BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM

0. INTRODUÇÃO BIM: PASSADO, PRESENTE E FUTURO? 4

0.1. Evoluindo com o tempo, no tempo da informação 5

1. FILOSOFIA DA METODOLOGIA 12

1.1 Glossário BIM: os conceitos de BIM que todos os profissionais da indústria têm de saber 13

1.2 Que software BIM devo utilizar? 17

1.3 O que é openBIM®? – Principais benefícios 21

2. BRASIL E PORTUGAL: QUADROS NORMATIVOS QUE IMPULSIONAM A MUDANÇA 26

2.1 O BIM em Portugal e no Brasil: panorama atual 27

2.2 As estratégias voltadas para as obras de infraestrutura da frente parlamentar

para a implantação do BIM no Brasil 33

3. A IMPLEMENTAÇÃO BIM 40

3.1 A Organização e o Processo de Transformação BIM 41

3.2 Por que a gestão tradicional de projetos falha: Chaves para o sucesso 44

4. SEGREDOS E FERRAMENTAS PARA O SUCESSO DO PLANO DE EXECUÇÃO 48

4.1 Segredos do Planejamento de Execução BIM (PEB) ou BIM Execution Plan (BEP) 49

4.2 BIM (LOD) 100 – 500 no Ciclo de Vida do Projeto de Construção 54

4.3 Gerenciamento de Projetos – A jornada de sucesso para um projeto eficaz 56

5. ESTUDOS DE CASO 58

5.1 A importância e o papel do BIM no setor do saneamento 58

5.2 A catedral de Notre Dame perante a restauração 64

6. CONCLUSÕES: DESAFIOS FUTUROS 70

6.1 Desenho e Construções virtuais: a evolução do BIM 70

6.2 Quais serão os perfis BIM mais buscados no futuro? 76

ÍNDICE

6.3 O segredo dos melhores masters em BIM Management do mercado 82

7. AUTORES 86

2 3
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM

BIM: PASSADO, PRESENTE E FUTURO?

0.1. Evoluindo com o tempo, no

tempo da informação

A pandemia provocada pelo novo é o maior desafio a vencer para assim

coronavirus, noticiada no início de
2020, mudou de forma inimaginável o
modo como nos relacionamos pessoal
e profissionalmente. A necessidade
pujante do isolamento social trouxe
0. INTRODUÇÃO
quebrar a resistência ao novo que, afinal,
não é tão novo assim.
Como entusiasta, docente, profissional
e disseminador do BIM, para simplificar,

para primeiro plano a necessidade vou me referir aos metadados

urgente de abrir espaço a novas formas
de comunicação.
A situação epidemiológica que, para
surpresa de todos, tomou tamanha
proporção em um curto espaço de
tempo pôs em relevo a fragilidade dos
processos de comunicação habitual,
o que requeriu uma rápida tomada de
decisão para poder se conseguir manter
os compromissos assumidos.
como informações estruturadas
que descrevem, explicam, localizam
ou facilitam a recuperação, uso ou
gerenciamento de um recurso de
informações.
Não faz muito tempo que a primeira
informação que da qual se dispunha
era a gráfica. Esta era elaborada pelos
desenhistas em suas diversas fases
projetuais e interdisciplinares.

Um conjunto de crenças, valores

e técnicas sobre a Modelagem da
Informação da Construção, em tradução
livre do acrônimo Building Information
Modeling – BIM, foi posto à prova.
Pensando em termos da informação,
contida do acrônimo “I”, lidar com os
metadados (dados sobre outros dados)

4 5
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM

Porém, este processo é estanque e as

informações estão restritas ao software
e à base de dados do escritório.
Atualmente, o armazenamento dessas
informações mais sensíveis (memorial)
ficam armazenadas em um servidor
de dados local ou, comumente, num
ambiente virtual conhecido como
armazenamento na nuvem.

Retornemos ao desafio: como tratar as

Fonte: Google Imagens
informações sensíveis, controlar e/ou
medir o incremento do valor agregado
no desenvolvimento projetual e, ainda
Com a era da informática e a
assim, manter a comunicação entre as
tecnologia cada vez mais acessível, o
demais disciplinas como, por exemplo, a Fonte: autor
microcomputador tornou-se o maior
arquitetura, as instalações, a geotecnia e
aliado nos escritórios de cálculo ao
a refrigeração, sem necessidade de uma
permitir a automação entre as etapas
ou várias reuniões presenciais até à sua
de projeto.
validação? organização, entre outros. Muito se diz ou que se reproduzem com certa
que o trinômio “Processos x Pessoas x regularidade (processo mapeado), uma
Dessa forma, no final do ciclo
Simples. Com o BIM! Há que ter em Tecnologia” é o pilar do BIM, mas como política instituída de troca de trabalho
interdisciplinar, além da informação
conta que esta metodologia, esta isso então é implementado? colaborativo, sejam digitais ou não
gráfica, o processo traz consigo as
filosofia, este item abstrato não se (pessoas), e uma tecnologia que permita
informações das análises, cálculos
trata deum artigo de prateleira que se Cabe observar que, a partir deste o reaproveitamento de informações
e dimensionamentos, incluindo as
dirige a uma só empresa de soluções ponto, não se promove uma “receita entre sistemas e/ou que incremente os
tomadas de decisão do estruturalista.
tecnológicas que a adquire e se capacita de bolo”; apenas se refere a uma parte metadados, é instituído outro cenário
no seu uso. Consiste em lidar com a da materialização de alguns artefatos com um novo fluxograma. Comparando
Em apertada síntese, o processo
organização interna existente e seus vinculados aos pilares já citados e com o apresentado anteriormente,
estrutural tradicional ocorre em etapas
conflitos, mobilizar recursos físicos e devem ser adaptados à realidade de existe uma evolução do modelo.
sequenciais que promovem valor
financeiros, reestruturar as relações cada organização. Porém numa atividade em BIM, esta é
agregado significativo ao projeto até o
entre os participantes externos à vinculada por um repositório conforme
seu término.
Tendo as operações da organização cada validação.
que apresentam certa unidade

Fonte: Revista Concreto e Construções, edição 84, ano 2016.

6 7
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM

Fonte: autor Fonte: autor

Num ambiente colaborativo, essa
evolução pode se darde forma síncrona
(ao mesmo tempo) ou assíncrona
(tempos distintos) e o repositório será o
responsável pelas primeiras percepções
gráficas (compatibilização, coordenação
3D, clearence, clash detection,
organização documental, inferências dos
metadados e demais funcionalidades
particulares de cada tecnologia).
Para a evolução de um projeto estrutural
tradicional ou em BIM, se procede à
disponibilização das informações relativas
às especificidades da edificação e de
um modelo arquitetônico, neste caso
atribuído com “MATRIZ”. Como boa
prática, utilizar o próprio modelador
onde foi produzido, a arquitetura
como consolidador das informações
projetuais finais (modelo físico), traz os
benefícios da interoperabilidade e/ou da
intercambiabilidade.
Enquanto a Interoperabilidade é a
capacidade de um sistema de se
comunicar de forma transparente
(ou o mais próximo disso) com outro
sistema (semelhante ou não) com
padrões abertos (atualmente o IFC),
a intercambiabilidade é a operação
que consiste na troca de informações
específicas através de softwares distintos,
sem necessidade de configuração
ou manipulação de arquivos pelo
usuário final, impedindo a perda de
dados significativos ou sem requerer
qualquer esforço complexo, ou especial
(atualmente é o uso de plugin).
É neste ponto que se dá o
primeiro imbróglio, Cada modelo
tem suas especificidades e tanto
a interoperabilidade quanto a
intercambiabilidade carecem de uma
rotina de testes para apontar os riscos
e, dessa forma, saber como mitigá-los,
absorvê-los ou transferi-los. Assim, nota-
se que não se trata de magia, mas sim
de um apontamento de quão eficiente
ou não pode ser a forma de trabalhar e
interagir da organização.
Do reaproveitamento dos modelos, os
benefícios estão, por exemplo, em trazer
os metadados do software especialista
como índices para os materiais (kg/
m³, kg/m², m²/m², m³/m²), as taxas de
armadura e estas serem subsídios de um
BI (Bussiness Inteligence) para relatórios
de estudo sobre aviabilidade técnica,
econômica e ambiental (EVTEA ) de
um banco de dados com composições
de serviços e seus encargos e tantas
outras aplicações que dependem apenas
de dados e não da parte gráfica.
Observem que não é apenas devido à
pandemia provocada pelo coronavírus
que esta mudança está acontecendo.
Ela tem outro viés: o educacional, o
governamental (Decreto nº 10.306, de
2 de abril de 2020). Do dito popular
“Os costumes de casa vão à praça”,
analogamente, é na formação dos futuros
profissionais de Arquitetura, Engenharia,
Construção e Operação (AECO) que a
realidade será esta dentro de poucos
anos.
Do giz para a caneta de quadro, da
prancheta para o computador, das
situações hipotéticas para o estudo de
caso e dos projetos isolados para os
multidisciplinares, novamente, tudo é só
uma questão de tempo.
Na disciplina de Pontes, a necessidade de
se trabalhar em BIM já é uma realidade
para projetos de Obras de Arte Especiais
(OAE). Por meio da percepção das fases
de projeto estrutura,l é possível se fazer
valer da metodologia de forma eficiente
e adaptável à realidade do mercado.
A partir de um Plano de Execução
BIM (PEB), se explicitam os níveis de

8 9
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM
desenvolvimento de projetos de OAE, em
que softwares serão utilizados e como
serão utilizados.
Também se explicita em que fase
do desenvolvimento as normas
regulamentadoras e correlatas devem
ser incluídas ao modelo e como se dá o
memorial de cálculo e as peças gráficas
como finalização do processo BIM para
Pontes.
Segue o registro de algumas das
metodologias em aplicação: (a) a
a. Cargas móveis e envoltória.
c. Repetição de OAE (Aluna).
10
problematização, (b) a sala de aula
invertida e gameficação no intuído da
retenção de conhecimento por parte
do discente e, também, de disseminar
procedimentos que levam ao BIM; e (c) o
Project Based Learning – PBL.
Na disciplina de Concreto Armado II,
a experiência vivida pelos discentes
perpassam em como analisar e
dimensionar a estrutura pelas normas
brasileiras regulamentadoras (NBR a. Repetição de um Edifício em Concreto Armado.
e correlatas) e obter uma memória
de cálculo totalmente integrada ao
modelo independente da tecnologia, e
finalmente em como compartilhar várias Vamos entrar para vencer este desafio?
informações como formas e armaduras SIM, vamos!
desde que se entenda a metodologia e,
principalmente, o “I” do acrônimo BIM. Artigo: Li Chong Lee Bacelar de Castro, Diretor
Acadêmico do Master Internacional em Estru-
Portanto, evoluir com o tempo é uma turas de Edificações. Engenheiro Civil, Doutor
questão da maturidade interna e dos em Estruturas e Construção Civil. Analista de
participantes externos (clientes e/ Infraestrutura da Controladoria Geral da União –
ou arquitetos e engenheiros) e com o CGU.
tempo da informação. Tenha-se em
conta que ainda não se vislumbram
todas as capacidades que o BIM pode
b. Jogo dos sete erros e de associação. promover.
11
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM

1. FILOSOFIA DA METODOLOGIA

1.1 Glossário BIM: os conceitos de BIM

que todos os profissionais da indústria
têm de saber

A propósito da pergunta “relativamente Marzia Bolpagni, Professora do Master’s

ao BIM, o que é?”, recomendamos que in Global BIM Management da Zigurat,
você consulte nosso glossário BIM com está entre os colaboradores deste
as expressões mais importantes que projeto como editora assistente.
todos os profissionais que desejam
sentar-se nas mesas da decisão devem
conhecer.
LEIA AO BLOG
Ser um profissional de sucesso em
BIM requer um extenso know-how
terminológico. O objetivo global do BIM
é melhorar a colaboração. Portanto, a
maioria do vocabulário essencial do BIM
tem a ver com processos colaborativos.
Neste artigo, vamos nos concentrar
nos conceitos mais buscados. Para
um compêndio mais completo você
pode consultar o Dicionário BIM que
compreende mais de 700 termos BIM.

12 13
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM
OpenBIM
Em síntese, o OpenBIM pode ser
entendido como um formato que
permite que todos os envolvidos no
projeto tenham acesso ao modelo de
informação sem prejudicar o projeto
nativo. Trata-se de uma abordagem
universal que se refere ao trabalho com
padrões abertos, como IFC, BCF, entre
outros, desenvolvidos para facilitar a
colaboração a partir da fase de projeto
e para realizar e operar os edifícios com
base nesses padrões.
Fluxo de trabalho BIM
O fluxo de trabalho refere-se às
principais atividades sucessivas que
devem ser realizadas, as decisões
que devem ser tomadas e as etapas
de entrega que desejamos alcançar.
Podemos dividir os fluxos de trabalho
BIM em dois tipos principais: Interno e
Colaborativo. Normalmente, qualquer
fluxo de trabalho BIM é parte de um
processo maior que pode precisar ser
acompanhado por vários procedimentos
documentados, uma vez que cumpre
com objetivos estratégicos ou
operacionais.
Interoperatibilidade
Interoperabilidade é a capacidade de
dois ou mais sistemas de intercambiar
informações, o que significa que
as interfaces de um produto ou
sistema podem ser completamente
compreendidas quando se trabalha
com outros produtos ou sistemas
sem quaisquer restrições. A
interoperabilidade é considerada
um dos pilares do trabalho em BIM,
14
uma vez que devemos assegurar que
as informações são intercambiáveis
entre todos os membros envolvidos no
projeto.
IFC
IFC significa “Classe de Fundação
da Indústria” (do inglês “Industry
Foundation Classes”) e refere-se a uma
descrição padronizada e digital do
ambiente construído (tanto edifícios
quanto infraestrutura civil). A IFC é
uma norma aberta e internacional
(ISO 16739-1:2018) que foi projetada
para ser neutra para o fornecedor. Isso
significa que a IFC pode ser usada em
diferentes hardwares, plataformas de
software e interfaces. A especificação
do esquema IFC é a principal entrega
técnica da buildingSMART International
para cumprir seu objetivo de promover
o openBIM®.
Ferramentas de autoria
As ferramentas de autoria BIM são
ferramentas que os projetistas, as
equipes de conversão 2D a 3D e os
subcontratados utilizam para criar o
modelo real. Estas ferramentas podem
ser usadas durante a fase de design do
projeto até a fase de documentação
da construção. BIM não se trata de
um programa particular nem de um
fornecedor de software; Bim implica
colaboração, interoperabilidade, fluxos
de trabalho circulares, coordenação de
projetos, entre outros.
Modelo paramétrico
O modelo paramétrico se refere a
modelos 3D que permitem ao usuário
final manipular objetos/elementos
usando parâmetros, regras ou restrições
explícitas. As regras paramétricas criam
relações entre diferentes elementos
do projeto e armazenam muitas
informações dentro dos objetos de
dados semelhantes ao custo, modelo,
classificação de fogo, entre outros. Em
geral, os modelos BIM são paramétricos
e seguem regras de herança, tais como
Tipos e Instâncias.
Modelo generativo
Os Modelos Generativos diferem dos
Modelos Paramétricos e só muito
vagamente podem ser chamados
BIModels. O Design Generativo é uma
abordagem baseada em programação
para Arquitetura. Porém, geralmente, os
modelos generativos foram pensados
para ferramentas CAD tradicionais
e não são os mais adequados para o
paradigma BIM. Os modelos generativos
são criados mediante o uso de funções
algorítmicas manipuladas pelo usuário
final para processos de busca de formas,
onde os métodos computacionais são
usados para impulsionar a geração
de formas, os cenários hipotéticos e a
otimização estrutural.
Nível de maturidade em BIM
Níveis de Maturidade em BIM não
são o mesmo que os Níveis BIM da
indústria britânica. A expressão “Níveis
de Maturidade em BIM” refere-se ao
conjunto de níveis que a modelagem
em BIM pode assumir, estando
representada por um conjunto de etapas
bem definidas que cobrem a extensão
da Maturidade em BIM dentro de uma
organização, equipe de projeto ou o
todo o mercado. A progressão de níveis
mais baixos a mais altos de Maturidade
em BIM serve como indicador de
um melhor controle, uma melhor
previsibilidade e uma maior eficácia
tanto no alcance de metas definidas
como no estabelecimento de novas
metas mais ambiciosas.
Nível de desenvolvimento
O Nível de Desenvolvimento (“LOD”,
do inglês “Level of Development”)
é uma métrica BIM que permite
aos profissionais da indústria AECO
especificar com clareza o conteúdo
e a fiabilidade de seus modelos nas
diversas etapas do processo de projeto
e de construção. Neste contexto, o
conteúdo refere-se às informações
geométricas, aos dados estruturados e à
documentação vinculada. A fiabilidade,
por outro lado, está relacionada com os
usos e a medida conforme a precisão e a
qualidade das informações.
Gêmeo digital
Um Gêmeo Digital é uma representação
digital de um ativo físico. Normalmente,
um gémeo digital é criado em paralelo
com a sua contraparte física e abrange
todas as fases do ciclo de vida do
projeto: Planejar-Construir-Operar-
Integrar. Na fase de planejamento e
design de um projeto, o gêmeo digital
é um método que permite um melhor
planejamento, design e construção
de um projeto. Em fases posteriores
do ciclo de vida, os gêmeos digitais
proporcionam benefícios a longo prazo
no desempenho dos ativos, tanto em
termos da sua otimização quanto em
sua fiabilidade. Alternativamente, os
15
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM

gêmeos digitais também podem ser

criados quando já existe uma versão
física do edifício, o que significa que
os ativos físicos podem também ser
digitalizados.

