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Tudo ao Normal

Felicidade não é obrigatória


Por

LEOPOLDO PONTES

"Desideroso nella musica e letteratura”


© Copyright (2020) por Leopoldo Luiz Rodrigues Pontes - Todos os direitos
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documento em meios eletrônicos ou impressos. A gravação desta publicação é estritamente
proibida. Somente com as devidas citações legais.
À Fafí
Sumário
Minimalismo.........................................................................................................6
Música Clássica.....................................................................................................8
O Pequeno Príncipe............................................................................................10
Paradoxo da Tolerância......................................................................................12
Livre Arbítrio.......................................................................................................13
Joelma e Tina Turner..........................................................................................14
No Café Existencialista........................................................................................16
Dous Sonhos.......................................................................................................19
Democracia.........................................................................................................20
“Bons Tempos Aqueles...”...................................................................................21
O Bem e o Mal....................................................................................................23
Star Trek Discovery.............................................................................................24
Transtornos Mentais...........................................................................................26
Respiração Diafragmática...................................................................................27
"Ninguém é Insubstituível”.................................................................................28
Movimentos Culturais........................................................................................29
Usar Demais a Cabeça........................................................................................30
TCC......................................................................................................................31
A Joia de Thalanor..............................................................................................32
Política................................................................................................................34
Filosofia na Pandemia.........................................................................................35
Você não Está Sozinho........................................................................................36
Tudo ao Normal..................................................................................................38
Star Trek: Picard (de novo).................................................................................39
Apito no Ouvido..................................................................................................41
Mais Chimarrão..................................................................................................42
Eu e Nós..............................................................................................................43
Existo, Logo Penso..............................................................................................44
Os Sentidos.........................................................................................................46
Felicidade............................................................................................................47
Sobre o autor......................................................................................................48
Livros de Leopoldo Pontes editados pela Amazon:............................................49
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Minimalismo

Um novo nome para uma tendência que há vários anos se


encontra entre nós.
Tem a ver com o desapego. Chamam agora de destralhe, que é
se livrar das tralhas. Se desfazer e sentir paz interior.
Esse é um processo longo, que não pode ser feito de uma só vez.
Tem que ser aos pouquinhos, alguns minutos por dia, digamos vinte.
“O desapego não pode ser dolorido”, explica Rosana Radke, no
vídeo do YouTube “MINIMALISMO ESTILO DE VIDA feat Rosana
Radke”. Ela explica que se deve começar pelo que se tem menos amor,
pelas coisas que são menos queridas. É “viver com o essencial”, algo
que varia de pessoa para pessoa.
“Gostar de tudo que se tem e usar tudo que se tem”, diz ela, é
minimalismo.
Malas menores para viajar, menos malas, menos roupas, levar só
o que vai realmente usar.
Realizar também um desvínculo emocional, se desligando de
pessoas que não te fazem bem.
Buscar um tempo livre, se livrar dos compromissos em demasia.
“Pinho 2019”, no vídeo do YouTube “MINIMALISMO MENTAL –
SEU ESTILO DE VIDA”, fala que “O caminho de uma vida não é
replicável.” Ele quer dizer que cada um tem seu próprio modo de viver
seu minimalismo. Não se pode julgar alguém, dizendo que não é
suficientemente minimalista, quando a si mesmo acha que é. Eu diria
que o minimalismo não é necessariamente uma virtude a ser medida,
apenas um modo de vida.
Ainda segundo Pinho 2019, o minimalismo mental é um sacrifício
num lugar para aproveitar em outro. Pensar no que gosta realmente,
economizar no que não gosta tanto e gastar no que gosta mais.

2/6/2020.
Música Clássica

Enfim, fiz as pazes com a música clássica. Num de meus últimos


livros falei que não estava mais aguentando música clássica.
principalmente os românticos.
Pois é. Estou retornando com Tchaikowsky, Delibes, Mozart,
Berlioz e outros. Chopin, Liszt e congêneres, ainda terão de esperar. Os
pianos românticos...
Continuo ouvindo os barrocos, como Bach, Fischer, Albinoni e
Vivaldi, e os contemporâneos, como Copland, Gerswhin, Satie e
Debussy. E Amaral Vieira e Rogério Duprat.
Ainda não estou aguentando os violões com cordas de nylon. E os
de aço, só solados.
Quanto a outros instrumentos, redescobri o prazer de se ouvir
oboé - ah, o oboé -, fagote e clarinete, além da harpa, do vibrafone e da
celesta. E descobri, pelo YouTube, que fazem agora a linda lira (de
cordas), em várias versões: gaulesa, celta, inglesa...
Hoje, antes do almoço, ouvi “Haroldo na Itália”, de Berlioz. Depois,
pra descontrair, Pepeu Gomes, o melhor guitarrista do Brasil.

Caraguatatuba, 5 de junho de 2020, final de tarde.

Adendo

Ouvi, há uns dias, um disco com as rapsódias húngaras 1 a 6 de


Liszt, ao piano, por Roberto Szidon, e curti. Há esperanças. Quem sabe
ainda volte a curtir os discos de Chopin...

Caraguatatuba, manhã chuvosa de domingo, 14 de junho de


2020.

Outro Adendo
Consultando nossos discos (vinis) de música erudita, constei que
não temos nenhum de compositora. De intérpretes do sexo feminino
sim, e até de outros sexos, mas compositores... todos homens. No
máximo, homossexuais, como Tchaikowsky. Falha histórica e cultural,
mas também nossa, que nunca fomos atrás.
Compositoras eruditas existem, como Chiquinha Gonzaga (ela foi,
sim) e a própria irmã mais velha de Mozart, Maria Anna. Houveram
também Clara Schumann e Fanny Mendelssohn. E muitas outras,
incluindo as contemporâneas. Todavia, não temos nehum disco delas. E
agora, procurando num sebo de vinis, pela internet, que tenho
frequentado, não tenho achado.

