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ELEMENTOS DA CONSTRUÇÃO DE RITA NO POMAR

Personagens:
Rita, Pet, André, Pedro, Lúcia (a mãe de Rita), Sr. Rui, Márcio, Rômulo (garçom),
Francisca, Sogros de Rita (pais de André) e Telma.

Os três planos narrativos do romance:


1 – Conversas de Rita com o cachorro Pet.
2 – Diário de Rita.
3 – Contos de Rita.

Distribuição dos três planos:


1 - Conversas de Rita com o cachorro Pet:
capítulos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18, 20, 22, 24, 26, 27, 29, 31, 32, 33 e 34.

2 - Diário de Rita:
capítulos 7, 9, 11, 19, 21, 23 e 25.

3 – Contos de Rita:
capítulos 13, 15, 17, 28 e 30.

Enredo:
Duas noções:
- Psicológico (embora haja também a exposição de paisagens externas, predominam os
relatos/depoimentos de Rita, a vida interior da personagem, a sua paisagem interna).

- Não-linear, fragmentado

Níveis de fragmentação do enredo:


- Tempo (há interpolação; interpolar: interromper, descontinuar):
situações do passado remoto de Rita (vividas em São Paulo) vêm interpoladas ou
intercaladas com situações mais recente (vividas na Paraíba, especialmente na Praia do
Pomar)

- Espaço (há interpolação):


São Paulo e Paraíba (Praia do Pomar).

- Narrador:
São utilizados narradores de 1ª e de 3ª pessoa (há interpolação). O foco narrativo se
concentra sobremaneira na interioridade de Rita (focalização interna).

Linguagem:
Ela tem a ver com os planos narrativos do romance. Assim, há três registros básicos:
1 - Conversas de Rita com o cachorro Pet:
registro oral (emprego de reticências, elipses, anacolutos, lacunas).

2 - Diário de Rita:
registro escrito autobiográfico; relatos de Rita extraídos de seu cotidiano.

3 – Contos de Rita:
registro escrito ficcional; relatos inventados por Rita – misturam imaginação com
elementos autobiográficos (tais elementos às vezes são apenas sugeridos, insinuados
nos relatos).

Obs: os registros diferenciados resultam e são fatores importantes da fragmentação do


romance.

A personagem Rita
Rita é uma personagem “de natureza”, ou seja, é densa, complexa. As personagens “de
natureza” têm contradições, são irregulares, descontínuas, surpreendem o leitor.
Conforme expõe Antonio Candido no ensaio “A personagem do romance”, a
personagem “de natureza” é a grande personagem da literatura, pois se aproxima
mais do modo de ser (a configuração interna, inconstante, dilemática) dos entes
humanos. Já as personagens “planas” são regulares, não surpreendem o leitor, porque
têm um modo de ser permanente sempre que aparecem na narrativa. A personagem
“plana”, se muito reiterada, repetida, sempre com os mesmos gestos e falas, fica
risível, torna-se caricatura.

O que a crítica disse sobre Rita no pomar?

“Sinistra anti-heroína”
“Muito mais do que um caso de psicose ou violência urbana”
“Cruel relato de agruras do passado e do presente”
“Rita é um monstro moral”
“Discurso com rastro doloroso do mundo”
“Desajuste psicológico [de Rita]”
“Desespero narrativo”
“Fala nervosa e entrecortada [de Rita]”
“Personagem em fuga exterior e interior”
“Forma elíptica e fragmentada”
“Hesitação no contar”
“Riqueza formal, psicológica e antropossociológica”
“Monólogo a dois [a fala de Rita dirigida a Pet]”
“Romance representativo da literatura atual”

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