Plano de execução BIM

Um plano de execução BIM (em

inglês,“BEP” de “BIM Execution Plan”)
é um documento abrangente que
ajuda a equipe a gerenciar o estado, o
cronograma, a entrega e a conclusão
de um projeto. O plano de execução
BIM define a estrutura fundacional que
garante o sucesso da implantação de
tecnologias de design avançadas.

1.2 Que software BIM

COBie

Operações de Construção e Troca de
Informações de Construção (em inglês,
“COBie” de “Construction Operations
and Building Information Exchange”)
trata-se de um método para a troca
de informações em um formato
estruturado. Durante o projeto, os
dados relacionados com o projeto, a
construção, a operação, a demolição,
entre outros, podem ser adicionados a
ele.
devo utilizar?
Software para Building Information
Modeling
Os participantes do Master
Internacional em BIM Management
têm a oportunidade de escolher entre
4 softwares de modelagem BIM para
completar seus projetos colaborativos:
Revit (Autodesk), ArchiCAD (Graphisoft),
Allplan (Nemetschek) e AECOsim
Building Designer (Bentley Systems).
Este artigo analisa as principais
diferenças entre cada programa, a
fim de apresentar as vantagens e
desvantagens de cada um deles.
REVIT (Autodesk)
Revit é o sucessor BIM do software
de desenho AutoCAD da Autodesk.
Segundo as últimas pesquisas
elaboradas por meio de questionários,
onde se inclui um questionário realizado
pela Comissão es.BIM, o Revit é o
software BIM mais utilizado pelos
profissionais que trabalham com esta
metodologia colaborativa.
O uso generalizado do Revit
impulsionou o desenvolvimento de um
serviço de apoio muito forte, quer por
parte da própria empresa de software,

16 17
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM
a Autodesk, quer por parte de uma
comunidade de usuários comprometida
e muito ativa em várias plataformas
on-line: fóruns, grupos de mensagens,
grupos do Facebook e profissionais que
oferecem serviços pagos.
Se você tiver algum problema ou
dúvida usando o Revit, você dispõe
de uma ampla variedade de recursos
à sua disposição. Além disso, se você
também estiver bem conectado com
outros profissionais do setor, é muito
provável que receba ajuda em uma
questão de minutos após a publicação
de suas perguntas em qualquer uma das
plataformas disponíveis.
Outra vantagem de aprender a trabalhar
com Revit é que este software tem
uma conectividade total com todo
o conjunto de produtos Autodesk,
incluindo o Navisworks, o Dynamo e o
BIM 360. Também tem compatibilidade
retroativa com o AutoCAD. No entanto,
embora um dos pontos-chave do uso da
metodologia BIM seja a sua propensão à
interoperabilidade, esta funcionalidade
ainda não está totalmente desenvolvida
neste software. Além das fronteiras
do Revit, as empresas de software de
terceiros quase sempre desenham
softwares compatíveis com ele.
Porém, o sucesso do Revit pode
também converter-se em uma razão
para não usá-lo. O fato de tantos
usuários o utilizarem leva a que a
concorrência para empregos focados em
modelagem BIM seja bastante grande.
Portanto, se você está procurando se
diferenciar de outros profissionais, será
interessante aprender mais do que
Revit, embora existam ainda algumas
18
oportunidades interessantes dentro
deste software, como a codificação
avançada do Dynamo, a criação de add-
ons e extensões, entre outros.
ARCHICAD (Graphisoft)
O ArchiCAD da Graphisoft é a segunda
solução de software BIM mais utilizada
entre os profissionais do setor AECO.
Como tal, conta igualmente com uma
grande comunidade de apoio e, embora
o número de usuários seja menor, o
entusiasmo destes e a vontade de
contribuir com suas experiências são
aspetos que compensam o uso deste
software. Os usuários do ArchiCAD
destacam a sua interface intuitiva e a
grande flexibilidade entre a modelagem
e os detalhes de um projeto.
Desde sempre, a inovação tem sido
o principal aspecto distintivo da
ArchiCAD. O ArchiCAD 21 introduziu
a tão esperada Ferramenta Escada
com a tecnologia Predictive Design
da Graphisoft. O ArchiCAD 21 oferece
um conjunto importante de outras
melhorias funcionais nas áreas de
visualização, Open BIM, desempenho e
produtividade.
Embora agora também esteja disponível
para Windows, o ArchiCAD começou na
plataforma macOS. Por esse motivo, já
conta com suporte nativo e os usuários
de macOS não precisam instalar o
Windows. Dito isto, trabalhar em MAC
terá ainda algumas limitações, pois
muitos programas de software de apoio,
como o Dynamo, ainda não dispõem de
suporte nativo para macOS.
No fim de contas, a diferença entre
ArchiCAD e Revit se resume à
preferência do usuário. Quase tudo o
que pode ser feito em uma plataforma
pode ser feito na outra, embora cada
programa tenha suas vantagens sobre
o outro na realização de certas tarefas.
A melhor maneira de decidir entre os
dois é experimentá-los e ver qual deles
se melhor ao seu estilo de trabalho e às
necessidades do projeto específico em
que você estará trabalhando.
ALLPLAN (Nemetschek)
Allplan não é tão popular como às duas
soluções anteriores. Foi desenvolvido
em 1984 pela empresa alemã
Nemetschek e, como tal, é utilizado
principalmente na Alemanha, embora
seu uso se tenha estendido a outros
países europeus.
Allplan é descrito como “um sistema
CAD orientado para BIM”. Para os
usuários, o que isto significa é que será
muito mais fácil começar a trabalhar em
2D e depois passar para 3D sem perder
nenhum de seus trabalhos anteriores,
uma preocupação comum entre as
empresas que usam Revit ou ArchiCAD
e ainda trabalham com fluxos de
trabalho 2D.
Com o Allplan, Nemetschek oferece
um pacote completo de soluções de
software para um projeto BIM que vai
desde a arquitetura e a engenharia
até ao gerenciamento de instalações,
custo e outras soluções que cobrem
todo o ciclo de vida de um projeto de
construção.
Nemetschek fornece um nível
excecional de serviços para Allplan.
Contudo, será muito difícil encontrar
apoio on-line adicional através das
comunidades de redes sociais.Tendo
como ponto de comparação o Revit e
o ArchiCAD, o número mais reduzido
de usuários pode ser vista como uma
vantagem, já que a procura de usuários
com nível avançado de Allplan por parte
de empresas que usam o software é
muito maior.
AECOSIM BUILDING DESIGNER
(Bentley Systems)
A Bentley Systems se posicionou na
vanguarda do campo de infraestrutura,
como evidência o seu slogan “Bentley
Systems: Advancing Infrastructure”.
Tal como o Revit para AutoCAD, o
AECOsim Building Designer é o sucessor
do software BIM da Bentley para
MicroStation.
A Bentley sempre se posicionou bem
no mercado, principalmente por
facilitar e agilizar o manuseamento de
dados em grandes projetos de forma
19
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM
muito eficiente, a ponto de permitir
trabalhar em um modelo BIM com
tanta informação que, usando outros
softwares, poderia causar o seu colapso.
O conceito AECO (Arquitetura,
Engenharia, Construção e Operações)
incorporado no nome do software
AECOsim é símbolo de uma de suas
principais vantagens: ao passo que
• Como o uso do Allplan não é muito
outros programas são muito orientados
para a arquitetura, AECOsim está
baseado no ciclo de vida completo de
um projeto e oferece uma ampla gama
de possibilidades para engenheiros civis,
uma vez que está mais orientado para
seus fluxos de trabalho do que o Revit
ou ArchiCAD.
O AECOsim é utilizado em alguns dos
maiores projetos do mundo, tanto em
tamanho quanto de orçamento.
Conclusão
Após a análise das 4 plataformas de
modelagem BIM, podemos concluir o
seguinte:
• Seria interessante dominar o Revit
ou o ArchiCAD para garantir a
compatibilidade e a empregabilidade
na indústria. Estes são os softwares
BIM mais utilizados e mesmo que você
não seja um usuário de nível avançado,
é importante conhecer o seu escopo
de uso, as vantagens e as limitações.
• Além de selecionar um dos dois
softwares BIM anteriores, o AECOsim
é a outra opção para completar o perfil
de um profissional que deseja trabalhar
20
no mundo das infraestruturas, pois não
só oferece oportunidades de trabalhar
em grandes empresas internacionais,
como também garante as habilidades
necessárias para participar de projetos
de grande escala. O AECOsim é
utilizado em megaprojetos em todo
o mundo e seus usuários são muito
procurados pelas empresas que o
utilizam.
generalizado, o domínio do Allplan
estaria recomendado aos profissionais
interessados em trabalhar em países
europeus, em particular na Alemanha.
1.3 O que é openBIM®?
– Principais benefícios
Openbim é um processo colaborativo
e inclusivo que visa promover a
interoperabilidade em benefício de
empreendimentos e ativos ao longo do
ciclo de vida. Se baseia em padrões e
fluxos de trabalho abertos que permitem
aos envolvidos o compartilhamento
de seus dados a partir do uso de
sistemas BIMcompatíveis. Se trata
de um processo colaborativo assente
em padrões abertos e neutros,
independente de fornecedores.
Definido pela buildingSMART
International, o openBIM visa melhorar
a qualidade das edificações e obras de
infraestrutura. Além disso, o openBIM
também busca combater diretamente
as ineficiências da fragmentada
indústria da construção, promovendo
uma mudança de mentalidade para
a consciência sobre os benefícios da
transformação digital.
No blog BIM Experts da Zigurat, o tema
openBIM já foi tratado em maio de
2019. No entanto, aqui neste texto você
poderá encontrar algumas informações
adicionais sobre este assunto.
Padrões abertos e openBIM
A buildingSMART, enquanto entidade
internacional sem fins lucrativos, visa
promover o uso de padrões neutros
e abertos como o IFC, BCF, IDM,
entreoutros, atendendo às fases de
projeto, execução e operação dos ativos
de construção.
Benefícios do openBIM
O openBIM promove a criação e
utilização de padrões de fluxos de
trabalho (workflows) transparentes,
dedicados e documentados que
ajudam as atividades das equipes
interdisciplinares envolvidas, evitam
erros de comunicação e provêm
a acessibilidade aos dados de
um empreendimento ou ativo de
construção.
Graças ao compartilhamento de
informações, estes fluxos suportam
a colaboração e, sem margem para
dúvida, são beneficiais aos negócios e à
sociedade.
O OpenBIM amplia os benefícios do
BIM melhorando a acessibilidade,
a usabilidade, a gestão e a
21
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM
sustentabilidade dos dados digitais na
cadeia produtiva da construção.
Em destaque, segundo a buildingSMART
International, a utilização do openBIM
garante que:
• a interoperabilidade seja a chave para
a transformação digital da indústria da
construção;
• as normas e padrões abertos e neutros
sejam desenvolvidos para facilitar a
interoperabilidade;
• a confiabilidade das trocas de
dados dependa de comparativos de
qualidade independentes;
• os fluxos de trabalho para colaboração
sejam melhorados pelos formatos de
dados abertos e ágeis;
• a flexibilidade de escolha da
tecnologia crie mais valor para os
envolvidos; e,
• a sustentabilidade seja resguardada
por normas e padrões de
interoperabilidade com longa duração.
22
Interoperabilidade e a
buildingSMART
Um dos pilares fundamentais do BIM é a
interoperabilidade. A interoperabilidade
trata-se do intercâmbio de dados entre
sistemas de fabricantes diferentes e de
diferentes especialidades ou áreas da
indústria.
No processo de desenvolvimento de um
projeto em BIM, os dados de um modelo
BIM precisam ser compartilhados
entre as equipes multidisciplinares
envolvidas nos diversos processos
relacionados com o ciclo de vida do
empreendimento. Essas equipes
devem trabalhar de forma colaborativa,
podendo utilizar sistemas diferentes
ambientes, seja em rede local ou na
nuvem.
A interoperabilidade é proporcionada
pela utilização de padrões e formatos
neutros e abertos e permite o
intercâmbio e o compartilhamento
de dados sem a necessidade de
remodelagem do projeto pelos
diferentes profissionais e sistemas
envolvidos no processo.
Padrões abertos da
buildingSMART
No enfoque do openBIM, a
buildingSMART promove um
desenvolvimento consensual entre os
envolvidos nos padrões específicos para
aceleração da implementação e uso.
Os padrões da buildingSMART cobrem
um conjunto abrangente e único de
capacidades em relação aos processos
e informações para a indústria do
ambiente construído, incluindo:
• um esquema de modelo de dados
(data schema) específico para a
indústria da construção – norma
internacional ISO 16739-1:2018 –
Industry Foundation Classes (IFC);
• uma metodologia para a definição
e documentação de requisitos de
processos de negócios e de dados –
norma internacional ISO 29482-1:2010 –
Information Delivery Manual (IDM);
•
especificações de intercâmbio de
modelo de dados – Model View
Definitions (MVD) –, um subconjunto
do esquema IFC (IFC View Definition)
para descrever dados de intercâmbio
para um fluxo de trabalho específico,
atendendo a requisitos de troca de
informações. Para a descrição de um
MVD se utiliza o padrão IDM.
• protocolos de comunicação baseados
em modelos e independentes de
software, como o BIM Collaboration
Format (BCF) que permite a
comunicação entre diferentes
aplicativos BIM utilizando padrões
abertos de formatos de arquivo e
protocolos de comunicação de dados
(https://technical.buildingsmart.org/
standards/bcf/); e,
•
um serviço de apoio ao uso dos
padrões da bSI, o bSDD – http://
bsdd.buildingsmart.org/), auxiliando
no fluxo de trabalho para encontrar
classificações, entidades, propriedades
e valores adequados. Trata-se de
uma biblioteca (padronizada) de
definições gerais para objetos BIM e
seus atributos e um amplo conjunto
de informações relacionadas (normas,
sistemas de classificação, documentos
regulatórios, entre outros) –
buildingSMART Data Dictionary (bSDD)
– aderente à norma IFD (International
Framework for Dictionaries – norma
internacional ISO 12006-3).
Mais detalhes técnicos podem ser
consultados no seguinte link:https://
technical.buildingsmart.org/.
23
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM
O tripé de padrões neutros
Com este conjunto de padrões, a
abordagem da buildingSMART para
tratar com modelos BIM (com base
na especificidade da definição da
visão de modelo MVD) e garantir
fluxos informacionais consistentes se
baseia em um tripé de três normas
internacionais para estes padrões
abertos e neutros: um formato para a
troca de dados (IFC), um modelo de
descrição de processos (IDM) e uma
descrição padronizada (terminologia –
IFD e serviços bSDD).
Tripé de padrões abertos para openBIM.
Fonte: BuildingSMART
IFC – um esquema neutro e aberto
de dados
Um padrão como o IFC permite, por
exemplo, realizar de verificação de
interferências geométricas, analisar
normas com uso de parâmetros, fazer a
estimativa de custos, realizar simulações
mais simples, entre outros. Veja mais
no seguinte link: https://technical.
buildingsmart.org/standards/ifc.
IFC é uma especificação para a
24
descrição digital padronizada de
um ativo da indústria da construção
(componentes, objetos, partes da
construção ou a própria construção).
É um padrão internacional aberto e
neutro, independente de fabricantes.
IDM – processos e o manual de
entrega de informação
O IDM visa facilitar a interoperabilidade
entre softwares a fim de promover
a colaboração entre os participantes
e fornecer uma base para a troca
de informações de maneira precisa,
confiável, replicável e com qualidade
(http://bimdictionary.com/en/
information-delivery-manual/).
IFD e bsDD – Terminologia em
contexto
Entre as normas brasileiras de BIM, a
primeira foi lançada em 2010 e com
revisão publicada em 2018 – ABNT NBR
ISO NBR 12006-2:2018. Essa parte 2 da
norma dá suporte ao conceito de IFD
que constitui a terceira parte da mesma
norma internacional. ara facilitar o uso
dessa norma internacional, a bSI criou o
serviço buildingSMART Data Dictionaries
(bSDD) como solução na nuvem com
listas de objetos, propriedades e
conceitos relacionados com aplicações
do BIM. Cada entrada nesta base de
dados é mapeada para as definições
e possíveis derivativos relativos ao
conceito consultado, em diferentes
contextos e línguas.
Disseminação e uso dos padrões
openBIM
Em suma, openBIM é um enfoque
universal para o desenvolvimento de
empreendimentos de construção nas
fases de projeto e execução, bem
como para a gestão do ativo construído
na fase de operação e manutenção.
Como metodologia, o openBIM
suporta a transparência, a colaboração
aberta a todos os participantes do
empreendimento sem importar qual o
software em utilização.
No enfoque do openBIM, a
buildingSMART desenvolve os
chamados padrões abertos como
soluções específicas para o intercâmbio
de dados nos processos com uso de
BIM ao longo do ciclo de vida de um
empreendimento de construção: BCF,
IDM/MVD, IFD/bsDD e IFC.
É importante notar que a bSI, como
organização responsável por estes
padrões destacados neste texto, conta
com 26 capítulos internacionais como
organizações nacionais associadas que
desenvolvem e promovem a aplicação
de padrões abertos em diversas regiões
do mundo.
25
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM

NORMATIVOS QUE IMPULSIONAM A

2. BRASIL E PORTUGAL: QUADROS

2.1 O BIM em Portugal e no Brasil:

panorama atual

Atualmente, tendo consciência

das vantagens significativas com a
implementação do BIM, o Brasil dá
importantes passos no sentido de
incentivar e implementar o uso desta
metodologia em todo o país. Em
Portugal, embora a implementação
do BIM esteja a ocorrer de maneira
mais gradual, importantes ações de
sensibilização para os benefícios que
decorrem do uso desta metodologia
estão a ser levadas a cabo pelo governo
e autarquias locais. Embora Brasil e
MUDANÇA

Portugal não se posicionem na linha da

frente quanto ao uso de BIM, revela-
se uma tendência ao aumento do
uso desta metodologia nos próximos
anos e uma procura exponencial por
profissionais especializados.

Fig. Museo de Arte de São Pulo (MASP), projeto de Lina Bo Bardi. São Paulo, Brasil.

26 27
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM
Plano para a implementação do
BIM no Brasil
O uso de BIM é obrigatório no Brasil
desde o ano de 2021 para determinados
projetos públicos. Esta iniciativa tem
a finalidade de contribuir para que
esta metodologia seja o novo padrão
na indústria da construção e que a
sua exigência esteja cada vez mais
presente na licitação de obras públicas,
como poderá ver através do seguinte
seminário.
Efetivamente, visando acompanhar
as tendências internacionais do
mercado da construção civil, o Governo
Brasileiro elaborou um plano que prevê
a implementação de BIM em todo o
âmbito nacional até 2028. Este plano se
compõe de três fases:
• Primeira fase (a partir de janeiro de
2021): o uso de BIM é obrigatório no
desenvolvimento de projetos de novas
construções e ampliações, bem como
na reabilitação de edifícios;
• Segunda fase (a partir de janeiro
de 2024): a tecnologia BIM será
obrigatória no desenvolvimento de
projetos de engenharia e arquitetura
e na gestão de obras, seja de maneira
direta ou indireta, além de abranger os
usos previstos durante a primeira fase;
• Terceira fase (a partir de janeiro de
2020): o uso de BIM será obrigatório
na fase de gestão e manutenção
do edifício após a sua construção.
Esta fase engloba também os usos
previstos durante às duas fases
anteriores.
Tudo isto antecipa que as empresas
ligadas à área da engenharia civil,
28
arquitetura e construção civil devem
ter em mente que, a curto prazo,
precisam preparar-se para esta
transformação tecnológica do setor.
Nomeadamente, as empresas devem
realizar um processo que requer não
só a implementação de tecnologia
BIM mediante a aquisição de novos
softwares, mas também a formação
ou contratação de profissionais
especializados. Abaixo, temos o
importante exemplo da Casa Enseada,
um projeto executado na cidade de
Porto Alegre, no Brasil, onde o uso da
metodologia BIM foi crucial tanto em
fase de projeto quanto de execução, que
somadas demoraram menos de um ano.
As empresas assinalam os custos
que implicam esta mudança
como a principal barreira a esta
transformação, embora tenham
bem presente as vantagens
provenientes da implementação
de BIM e reconheçam que, a longo
prazo, conseguiriam o retorno do
investimento da implementação
inicial. De fato, o número de empresas
que intensificaram a aplicação da
tecnologia BIM nos seus projetos
está em crescimento contínuo desde
há vários anos e a previsão é que,
num futuro não muito distante, esta
metodologia englobe a maioria das
empresas ligadas ao setor AECO. Para Fig. 1. Casa Enseada, Projeto arquitetônico de Eduardo L. Maurmann, Elen B. N. Maurmann, Paula
Otto, Luiza Otto e equipe Arquitetura Nacional. Retirado de: http://www.arquiteturanacional.
citar alguns exemplos, as empresas
com.br/casa-enseada/ (31/03/2022)
Petrobras e o Senai usam esta
metodologia há bastante tempo. Além
disso, várias ações de sensibilização
e difusão da metodologia BIM são
organizadas por todo o país. O BIM
Forum Brasil, por exemplo, com quem a
Zigurat renovou este ano uma parceria,
é um grande impulsionador deste tipo
de atividades.
29
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM
Estado atual da implementação e
uso de BIM em Portugal
A situação em Portugal quanto à
implementação e uso de BIM partilha
pontos de semelhança e dissemelhança
relativamente à situação presente no
Brasil. Apesar do uso da tecnologia BIM
estar ainda numa fase inicial, muitas
empresas e especialistas do setor
estão já bastante sensibilizados quanto
às vantagens que a implementação
generalizada desta metodologia traria
para a indústria, além de estarem
cientes que, num futuro próximo, as
empresas precisam de embarcar nesta
transformação tecnológica de maneira a
acompanhar as tendências e exigências
do mercado. Neste sentido, pode-se já
observar uma mudança no panorama
geral da indústria da construção. A este
respeito, Frederico Ramos, diretor de
arquitetura da ARC ICS afirmava que
Fig. 2. Foto de Lisboa, Portugal.
30
“Se o governo tornasse obrigatório o
desenvolvimento dos projetos em BIM,
a poupança que ia gerar nos projetos
de infraestruturas iria libertar verbas
suficientes para alimentar a formação
dos técnicos e combater alguns dos
problemas da infraestruturação inicial”.
Tudo aponta para uma implementação
mais ampla no território nacional. Tal
como observam Pedro P. Machado et
al. (2021, p. 142) num recente estudo,
verifica-se desde janeiro de 2017, uma
taxa de aumento do Índice de Produção
na Construção, segundo dados do
INE em 2018. Além disso, o número
de contratos de empreitadas de obras
públicas aumentou 86%, tendo atingido
os 829,5 M€ no primeiro semestre de
2017. É ainda digno de salientar que a
produção global anual na indústria da
construção cresceu um 5,9% em 2017 e
com previsão de crescimento de 4,5%
em 2018.
Estes dados sugerem que este é
o momento ideal para apostar na
implementação da metodologia BIM
no setor da construção em Portugal.
De facto, empresas como a Águas e
Energia do Porto já adotou o uso de
tecnologias de ponta e ferramentas
de inteligência artificial para apoio
nas suas operações diárias, o que
aumentou a sua produtividade
operacional em 20% mediante o uso
de gêmeos digitais. Tendo presente
o crescimento da indústria AECO,
as empresas portuguesas devem
ter em conta nos seus orçamentos
a curto prazo a imprescindibilidade
em aplicar a transformação digital
da área, de maneira a garantir a
sua competitividade, seja a nível
nacional ou internacional, e satisfazer
as necessidades mais urgentes
do mercado. Além disso, há que
acrescentar que foi já criada uma
comissão técnica (CT197) coordenada
pelo Organismo de Normalização
Setorial do Instituto Superior Técnico
(ONS/IST) que trabalha na normalização
do BIM em Portugal. Várias atividades
de sensibilização e disseminação da
metodologia BIM têm também sido
levadas a cabo pelo Grupo de Trabalho
BIM (GTBIM) e pelo BIM Forum Portugal,
que buscam acelerar a transformação
digital deste setor no país.
Oportunidades laborais e de
formação em BIM
Como vemos, Portugal e Brasil são
países promissores que caminham a
bom ritmo na adoção da metodologia
BIM. O crescimento do setor da
construção e o aumento da necessidade
das novas tecnologias abrirão novas
portas laborais a profissionais
especializados. Entre os perfis
profissionais mais buscados nos fluxos
de trabalho BIM, encontram-se BIM
Managers, BIM Modelling Specialists,
BIM Consultants e BIM Modellers.
A Zigurat nasce visando culminar
esta lacuna, oferecendo cursos de
aperfeiçoamento e masters em BIM e
desenho paramétrico 100% práticos e
focados em treinar os próximos líderes
profissionais do mercado. Conheça mais
sobre os nossos cursos e acompanhe
as revoluções tecnológicas do setor da
construção.
O presente artigo está baseado nas
seguintes referências:
Links:
https://www.dinheirovivo.pt/especial/
revolucao-40/quando-a-iniciativa-do-
estado-pode-fazer-a-diferenca-12805306.
html
http://egitaniasciencia2.ipg.pt/index.php/
egitania_sciencia/article/view/405/pdf
https://biblus.accasoftware.com/es/
el-bim-llega-a-brasil-aqui-estan-los-9-
puntos-mas-importantes/
https://blogs.autodesk.com/mundoaec/
bim-no-brasil-uma-visao-tecnica-e-
juridica/
https://grupoajbim.com/decreto-bim/
https://engetax.com.br/
https://engenharia360.com/os-
profissionais-mais-desejados-pelo-
mercado-bim/
31
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM
Estudos:
Luedy, L., Couto, P., Falcão, M.J. &
Hormigo, J. (2020). Modelação BIM a
Partir Dos Requisitos de Informação.
ptBIM 2020 – 3º Congresso Português
de Building Information Modeling, pp.
799-807.
Pepe, M., Resende, R. & Pinto, P.
(2018). O BIM no ensino da arquitetura
em Portugal – O caso do ISCTE-IUL.
2º congresso Português de Building
Information Modeling.
Carvalho, P. (2016). Análise estatística do
estudo de implementação da tecnologia
BIM no setor da construção em Portugal.
Dissertação de Mestrado em Engenharia
Civil – Especialização em construções.
Porto: Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto.
Narciso, M. (2016). Contributo para a
normalização BIM em Portugal: Proposta
de adenda de apoio à contratação.
Dissertação de Mestrado em Engenharia
Civil. Lisboa: Técnico – Universidade de
Lisboa.
32
2.2 As estratégias voltadas para as obras
de infraestrutura da frente parlamentar
para a implantação do BIM no Brasil
O país precisa ser mais eficiente,
reduzir custos, garantir a segurança
e a sustentabilidade quando se trata
de construção civil. É fundamental
que os projetos no Brasil tenham mais
qualidade e previsibilidade. O BIM
(Building Information Modelling), ou
Modelagem da Informação da Construção,
tem se consolidado como um novo
paradigma para o desenvolvimento de
empreendimentos de arquitetura e de
engenharia considerando todo seu ciclo
de vida, desde a concepção do projeto, o
acompanhamento e o controle de obras e
a realização da gestão e manutenção de
edificações e obras de infraestrutura.
O BIM reduz os erros de compatibilidade,
otimiza prazos, confere maior
confiabilidade dos projetos, torna os
processos de planejamento e controle
de obras mais precisos, aumenta a
produtividade, diminui os custos e
riscos e permite economizar os recursos
utilizados nas obras. O BIM impõe à
indústria nacional o desafio de superar
o atraso em relação aos avanços já
alcançados em outros países. Ao setor
público cabe a tarefa de induzir essa
mudança, tornando a metodologia BIM um
requisito indispensável no planejamento,
acompanhamento e fiscalização de obras
públicas. Um estudo recente realizado pela
Fundação Getúlio Vargas (FGV), apontou
que a produtividade da construção
civil brasileira é quatro vezes menor
do que a de países como os Estados
Unidos, a China, a Rússia e os países
da União Europeia. Além disso, o uso
do BIM é reduzido e desigual no Brasil,
sendo que apenas 9,2% das empresas
no país usam esta metodologia. Por um
lado mais positivo, o estudo da FGV
aponta que se metade das empresas
brasileiras adotarem o modelo BIM
na próxima década, projeta-se que a
economia da construção civil brasileira
crescerá 7%. Outro dado importante
da FGV é a estimativa de redução de
9,7% dos custos totais da obra e de
20% dos custos com insumos. Nos
Estados Unidos, no Reino Unido, na
Holanda e na Finlândia não podem
ser contratadas obras que não
tenham sido desenvolvidas conforme
a metodologia BIM, dado que esta
possibilita a almejada eficiência na
gestão de recursos, além de alinhar e
integrar o planejamento, a execução
e a fiscalização de uma maneira mais
efetiva. A utilização do BIM aprimora
muitas práticas do setor da construção
e traz diversos benefícios ao mercado,
tanto para os que participam da cadeia
de produção (oferta) quanto para os
proprietários e contratantes (demanda).
O BIM aumenta a confiabilidade nas
estimativas de custos e no cumprimento
33
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM
dos prazos, reduz a incidência de erros
e imprevistos, garante uma maior
transparência no processo de compra
e confere maior qualidade às obras.
Para que o Brasil possa realizar uma
mudança radical no cenário atual da
construção civil é imprescindível adotar
novas tecnologias e novas concepções
de trabalho. Nesse sentido, a adoção
da metodologia BIM impõem-se como
um desafio incontornável. Com base
em todos os benefícios que a adoção
do BIM pode trazer aos processos de
construção civil nas cidades brasileiras,
foi instituída a Frente Parlamentar em
Defesa do Sistema de Modelagem da
Informação da Construção (BIM).
Frente parlamentar
A Frente Parlamentar em Defesa do
Sistema de Modelagem da Informação
da Construção (BIM), cujo presidente é
o Deputado Federal Hildo Rocha (MDB/
MA), foi criada no dia 29 de outubro de
2019, e contou com apoio de 200 dos 513
deputados que compõem a Câmara dos
Deputados. A Frente Parlamentar em
Defesa do Sistema de Modelagem da
Informação da Construção, conhecida
por Frente Parlamentar do BIM (FPBIM)
é uma entidade associativa que
defende os interesses comuns, que
está constituída por representantes de
todas as correntes de opinião política
da Câmara dos Deputados e que tem
como objetivo estimular a ampliação,
por meio do poder público, do uso
de novas tecnologias de modelagem
de informação. A Frente Parlamentar
do BIM (FPBIM) tem as seguintes
finalidades: a) acompanhar a política
oficial de desenvolvimento do uso de
novas tecnologias de modelagem de
informação, manifestando-se quanto
aos seus aspectos mais importantes de
34
sua aplicabilidade; b) promover debates,
simpósios, seminários e outros eventos
pertinentes ao exame da política de
desenvolvimento de tecnologias de
modelagem de informação; c) promover
o intercâmbio com instituições
semelhantes e parlamentos de outros
países, visando o aperfeiçoamento
recíproco das respectivas políticas a
favor de tecnologias de modelagens
de informação alternativas; d) procurar,
de modo contínuo, o aperfeiçoamento
da legislação referente à tecnologia de
modelagem de informação, influindo
no processo legislativo a partir das
comissões temáticas na Câmara dos
Deputados; e) conhecer e auxiliar
na divulgação de novas tecnologias
e processos de modelagem da
informação; e f) apoiar as instituições
interessadas no desenvolvimento de b) a realização da segunda edição do i) atuar, junto a ABNT e em órgãos
novas tecnologias de modelagem da Prêmio BIM da Administração Pública; do Governo Federal, para que
informação, junto a todos os Poderes, regulamentem adequadamente o
inclusive em questões orçamentárias c) fomentar o cumprimento dos uso do BIM para projetos e obras de
nos casos das entidades públicas. A objetivos da Estratégia BIM BR pelos infraestrutura.
Frente Parlamentar do BIM visa ainda órgãos públicos;
incentivar as iniciativas públicas ou A fim de promover um ambiente
privadas que busquem a modernização d) ampliar o escopo da Estratégia adequado ao investimento em BIM e sua
e a transformação digital da construção BIM BR para contemplar as obras de difusão no país, a Frente Parlamentar,
civil no Brasil. infraestrutura; em efetiva medida, incentivará tanto
o Poder Público como os setores da
Para tanto, a Frente Parlamentar e) a regulamentação para o uso do BIM cadeia produtiva a atender aos objetivos
trabalhará para que haja alinhamento para obras saneamento básico (marco contidos na Estratégia BIM BR.
das ações e iniciativas do setor público legal);
e do privado, impulsionando a utilização Estratégia BIM BR
do BIM no país e promovendo as f) a regulamentação do uso do BIM
mudanças necessárias para garantir um prevista na nova lei de licitações; Buscando incentivar o desenvolvimento
ambiente adequado para seu uso. A do setor de construção, trazer mais
Frente Parlamentar apresenta a seguinte g) propor ao Ministério da Economia economicidade para as compras
agenda de realizações para os próximos que use o BIM na plataforma digital de públicas e maior transparência aos
anos: cadastro de obras públicas que entrará
processos licitatórios, além de contribuir
em funcionamento em Janeiro de 2021;
para a otimização de processos de
a) a criação de portal da Frente
manutenção e gerenciamento de
Parlamentar do BIM (FPBIM) para acesso h) a atualização dos Manuais de Obras
Públicas (práticas da SEAP) para ativos, o Governo Federal lançou a
do cidadão;
contemplar o uso BIM; Estratégia Nacional de Disseminação
35
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM
do BIM – Estratégia BIM BR, instituída
pelo Decreto Nº 9.983, de 22 de agosto
2019. Com a difusão do BIM no país,
o Governo Federal busca alcançar
resultados que representam alguns dos
benefícios esperados pela sua aplicação.
Os resultados esperados com o
atendimento da Estratégia BIM BR são:
a) assegurar ganhos de produtividade ao
setor de construção civil;
b) proporcionar ganhos de qualidade
nas obras públicas;
c) aumentar a acurácia no planejamento
de execução de obras proporcionando
maior confiabilidade de cronogramas e
orçamentação;
d) contribuir com ganhos em
sustentabilidade por meio da redução
de resíduos sólidos da construção civil;
e) reduzir prazos para conclusão de
obras;
f) contribuir com a melhoria da
transparência nos processos licitatórios;
g) reduzir a necessidade de aditivos
contratuais de alteração do projeto,
de elevação de valor e de prorrogação
do prazo de conclusão e de entrega da
obra;
h) elevar o nível de qualificação
profissional na atividade produtiva;
i) estimular a redução de custos
existentes no ciclo de vida dos
36
empreendimentos.
A Estratégia BIM BR tem nove objetivos,
sendo que todos buscam orientar
as ações, as iniciativas e os projetos
necessários para alcançar os resultados
esperados. Seguidamente, listamos os
objetivos específicos da Estratégia BIM
BR:
a) difundir o BIM e seus benefícios;
b) coordenar a estruturação do setor
público para a adoção do BIM;
c) criar condições favoráveis para o
investimento, público e privado, em
BIM;
d) estimular capacitação em BIM;
e) propor atos normativos que
estabeleçam parâmetros para as
compras e contratações públicas com
uso do BIM;
f) desenvolver normas técnicas, guias e
protocolos específicos para a adoção do
BIM;
g) desenvolver a Plataforma e a
Biblioteca Nacional BIM;
h) estimular o desenvolvimento e
a aplicação de novas tecnologias
relacionadas ao BIM;
i) incentivar a concorrência no mercado
por meio de padrões neutros. Para
a implementação do BIM no âmbito
do Governo Federal, a Estratégia
BIM BR elencou 3 programas Pilotos
representados pelo Ministério da Defesa
(Exército, Força Aérea e Marinha do
Brasil), pela Secretaria Nacional de
Aviação Civil e pelo Departamento
Nacional de Infraestrutura de
Transportes (DNIT).
O desdobramento da Estratégia BIM BR
se desenvolverá num horizonte de 10
anos, escalonado em 3 fases, tendo 3
marcos importantes: 2021, 2024 e 2028.
A primeira fase, a partir de janeiro de
2021, foca-se em projetos de arquitetura
e de engenharia para construções novas,
ampliações ou reabilitações, quando
consideradas de grande relevância
para a disseminação do BIM. Nesta
fase, será proposta a exigência do
BIM na elaboração dos modelos de
arquitetura e de engenharia referentes
às disciplinas de estrutura, de hidráulica,
de AVAC (aquecimento, ventilação
e ar-condicionado) e de eletricidade
na detecção de interferências e na
revisão dos modelos de arquitetura e de
engenharia, na extração de quantitativos
e na geração de documentação gráfica
a partir desses modelos. A segunda
fase, a partir de janeiro de 2024, deverá
incluir a aplicação do BIM na execução
direta ou indireta de projetos de
