Você está na página 1de 24

Boletim IG. Instituto de Geociências, USP, V.

8: 31-54, 1977
GEOLOGIA DA MARGEM OCIDENTAL
DA BACIA DO PARNAfBA (ESTADO DO PARÃ)
por
KENITIRO SUGUIO
VICENTE JOSÉ FULFARO
Departamento de Paleontologia e Estratigrafia

ABSTRACf

The Parnaíba sedimentary basin western margin geology in the State of Pará, Brazil, indicates
that the present basin margin is of a tectonic origin and not its original depositional limito The
Paleozoic section bearing fme sediments are strongly faulted and is covered by an extensive Cenozoic
sedimentation probably the last period of tectonic "reactivation. To the north, parallel to the Tocan·
tins tiver, a thick Quaternary sedimentation covers all the preceding formations reaching colossal
thicknesses at the mouth of the Amazon river.

RESUMO

A geologia da margem oeste da bacia sedimentar do Parnaíba no Estado do Pará, Brasil, indica
que a presente borda da bacia é de origem tectônica e não representa, portanto, o seu limite original
de deposição. A seção paleozóica da bacia, constituída de sedimentos finos, é fortemente falhada
e recoberta por uma sedimentação cenozóica extensiva, que provavelmente representa o último
período de reativação tectônica. Para o norte, paralelamente ao rio Tocantins, a espessa sedimentação
quaternária recobre todas as formações precedentes chegando a colossais espessuras na foz do rio
Amazonas.

INTRODUÇÃO

A bacia sedimentar do Parnaíba, também nhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM),


conhecida pelos nomes de bacia do Maranhão e ao nível geral de reconhecimento. Recentemen-
do Meio Norte, possui vários trabalhos descre· te ANDRADE (1972) descreveu em detalhe a
vendo a sua estratigrafia e geologia geral, mas estratigrafia na região ao sudeste de Itacajá
pouca atenção tem sido dada a sua margem (GO), notando algumas modificações quanto à
oeste a não ser por trabalhos de campo da distribuição litológica das diversas unidades
Petrobrás SI A e, mais recentemente, Compa- estratigráficas presentes na área.

- 31 -
Nossas observações prendem-se à regIa o Longá Devoniano Superior a
abrangida pela Rodovia Transamazônica, do rio Carbonífero Inferior
Araguaia à Agrovila do Coco Chato e ao longo Cabeças Devoniano Médio a
do rio Araguaia, até a cidade de Xambioá. Ao Superior
norte, tendo como referência o rio Tocantins, Pimenteiras Devoniano Médio
estudamos uma faixa de limitada pela rodovia Embasamento Precambriano
estadual PA-70 e uma região ao longo do rio Cristalino
Tocantins, de Tucuruí até Belém, Estado do
Pará (Figura 1). O embasamento cristalino na área é do-
minado por rochas ígneas e metamórficas pre-
Os trabalhos foram desenvolvidos a~ nível cambrianas pertencentes ao Escudo do Brasil
de reconhecimento da estratigrafia ,da área, Central, intensamente dobradas e interdigita-
mapiamento geológico e verificação das estru- das. Pode ser subdividido em três unidades bá
turas tectônicas da região e suas relações com sicas: Rochas do Complexo Cristalino, Grupo
os depósitos sedimentares da bacia do Parnaíba. Araxá e Grupo Tocantins. Na área em questão,
Tanto quanto possível, foi tentada uma caracte- as unidades sedimentares da bacia do Parnaíba
rização dos depósitos do ponto de vista de encontram-se freqüentemente em contato com
sucessão litológica e também, determinação de os mitos que compõem o Grupo Tocantins.
suas propriedades granulométricas e minera-
lógicas para qual um número expressivo de
amostras foi coletado.

Os autores agradecem à Superintendência Formação Pimenteiras


de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) as
facilidades concedidas para a execução do tra- No trecho Marabá - Araguatins, ao longo
balho. da Rodovia Transamazônica, estão as melhores
exposições dessa unidade. Ocorre também,
em um bloco de falha, na rodovia PA-70 15 km
ao sul de seu cruzamento com a Rodovia Tran-
samazônica. No km 80 desta rodovia, uma
ESTRATIGRAFIA seqüência de arenitos finos, intensamente
limonitizados, intercalados com leitos de espes-
Diversas são as classificações estratigrá- suras variáveis de arenitos argilosos e siltitos
ficas apresentadas para a bacia do Parnaíba. argilosos, caracteriza essas camadas basais dos
Neste trabalho foram utilizadas as classificações depósitos devonianos da bacia do Parnaíba.
propostas por BARBOSA e outros (1966) e Apresentam por intemperismo cores arroxeadas
ANDRADE (1972). Na área estão presentes e esverdeadas e a porcentagem de níveis argilo-
as seguintes unidades estratigráficas: sos aumenta para o topo da unidade, diminuin-
do também o grau de limonitização. A limoniti-
Formação Idade zação desses arenitos é variável, indo de arenitos
limonitizados a camadas constituídas pratica-
Tucunaré Neocenozó ico mente por limonita, como se pode ver pelas
Barreiras (Araguaia) Neocenozóico colunas das figuras 2 e 3. Refletem em maior
Motuca Permiano Superior ou menor grau níveis argilosos existentes nas
Pedra de Fogo Permiano Inferior a Médio próprias camadas de arenito, pois nem sempre
Piauí Carbonífero Superior encontram-se esses leitos limonitizados em con-
Poti Carbonífero Inferior tato com uma camada argilosa.

-32-
o

(/--+--"\..----11'------..... 6°

PORTO FRA NCO

Figura 1 - Região Estudada

-33 -
Fiouro 2 : Se~ão colunor de uma seqUancio losos. Porém, os fatos sugerem um mecanismo
devoniono próximo 00 contoto com o embo- de sedimentação com variação periódica do
lamento cristolino. transporte de material ao sítio de deposição.
Loco I : Rodovia Tronsomozômco - 80 km o SE
Ocasionalmente, como no krri 80 da Rodovia
de Morabá
Transamazônica, encontram-se camadas de are-
"'etrol nitos silicificados que controlam inclusive a
C)
""4~.""""'·""'
.:.A--'
topografia local.
. ,.
A espessura da Formação Pimenteiras
Arenito Silicificodo encontrada em perfurações da Petrobrás S/A, é
Amostros 9 e 10
de 426 metros e na área a sua espessura é da
ordem de 80 metros. A esse valor deve-se
acrescentar o fato de que a Formação Cabeças,
7~~~;~
~
Arenito S'lt't
ArenTfô I I O
unidadeestratigraficamente acima, não é per-
Siltito feitamente defmível e provavelmente encontra-
Arenito Amostra 8 -se na região, sendo confundida em parte com a
própria Formação Pimenteiras.
Siltito

Arenito Amostro 7 Fiouro 3' Seção colunor de uma seQ~ncio sedimen-


Siltito tar devoniono em bloco abatido "ctonicomente
Arenito Local'Rodovio PA - 70-26km 00 IUI do cruzamen-
Siltito Argiloso to com a Rodoyia Transamaz&nlca,
orroxeodo e esverdeado
Arenito
4 __ _

Siltito Argiloso
Amostro E
Arenito Ltmonitizodo
Amostro 0-26

Arenito Amostro ~ Arenito ArOilolo


Folhelho
Arenito ArgilolO
Arenito Amoltro C-26
Arenito Amostra 4 •••1Limonito
Arenito Argiloso
Arenito Amostro 3
Arenito Argiloso Amostra 2 Siltito, Argiloso
. ....
"

o ...... . Arenito Amostra' Amostro 8 -26

o tipo de sedimentação observado para Arenito


essas camadas é o ritmico, sucedendo-se níveis Limonito
Arenito
arenosos e argilosos. Nem sempre é a litologia • • •, Limonito
perfeitamente defmível a esses dois extremos
litológicos podendo haver conjugação e níveis Arenito Amostro A-26
de arenitos argilosos sucederam-se a camadas de
siltitos arenosos ou com pequenas lentes de
arenitos em siltitos predominantemente argi-

