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UNICATHEDRAL

CENTRO UNIVERSITÁRIO CATHEDRAL


CURSO DE DIREITO

MILLENA RAIANE SKILOF MONÇÃO

PROCESSO DE ADOÇÃO DE CRIANÇAS E


ADOLESCENTES INDÍGENAS POR NÃO INDÍGENAS:
um confronto entre a ordem jurídica e a étnico-cultura da etnia Karajás.

Barra do Garças – MT
Junho – 2023
MILLENA RAIANE SKILOF MONÇÃO

PROCESSO DE ADOÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTE


INDÍGENAS POR NÃO INDÍGENAS:
um confronto entre a ordem jurídica e a étnico-cultura da etnia Karajás.

Artigo Científico elaborado sob a orientação


da Profª. Ma. Thaís Assunção Nunes, para
obtenção do título de Bacharel em Direito, do
Centro Universitário Cathedral - UniCathedral.

Barra do Garças – MT
Junho – 2023
UNICATHEDRAL
CENTRO UNIVERSITÁRIO CATHEDRAL
CURSO DE DIREITO

A Banca Avaliadora, abaixo assinada ,


com a nota , o Artigo:

PROCESSO DE ADOÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTE


INDÍGENAS POR NÃO INDÍGENAS:
um confronto entre a ordem jurídica e a étnico-cultura da etnia Karajás.

MILLENA RAIANE SKILOF MONÇÃO


como requisito parcial para obtenção do grau
de Bacharel em Direito.

BANCA AVALIADORA

Prof. Ma. Thaís Assunção Nunes

(Assinatura por extenso do Membro Convidado)

Barra do Garças – MT
Junho – 2023
MILLENA RAIANE SKILOF MONÇÃO

Millena Raiane Skilof Monção1


Thaís Assunção Nunes2

RESUMO: Este artigo tem como objetivo analisar o processo de adoção de crianças e
adolescentes indígenas por não indígenas, abordando um confronto entre a ordem jurídica e a
étnico-cultura da etnia Karajás, com a finalidade de debater a pluralidade étnico-cultural
assegurada na Constituição Federal de 1988, entender acerca dos direitos fundamentais
expostos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente a respeito dos indígenas submetidos a um
processo de adoção e a sua colocação em família substituta não indígena como forma de
garantir o direito à convivência familiar e elevar o afeto como valor jurídico nas relações
familiares. A metodologia empregada foi uma pesquisa bibliográfica de natureza básica e
abordagem qualitativa. Como efeito tem-se que o Poder Judiciário deve garantir uma tutela
jurídica favorável aos interesses dos povos indígenas, não lhes podendo negar os direitos
fundamentais, preceder pelo melhor interesse da criança e do adolescente, independentemente
da origem étnica, assegurando um ambiente familiar acolhedor, mesmo que haja a sua
colocação em uma família não indígena. Sua colocação familiar deve ocorrer especialmente
no seio de sua comunidade indígena ou por membros de mesma etnia; somente na
impossibilidade desta que, procede-se à colocação em família substituta não indígena. Foram
estudados casos que as crianças indígenas foram rejeitadas por seus genitores. Ao final,
conclui-se que para que ocorra a presença de um valor jurídico das relações familiares para a
construção do conceito de família, é fundamental que aconteça a evolução integra da criança e
do adolescente, qual seja o afeto.

PALAVRAS-CHAVE: adoção; crianças e adolescentes indígenas; destituição do poder


familiar; vínculo afetivo.

1
Acadêmica do curso de Direito, do UniCathedral – Centro Universitário. E-mail:
mskilof@gmail.com. 2 Mestre em Direito Constitucional Econômico pelo Centro Universitário Alves
Faria-Unialfa. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Docente do Curso
de Direito do Centro Universitário Unicathedral. E-mail: thais.assuncao@unicathedral.edu.br
1 INTRODUÇÃO

