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FABIO MARQUES MARTINS

A COLETA SELETIVA PARA SER EFETIVA E APROPRIADA


ESTUDO DE CASO

Formado em Administração – EAD pela Universidade Norte do Paraná – UNOPAR (2012) e


Especialização em Gestão Ambiental pela Universidade Federal de São Carlos (2015)
Atualmente é servidor da UFSCar na área de segurança e vigilância da instituição

São Carlos
2021
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OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
 Diagnosticar como se dá o descarte de resíduos e seu gerenciamento por meio da coleta
seletiva no Campus Universitário da cidade de São Carlos-SP.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
 Analisar que tipos de materiais são descartados no campus;
 Identificar que ações são propostas no Campus para um descarte adequado mediante a
coleta seletiva; e
 Propor formas de conscientização para o descarte.

JUSTIFICATIVA E QUESTÃO DE PESQUISA


A realização deste projeto justifica-se pela necessidade de entender o
funcionamento da coleta seletiva efetuada no interior do campus de uma grande universidade
localizada no interior do estado de São Paulo.
Será realizado um estudo de caso, ‘como’ e ‘porque’ há ocorrência de um
fenômeno, ou seja, a maneira de examinar acontecimentos contemporâneos em que os
comportamentos não podem ser manipulados. (YIN, 2001).
A coleta seletiva nesse campus começou no ano de 1994 por iniciativa de
alguns professores e alunos em parceria com uma organização não governamental (ONG), da
cidade que teve uma atuação discreta. O esboço da coleta consistia basicamente no
estabelecimento de um espaço único onde foram construídas pequenas baias de alvenaria para
serem acondicionados quatro materiais recicláveis: vidro, plástico e papel e metal.
Esse modelo de coleta perdurou por 15 anos e foi um projeto pioneiro porque
conseguiu a conscientização de grande parcela da comunidade interna. Muitas pessoas traziam
em seus veículos o lixo separado e o colocava no local adequado, fazendo com que essa atitude
fosse vista por várias outras pessoas. Essa demonstração servia de incentivo para que se
aumentasse o volume de materiais reciclados diminuindo, dessa forma, o descarte no meio
ambiente sem nenhuma proteção.
A reformulação do sistema de coleta tornou-se necessário porque houve um
aumento significativo da área construída para receber um número maior de alunos, pois a escola
passou de pouca mais de 3000 alunos para 7500. A expansão da área junto com o
desenvolvimento fez com que apenas um local de coleta seletiva se tornasse inviável.
Em 2000 foi criado pela reitoria da instituição um departamento específico
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para cuidar dos resíduos produzidos pela escola, a Unidade de Gestão de Resíduos, responsável
principalmente pela coleta de resíduos de produtos químicos orgânicos e inorgânicos utilizados
e descartados pelos laboratórios de ensino e pesquisa.
Vê-se, portanto, que passados quase vinte anos desde as primeiras ações para
efetuar a separação e coleta seletiva não houve um avanço que permitisse um controle amplo
de todo o lixo produzido pela instituição. Dessa forma, é imperioso que se encontram formas
ou modelos de transformar o ambiente sustentável e cumprir o decreto acima enunciado.
Grum, em1982, já dizia sobre as dificuldades tarefa de trasmitir a educação
ambiental, pois, segundo ele, é necessário uma crítica radical e permanente aos processos
objetificantes promovidos e sustentados pela ética antropocêntrica do racionalismo moderno
(GRUM, 1986, p. 48), isto é, a separação entre o produzir e o produto que considera o homem
como o centro do universo que é dotado de toda a razão de conhecimento.
Nem por isso devemos abandonar a tarefa de procurar disseminar os
benefícios de coexistir em um planeta com ênfase em sustentabilidade, deixando apenas ao
sabor do ‘mercado’, ou que todas as questões embientais serão resolvidas pelo mercado
capitalista, sem uma forte influência dos entes da sociedade civil e dos governos..

TEMÁTICA QUE DESEJA ESTUDAR COM SUA DEVIDA FUNDAMENTAÇÃO


TEÓRICA
A degradação ambiental não é fruto da modernidade ou como é chamado o
tempo atual de era do conhecimento. Segundo FOLADORI todas as sociedades antepassadas e
atuais enfrentaram e enfrentam problemas referentes a poluição e depredação de recursos
naturais. É um comportamento intrínseco a todos os seres vivos, principalmente o ser humano.
A diferença está no fato de que o homem tem alternativas e discernimento para atuar positiva
ou negativamente na proteção do meio ambiente.
Este mesmo autor enfatiza que todos os seres vivos depredam e poluem o
meio ambiente. A diferença dos outros seres vivos em relação ao homem é porque seus
comportamentos em relação ao entorno onde vivem é regular enquanto o ser humano tem
alternativas diversas. Alega, ainda, que o grau de degradação tem origem econômica e/ou
política, passando pelas relações econômico-sociais e o nível de desenvolvimento tecnológico.
Não se trata de imposição a mudanças e sim de aplicar metodologias no
sentido de transmitir ideias de inovação de um tema recorrente. Neste sentido, FIALHO et
al (2008, p. 17) afirmam que:
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“Tudo o que importa na realização de uma sociedade é que os seus participantes


respeitem a realização de certas relações através das quais a sociedade se constitui. Uma
mudança social ocorre como um fenômeno permanente somente na medida em que é uma
mudança cultural”.