-34-
FIGURA 4- PERFIL GEOLÓGICO ESOUEMÁTICO RETIFICADO DE TRECHO
DA RODOVIA PA-70, ONDE FOI PRESERVADO UM BLOCO ABATIDO DE
SEDIMENTOS DEVONIANOS EMBUTIDOS NO EMBASAMENTO CRISTA-
LINO

:J
Locol : Rodovia PA-70 15 km oa sul da Tronsamazônica CO"!"AS
ceTAS
(ml
(m) NE sw

F:
r- 40 ~O

[' 02O___________ ~~~~~__~____~______~~___L~~~~~~~~~~~


LR .Cota Opc __200
Escola H =I:IOO.CX>O FormoçOo Barreiros
~----~ ,
l' _ - I Areia ii1Ii,I,II:lil
, ' ; "'ll.'i Ar9"TI o (f'~~~FormacõoPimenleiras
' Formação 1Pn~ e 0/ Falho
//

o contato dos sedimentos devonianos tação excede à evaporação, sendo os produtos


com o embasamento (Grupo Tocantins) é solúveis levados para o interior do manto
observável pouco adiante do km 80 da Tran- intemperizado, pois caso contrário preci·
samazônica, onde filitos em atitude vertical são pitar-se-ía o óxido de ferro na superfície (SU-
sucedidos por arenitos limonitizados e sil- GUIO e BARBOUR, 1969).
titos argilosos arroxeados e esverdeados. A lito-
logia é em geral de granulação fina e o padrão Ainda o mesmo autor (ANDRADE, opus
rítmico é aqui também observável, o que nos cit.) admite como ambiente de deposição dos
leva a supor que a pequena espessura dessas sedimentos dessa formação, uma zona lito-
camadas devonianas na área não se deve a rânea de planície de maré. Os siltitos e folhe-
um acunhamento lateral natural em margem de lhos da Formação Cabeças, não individualizada
uma bacia de deposição, mas sim a erosão na área estudada, teriam sido depositados em
em uma borda que demonstra um caráter ambientes lagunares e os conglomerados exis-
estrutural dominante. tentes nessa formação seriam o resultado final
da ação de correntes de turbidez.
Esse caráter de borda tectônica exibido
pelos sedimentos das Formações Pimenteiras A passagem desses sedimentos para a
e Cabeças é acentuado pela exposição de sedi- unidade superior é marcada por camadas de
mentos correlacionáveis a essas unidades argilitos com pequenas lentes de arenitos e
em bloco falhado isolado das demais unidades mesmo grãos de quartzo com até 2,50 em no
sedimentares da bacia, no km 15, a partir da eixo maior dispersos na seqüência.
Rodovia Transamazônica para sul, da rodovia
PA-70, onde exibe as mesmas características
de sedimentação (Figura 4). Formação Longá

ANDRADE (1972) faz uma boa revisão É constituída por folhelhos esverdeados,
estratigráfica sobre esta formação, efetuando a bem estratificados, apresentando a estrutura do
sua divisão em vários membros. Sobre a limo- tipo flaser. Está bem exposta no km 92 da Ro-
nitização com formação de solo laterítico, dovia Transamazônica no trecho Marabá-Ara-
contendo grande quantidade de blocos de guatins.
canga, admite a sua formação em climas tro-
picais úmidos e equatoriais, onde a precipi- A Formação Longá ocorre somente na

-35 -
porção ESE da área e sua espessura é da ordem a espessura de 110 metros a 121 metros pára o
de 50 metros. A espessura máxima dessa membro inferior e de 30 a 54 metros para o
unidade na bacia, encontrada em perfurações membro superior. Na região descrita neste tra-
da Petrobrás SI A, é da ordem de 100 metros. balho, litologias correlacionáveis aos dois
membros sucedem-se em elevações de 30 me-
Segundo ANDRADE (1972) a formação tros, não sendo, portanto, possível a sua carac-
pode ser subdividida em três membros na área terização.
a sudeste de Itacajá (GO), com folhelhos e
siltitos escuros no inferior, arenito amarelo, O ambiente de deposição dos sedimentos
micáceo e bastante argiloso no médio e, no dessa formação seria marinho de alta energia,
superior folhelhos e siltitos cinza escuros pas- possivelmente praia com contribuição deltaica
sando a arenito na base da Formação Poti. (ANDRADE, 1972).
Atribui à formação ambiente deposicional ma-
rinho, redutor, porém de águas rasas.
F ormação Piauí

Formação Poti É caracterizada por lentes de calcários


esbranquiçados, mas as vé'zes cinza escuros,
É constituída por arenitos esbranquiça- intercalados por siltitos argilosos esverdeados.
dos, superficialmente avermelhados, aparente- As lentes de calcário possuem pequena espes-
mente selecionados, de granulação fina e média sura (25 cm em média), mas mostram-se bem
e com níveis conglomeráticos, onde se acham individualizadas dentro da formação. Entre os
presentes freqüentes bolas de argila (clay diversos níveis de lentes calcárias, as camadas
balls). Níveis arenosos com maior quantidade de siltito variam de espessura entre 15 a 20
de argila, com boa estratificação plano-paralela centímetros.
e estruturas do tipo flaser, sucedem os arenitos
esbranquiçados no km 101 da Transamazônica. Essa é a unidade que apresenta o maior
Os contatos entre os dois tipos de litologia número de ocorrências na área estudada. Seus
são prejudicados, em sua observação, pelo afloramentos podem ser observados nas
intenso tectonismo que afetou a área, ocasio- margens do rio Tocantins, junto a Marabá;
nando mergulhos acentuados nesses sedimen- no rio Sororó 4krn a montante de sua foz;
tos, como no krn 104 da mesma rodovia, onde no rio Itacai~nas, 25 krn a montante de Mara-
podem atingir valores de até 12.0. Há no bá; no rio Araguaia, na margem oposta a
entanto, evidências de estruturas de escavação Araguatins e em Angical; e na rodovia Transa-
e preenchimento. mazônica cerca de 110 krn a SE de Marabá.

A espessura da Formação Poti na área não Na margem do rio Itacait~nas a formação


ultrapassa 30 metros. é constituída por arenitos, siltitos calcíferos
esverdeados, siltitos avermelhados e uma
A Formação Poti pode ser dividida em delgada camada de calcário lenticular. A lente
dois membros, um inferior e outro superior. de' calcário apresenta uma espessura de 10 cen-
O membro inferior é constituído por arenitos tímetros na sua parte mais espessa e todo o
róseo-esbranquiçados, caulínicos, micáceos e conjunto exibe suave estrutura sinclinal.
geralmente friáveis. O membro superior é for-
mado por folhelhos e siltitos acinzentados, as Ao longo do rio Tocantins, 2 krn a ju-
vezes arroxeados, com intercalações de arenitos zante de Marabá, a formação é constituída
róseo-arroxeados. ANDRADE (1972) atribuiu por uma seqüência de siltitos calcíferos ave r-

-36 -
melhados e esverdeados refletindo diferentes A Formação Piauí I10de ser dividida em
~. ,}

estágios de oxidação, com inúmeras concreções dois membros, um inferior, depositado em am-
calcíferas em vários níveis dos afloramentos, biente continental e outro superior de origem
níveis esses, que chegam a atingir até 4 metros marinha (ANDRADE, 1972). O membro infe-
de espessura. As concreções calcárias apresen- rior é constituído por arenitos vermelhos, que
tam diâmetros variáveis e as maiores podem afloram na localidade de Itacaiúnas e no rio
atingir até 10 centímetros. Essa localidade é Araguaia defronte de Araguatins. O superior
conhecida pelo nome de Inflamável e a se- seria constituído por arenitos com intercalação
qüência sedimentar exposta acha-se esquemati- de camadas de folhelhos, siltitos e camadas
zada na figura 5. de sI1ex. Na região de Marabá, temos sobre os
arenitos, as camadas descritas anteriormente,
como siltitos e calcários, que não se identifi-
FiQuro!l: Seçl!o colunor de umo seqüêncio 11- cam com a litologia do membro superior,
dimentor corbonlfera no n(vel de calc6rio, ..po-
radicamente e~plorado. do Formação Piauí descrita por ANDRADE (1972). A presença
Local: Inflamóvel (Morgem esquerdo do rio TOCa0- de calcários nessa formação é acusada por
tini I pr6ximo à Marabd I
Melro. MESSNER e WOOLDRlDGE (1966, in AN-
!5
DRADE, 1972) e por BARBOSA e outros
Siltito E5verdeodo (1966).