Com o advento da Constituição Federal de 1988, os aspectos e compreensões de


família passaram por inúmeras transformações. Quando falamos em dignidade da pessoa
humana, há uma atenção da nossa Carta Magna nas relações familiares, na qual o indivíduo
tornou-se mais importante que o convívio familiar, por isso a família deixou de ser uma base
financeira e reprodutiva, transformou-se em uma relação formada por afeto, carinho, afeição,
amor, dedicação, interesse e permanência em um determinado ambiente.
Nesse contexto, os direitos fundamentais e o princípio da afetividade são os
componentes primordiais das relações familiares, prevendo a transformação da família
patriarcal tradicional em uma família marcada pelo afeto. Sendo assim, os direitos
fundamentais, em concordância com a Constituição, são concedidos a todas as pessoas, sem
distinção de raça, cor ou etnia, estendendo-se também aos povos indígenas.
Por esse motivo, resguardando a paternidade responsável, o princípio da dignidade da
pessoa humana, a proteção integral da criança e do adolescente e a função social da família, o
tema proposto para o desenvolvimento do trabalho de conclusão de curso é o processo de
adoção de crianças e adolescente indígenas por não indígenas: um confronto entre a ordem
jurídica e ético-cultural da etnia Karajás. Procurando responder ao seguinte questionamento:
quando há um confronto do ordenamento jurídico brasileiro e a proteção da cultura da etnia
Karajás, o que deve prevalecer?
Diante disso, este trabalho buscou compreender o conflito do ordenamento jurídico e
a cultura da etnia Karajás no processo de adoção.
Para alcançar tal objetivo entendeu-se necessário realizar uma pesquisa básica, em
que a finalidade foi desenvolver novos conhecimentos a respeito da adoção de crianças e
adolescentes indígenas da etnia Karajás. Diante das descobertas acerca do tema, a forma de
abordagem será a qualitativa, na qual se buscou verificar os motivos que contribuem para
ocorrência dessa prática étnico-cultural, além de analisar os dados obtidos.
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Desta forma, foi empregada uma pesquisa exploratória, visto que a intenção foi de
aprofundar o conhecimento com o tema apresentado. A técnica de coleta de dados foi de
campo, sendo desempenhadas entrevistas com representantes da Fundação Nacional do Índio
– FUNAI, de São Felix do Araguaia, Mato Grosso, Brasil, uma vez que estes possuem um
contato maior com pessoas da etnia Karajás e depoimentos de pessoas não indígenas que
adotaram crianças ou adolescentes indígenas.
A pesquisa foi bibliográfica, pois se desenrolou a partir de artigos científicos
relacionados ao tema, a consulta à Constituição Federal de 1988, à Declaração Universal dos
Direitos Humanos, ao Estatuto do Índio e ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), que
auxiliaram imensamente para a evolução do tema.
À vista disso, o método de abordagem foi o dialético, que trabalhou a distinção
étnico- cultural dos indígenas com o direito a uma relação familiar, dentro da etnia Karajás.
Ademais, em se tratando do método de procedimento, vislumbra-se o comparativo, haja vista
que explicou as contradições acerca das legislações brasileiras no que tange o tema em
discurso, levando em consideração a cultura e etnia.
O alicerce das ideias desenvolvidas foi fundado em autores fundamentais e
importantes, como Brasil (1990), Brasil (2009), Dias (2022), Silveira, Medeiros e Merigo
(2016).
A princípio, foi necessário conhecer a história da adoção de indígenas no Brasil, o
resguardo da Constituição Federal aos povos indígenas e a sua multiplicidade ético-cultural,
além do desenvolvimento do processo de adoção. Posteriormente o valor da família substituta
para a preservação do convívio familiar foi relatado, em seguida o procedimento para adoção
de crianças e adolescentes indígenas por não indígenas, a fim de analisar a multipluralidade
étnico-cultural resguardada pela Constituição brasileira no contexto da adoção de crianças e
adolescentes indígenas. Finalmente, foi pesquisado a adoção de crianças e adolescente
indígenas na Vara da Infância e da juventude na comarca de São Félix do Araguaia-Mato
Grosso.
No contexto do Direito, não há como negar a colaboração social do tema para o
ordenamento, o que possibilita uma análise da diversidade ética-cultural dos povos indígenas,
considerando que vivem uma vida com características próprias e diferentes das demais etnias
e dos povos brasileiros.
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2 O RESGUARDO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 AOS POVOS


INDÍGENAS E A SUA MULTIPLURALIDADE ÉTICO-CULTURAL

O Brasil dispõe de uma diversidade enorme de etnias indígenas, nas quais possuem
uma enorme miscigenação cultural quanto a sua forma de vida, línguas, vestimentas e
costumes. Com o surgimento da Constituição Federal de 1988, os direitos dos povos
originários foram promulgados, pautado na identificação da sua multipluralidade e na
proteção ética da sua identidade cultural.
No que diz respeito à denominação da palavra índio, historicamente os europeus
pensando estar chegando na Índia, conferiram aos nativos o termo índio. O Estatuto do Índio
em seu art. 3º, inciso I, dispõe que índio: “é todo indivíduo de origem e ascendência pré-
colombiana que se identifica e é identificado como pertencente a um grupo étnico, cujas
características culturais o distinguem da sociedade nacional”. Já o Supremo Tribuna Federal,
exemplificou a termo índio como:

4. O significado do substantivo “índios” na Constituição Federal. O


substantivo "índios" é usado pela Constituição Federal de 1988 por um modo
invariavelmente plural, para exprimir a diferenciação dos aborígenes por
numerosas etnias. Propósito constitucional de retratar uma diversidade
indígena tanto interétnica quanto intra-étnica. Índios em processo de
aculturação permanecem índios para o fim de proteção constitucional.
Proteção constitucional que não se limita aos silvícolas, estes, sim, índios
ainda em primitivo estádio de habitantes da selva. (STF, Pet 3388/RR –
RORAIMA, Órgão Julgador: Tribunal Pleno, Relator(a): Min. Carlos Britto,
j. 19-03-2009).

