Entalada de palavras não ditas, de inseguranças não declaradas, de medos
enterrados, ilusões distorcidas. E é plano, concreto, como se me impedisse de sair de mim mesma. A simples menção de abertura já aciona todos os meus alarmes, e o medo de vulnerabilidade me invade. Medo de mostrar e não agradar, medo do fracasso, medo do erro, da imperfeição, medo de me importar com outros. E até hoje tenho vivido bem, disfarçadamente, devagarinho quebrando alguns limites traumaticamente forçados. Essa irracionalidade me enfurece. A falta de controle sob meus pensamentos e a percepção de quanto você ainda me afeta me deixa completamente esgotada. Já derramei tantas lágrimas por você, e saber que esse você nem ao menos se refere a alguém real fisicamente me faz sentir ainda mais idiota. Essa imbecilidade de consciência esperançosamente criada, mas aos poucos estou percebendo que essa desconstrução não é nada fácil de ser feita. Pode até ser pensada, já tenho a receita perfeita a tanto tempo, e teoricamente já te superei a tanto tempo que nem lembro seu nome. Aaah, mas a realidade é brutal, e as vezes seja a falta de magicalidade que torna essa necessidade de se ater a ilusões tão humanas. Mas não adianta todas as palavras cuidadosamente pensadas, montadas pra transparecer certa inteligência sagaz e um ar de superioridade de alguém sobre controle que se conhece tão bem. A simples menção desse pensamento me estremece, mas estou começando a considerar que a única alternativa vai ser me acostumar que meu amor morreu quando você foi embora. Minha fé na humanidade, nas pessoas, e em histórias com finais felizes morreu a partir do momento que você se retirou da minha porta. Lembro como se tivesse sido semana passada. O tempo real me parece tão absurdo, talves por que tenha te carregado sempre comigo, naquele quartinho dos fundos, trancado, empoeirado e esquecido. Lá seguramente controlado com todas as inseguranças e medos que me trouxe a falta de você. Você inexistente, Roberto de minha mente, princípe encantado criado pra ganhar cliente, e eu não entendo como as pessoas preferem se enganar tentando acreditar em sinceridade a dois. O que sobrou foi meu coração descrente, e uma garota que não consegue se enxergar sendo nada de ninguém. Pelo maior dos pecados...medo de perdas. Mas coitada dela, não sabe que a vida é feita de vindas e partidas? Talvez já tenha entendido que compreender é uma parte do caminho. Pensamento é vibração, e esse caos tá ressoando e atingindo tanta gente, não inocente, as vezes tão discrente, incongruente quanto, mas do que adianta somar confusões? Tentar usar o outro pra tapar o próprio buraco, tá tudo errado...e acho q não tem ninguém que saiba qual seja o certo, ou simplesmente não exista tal coisa.