arquitetura e de engenharia e, também,
em obras referentes a construções
novas, reformas, ampliações ou
reabilitações, quando consideradas de
grande relevância para a disseminação
do BIM. Esta fase abrangerá, além
dos usos previstos na fase anterior,
a orçamentação,o planejamento da
execução de obras e a atualização do
modelo e de suas informações como
construído (as built). A terceira fase,
a partir de janeiro de 2028, deverá
incluir a aplicação do BIM a projetos
de arquitetura e de engenharia e a
obras referentes a construções novas,
reformas, ampliações e reabilitações,
quando consideradas de grande
relevância para a disseminação
do BIM. Por último, os serviços de
gerenciamento e de manutenção do
empreendimento após sua construção,
cujos projetos de arquitetura e
engenharia e obras tenham sido
realizados ou executados com aplicação
do BIM.
37
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM
Projetos de infraestrutura
Um importante papel da Frente
Parlamentar será a sua atuação para
ampliar o escopo da Estratégia BIM BR,
dando ênfase para a implementação e a
difusão do BIM para projetos e obras de
infraestrutura nos diversos modais, tais
como, rodoviário, ferroviário, aeroviário,
hidroviário, obras de arte, energia, óleo
e gás, água e esgoto. Além disso, no
escopo da Frente Parlamentar do BIM,
cumpre destacar a regulamentação
do uso da metodologia BIM na nova
lei de licitações que contempla tanto
projetos e obras de edificações como
de infraestrutura. No projeto de lei de
licitações, aprovado pela Câmara dos
Deputados mas que ainda precisa passar
pelo Senado, já consta o seguinte texto:
“Art. 19. Os órgãos da Administração
com competências regulamentares
relativas às atividades de administração
de materiais, de obras e serviços e
de licitações e contratos deverão: …
V – promover a adoção gradativa de
tecnologias e processos integrados
que permitam a criação, utilização e
atualização de modelos digitais de
obras e serviços de engenharia. § 3°
38
Nas licitações de obras e serviços
de engenharia e arquitetura, sempre
que adequada ao objeto licitação,
será preferencialmente adotada
a Modelagem da Informação da
Construção (Building Information
Modelling – BIM), ou de tecnologias e
processos integrados similares ou mais
avançados que venham a substituí-la.”
Outra iniciativa importante para a
disseminação do BIM no âmbito do
Governo Federal é a atualização dos
Manuais de Obras Públicas (Práticas da
SEAP) que foram publicados em 1997,
pelas mãosdo Ministério da Economia.
Existem 3 manuais (um para Projeto,
outro para Construção e um para
Manutenção) que estão disponíveis no
site de comprasgovernamentais.gov.br.
Estes manuais servem de referência para
as licitações de projetos, construção e
manutenção de edificações de órgãos
da administração pública federal.
A atualização destes manuais, com
foco na metodologia BIM, pode trazer
muitos benefícios para as licitações
públicas federais. Nesta mesma linha,
a Frente Parlamentar pode incentivar
que outros órgãos que trabalham com
projetos de infraestrutura executem
esta mesma iniciativa de atualização
de seus cadernos de encargos com
vistas a contemplar a tecnologia BIM.
Com relação à normatização de BIM
no Brasil, podemos citar a Coletânea
dos Guias BIM, desenvolvida por
meio de uma parceria entre a MDIC
e a ABDI (Associação Brasileiras de
Normas Técnicas), cujo objetivo é
disponibilizar informações orientadoras
para as práticas de planejar, projetar
(especificar-quantificar-orçar), contratar,
fiscalizar e aceitar obras públicas ou
privadas em aplicações BIM, bem
como outras informações necessárias
para impulsionar o BIM no mercado
brasileiro. A coletânea está composta
por 6 volumes: Guia 1 – O processo
de projeto BIM; Guia 2 – Classificação
da informação no BIM; Guia 3 – BIM
na quantificação, orçamentação,
planejamento e gestão de serviços
da construção; Guia 4 – Contratação
e elaboração de projetos BIM na
arquitetura e engenharia; Guia 5 –
Avaliação de desempenho energético
em projetos BIM; Guia 6 – A implantação
de projetos BIM. Para impulsionar o
uso do BIM nas obras de infraestrutura,
a Frente Parlamentar atuará junto à
ABNT ao Ministério da Economia para
a criação de Guias BIM voltadas para
projetos e obras de infraestrutura.
Destacamos que no dia 11 de dezembro
de 2019, a Câmara dos Deputados
aprovou o texto-base do novo
marco legal do saneamento básico
brasileiro. O projeto de lei altera as
regras para a prestação de serviços
de saneamento, facilitando a entrada
de empresas privadas no mercado e
buscando universalizar o acesso no
Brasil. O principal ponto do projeto
é abrir caminho para ampliação da
participação privada no mercado. A
forma de alcançar esse objetivo é tornar
obrigatória a abertura de licitação
quando os estados e municípios
contratarem um serviço de saneamento.
O governo afirma que isso deve elevar
consideravelmente o investimento no
setor. O secretário de Desenvolvimento
da Infraestrutura do governo, Diogo
Mac Cord, chegou a estimar ao jornal
Gazeta do Povo um investimento total
de R$ 700 bilhões até 2033. Com isso,
acreditamos que o uso do BIM será um
caminho natural para a realização dos
projetos de engenharia para as obras
de saneamento básico. Os Programas
Pilotos da Estratégia BIM BR são os
39
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM
seguintes: o Projeto Aeroporto Digital da
INFRAERO, o Projeto OPUS do Exército e
o PROARTE do DNIT. Destacamos que o
PROARTE do DNT tem maior aderência
com o BIM para INFRAESTRUTURA pois
trata do gerenciamento de serviços
de manutenção e de reabilitação em
Obras de Arte Especiais (OAEs) – pontes,
túneis, viadutos, passarelas e estruturas
de contenção – que integram a malha
rodoviária federal em todo o país,
podendo-se servir de referência para
órgãos de outras esferas de governo,
estadual ou municipal. Por fim, a
Frente Parlamentar pode tratar juntos a
agências reguladoras, principalmente,
a ANTT e a ANAC, para promoverem,
junto às concessionárias, a utilização do
BIM nos trechos concedidos.
Conclusão
Como podemos ver, as estratégias
voltadas às obras de infraestrutura da
Frente Parlamentar para implantação
do BIM no Brasil são muito abrangentes.
Podemos citar, além do que já foi
apresentado ao longo do texto, as
seguintes estratégias e iniciativas que
podem contribuir na disseminação do
uso do BIM nos órgãos governamentais:
a) a criação de condições favoráveis
para o investimento público e privado
em BIM; b) a adaptação de linhas de
financiamento às necessidades do
investimento em BIM; c) a criação de
programa de incentivo ao investimento
40
focado em micro e pequenas empresas;
d) os esclarecimentos aos potenciais
ofertantes sobre os requisitos BIM nos
processos licitatórios governamentais; e)
a promoção e a articulação internacional
para a atração de investimentos; f) a
proposição de atos normativos que
estabeleçam parâmetros para as
compras e as contratações públicas
com uso do BIM; g) diagnosticar as
necessidades de alterações no aparato
legal e regulamentar; h) propor atos
legais e regulamentares adequados às
necessidades da ampla adoção do BIM
no Governo Federal; i) estabelecer a
exigência do uso do BIM em programas
governamentais com recursos
orçamentários do Poder Executivo
Federal; j) estimular o desenvolvimento
e a aplicação de novas tecnologias
relacionadas com oBIM; k) estimular
o aprimoramento e a aplicação de
soluções de tecnologia da informação
e comunicação – TIC; l) Incentivar
investimentos em laboratórios BIM em
instituições científicas, tecnológicas e de
inovação (ICT); m) alinhar agendas com
os demais programas governamentais
afetos à Estratégia BIM BR (ex.: cidades
inteligentes, indústria 4.0, entre outros).
Washington Luke é Diretor do Master em Master
Internacional em BIM Management para In-
fraestruturas, Engenharia Civil e GIS e Coordena-
dor-Executivo da Frente Parlamentar do BIM na
Câmara dos Deputados.
Fig. 2. Foto de Brasília, Brasil.
41
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM
3. A IMPLEMENTAÇÃO BIM
Com o crescimento da digitalização do
setor AECO e a demanda de projetos
realizados em Building Information
Modeling (BIM), a organização, seja ela um
escritório ou uma empresa da indústria,
necessita de uma adaptação interna, uma
remodelação institucional que corresponda
a transformação BIM.
Em uma organização em transformação BIM,
o elemento mínimo é a tarefa, que pode ser
definida de acordo com a sua complexidade,
tema ou relevância. Independente da
classificação da tarefa, a organização com
tecnologia BIM precisa perseguir o “flow”,
ou seja, trabalhar de forma em que se
tenha uma experiência laboral fluída que
una a produtividade à motivação. Sendo
assim, a organização com tecnologia BIM
deve entender que a produtividade do
funcionário, ou seja, os resultados que o
funcionário poderá alcançar, dependerá da
sua motivação. Por seu turno, a motivação
do funcionário depende necessariamente do
escritório ou da empresa em que trabalha;
a empresa ou escritório deve conseguir
explicar ao funcionário as forças e os motivos
atrelados ao projeto construtivo.
42
3.1 A Organização e o Processo
de Transformação BIM
No caso da organização empresarial
e a transformação BIM, os arquitetos
e engenheiros envolvidos no projeto
BIM devem entender a eficácia da
metodologia que permite maior
sustentabilidade, melhor economia
de tempo e custo, mais trabalho
colaborativo realizado em tempo real,
melhor detalhamento de materiais e
orçamentos, eliminação de erros e maior
eficácia.
Os 4 valores indispensáveis
Para que a transformação BIM seja
eficaz, a organização deve ter um
processo gerencial regido por: tomada
de decisão, coordenação, liderança e
controle.
Tomada de decisão: a organização
empresarial do setor AECO necessita
olhar para o futuro e prever as
tendências ou acontecimentos que
possam influenciar o processo de
trabalho. É preciso definir as metas,
os objetivos e os caminhos que
devem ser trilhados para ter sucesso
em cada projeto relacionado com a
transformação BIM.
Coordenação: Após definidas as
metas e planos para o projeto, o BIM
Manager deve organizar os recursos
materiais e humanos necessários para
alcançar os objetivos. Além disso, é
preciso coordenar o fluxo de trabalho,
ou seja, o papel de cada pessoa e seu
desempenho no projeto.
Liderança: o BIM Manager da
organização empresarial deve entender
as habilidades de cada funcionário
e influenciá-los para propósitos
específicos do projeto. O líder deve
fazer entender que cada membro
da organização deve trabalhar
colaborativamente de acordo com
as metas da transformação BIM. A
liderança tem a função de unir a eficácia
à eficiência através da administração
dos esforços individuais, visando que em
grupo, se atinjam as metas estipuladas
no processo em questão.
43
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM
Controle: monitorar o progresso da
transformação BIM tendo em visa
o cumprimento de suas metas na
empresa. É necessário fazer esse
controle para que tudo seja medido,
comparado e para que falhas sejam
reparadas e evitadas. Ou seja, deve-se
medir o desempenho de um projeto
BIM e compará-lo a outro projeto,
incluindo o antes e o depois da
implementação BIM na organização.
Alguns dos meios de controle podem
ser: o tempo investido no projeto, as
horas de trabalho de cada funcionário e
o investimento financeiro (economia de
custos).
A transformação passa por uma
RE(definição)
A organização empresarial em processo
de transformação BIM deve ter claro o
BIM dentro da sua cultura institucional.
Além disso, a organização não deve
esquecer que é ela que determina como
o negócio se organiza, como lida com
seus funcionários e como se posiciona
no mercado. Assim, a transformação
BIM deve estar presente em seus ideais
e valores.
• ideais: o que a organização persegue
e tem por objetivo alcançar; o que
a organização pretende ao realizar
projetos BIM.
44
• valores: de que maneira, ou como, a
organização toma as suas decisões.
Dessa forma, ao trabalhar com a
transformação BIM, a organização
empresarial deve:
• redefinir seus valores
• transformar seus valores em ações:
- formação da equipe;
- licenciamento de softwares para
a equipe;
- renovação dos hardwares;
• construir uma equipe coerente;
• monitorar os impactos que tudo isso
trará para a empresa;
A cultura de uma organização com
sucesso no setor AECO, tendo em conta
a tecnologia BIM e o mundo em que
vivemos, deve ser composta por alguns
itens como:
Confiança: a confiança vai
“acontecendo” através dos projetos; é
aquele sentimento que é adquirido e
assegurado no cotidiano da organização.
Segurança: são as crenças, as regras,
as normas, as práticas de trabalho
e as atitudes compartilhadas pelos
funcionários. É o que a organização
deve assegurar. Para uma boa cultura
de segurança é necessário engajar os
funcionários e pedir seus feedbacks,
para que assim, os riscos sejam
remediados.
Pertencimento: fazer com que o
funcionário saiba que ele é peça-chave
na empresa e em seus projetos.
Comprometimento: é a produção e
a realização de tarefas segundo os
propósitos da organização.
Aprendizado: ir em busca do novo e
lapidar o antigo para ter êxito no futuro.
Diversidade: prezar por uma equipe
multicultural e com profissionais de
diversas especialidades do setor AECO
que trabalhem de maneira integrada,
harmônica e colaborativa.
Diferenciação/Inovação: buscar maneiras
que tornem a organização “especial”,
coisas que façam com que os clientes
optem por contratar o serviço da
organização e que os funcionários
queiram trabalhar nela. A inovação
tecnológica e a digitalização que traz
o BIM como diferencial é um grande
atrativo e motor de diferenciação.
Inquietude: é o estar sempre em
movimento, é a busca por mais
conhecimento, é o aperfeiçoamento e
a busca de novas soluções para antigos
problemas.
Ambição: traçar as metas e objetivos,
contratar funcionários, organizar fluxos
de trabalhos e monitorar tudo para que
a empresa seja cada vez mais produtiva
e alcance melhores resultados.
Além disso, para uma organização
empresarial ter sucesso em sua
transformação BIM, ela deve ter sua
estrutura hierárquica e colaborativa
bem definidas, assim como seus
processos de trabalho (workflow)
fluídos e determinados. Além disso,
deve também ter em mãos recursos
tecnológicos de ponta (softwares,
plataformas e aparelhos) ao serviço
do desenvolvimento do potencial das
pessoas.
45
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM
3.2 Por que a gestão tradicional de
projetos falha: Chaves para o sucesso
A gestão tradicional de projetos na
indústria de arquitetura, engenharia e
construção (aec) provou ser ineficiente.
Outras indústrias, como a indústria
automotiva, adotaram novas filosofias
de produção e gestão no final dos
anos 80, seguidas pelos fabricantes de
outras indústrias, incluindo os setores
de tecnologia e serviços.
No entanto, a indústria AEC permaneceu
estagnada durante décadas nos
mesmos sistemas de gestão. Diferentes
estudos publicados durante as últimas
duas décadas colocam a indústria AEC
no fim do ranking emprodutividade,
eficiência, qualidade, segurança ou uso
de novas tecnologias.
Algumas das causas comuns
porque falham os projetos
• Projetos incompletos, mal analisados e
pouco detalhados;
• Ausência de sistemas de medição de
desempenho, não apenas aqueles
relacionados com o cronograma, mas
também aqueles relacionados com os
custos, a produtividade e a qualidade,
e aqueles focados na satisfação do
cliente;
46
• Falta de coordenação entre os
diferentes membros que participam no
projeto;.
• Utilização de métodos obsoletos
no planejamento, no controle e na
gestão da produção que causam o
descumprimento sistemático dos
prazos;
• Contratos baseados no confronto,
desconfiança mútua e falta de
transparência entre as partes
envolvidas em todo o processo,
condicionando o risco sob a cadeia de
suprimentos;
• Equipes de trabalho fragmentadas
e, fortemente hierarquizadas, o que
gera uma guerra de interesses entre as
partes envolvidas, ameaçando assim o
trabalho em equipe e a cooperação.
• A participação dos diferentes
membros que integram no processo
de projeto e construção ocorreem
diferentes momentos, sem abrir
espaço para a colaboração. Esta
organização dificulta a comunicação
e prolonga o processo de detecção de
problemas.
• O esforço unilateral é encorajado e o
sucesso do projeto é diluído entre os
interesses pessoais de cada parte.
• O trabalho é realizado de maneira
isolada, o que causa problemas devido
à falta de comunicação efetiva entre
os membros da equipe de projeto-
manufatura-construção.
• Não há aprendizagem sistemática
e as curvas de aprendizagem são
muito longas. As ideias e melhorias
se perdem de um projeto para o
outro e quando se conservam, a sua
percentagem de realização é muito
baixa.
Chaves do sucesso
Lean Construction Management oferece
uma abordagem diferente e inovadora
que procura maximizar a entrega de
valor e a eficiência em todas as fases do
projeto. Os fatores de sucesso podem
ser agrupados em 4 grandes áreas:
1. Modelo de contrato
Modelos de contratação baseados na
colaboração e na confiança.
Os objetivos de custo, planejamento e
entrega de valor ao cliente são usados
como critérios primários de projeto
47
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM
desde o início, usando feedback
constante entre as decisões que
se tomam ao longo do projeto e os
resultados do custo, em vez de esperar
até o final da fase de projeto para fazer
uma estimativa de custo.
Este modelo não projeta unilateralmente
em disciplinas isoladas, mas estabelece
as diretrizes para as quais foi projetada
e envolve a todos que farão parte do
projeto, fabricação, construção, uso e
processo de manutenção na tomada de
decisões.
2. O sistema de gestão de projetos
É necessária uma gestão baseada em
uma liderança forte e não na abordagem
tradicional de comando e controle.
Uso de técnicas de planejamento
colaborativo.
O projeto, a fabricação e a construção
são planejados como um processo.
O sistema de gestão requer uma
estrutura de equipe integrada.
3. Estratégias de tipo social
O novo sistema requer o envolvimento
precoce das principais partes
interessadas.
Tomada de decisão colaborativa
e consensual. As barreiras de
comunicação e estruturais são
removidas.
As informações são compartilhadas
em servidores comuns. Aprendendo a
trabalhar com informações incompletas.
48
4. Inovação, aprendizagem e uso de
tecnologias apropriadas
Uso apropriado de novas tecnologias
que simplificam os processos a serviço
das pessoas A inovação e a melhoria
contínua são incentivadas. Para este
fim, são utilizadas ferramentas, como
por exemplo o Last Planner System, que
envolvem toda a equipe e contribuem
para reduzir as curvas de aprendizagem.
Se fomenta o uso da padronização
de processos, medição e análise de
indicadores-chave de desempenho.
Uso de tecnologias e metodologias
como BIM, Ambientes de Dados
Comuns, aplicações on-line para a
comunicação e trabalho em equipe, ou
Gerenciamento Inteligente de Dados,
entre outros.
A indústria AEC está enfrentando
grandes desafios e mudanças que
acontecerão a um ritmo cada vez
mais rápido. As empresas que não
se adaptarem a tais mudanças serão
superadas pela concorrência, como
mínimo, em uma grande parte de
projetos que exigem maior uso das
novas tecnologias e novos sistemas de
gestão.
49
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM

O SUCESSO DO PLANO DE EXECUÇÃO

4. SEGREDOS E FERRAMENTAS PARA

4.1 Segredos do Planejamento

de Execução BIM (PEB) ou BIM
Execution Plan (BEP)

O planejamento de execução BIM Não há um método padrão para a

(PEB), ou BIM Execution Plan (BEP)
em inglês, é um documento essencial
e dinâmico que define os objetivos
para a implementação da metodologia
BIM em um projeto. Este documento
contém os requisitos estabelecidos
pelo cliente, definindo o escopo, os
usos, o fluxo do processo, as funções, as
responsabilidades, as etapas, as tarefas
e as ferramentas a serem usadas.
O PEB é um documento essencial,
elaborado com o objetivo de obter
um quadro de referência para a
implementação de BIM no projeto.
implementação de BIM em cada projeto.
Somente uma equipe que compreende
as necessidades e os objetivos do
cliente e que consegue autoavaliar
as suas capacidades conseguirá
implementar BIM de forma eficaz.
O desenvolvimento, a atualização e a
correção deste documento ocorre de
maneira constante em cada etapa do
projeto e é crucial para obter o máximo
benefício da implementação de BIM.

50 51
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM

Existe um PEB prévio e outro

posterior a um contrato?

Na fase de licitação, antes do contrato

ser acordado, os futuros fornecedores
desenvolvem um PEB para demonstrar
as suas capacidades, competências e a
abordagem que pensam usar para dar
resposta às exigências do cliente.

Uma vez adjudicado o contrato, o

fornecedor vencedor apresentará
um PEB contendo o plano mestre de
entrega de informações e se definirá o
fluxo de trabalho do projeto.
Quais são as vantagens de um PEB?

As principais vantagens são:

• As partes envolvidas compreenderão

claramente os objetivos estratégicos
para implementar BIM no projeto.
• Ajuda a compreender as funções e
Que informações devem ser 4. Funções e responsabilidades: Uma 6. Intercâmbio de informações BIM:
as responsabilidades dos diferentes
membros da equipe. incluídas em um PEB? das tarefas principais é definir o(s) os elementos do modelo e o nível

•
Ao descrever as estratégias, a
metodologia e ao aumentar o nível
de planejamento, o PEB reduz o
número de incertezas no processo de
implementação.
• Promove a comunicação e a
colaboração entre as equipes desde o
início do projeto.
•
Os dados são compartilhados, de uma
forma estruturada, por todas as partes
envolvidas no projeto.
• Constitui um ponto de referência de
descrição do processo para futuros
participantes que se juntem ao projeto.
Um PEB deve abordar as seguintes
categorias de informação:
1. Informação do projeto: Número do
projeto, localização, descrição e suas
particularidades.
2. Principais contatos do projeto.
3. Objetivos do projeto/objetivos
BIM: O valor estratégico e os usos
específicos BIM do projeto devem
estar documentados.
coordenador(es) do processo de
planejamento e execução durante
as várias etapas do projeto. Isto é
particularmente importante quando
se identificam as organizações que
iniciarão o desenvolvimento do
Planejamento BIM, bem como o
pessoal necessário para implementar
esse planejamento com sucesso.
5. Desenho do processo BIM: esta seção
deve ilustrar claramente o processo de
execução através do uso de mapas de
processo desenvolvidos na segunda
etapa do processo de planejamento.
de detalhes necessários para
implementar cada uso de BIM devem
estar bem definidos nos requisitos do
intercâmbio de informações.
7. Procedimentos de colaboração: a
equipe deve desenvolver os seus
procedimentos eletrônicos e de
atividade colaborativa. Isto inclui
a definição de procedimentos de
gerenciamento de modelos (por
exemplo, estruturas de arquivos e
autorizações de arquivos).