Calcórlo A espessura da formação na área é da


ordem de 30 metros e está freqüentemente
Siltito Esverdeado coberta por sedimentos da Formação Barrei-
ras nas margens dos rios. A descontinuidade
de seus afloramentos pode ser tanto devida a
2
Siltito Roxo tectonismo semelhante ao anteriormente des-
crito, que resguardou o bloco de sedimentos
I - -- - -
devonianos na PA-70 , como em virtude do
Amostro Inflamavel 3 e " recobrimento dos sedimentos mais novos.
fj-g-~-
~-~ {Calcário Intercalado com Siltito Parece não haver dúvida, no entanto, que as
f, Roxo e níveis silicificadol
O Rio Tocantins exposições dessa formação na região de Marabá
não possuem continuidade geográfica com as
Um suave anticlinal é a estrutura local, exposições dessa mesma unidade que ocorrem
com as camadas apresentando um mergulho na Rodovia Transamazônica e ao longo do rio
do 9.0 SW no flanco W. A camada mais es- Araguaia. Novamente, aqui, manifesta-se um
pessa de calcário, nesse local, é de 80 centí- severo tectonismo comum em bordas de ba-
metros. cias intracratônicas.

Ainda nas margens do Tocantins, no A litologia geral da Formação Piauí, na


mesmo trecho, encontramos na sua margem área em estudo , demonstra que condições fa-
direita outra exposição em local conhecido voráveis à precipitação de calcário, embora
pelo nome de Salame. A seqüência encontra-se tenham existido, não chegaram a se manifestar
for~emente alterada e o nível principal de de forma a predominar no ambiente de sedi-
calcário está encoberto pelas águas do rio, mentação. Prova maior desse fato são as inúme-
mesmo em épocas de águas relativamente ras concreções calcárias distribuídas em di-
baixas. Nessa localidade encontramos alguns versos níveis da formação. As causas desse
fósseis de braquiópodes da famI1ia Produ c- fato podem ser variáveis tais como, falta de
tácea. suprimento de material calcífero ou então,

-37 -
condições inadequadas a sua precipitação. (Pleurotomaria), no entanto, sugerem um
Somente um estudo detalhado do ambiente de ambiente de mar remanescente.
sedimentação dessa formação nos forneceria A litologia da Formação Motuca por toda
essa resposta. ,O fato é que não se devem esperar a bacia é constituída por arenitos, folhelhos
possantes camadas de calcários dessa formação vennelhos, anidritas e calcários. As anidritas
na região. da base podem ter entre 3 a 20 metros de es-
pessura e não ocorrem na região estudada.

F ormação Pedra de Fogo


Formação Barreiras
É constituída por folhelhos arroxeados
com níveis 'de sI1ex intercalados. Expõem-se Sedimentos pouco ou nada consolidados
esses sedimentos entre os km 111 e 120 da Ro- constituídos por argila de coloração variada,
dovia Transamazônica a SE de Marabá. A sua associada a camadas arenosas e níveis sílticos
espessura máxima na bacia do Parnaíba é de ou conglomeráticos. Essa litologia cobre a
189 metros, mas na região estudada não ultra- maior parte da área norte e nordeste da região
passa 50 metros. estudada. Essas seqüências sedimentares podem
se apresentar como areias semi-consolidadas,
A silicificação dos sedimentos da For- feldspáticas, conglomeráticas e com estratifi-
mação Pedra de Fogo é epigenética, tendo cações cruzadas. Leitos de argilitos esverdeados
ANDRADE (1972) proposto o mesmo meca- estão intercalados na seqüência e são freqüen-
nismo que LANDIM (1970) usou para explicar temente capeados por depósitos limoníticos
idêntico processo no Grupo Passa Dois da ou camadas de cascalhos com seixos de sÍ-
bacia sedimentar do Paraná. A maior parte da lex (Figura 6).
formação é tida como continental e de mar
remanescente. ANDRADE (1972) sugere am- Essas camadas recobrem, freqüentemente,
biente marinho para toda a formação , apesar os depósitos sedimentares mais antigos e ao
da ausência de fósseis marinhos, por causa da norte da margem direita do rio Tocantins,
constância litológica de suas camadas basais formam tabuleiros que se destacam no relevo.
por toda a bacia. Ao longo do próprio rio Tocantins e de seus
afluentes, como o rio Itacaiúnas, as camadas
terciárias recobrem as rochas mais antigas e
estão em contato direto com os aluviões qua-
Formação Motuca ternários dos rios. De Marabá em direção a
Tucuruí essa extensa deposição terciária afiora
É constituída por arenitos avermelhados até as imediações de Agrovila de Coco Chato ,
com estratificação cruzada. Com espessura má- quando entra em contato com filitos pertencen-
xima de 300 metros no centro da bacia, na re- tes ao embasamento cristalino.
gião não ultrapassa o valor de 20 metros.
As camadas encontram-se freqüent emente
MESSNER e WOOLDRIDGE (in MEN- falhadas (figuras 7, 8 e 9), onde os planos de
DES e PETRI, 1971) acusam uma espessura de falhas apresentam pequenos rejeitos, parecendo
265 metros para esta formação, cujos sedimen- tratar-se de falhas sinsedimentares.
tos teriam sido depositados em ambiente con-
tinental e condições de aridez mais acentua- BARBOSA e outros (1966) denominam
das do que a Formação Pedra de Fogo. Alguns esse conjunto litológico de Formação Araguaia.
depósitos de evaporitos (anidrita) e fósseis AGUIAR (1971) menciona estudos da

- 38 -
FIGURA 6 (ESQUEMA 24) - SEQÜÊNCIA SEDIMENTAR ALTERNADA DE AREIAS 'E ARGILAS
DA FORMAÇÃO BARREIRAS MOSTRANDO CONTATOS EROSIVOS.
COTAS COTAS
(m) Local : RodcHio TronsomoZÔl'lico- 23,3 km NW de MorolxÍ (m)

10 10
sw NE
8 8

6 6

2 2
.Ni ve I do EstrodG O
Exala 1:100 f'ormoçiío Ba rrwiros
" A

t , . . .. JAreio · § ª ----......

Arqílito C3:J ~~ de

Petrobrás S/A segundo os quais a Formação ocorrência, Apresenta todas as características


Pirabas é uma variação de fácies da Formação da Formação Gurarapes do Grupo Barreiras
Barreiras. SCHALLER e outros (1971), ao segundo CAMPOS e outros (1971).
descreverem a estratigrafia preliminar da bacia
sedimentar da foz do Amazonas (Bacia do Ma- o tamanho da área de afloramentos
rajó) , mostram uma nítida variação de fácies correlacionáveis a essa seqüência nos leva a
nos sedimentos miocênicos, correlacionáveis às supor que o conhecimento de sua mecánica
Formações Barreiras e Pirabas (denominadas, de deposição, que marca um dado instante da
respectivamente, Marajó e Amapá). evolução geológica do Brasil, será indispensável
para um melhor conhecimento das reativações
Na região estudada os sedimentos da For- mais recentes das antigas linhas de falhamento,
mação Barreiras indicam deposição em meio presentes nas rochas de idade precambriana.
aquoso e possuem um aspecto geral em tudo
semelhante aos depósitos da mesma formaçlro De Tucuruí para o norte, ao longo do
descritos para outros pontos do território rio Tocantins, aflora a Formação Barreiras
nacional, desde que é grande a sua área de desde a cidade mencionada até Cametá, quando

fiGURA 7 (ESQUEMA
_
31) - ALTERNÂNCIA AREIA-ARGILA
. ,
COM FALHA t
NA FORMAÇAO BARREIRAS, MOSTRANDO TAMBEM CONTATO EROSIVO
ENTRE OS BLOCOS FALHADOS E A SEQÜÊNCIA SUPERIOR.
COTAS
(m) COTAS
Local Rodovia Tronsamazônica- 11,9 km a NW de MarobÓ (m 1
10
sw tO
NE
8 B
6
6
4