A Carta Magna estabelece um resguardo aos índios no processo de modificação da


sua cultura, deixando claro que mesmo que ocorra alguma transformação, os povos nativos
não deixaram de ser índios.
Quando se fala em identificação dos povos indígenas, estamos diante do art. 4º do
Estatuto do Índio, que versa que são seres isolados ou integrados. Baseado nisso, tem-se por
isolados aqueles que estão seguindo seus hábitos naturais e não conseguem acostumar-se com
o modo de existência dos brancos, portanto os integrados, refere-se aqueles que não ligam
para sua cultura original e preferem viver e conjunto com as pessoas das demais etnias. Diante
dessas fases de evolução cultural, Barreto (2008, p. 34) argumenta que:

Nesta perspectiva, portanto, o índio é visto como um “ser inferior” que deve
ser e precisa ser “integrado à comunidade nacional”. Completada a integração,
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não será mais considerado “inferior”, mas também não será mais considerado
índio e, portanto, não merecerá mais qualquer forma de tutela especial.

Por isso o ordenamento jurídico considera o direito de ser índio, independentemente


da sua integração social, não limitando a uma circunstância corriqueira ou definitiva.
A diversidade cultural dos povos nativos encontra-se notável no art. 231 da CF/88. O
texto constitucional identifica os povos indígenas e garante seus direitos, além de instituir ao
Estado o dever de protegê-los. Vale ressaltar que a Carta Magna não dispõe do significado de
índio ou indígena, mas confere a eles autorreconhecimento, por isso, eles passam por uma
evolução natural e não perdem sua identidade cultural. Sendo assim, sobre o direito de ser
índio, Barbieri (2008, p. 40) expõe que: “[...] deve ser, em primeiro lugar, o respeito ao seu
direito à alteridade e à diferença”, direito este declarado pelo texto constitucional ao indicar
referência à organização social, diversidade étnico-cultural, línguas, crenças e tradições, em
especial, quando falamos em adoção indígena por não índio.
O art. 232º da CF/88, estabelece aos povos indígenas o direito de postular em juízo,
“os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em
defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do
processo”, não mencionando como obrigatório a atuação da FUNAI (Fundação Nacional do
Índio), dando plena capacidade civil aos nativos.
Diante ao exposto, a Constituição Federal de 1988 e o Estatuto do Índio devem ser
compreendidos lado a lado, já que deve ser julgado seu patrimônio e o aperfeiçoamento da sua
cultura, para que seja considerado cada caso, observando sempre sua multipluralidade ético-
cultural, e os seus direitos constitucionalmente conhecidos.

3 DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO DE ADOÇÃO

A família é a origem íntegra de qualquer sociedade. A Declaração Universal dos


Direitos do Homem determina em seu art. 3º que: “a família é o núcleo natural e fundamental
da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado”. O Direto de Família está
sempre em busca de constantes mudanças, entendendo que não é mais necessário para se
configurar como família a forma familiar comum, patriarcal e clássica. Posto isso, a família
não deve se limitar ao regime do casamento ou aos poderes do chefe desse ambiente, visto que
a direção da família passou a ser de ambos os cônjuges.
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Com o surgimento da Constituição Federal de 1988, o padrão de família estabelecido


foi superado, verificando-se um significativo avanço nos parâmetros de famílias, surgindo a
afetividade e a pluralidade. Quando falamos de família formada em afeto, não estamos diante
de um vínculo biológico, pois ela surge do cuidado, atenção, amor e entre outros. Já a
pluralidade decorre do fato de casais com filhos antes do casamento, casais homoafetivos e
famílias monoparentais (pais ou mães cuidando dos seus filhos sozinhos). Na presença de
novos modelos de convívio, acontece uma modificação nas relações parentais.
Ademais, desde a lei maior, nas relações familiares reforça-se a dignidade da pessoa
humana, que organiza o suporte do grupo familiar. As crianças e adolescentes têm o direito de
viver de forma decente, assegurado por uma entidade judicial, na busca de um lugar seguro e
apropriado para satisfazer suas necessidades.

