UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONOMICAS

TEORIA MICROECONÔMICA I
PROF. MARCELO S. PORTUGAL
PROVA – 1o semestre/2011

1. Considere um consumidor possui renda nominal e possua uma função de

utilidade , exp ln 2 2 , com , 0. Obtenha as curvas

de demanda para os bens e (sabendo que 0e 0) (2,0 pontos).

Esses bens são inferiores ou normais? Mostre como você chegou a essa
conclusão (0,5 ponto).

Solução

Aplicando ln na função utilidade: ln , ln 2 2

Problema do consumidor:

max ln 2 2
,
. .

ln 2 2
C.P.O.:
1
1 ln 2 2 0
4
1
2 ln 2 2 0
4
3 0

Dividindo (1) por (2):

Substituindo em (3):
5 1

Substituindo em (5) em (4):

Ambos os bens são normais, pois

0
 0

2. Propõe-se a determinado indivíduo, com função de utilidade , onde w é

a renda ou ganho, que ele troque uma renda certa 1 por
uma loteria onde ele pode ganhar com probabilidade e com
probabilidade 1 . Considerando que e0 1, classifique
o indivíduo em relação ao risco para os casos em que (i) 10 , (ii)
10√ e (iii) /2, justificando intuitiva, gráfica e
matematicamente sua resposta, mostrando a relação que deve ser satisfeita
por em cada caso. (2 pontos)

Solução:
i) 10 : neutro ao risco
A função é uma linha reta, visto que 10 e 0.
Nesse caso 1 1 ,
para qualquer . Ou seja, o bem estar atual do indivíduo é igual a
seu bem estar esperado do jogo, por isso para ele tanto faz entrar
ou não. Gráfico.
ii) 10√ : avesso ao risco
A função é estritamente côncava, visto que 5 e
0.
Nesse caso 1 1 ,
para qualquer . Ou seja, a utilidade atual do indivíduo é maior do
que sua utilidade esperada do jogo, por isso ele não aceita jogar.
Gráfico.
iii) /2 : amante do risco
A função é estritamente convexa, visto que e
1 0.
Nesse caso 1 1 ,
para qualquer . Ou seja a utilidade atual do indivíduo é menor do
que a utilidade esperada do jogo, por isso ele aceita jogar.
Gráfico.

3. Seja a curva de Engel expressa por x = ke − (b +5) , onde k é uma constante

positiva e b é a renda. Indique, justificando sua resposta, que tipo de bem
(normal, inferior ou superior) pode ser representado por essa função. (1,5
ponto)

Solução
A derivada da curva de Engel em relação à renda é negativa (pois k e b são
positivos), portanto o bem representado por ela é inferior.

4. Comente as seguintes afirmativas, discordando ou concordando:

a) Se um consumidor está em seu ponto de equilíbrio de maximização de

utilidade e, a partir daí, sua renda e todos os preços caem 5%, o consumo dos
bens inferiores irá aumentar, enquanto o consumo dos bens normais irá
diminuir. (1 ponto)

Solução
Falso. A renda real não é modificada, ou seja, a restrição orçamentária não se
move, portanto a alocação entre os bens não se altera.

b) Fazendo a hipótese contra-intuitiva de que lazer é um bem inferior, podemos

afirmar teoricamente que a curva de oferta de trabalho será positivamente
inclinada em relação ao salário. (1,0 ponto)

Solução
Verdadeiro. Se lazer é inferior, quanto mais renda, menos lazer é consumido.
Portanto, mais trabalho é ofertado. Dessa forma, como o salário por unidade de
trabalho representa a renda, a oferta de trabalho será positivamente inclinada.

c) Considere a função de demanda p= k x onde p é o preço, x a quantidade e k

é uma constante. Neste caso, para qualquer quantidade x, a receita na margem
vai ser sempre zero e a elasticidade preço será igual a um. (1,0 ponto)

Solução
Verdadeiro.

. 1

.
0
d) Em um modelo de escolha intertemporal, a alocação do consumo no tempo
vai depender dos valores relativos das taxas de juros e da preferência no
tempo. (1,0 ponto)

Verdadeiro
Quanto maior a taxa de juros, maior é valor futuro da poupança (ou o não
consumo) do presente e portanto maiores são as possibilidades de consumo
no futuro. Dessa forma, quanto maior é a taxa de juros, maior é o estímulo à
poupança e ao consumo no futuro, em detrimento do consumo no presente.
Por outro lado, quanto maior é a taxa de impaciência (taxa de preferência no
tempo), maior é o desconto do consumo futuro e, portanto, menor é seu valor
presente. Portanto, quanto maior é a referida taxa, maior é o incentivo ao
consumo no presente, em detrimento do consumo no futuro.
Assim, a relação entre as duas taxas determina a alocação do consumo entre o
presente e o futuro.