Escala H=I:IOO Fonnacao Borreiros

'[ ::?>:\J~ ~~~,ito }?!Falha

-39-
AGURA 8 (ESQUEMA 33)- PEQUENO BLOCO ABATIOO DE SE-
QÜÊNCIA SEDIMENTAR DA FORMAÇÃO BARREIRAS COM ESTRU-
TURA DE ESCAVAÇÃO E PREENCHIMENTO POR CONGLOMERA-
DO LlMONíTICO SINGENÉTICO
COTAS COTAS
(m) local: ROÓ:>vio Tronsomazooca Próximo 00 local da figura 7 (m)
10 NE SW 10

~: ......: .. ~
~O()()()()OOC ZWx 8
8 : ••••

6 0': • . .. ..•. ;...;.::~ 6


4
------~ f.~-~--=---=-= 4
~ a::: ' - _"

\
=---=---.=--_~--:-=- --=--=--=---=-=
I, =--=-
2 ~-- - 2
O
~~----==~~rveldo Estrodo O
Formaçõo Bof"reiros Escala H =I: 100
/~------------/\ ,
L:-L ~'-'.=J<l Areto ~~ ArQilito
' ---,,

f:•• : ::.::
......•• Conglomerado
~
limonítico ffFaIha

entra em contato com os aluviões quaterná· , dessa unidade (aproximadamente de Baião


rios que cobrem a vasta área norte até a baía para o norte).
do Marajó.
Chama atenção o baixo grau de consoli-
dação dessas areias. Suas espessuras aumentam
Depósitos Aluvionares do médio Tocantins para a sua foz, indo de 20
metros para 700 metros.
Em vários locais ao longo dos rios Ara-
guaia e Tocantins, observam-se extensas várzeas Ao longo do rio Tocantins esses aluviões
cujo substrato é constituído de areias amarela- quaternários constituem o material das ilhas
das, quartzosas, sub angulares, de granulação fluviais. De Cametá para o norte, até a baía
média e grossa, seleção moderada, contendo de Marajó, esses sedimentos formam todas as
restos vegetais carbonizados. O termo Tucunaré exposições da área, inclusive o substrato da
é restrito às áreas de afloramentos contínuos cidade de Belém.

FIGURA 9 (ESQUEMA 46 ) - CAIIIAMS ARGILOSAS EXI_DO


PEQUENA FALHA SEDIMENTAR
Locol : RoOcwio T...........C1ZÔftico -7.3 11m NW de "aFObcÍ
5. ME:
2,40 2,",0·

2,00 zpo
1,60 1,10

1,20 l,zo
0,80 0,-0

0.,.0

IXJ
forMa çoo ..... .,0.
,r----~

LJ- W.M~

-40-
GEOLOGIA ESTRUTURAL var o plano de falha, esse é inferível pela
situação geológica regional.
A seqüência sedimentar paleozóica encon-
tra-se falhada em vários pontos da Rodovia Na Rodovia PA-70, ao sul da Rodovia
Transamazônica (Figura 10), apresentando essas Transamazônica, os mitos do embasamento
falhas direções predominantes N-S, e que parece cristalino entram em contato de falha, no km
representar reativações de estruturas mais an- 15, com camadas devonianas, aí resguardadas
tigas dos Grupos Araxá e Tocantins. Na região da erosão por um bloco de falha rebaixado.
de Marabá, falhas de direção NE parecem ser As camadas devonianas expõem-se por cerca de
as responsáveis pelo encaixamento dos sedimen- 2,5 km (Fig. 4), quando são recobertas por
tos. sedimentos recentes provavelmente no outro
flanco de falha, desde que os mitos do embasa-
Em um perm geológico levantado ao mento tornam a aflorar 7,5 km mais adiante.
longo da Rodovia Transamazônica (Fig. 10),
entre a Agrovila de Coco Chato e o rio Ara- A sedimentação de granulação fina das
guaia, pode-se observar o profundo encaixa- camadas paleozóicas, e a sua preservação na
mento tectônico das seqüências sedimentares área em blocos de falha rebaixados, sugerem
paleozóicas, que se apresentam próximas a que a margem ocidental da atual bacia estru-
esses falhamentos, bastante perturbadas. No km tural do Parnaíba é uma margem tectônica e
85 da mesma rodovia, as seqüências basais das não deposicional. A área da antiga bacia sedi-
camadas devonianas entram em contato de fa- mentar do Parnaíba deveria estender-se além
lha com mitos de embasamento, com perturba- do limite, marcado pelo bloco de falha devo-
çãO das camadas sedimentares devonianas, niano aflorante ao longo da rodovia PA-70.
apresentando mergulhos de até 11.0 . Blocos de Mesmo que as características gerais da sedi-
falhamento antitético, ocasionando zonas com mentação da bacia do Parnaíba indicassem uma
mergulho diverso do regional, podem ser deposição em bacia intracratônica rasa ou
observados no km 88, ainda nas camadas de- ambiente de platafonna, como descrito por vá-
vonianas. rios autores para certas sequencias da
sedimentação carbonífera (in BARBOSA e ou-
No km 103, da mesma rodovia, os folhe- tros, 1966), faltam as fácies de sedimentação
lhos da Fonnação Longá (Devoniano) apresen- mais enérgica mesmo em tais tipos de ambien-
tam-se em contato de falha com os arenitos te, comuns nas margens de bacias deposicio-
carboníferos da Formação Poti. As camadas da nais.
Fonnação Poti apresentam, também, valores
de ângulos de mergulhos exagerados, como Os sedimentos neocenozóicos da área
12. 0 SW. encontram-se sempre associados a linhas de
falhas, grosso modo acompanhando as linhas
Próximo ao plano de falha encontra-se de drenagem da região, e sua maior área de
um dique de diabásio com 500 metros de es- deposição está sempre a montante das falhas.
pessura, com direção NW. Parece um mecanismo de barragemdesses
cursos d'água por reativações dessas linhas de
De Marabá para Tucuruí, ainda ao longo falha com conseqüente assoreamento a mon-
da Rodovia Transamazônica, como já descrito, tante, mecanismo esse já descrito para outros
uma extensa deposição terciária recobre os depósitos do mesmo tipo aflorando no sul do
sedimentos mais antigos, entrando diretamente país (FÚLFARO e SUGUIO, 1968; LANDIM
em contato com os mitos de embasamento e FÚLFARO, 1971 e SUGUIO e outros,
cristalino (Fig. 10). Embora não se possa obser- 1971). Essas fonnações terciárias estão assim,

-41-
r ~_M~_A"'C no....,.

~:,J ij 110
~ 'o
lOO ~8 IDO

.,
.a =:::.:.:.:
. .. ::i:~::'~';'~~::~~~""::';:><;':'>:':~~~;:'-:2~:5':i::; :~:'':';:':~ i': '.:'~ :;=.:.:~:.':.,..:. ,.. . UlCOf"AOPO •
t..
0-----'

li» --..
no ~~I 2.,

~\\\1t !\1 W\\\""il\\I\\:,\\!k\


i\l1\\\\II\\\\\\\\\\\\\\I\ú\\\\\\\\\\i\\\\\\\1 ..,
.+:-
N
I

- .,
lO Ut.c:.a . . .