52 53
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM
8. Procedimentos de controle de
qualidade: um procedimento deve
ser desenvolvido e monitorado para
assegurar que os participantes do
projeto cumprem com os requisitos
definidos no PEB.
9. Necessidades de infraestrutura
tecnológica: o hardware, o software
e a infraestrutura de rede necessários
para implementar o plano devem
estar definidos.
54
10. Estrutura do modelo: a equipe deve
analisar e documentar elementos
tais como a estrutura do modelo, a
estrutura de nomes de arquivos, o
sistema de coordenadas e os padrões
de modelagem.
11. Entregas do projeto: as entregas
exigidas pelo proprietário devem estar
documentadas.
12. Estratégia de entrega/contratos: esta
seção deve definir a estratégia de
entrega a adotar no projeto.
55
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM
4.2 BIM (LOD) 100 – 500 no Ciclo de
Vida do Projeto de Construção
A indústria da construção está usando
LOD (nível de desenvolvimento)
mediante o processo comum de
classificar os números de LOD
como LOD 100, 200, 300, 400 e
500. Inicialmente, a Vico Software
intitulou o sistema como “level of
detail” e forneceu a sigla LOD. Depois,
o sistema foi padronizado pelo
Instituto Americano de Arquitetos
(AIA), renomeando-o para nível de
desenvolvimento (LOD). A mudança
de nome enfatizou o significado das
facetas geométricas e o conteúdo do
BIM de cada elemento.
O que é LOD?
LOD é uma concepção com
definições e implementações
variáveis que define o conteúdo e a
confiabilidade dos elementos BIM
(Building Information Modeling)
em vários estágios ou marcos. O
conteúdo se refere às informações
geométricas, aos dados estruturados
e à documentação relacionada. O
nível de desenvolvimento de um
modelo BIM evidencia a quantidade
de informações associadas ao
desenvolvimento de projetos
concretos e essenciais para a tomada
de decisões tangíveis. O nível de
56
detalhe dá direito a toda a quantidade
de informação contida pelo elemento
BIM.
Benefícios do LOD
• A especificação do LOD facilita
aos profissionais da AEC estipular
e articular com um alto nível de
clareza e consistência os Modelos
de Informação de Construção em
inúmeros estágios do projeto e do
processo de construção.
• A Estrutura LOD aborda as questões
enfrentadas pelos profissionais da AEC,
fornecendo um padrão desenvolvido
pela indústria para definir o estado
de desenvolvimento de numerosos
sistemas dentro do BIM. O padrão
facilita a consistência na comunicação
e execução do projeto, facilitando a
delineação abrangente dos resultados
do BIM.
BIM LOD 100-500 no Ciclo de Vida
do Projeto de Construção
LOD 100 – Estágio de Projeto Conceitual
A criação de um modelo 3D no LOD
100 representa as informações em nível
elementar. Portanto, a criação de um
modelo conceitual é possível nesta fase.
Parâmetros como a área, o volume, a
altura, a localização e a orientação são
concebidos.
LOD 200 – Estágio de Projeto
Esquemático
O LOD 200 é um modelo geral onde
os elementos são modelados com
quantidades precisas, forma, tamanho,
localização e alinhamento. Informações
não geométricas também podem ser
incorporadas ao modelo nesta fase.
LOD 300 – Estágio de Projeto Detalhado
É o estágio de criação de modelos
precisos e detalhamentos onde
os elementos são delineados com
informações específicas sobre
montagem, escala, tamanho, localização
e orientação. A este nível, dados não
geométricos podem ser atribuídos aos
elementos do modelo.
LOD 350 – Etapa da Documentação de
Projeto
Neste nível, os detalhes e elementos
do modelo representam a interface dos
componentes de construção com vários
sistemas com gráficos e memórias
textuais.
LOD 400 – Fabricação e Montagem
LOD 400 é o nível em que os elementos
são modelados como conjuntos
específicos e com informações integrais
como a fabricação, a montagem
e os detalhes sobre o tamanho, a
quantidade, a forma, a orientação e a
localização. Dados não geométricos
para os elementos do modelo também
podem ser incluídos nesta etapa.
LOD 500 – As-Built Stage of Modeling
(Etapa de Modelagem As-Built)
O LOD 500 corresponde à Etapa de
Modelagem As-Built, onde elementos
são criados como conjuntos construídos
para manutenção e operações.
Informações não geométricas reais
e precisas podem ser anexadas aos
elementos modelados como a forma, o
tamanho, a localização, a quantidade e a
orientação.
57
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM
4.3 Gerenciamento de Projetos –
A jornada de sucesso para um
projeto eficaz
“Success is a journey, not a destination.
The doing is often more important
than the outcome”. A máxima de
Arthur Robert Ashe Jr., consagrado
tenista norte-americano, é verdadeira
e vale para todas as esferas da vida,
pois para chegar ao destino desejado é
importante dar atenção e importância
ao caminho. E, na área da construção, o
gerenciamento de projetos é o grande
pilar desta jornada, uma jornada
essencial para alcançar resultados
satisfatórios esperados na obra.
58
Mas, afinal, em que consiste o
gerenciamento de projetos?
O gerenciamento de projetos consiste
em administrar todas as etapas de
produção e também burocráticas de um
projeto construtivo. O gerenciamento
de projetos requer uma coordenação
eficiente de distintos recursos,
abrangendo materiais, finanças,
recursos humanos, equipamentos e
tudo que é preciso para que o projeto
seja executado com qualidade, sem
riscos e de acordo com o orçamento e
prazo estabelecidos.
Que características essenciais um
gestor de projetos deve ter?
O profissional responsável pelo
gerenciamento de projeto deve ser
organizado, já que terá de lidar com
o planejamento, os cronogramas e
os contratos. Além disso, e muito
importante, o gestor necessita atuar
como um líder, visto que será o
responsável pela equipe envolvida no
projeto.
Quais os benefícios de um bom
gerenciamento de projetos?
Um gerenciamento de projetos bem
executado proporciona um crescimento
na economia, na produtividade e na
qualidade, além de reduzir os riscos
do projeto. Uma boa gestão também
deve conseguir detectar qual o melhor
caminho a seguir para tomar decisões
mais assertivas.
Que consequências pode ter uma
má gestão de projeto?
Uma má gestão de um projeto pode
acarretar problemas relacionados
com o incumprimento dos prazos pré-
determinados de entrega e logística
de materiais. Também é possível que
uma má gestão de projeto provoque
um aumento nos custos orçamentários
que haviam sido previstos e, por
conseguinte, afete a qualidade da obra.
Como ter um gerenciamento de
projetos satisfatórios?
O mais importante para que um projeto
seja bem gerenciado é ter um gestor
e uma equipe composta por pessoas
especializadas, qualificadas e com
know-how sobre os temas que lhes
competem. Também é necessário que o
responsável acompanhe cada etapa do
ciclo de vida do projeto construtivo. Para
que tudo isso aconteça, é importante
haver uma mudança de paradigma
na maneira de trabalhar, fazendo do
trabalho colaborativo, da documentação
e do intercâmbio de informações peças
essenciais nessa nova dinâmica. Além
disso, é importante que o gestor esteja
atento às novas metodologias, às novas
tecnologias, a tudo o que engloba
o Building Information Modeling
e a formações que poderão trazer
processos e métodos inovadores à
equipe e à obra.
59
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM

5.1 A importância e o papel do BIM A modelagem da informação do vírus da Covid-19, está ocorrendo

no setor do saneamento
na construção com modelos 3D
inteligentes, conhecido como BIM
(Building Information Modeling),
fundamenta-se na metodologia de
representação digital das características
físicas e funcionais de todos os ativos
dos sistemas de água e esgotos. Isto
significa uma mudança considerável
em como os especialistas lidavam com
a informação até há pouco tempo,
ou seja, com documentos separados
e associados a desenhos 2D de difícil
interpretação e entendimento para
geometrias 3D realistas e dinâmicas
integradas aos dados e informações não
gráficas ao longo de todo o ciclo de vida
da infraestrutura de saneamento.
5. ESTUDOS DE CASO
uma aceleração na adaptação às
plataformas digitais. Neste cenário,
torna-se imperativo a integração dos
profissionais em processos estruturados
e ferramentas interoperáveis para fazer
convergir numa única fonte confiável de
informação todas as fases do ciclo de
vida das infraestruturas.
A metodologia BIM é o pilar principal
da transformação digital na engenharia
de construção e operação das
infraestruturas. A representação
gráfica 3D inteligente integra todas as
tecnologias de captura da realidade,
internet das coisas, simulações e
tecnologias 4.0 num único modelo

Segundo as perspectivas mundiais de urbanização das nações
unidas, a percentagem da população que vive em áreas
urbanas irá aumentar de 55% a 68% até 2050, o que levará a
mais de 2,5 bilhões de pessoas às cidades. Com base nessas
estatísticas, será necessário investir em infraestruturas urbanas
mais resilientes para garantir o aumento da demanda de água
e o tratamento dos esgotos, enquanto os recursos naturais
diminuem e muitas questões de saúde pública preocupam a
sociedade, como são o exemplo muitas doenças de veiculação
hídrica e o vírus da covid-19.
digital de ampla e fácil visualização
Projetos 2D x Projetos 3D BIM para tomadas de decisões por todos os
interessados no empreendimento.
Diante dos novos desafios de
distanciamento social impostos pelos
governantes para diminuir a propagação

Segundo a Organização Mundial de Saúde, por cada dólar

investido em água e saneamento, economiza-se 4,3 dólares em
saúde global.

Assim, para avançar na direção das cidades inteligentes

(Smart Cities), os projetistas de saneamento deverão alavancar
processos e tecnologias para construir e operar as infraestruturas
urbanas. Neste cenário, a transformação digital, efetuada através
da metodologia BIM, já está revolucionando a engenharia
sanitária em muitas partes do mundo, trazendo soluções de
sistemas muito mais efetivas nas perspectivas social, ambiental e
econômica.

60 61
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM
Como exemplo no desenvolvimento
avançado de simulações destaco os
Planos Diretores de Água e Esgoto na
Prolagos/RJ – concessionária do grupo
Aegea – que tive a oportunidade de
liderar.
Durante os estudos destes planos,
diretores foram aplicando processos
estruturados com as ferramentas de
modelagem hidráulica WaterGEMS e
SewerGEMS da Bentley, e os resultados
das soluções de engenharia alcançados
foram muito expressivos em redução
do consumo de energia, diminuição dos
custos de manutenção e aumento da
segurança do sistema.
Estes dois projetos de simulações
de longo prazo receberam o prêmio
mundial Bentley “Be Inspired Awards”
em Londres 2015 e Singapura 2017,
respectivamente, na categoria de
avanços BIM em redes de distribuição
de água e esgotos.
62
Desde então, a cidade teve um grande seu desenvolvimento, tem-se aplicado
crescimento e esta nova infraestrutura, a metodologia BIM com resultados
Uma aplicação eficaz do BIM na gestão
considerado o maior projeto de efetivos na gestão e na coordenação das
de grandes obras de infraestruturas é o
saneamento da sua história, consiste 12 disciplinas envolvidas no projeto.
CrossRail em Londres. O projeto envolve
na implantação 25 km de interceptores
a construção de cerca de 42 km da nova
margeando o Rio Tamisa com O planejamento desta obra, que conta
linha de metro que ligará a região leste
profundidades que atingem 70 metros com a utilização da solução synchro
a oeste e mais 10 novas estações num
para transportar até grandes estações 4D da Bentley, já economizou mais de
investimento de mais de 15 bilhões de
de tratamento avançadas. um milhão de libras e recebeu o prêmio
libras.
mundial de avanço BIM na categoria de
O Tideway tem previsão de estar rede de água, esgoto e drenagem em
Em 2012, foi lançado o BIM Academy
totalmente concluído em 2024. No Singapura 2019.
em parceria com a Bentley. O objetivo
é compartilhar a nova visão através
dos modelos 3D BIM e assim estimular
a colaboração entre os diversos
especialistas neste complexo projeto de
infraestrutura num dos subsolos mais
congestionados do mundo.
O primeiro sistema de esgotos da capital
do Reino Unido foi implantado em
1858, época que ficou marcada como
Great Stink (grande mau cheiro) e que a
população sofreu com surtos de cólera.
Outra mega construção BIM também em Londres é o projeto do Thames Tideway Tunnel.
63
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM

Referências:

Esta nova forma de representação
da infraestrutura é um gatilho para
o Gêmeo Digital (Digital Twin), pois
gera uma nova forma visualização das
informações e dados analíticos dentro
de um ambiente de realidade virtual.
Estas tecnologias integradas podem
orientar toda a organização para uma
melhor toma de decisões estratégicas
e táticas na construção e uma melhor
operação e manutenção dos seus ativos
de saneamento.
https://population.un.org/wup/Publications/
Files/WUP2018-Report.pdf
https://nacoesunidas.org/oms-para-cada-dolar-
investido-em-agua-e-saneamento-economiza-
se-43-dolares-em-saude-global/
https://papermau.blogspot.com/2013/08/
ancient-roman-aqueduct-paper-model-by.html
https://www.bentley.com/en/about-us/
news/2019/october/21/810-ai-tideway-east-4d-
construction-modeling-water
https://www.tideway.london/the-tunnel/what-
we-do/#sub-nav
https://www.crossrail.co.uk/news/articles/
crossrail-bentley-systems-launch-uks-first-
dedicated-building-information-modelling-
academy
https://www.britishwater.co.uk/bim.aspx
https://www.swan-forum.com/digital-twin-h2o-
work-group/

Segundo o grupo BIM4Water

(organização britânica de estímulo do
BIM no saneamento), a missão é liderar
a transformação digital do setor de água
através da gestão da melhor informação
– “Better Information Management”.

As empresas de saneamento gerenciam saneamento foi aprovado em dezembro

uma ampla variedade de infraestruturas
e sistemas essenciais, enquanto são
desafiadas em soluções sociais e
ambientais complexas. Esta questão
está especialmente patente no Brasil,
onde a cobertura de esgotos é estimada
em apenas 53% e 17% não têm acesso à
água tratada.
Entretanto, as questões sanitárias estão
cada vez mais sendo tratadas como
prioridade diante dos enormes desafios
de controle de vetores e impactos
na saúde pública. No caso do Brasil,
um novo marco regulatório para o
de 2019 na câmara dos deputados,
estabelecendo metas para acelerar
a cobertura de água e esgotos com
estímulo para investimentos privados na
operação e construção de novas redes e
plantas de tratamento.
Neste cenário, os profissionais e
organizações que entrarem primeiro
no mundo digital BIM terão vantagem
competitiva para encontrar melhores
soluções técnicas e econômicas nos
complexos e particulares desafios de
infraestruturas de saneamento nas mais
de 5 mil cidades do Brasil.

64 65
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM

o máximo permitido é 5.000 µg/m2. tribunas se desintegraram devido às

Em qualquer caso, existe um vazio
5.2 A catedral de Notre Dame legal sobre a quantidade de pó de
chumbo em suspensão, o que dificulta a
perante a restauração aplicação de uma regulamentação legal.
A abundância de chumbo acumulado
atrasou o início das obras até ao final
do Verão de 2019, a fim de garantir o
altas temperaturas a que estiveram
sujeitas. Portanto, antes de iniciar
os trabalhos de reconstrução, os
elementos mais comprometidos foram
escorados enquanto se esperava que
o solo secasse completamente, a fim
de colocar as escoras sob a Flecha.
Esta fase de estabilização da estrutura

Abril de 2018. Após o incêndio, começa

a reconstrução da Notre-Dame que
deverá levar 15 anos a estar concluída.
No entanto, o incêndio na estrutura do
telhado da catedral revela uma série de
grandes falhas em cadeia.

Em primeiro lugar, verifica-se uma

proteção de segurança débil delegada
a três intervenientes diferentes. Por um
lado, uma empresa privada. Em caso de
alarme, essa empresa estaria incumbida
de informar os responsáveis da diocese.
Esta gestão digitalizada alerta, assim,
um segundo interveniente. Embora
se trate das torres que dão à praça da
entrada, o alerta deveria ser dado ao
responsável pelo Ministério da Cultura,
que teria de elaborar um relatório do
Medição das concentrações de chumbo em torno da catedral.
incidente.
Fonte: Robin des Bois
Na noite do incêndio, o primeiro aviso
foi dado por alguém que não conhecia trabalho na estrutura. Por outro lado, a deu lugar à possibilidade do estudo
bem a planta da catedral e enviou os quantidade de água que foi derramada real que nos levou a um diagnóstico
bombeiros para debaixo da sacristia, para apagar o incêndio fez que a definitivo dos danos causados à
quando o fogo havia deflagrado sob a catedral não estivesse totalmente seca estrutura. Somente um estudo
“flecha”. Nesse momento, o fogo já tinha naquela época, fazendo com que certas detalhado do estado estrutural da pedra
se espalhado. pedras se desprendessem devido à nos permitiría planejar os trabalhos de
retração. consolidação e restauração antes de
A quantidade de pó de chumbo que, atacar definitivamente a nova estrutura
de maneira incandescente, se misturou No início das obras, detectou-se um de suporte e a colocação da cobertura.
com o fumo não pôde ser examinada abatimento de até 6 centímetros nas
em detalhes até ao dia 18 de julho. abóbadas e verificou-se que algumas
Nessa altura, se mediram quantidades
de 540.000 e 1.300.000 µg/m², quando

66 67
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM

Paris, apresentando os dois problemas tempo em velhos edifícios medievais,

com suas ‘flechas’. O incêndio em Notre-
Dame coloca as catedrais de volta para
primeiro plano, o que é um presente no
início do século XXI”.
Victor Hugo, em sua época, criticou
os restauradores de “ignóbeis
especuladores”. Também se indignou
com os restauradores neoclássicos que
se preocupavam em apagar os traços do
pintando-os com uma tinta de cal que
os tornava brancos, algo impensável
para o autor do romance Notre-Dame
de Paris. Uma catedral era “como um
carvalho velho, mastigado e quebrado
por lagartas”.

Aspecto da Notre Dame após o incêndio.

Fonte: Getty Images / Chesnot

Inicialmente, estavam previstos até 15 O conhecido arquiteto Jean Nouvel

anos para a reconstrução, mas a pressão
do presidente da república exigiu que
este período fosse reduzido para 5 anos,
um prazo muito apertado na opinião da
maioria dos especialistas. Talvez seja
possível reabrir a catedral para culto
somente no pavilhão principal, mas não
em sua totalidade.
A questão estética, no entanto,
levantou mais uma vez o debate: deve
ser reconstruída como era antes do
incêndio, ou devemos introduzir algum
“gesto arquitetônico moderno”? Neste
sentido, como afetará a transformação
histórica da paisagem parisiense?
declara: “Podemos afirmar que Notre-
Dame foi afetada pela importante
transformação que o seu entorno sofreu
durante o século XIX, em parte devido
ao próprio Viollet-le-Duc”.
Notre Dame em 1845.
Embora tenhamos muito medo, a
catedral não foi destruída e, mesmo no Fonte: Stock Montage – Getty
século XII, em seus primórdios, sofreu
um incêndio quando estava sendo
coberta.
Dominique Alba, diretora da agência de
planejamento urbano de Paris, diz: “A
Basílica de Saint Denis e Notre-Dame
são irmãs na reflexão sobre a Grande

68 69
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM

Entre as coisas que Victor Hugo Se examinássemos os traços de

lamentou, estava também a arquitetura
neoclássica e a mania daqueles que a
mantiveram para manchar uma cal de
cor creme que os revestia por dentro e
por fora. A ideia era que assim estava
mais limpo, uma vez que não tinham
esse aspeto sujo e enegrecido. Tudo
estava claro. Victor Hugo preferia os
traços do tempo.
destruição um a um impressos na
Igreja Antiga, aqueles causados pela
passagem do tempo seriam menores
em comparação com os piores causados
pelos Homens, especialmente pelos
artistas. E digo artistas, desde que
existem indivíduos que se tornaram
arquitetos durante os últimos dois
séculos.

