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Seminário de Leitura-Literatura Clássica

Resenha: PORQUE LER ARISTÓTELES HOJE? (Eduardo Giannetti)

A publicação "Grécia em Cena" da Biblioteca Entre Livros traz um compilado de artigos


sobre aspectos da cultura grega, passando por suas contribuições para a história, literatura,
teatro e filosofia. Além do (quase) senso comum de que a Ilíada e a Odisseia de Homero
são os poemas mais relevantes da história grega, a obra relata o rico contexto de criação
desses registros marcantes, caracterizado pela diversidade cultural que fez os poemas
serem compostos por diferentes dialetos de uma mesma língua - algo comparado ao que
Guimarães Rosa fazia. Ademais, comenta o legado de Hesíodo, tão importante quanto
Homero, compositor de Teogonia e Trabalhos e os dias.

É interessante perceber como os textos vão conectando conceitos soltos que o ponto de
vista leigo associa à Grécia Antiga. Tais conceitos, como "democracia", "mitos" e
"poemas" são postos em narrativa junto aos seus contextos históricos de desenvolvimento e
é evidenciado como eles se entrelaçam na configuração da cultura grega. Por exemplo,
quando é relatado como a visão mitológica de mundo a é quase indissociável das
discussões sobre as questões humanas nos poemas; ou quando é posto como o traço
marcante do gosto pelo debate contribui para o sentimento de unidade do povo grego,
independente do território que ocupam, uma vez que todos são iguais perante a lei
(isonomia) e podem participar das decisões políticas.

Eduardo transita pelas histórias clássicas de Roma/Grécia, reunindo todos os grandes


filósofos da época a.C, Homero, Sófocles, Ésquilo, dentre outros, tendo seu apogeu em
Atenas (Grécia antiga – séc. V-IV a.C.), período marcado por Sócrates (o homem e seus
valores), Platão (discípulo de Sócrates - Philosophia) e Aristóteles (argumentação na busca
do saber), que proporcionou o berço de muitas áreas do conhecimento, com grandes
colaboradores como Thales de Mileto, Pitágoras, dentre outros. Esses homens balizaram e
foram os precursores da nossa atual forma de pensar.

Comparo, de certa forma, Eduardo Giannetti, Filósofo e Economista, à narração que deu a
Cícero (106-43 a.C.) quando menciona-o como não somente a um orador, mas também um
filósofo, tradutor (grego) tratadista de oratória e eloqüente (grande conhecimento filosófico
e eclético), assim reverberando um pensamento de raiz platônica que “acredita que ao
orador era necessário não apenas ser perito em falar bem, mas em conhecer bem aquilo
de que fala...

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