3.1 O VALOR DA FAMÍLIA SUBSTÍTUTA PARA O RESGUARDO DO CONVIVÍO


FAMILIAR

As crianças e adolescentes têm o direito de serem educados e criados no seu


ambiente familiar. Com a criação da Lei nº 12.010 de 03 de agosto de 2009 (Nova Lei de
Adoção), foi instaurada a família ampliada ou extensa, sendo entendida como aquela que vai
além dos pais, podendo ser parentes próximos, gerando vínculo afetivo entre as partes, no
caso a família substituta será utilizada em últimos casos, pois busca-se sempre manter-se a
família natural.
Nos termos do art. 28 do ECA, expressa que: “a colocação em família substituta far-
se-á mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou
adolescente, nos termos desta Lei”. A guarda, prevista no art. 33 a 35 do ECA, acontece
quando ocorre um descumprimento no dever de cuidar na família natural. Já a tutela, decorre
de uma destituição no seio familiar. Na adoção, a criança ou adolescente será colocado em
uma nova família, sendo assim, compreende-se por adoção:

[...] ato jurídico solene pelo qual, observados os requisitos legais, alguém
estabelece, independentemente de qualquer relação de parentesco
consanguíneo ou afim, um vínculo fictício de filiação, trazendo para sua
família, na condição de filho, pessoa que, geralmente, lhe é estranha (DINIZ,
2010, p. 522).

O acolhimento de crianças e adolescentes desamparados é um fundamento básico da


adoção, assim as crianças são destinadas a um convívio familiar, no qual são instauradas para
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uma família substituta, tratando aqui de relações afetivas e não consanguíneas. Somente
acontecerá se for benéfica para o menor e instituída em sentença judicial. Vale ressaltar que
será realizado um estudo social, objetivando analisar se as pessoas que estão na lista de
adoção, estão aptas paras serem guardiãs desses menores e sempre será tentado antes manter o
menor no seio de sua família natural ou ampliada.
Dessa maneira, a adoção ajuda a restabelecer um lar para o menor desprotegido, além
de dar a chance da criança ou adolescente crescer em um ambiente familiar, cheio de amor e
afeto, assegurando seu direito ao convívio familiar, garantido pela Lei Maior e pelo ECA
(Estatuto da Criança e do Adolescente).

3.2 O PROCEDIMENTO PARA ADOÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES


INDÍGENAS POR NÃO INDÍGENAS

A adoção de crianças e adolescentes ocorre exclusivamente mediante um processo


judicial, conforme previsão legal do art. 1.619 do Código Civil de 2002. Seu vínculo constitui-
se na sentença judicial e os efeitos gerados passam a valer do trânsito julgado desta sentença.
Vale destacar que é fundamental a anuência dos pais biológicos ou dos representantes legais,
somente sendo dispensado em casos de desconstituição do poder familiar.
Esse processo inicia-se com os pretendentes protocolando uma petição inicial e
apresentando os documentos necessários no foro da Vara da Infância e Juventude da Comarca
de sua residência. Logo após, abre vistas ao Ministério Público, que decide se designa uma
audiência para escutar o(s) requerente(s) e suas testemunhas, ou se mandar à seguir o
processo, passando os interessados para o programa de entrevistas com uma equipe chamada
de interprofissional, onde são realizados estudos sociais e psicológicos. Em seguida, os
candidatos considerados aptos serão inclusos no rol de pessoas interessadas para adotar, esse
rol é feito no Cadastro Nacional de Adoção – CNA.
No decorrer do processo deve ocorrer o estágio de convivência, com a finalidade de
averiguar a harmonia, sintonia, conexão entre o adotante e o adotado, esse procedimento é
todo monitorado pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e Juventude,
conforme dispões o art. 46 do ECA. Essa fase pode ser dispensada se o adotado já viver sob
tutela ou guarda legal do requerente, por tempo suficiente para se averiguar o vínculo familiar.
Em se tratando especialmente da adoção de crianças e adolescentes indígenas,
Gonçalves (2010, p. 369), destaca que “a lei em questão trata também das crianças indígenas
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que, por prática cultural de sua tribo, algumas vezes acabam sendo rejeitadas. Nesses casos, a
Fundação Nacional do Índio (FUNAI) promoverá a colocação da criança em outra família”.
As imposições citadas acimas, sobre os costumes, as tradições, identidades sociais e
culturais, precisam ser respeitadas e consideradas, preservando e resguardando sempre os
direitos e deveres fundamentais garantidos na Constituição Federal e no ECA (Estatuto da
Criança e do Adolescente).
Com o intuito de preservar as raízes dessas crianças e adolescentes, a colocação
desses em uma família substituta deverá acontecer prioritariamente no seio de sua
comunidade étnico cultural de sua origem ou da mesma etnia, podendo também a tribo toda
adotar essa criança ou adolescente.
No momento em que ocorrer adoção de crianças e adolescentes indígenas por não
indígenas deverá ter a participação da Vara da Infância e Juventude, a interferência da FUNAI
e de antropólogos que irão acompanhar cada passo do processo junto de toda equipe
interprofissional, considerando as particularidades do caso, de acordo com o art. 28, § 6 do
ECA.
Por isso, a participação da FUNAI é imprescindível, considerando os riscos ao
convívio familiar envolvido, as crenças e a tradição, que precisam de toda uma observação
especial, além dos demais povos indígenas que não conseguem compreender a situação e
precisam do auxílio do seu órgão responsável, durante todo o processo.