Meio-dia e meia, o chuvisco permanece. Reouvindo o disco de


Lizst. 14/6/2020.
O Pequeno Príncipe

Reli este livro de Saint-Exupéry não sei quantas vezes desde


minha infância.
Primeiro, na conhecida tradução de Dom Marcos Barbosa, a mais
tradicional no Brasil, num exemplar de meu pai. Depois, com 14 ou 15
anos decidi comprar meu próprio exemplar. Amava-o tanto que o dei de
presente de dia dos namorados à minha esposa, em 2010.
Em 2013 o grande poeta Ferreira Gullar registrou sua tradução,
que foi anunciada como "definitiva"!
Em 2015 foi a vez de Frei Betto lançar sua polêmica tradução,
cuja primeira edição veio em capa dura com fotos e estudo sobre vida e
obra do autor. Algumas informações sobre o autor não batiam bem, mas
estavam lá.
Há outras versões, por outros tradutores, que encontrei pela
internet.
Agora, no dia 7 de junho (anteontem) comecei a ler uma
primorosa tradução da mesma obra, por Denise Bottmann. Baixei o livro
em meu Kindle. Hoje à tarde terminei.
Posso dizer que essa é a mais bela tradução d’O Pequeno
Príncipe que já pude degustar.
O prefácio é de Ângela Lago que, entre outras coisas, diz que
"Além do sentido, cada palavra tem um som. Une música e significado e
provoca ressonâncias. Deixa ecoando na cabeça e no peito de quem a
ouve ou lê um número sem fim de conexões. Encontrar equivalência em
outro idioma é tarefa muito delicada."
Denise faz o que Ângela diz, e bem, em todo o livro.
Ela inicia o quinto capítulo da maneira mais bela de todos: "A cada
dia, eu aprendia alguma coisa sobre o planeta, a partida, a viagem.
Vinha muito suavemente, ao acaso das reflexões."
No original, diz "Ça venait tout doucement, au hasar des
reflexions."
No finzinho do capítulo XXI, onde a tradução clássica diz a
conhecidíssima e mal usada "Tu te tornas eternamente responsável por
aquilo que cativas.", o grande poeta traduziu como “Você é eternamente
responsável por aquilo que cativou”.
Frei Betto, por sua vez, verteu para “Você se torna eternamente
responsável por aquilo que cativa.”
Denise transformou na belíssima frase "Você fica responsável
para sempre pelos laços que cria." Deixou para trás o ranço. Muito mais
atual e simples, como deve ser uma tradução desse autor. Sem pompa.
Mais sutil.
Denise termina o capítulo XXVI da seguinte forma: “Caiu
suavemente como uma árvore. Não fez sequer um ruído, por causa da
areia.”
Olha só a delicadeza como ela termina o livro: “Então façam uma
gentileza! Não me deixem tão triste; escrevam-me logo contando que
ele voltou...”
De mais a mais, essa é, de longe, a melhor tradução que já pude
ler d’O Pequeno Príncipe. E tenho dito.

20:46 09/06/2020.
Paradoxo da Tolerância

“Se a gente é absolutamente tolerante a tudo, inclusive aos


intolerantes, a gente corre o grave risco de que os intolerantes destruam
a própria tolerância.”
Isso foi citado pelo advogado e professor Daniel Antônio de
Moraes Sarmento, na live pelo Instagram da OAB/ESA “Liberdade de
Expressão e Limites ao Discurso Democrático”, dias 8 de junho deste
ano.
Essa citação se torna extremamente importante no instante
político pelo qual passamos, de radicalização e impertinência de nossos
partidários mais poderosos do Executivo e do Legislativo.
Estamos num momento em que nossa Democracia corre o grave
risco de desabar completamente, pois ela não termina na escolha de
nossos governantes, porém continua na liberdade de continuarmos
expressando nossas opiniões.
O jurista comentou o caso de Hitler, que foi eleito num pleito
democrático e tornou-se o grande ditador, proclamador de um “discurso
de ódio” que contaminou, durante uma era, toda a nação.
Por deixarmos que pessoas intolerantes ajam de acordo com seus
discursos, podemos perder o direito à tolerância em nosso país. E aí
quero dizer o direito à tolerância sobre racismo, homofobia, deficientes
físicos, emocionais e mentais, entre outras coisas.

Quinta-feira, 11 de junho de 2020.


Livre Arbítrio

Vemos sempre como as pessoas falam das virtudes do livre


arbítrio. A liberdade de se poder escolher que comida comer (quando
se tem comida para comer), a liberdade de saciar a sede ou de se
manter sedento, a liberdade de se escolher o livro que se vai ler, a
liberdade de escolher se vai sair de casa ou não, a liberdade de
escolher o curso que vai fazer, a liberdade de estudar, trabalhar ou
vadiar, a liberdade de procurar um emprego, a liberdade de se demitir, a
liberdade (ou não) de se pedir um aumento no salário...
O que Jean-Paul Sartre diz é que esse livre arbítrio pode ser
penoso, pois a escolha implica em decisões, que devem ser feitas pela
pessoa.
Ela pode consultar uma autoridade – um padre, um advogado, um
professor, um assistente social, um comunicólogo, por exemplo. Essa
consulta pode ser pessoal, pela internet, por meio de livros, de
doutrinas, de aforismos, de um coach, ou até mesmo por meio de uma
profunda meditação pessoal.
Nesse último caso, nosso eu interior será um amálgama de
perguntas e respostas. Poderá não dar o resultado tão esperado. Isso é
o que Sartre chama de condição humana, o não saber o que se deve
esperar do que virá, do que devemos fazer. É a dor da livre escolha.

11/junho/2020. 19 horas.
Joelma e Tina Turner

Jo
elma – Foto metropoles.com - extraída de
https://www.metropoles.com/entretenimento/musica/veja-onde-assistir-e-como-sera-a-live-da-
cantora-joelma no dia 14/07/2020.
Tina Turner – foto divulgação

Joelma da Silva Mendes, paraense, cantora, compositora e


dançarina, é a nossa Tina Turner brasileira.
Tina Turner nasceu nos Estados Unidos.
Ambas começaram com o marido guitarrista, do qual se
divorciaram. Litigiosamente. De má memória. Sofreram nas mãos de
seus ex-maridos.
Tanto Joelma como Tina têm vozes privilegiadas para seus
estilos. As duas têm rouquidão no cantar. Quando querem.
Elas fazem hoje muito mais sucesso que seus ex-cônjuges,
esquecidos pela mídia.
Segundo a wikipédia, Joelma é uma mezzo-soprano coloratura, e
Tina uma contralto coloratura. Quer dizer que ambas têm um timbre
aveludado na voz, sem perder o brilho. Isso, podemos dizer, não
diferencia tanto nas extensões de vozes de cada uma, que têm suas
tessituras além do que se pode esperar.

