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AFINAL

QUEM
CUIDA
DE TI? E quem cuida de ti?
“Cuidar é mais que um ato; é
uma atitude. Portanto abrange
mais que um momento de
atenção, zelo e desvelo.
Representa uma atitude de
ocupação, preocupação,
responsabilidade e envolvimento
afetivo com o outro”.
(Leonardo Boff
Pessoas com o perfil de
cuidador como são raras e
fundamentais nesse mundo
caótico e com tantos conflitos,
e por esse motivo, merecem
uma atenção mais do que
especial. Em um mundo onde
as interações humanas reais
são cada vez mais deixadas de
lado em detrimento às
interações virtuais, um ombro
amigo, um ouvido disponível e
uma palavra de incentivo
valem ouro. Mas, para que
toda essa competência seja
colocada em prática de uma
maneira eficiente, o dono
dessa preciosidade precisa de
um tempo para recarregar as
suas baterias, ou seja, precisa
ser cuidado.
Dias e dias passados com aquele
parente no hospital, vive cozinhando
para várias pessoas, é sempre o
primeiro a se oferecer para ajudar em
uma mudança de casa, na organização
de uma festa, no cuidado com as
crianças, é “pau pra toda obra”! É
aquela mãe que vive só em função dos
filhos; nada de fazer as unhas, arrumar
o cabelo, comprar uma roupa nova. É
mãe com dedicação exclusiva aos
filhos. Tem também aquele que faz todo
mundo rir, pois se preocupa em manter
todos sempre com um alto astral. São
pessoas que se dedicam ao cuidado do
outro.
Que se dispor a cuidar das pessoas, dedicar-se, ser solícito, sejam atos admiráveis,
disto não restam dúvidas. Estamos precisando de pessoas que se importam
verdadeiramente com as outras, pois o mundo está lotado de pessoas egoístas e cheio
de si. O problema é quando a dedicação ao outro é tanta que se esquece do cuidado
de si mesmo. Além disso, quem precisa receber cuidados, precisa de alguém que esteja
em boas condições física, psíquica e emocional. É preciso estar inteiro!
Quando o tempo está sendo ocupado sempre com o outro, deixa-
se pouco ou quase nada de espaço para o cuidado consigo mesmo.
Ao voltar-se o olhar para o externo, para o outro, desvia-se do
olhar para dentro, para si mesmo. Então precisamos iniciar uma
autoanálise: O que não pode ser visto? Há algo em mim que estou
evitando? O que em mim é tão difícil de encarar? São perguntas
que devem ser feitas para que se possa analisar como está sendo o
cuidado com a própria vida. Essa vida tão única e passageira.
Por mais que a vida do outro seja muito
importante, a própria vida também é. A própria
ferida precisa ser cicatrizada. A realização
pessoal, a felicidade, o bem-estar, não podem
depender apenas do riso do outro, do conforto do
outro, da qualidade de vida só do outro. Quando
o outro se vai (e as pessoas vêm e vão),
precisamos nos perguntar: O que resta de mim? O
quanto de mim pode ser preservado? Cuidado?
Qual é a minha identidade? Do que eu gosto,
minha música preferida, o meu prato especial,
meu filme favorito, meu passatempo aos finais de
semana… Tudo isso são modos de saber quem
somos, do que gostamos e qual a forma que
sentimos que estamos cuidando de nós.
Do que você precisa
para se sentir bem?
Você já reparou o
quanto somos capazes
de criar teorias
mirabolantes para
explicar essas questões
para as outras pessoas,
mas o quanto somos
desconectados de nós
mesmos, de nossas
virtudes e de nossas
necessidades?
O autocuidado é extremamente desafiador a cada um de nós,
pois vivemos em uma sociedade em que somos educados e
criados para atender às expectativas das pessoas que estão ao
nosso redor, sempre fazendo o que os outros consideram ser
importantes para nós. Crescemos e somos recompensados à
medida que correspondemos ao que o outro espera que
façamos.
Dessa forma, não desenvolvemos a nossa capacidade de
autopercepção e não sabemos distinguir nossos próprios
sentimentos e emoções. Não somos capazes de identificar o
que de fato nos faz bem e do que gostamos realmente. Somos
criados com um nível de desconexão com nosso corpo e com
nosso próprio eu, que vai gerar uma demanda no futuro de
um trabalho árduo em processos de terapia e
autodesenvolvimento para que possamos nos reconectar
àquilo que realmente é bom e atende às nossas verdadeiras
necessidades. Causando muitas vezes estress.
O efeito do estresse é muitas vezes subestimado por todos, podendo chegar ao
limite, onde denominamos “Síndrome de Burnout” que é definida por alguns
autores como uma das conseqüências mais marcantes do estresse profissional.
Abaixo citamos alguns dos sinais de Burnout:

Exaustão, cansaço, sensação de estar fisicamente esgotado.