4 A MULTIPLURALIDADE ÉTNICO-CULTURAL RESGUARDADA PELA


CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA NO CONTEXTO DA ADOÇÃO DE CRIANÇAS E
ADOLESCENTES INDÍGENAS:

Muito se discute sobre a colocação da criança e adolescente indígena em família


substituta, considerando que se aconselha preferencialmente mantê-los no seio de sua
comunidade, no intuito de conservar suas raízes. Algumas decisões jurisprudenciais
reconhecem ser mais adequado privar o menor dos seus costumes e cultura, na intenção de
resguardar os seus direitos fundamentais.
Como a Constituição Federal de 1988, a Declaração Universal de Direitos Humanos
garante a todos as pessoas direitos humanos universais e fundamentais. O art. 231 da CF/88
traz uma particularidade ao reconhecer o direito à diversidade étnico-cultural dos indígenas.
Contudo, “a diversidade cultural não pode justificar a violação de direitos humanos e o
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descumprimento das normas da CRFB/88, que visam, em última análise, à proteção da


dignidade humana” (RIBEIRO; SANTOS; SOUZA, 2012, p. 122).
Por isso, caso não ocorra violação aos direitos fundamentais, a criança e adolescente
deve permanecer do seio de sua comunidade, buscando sempre resguardar sua identidade.
Muitas etnias executam o processo de adoção internamente, seguindo as orientações da
legislação brasileira e da FUNAI. Conservar sua cultura social “é evitar adoções que
desrespeitem a origem étnica dessas crianças, evitando colocá-las em situações de risco
pessoal ou social” (FERREIRA, 2010, p. 86).
Quando falamos no processo de adoção de indígenas por não indígenas, estamos
diante de um estudo de identidade cultural e social, no qual, busca-se sempre que as crianças e
adolescentes indígenas não esqueçam de seu agrupamento cultural, mas também consigam se
encaixar no parâmetro de vida dos não indígenas. Assim, preserva-se sua diversidade étnico-
cultural e garante-se o direito ao convívio familiar.

5 ADOÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES INDÍGENAS NA VARA DA


INFÂNCIA E DA JUVENTUDE DA COMARCA DE SÃO FÉLIX DO ARAGUAIA-
MT

Inicialmente, por se tratar de processos que tramitam em segredo de justiça, será


preservada a descrição das partes, observando o curso processual, os aspectos de cada caso,
jurisprudência, decisões judiciais e acima de tudo o melhor interesse da criança e adolescente
indígena.

5.1 AÇÃO DE ADOÇÃO COMBINADA COM DESTITUIÇÃO DO PODER FAMÍLIAR –


PROCESSO Nº: XXX-XX.XXXX-XX.XXXX

No dia 10 de agosto de 2017, os requerentes A.M.K e A.F.F, ingressaram na Vara da