Caraguatatuba, dia dos namorados de 2020.


No Café Existencialista

Comecei a ler a amostra fornecida pela Amazon desse livro de


Sarah Bakewell e estou fascinado. Logo que puder, adquirirei a edição
física.
Na posição 201, logo no primeiro capítulo (Oh, que horror, o
existencialismo!), tem-se a seguinte frase: “Afinal, se as pessoas
resolvessem pensar em si mesmas como indivíduos livres, como
poderia haver uma revolução devidamente organizada?”
Quem fala isso é a autora, mas explicando Sartre. Segundo ela,
esse tipo de atitude afastou o filosofo/literato dos marxistas, apesar dele
ser chamado de comunista e ter todos seus livros condenados pelo
Papa. Todos os livros de Sartre, fossem romances ou filosofia, estavam
entre os “livros proibidos” pela igreja católica.
Os marxistas, segundo Sarah, negavam o existencialismo pois,
para eles, a revolução deveria acontecer em etapas previamente
determinadas. Digo que eles execravam a religião, mas eram
extremamente fiéis a “O Capital”, mesmo aqueles que não o tivessem
lido. Religiosamente fiéis.

12/6/2020.

Adendo

O livro tem um subtítulo: “O retrato da época em que a filosofia, a


sensualidade e a rebeldia andavam juntas”.
Ele começa com uma reunião entre Raymond Aron, Simone de
Beauvoir e Jean-Paul Sartre, num café de Paris.
Parece, pela amostra, que o livro não se estica apenas por Sartre
e Beauvoir, mas vai muito além.
Tem mais: a tradução é de Denise Bottmann, a mesma de O
Pequeno Príncipe, que li em e-reader. Esse é um ponto positivo.
Outro Adendo

“Para Kierkegaard, Descartes invertera as coisas. A seu ver, a


existência humana vem antes:” (posição 319). Assim, a seu ver, deveria
ser: existo, logo penso.
Achei isso de uma razoabilidade incrível! Como ninguém pensou
nisso antes? Segundo Sarah, Sartre se apaixonou pelo “espírito de
contradição e a revolta do dinamarquês contra os grandiosos sistemas
filosóficos do passado.” Toma do filósofo “o uso específico da palavra
‘existência’ para designar o mundo humano de ser”.

Mais um Adendo

Sarah fala ainda no primeiro capítulo sobre ela mesma e de como


“Os livros de Sartre também mudaram minha vida, embora de forma
discreta e indireta.”
Ela nasceu em 3 de abril de 1963, na Inglaterra, e conta que
comprou seu primeiro livro de Sartre aos dezesseis anos. Mais tarde,
descobriu em seus exemplares de existencialistas uma porção de
“anotações de juventude estranhamente enfáticas.” “Percebi que, tal
como mudei nesses 25 anos, o mundo também mudou.” (Posições 486
e 489.)
Sobre o mundo como é hoje, Sarah comenta: “Somos vigiados e
controlados em um grau extremo, ordenhados por nossos dados
pessoais, cevados com bens de consumo, mas desencorajados a falar o
que pensamos ou a fazer qualquer coisa incômoda demais no mundo,
relembrados sistematicamente que os conflitos raciais, sexuais,
religiosos e ideológicos, afinal, não se encerraram.” (Posições 509 a
513.)

Caraguatatuba, 12 de junho de 2020, à tardinha.

Um Adendinho
Parece que esse livro está na moda. Fui ver o preço, caríssimo!
Vou esperar passar o tempo, deixá-lo esfriar nas estantes, até ficar
disponível para meus bolsos. Aí o comprarei.

29junho2020. À noitinha.
Dous Sonhos

Essa noite voltei a ter o que já chamei em meu último livro, NA


CONTRAMÂO, de sonhos guiados, que é como eu denomino os sonhos
não controlados, em sonos tirados à força, em que a qualquer momento
que você queira você pode acordar, se ele não o fizer antes.
No primeiro sonho eu tinha 18 anos e um cabelo descomunal,
todo despenteado e embaraçado. Havia muito rock visceral, com
guitarras solando desesperadas. Toda música inventada na hora. No
fim, tocou "Angie”, dos Rolling Stones. Daí abri os olhos.
Quando voltei a fechá-los, meus cabelos estavam curtos, descobri
que tinha 62 anos, uma carreira acadêmica, que era casado e
aposentado por invalidez. Esse sonho foi curto. Então, abri os olhos.
Fechei-os e tive meu terceiro e último sonho. Eu era motorista de
caminhão de um hotel de caminhoneiros. Meu serviço era transportar
umas barras enormes de madeira maciça, virgem. Até o dia em que, na
volta, apareci com todas elas quebradas, fáceis de quebrar, como se
fossem MDF. Fui pro hotel me sentindo culpado. Fiquei por lá e aí
acordei, ou melhor, abri os olhos. Vi pela janela do quarto que já era dia.
Fui pra cozinha e descobri que eram 5 e meia da matina. Resolvi
levantar. Tomei um banho e preparei meu primeiro mate do dia.
Agora, estou aqui escrevendo. São 7 horas e 6 minutos.

13/6/2020.
Democracia

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto


Barroso, no último dia 25, no Plenário do TSE, disse:
“Democracia não é o regime político do consenso, mas aquele em
que o dissenso é legítimo, civilizado e absorvido institucionalmente.”
Isso quer dizer que não é todo mundo pensando igualzinho,
fazendo as mesmas coisas, tendo as mesmas ideias, mas é o direito
das pessoas terem opiniões distintas. Poderem debater sem querer
impor suas ideias pessoais.
Ele disse ainda: “Quem pensa diferente de mim não é meu
inimigo, mas meu parceiro na construção de uma sociedade aberta e de
um mundo plural.”
Com essa fala, ele foi muito lúcido e bem explicativo sobre o que é
uma democracia, em seu conceito mais básico que podemos ter. Como
já foi dito antes, ela não para na escolha dos governantes, mas continua
na possibilidade da livre expressão. O ministro continuou:
“A democracia tem lugar para conservadores, liberais e
progressistas. Nela só não há lugar para a intolerância, a desonestidade
e a violência.”
Isso está na edição 238 da revista Justiça e Cidadania, de junho
deste ano, em matéria do dia 8, “Não há volta no caminho da
estabilidade institucional”.
Não tenho mais o que dizer.

