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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
ECO 02277 TURMA A
TEORIA MICROECONÔMICA I
PROFS. MARCELO S. PORTUGAL
1º PROVA - 2011/02

1. Considere a seguinte função utilidade u , 2 4 , onde x e y são as


quantidades dos bens.. Denote por px o preço do bem 1, por py o preço do bem 2 e por r
a renda do consumidor.

a) Ache as demandas marshallianas. (1,5 ponto)


Resposta:
Montando o lagrangeano temos:

2 4

C.P.O:

2 4 0

2 4 0

Igualando e resolvendo as duas eq. Temos que:

Substituindo na restrição orçamentária temos:

b) Dada a função de demanda do bem x encontrada no item a, calcule a elasticidade


preço, preço-cruzado e renda. (1,5 ponto)
Resposta:
Começando pela elasticidade preço:

Então temos que:


,
Para o cálculo da elasticidade preço-cruzado temos que:
,

Por fim, a elasticidade renda:


,

c) Suponha que um consumidor desejasse manter um nível de utilidade igual a 10.


Dado que px=1,5 e py=4, qual a renda mínima necessária para que o consumidor
consiga ter esse nível de utilidade?(1,0 pontos)
Resposta:
Substituo os preços nas demandas marshalliana e temos que:

Isolando r e substituindo em uma das demandas temos que;

Sabendo que a utilidade é igual a 10, e a relação encontrada anteriormente, substituo


ambos na função utilidade, com isso temos que:
50 2 , com isso temo que y=225, substituo na relação anterior e temos que
x=400. De posse dos preços e das quantidades, basta substituir os valores na restrição
orçamentária para obter a renda, fazendo isso encontramos r=1500.

2. Em uma noite de poker Luis consome charutos (c) e whiskey (w) de acordo com a
seguinte função utilidade:

, 20 18 3 .

a) Quantos cigarros e copos de whiskey serão consumidos por Luis na noite?


Comente o resultado obtido levando em conta as peculiaridades da função de
utilidade do Luis.(Suponha que os charutos e a bebida sejam servidos pelo
cassino sem custo para os clientes) (1,0 ponto)
Resposta:
, 20 18 3

Resolvendo a maximização:
20 2 0 10

18 6 0 3

Essa função de utilidade representa preferências saciadas. Nesse tipo de cesta


temos que uma cesta é melhor do que todas as outras para o consumidor e
quanto mais próximo dela melhor ele estará. Nesse caso, as curvas de
indiferença têm inclinação negativa quando o consumidor tem “muito pouco” ou
“demais” de ambos os bens e inclinação positiva quando tem “demais” de um
dos bens. Então quando o consumidor possuir grande quantidade desses bens, o
mesmos serão males, de modo que a redução do consumo o conduzirá para mais
perto do ponto de satisfação. No caso desse exemplo, se Luis possuir mais de 10
cigarros ou 3 doses de whiskey esse produtos serão males.

b) Devido a problemas de saúde Luis foi aconselhado pelos médicos a limitar o seu
consumo de charutos e whiskey para 5. Sob essas circunstâncias quantos copos
de whiskey e charutos ele irá consumir? (1,0 ponto)

Resposta:
, 20 18 3
s.a 5

Montando o lagrangeano :

, , 20 18 3 5
20 2 0 20 2

18 6 0 18 6
Igualando as duas equações temos que:
3 1
Substituindo na restrição encontramos w=1 e c=4. Logo Luis consumirá um copo de
whiskey e quatro charutos por noite.

3. Discuta (concordando ou discordando) as afirmações abaixo.

a) Um indivíduo possui utilidade Von Neumann-Morgeenstern √ e possui


riqueza W=$100. Ele está sujeito a uma perda monetária aleatória X, com
distribuição uniforme contínua no intervalo [0,100]. Se ao indivíduo for
oferecido, ao preço G=$55, um seguro total contra essa perda aleatória, então ele
comprará o seguro. (1,0 ponto)
Resposta:
Se a probabilidade de perda do indivíduo corresponde a uma distribuição
uniforme e contínua no intervalo [0,100], então, a riqueza desse individuo após essa
perda, W-perda, terá uma distribuição de probabilidades equivalente. A densidade da
distribuição de probabilidades será dada por
caso 0 100 e 0 caso contrário. Desse modo, a utilidade
esperada de nosso consumidor será dada pelo somatório do produto da utilidade e sua
probabilidade de ocorrência. Como a distribuição é contínua:

√ 2 20
100 300 3
O equivalente seguro da situação de risco com a qual o consumidor se encontra é:
20 400
√ 44,44 …
3 9
Ao pagar $55,00 para evitar a situação de risco, o consumidor fica com uma riqueza
segura de $45,00 que é maior do que o equivalente seguro associado à situação de risco
original. Desse modo, para ele, é vantagem comprar o seguro

b) Uma função de utilidade esperada côncava significa que o indivíduo é propenso


ao risco. (1,0 ponto)
Resposta:
Se a utilidade em função da renda u(w) for côncava, o indivíduo é avesso ao
risco, ou seja, a utilidade do valor esperado da loteria (a utilidade de obter a média com
certeza) é superior à utilidade esperada da loteria (a utilidade obtida ao participar da
situação arriscada). As duas utilidades podem ser visualizadas na figura.
U

U (valor esperado)
U (loteria)

c) Considere o problema de maximização do consumidor onde só existam dois


bens, cujas demandas são denotadas por x e y. Neste caso é impossível que os
dois bens sejam inferiores. (1,0 ponto)

Resposta:
Considere a restrição orçamentária: px.x + py.y = R, onde x e y são as funções
demanda marshallianas e R a renda nominal. Diferenciando essa expressão em relação a
R resulta em:

1. Dividindo e multiplicando os termos da esquerda por x.R e y.R,


temos:

1 1. Se definirmos a elasticidade-renda da
demanda (ηi) do bem i como a variação percentual da quantidade demandada devida a
uma variação percentual na renda, a expressão acima pode ser interpretada como uma
relação entre a soma dos produtos das elasticidades-renda pela fração da renda gasta em
cada produto:

1. Essa relação é conhecida como Agregação de Engel.

Se os dois bens fosse inferiores as suas elasticidades preço-renda seriam negativas e não
valeria a Agregação de Engel.
Outra maneira de verificar isso seria observar a restrição orçamentária, se os dois bens
são inferiores, um aumento da renda reduz o consumo desses bens, dado que o preço
ficou constante não seria possível reduzir a quantidade dos dois bens e consumir toda a
renda ao mesmo tempo, logo é impossível que os dois bens sejam inferiores.
d) A taxa de preferência no tempo (ρ) é uma característica da função de escolha
intertemporal dos indivíduos. É da comparação entre essa taxa e a taxa de juros
(r) que os indivíduos escolhem os seus planos de consumo ótimo no tempo.
Quanto maior for ρ e menor r maior será o incentivo para que o indivíduo deixe
de consumir no presente e eleve o seu consumo no futuro. (1,0 ponto)

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