“Tempus edax, homo edacior”, dizia ele:

“o tempo é cego, o homem é estúpido”.
Para o gosto de seu tempo, era
execrável e o que os arquitetos estavam
fazendo era irreversível.

Não há dúvida de que, ainda hoje, a

Notre Dame de Paris continua sendo
um edifício sublime e majestoso.
Porém, à medida que envelhece, por
melhor que tenha sido preservada, é
difícil não suspirar, não ficar indignado
com as degradações, as inúmeras Bibliothèque nationale de France
mutilações que o tempo e a mão do
Fonte: gallica.bnf.fr
homem perpetraram simultaneamente
no venerável edifício, sem respeito
por Carlomagno que foi quem colocou
a primeira pedra, nem por Phillippe-
Auguste, que colocou a última.

Na superfície desta velha rainha de

nossas catedrais, ao lado de uma ruga,
encontramos uma cicatriz.

70 71
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM
6.1 Desenho e Construções virtuais:
a evolução do BIM
6. CONCLUSÕES: DESAFIOS
Quando se fala de BIM, a maioria das
pessoas refere-se a um processo
inteligente baseado em modelos 3D
que proporciona aos profissionais do
setor AECO (arquitetura, engenharia e
construção) informações e ferramentas
para, de maneira eficiente, projetar,
planejar, construir e gerenciar edifícios
e infraestruturas. E quando se fala de
PCV (projeto e construção virtual; em
inglês, “VDC” de “virtual design and
construction”), muitos interpretam o
conceito como uma nova dimensão de
BIM. Isto é, muitos acreditam que se
trata de um modelo tridimensional ao
qual se acrescentam informações sobre
o cronograma e o custo das atividades.
E há algo de verdade aqui…
Em termos globais, quando o BIM é
descrito como um processo, devemos
falar sobre o PCV.
FUTUROS
A origem do PCV
O conceito PCV foi desenvolvido pela
primeira vez em 2001 pelo CIFE - Center
for integrated Facility Engineering da
Universidade de Stanford da Califórnia,
quando o conceito BIM era ainda muito
recente no mercado de software. Uma
das grandes ambições do CIFE é ser o
principal centro de pesquisa acadêmica
do mundo para projetos de Design
e Construção Virtual de Arquitetura-
Engenharia-Construção. Dito por outras
palavras, o objetivo do CIFE é investigar
72
Imagem: Sessão de ECI
como se podem melhorar os resultados
do projeto com o uso da tecnologia BIM,
sendo que esta melhoria nos resultados
implicaria uma melhoria para todos:
para o cliente-proprietário, para os
designers, para os contratadores e para
todos os envolvidos no projeto. Ao dizer
isto, já estou introduzindo parte de sua
definição. Hoje em dia, a metodologia
CIFE é considerada a forma mais
eficiente de obter melhores projetos,
com maior qualidade e com menos
tempo e custo do que os esperados.
Então, o que é o PCV em
comparação com BIM?
Se partirmos da definição de PCV da
Wikipedia, podemos ficar um pouco
confusos ao lê-la:
“Projeto e construção virtual (PCV)
refere-se ao gerenciamento de modelos
de desempenho multidisciplinar
integrados de projetos de construção
que inclui o produto (isto é, as
instalações), os processos de trabalho
e a organização da equipe de projeto
- construção - com o fim de apoiar
os objetivos comerciais explícitos e
públicos. Vou tentar explicar isto de uma
maneira mais compreensível. Pela sigla
da PCV já intuímos que se trata de criar
um gêmeo digital (virtual) - o modelo
BIM enriquecido com dados - para que
ele possa ser construído.”
O PVC é um processo que envolve
principalmente pessoas de diferentes
empresas que trabalham conjuntamente
em projetos multidisciplinares. E essas
pessoas precisam de tecnologia para
criar esses gêmeos digitais, que serão o
produto final a ser entregue ao cliente.
Além disso, essas pessoas e equipes
precisam de processos de produção
chamados GPP (Gerenciamento da
produção do projeto; em inglês, PPM
de “Project Production Management”)
que definem o fluxo de trabalho e os
recursos necessários para atingir os
objetivos definidos do projeto. Todas
as informações e métricas virtuais
73
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM
geradas tanto no modelo BIM quanto
nos processos de produção também
convergem na tomada de decisões que
ocorrem em sessões denominadas ECI
(Engenharia Concorrente Integrada; em
inglês, ICE de “Integrated Concurrent
Engineering”) nas quais diferentes
equipes efetuam trabalhos de projeto
simultâneos auxiliados pela tecnologia
de visualização moderna.
Em resumo, embora BIM e PCV estejam
intimamente relacionados, não são o
mesmo. Ao passo que BIM envolve a
construção virtual um objeto (como uma
estrutura) com informações associadas,
PCV usa modelos BIM para planejar o
processo de construção do início ao fim.
Gêmeo digital
O Projeto e Construção Virtual
consiste essencialmente em construir
virtualmente (digitalmente) o projeto
inteiro antes de este ser construído
no mundo real. É o que hoje se chama
gêmeo digital, porque, efetivamente,
com o PVC construímos um gêmeo
do projeto; construímos duas vezes.
A diferença entre um gêmeo digital
e um modelo BIM é a introdução do
fator tempo e do contexto digital, sua
localização real, seja acima do solo ou
abaixo dele. O segundo elemento que
falta no modelo BIM é a dimensão do
tempo. Nada é estático no mundo; tudo
muda com o tempo, especialmente na
construção. Portanto, estes são os dois
elementos cruciais que diferenciam um
gêmeo digital do BIM.
O modelo 4D como plataforma de
coordenação de PVC
Atualmente, a implementação dos
procedimentos BIM tem seguido o
74
ciclo de vida de um edifício. Já existem
experiências BIM na fase de projeto, mas
ainda há poucas na fase de construção.
Portanto, é muito importante conhecer
e estabelecer os critérios para o Nível
de Conteúdo do Projeto ou Nível de
Desenvolvimento (NDD; em inglês, LOD
de “Level of Development”), tendo em
conta os três aspetos mencionados no
início: Modelo 3D (3D), cronograma (4D)
e Custo (5D).
Imagem: dimensões de BIM
É nos “Projeto e Construção Virtual”
que se cria a quarta dimensão em
construção. Quando falamos do
modelo 4D, nos estamos referindo à
incorporação do tempo como a quarta
dimensão do modelo 3D/BIM, ou
seja, o cronograma do projeto ligado
ao modelo 3D, o que nos permitirá
criar uma simulação de construção
conforme o planejamento estabelecido
pela equipe que gerencia o projeto nas
sessões do ECI. É na fase de construção
que dois modelos de natureza muito
diferente são integrados: o modelo
3D/BIM com sua geometria e dados
e o modelo de construção com seu
cronograma de tarefas, recursos,
fases e custos. Os elementos BIM não
se comportam como elementos de
construção. Por exemplo, uma coluna
estrutural não será construída tal como
está projetada; ela será construída por
andares, terá diferentes camadas, será
Imagem: Modelo BIM vs. Modelo de construção – Projeto e construção virtuais
executada em diferentes tarefas e por
diferentes empresas em momentos
diferentes, e utilizará recursos diferentes
para ser executada (ver imagem).
Embora o modelador 3D não precise
necessariamente de habilidades de
calendarização, ele precisa aprender
habilidades de modelagem para que
seus modelos tenham o Nível de
Desenvolvimento necessário e sejam
compatíveis com as necessidades do
planejador, a pessoa responsável pela
calendarização do projeto. Nesta fase,
teremos primeiro que criar o chamado
modelo de Pré-construção, um modelo
BIM enriquecido com as informações
necessárias para poder construir o
projeto e ajudar a vincular o modelo
BIM ao Cronograma. Em segundo lugar,
o modelo deve ter um ND que permita
esta conexão, ou seja, deve definir
cada elemento que deve ser construído
em diferentes tarefas, por diferentes
empresas e em diferentes momentos.
Seguindo a nossa coluna estrutural,
devemos modelar separadamente a
forma da coluna, as barras de reforço e
o acabamento. Se tudo for modelado
como uma única entidade, será mais
difícil obter o valor e as métricas
de cada tarefa. Com o modelo 4D
vinculado, ou seja, uma vez tendo os
modelos de projeto 3D vinculados às
tarefas associadas do cronograma,
conseguiremos identificar e resolver
choques de tempo-espaço dinâmicos e
otimizar o desempenho do projeto.
Tecnologia
Para sincronizar estes modelos 3D/
BIM com o cronograma dispomos de
aplicações BIM que permitem coordená-
los em um único modelo 4D, embora
sua missão em todo o processo PCV
seja diferente: a Navisworks nos ajudará
75
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM
a revisar de forma abrangente nosso
modelo na última etapa do projeto,
assim como os dados que o compõem.
O objetivo será obter um controle
exaustivo dos resultados do projeto no
qual estamos trabalhando. A Navisworks
consegue auditar os conflitos entre os
modelos de diferentes disciplinas para
deixar o modelo de pré-construção
pronto. Embora o Navisworks TimeLiner
permita importar dados de cronograma
feitos com aplicações externas como
o MS Project ou Primavera, as tarefas
não podem ser ligadas entre si e não
servirão para monitorar o progresso da
construção; servirão apenas para rever
o estado atual de um modelo ligado ao
cronograma.
SYNCHRO Pro é uma ferramenta
de planejamento 4D e, como tal,
permite criar ou importar seu próprio
Imagem: Navisworks TimeLiner
76
cronograma, ligar tarefas e monitorar
todo o processo de construção.
SYNCHRO Pro converte os objetos 3D
em recursos 3D e permite administrar
os custos das tarefas. Como o nome
sugere, SYNCHRO Pro também permite
a sincronização contínua de modelos
3D e do cronograma à medida que o
projeto avança sem perder a conexão
entre eles. Com o uso de linhas de base
(imagens instantâneas de nosso modelo
4D planejado), podemos comparar o
estado real com o estado planejado do
projeto.
Em síntese, eu diria que se tratam de
aplicações complementares. Com
Navisworks, preparamos o modelo
de pré-construção com seu poderoso
Clash Detective e fazemos as primeiras
simulações 4D. Com SYNCHRO
Pro, planejamos e controlamos a
execução do projeto. Na verdade,
Imagem: SYNCHRO Pro
existe um plug-in SYNCHRO para
Navisworks que permite completar
esta interoperabilidade. Planejar um
projeto de construção é um trabalho
baseado na experiência, na técnica e
no conhecimento dos processos de
construção e, nesta fase, o planejador
precisará destas ferramentas para
ajudá-lo a criar simulações 4D que lhe
permitam definir o melhor cenário para
a execução do projeto, para reduzir
o risco econômico e fazer com que o
projeto avance sem problemas. Para
isso, você deve ser capaz de interoperar
com o planejamento e os modelos BIM
que lhe permitem executar seu plano da
maneira mais eficiente possível. Graças
ao PCV e ao uso desta tecnologia, não
só os planejadores obtêm um grande
benefício, como também todos os
participantes do projeto adquirem
uma nova e mais democrática visão
do uso do BIM. Todos temos um
objetivo comum. Desde as etapas
iniciais do projeto começamos a ver os
modelos BIM mais ligados à realidade e
começamos a virtualizar a construção
para que possamos tomar melhores
decisões quando entramos na fase de
construção e responder aos diferentes
cenários “o que passaria se…?” de forma
mais eficiente, pois já conhecemos as
diferentes alternativas de construção do
modelo e conhecemos a repercussão
dessas mudanças.
Conclusão
O Projeto e Construção Virtual (PCV),
em termos gerais, cria um gêmeo
digital e, assim, constrói o projeto
inteiro virtualmente (digitalmente)
antes de este ser construído no
mundo real. Este processo permite
reduzir o risco, eliminar os conflitos e
reduzir os custos do projeto. O PCV
se concentra no planejamento da
construção do modelo BIM e inclui
elementos como orçamento, estimativa
de custos e calendarização, também o
chamado BIM 4D e 5D. Em conclusão,
a construção virtual é um processo. O
BIM é a tecnologia-chave utilizada neste
processo.
77
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM
6.2 Quais serão os perfis BIM
mais buscados no futuro?
É provável que este artigo esteja
desatualizado dentro de alguns
meses. E isto vai acontecer porque
a transformação digital no setor não
deixa alternativa. O assunto já está
muito debatido, mas a verdade é que
esta transformação não se dá de um
dia para o outro; sobre a transformação
digital há sempre tema de conversa.
As empresas estão enveredando por
um caminho de empreendedorismo,
pelo que constantemente surgem
novas necessidades e metodologias
que requerem especialização e uma
abordagem cada vez mais tecnológica
por parte dos profissionais. Quem não
se adapta, não evolui. As empresas
sabem isto (embora algumas estejam
relutantes). Basta olhar para quantas
empresas já abraçaram esta mudança.
Assim, se cumpre à risca o que se tem
anunciado há vários anos: o BIM, em
muitos casos, não é mais uma escolha.
Consequentemente, a transformação
digital também não o é.
Se a colaboração e a tecnologia são o
presente e o futuro, os novos perfis de
BIM 2020 devem ser imbuídos deles.
Embora as realidades relativas ao
BIM no mundo sejam muito diversas,
existem certas habilidades que,
independentemente do perfil solicitado,
devem ser perenes no profissional. As
pessoas que são autodidatas, que têm
vontade de aprender e têm vocação
para levar sua empresa a outro nível,
78
estão começando com o pé direito e na
base certa. Confiar na transformação
digital e vê-la como uma oportunidade
competitiva e não como uma exigência
é a chave para o sucesso. Com base
nesta premissa, a especialização nos
seguintes perfis profissionais representa
hoje uma grande oportunidade.
Líder Digital
Comecemos com um perfil genérico,
mas não menos importante. Muito pelo
contrário. De fato, sem este perfil, a
maioria dos perfis profissionais que se
seguem não existiriam. Nestes tempos
de mudança, um bom líder digital é
cada vez mais imprescindível. Um perfil
com a capacidade de gerenciar os ativos
digitais de uma empresa e com um
perfeito conhecimento do ambiente
tecnológico (que não é o técnico)
desempenha um papel fundamental.
Isto lhes permitirá ser uma referência
para as equipes de trabalho; eles serão
capazes de planejar uma boa estratégia
digital. Contemplar as mudanças na
forma de trabalhar, nas equipes, ser
ágil, ter uma mentalidade inovadora,
capacidade analítica, ser capaz de
delegar, inspirar e assumir riscos são
qualidades que um líder digital deve ter.
Como Manuel García Navas, professor
de nosso Mestrado Internacional
em Gestão BIM, disse muito bem no
podcast #023 do BIM podcast, o líder
digital “é aquele que estará puxando a
carroça continuamente”. Sem ele não há
transformação digital possível.
Perfil STEM
Muitas empresas de muitos países já
deram início à sua própria transformação
digital. Para isso, a presença deste
perfil que, de forma sucinta, reúne o
conhecimento de Ciência-Tecnologia-
Engenharia-Matemática, é crucial, o
que faz dele um dos mais buscados no
mercado. Somente na Europa, estima-
se que cerca de um milhão de posições
relacionadas à ciência e à tecnologia
serão preenchidas nos próximos anos.
Neste sentido, a grande capacidade de
aprendizagem que, normalmente, têm
estes perfis representa um potencial em
que as empresas precisam trabalhar. Se
desdobrarmos este perfil, que pode ser
perfeitamente enquadrado dentro do
ambiente BIM, distinguiremos outras
especialidades muito buscadas como,
por exemplo, o especialista em “Big
Data”. No entanto, dedicaremos um
espaço a uma sub-função tecnológica
da qual surgiu um ramo interessante.
Especialista em BIM e RV
A digitalização da construção elevada ao
seu máximo expoente é o compromisso
de muitas empresas. Trata-se de um
compromisso absoluto pela qualidade
dos modelos BIM. Esta tarefa envolve
cada vez mais profissionais que
dominam e aplicam a realidade virtual
no processo para alcançar materiais
de qualidade fotorrealista. Este perfil
também tem a responsabilidade de
fornecer ao cliente a experiência de
visualizar o modelo em questão através
de lentes virtuais. Uma maneira ágil,
eficiente e realista que permite ao
cliente fazer mudanças em tempo
real e, assim, participar ativamente do
processo de projeto.
«BIM Director» ou o diretor de
implementação BIM
Se anteriormente falávamos sobre a
importância de um líder digital para
que a transformação ocorra, podemos
agora dizer que a figura do Diretor
BIM cumpre a mesma função. Este
perfil é responsável por estabelecer
os critérios de implementação de BIM
a um nível estratégico vinculado ao
modelo de negócios da empresa. Ele
traduz as necessidades do proprietário
ou promotor na geração da execução de
um plano BIM, define os objetivos e os
usos BIM do cliente, desenvolve a acta
de constituição do projeto, identifica e
avalia os agentes envolvidos no projeto
e gerencia a qualidade durante todo o
processo, mantendo o custo e o prazo
estabelecidos.
Em plena transição digital, este perfil
é muito buscado por empresas que
querem continuar a evoluir - e não são
poucas as que querem fazê-lo.
BIM Expert para Facility
Management
Tal como já pudemos ver com a
implementação da norma ISO 41000:
o Facility Management está ganhando
cada vez mais terreno no setor e, em
seu objetivo de melhorar a qualidade
de vida das pessoas e a produtividade
da atividade principal das organizações,
este perfil cada vez mais especializado
nesta área BIM está emergindo. Trata-
se de um profissional com uma visão
transversal de BIM que coordena
79
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM
Caso real do uso de nuvens de pontos para modelar uma igreja francesa – Extraído de uma Masterclass da Zi-
gurat dirigida por Manuel Navas
e vincula efetivamente todas as
instalações do edifício em questão com
as do modelo virtual.
A principal tarefa deste perfil é garantir
um seguimento de todas as equipes
e condutos em um edifício através
deste modelo. Garantir que a gestão
dos ativos e do seu conteúdo (equipas,
espaços, mobiliário, etc.) seja a melhor
possível é uma tarefa essencial hoje em
dia nesta disciplina que está em voga.
Atualmente, ser um especialista BIM
especializado em Facility Management
representa um valor acrescido.
Data Hunter
O crescimento exponencial dos projetos
BIM e, por conseguinte, dos modelos
BIM, impôs a necessidade de um perfil
capaz de analisar grandes quantidades
de informação. Tirar conclusões sólidas
e precisas é o objetivo principal deste
80
“caçador de informação” que, por sua
vez, deve canalizá-las para a realidade
de cada cliente. A personalização dos
dados é outro objetivo intrínseco. Em
um ambiente BIM, o Data Hunter é um
profissional particularmente buscado,
pois os volumes de informação com os
quais se trabalha em tais ambientes são
às vezes inestimáveis.
O Data Hunter deve ser alguém
analítico que possua habilidades de
comunicação, pois este é um perfil que
deve ser capaz de trabalhar e se adaptar
em um ambiente colaborativo. O Data
Hunter é alguém que é capaz de se
motivar e que é preciso nos detalhes. O
Data Hunter separa o trigo do joio.
«BIM Manager» ou, melhor dito, o
bom gestor de projetos BIM
O perfil ou a função do BIM Manager é
mais complexa do que parece, por isso
vale a pena analisá-la em profundidade,
dado que se trata de um perfil vital e
muito solicitado em qualquer projeto
BIM. Antes de tudo, a distinção entre o
perfil e a função depende do tamanho
do projeto. Em qualquer caso, o termo
anglo-saxão “BIM Manager” pode ser
obtuso e dar lugar a confusões, dado
que em algumas indústrias de alguns
países a função de um Bim Manager
equivaleria à função de um Project
Manager, ou gerente de projeto,
que gerencia o controle da parte do
projeto que diz respeito ao BIM. Nesta
definição, o termo “gestão” é mais
valorizado do que “BIM”. Como Evelio
Sanchez, professor de nosso Mestrado
Internacional em BIM Management,
explicou muito bem no podcast número
22 de BIMrras, o BIM Manager mais
solicitado pelas empresas é aquele
que tem “a capacidade de se adaptar à
Visão do FM como um
processo de melho-
ria contínua. Imagem
gentilmente cedida por
CREA Soluciones Inteli-
gentes
ferramenta que surja”.
Conhecer todas as ferramentas e
softwares do mercado é tão inviável
quanto absurdo, por isso o BIM Manager
com mais valor para um novo projeto
é aquele que tem um conhecimento
transversal de todos eles e que possui
boa capacidade para coordenar todas
as peças de um projeto e fazê-las
funcionar. A liderança da equipe e as
habilidades de gestão compõem 50%
deste perfil BIM.
Modelador BIM
Trata-se de um perfil genérico,
conhecido por todos e que é uma pedra
angular para que qualquer estudo
funcione. A sua função é essencial e
muito buscada especialmente nos
dias de hoje, tendo em conta que em
81
BIM 360º: Um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM

muitos países já não se opera fora do
âmbito BIM. Este perfil é responsável
pela modelagem seguindo os critérios
estabelecidos. Deve ser um perfil
especializado em construção e que
forneça essa informação essencial para
todas as disciplinas envolvidas através
das ferramentas de software BIM.
Igualmente, devem possuir técnicas e
habilidades que lhe permitam resolver,
organizar e combinar as informações
geradas. Estes são os atributos que as
empresas buscam com lupa.
Modelador especialista em Drones
A robótica aplicada à construção é
a enésima demonstração de que a
tecnologia está avançando a passos
largos. Desde há muito tempo que os
drones começaram a sobrevoar e a
impactar a indústria com o objetivo de
melhorar os processos BIM com IA. As
imagens de drones e os dados que estes
coletam ajudam a criar modelos que
podem ser comparados com os modelos
Mas isso nos leva de volta ao ponto
inicial. Assinar um contrato com uma
empresa que não se compromete com
a digitalização é trivial. Como refere
McKinsey & Company, consultoria
de estratégia global líder em todo o
mundo, “dado que o impacto da IA
depende de ter os dados corretos,
atualmente é difícil tirar vantagem deste
tipo de tecnologia sem antes fazer
esforços significativos na digitalização.
Isto significa investir nas ferramentas
e capacidades adequadas para
coletar e processar dados, tais como
a infraestrutura na nuvem e a análise
avançada”.
A lista poderia continuar e ramificar-
se infinitamente, tal como a própria
tecnologia. A evolução é uma constante.
Contudo, é conveniente ter em conta
dois pontos-chave quando falamos dos
perfis profissionais mais buscados da
década: “Técnicos e Digitais”.

Geração e Coor-
denação BIM para
Estruturas com Tekla
– Seminário da Zigurat,
por Alan Lerma

O mesmo se aplica ao analista BIM,
outro perfil buscado devido ao aumento
dos projetos BIM. Este perfil realiza
análises e simulações baseadas no
modelo BIM a fim de compreender o
funcionamento e o desempenho do
edifício. Também simula as circulações
do edifício, realiza a análise de
segurança e a análise de desempenho
energético.
feitos com BIM, pelo que um engenheiro
que domine esta tecnologia é um perfil Quadro de mandos de um Drone utilizado para a construção
que permitirá reduzir drasticamente
o tempo na toma decisões em um
projeto. Por outras palavras, trata-se de
um perfil que otimizará os processos.
Como estávamos dizendo, a robótica
e a Machine Learning são disciplinas a
que muitas empresas recorrem cada
vez mais frequentemente. As empresas
precisam delas, especialmente aquelas
que estão embarcando em projetos
faraônicos.

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BIM 360º: um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM

O que é BIM? que você pergunte de imediato a seus também pode contribuir para um
professores quaisquer dúvidas que maior reconhecimento profissional a

6.3 O segredo O Building Information Modeling
(BIM) é uma metodologia de trabalho
dos melhores
colaborativo que transformou o setor
da Engenharia e da Construção (E&C).
masters em BIM
Isto torna-se evidente, por exemplo, se
repararmos no crescente número de
licitações públicas a nível internacional
você possa ter. Você também será
capaz de interagir com seus colegas e
professores.
2. Diplomas, certificações e
acreditações
nível internacional. Além disso, pode
ajudá-lo a ganhar pontos para futuros
exames competitivos.
• Certificações: As certificações oficiais
de empresas de software, como
a Autodesk ou a Bentley, servirão

Management do que exigem requisitos de entrega com

este sistema de trabalho.
Uma das primeiras coisas a que você
deve prestar atenção são os diplomas,
para acreditar de forma confiável
os seus conhecimentos sobre esses

mercado certificações e acreditações que os programas, aumentando a sua

Qual é o melhor Master em BIM
Management? Qual é o Master tem a
melhor reputação? Provavelmente, estas
são algumas das perguntas que estão
em sua mente neste, momento.
Se você está lendo este artigo é porque,
possivelmente, você está pesquisando
sobre o melhor Master em BIM do
mercado. Sabemos que escolher onde
se formar é uma decisão importante
que requer uma investigação prévia e
exaustiva sobre as peculiaridades de
cada programa.
Neste artigo, explicamos quais os
aspetos em que você deve prestar
atenção ao escolher um Master nesta
disciplina. Além disso, apresentamos a
você uma comparação dos principais
lugares que oferecem formação em
BIM Management. Entre eles, estão a
Editeca, EspacioBIM, Eadic, Universidad
Politécnica de Madrid, Universitat
Politécnica de Catalunya y Zigurat
Global Institute of Technology.
Cientes da necessidade de pessoas
programas oferecem. credibilidade como profissional.
responsáveis pela coordenação e gestão
destes projetos BIM (e do novo nicho
de mercado que tudo isto representa), • Diploma universitário: Um diploma • Acreditações: As acreditações,
de uma universidade de prestígio não como as da ACP, BuildingSMART,
cada vez mais escolas estão se abrindo
só garante a qualidade da formação bre Academy ou CanBIM, também
para oferecer formação em BIM
oferecida e do corpo docente, como garantem a qualidade dos conteúdos
Management.
Aspetos imprescindíveis de um bom
Master em BIM Management
Abaixo mencionamos os aspectos
principais que você deve ter em
consideração ao escolher em que
Master BIM se formar.
1. Modalidade
Melhor do que ninguém, você sabe
qual é o formato que mais se adequa
às suas necessidades: presencialmente
ou online. Contudo, se você é um
profissional que já trabalha no setor,
a modalidade que melhor atende às
suas necessidades é, provavelmente,
a modalidade on-line, pois permite
adaptar a formação à sua vida pessoal e
laboral.
Se você optar pela modalidade on-line,
recomendamos que você se certifique
que o programa oferece aulas ao vivo.
Estas sessões têm um óbvio valor
acrescido. Por exemplo, eles permitem

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BIM 360º: um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM
e dos professores e promoverão os
seus conhecimentos e habilidades
profissionais em nível internacional.
3. Metodologia
A tecnologia BIM requer uma forte
abordagem metodológica. Portanto,
recomendamos que você observe os
seguintes pontos da metodologia de
cada Master em BIM.
• Abordagem multidisciplinar: Os
projetos são desenvolvidos a partir
de diferentes disciplinas do setor
que acabam convergindo no mesmo
ponto. Por este motivo, os programas
devem responder a esta variedade
de perfis e oferecer uma abordagem
multidisciplinar que tenha em conta
a dinâmica do trabalho colaborativo
integrado e os níveis de informação
trabalhadas em cada uma das fases do
projeto ou das exigências do cliente.
• Diferentes itinerários: É essencial
que o Master que você escolher lhe
permita focar em uma especialidade
conforme o seu perfil profissional ou
suas necessidades.
Desenvolver as suas habilidades
de acordo com os requisitos BIM
necessários para um tipo de obra (obra
civil/construção) ou especialidade
técnica (projeto/engenharia/gestão)
lhe permitirá tirar o máximo partido da
aplicabilidade desta metodologia.
Por outro lado, ganhar conhecimento
em uma disciplina diferente lhe permite
colocar-se no lugar de outros agentes.
Desta forma, você poderá compreender
como as suas decisões afetam outros
agentes de modo transversal.
86
Outros aspetos sobre a metodologia esteja limitado a uma ferramenta informações, um BIM Manager
específica. Procure escolas que lhe também deve dominar ferramentas de
• Trabalho colaborativo e global: Poder permitam formar em diferentes gerenciamento e planejamento (Trello,
trabalhar de maneira colaborativa softwares de modelagem BIM das Plannerly, Slack, entre outras). Estas
durante o Master servirá de preâmbulo principais empresas do mercado. Isto ferramentas de Project Management são
a situações da realidade. Se este fará de você um profissional muito fundamentais para desenvolver projetos
ambiente colaborativo for também mais versátil, com a capacidade para em um formato colaborativo com as
multicultural, você poderá obter uma
colaborar em diferentes tipos de diferentes partes envolvidas e dentro de
visão global da indústria para além
projetos e com diferentes agentes. um Common Data Environment.
das fronteiras do seu país, abrir seu
networking e gerar novas sinergias de
trabalho internacional. Além de conhecer o funcionamento
de um modelo BIM e o fluxo de
• Aprendizagem mediante projetos:
Procure programas de Master em
que você tenha entregas de trabalho
regulares (por exemplo, depois de
cada módulo). Desta forma, você terá
um feedback também regular de seus
tutores e poderá aprender de forma
prática e progressiva, que culmina com
o Trabalho de Fim de Master.
• Visão completa do ciclo de vida:
Investigue se o programa em questão
proporciona uma visão completa de
todas as fases do estado do projeto.
Isto inclui o projeto, a execução,
a manutenção e a reabilitação/
desmantelamento.
Ter esta visão de 360º lhe permitirá
antecipar situações possíveis
relacionadas com a vida útil de seus
ativos. Desta forma, você poderá ter
maior controle e critério para prever e
tomar decisões. Neste contexto, o BIM
tem grande potencial para incorporar
dados relacionados a esta gestão
através do Gêmeo Digital.
4. Software
A construção é um setor plural e
multidisciplinar. Portanto, é muito
improvável que o seu campo de ação
87
7. AUTORES

Li Chong Lee Bacelar de Castro, Diretor

Acadêmico do Master Internacional em Estruturas de M. Lucrecia Real, Consultora BIM –
Edificações. Engenheiro Civil, Doutor em Estruturas Profesora del Máster Internacional BIM
e Construção Civil. Analista de Infraestrutura da Management de Zigurat.
Controladoria Geral da União – CGU.

Sergio Scheer, professor do Master Wagner Carvalho, Engenheiro na AEGEA

Internacional em BIM Management da Zigurat e Professor do Master Internacional em
Global Institute of Technology. Infraestrutura da Zigurat.

Washington Luke, Coordenador-Executivo da Carles Romea, Co-diretor do Máster Internacional

Frente Parlamentar do BIM e Diretor Acadêmico en Estructuras de Edificación con CYPE e Diretor
do Master Internacional em BIM Management para do Máster de Estructuras Metálicas y Mixtas en
Infraestruturas, Engenharia Civil e GIS Edificación na Zigurat Global Institute of Technology.

Juan Felipe Pons Achell, diretor do Master Sergi Ferrater Gabarró, Arquiteto e consultor
Internacional em Gestão de Projetos na Construção BIM/VDC. BIM Product Manager na AEC-on
(Edição espanhola) Soluciones, S.L. Professor do Master in Global BIM
Management na Zigurat.
BIM 360º: um panorama multidisciplinar sobre o estado do BIM

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