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SOB UM OLHAR HUMANO


Pilar Tetilla Manzano Borba, terapeuta ocupacional

Quem são os excepcionais?


Qual o conceito de normalidade?
O fato de sermos homens ou mulheres já nos diz que não somos iguais. Nossos cérebros,
nossos corpos são diferentes. Diante de um homem a mulher pode ser um excepcional e
vice-versa. Devemos então ter a compreensão de que cada pessoa é diferente uma da outra.
Portanto não existem pessoas iguais.
Para melhor compreendermos o ser humano nós os dividimos em gênero: homens e
mulheres; em idade: crianças, adolescentes, adultos e idosos; em tipos constitucionais:
melancólicos, sanguíneos, coléricos e fleumáticos; crianças ricas em fantasia, pobres em
fantasias, cósmicas e terrenas; conforme o signo do zodíaco; conforme o horóscopo chinês;
de acordo com a nacionalidade, a cultura; etc. Assim, existem milhares de características
que compõem um ser humano único. Por isso ele é concebido como uma espécie e não
como um reino.
Dentro de todo esse universo de seres humanos existem aqueles portadores de alguma
característica que os faz fugir da ‘normalidade’, isto é, ‘destoa’ da maioria. São aqueles que
nascem com algum problema (neurológico, físico, mental, síndromes etc), ou adquirem-no
durante a vida. Para atuar junto a eles existem profissionais que estudaram e se
especializaram. Porém, esses profissionais, quer sejam médicos, fisioterapeutas,
fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, nutricionistas, professores de
educação especial, auxiliares de enfermagem etc, não podem deixar de lembrar que antes
de qualquer ‘título’ ou diagnóstico que possuem, estão todos diante de um ‘ser humano’
que necessita de cuidados especiais. E como ser humano possui sensibilidade, dor, humor,
medo, angústia, alegria, ansiedade, e uma infinidade de sentimentos que precisam ser
respeitados.
Não podemos nos ater ao ‘rótulo’ que este ser que necessita de cuidados especiais recebeu.
Isto só nos ajuda a compreender o motivo que o desviou da ‘normalidade’. Portanto, ao
lidarmos com esses indivíduos tão especiais, não podemos jamais nos fixar naquilo que eles
não possuem, como a falta de um membro, ou da visão, audição, fala, déficit de
inteligência, de coordenação motora etc, mas sim, devemos tentar ‘enxergar’ através de sua
alma, a parte sadia, e procurar trabalhar com seus potenciais e suas qualidades, e tentar
tirar o máximo proveito delas.
Devemos também lembrar que nem todas as pessoas consideradas ‘normais’ são felizes e
valorizam sua ‘normalidade’. Desta forma é comum atendermos ‘especiais’ que também se
sentem desvalorizados, sem autoestima, cabendo a nós ajudá-los a se valorizarem e a
tornarem-se indivíduos ativos e participantes na comunidade.
Qualquer que seja nossa profissão, qualquer que seja nossa clientela, devemos desenvolver
a capacidade de enxergar a ‘pessoa’ que existe ali dentro daquele corpo. Enxergá-la além
de sua limitação, seja ela física, mental ou emocional, porque diante do criador somos todos
seres perfeitos e devemos portanto procurar encontrar a beleza e a capacidade interior que
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existe em cada um e trazê-la para fora, através de um gesto, de um sorriso, de um sinal que
demonstre sua participação no mundo.
O primeiro passo para trabalhar com os outros, ajudando-os em suas dificuldades é estar
bem com nós mesmos. Como diz a bíblia: amar aos outros como a nós mesmos; fazer aos
outros o que queremos que nos façam. Se não nos amamos não podemos amar ao outro e
nem ajudá-lo.
Para sermos um bom profissional temos que investir em nós mesmos. A auto-educação é
imprescindível. Somos exemplos diante dos outros e devemos nos auto-educar sempre.
Temos de compreender o outro nas suas necessidades e incapacidades e acreditar no seu
potencial. Para isso devemos nos aproximar da família compreendendo-a e ajudando-a
dentro das nossas possibilidades.
Por sermos seres sociais precisamos promover entre os indivíduos que necessitam de
cuidados especiais a socialização e a participação deles na comunidade.
A questão da inclusão permitiu que os excepcionais se mostrassem à sociedade. É de
grande valia a convivência deles nas escolas para que as outras crianças se deparem e
conheçam a criança ‘diferente’. A criança dita ‘normal’ que tiver a oportunidade em sua
vida escolar de conviver com o indivíduo diferente será por toda a sua vida mais tolerante
e, a tolerância é o primeiro passo para uma saudável convivência com o outro.
Devemos respeitar cada indivíduo como ele é e aceitar suas diferenças ajudando-o a crescer
e a desenvolver seu potencial e amá-lo como seria próprio de um ser humano.

Sugestões bibliográficas:
Um Antropólogo em Marte
Autor: Oliver Sacks, editora Companhia das Letras

Crianças que Necessitam de Cuidados Especiais


Autor: Thomas J. Weihs, editora Antroposófica

Memórias de Vida e Luz


Autor: Jacques Lusseyran, editora Antroposófica

Uma Menina Estranha


Autora Temple Grandin, editora

A História de Minha Vida


Autora Helen Keller, editora Antroposófica

Meu Lar Minha Escola Minha Vida


Autor: Luiz Henrique Medina (Kaike), editora LP-Books

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