorológico apontou uma ondulação
enorme para o dia 28 de outubro daquele 2013.

HO
UN
SC
RA Limite mínimo

Acho que foi ali que quebrei o tornozelo. Começaram naquele instante as cenas do afogamento que ficaram famosas e até
hoje podem ser vistas em vídeo na internet. Fiquei nove minutos tomando ondas na cabeça e acabei apagando. Finalmente o Carlos
Burle [surfista da mesma equipe] conseguiu me resgatar de jet ski e me levou para a areia. Fizeram-se os procedimentos de
ressuscitação, e eu recuperei a consciência. Lembro-me de abrir os olhos e ver a praia extensa, o dia nublado, só areia e céu.
Entendi que estava viva e fiquei surpresa, porque eu já tinha me despedido. Morri e voltei.

QUESTÃO DISCURSIVA 03
Leia o texto abaixo.

A web já faz parte do cotidiano de pesquisadores, editoras e instituições científicas. Publicamos e lemos periódicos on-line, e
utilizamos plataformas da web social (Twitter, Facebook, blogues, YouTube etc.) para divulgar nossos trabalhos, fazer contatos,
encontrar novos colaboradores… Nossas produções e resultados de pesquisa também circulam no ambiente on-line, recebendo
curtidas e comentários, sinalizando um interesse que, até pouco tempo atrás, era muito mais difícil de acompanhar. O padrão ouro
da avaliação dos artigos científicos até a década passada era a citação. Diante da possibilidade de se ver e monitorar todo esse
diálogo da ciência em ação na internet, não seria interessante considerar essa uma nova forma de medir os impactos da ciência?
Quando olhamos para as citações que um artigo recebeu, estamos considerando um grupo relativamente limitado de pessoas
que o usaram: aquele grupo que se interessou, leu e utilizou aquele texto para construir e publicar o seu próprio trabalho. Esse grupo
com certeza é muito importante – afinal, é assim que se faz ciência, com pesquisadores usando trabalhos de outros pesquisadores
para construir conhecimento novo. Mas a citação não é o único uso que um artigo científico pode ter. Estudantes leem artigos como
parte da sua formação profissional. Profissionais leem artigos para ficar em dia com novas tendências da área e para resolver
questões específicas, como definir um diagnóstico médico. Pacientes, gestores, ativistas, amadores, wikipedistas, curiosos, muita
gente pode se interessar pela literatura científica, pelos mais diversos motivos.
5/5

Hoje, nas redes sociais, encontramos traços desses interesses por artigos científicos e pela ciência. O biólogo compartilha seu
artigo novo no Facebook. A astrônoma explica sua pesquisa em um vídeo no YouTube. A cientista social escreve uma sequência
no Twitter mostrando com o que a pesquisa acadêmica pode contribuir para a sociedade... São atos que não necessariamente
geram citações, mas demonstram que a utilidade da ciência não se resume ao que é publicado formalmente em periódicos
consagrados.
As métricas dessa disseminação de trabalhos científicos nas redes sociais, que chamamos altmetrias (do inglês altmetrics,
encurtamento da expressão alternative metrics – métricas alternativas, em português), vão aos poucos se incorporando ao nosso
cotidiano. Em alguns periódicos e repositórios, encontramos, junto aos dados de download, informações sobre quantas vezes o
arquivo foi compartilhado. Para alguns, as altmetrias podem ser indicadores do impacto social da ciência, algo importante para a
sociedade que quer e deve acompanhar o que se faz com os recursos públicos investidos em ciência.
Mas quais seriam essas métricas? Podemos lançar o olhar para a disseminação dos conteúdos em tuítes e posts de divulgação,
ver a interação dos usuários a partir desses posts (as tais curtidas e reações do Facebook e corações do Twitter), os downloads dos
artigos e sua incorporação em gestores de referência como o Mendeley e a geração de conteúdo a partir do uso dos artigos em
documentos como blogues, sites e Wikipedia. Podemos avaliar quantitativamente as diferentes reações (no caso do Facebook),
redes de relações e compartilhamentos dos usuários, ler os comentários e respostas, enfim, ver todo esse processo que vai da
divulgação científica ao diálogo entre pares, em um olhar sobre a ciência e sua disseminação e comunicação.
Outro ponto importante é reconhecer os diferentes níveis de engajamento representados por cada ato nas redes sociais. Um
clique no botão ‘curtir’, por exemplo, é um tipo de engajamento superficial, que pode ser uma demonstração de interesse mas
demanda pouco esforço do usuário. Se queremos transformar os tais polegares e corações em indicadores, eles precisam estar
refletindo mais do que mera repercussão viral e ir mais fundo.
(Fábio Castro Gouveia (Fundação Oswaldo Cruz) e Iara Vidal Pereira de Souza (UFRJ). Revista Ciência Hoje, edição 348, outubro de 2018.
Disponível em: <http://cienciahoje.org.br/artigo/a-ciencia-compartilhada-na-rede>. Adaptado.)

