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Microeconomia III – Universidade Federal Fluminense

Gabarito PROVA 1
COMPRANDO E VENDENDO
Questão 1: (2,0 pontos) Roberto colheu em sua casa 5 abacates e 30 limões sem qualquer custo.
Utilizando apenas as informações disponibilizadas e a hipótese das preferências reveladas, indique e
justifique o impacto no bem-estar do consumidor caso:
a. O preço do abacate suba e Roberto seja comprador líquido do bem aos novos preços;
b. O preço do abacate suba e Roberto seja vendedor líquido do bem aos novos preços;
c. O preço do abacate diminua e Roberto seja comprador líquido do bem aos novos preços;
d. O preço do abacate diminua e Roberto seja vendedor líquido do bem aos novos preços;

Resposta:
a. Roberto sendo comprador líquido de abacate, com um aumento do preço, ele ficará pior que antes
do aumento. Pois, sendo comprador líquido, sua cesta fica à direita da dotação e com um aumento
do preço do abacate (p1) a reta orçamentária ficará mais inclinada (girando em torno da dotação).
Então, sua nova cesta estará abaixo da reta orçamentária inicial (antes do aumento), ou seja, vai
consumir uma cesta que antes estava disponível mas não foi escolhida. Esse caso fere a hipótese da
preferência revelada.
b. Roberto ficará melhor que antes do aumento. Pois, sendo um vendedor líquido, sua cesta fica à
esquerda da dotação e com um aumento do preço do abacate (p 1) a reta orçamentária ficará mais
inclinada (girando em torno da dotação). Então, sua nova cesta estará acima da reta orçamentária
inicial (antes do aumento), ou seja, vai consumir uma cesta que antes não estava disponível.
c. Roberto ficará melhor que antes da diminuição. Pois, sendo comprador líquido, sua cesta fica à
direita da dotação e com uma diminuição do preço do abacate (p 1) a reta orçamentária ficará menos
inclinada (girando em torno da dotação). Então, sua nova cesta estará acima da reta orçamentária
inicial (antes do aumento), ou seja, vai consumir uma cesta que antes não estava disponível.
d. Roberto ficará pior que antes da diminuição. Pois, sendo um vendedor líquido, sua cesta fica à
esquerda da dotação e com uma diminuição do preço do abacate (p 1) a reta orçamentária ficará
menos inclinada (girando em torno da dotação). Então, sua nova cesta estará abaixo da reta
orçamentária inicial (antes do aumento), ou seja, vai consumir uma cesta que antes estava disponível
mas não foi escolhida. Esse caso fere a hipótese da preferência revelada.

ESCOLHA INTERTEMPORAL
Questão 2: (1 ponto) Considere um consumidor fazendo escolhas sobre dois períodos. Mostre que se
o consumidor é inicialmente um emprestador (poupador) e se o consumo presente é um bem
inferior então o consumo presente irá aumentar com uma queda da taxa de juros. O que se poderia
afirmar, neste caso, se o consumo presente fosse um bem normal?
Resposta:
Em problemas de escolha intertemporal sabemos que uma queda do juro equivale a uma queda no
preço do consumo no período 1. Caso caia a taxa de juros, o efeito substituição nos dirá que o
indivíduo tende a trocar C2 por C1;
Ao mesmo tempo, como o consumidor em questão é um poupador, uma queda no juro equivale a
uma queda na sua renda.
Considerando que o consumidor é poupador e que o consumo presente (C1) é de um bem inferior,
chegamos a uma Equação de Slutsky da seguinte forma:

c1t c1s c1m


= + (m1−c1 )
p1 p1 m
(+) (-) (+) (-) (Bem inferior)

Dado que o indivíduo considera C1 um bem inferior, sabemos que ele responderá a esta queda de
renda consumindo neste período mais C1 do que consumia anteriormente.