16 de junho de 2020.
“Bons Tempos Aqueles...”

As pessoas, às vezes, se perdem na nostalgia.


Já entre os antigos gregos, um filósofo reclamou da geração
jovem, dizendo que não respeitava os antigos valores, e que, se
dependesse dela, o mundo não teria futuro.
As pessoas, quando vão ficando mais velhas – e não precisa ter
muita idade para isso - começam a achar que os tempos anteriores
eram melhores. Em suas lembranças, escolhem as boas coisas e
esquecem das piores, como se essas não houvessem existido. Como
se diz, a memória é seletiva.
Daí vem a expressão: “Ah, nos bons tempos...”
Tudo ilusão.
As pessoas não percebem as benesses advindas dos novos
tempos, seja uma nova amizade, um amor mantido por todos os anos,
uma mudança na vida que transformou sua perspectiva. Uma nova
tecnologia que magnificou seu modo de fazer as coisas.
Saudades podemos ter, sim, de pessoas e animais que morreram,
e que amávamos, ou que ainda amamos e não temos mais
possibilidades de rever. Saudades de uma cidade ou vila em que
vivemos ou visitamos, Saudades de um restaurante ou barzinho que
não temos mais como frequentar.
Mas saudade não é nostalgia.

Caraguatatuba, 17 de junho de 2020.

Adendo

“Antigamente, muitos fornecedores de alimentos inescrupulosos


acrescentavam substâncias aos alimentos com pouca consideração
pela saúde. Os padeiros, por exemplo, às vezes utilizavam gesso, argila
ou até mesmo serragem para aumentar o peso dos pães.
Os cervejeiros adicionavam estricnina para “melhorar” o sabor da
cerveja – e poupar gastos com lúpulo. Mas nada era tão aterrorizante
quanto os doces: as cores brilhantes que atraíam crianças eram muitas
vezes resultantes de sais venenosos de chumbo, mercúrio ou cobre. ”
Esse texto se encontra na matéria de Julia Monsores, e foi
publicada no site da Seleções anteontem. O endereço é
https://www.selecoes.com.br/saude/o-que-sao-aditivos-alimentares/.
Lido em 22/06/2020.
“Bons tempos” eram aqueles?

Caraguatatuba, 22 de junho de 2020.


O Bem e o Mal

A dicotomia de dizer que alguém é totalmente bom, que não tem


defeito algum, é chamá-lo de Deus ou Deusa. E achar que alguém é
totalmente mau é chamá-lo de íncubo ou súcubo.
Se bem que tem gente que é mesmo o diabo de ruim... E nisso
você há de concordar comigo.
Estar bem é estar equilibrado. E isso é algo efêmero, não dura.
Para ser bom, tem que estar bem. Tem que estar equilibrado. Tem que
estar com seus sentidos em ordem, sua saúde física, mental,
emocional, social, tudo em cima. Se não estiver com tudo em cima, não
dá para ser totalmente bom. E olhe lá!
Então daí vem os exemplos clássicos de bondade, de pessoas
que não estavam totalmente equilibradas, como falei acima, que nem
vou citar aqui. Essas pessoas superaram seus males para serem boas.
Todavia não eram Deuses ou Deusas. Podiam estar no caminho, mas
nesse caminho qualquer de nós pode estar.
No início, acreditou-se em um universo paralelo, em que achavam
que, tudo que fosse de um jeito aqui, seria o contrário no outro. Então,
quem seria cheio de ruindade aqui seria uma doçura de bondade lá.
Graças aos céus essa teoria deu lugar à dos multiversos, em que
várias realidades se alternam, múltiplas, quiçá infinitas. Em cada uma,
as noções de bem e mal podem ou não existir.
Em nossa realidade acredito no Bem como algo existente, único,
energético, totalmente iluminado. Assim como há uma falta de luz, uma
escuridão, um arrepio, de infinitas formas, que tem também sua energia,
o Mal.
Tudo existe. E tudo tem energia. Podemos nos deixar levar por
uma das infinitas formas do Mal ou buscar o equilíbrio efêmero do Bem,
sempre buscar. O Mal é uma superfície infinita e o Bem uma ponta
ínfima e poderosa. Não são, portanto, faces contrárias de uma moeda.
Isso é o que acredito.

17/6/2020.
Star Trek Discovery

Fiquei muito decepcionado com a primeira temporada dessa série.


Tanto, que não quis tentar a segunda. Achei muito star wars. Não tinha
nenhuma filosofia. Além do mais, decepcionei-me também com a
mudança de design dos klingons.
Passou a ser a única série da franquia Star Trek (Jornada nas
Estrelas) que abandonamos. Fafi e eu.
Porém, antes da pandemia, um motorista de Uber, treker
confesso, falou-nos que a segunda temporada tinha alguma coisa mais
a dizer, não era só guerra mais guerra.
Isso deu-nos uma ponta de vontade de tentar dar uma nova
chance à Discovery. Mas foi só uma ponta desconfiada.
Ontem, vi pelo YouTube, “TB ao VIVO: Gene Roddenberry - O
início, o fim e o meio”, que foi transmitido ao vivo em 23 de outubro de
2018. É um vídeo da Trek Brasilis. Descobri, por lá, que na segunda
temporada dessa última série da franquia, transmitida pela Netflix, o
visual dos klingons voltou à sua forma anterior, conhecida nas outras
(menos na clássica).
Bom. Acho que está na hora de dar aquela nova chance para a
segunda temporada da Discovery, e ver no que deu.

Caraguatatuba, meio-dia e meia, tempo ensolarado, 18/6/2020.

Adendo

Assistimos ontem ao primeiro episódio da segunda temporada e...


surpresa! The game is over. Nada de star wars. Voltamos ao verdadeiro
espírito de star trek, dessa vez com o retorno do capitão Christopher
Pike, do episódio piloto da série clássica, e a visão de diversas
mudanças.
A temporada promete.
Caraguatatuba, dia de São João, 2020.

Novo adendo

O segundo episódio, que fala sobre o planeta Terralísio, é


encantador.
Mas a partir do terceiro episódio, a temporada começa a se perder
novamente, e, em vez de ser jornada nas estrelas, passa a ser jornada
no tempo. Impensável. Acabei de ver o 13º episódio. Vou esperar até o
final da temporada. Vamos continuar assistindo. Pra conferir.