.........JaA • •
..-
mtclÁRlO h :hi~,J __
r~ ~~. FIGURA 10- PERFIL GEOLÓGIco ESQUEIIÁ-
CRETÁCEO rn=J ~ TICO RETIFICADO MOSTRANDO RELAc;OEs
~~ ~~ ESTRATIGRÁFICO-ESTRUTURAIS DA BORDA
(~-çõo­ OCIDENTAl DA SACIA DO PIlRNAÍ8A
I'f:_oj
locol - Rodo.ia Tro_azónico ..... a
l~--"'''''- AQrollila do Coco Chalo e Aro glGAltS (rio
Aaagiooia)
r: :j ~--.f ~ -..,õo ......

lE='::=3=l -..--
o t Z ~ _
OEYONolNO F'::::-] ~_ taIOO.OOO
r-~- -~
"'0-1 _ _ TO
{1IIIlIlIlllII
== . .
em.o eEAl.A _,.TAL. _~ __
C'IIISTALfMO ~ GnIMto

t~ ~.cea_ 50j
" -
intimamente ligadas a esses processos de rea- diâmetro médio x curto se. Além disso, os
tivação tectônica. pontos correspondentes a diferentes unidades
estratigráficas foram distinguidos por símbo·
los di~ersos. Nas três figuras (Fig. 11, 12 e 13),
CARACTERÍSTICAS SEDIMENTO LÓGICAS assim obtidas, pode ser observada a granulome-
tria bastante fma dos materiais analisados,
pois em nenhuma das amostras analisadas o
Generalidades diâmetro médio foi superior a areia fma (2 a
3~, isto é 0,250 a 0,125 mm) e as granulações
o relativo conhecimento limitado da mais fmas atingiram até silte muito fmo e argila.
geologia da margem ocidental da bacia do
Parnaíba levou os autores deste trabalho a Nas figuras 11, 12 e 13 têm-se os gráficos
desenvolverem um trabalho de amostragem para mostrando as relações entre a granulação (diâ-
estudos sedimentológicos. Essas amostras, após metro médio) e grau de seleção (desvio padrão),
vários processamentos de laboratório, serviram entre granulação e assimetria e entre granulação
para melhor caracterizar a geologia das forma- e curto se, respectivamente, de amostras de
ções presentes na área. Com essa fmalidade sedimentos da área do projeto.
foram efetuadas análises granulométricas e de
minerais pesados das amostras.
Formações Pimenteiras e Cabeças
Amostragem (Devoniano)

As amostras aqui coletadas provém de As amostras dessas formações exibiram


estações de observação estabelecidas duran- graus de seleção variando desde pobremente se-
te o levantamento de dois perfis geológicos lecionados (1,0 a 2,0) até muito pobremente
(ao longo da Rodovia Transamazônica e ao selecionados (2,0 a 4,0). Portanto, a disper-
longo da Rodovia PA-70), três seções colunares são dos valores foi bastante grande e indicaram,
(km 80 da Rodovia Transamazônica, km 15 em geral, materiais de seleção pobre.
da PA-70 e na localidade de Inflamável). Veja
as localizações desses perfis geológicos e das Todas as amostras, com exceção de uma,
seções colunares no mapa índice anexo (fi- indicaram assimetria muito positiva, o que de-
gura 1). Um outro grupo de amostras provém nota espalhamento para o lado dos diâmetros
de areias de praias fluviais, coletadas entre maisfmos.
Itupiranga e Tucuruí, para caracterização
de suas composições mineralógicas nas suas fra- As amostras dessas unidades exibiram
ções de areia fina e muito fina. curvas muito platicúrticas (K(J menor que
0,67) até extremamente leptocúrticas (K(;
maior que 3,00), fato esse que é também
Resultados da Granulometria reflexo do grau de seleção.

Os parâmetros utilizados foram os de


FOLK e WARD (1957) e para uma melhor Formação Poti (Carbonífero)
visualização dos resultados encontrados prefe-
riu-se a representação gráfica ao invés de ta- Os pontos das amostras correspondentes
belas. Foi assim que os parâmetros foram lan- à Formação Poti também abrangeram áreas
çados em gráficos do tipo: diâmetro médio x desde pobremente selecionadas até muito po-
desvio padrão, diâmetro médio x assimetria e bremente selecionadas, diferindo muito pouco

-43-
FIGURA II : GRÁFICO MOSTRANDO RELACOES
ENTRE A GRANULACÃO (DIÂMETRO MÉDIO) E
GRAU DE SELECÃO (DESVIO PADRÃO) DE A-
MOSTRAS DE SEDIMENTOS.
Mz
(DiOmetro médio)
Escala ~
+9

031C
+8
Ol5A

OB26
... 1

.+ 6
0260 OPAI5C

... 15 C26[ÇlPAI5B
l.LI~ PAI5AD 136A 0 1358 15Bc924C
~C/)
...Jo A26CJO 0-110B 31BO 024A
I36B~ Ol35A
inffi OIlOA
+4 013~
<1: 0 <1: 046B 031A 037A
w!:z ~123A 46AO 37BO OPOCO DO MANO
a:::>- I08BcP I08A
<l:2:u.
+3 87A. '22B ~ 92BOt~;~
~<I: 122C~~A PA20A
~91B
l.LIz
a:- 97B. PA20B
<l:u.
+ 2 97C ~97A 91A. .91C

+ I+-----~----,------r----_r----~----~----~----~
0,5 IP 1,5 2,0 2,5 3,0 3,15 4,0 fi
1_ a- H,..I - c__J..-pobr~mente_I""'''f--_ _ muito pobremente _ _ _ _ 1 (Desvio '
selecionado ..lecionado
0= muito bem selecionado
b= bem selecionada
C:II moderadamente selecionada

() Areias de aluviÕes Antigos (Idade Quatern6ria)

• Formaçêlo Barreiras Retrabalhada (Idade Pós-Terciórla)

O Formaçõ<> Barreiras • Formaçêlo Araguaia (Idade Tercldria)


O Formaçl5o Motuca (Idade Permicina)
~ Formaçllo Potl (Idade Carbonrfera)
O ~o,moçõe. Pimenteira. e CabefP' (Idade Oevonlana)

-44 -
FIGURA 12: GRÁFICO MOSTRANDO RELAÇOES
....
ENTRE A GRANULACAO (DIAMETRO MEDIO) E
'
ASSIMETRIA DE AMOSTRAS DE SEDIMENTOS.
Mz
(Dl6metro médio)
Escala IÍ
+9

031C
+8
I!5A

0826
+7

+6

PAI!5CO 0026
PAI!5BO OC26
+5
1580 024C 135~ OPAISA
024.\ 0318 136AO II0BdjA26
136BO 135AOÓI23B
+4 31AO °llOA
37AO Ch 135C
37 B0 469'--'() ÓI23A
10SBO gS.?6A
+3 878. 92Bthl22B
.87A 122 AÓ ÓI22C PA20~
PA20B()C) .9~B2A
97AI97B • • 9IA
+2 97C 91C

+1 ~------~------r-------r------.------~-------.------~------~
-0,50 o 0,50 1,00 I,~
-4- a~l-b -..1_ c-I-d-..I- assimetria muito positivo_I

a = assimetria muito ne(Jativa SK,


b" assimetria negativa
c = aproximadamente simétrica ( Assimetria)
d= assimetria positivo

o Areias de AluviOes Anti90s (Idade Quaternória)


O Formaçõo Barreiras Retrabalhada (I dade Pós - Terciória)
O Formaç& Barreiras" Formação Ara(Juaia (Idade Tercidria)
O Formaçllo Motuca (Idada Permiana)
t::. Formaçõo Poti (I dade CarbonIfera)
O Formoçoh Pimenteiras I Cobiça •. (Idadl Oevoniana)

-45 -
FIGURA 13: GRÁFICO MOSTRANDO RELAçols
ENTRE A GRANULAÇÃO (DIÂMETRO MÉDIO) E
CURTOSE DE AMOSTRAS DE SEDIMENTOS.
Mz
(Dic5metro médio)
Escola _
+9

031C
+8
OI~A

0826
+7

+6
PAI5C
PAI~ 0021
+5 24c>P C26
15BC:LOPAISA A26 . O13e1
CP O O Ol36A
1108 136S0 013~ àl23B
37A OIlOA
+4
<Õ31A 0 468 O135C
0378 046A àlUA
I08AO 01088
+3 IZ2Bà àl2lA
.e7A
97B4!.9"'1
+ 2 97C_ ,~