Professora Claude Cohen


Microeconomia III – Universidade Federal Fluminense

Já caso C1 fosse um bem normal poderíamos afirmar sem dúvidas que a queda de renda provocada
pela queda na taxa de juros teria um efeito negativo sobre seu consumo no período 1, e, logo, que
o consumo neste período se reduziria. O resultado total seria, portanto, indeterminado, a
depender das magnitudes dos efeitos substituição, que nos diz que ele consumirá mais C 1, e renda,
que diz que C1 cairia.

c1t c1s c1m


= + (m1−c1 )
p1 p1 m
(?) (-) (+) (+) (Bem normal)

Questão 3: À medida que a taxa de juros aumenta, a reta orçamentária intertemporal se torna mais
inclinada ou mais horizontal? (Explique o seu raciocínio gráfica, algébrica E intuitivamente.) (1 ponto)
Escolha Intertemporal

a. Álgebra: como a inclinação da restrição orçamentária intertemporal é dada por –(1+r),


a inclinação é mais negativa conforme cresce r. Logo, a reta é mais inclinada quanto
maior for r.
b. Intuição: Conforme aumenta a taxa de juros, torna-se mais interessante consumir no
segundo período. Torna-se (relativamente) mais caro consumir no primeiro período.
c. Gráfico: na figura abaixo, trata-se do giro da linha orçamentária preta para a cinza.

Questão 4: Sobre a Teoria da Utilidade Esperada, assinale Falso ou Verdadeiro e JUSTIFIQUE suas
respostas. (1,5 ponto) INCERTEZA

(a) Em modelos de escolha de seguros de automóvel com prêmio de risco atuarialmente


justo, indivíduos avessos ao risco sempre escolhem fazer seguro parcial.
(b) A função de utilidade esperada é invariante a qualquer transformação monotônica
crescente.
(c) Uma pessoa que é avessa ao risco para todos os níveis de renda jamais irá comprar
uma ação de uma companhia que oferece um retorno incerto.
Resposta
a) Falso.
Quando o indivíduo avesso ao risco se depara com um seguro atuarialmente justo, sua escolha
ótima será se segurar completamente.
Professora Claude Cohen
Microeconomia III – Universidade Federal Fluminense

b) Falso.
A função de utilidade esperada é invariante apenas à transformações afins crescentes (𝑓 (𝑥) =
𝑎𝑥 + 𝑏, 𝑎 > 0). A restrição à transformações monotônicas crescentes não é mais adequada pois
agora precisamos preservar também a curvatura da função de utilidade para preservar a
relação do indivíduo com o risco. Para isso ocorrer, a transformação monotônica também
precisa ser uma transformação afim.

c) Falso.
A pessoa avessa ao risco irá preferir obter o valor esperado da loteria no lugar de participar da
loteria. Porém, se o preço da loteria / ação for menor do que o seu valor esperado, o indivíduo
pode preferir comprar a ação.

Questão 5: Duas consumidoras apresentam funções utilidade Von Neumann- Morgenstern,


tendo sido calculadas as seguintes utilidades de consumo. (1 ponto)

Diana Flávia
Renda Utilidade Renda Utilidade
10 3 10 10
20 8 20 18
30 18 30 24

a) qual o valor esperado da renda e da utilidade se a probabilidade de ocorrer 10 ou 30


for de 50% para cada evento?
Para Diana tem-se:
E (R) = 10 X 0,5 + 30 X 0,5 = 20
E (U) = 3 X 0,5 + 18 X 0,5 = 10,5
Para Flávia tem-se:
E (R) = 10 X 0,5 + 30 X 0,5 = 20
E (U) = 10 X 0,5 + 24 X 0,5 = 17
b) como você caracteriza o comportamento dessas consumidoras em relação ao risco?
Diana - Como para R = 20 a U = 8 ela é propensa ao risco.
Flávia - Como para R = 20 a U = 18, ela é aversa ao risco

Questão 6: TEORIA DOS. JOGOS (2 pontos)


Levando as mãos adiante, às apalpadelas, passou para o corredor, depois voltou-se
cautelosamente, orientando a cara na direcção em que calculava encontrar-se o outro. Como
poderei agradecer-lhe, disse, não fiz mais que o meu dever, justificou o bom samaritano, não
me agradeça, e acrescentou, Quer que o ajude a instalar-se, que lhe faça companhia
enquanto a sua mulher não chega. O zelo pareceu de repente suspeito ao cego,
evidentemente não iria deixar entrar em casa uma pessoa desconhecida que, no fim de
contas, bem poderia estar a tramar, naquele preciso momento, como haveria de reduzir, atar
e amordaçar o infeliz cego sem defesa, para depois deitar a mão ao que encontrasse de valor.
Não é preciso, não se incomode, disse, eu fico bem, e repetiu enquanto ia fechando a porta
lentamente, Não é preciso, não é preciso. SARAMAGO, J. Ensaio sobre a Cegueira. São Paulo:
Companhia das Letras, 1995 (adaptado)