27/6/2020. 8h40’

Mais um Adendinho

Terminamos ontem de ver Discovery, a segunda temporada. A


não ser aqui e ali, como o episódio em que Saru visita seu planeta, é
decepcionante.
Time Trek e Star Wars misturados, mas não Jornada nas Estrelas.
Quem sabe a terceira temporada pega no breu. Que eu saiba, já
foi gravada antes da pandemia.

29/6/2020. 7h40’.
Transtornos Mentais

Hoje em dia muitos estados emocionais ou mentais são


classificados como “transtornos mentais”.
Entre os mais citados estão a depressão, a ansiedade, o
transtorno de déficit de atenção, a insônia, a bipolaridade, a adicção, o
alcoolismo, a esquizofrenia em suas várias formas, entre outros não
menos importantes.
É comum o hospedeiro de um transtorno ter associado outros ao
principal, o que torna difícil um diagnóstico do seu quadro psiquiátrico
total. Para ser correto, o especialista deve ter em mente que um
transtorno nunca aparece sozinho, mesmo podendo ser o principal.
Podem haver muitos outros em menores graus.
Também é usual a dificuldade de se obter o diagnóstico da
doença principal, pois muitas vezes uma é confundida com outra. As
características apresentadas pelo paciente podem ser dúbias, se o
profissional não for bem preparado para o ofício. As consequências
podem ser muito perigosas, podendo levar o hospedeiro ao suicídio ou
à morte por troca súbita de medicamentos.

19/6/2020.

Adendo

Há a personalidade e os transtornos. “Você não é a sua doença”


(Amanda Ramalho, dona do podcast “esquizofrenoias”).

20/6/2020.
Respiração Diafragmática

Esse é o nome que encontrei hoje no site


https://www.psicologiaexplica.com.br/tecnicas-em-tcc-respiracao-
diafragmatica/, para o que chamo em meu livro “Zen Sem Frescura” de
respiração com a barriga.
O artigo foi escrito por Jessye Cantini, em 19 de setembro de
2013, “Técnicas em TCC: Respiração Diafragmática”.
Trata do tipo de respiração mais natural que existe. Inspira-se
inchando a barriga e esvaziando o peito, e expira-se fazendo ao
contrário.
Não há segredo, qualquer bebê faz isso. Quando a gente cresce,
perde a habilidade. Mas é tudo uma questão de costume. Começa-se
fazendo exercícios dessa respiração, dentro de um tipo de meditação
básica. Por fim, passa a fazer parte do cotidiano.
Para quem toca instrumento de sopro ou canta, ou fala em
público, essa forma de respirar é fundamental.

20/6/2020.
"Ninguém é Insubstituível”

Essa frase é dita por pessoas que, normalmente, acham que têm
algum poder de mando. E normalmente elas têm, pouco ou muitíssimo,
variando em graus. E sentam sobre seu trono de poder.
São pessoas que não possuem o mínimo amor pelos seus
semelhantes, estejam estes acima ou debaixo de sua posição
hierárquica.
Detesto essa frase!
A Fafí me contou, algumas vezes, que, quando era criança, nas
festinhas, na hora que ela ia pegar um refrigerante, só havia sobrado a
água tônica. Ninguém gostava de água tônica, a não ser misturada com
gin ou como remédio.
No entanto, de tanto tomar, ela acabou pegando gosto, e hoje é
um de seus refris favoritos. Ela, inclusive, qualifica marcas e tipos. É
uma connaisseuse.
A água tônica, desprezada antigamente, é hoje artigo de
conhecedores e colecionadores. De um refrigerante menor, tornou-se
objeto de respeito e de degustação.
Porém, gente não é assim.
Cada um tem seu próprio valor, seus defeitos e qualidades. Claro,
como já disse em outro capítulo, tem gente que tem o diabo no corpo,
mas são exceções. Precisamos encontrar as benesses em cada um e
descobrir que, afinal, cada uma é uma. Não tem uma igual à outra.
Cada pessoa tem suas características, sua personalidade, sua
unicidade.
Ninguém é substituível.

Caraguatatuba, 22 de junho de 2020.


Movimentos Culturais

Nenhum movimento cultural existe se não estiver separado da


sociedade.
Quando a Semana de Arte Moderna de 1922 aconteceu no Teatro
Municipal de São Paulo, ela inaugurou uma série de eventos na área
literária, escultórica, pictórica, musical, entre outros, que se estenderam
anos afora.
De início, um movimento restrito a um pequeno grupo cultural, não
parecia ter relevância. Mas causou bastante furor na sociedade
acadêmica de então, e na sociedade em geral.
Era só uma turminha. Eram diferentes. Faziam uma arte e uma
poesia e literatura diferentes. Se destacavam do comum, do geral, da
superfície.
Posso dizer que deixaram de ser um movimento quando
influenciaram e deixaram de chocar a grande sociedade.
É o que acontece com toda grande alteração cultural. Começa
explodindo e depois vai se adentrando e esmaecendo no geral. Ou é
esquecida.

24/6/2020, dia mundial do disco voador.


Usar Demais a Cabeça

Quando tinha trinta e poucos anos, usava meu dia inteiro para
trabalhos onde a mente era necessária. Era já formado em
Comunicação Social, trabalhava com isso, mas usava meu tempo livre
em nossa biblioteca pessoal. Ou na biblioteca municipal. Uma época,
dei aulas à noite. Noutra, usava os domingos trabalhando numa galeria
de arte e antiguidades.
Em 1992, entrei para uma faculdade de Direito, a fim de formalizar
meu conhecimento. E levei muito a sério. No início dos anos 2000 fiz
minha pós em língua portuguesa e literatura. E novamente levei tudo
excessivamente a sério.
Pouco depois disso, fui aposentado por invalidez. Minha cabeça já
não aguentava tanta pressão no trabalho.
Aos cinquenta e muitos anos, fui diagnosticado pela neurologista
como tendo uma mente desgastada, como se fosse alguns anos mais
velha do que realmente ela era.
Motivo: foi utilizada em excesso.
Fisicamente, eu tinha a idade que tinha, mas mentalmente eu era
mais velho que parecia. Talvez isso reflita hoje em minha aparência.
Mas não me arrependo. Tudo que fiz na vida valeu a pena, e faria
novamente se pudesse repetir.

Caraguatatuba, dia de São João, 24 de junho de 2020. 19h35’.