+ I 4-------r-----~------~------~------~------ ----~
O I 234 ~ & 1
__
I--a--rb+c,..d-.j_.--.. . . I---.xtr.mament. l.ptocLlrtlco
a:: muito platicúrtica Ko
b =platicúrtica (Curto ..)
c:: mesocúrtica
d= leptocúrtica
,= muito leptocúrtico

() Areias de Aluviais Antioos (Idade Quaternório)


• Formaç1io Barr.iras Retrabalhada (ldad. Pós -Terciária)
O Formação Barreiras a Formaçao Araguaia (Idad. Tercidrla)

O Formaçoo Motuca (ldad. P.rrniona)

A Formaçao Poti (Idad. Carboníf.ro)

O Formações Pim.nt.lras e COb.ças (Idade O.voniana)

-46-
na amplitude de distribuição dos valores desses "Formação Barreiras" retrabalhada
parâmetros em relação ãs formações anteriores.
Essa unidade corresponde a sedimentos
Quanto aos graus de assimetria todas as aparentemente associados a tectônica regional
amostras indicaram assimetria muito positiva. que retrabalhou os sedimentos da Formação
Barreiras, sendo anteriores aos aluviões qua-
A Formação Poti indicou somente amos- ternários.
tras com distribuições granulométricas extrema-
mente leptocúrticas (K(; maior que 3,00). As amostras desses sedimentos indica-
ram graus de seleção bem melhores que a For-
mação Barreiras, pois os seus pontos localiza-
Formação Motuca (permiano) ram-se entre as classes moderadamente selecio-
nada (0,50 e 1,00) a pobremente selecionada
As amostras da Formação Motuca mos- (1,0 a 2,0).
traram a presença de somente amostras de
sedimentos muito pobremente selecionados O espalhamento dos valores de assimetria
(2,0 a 4,0). para esses sedimentos, embora menor que da
Formação Barreiras, é ainda maior que de
Todas as amostras exibiram distribuição outras unidades e abrange desde aproximada-
granulométrica de assimetria muito positiva, mente simétrica (-0,10 a + 0,10) até assimetria
portanto, com maior espalhamento dos se- muito positiva (O ,50 a 1,00).
dimentos mais finos.
Os valores de curtose dessa unidade apre-
A curtose indicou amostras do tipo sentaram-se muito dispersos que a Formação
muito leptocúrtico (1,50 a 3,00). Barreiras, propriamente dita, e variaram desde
platicúrtica (0,67 a 0,90) até extremamente
leptocúrtica (maior que 3,00).
Formação Barreiras (Neocenozóico)

A Formação Barreiras apresentou amos- Areias de aluviões antigos


tras nas classes pobremente selecionada e muito (Quaternário)
pobremente selecionada, mas com maior am-
plitude que todas as outras unidades analisadas. Essas distinguem-se da Formação Bar-
reiras retrabalhada pela coesão relativa da
segunda, enquanto que os aluviões antigos
Os sedimentos da Formação Barreiras são areias completamente soltas. Provavelmente
exibiram também características diferentes essas são também derivadas da Formação
também no que diz respeito ã assimetria, pois Barreiras e em parte da Formação Barreiras
apresentaram desde amostras com assimetria retrabalhada.
muito negativa (- 0,50 a- 0,30) até sedimentos
de assimetria muito positiva (0,50 a 2,00).
Essas areias indicaram graus de seleção
Quanto aos valores de curtose e dispersão bem melhores do que da Formação Barreiras.
dos valores das amostras da Formação Barreiras
foi pequena e todas localizaram-se entre amos- A grande maioria das amostras analisadas
tras muito platicúrticas (K(; menor que 0,67) acusou assimetria muito positiva, isto é, as
até leptocúrticas (1,11 a 1,50). distribuições possuem uma cauda para os

-47 -
materiais mais finos, sendo portanto pior dente ao grupo, acusou energia relativamente
selecionados desse lado. alta, da mesma ordem de grandeza de sedimen-
tos praiais, embora a sua viscosidade seja mais
Quanto à curto se essas areias acusaram alta do que os depósitos de praias.
distribuições granulométricas extremamente
leptocúrticas.
Grupo 11:

Método de SAHU Quatro amostras do Devoniano (For-


mações Pimenteiras - Cabeças), coletadas na
o método de tratamento estatístico Rodovia Transamazônica, formam O grupo 11.
desenvolvido por SAHU, (1964) mostra muito O ponto deste conjunto situou-se em ambiente
bem as diferenças de energia e viscosidade e marinho raso, relativamente próximo do se-
as relações com os ambientes de deposição das dimentos praiais.
formações sedimentares na borda ocidental
da bacia do Parnaíba.
Grupo III:
Foram combinados nesse método os parâ-
metros Mz, crI e KG de FOLK E WARD Da Formação Poti foram consideradas 5
(opus cit.), organizando-se um gráfico em- amostras que formam o grupo III. O ponto
pírico, onde estão dispostas linhas de demarca- deste grupo indicou também ambiente mari-
ção entre os diversos ambientes de sedimenta- nho raso com características semelhantes às
ção com indicações dos sentidos de decréscimo F ormações Pimenteiras - Cabeças.
de energia e de fluidez do meio.

Cada grupo, correspondente a um conjun- GrupoN:


to de no mínimo duas amostras, foi obtido
colocando-se os valores de A Formação Motuca, aqui representada
por 5 amostras, constitui o grupo IV, cujo pon-
to sugere ambiente nitidamente fluvial e carac-
&' I
contra x s «}' 2 )
I
em terísticas energéticas e de viscosidade próximas
às da Formação Barreiras.

papel bilogaritrnico, com o primeiro valor em


ordenada e o segundo em abcissa. Para maiores Grupo V:
detalhes veja o autor (SAHU, opus cit.).
O grupo V, que representa amostras das
Na figura 14 podem ser vistas as repre- Formações Pimenteiras - Cabeças do km 15
sentações de amostras das principais unidades da PA-70, ao sul da Rodovia Transamazônica,
sedimentares da área de estudo. indicou também ambiente marinho raso, mas o
seu ponto ficou algo afastado do grupo 11.
Grupo I:

Esse grupo, constituído por 10 amostras Grupo VI:


provenientes da Formação Barreiras, indicou
um ambiente nitidamente fluvial. Como sedi- Os aluviões antigos (Quaternário) são re-
mentos de ambiente fluvial, o ponto correspon- presentados por 2 amostras de areias que for-

-48-
10,0 FIGURA 14 : GRÁFICO DE RELAÇOES E N T R E - - - - - - - - - . . . . . . . : . . . . - - - - - - - - - - - - - - - - - 1

U S(KG) . S ((f" 2 ) SEGUNDO SAHU (1964)


1
7,0
.V!fir- X S(Mz)
MOSTRANDO DIFERENÇAS DE ENERGIA E VIS-
5,0 COSIDADE E SUAS RELAÇOES COM OS AMBI-
4,0 ENTES DE DEPOSIçÃO.