O meio ambiente foi ‘descoberto’ no século passado. Lá nos anos cinquenta


algumas pessoas perceberam que a Terra estava sendo explorada de forma cada vez mais
intensiva e seria preciso colocar algumas regras para continuar com a exploração. Foi aí que
surgiram os primeiros ambientalistas. Gonçalves (2004) afirma que atualmente eles formam o
Movimento Ecológico com as mesmas dimensões de outros movimentos como o: Negro, o
Operário, o Camponês e muitos outros.
O movimento ecológico que tem em suas fileiras pessoas de outros
movimentos sociais colocam em discussão a relação do homem com a natureza. Sua proposta
almeja a mudança do modo de vida alterando os valores consagrados pelas tradições
perpetuando problemas que devem ser superados. Assim:

“É por esse caráter difuso de um movimento que, no fundo, aponta para uma outra
cultura, que os ecologistas se encontram envolvidos com questões tão diferentes como a
luta contra o desmatamento, contra os agrotóxicos, os alimentos contaminados, o
crescimento da população, a urbanização descontrolada, o gigantismo tecnológico e o
nuclear, a poluição, a erosão dos solos, a extinção dos animais, etc.” (GONÇALVES, p.
20, 2004).

Uma das dificuldades do grupo ambientalista/ecologista é convencer a


sociedade sobre a proteção ao meio ambiente. Gonçalves (2004) cita como exemplo que o grupo
ao denunciar a contaminação de um rio por mercúrio usados por garimpeiros é apoiado pela
mídia, destarte a grande empresa mineradora que dispõe de grandes recursos tem mais
competência para evitar essa mesma contaminação. Dessa forma os garimpeiros se veem
pressionados pela opinião pública e proibidos de continuar com a atividade mineradora migram
para outros lugares e não raras vezes vão parar nas favelas de grandes centros urbanos sem um
trabalho considerado apropriado. Fica a pergunta: Houve vitória para os ambientalista e ganho
para o meio ambiente?
Isso demonstra que a gestão ambiental no geral e em particular a coleta
seletiva devem ser pensadas de modo a atender em primeiro lugar o homem e suas condições
sociais e econômicas propondo soluções de modo a diminuir o dano ambiental e a sua
recolocação (catador) como parte do sistema democrático e social transformando-o em
cidadão.
A primeira reunião para tratar do assunto, em nível mundial, aconteceu em
1972 na Conferência de Estocolmo organizada pela ONU. Foi abordada a questão da relação
do homem com o ambiente, havendo ali a indicação da primeira atitude na tentativa de
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preservação do meio ambiente sendo definido como “o conjunto de componentes físicos,


químicos, biológicos e sociais capazes de causar efeitos diretos ou indiretos, em um prazo curto
ou longo, sobre os seres vivos e as atividades humanas”.
Enfim, o meio ambiente é tudo o que está ao redor do homem e que sofre as
consequências particularmente negativas em detrimento à satisfação plena desse mesmo
homem que na ânsia de acumular bens termina por produzir mais e mais resíduos que devem
ser digeridos pelo mesmo ambiente que ele vive.
Para isso, deve haver um sistema de gestão ambiental urbana que tenha
instrumentos regulamentadores alicerçados em quatro formatos distintos: os normativos que
incluem as legislações de uso e ocupação do solo e emissão de poluentes atmosféricos; os de
fiscalização e controle das atividades para que atendam as normas legais; os preventivos que se
ocupam da delimitação dos espaços territoriais protegidos, das avaliações de impactos
ambientais, do licenciamento ambiental e análise de riscos. Por fim, os corretivos, que se
constituem nas intervenções diretas de implantação e manutenção de infraestrutura de
saneamento incluindo, também o sistema de coleta de resíduos (RIBEIRO e VARGAS, p. 13,
2004).
Zanetti (2006) frisa que os elementos que compõem a cadeia de resíduos
(empresas compradoras de recicláveis, intermediários, catadores e operadores de triagem)
acabam por estimular a produção de ‘lixo’. Segundo eles quanto mais lixo, melhor, pois a
quantidade é que determina o lucro nas questões estritamente econômicas. Os catadores, parte
mais fraca dessa cadeia, são compostos de trabalhadores formais descartados. Zanetti e Almeida
(2009) afirmam “que o trabalho vivo descartado retorna ao sistema sob as formas de
trabalhadores residuais e de consumidores primários de resíduos”, isto é, o mercado desvincula
da formalidade o catador, mas aceita seus resíduos acumulados como parte dos insumos na
fabricação de novos produtos.
A Comissão Mundial sobre o meio Ambiente e Desenvolvimento (1991)
apontou a diferença entre desenvolvimento sustentável e desenvolvimento econômico