TCC

Fiz faculdade de Comunicação Social entre 1981 e 1984, na


Facos, em Santos.
Naquela época, começava-se a cogitar do TCC – Trabalho de
Conclusão de Curso – no último ano, apenas. Tínhamos, então, as
matérias normais e as noções da metodologia do trabalho científico. Era
apenas nesse último ano que escolhíamos o tema de nosso TCC.
Vejo que, hoje em dia, os jovens são instados a procurar o “tema”
desde o primeiro ano (Agora é dividido o curso em semestres.), e todos
se sentem pressionados durante o curso todo.
Tal fator é um retrocesso, pois limita os estudos do aluno. Ele
poderia ter, em seus primeiros anos, bastante mais amplidão de
conhecimento, para, no último semestre, se especializar numa pergunta
e se dedicar ao TCC.
É minha opinião.

25 de junho de 2020. Início da noite.


A Joia de Thalanor

Imagem Amazon.

Esse é o nome do livro de Diego Anderson, que baixei anteontem


para meu Kindle.
O e-book não traz informação alguma sobre o autor. Pesquisei por
aí e não achei nada. No site da Amazon só achei esse livro dele,
nenhum outro.
Na verdade, é um conto. Embora seja escrito em prosa, sua leitura
é musical e cheia de rimas. Se fosse em outra época, seria
naturalmente dividido em estrofes.
Bardon percorre o caminho do herói para conquistar o prêmio
pedido por “Thalanor, o austero”, a fim de se casar com sua filha,
“Arnon, a Bela”.
O prêmio é uma joia que está em poder do “dragão da montanha
do norte”.
Não vou contar a história, nem dar uma de spoiler. Mas é um
pequeno conto para passar uns momentos leves.

26/6/2020.
Política

Bom dia. Ninguém pode ficar muito tempo no poder. O próprio


Presidente Bolsonaro ficou cinco mandatos seguidos como deputado
federal, antes de ser eleito para o Executivo, o que é um absurdo. Ex-
presidentes se elegem senadores, deputados federais, e continuam na
esteira do Poder. Absurdo dos absurdos. Caso do Collor e do Sarney.
Discordo da carreira política como profissão. A política tem que
ser um direito de todo cidadão, independente de marketing e
patrocinadores. Discordo dessa divisão de nossa política atual em
direita e esquerda, que só interessa aos poderes vigentes, sejam eles
da posição ou da oposição.
Acredito numa visão mais ampla, geral e irrestrita da política,
como era no segundo meado dos anos 1980, por exemplo. Aliás. de
verdade. ela nunca existiu realmente, mas é um ideal.
Na verdade, não deveriam existir siglas, mas partidos de verdade,
com ideologias que os guiassem. Os eleitores votariam em ideias, não
em personalidades, em famosos, em celebridades. Os candidatos
representariam ideários, que deveriam ser respeitados em seus
mandatos, ou seriam postos pra fora.

28/6/2020, 10h40’.
Filosofia na Pandemia

Esse é um livro de José Ramos Coelho, deste ano, que baixei


para meu Kindle, e li numa tirada só.
Tem um subtítulo, Reflexões Sobre a Crise da Cultura.
A obra é um apanhado de textos escritos em épocas variadas. Os
últimos são durante a quarentena.
Porém, o que mais me chamou a atenção, foi sobre a violência em
todas as esferas da vida, e o interesse de quem ganha com isso.
Ele diz o seguinte: “Há uma indústria que lucra com a violência,
seja nas guerras, seja na aparentemente inofensiva violência dos jogos.
O sofrimento e o morticínio são o alimento de sociedades e indivíduos
dominados pela pulsão de morte.” Está no início do primeiro capítulo,
“Ahimsa”, datado como 18/02/2014. Muito lúcido.
No capítulo “Qual Doença Acomete o Brasil?”, datado de 2019, o
autor escreve: “Pessoas conscientes são donas de seu próprio destino e
nutrem ojeriza à servidão voluntária.”
Entretanto, numa posição radical, chama o governo federal de
neofascista e apologiza Lula, como se este fosse a única solução
possível para o país.
Os últimos capítulos são todos sobre o coronavírus e suas
relações com a vida, com as pessoas e com o governo federal.
Vale a pena dar uma olhada.

28 de junho de 2020.
Você não Está Sozinho

Imagem Amazon.

Mais um livro indicado para este tempo de quarentena, em que


estamos lendo mais. Seu subtítulo é “reflexões sobre a pandemia”.
São crônicas e contos de seis autores de lugares diversos do
Brasil. O e-book foi editado em Tocantins, e pode ser adquirido
gratuitamente nas plataformas da Amazon, e na iBookstore, da Apple.
Ou em PDF, pela internet.
O que achei interessante está no texto de Adriel Christian,
“Produtividade? Que é isso?”, onde ele diz:
“Você não é obrigado(a) a ser uma máquina de produção. Acordar
de madrugada pra se exercitar ou estar pleno(a) nesta quarentena.” (...)
“Mas você pode optar por viver um dia de cada vez, da melhor forma,
sempre tentando buscar o equilíbrio.” (posição 113-115.)
Achei isso muito importante, pois as pessoas se sentem obrigadas
a fazer cursos e coisas demais para ocupar o tempo. Adquirem uma
culpa que não deveriam ter.

30/6/2020.
Tudo ao Normal

Andei um período completamente descompensado.


Ficava o dia inteiro com sonolências e à noite também, não
conseguindo ter um sono repousante.
Não conseguia tomar chimarrão, nem ler, nem escrever, nem
tocar flauta. Não tinha vontade de nada, só de dormir. E não era
depressão.
Ontem à noite, entretanto, consegui assistir diversos episódios de
Dark sem sonolência, até que me deu sono.
Fui-me deitar e levantei hoje pelas oito e meia quase bem.
Tomei meu desjejum e agora estou tomando chimarrão, depois de
dias sem tomá-lo. Sinto-me agora bem.
Baixei uns textos sobre música em meu Kindle e dei uma
arrumada no computador.
Agora vou ler. Acho que tudo voltou ao normal. Um dia de cada
vez.

Domingo de sol, 5 de julho de 2020.


Star Trek: Picard (de novo)

Estou assistindo a série pela terceira vez, e não me canso.