Infância e Juventude de São Félix do Araguaia-MT, com uma petição pedindo a adoção da
menor indígena M.A.K.K cumulada com destituição do poder familiar. Nas alegações iniciais
os requerentes relatam que são casados e possuem a guarda de fato da menor desde o seu
nascimento em 2011, possuindo inclusive declaração consensual entregue pelos requeridos
B.M.K e K.K conferindo a guarda aos requerentes.
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Consta nos autos que durante todo o processo foi realizado três estudos psicossociais
e todos foram favoráveis à adoção. Um deles cita que a menor chama os autores de pai e mãe,
desejando também ter o nome deles inserido na sua certidão de nascimento. A presença da
FUNAI, fundamental em todos os momentos do processo, permaneceu inerte por muito
tempo, precisando ser intimada duas vezes até juntar o relatório de visita técnica elaborado
com a mãe biológica, o cacique e representantes da aldeia, no qual foi constatado que a menor
vivia inserida na família há muito tempo, não havendo motivo para a retirada. O Ministério
Público sempre se manteve favorável para adoção.
A requerente compareceu sozinha na audiência de instrução e julgamento, pois o
requerente faleceu no decorrer do processo. Expôs que ganhou a criança quando ela ainda
estava na barriga, bem como acompanhou o seu nascimento, em seguida levou-a direto para
sua casa. Relatou também que a menor sente muita falta do requerente, mas vive muito feliz
na casa deles, esclareceu ainda que a criança conhece os pais biológicos, mas não tem contato
com os requeridos, muito menos vínculo afetivo, que inclusive demorou entrar com o
processo, uma vez que poderia acontecer da família biológica querer o retorno da menor do
seio de sua comunidade, portanto como não ocorreu, resolveu entrar com o processo de
adoção.
No depoimento dos requeridos eles argumentaram que a criança foi confiada aos
requerentes, logo após o seu nascimento, visto que não tinham condições de arcar com as
despesas, então optaram em escolher uma família de confiança para doá-la e que estavam
felizes, posto que a menor continuava visitando a aldeia e seguindo as tradições do seu povo
Karajá.
Ao avaliar o caso ficou claro o melhor interesse da criança em continuar com os
adotantes, dado que consta comprovado o vínculo afetivo, componente fundamental para a
colocação em família substituta, além de ser dispensado o estágio de convivência, uma vez
que a criança já está em companhia dos adotantes por tempo suficiente para se poder avaliar a
conveniência da constituição do vínculo (ECA, art. 46, § 1º).
O caso foi julgado procedente para os adotantes, mas por não entender de nossas leis
muito bem, a requerida sabe que a requerente será a nova mãe, contudo explica para todos que
sua filha está ao cuidado de outra pessoa, em razão de acreditarem que a adoção é como um
presente, ou seja, na cabeça dos indígenas não tem destituição do poder familiar.
Em suma, se trata de um caso de uma criança indígena, doada recém-nascida, para
uma família escolhia pela mãe biológica, para ser um presente na vida dos adotantes. Resta
comprovado o vínculo afetivo da mãe adotiva com a menor, que mesmo após a morte do pai
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não abandonou o processo de adoção, cumprindo todos os requisitos legais previstos no ECA,
oportunizando a concessão dessa adoção.

5.2 AÇÃO DE ADOÇÃO COMBINADA COM DESTITUIÇÃO DO PODER


FAMÍLIAR PROPOSTA POR ENTES DA MESMA ETNIA – PROCESSO Nº: XXX-
XX.XXXX- XX.XXXX

Em 27 de janeiro de 2015, os autores D.H.K.K e J.A.M.K, protocolaram na Justiça da


Infância e da Juventude de São Félix do Araguaia-MT, requisição da adoção da menor
E.W.M.K cumulada com destituição do poder familiar. Nos fatos apresentados na inicial
consta que foram conviventes por 26 (vinte e seis) anos e que se encontram separados desde
2012, contudo, possuem a adolescente como filha, desde o seu nascimento, momento que foi
abandonada pelos pais biológicos, informando que a menor não possui sequer certidão de
nascimento.
Ao ser realizada a citação dos requeridos, por intermédio da FUNAI, não mostraram
interesse algum na ação, sugerindo o procedimento do processo. De acordo com o estudo
psicossocial, a adolescente foi ouvida, confirmando o desejo de permanecer com os pais
adotivos, bem como informando a vontade de regularizar seus registros, pois sofre bastante
obstáculos na sua vida social pela falta de seus documentos. Logo após, o Ministério Público
manifestou-se reiterando o pedindo de relatório da FUNAI. Em seguida, foi juntado aos autos
um relatório de uma indigenista especialista da FUNAI, informando que a mãe biológica
faleceu, que a menor está inserida na comunidade junto com sua nova família e por sofrer de
problemas oftalmológicos, a falta de documentos tem dificultado seus exames e consultas
médicas.
Analisando o pedido dos autos, a adoção é o meio mais benéfico para a adolescente,
revelando-se meio eficiente de suprimento de suas necessidades afetivas, materiais e sociais,
haja vista a necessidade de regularização de sua documentação e o lapso temporal de
convivência com a família adotante, razão pela qual a constituição do vínculo pela adoção,
resta demonstrada. Ressalta-se que, por tudo que nos autos consta, o deferimento da adoção
atende ao melhor interesse da adolescente indígena que encontra-se convivendo com os
adotantes desde o seu nascimento, no seio de sua comunidade, com membros de sua etnia,
estando considerada e respeitada sua identidade social e cultural, os seus costumes e
tradições, bem
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como suas instituições, havendo inclusive relatório de indigenista especializada concordando


com a adoção e tendo sido a FUNAI devidamente citada da presente demanda.
Enfim, nos termos do art. 227, § 6º, da Constituição Federal, os filhos adotivos terão
os mesmos direitos e qualificações que os havidos da relação de casamento, proibidas
quaisquer citações discriminatórias relativas à filiação, sendo assim, constando presente todos
os requisitos dos arts. 28 e 42 do ECA, evidenciando sempre o melhor interesse do menor, que
consta claro nos autos. Estando provado todas as medidas legais para a concessão dessa
adoção.