“É entendido como desenvolvimento a modificação provocada na biosfera a a ampliação


de recursos humanos, financeiros, vivos e inanimados, visando a satisfação das
necessidade humanas e a melhoria de vida do homem, enquanto que o desenvolvimento
sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a
possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades” (Comissão
Mundial Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – 1991)
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Algumas medidas devem ser tomadas como prevenção para eliminar as


causas, fazer compensações para diminuir impactos, desenvolver sistemas capazes de se
adaptarem nos novos conceitos sociais econômicos e ambientais (ALLIROL, p. 36, 2004).
Por fim, este estudo demonstrará a situação na disponibilização dos resíduos
sólidos e pretenderá ao final responder a ocorrência ou não de deficiências no sistema.

METODOLOGIA E PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA INVESTIGAÇÃO


A metodologia a ser utilizada em relação a perspectiva de estudo será através
de levantamentos, com dados já existentes nos diversos meios de comunicação como jornais,
revistas, empresas de pesquisas públicas como o IBGE e empresas privadas como IPSOS,
Nielsen, etc e livros.
A forma de coleta de dados será feita através de questionários direcionados e
a forma de apresentação dos resultados uma dissertação embasada nos resultados dos
levantamentos.

POSSÍVEIS CONTRIBUIÇÕES DA INVESTIGAÇÃO PARA A MELHORIA DA


GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES E SISTEMAS PÚBLICOS
A gestão de órgão público vem, atualmente, gerenciando trabalhadores do
quadro de servidores públicos concursados e de empregados de empresas terceirizadas que
fornecem a mão-de-obra auxiliar para manutenção e funcionamento pleno, conhecidas como
atividades meio.
A terceirização dos serviços, introduzida na administração dos órgãos
públicos se deu em 1967 através da Lei (DL) no 200/1967, porém, cresceu de forma
contundente em meados dos anos noventa e, atualmente é explorada nos três níveis do governo
federal, estadual e municipal quase sempre nos serviços operacionais de limpeza, conservação
e segurança.
Pensando desta forma, que o contingente para zelar pela estrutura do campus
é formado por trabalhadores terceirizados deve-se abrir diálogo com entre a administradora dos
contratos e a empresa para que o meio ambiente a que estamos expostos seja melhorado e
preservado utilizando contribuições que poderão se confirmar neste ou em outro projeto similar.
Enfim, a investigação de sistemas de manutenção de áreas correlatas do
campus mirando a produção e destinação de resíduos pretende, no mínimo, colocar a discussão
em pauta visando a mudar de paradigma a produção de resíduos para produção de insumos que
voltarão à cadeia produtiva industrial e/ou comercial.
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Esse é o propósito do estudo.

REFERÊNCIAS
BRASIL, Legislações. Disponível em <http://www2.planalto.gov.br/>. Acesso em 15 set. 2014.

FIALHO, Francisco Antônio Pereira, at AL. Gestão da sustentabilidade na era do


conhecimento. Florianópolis-SC: Visual Books, 2008.

FOLADORI, Guillermo. Limites do desenvolvimento sustentável. São Paulo: Editora


Unicamp, 2001

GONÇALVES, Carlos Walter Porto. Os (Des)Caminhos do meio ambiente. São Paulo:


Contexto, 2005

GRIMBERG, Elisabeth. Coleta seletiva com inclusão social: Fórum Lixo e Cidadania de
São Paulo. Experiência e desafios. São Paulo: Instituto Pólis, 2007. Disponível em:
<http://www.polis.org.br/uploads/1008/1008.pdf> Acesso em 15 jul. 2014

LIMA, Valdemir dos Santos de. Estratégias para gestão de pesssoas e economia solidária:
O estudo da Cooperativa de Trabalho dos Catadores de Material Reaproveitável de Rio Claro
– SP. 2013. Dissertação (Mestrado em Engenharia Urbana) – Centro de Ciências Exatas e de
Tecnologia, Universidade Federal de São Carlos, 2013.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS. Relatório anual de atividades 2012.


Publicado em 2013. Disponível em:
<http://www2.ufscar.br/interface_frames/index.php?link=http://www.ufscar.br/~spdi>.
Acesso em 18 jul. 2014.

VARGAS, Heliana Comin; RIBEIRO, Helena. Novos instrumentos de gestão ambiental


urbana. São Paulo: Edusp, 2004.

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