É comovente.
Desta vez, assisto sozinho. Então, é como ler: volto pedaços
quando me interessa, quando quero rever a cena, seja para entender
melhor, seja só para curtir.
Essa primeira temporada, de dez episódios de quase uma hora
cada, tem um texto ótimo, diálogos muito bem escritos, imagens
envolventes, mostrando um futuro que queremos. Pelo menos eu quero.
O Artefato, o Caminho da Franqueza Total, Soji, os ex-borgs,
Seven of Nine, a família em Nepenthe, as cenas com Data e os
episódios em Coppelius, o planeta natal dos sintéticos, são os pontos
altos dessa temporada. Sem contar, é claro a magistral atuação de Sir
Patrick Stewart. E seu chá Earl Grey, agora com leite e açúcar. E de seu
chatêau, com os dois irmãos romulanos e o Number One.
Sobre o Caminho da Franqueza Total, adotado por algumas
irmãs romulanas, Picard explica o que é: “Expressão completa das
emoções, sem filtros entre pensamento e fala”. (Episódio 4: Absolute
Candor.)
“Promessa é uma prisão, Elnor. Não queira ser seu carcereiro”.
(Idem.)
Espero ardentemente pela segunda temporada, que deverá ter o
comandante Worf, Guinan, e outras surpresas. Já está gravada. Se for
tão boa quanto a primeira, será sensacional.
Até já esqueci da decepção com a Star Trek Discovery. Que ficou
devendo, mas nos mantém na esperança pra próxima temporada.

10 de julho de 2020, 6 e meia da tarde. Noite de inverno.

Adendo

O piloto da nave de Picard, Cristóbal Rios, lê Do Sentimento


Trágico da Vida, de Miguel de Unamuno.
Baixei o livro no original espanhol e, lendo-o, percebi melhor a
personalidade aparentemente obscura do piloto.
O livro é profundo e não nos deixa querer parar de ler enquanto
não terminamos. Suas ideias se sucedem em profusão e num
encadeamento que não para, do início ao fim.
É uma obra extensa, sim, mas não complexa, embora erudita.
Por essa razão, Rios está sempre com ele ao lado, e quando o
está lendo se perde do entorno, tão concentrado que fica. Muito a ver
com sua função de piloto de nave estelar, que exige uma concentração
extrema.

12/6/2020.
Apito no Ouvido

Já faz cerca de um ano que tenho sentido um apito constante no


ouvido esquerdo.
Esse ouvido já escuta menos que o direito, há certos anos,
conforme atestam exames de audiometria. Principalmente nos tons
agudos.
Agora, esse apito no ouvido. Ele é constante, não me deixa em
paz, principalmente nos momentos de silêncio. Não posso mais ficar
num ambiente silencioso, que ele ataca.
Quando vou me deitar de ladinho, não posso encostar esse ouvido
no travesseiro, que logo o apito se torna um apitão. Tenho sempre que
encostar o direito, e aí mal ouço o que a Fafí me diz.
Durante o dia, procuro me manter longe de um ambiente
silencioso, Graças aos céus, adoro música. A vida toda gostei demais.
Isso me ajuda, ao ouvir discos, por exemplo.
Fui primeiro ao otorrinolaringologista, que me receitou Gingko
Biloba. Mas alertou que deveria ser manipulado.
Aviei a receita na melhor farmácia de manipulação, no centro de
minha cidade, e comecei a tomá-lo. Tomei um frasco. Dois. Três.
Vários. E o apito continuou.
Busquei então uma médica generalista. Ela nem me perguntou
que remédios eu já tomava e me receitou uma medicação alopática que
já nem me lembro o nome. Ela falou que o Gingko Biloba era bobagem
e que esse remédio me curaria.
Iniciei o tratamento. Depois de uma semana eu estava babando à
toa, tal qual Jimi Page tocando Starway to Heaven com Eric Clapton. E
o apito continuava. Parei de tomar.
Agora, com a quarentena, ficou mais difícil ir ao médico. E minha
audição fica prejudicada.
É aguardar.

Domingo, 12 de julho de 2020.


Mais Chimarrão

Normalmente, tomo chimarrão logo cedinho e ao entardecer.


Quando fico em casa o dia inteiro, tomo também logo antes do
almoço.
Porém, parece que a quarentena e os dias mais frescos de
inverno têm feito eu ficar tomando o chimas o dia inteiro.
Eventualmente, duas vezes pela manhã, duas pela tarde, e uma do
entardecer para a noite.
Agora, por exemplo, são pouco mais de quatro da tarde e já é meu
terceiro chimarrão.
Isso tem se repetido ao longo dos últimos dias.
Ele me acompanha enquanto escrevo, enquanto leio, enquanto
ouço música, e até quando vejo algum filme ou série na telona do
computador.
Tenho revezado duas marcas, uma de boa qualidade e outra
menos saborosa. Às vezes, na hora desta, misturo a erva com algum
chá aromático, geralmente hortelã, ou uns dez minúsculos pedacinhos
de casca de laranja ou mexerica.
Assim têm sido os dias.

12/7/2020.
Eu e Nós

Existem duas personalidades principais: a pessoal e a social.


A primeira é a do Eu, a do indivíduo, com nossas particularidades
e o que nos torna únicos.
Somos um na multitude, únicos na complexidade pessoal. É o que
nos garante a sobrevivência.
Depois vem a segunda personalidade, a social, a que nos coloca
na teia, na sociedade, que nos garante a sobrevivência como espécie.
Se a primeira necessita do amor próprio, a segunda precisa do
amor entre os semelhantes, ou melhor, entre os diferentes.
Semelhantes porque somos da mesma espécie, mas distintos
porque somos cada qual um indivíduo que tem que aceitar as diferenças
do outro, para bem se posicionar na teia social.
Caso não ocorra de maneira correta, surgem os guetos, o
preconceito. Aí a espécie sofre, o indivíduo sofre, e tudo fica fora de
lugar.

Segunda-feira, 13 de julho de 2020. 11 e pouco da manhã.


Existo, Logo Penso

Miguel de Unamuno (1864-1936)

Descartes é autor do dito "Penso, logo existo".