Com base nessa leitura, escreva um texto argumentativo sobre a relação entre ciência e redes sociais, procurando dar uma
resposta à questão que se levanta no primeiro parágrafo: não seria interessante considerar a altmetria uma nova forma de
medir os impactos da ciência?
Seu texto deverá:
 contextualizar o tema;
 conter um posicionamento, com as devidas justificativas, acerca do uso da altmetria para avaliar os impactos da
ciência;
 identificar e opor pontos positivos e pontos negativos do uso da altmetria;
 apresentar os elementos formais e discursivos característicos de um texto argumentativo;
 ter no mínimo 10 e no máximo 12 linhas.

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RA
Limite mínimo
2020
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QUESTÃO DISCURSIVA 01
Leia a história em quadrinhos a seguir, até o ponto disponibilizado para a leitura.
1 3

2 4
4/6

Escreva um texto narrativo contando os fatos apresentados no excerto e elabore um desfecho para a história.
Seu texto deverá:
 fazer a transposição da linguagem visual para a linguagem verbal, na forma de uma narrativa, fornecendo elementos
para que o leitor possa compreender o contexto narrado e o comportamento e reações dos personagens sem precisar
recorrer às imagens;
 propor um desfecho para a história, coerente com o enredo apresentado;
 ter entre 10 e 15 linhas;
 respeitar as características discursivo-formais do gênero solicitado.

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Limite máximo

QUESTÃO DISCURSIVA 02

O texto abaixo é uma adaptação do texto original de Ricardo Abramovay, publicado em 2017, como prefácio ao livro
Uberização: a nova onda do trabalho precarizado, de Tom Slee.

Uber e Airbnb*, entre outros aplicativos da chamada sharing economy (economia do compartilhamento), apregoam que as
novas tecnologias estão nos levando a um mundo maravilhoso. Um mundo de vizinhos ajudando vizinhos, com cidades onde todos
se respeitam, com sistemas de transporte eficientes, enfim, o retorno da confiança na boa-fé dos seres humanos, tudo isso
possibilitado por um smartphone com conexão à internet – uma verdadeira revolução na palma da mão. Será?
A explosão da cultura digital durante o Século XXI revigorou os mais importantes ideais emancipatórios, combalidos pela queda
do muro de Berlim. As pessoas e as comunidades passariam a dispor dos meios técnicos que lhes permitiriam estabelecer
comunicação direta umas com as outras. A informação, os bens e os serviços poderiam ser oferecidos de forma eficiente sem que
as condições objetivas de sua produção estivessem nas mãos de grandes empresas. Alguns autores chegaram a vincular a
abundância trazida pela revolução digital ao próprio fim do capitalismo. A sharing economy, cujas expressões mais emblemáticas
são a Wikipédia e os softwares livres, exprimiria a capacidade humana de cooperação, não apenas entre pessoas que se conhecem,
num círculo limitado por laços de parentesco e amizade, mas de forma anônima, impessoal e massificada. As bases materiais para
a transição do reino da necessidade para o de liberdade pareciam asseguradas.
Não demorou muito para ficar claro que esta narrativa edificante subestimava a mais importante transformação do capitalismo
do Século XXI: a emergência da empresa-plataforma. O aumento na capacidade de processar, coletar, armazenar e analisar dados
foi de tal magnitude que seu custo, que era de onze dólares por gigabyte em 2000 caiu para US$ 0,02 em 2016. Esta foi uma das
bases objetivas não só para que Google e Facebook estivessem entre as mais poderosas empresas do mundo, mas também para
que um conjunto cada vez mais amplo de bens e serviços fosse oferecido não mais por empresas ou conglomerados especializados,
mas por plataformas que, a custo quase zero, tinham o poder de conectar imediatamente consumidores e varejistas, reduzindo os
custos envolvidos em suas transações.
5/6