Raiva diante de pedidos e demandas.
Cinismo, negativismo, irritabilidade.
Idéias persecutórias.
Ganho ou perda de peso
Dores de cabeça e sintomas gastro-intestinais freqüentes.
Insônia.
Depressão.
Limiar de tolerância rebaixado em situações cotidianas.
Falta de ar.
Sensação de desamparo.
Pouca atenção diante de situações de risco.
O termo Burnout é uma composição de burn =
queima e out = exterior, sugerindo assim que a
pessoa com este tipo de estresse consome-se física
e emocionalmente.
Esta síndrome se refere a um tipo de estresse
ocupacional e institucional com predileção para
profissionais que mantém uma relação constante e
direta com outras pessoas, principalmente quando
esta atividade é considerada de ajuda.
Nos casos mais graves, o sofrimento apresentado
por estas pessoas pode levar a uma incapacidade
permanente frente ao ato de cuidar, com todas as
suas implicações e conseqüências profissionais,
econômicas e sociais.
Este é o exercício do autocuidado: conhecendo aquilo que
nos faz bem e aquilo que precisamos para nos sentir
seguros, saudáveis e em equilíbrio é que podemos ir em
busca disso. Em especial, aprendendo a dizer os “nãos”
necessários para tudo o que não vai nos beneficiar ou
atender nossas necessidades de cuidado. Parece algo
simples, mas realmente viver o autocuidado é um grande
desafio a todos nós.
No entanto, à medida que conseguimos nos conhecer e nos
cuidar, nossa autoestima e autoconfiança são elevadas para
outro patamar. Conseguimos perceber tudo à nossa volta
com mais clareza e tranquilidade e tomar decisões mais
assertivas também. E só é possível efetivamente “cuidar” do
outro à medida em que eu souber cuidar de mim, a partir
desse lugar de confiança e tranquilidade alcançada pelo
processo de autocuidado. Caso contrário, este “cuidar”
pode ser somente um disfarce de controle e dominação
sobre o outro.
Cuidar de si verdadeiramente
exige que você aumente seu
grau de conexão interior
entendendo o que é
importante para você – e não
só para o seu chefe, para sua
família, para o mercado de
trabalho, para o mundo lá
fora – e tendo a coragem de
fazer escolhas que atendam
às suas necessidades, mais
do que às necessidades do
mundo.
Se perceber que está com dificuldades busque auxílio de
pessoas próximas. Cultive um momento em que possa
dividir com outros profissionais para compartilhar
vivências relacionadas a estas dificuldades. É muito difícil
conseguir lidar com essa nova realidade sem o apoio
externo. Muitas vezes é necessário delegar funções, pedir
ajuda e equilibrar as responsabilidades. Às vezes, parece
claro o quanto necessitamos de auxílio, mas se não
dissermos, não externamos para os outros, fica o
sentimento de que está tudo certo e que você está dando
conta. Com isto, não damos oportunidade de sermos
ajudados. Aprimore a comunicação, o enfrentamento e a
percepção de suas necessidades individuais e busque
ajuda.
10 ações de autocuidado que vão muito além do
skincare
BUSQUE UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
FAÇA EXERCÍCIOS
ESTUDE
FAÇA UM CHECK-UP
CRIE HÁBITOS
SAIBA QUAIS SÃO OS SEUS LIMITES
DIGA NÃO, SE PRECISAR
MELHORE SUAS RELAÇÕES
ESCOLHA SUAS LUTAS
REFLITA MAIS
Por fim, é sempre bom lembrar que essas ações não
fazem parte de diretrizes sobre “como ser feliz” ou
“como encontrar o sucesso”. O objetivo aqui é trazer a
discussão para que pratiquemos mais ações que ajudem
na prática do autocuidado 🙂

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