Miguel de Unamuno, em seu "Do Sentimento Trágico da Vida",
discute essa questão. Ele diz que a solução cartesiana está incorreta.
Deveria ser justamente o contrário: existo, logo penso. como para
Kierkegaard (1813-1855), que já citamos anteriormente.
Mesmo assim, ainda discorda que o fato de apenas existir seja
o suficiente para pensar.
Diz também que o racionalismo puro não existe, pois a razão
não deve ser dissociada dos sentimentos.
Dessa forma, a existência não pode ser uma consequência do
pensamento.
Ao mesmo tempo, pode-se pensar numa consciência (razão e
sentimento) sem existência? Seria uma consciência incorpórea, uma
consciência sem existência.
Além do mais, só o ser humano pensa? Só o ser humano tem
sentimentos? Como diz Unamuno, um caranguejo pode saber resolver
uma equação de segundo grau e nós não percebermos.
Ou um parasita, que não ouve nem vê, não tem consciência?

15:59 13/07/2020.
Os Sentidos
Dizem que temos cinco sentidos de percepção para entender o
que se passa à nossa volta.
É pouco. Os cientistas dizem que temos, pelo menos, vinte e
seis.
Mas vamos nos virando com esses cinco, por enquanto.
Normalmente, o que mais usamos é a visão. Com ela,
admiramos o arco-íris, a lua, as estrelas, a mulher amada, as artes
plásticas, tudo o que é iluminado e a própria penumbra. É o sentido
mais amplo e mais valorizado.
Depois, vem a audição. Através dela percebemos a mais bela
das artes, a música. Bem, nem sempre é bela, nem sempre é
agradável, mas é a que mais dá prazer à maioria das pessoas. Poucos
existem que não curtem, pelo menos, um tipo de música. Pode ser pra
relaxar, pra animar a festa, pra começar bem o dia, pra apreciar melhor
o entardecer, ou simplesmente para ter o prazer de ouvir.
Podemos ouvir o som dos pássaros, mesmo que não os
vejamos. Já soube de mais de uma pessoa que reclamou de ter
acordado com o barulho dos passarinhos! Fiquei atônito. A gente
reclama de acordar com o barulho de ônibus na porta, motocicleta com
o escapamento aberto, porém... acordar com o barulho de pássaros é
uma bênção nos dias de hoje.
O olfato. Funciona junto com o paladar. Cheiramos as coisas,
sentimos o gosto das coisas, quase ao mesmo tempo. O cheiro da
mulher amada, os perfumes, os extratos aromáticos ou saborosos, o
sabor da comida quando estamos famintos.
O tato. O prazer carnal. A delicadeza do carinho, a delícia de
um banho quente no frio, de uma ducha fresca no calor. A brisa na pele
nua.
Os prazeres obtidos pelos sentidos são parte de nossa
sobrevivência. São, aliás, o princípio dela, pois se não fossem benéficos
não precisaríamos deles. Os sentidos existem para a nossa
sobrevivência e podem nos dar prazer.
Todos os trinta.

11:52 14/07/2020.
Felicidade

O que é ser feliz?


Não adianta viver buscando a felicidade, que nós nunca a
encontraremos.
No entanto, podemos ser felizes, se não a procurarmos, mas se a
reconhecer em cada bom instante vivido. E esticar a sensação desse
instante adiante, em nossos momentos futuros.
É evidente que existem maus momentos, mas não precisamos
perder nossos dias por causa deles. Não precisamos dizer que a
semana está estragada por causa de um mau dia vivido.
Todos temos bons e maus dias, bons e maus momentos, mas
não podemos carregar os fardos eternamente. Só enquanto precisamos.
E não necessitamos fazer isso de uma forma negativa. Saber que é
uma fase, ajuda.
Porque as fases passam. Uma tempestade não dura para sempre.
Uma noite tende a clarear pela manhã.
Porém, se você não quiser, também, ninguém é obrigado a ser
feliz.

17/7/2020.
Sobre o autor

Foto por Fafi Pontes

Leopoldo Luiz Rodrigues Pontes nasceu às 4 e meia da manhã,


do dia 4 de abril de 1958, no bairro da Lapa, na cidade de São Paulo.
No final dos anos 1970 e início dos 80, publicou uma série de
livros de poemas, por conta própria, na base do mimeógrafo e do off-
set.
Enveredou pelas artes plásticas e pela música.
Recebeu premiações por contos, estadual e nacional.
Sua formação acadêmica inclui jornalismo e direito, além de uma
pós-graduação em língua portuguesa e literatura.
Mora atualmente em Caraguatatuba, litoral norte do estado de São
Paulo. Seu hobby é estudar flauta doce por música.
Contato com o autor: leopoldopontes21@gmail.com
Livros de Leopoldo Pontes editados pela Amazon:

(Na ordem por publicação)


1. Gabriel: a História do Roqueiro que virou o Grande Herói Nacional
2. Asas para Teotino
3. Minha Experiência com o Kindle
4. Poemas para se Ler em Voz Alta
5. V.M.P.M.: Duas Histórias de Amor
6. 4 COROS DA TERRA E DOS CÉUS E UMA CANÇÃO INFLAMADA:
Teatro
7. Dialética no Direito: O Estado Leigo
8. Análise de Matrix e outros filmes e textos
9. Dialética sem Encher Linguiça
10. ZEN SEM FRESCURA: O Livro da Anti-Autoajuda: Tudo o que os
livros de autoajuda não te deixam acreditar
11. O Gosto das Coisas - Trilogia:
1. E o Rock Não Morreu...
2. A Gorda vai Cantar
3. O Tempo e as Estações
12. VMPM e Outros Contos
13. ROCK NÃO SE APRENDE NA ESCOLA (maio de 2020)
14. NA CONTRAMÃO (maio de 2020)
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(Este texto foi baseado no texto final do e-book “VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHO
- Reflexões sobre a pandemia”, organizado por Cássio Cipriano e Paulo
Narley, Publicação Digital Independente, 2020.)

FIM
Índice
Minimalismo
Música Clássica
O Pequeno Príncipe
Paradoxo da Tolerância
Livre Arbítrio
Joelma e Tina Turner
No Café Existencialista
Dous Sonhos
Democracia
“Bons Tempos Aqueles...”
O Bem e o Mal
Star Trek Discovery
Transtornos Mentais
Respiração Diafragmática
"Ninguém é Insubstituível”
Movimentos Culturais
Usar Demais a Cabeça
TCC
A Joia de Thalanor
Política
Filosofia na Pandemia
Você não Está Sozinho
Tudo ao Normal
Star Trek: Picard (de novo)
Apito no Ouvido
Mais Chimarrão
Eu e Nós
Existo, Logo Penso
Os Sentidos
Felicidade
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