Mas a aura de esperança com que a sharing economy – que inclui gigantes digitais como Uber, Lyft, Task Rabit – foi encarada
em seus primórdios está sendo desmistificada: muito longe de exprimir a cooperação direta entre indivíduos, o suposto
compartilhamento deu lugar à formação de gigantes corporativos cujo funcionamento é regido por algoritmos opacos que em nada
se aproximam da utopia cooperativista estampada em suas versões originais. Sob a retórica do compartilhamento, escondem-se a
acumulação de fortunas impressionantes, a erosão de muitas comunidades, a precarização do trabalho e o consumismo.
O AirBnb, por exemplo, acabou por estimular que, em cidades turísticas importantes, como Barcelona, Paris e Amsterdã, as
pessoas vendessem seus domicílios a empresas que operavam como se fossem indivíduos. Ao mesmo tempo, em muitas destas
cidades o turismo se expandiu muito além dos limites da rede hoteleira. O resultado é que as regiões centrais das cidades atingidas,
cujo atrativo era exatamente o de conciliar a beleza arquitetônica com o cotidiano de quem ali vivia, corriam o risco de serem
convertidas em cenários de Disneylândia.
A ideia de que se eu precisar de algo posso contar com a ajuda dos outros e que isso vai gerar sentimentos e práticas de
reciprocidade acabou se convertendo na oferta generalizada de trabalhos mal pagos e sem qualquer segurança previdenciária. Num
ambiente em que os sindicatos estão cada vez mais fracos e os direitos trabalhistas sob aberta contestação, os resultados são
devastadores. A utopia de que a relação peer to peer ampliaria o bem-estar, reduziria o desperdício e traria significado humano para
as relações econômicas, tão fortemente cultivada pelo discurso do Vale do Silício, transformou-se no seu contrário.
Uma das mais dramáticas consequências do capitalismo de plataforma é a drástica redução da responsabilidade
socioambiental corporativa. Embora as plataformas sejam as maiores beneficiárias das operações comerciais que intermedeiam,
elas renunciam a qualquer responsabilidade sobre suas consequências. E os gigantes digitais que hoje aparecem como expressão
emblemática do capitalismo de plataforma insistem na narrativa de que são simples intermediários e que a responsabilidade pela
relação comercial entre os que oferecem os bens e os serviços e os que os demandam não lhes cabe.
É claro que o avanço cada vez maior da conectividade e dos meios para que ela chegue ao maior número de pessoas pode
ser benéfico. Mas a distância entre conexão e bem-estar social será tanto maior quanto mais poderosos forem os gigantes digitais
que determinam as regras sob as quais o maior bem comum criado pela inteligência humana, a internet, funciona. Contrariamente
à crença dos protagonistas dominantes da sharing economy, a revolução digital só vai melhorar a vida das sociedades
contemporâneas se ela se apoiar em real abertura, em participação transparente e em redução das desigualdades.
* Serviço que permite que pessoas do mundo inteiro ofereçam suas casas para usuários que buscam acomodações temporárias mais em conta em
qualquer lugar do mundo.

Faça um resumo desse texto, que deverá:


 identificar a tese principal;
 identificar e explicitar as razões que fundamentam essa tese;
 ter no mínimo 8 e no máximo 12 linhas;
 respeitar as características discursivo-formais do gênero solicitado.

H O
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RA Limite mínimo

Limite máximo
6/6

QUESTÃO DISCURSIVA 03
Leia a crônica abaixo – “A sociedade líquida”, de 2015 –, escrita pelo filósofo italiano Umberto Eco, que serve de introdução
ao último livro do escritor, Pape Satan Aleppe: crônicas de uma sociedade líquida, publicado postumamente.

A ideia de modernidade ou sociedade “líquida” deve-se, como todos sabem, a Zygmunt Bauman. A sociedade líquida começou a
delinear-se com a corrente conhecida como pós-moderno (aliás, um termo “guarda-chuva” sobre o qual se amontoam diversos
fenômenos, da arquitetura à filosofia e à literatura, e nem sempre de modo coerente). O pós-modernismo assinalava a crise das
“grandes narrativas” que se consideravam capazes de impor ao mundo um modelo de ordem e fazia uma revisitação lúdica e irônica
do passado, entrecruzando-se em várias situações com pulsões niilistas. Mas para Bordoni, o pós-modernismo também conheceu
uma fase de declínio. [...] Servia para assinalar um acontecimento em andamento e representou uma espécie de balsa que levava
da modernidade a um presente ainda sem nome. Para Bauman, entre as características deste presente nascente podemos incluir a
crise do Estado (que liberdade de decisão ainda têm os Estados nacionais diante dos poderes das entidades supranacionais?).
Desaparece assim uma entidade que garantia aos indivíduos a possibilidade de resolver de modo homogêneo vários problemas do
nosso tempo, e, com sua crise, despontaram a crise das ideologias, portanto, dos partidos e, em geral, de qualquer apelo a uma
comunidade de valores que permita que o indivíduo se sinta parte de algo capaz de interpretar suas necessidades. Com a crise do
conceito de comunidade, emerge um individualismo desenfreado, onde ninguém é mais companheiro de viagem de ninguém, e sim
seu antagonista, alguém contra quem é melhor se proteger. Esse “subjetivismo” solapou as bases da modernidade, que se
fragilizaram, dando origem a uma situação em que, na falta de qualquer ponto de referência, tudo se dissolve numa espécie de
liquidez. Perde-se a certeza do direito (a justiça é percebida como inimiga) e as únicas soluções para o indivíduo sem pontos de
referência são o aparecer a qualquer custo, aparecer como valor [...], e o consumismo. Trata-se, porém, de um consumismo que
não visa a posse de objetos de desejo capazes de produzir satisfação, mas que torna estes mesmos objetos imediatamente
obsoletos, levando o indivíduo de um consumo a outro numa espécie de bulimia sem escopo (o novo celular nos oferece pouquíssimo
a mais em relação ao velho, mas descarta-se o velho apenas para participar dessa orgia do desejo).
O que poderá substituir esta liquefação?

Elabore um texto a partir da pergunta que fecha o texto de U. Eco. Seu texto deverá:
 contextualizar a temática;
 identificar características relevantes da sociedade atual apontadas por U. Eco;
 dialogar com essa caracterização, apresentando uma reflexão na direção proposta pela pergunta;
 apresentar as razões que embasam a reflexão que você está desenvolvendo;
 ter entre 10 e 15 linhas;
 respeitar as características discursivo-formais do gênero solicitado.

H O
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S C
RA
Limite mínimo

Limite máximo
2021
2022

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