3,0

iU R6 \DE.L
2,Oi R

011
fLU'J\AL
I
.j:>. I.o~
\O 9,0 NOI
i E.
I 0,8 A M 6 \ E.
0,7 ... OIV
0,6 MARINHO RASO
0,5 011
1=Formação Barreiras
o 11 Pimenteiras - cabeças
0,41 E.ÓUco = Formação
111 = Formação Poti
0,3
~ IV = Formacão Motuca
OV
I V = Formação Pimenteiros-Cabeços (PA 70)
0,2
VI = Aluviões Antigos
I . VII = Sedimentos da Estrada de MOsq.Jeiro (PA)
S( KG ) . S(o'2) _~ VIII = Formação Barreiras (Retrabaihada)
S(M z) !
1,0
0,01 0,02 0.03 0,04 OP5 0,07 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,7 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 7,0 10,0
mam o grupo VI. o ponto que corresponde a mais recente mostraram-se mais ricos, tanto em
este grupo localizou-se na faixa de ambiente quantidade como em variedades de espécies
fluviaL mineralógicas.
Grupo VII:
Outro fato muito interessante é que, en-
Sabe-se que sedimentos ao norte de quanto as formações paleozóicas apresentam
Cametá, acompanhando o rio Tocantins, são somente espécies estáveis os sedimentos atuais
formados de depósitos arenosos quaternários. dos rios da região são ricos em minerais como
a hornblenda e clorita.
o grupo VII, constituído de 3 amostras
coletadas na estrada de Mosqueiro, ao norte de
Belém, parece refletir as mesmas característi-
cas de toda a sedimentação quaternária ao nor- Areias de praias do rio Tocantins
te daquela cidade (Cametá).
Esses sedimentos foram os que se mostra-
o ponto que representa esse grupo si- ram mais ricos em minerais pesados transparen-
tuou-se na faixa de sedimentos fluviais, mos- tes. Das 24 amostras coletadas, em 22 amostras
trando muito bem origem fluvial e não marinha do intervalo granulométrico mais grosseiro
dos sedimentos quaternários da região de Be- (0,250 a 0,125 mm) e 23 amostras na classe
lém. mais fina (0,125 a 0,062 mm) puderam ser
Grupo VIII: feitas contagens.

o grupo VIII foi constituído de 10 amos- Nessas amostras estiveram presentes 12


tras da Formação Barreiras (retrabalhada). Infe- espécies mineralógicas, incluindo-se os opacos
lizmente o ponto correspondente a esse grupo como uma espécie. Os minerais pesados presen-
não ficou claramente definido no gráfico, tes em praticamente todas as amostras nos dois
situando-se entre os ambientes fluvial, praial e intervalos granulométricos são os opacos,
marinho raso, o que pode ser reflexo de seu zircão, turmalina e estaurolita. Em segundo
estado real de transição, quanto as caracterís- lugar, como minerais bastante freqüentes nas
ticas granulométricas e ambientes deposicio- amostras surge o grupo formado por horn-
nais. blenda, cianita e sillimanita. Depois tem-se o
Infelizmente os sedimentos da Formação grupo de rutilo e c1orita. Como minerais que
Piauí, também existentes na área, não apresen- aparecem em somente poucas amostras tem-se
taram sedimentos arenosos mas sim siltitos, ar- a granada, epídoto e monazita.
gilitos e calcários e estes são impróprios para
esse tipo de estudo. No entanto, os resultados
de análises granulo métricas de outras amostras
As medidas de composição das 24 amos-
indicaram ambientes característicos e clara-
tras examinadas indicam que para essas amos-
mente definidos, que coincidem, de modo geral,
tras tem-se na classe mais grosseira a seguinte
com os ambientes definidos por autores pré-
ordem decrescente de freqüência: opacos,
vios, baseados em técnicas completamente
diferentes. estaurolita, zircão, clorita, cianita, hornblenda,
sillimanita, rutilo, monazita, epídoto e granada.
Enquanto isso, para a fração mais fina tem-se
Análise de minerais pesados a seqüência: opacos, zircão, turmalina, estau-
rolita, hornblenda, cianita, sillimanita, rutilo,
De modo geral os sedimentos de idade monazita, epídoto e granada.

- 50-
Sedimentos arenosos da Formação Barreiras Areias de aluviões antigos (Quaternário)

Para esses sedimentos 11 amostras foram Essas areias não precisam possuir conexão
examinadas, mas infelizmente pelo menos 5 direta com a Formação Barreiras, o que aconte-
delas apresentaram poucos grãos ou freqüên- ce com os sedimentos acima descritos, que de-
cia excessiva de opacos ou apenas grãos de Vem ser resultantes dos retrabalhamentos da
quartzo com cobertura ferruginosa. Formação Barreiras. Além disso, as areias de
aluviões antigos estão desvinculados e algo
As 6 amostras que foram submetidas a afastados dos vales atuais dos rios.
contagem indicaram que pequena é a quanti-
dade de minerais pesados, assim como, poucas Desses sedimentos foram examinados 3
são as suas variedades. amostras da Rodovia Transamazônica e 2
amostras da Rodovia PA-70.

Aqui também zircão, turmalina e estauro- Os resultados indicaram poucas varieda-


lita aparecem em praticamente todas as amos- des mineralógicas e pequena quantidade de pe-
tras, enquanto que a cianita, sillim~mità, rutilo sados, fato que distingue dos aluviões atuais do
e clorita são bem menos freqüentes. Os mine- rio Tocantins.
rais opacos foram determinados em apenas duas
amostras.
Os minerais mais freqüentes nas duas fra-
ções granulométricis são a turmalina, estauro-
No intervalo mais grosseiro tem-se a se-
lita e zircão e rutilo, sillimanita, cianita, e clo-
guinte freqüência, em ordem decrescente, de
rita em algumas amostras.
minerais pesados transparentes: turmalina, zir-
cão, estaurolita, sillimanita, cianita, clorita
As médias indicaram a seqüência de-
e rutilo. Enquanto isso, no intervalo mais fmo
crescente constituída de zircão, turmalina, es-
tem-se: zircão, turmalina, estaurolita, sillimani-
taurolita, cianita e rutilo entre os mais grossei-
ta, cianita, rutilo e clorita.
ros, e zircão, turmalina, estaurolita e rutilo nos
mais finos.
Sedimentos retrabalhados da Formação
Barreiras
Sedimentos devonianos das Formações
F oram estudadas 5 amostras desses Pimenteiras e Cabeças
sedimentos tendo-se encontrado entre os mi-
nerais mais freqüentes a turmalina, estauro- Dessas formações foram estudadas 21
lita e zircão, presentes em todas as amostras, amostras provenientes de afloramentos, tanto
e em maior freqüência a cianita, sillimanita, da Rodovia Transamazônica como da Rodovia
rutilo e clorita. PA-70.

As médias indicaram que também: A intensidade de limonitização é muito


turmalina, estaurolita, zircão, cianita, rutilo alta nesses sedimentos, como já foi anterior-
e sillimanita na ordem decrescente da freq'úên- mente citado, e disso se observou que grande
cia na fração mais grosseira, enquanto que na parte das amostras exibiram nas suas ~rações
parte mais fina o zircão passa a predominar, pesadas somente opacos constií9ídos de grãos
seguido pela turmalina, estaurolita, ' rutilo, de quartzo com revestimento ferruginoso.
sillimanita e clorita. Na fração grosseira somente 3 amostras foram

- 51-
submetidas a contagem e na classe fma 14 de praia coletadas mais a juzante· entre Itu-
amostras puderam ser estudadas e contadas. piranga e Tucuruí.

Essas amostras são muito pobres, tanto As médias de freqüências de pesados


em quantidade como variedade de minerais indicaram em ordem decrescente: opacos, es-
pesados, e zircão e turmalina são onipresentes. taurolita, clorita, turmalina, zircão, horn-
Minerais como estaurolita, clorita, ciànita, blenda, cianita, sillimanita, rutilo, epídoto e
sillimanita e rutilo aparecem com menos granada para a fração mais grosseira. No in-
freqüência; está presente esporadicamente a tervalo granulométrico mais fino predominam
monazita. também os opacos e entre os transparentes
sobressai o zircão, seguido por turmalina, es-
taurolita, clorita, hornblenda, cianita, rutilo,
Sedimentos Carboníferos da Formação Poti epídoto e granada.

Os sedimentos dessa formação foram es-


tudados em 5 amostras tendo-se verificado que Areias aluvionares da área de Belém
zircão, turmalina e rutilo estão sempre pre-
sentes nas 4 amostras da fração fma, que Essas areias ocupam uma área muito
puderam ser examinadas e na fração grosseira grande na área de Belém, não somente na área
apenas uma amostra permitiu um estudo de Mosqueiro, onde as 3 amostras foram cole-
mais detalhado, porque as outras mostraram tadas, mas também ao sul daquela cidade
poucos grãos, sendo muitos deles opaco~. (Belém), abrangendo o extremo norte da área
deste projeto até a cidade de Cametá do Sul.