5.3 AÇÃO DE ADOÇÃO COMBINADA COM DESTITUIÇÃO DO PODER FAMÍLIAR E


PERDA DO SOBRENOME INDÍGENA – PROCESSO Nº: XXX-XX. XXXX-XX. XXXX

No dia 25 de setembro de 2013, os requerentes E.R.A e E.M.G, ingressaram na Vara


da Infância e Juventude de São Félix do Araguaia-MT, com o protocolo de uma petição
pedindo a adoção do menor indígena H.W.K, cumulada com destituição do poder familiar. Na
peça inicial os requerentes revelam que a requerida I.K, desde sua gestação deixava nítido o
desejo de entregar o filho para adoção, visto que não possui condições financeiras de assumir
com as despesas da criança.
Dessa forma, logo após ao nascimento, a requerida entregou a criança aos
requerentes, que imediatamente obtiveram a sua guarda, estabelecendo um vínculo entre o
menor e os pais adotantes. Nos pedidos os adotantes solicitam a troca do nome do menor para
H.W.G.A, perdendo o sobrenome Karajá e passando a utilizar o nome dos pais adotivos. Ao
ser citada a requerente, manteve-se inerte. O Ministério Público solicitou a revelia e que a
inicial fosse julgada procedente.
De acordo com o parecer psicossocial acostado nos autos, os requerentes afirmam
que quando a mãe biológica descobriu que estava grávida e não querendo o filho por ter sido
diagnosticada com sífilis, a criança podendo nascer com sequelas, resolveu dar para adoção.
Subsequente os adotantes resolveram adotar o menor, considerando que não tinham nem um
filho e que mora com eles uma sobrinha, que faz companhia para o menor, portanto possuem
condições de assumirem a responsabilidade da criança.
Devidamente intimada a FUNAI, evidenciou o impedimento do retorno do menor
para a aldeia de sua origem, visto que a rejeição da família biológica é visível, não contendo
condição alguma de sustentar a criança, que faz tratamento de sífilis congênita. Dado as
particularidades do caso, a mãe biológica não tem contato nenhum com o filho, em razão do
atual companheiro
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não aceitar, além de possuir outros 5 (cinco) filhos com seu esposo atual. O avô do menor, que
mantém contato com a família adotante, contou que resolveram doar a criança por receio que
o menor nascesse com sequelas devido à doença da mãe e disse que “a doação, é um ato
considerado normal entre os “Iny” (Karajá)”, ou seja, essa ação fez com que outra família
gerasse laços com o menor. Para a comunidade em que vivem isso é natural acontecer, já que
a adoção é vista como um presente, uma dádiva para alguém que deseja ter uma família.
Oportuno destacar que o processo durou 7 (sete) anos devido as dificuldades de citar
a requerida e inércia da FUNAI, que inúmeras vezes foi citada e nada declarava. Somente em
14 de fevereiro de 2020, o órgão se pronunciou apresentando o relatório elaborado por uma
indigenista especializada por intermédio do órgão federal responsável pela comunidade
Karajá.
No caso estudado a criança indígena não foi introduzida em programas de
acolhimento familiar ou institucional, pois foi renegada pela mãe biológica . A conduta da
genitora se aplica ao disposto no art. 1.638, inciso V do Código Civil, sendo essa razão
suficiente para a destituição do poder familiar. Com efeito, o menor deve ser colocado
oficialmente em família substituta, uma vez que abandonado pela genitora, e que tampouco
demonstra qualquer interesse na criação do infante, aplicando-se deste modo, o previsto no
art. 45, §1º da Lei 8069/90.
Coerente se faz a citação de Chiara Lubich (2021, pg. 15):

Nada mais do que o amor constitui, liga, faz ser família. Se a família fracassou
no mundo, é porque faltou o amor. Onde o amor se extingue, a família se
esfacela. É por isso que as famílias devem se estabelecer lá onde está a fonte
do amor. A missão de toda família é viver tão perfeitamente sua própria
vocação, a ponto de poder tornar-se modelo para a grande família humana... É
assim que a família se tornará semente de comunhão do terceiro milênio.