O excerto acima foi extraído do livro Ensaio sobre a Cegueira, obra fictícia do escritor português José
Saramago, que descreve os horrores de uma epidemia misteriosa de cegueira. A situação descrita no
trecho acima pode ser analisada empregando-se recursos da Teoria dos Jogos. A partir da situação
descrita no fragmento de texto, que retrata um jogo do tipo sequencial, represente e avalie, através
de um jogo extensivo, as estratégias dos jogadores e as recompensas, as quais podem ser entendidas
como o nível de utilidade de cada agente, obtidas para cada conjunto de estratégias dessa situação.

Professora Claude Cohen


Microeconomia III – Universidade Federal Fluminense
Resposta

É correto apenas o que se afirma em:.


I. Há um equilíbrio perfeito em subjogos que será dado pelo par de estratégias {Aceitar,
Furtar}.
II. Essa situação demonstra que, na ausência de mecanismos (extrínsecos ou intrínsecos à
situação) que levem os agentes a assumirem compromissos, o resultado da interação
estratégica será pareto-eficiente.
III. A solução pelo método da indução reversa será equivalente ao Equilíbrio de Nash perfeito
em subjogos, o qual corresponderá a {Recusar, Não Furtar}.
IV. Ao adicionar a frase "Não temas, prometo-lhe nada subtrair" ao final do fragmento de texto
apresentado, o equilíbrio perfeito em subjogos seria dado pelo par de estratégias
{Aceitar, Não Furtar}.

Questão 7: ECONOMIA COMPORTAMENTAL (1,5 ponto)


Questão 4: (3 pontos) No capítulo de Economia Comportamental, foram apresentados alguns Jogos
econômicos: Dilema do Prisioneiro (DT), Ultimato e Bens Públicos, e levantadas algumas questões de
natureza metodológica que devem ser ponderadas pelos pesquisadores que as utilizem. Cada jogo
expõe um aspecto diferente das escolhas que as pessoas devem fazer ao interagirem dentro de
nossa sociedade. Dada a complexidade desse tipo de interação, não há um único formato que aborde
todas as questões relevantes da vida em sociedade. A seleção de qual jogo utilizar para pesquisas
comportamentais depende da pergunta especifica em que os experimentadores estejam
interessados. De maneira geral, todos os jogos expõem o fato de que as contingencias criadas, ou
seja, as regras do jogo, a estrutura de incentivos (payoffs), as possibilidades de interação entre os
jogadores etc., são determinantes de diferentes resultados. Toda escolha é resultado da interação
das pessoas com o ambiente social em que estão inseridas.
O Jogo do Ultimato tem um delineamento chamado de “soma-zero”, o que significa que são jogos
em que os participantes devem definir a distribuição de um recurso que é fixo, não se altera ao longo
do experimento. Nesses, se um jogador quiser ajudar o outro, terá́ que renunciar a parte de seus
próprios ganhos e, portanto, será́ prejudicado. Já os jogos do Dilema do Prisioneiro (DT) e Bens
Públicos, não são jogos de “soma zero”. Explique por quê.
Resposta: Porque o valor total a ser dividido se altera em função das escolhas dos jogadores. No
DT, se os dois jogadores cooperarem o valor total a ser dividido será b+b, se acusarem o valor nal
será c+c e se zerem escolhas desalinhadas será a+d. No Bens Públicos, há um fator multiplicador
que eleva o montante doado a cada rodada e, portanto, o valor total por rodada dependerá do
conjunto de decisões dos participantes. Esse formato de jogo permite a formulação de estratégias
cooperativas, nas quais é possível que todos se beneficiem sem reduzir os ganhos dos demais. Por
sua vez, formatos “soma-zero” impõem cenários necessariamente competitivos, em que cada
elevação no ganho de um jogador implica na redução do(s) ganho(s) do(s) outro(s). Não é difícil
perceber que cada delineamento produzirá padrões de escolhas diferentes nos participantes.

Professora Claude Cohen

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