As médias de freqüências denotaram a As amostras analisadas indicaram relativa


seguinte incidência, em ordem decrescente, de riqueza em minerais pesados; turmalina, es-
minerais pesados na sua fração mais grosseira: taurolita, cianita, zircão, rutilo, clorita e opa-
turmalina, sillimanita, cianita, hornblenda e cos apareceram em todas as amostras, tendo
zircão. No intervalo mais fino aparecem em aparecido também epídoto e sillimanita, cada
maior freqüência o zircão, seguido por rutilo, um destes em uma amostra.
turmalina, estaurolita, sillimanita, hornblenda e
clorita.
As médias de freqüências desses minerais
nas amostras analisadas indicaram a presença
Areias de bancos arenosos do rio Tocantins de opacos, estaurolita, . zircão, turmalina,
em Marabá clorita, cianita, rutilo. e epídoto, em ordem
decrescente de abundância na fração mais gros-
Próximo a cidade de Marabá foram cole- seira. No intervalo granulométrico mais fino
tadas 3 amostras de sedimentos em banco estiveram presentes opacos, zircão, estauro-
arenoso, formando ilha, para confronto com lita, rutilo, turmalina, clorita e cianita.
as amostras da série AP (areias de praias),
já descritas.
Formação Motuca
Como era esperado, estas amostras de
Marabá mostraram também grande variedade e Foram analisadas 5 amostras procedentes
quantidade de minerais pesados, portanto, da Formação Motuca, coletadas na Rodovia
com características muito similares às areias Transamazônica nas proximidades do rio

- 52-
Araguaia, tendo sido encontrados os seguintes c) As rochas sedimentares de idade neo-
minerais, em ordem decrescente de abundância: cenozóica são correlacionáveis à Formação
Zlfcao, turmalina, estaurolita, sillimanita, Barreiras, existindo inclusive, continuidade
cianita e granada na fração 0,250 - 0,125 mm geográfica, não se justificando, portanto, a
e zircão, turmalina, estaurolita, rutilo, sillima- criação de novas unidades estratigráficas até
nita, clorita e granada na fração 0,125 e que seja feito um estudo estratigráfico mais
0,062 mm. detalhado dessa formação na parte norte do
Brasil.
Na fração fina todas as 5 amostras foram
submetidas à contagem mas na fração mais gros- d) O mecanismo de acumulação dos depó-
seira apenas 3 amostras puderam ser contadas, sitos sedimentares neocenozóicos sugere uma
já que uma apresent~u 'muito pou~os grão~ e a deposição a montante das linhas de falha,
outra somente grãos de quartzo com cobertura' ao longo dos grandes cursos de água da região,
ferruginosa . em um padrão igual ao descrito pata depósitos
semelhantes na região sudeste do Brasil. Por
esse mecanismo podem ter sido depositados
os sedimentos referidos como aluviões antigos
CONSIDERAÇÕES FINAIS quaternários e materiais de retrabalhamento da
Formação Barreiras, pois ambos apresentam ca-
As seguintes considerações finais podem racterísticas de sedimentos mais maturos que
ser feitas como resultado da realização do aquela formação, e além disso a situação
presente trabalho: geográfica entre esses depósitos sugere esse
tipo de relação.
a) A distribuição geral dos tipos litoló-
gicos e estruturas sedimentares das formações
paleozóicas da margem ocidental da bacia do
Parnaíba, associada ao levantamento do com-
e) Executando-se um tratamento estatís-
plexo padrão tectônico presente, indicam ser a
tico dos resultados de análises granulométricas
atual margem ocidental da bacia de origem
pelo processo de SAHU (opus ciL), verificou-
tectônica e não deposicional. Os resultados
-se uma concordância muito boa entre os am-
de análises granulométricas também corrobo-
bientes de sedimentação sugeridos por esse
ram com esta hipótese, pois as amostras de
método, e aqueles imaginados por autores
sedimentos da bacia indicaram diâmetro médio
prévios, com base em processos bem dife-
inferior a areia fina (2 a 3 (/), isto é 0,250 a
rentes.
0,125 mm), são raros e pouco desenvolvidos
os níveis conglomeráticos e as frações mais
finas chegam a granulação de silte e argila.

b) Em área predominam as formações f) Os estudos de minerais pesados mostra-


sedimentares neocenozóicas (?) nas imediações ram a pobreza nesses minerais das formações
da cidade de Marabá, e na margem norte do rio paleozóicas e mesmo da Formação Barreiras,
Tocantins na mesma região. As formações enquanto que os aluviões atuais, diamantí-
paleozóicas, nessa área, somente afloram nas feros, exibiram maior abundância em número
margens dos rios, e a oeste da área tornam-se e variedade sugerindo que os aluviões moder-
mais conspícuas somente há cerca de 80 km SE nos devem resultar em sua maior parte do
da cidade de Marabá, pela Rodovia Transamazô- retrabalhamento de formações metamórficas e
nica, até o rio Araguaia. não de rochas sedimentares da área.

- 53-
BIBLIOGRAFIA

AGUIAR, G.A. de - 1971 - Revisão geo- LANDIM, P.M.B. - 1970 - O Grupo Passa
lógica da bacia paleozóica do Maranhão. Anais Dois (P) na bacia do Rio Corumbatai (SP).
do XXV Congresso Brasileiro de Geologia, Vol. DNFM, DGM, boI. 252:80-85.
3: 113-122, São Paulo. LANDIM, P.M:B. e FULFARO, V.J. - 1971 -
Nota sobre a gênese da Formação Caiuá. Anais
ANDRADE, S.M. - 1972 - Geologia do su-
do XXV Congresso Brasileiro de Geologia :
deste de Itacajá, Bacia do Parnaiba, Estado 277-280.
de Goids. Esc. de Eng. de São Carlos, USP,
tese de doutoramento, inédita. MENDES, 1.C. e PETRI, S. - 1971 - Geologia
do Brasil. Instituto Nacional do Livro (M .E.C.) ,
BARBOSA, O.; ANDRADE RAMOS, 1.R. de ; 207 p., Rio de laneiro.
ANDRADE GOMES, F. de e HELMBOLD,
R. - 1966 - Geologia estratigráfica, estrutural SAHU, B.K. - 1964 - Depositional mecha-
e econômica da área do Projeto Araguaia. nisms from the grain size analysis of clastic
DNPM, DGM, Monografia n. o XIX : 1-94, sediments. lournal of Sedimentary Petrology,
34: 73-83.
Rio de 1 aneiro.
SCHALLER, H.; VASCONCELOS, D.N. e
CAMPOS e SILVA, A; MABESOONE, 1.M. CASTRO, 1.C. - 1971 - Estratigrafia prelimi-
e BEURLEN, K. - 1971 - Estratigrafia do nar da bacia sedimentar da foz do rio Amazo-
Grupo Barreiras nos Estados do Rio Grande nas. Anais do XXV Congresso Brasileiro de
do Norte, Paraiba e Pernambuco. Rev. Assoc. Geologia, Vol. 3 : 189-202.
Geol. Pern~mbuco, ano 1, n. o 1 : 1-13, Recife.
SUGUIO, K. e BARBOUR, A.P. - 1969 -
FOLK, R.L. e WARD, W.c. - 1975 - Brazos Morfologia e gênese de estruturas limoniticas
river bar: A study in the significance of grain dos sedimentos da bacia de São Paulo. Anais
size parameters.. 10urnal of Sedimentary Pe- da Acad . Bras. de Ciênc., 41(2) : 161-180.
trology , 27 : 3-27, USA.
SUGUIO, K.; FULFARO, V.J. e COUTINHO,
FULFARO, V.J. e SUGUIO, K. - 1968 - 1.M.V. - 1971 - Tipos de contatos e estruturas
A Formação Rio Claro (Neocenozóico) e seu sedimentares associadas da bacia de São Paulo.
ambiente de deposição. BoI. IGG 20 (n. o Anais do XXV Congresso Brasileiro de Geo-
único) : 45-60. logia; VoI. 2: 215-218.

- 54-

Você também pode gostar