Sendo assim, o menor está sob os cuidados dos requerentes desde o nascimento,
sendo inquestionável a formação de vínculos afetivos entre eles. Restou evidenciado que os
adotantes são pais amorosos, pacientes e cuidadosos, estando o menor perfeitamente adaptado
à convivência com eles.
O estágio de convivência para a constituição do vínculo afetivo resta comprovado,
tendo em vista que o menor se encontra na companhia dos requerentes desde seu nascimento,
isto é, há mais de 7 (sete) anos, sendo dispensável, nos termos do parágrafo primeiro do art.
46º do ECA, posto que o menor se encontra na residência dos adotantes por mais tempo que
presume o ECA para se observar a constituição do vínculo.
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Diante disso, é inquestionável a adoção, em razão de assegurar ao menor indígena


uma família apropriada para lhe garantir todos os direitos e interesses fundamentais,
constitucionalmente protegidos, além de estar introduzido nas tradições e na rotina da família
desde o seu nascimento.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Antes do surgimento da Carta Magna, o que atribuía o início de uma família era o
casamento, motivo pelo qual gerava muita discriminação entre os filhos nascidos na
constância do casamento e os nascidos fora do matrimônio, quais eram apelidados de
bastardos. Com o advento dos princípios fundamentais e da dignidade da pessoa humana,
passou a ser proibido a distinção entre filhos. As mudanças sociais da sociedade
contemporânea formaram inúmeras ideias e formas de famílias. O componente essencial para
a constituição de relação familiar é o afeto.
No instante em que a família deixou de gerar vínculos para o desenvolvimento do seu
núcleo econômico reprodutivo e passou a constituir vínculos por meio do afeto, amor, carinho
e cuidado, estabeleceu-se um valor jurídico nas relações familiares. A vontade de amar e
cuidar de outro ser humano não tem que ser algo estabelecido, mas acontecer de forma
desejada, voluntária e esperada. A família contemporânea, seja ela biológica ou adotiva, é
entendida pela busca da felicidade, famílias construídas e restabelecidas pelo vínculo afetivo.
A situação de crianças e adolescentes abandonados, evidentemente é muito
complexa, considerando que a falta de convívio com sua família natural compromete a
evolução física e psíquica do menor, na maioria das vezes pela falta de afeto e interação
sociofamiliar, restando ser inseridos em unidade de acolhimento até que sejam colocados em
uma família substituta. A substituição familiar é uma medida excepcional, apenas acontece em
casos de circunstâncias que seja necessário a destituição do convívio familiar. Todavia, ainda
ocorre muita rejeição, por causas econômicas, cultuais e sociais.
Quando estamos diante de uma adoção de crianças e adolescentes indígenas
abandonados por seus genitores, na maioria das vezes, ocorre por questões culturais, por ser
constitucionalmente garantido a proteção integral da multipluralidade étnica-cultural dos
indígenas e os direitos fundamentais abordados no ECA. A adoção, frequentemente, advém de
questões por deformidades genéticas, enfermidades, falta de condições financeiras, muitas
etnias tratam a adoção como um presente, no qual confiam seus filhos a uma pessoa de sua
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confiança, desde a descoberta da gestação. Os indígenas veem a situação como normal, uma
vez que para eles seus filhos sempre serão seus, só sobre os cuidados de outro ser humano.
Sendo assim, os direitos fundamentais relacionados às crianças e adolescentes são
garantidos no seio de sua família biológica ou na colocação de família substituta, buscando
sempre proteger o melhor interesse da criança e do adolescente, fundado no afeto, amor e
cuidando, procurando manter a integridade física e moral do menor.
Posto isso, conclui-se que, quando estiver evidente a ameaça a um direito
indisponível da criança e do adolescente indígena ou não indígena, precisa ser realizado o
afastamento do seio familiar biológico e colocação em uma família substituta baseada no
vínculo afetivo, por intermédio da adoção, observando os tramites judiciais, respeitando a
etnia, a pluralidade cultura e a identidade social, assegurados na Constituição Federal de 1988
e no Estatuto da Criança e do Adolescente.

REFERÊNCIAS

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diferença, face ao princípio da dignidade da pessoa humana. Coimbra: Almedina, 2008.

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dez. de 2022.

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FERREIRA, Luiz Antonio Miguel. Adoção: guia prático doutrinário e processual com as
alterações da Lei n. 12.010, de 3/8/2009. São Paulo: Cortez, 2010. Acesso em: 03 de jan. de
2022

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2010, v. 6:
direito de família. Acesso em: 29 de dez. de 2022

LUBICH, Chiara. Ideal e Luz: Pensamento, espiritualidade, mundo unido. Books google,
2021. Acesso em: 01 de fev. de 2023

RIBEIRO, Paulo Hermano Soares; SANTOS, Vívian Cristina Maria; SOUZA, Ionete de
Magalhães. Nova lei de adoção comentada. 2. ed. São Paulo: J. H. Mizuno, 2012. Acesso em
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