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Adaptação, inserção

e acolhimento na
Educação Infantil
Adaptação, inserção e acolhimento
na Educação Infantil
Seguimos tratando destes temas importantes para o início ou reinício das aulas. Um
tempo que requer cuidados muito peculiares na construção ou reconstrução das
relações entre família, escola, educadores e crianças, especialmente nos primeiros
anos.

Tão ou mais importante que o período de acolhimento, que se inicia na


apresentação da escola para os pais e suas crianças, esta sua manutenção diária,
no reencontro dos dias, no retorno dos finais de semana, dos feriados e das férias
de inverno.

As fases de inserção das crianças


na escola
Vamos elencar algumas sugestões que podem
ajudar no período de acolhimento, inserção e
adaptação das crianças, não para que sejam
tomadas por regramento, mas para que possa
estimular a reflexão de todos e contribuir no
enriquecimento da construção das relações.

•Um objeto de afeto e/ou objeto de


transição: Especialmente para o caso de
bebês, mas pode ajudar também nos maiores.
Permitir que a criança traga consigo um
brinquedo, um travesseiro, um cobertor, ou
qualquer item que possa estimular sua
memória afetiva do conforto do lar, vale até
uma camiseta da mamãe ou do papai. A
sensação de pertencimento trazida pelos
sentidos (tátil, visual ou olfativa) pode
colaborar no estabelecimento de sua
segurança.
•Construir o momento com a criança: O fator surpresa pode ser bastante
desgastante, especialmente para as crianças. Sendo assim, é sempre interessante
comunicar com antecedência, levar a criança na compra de materiais, uniformes ou
visitas à escola. Permitir que ela participe dos preparativos oferece um mínimo grau
de intimidade com a ideia e ameniza a sensação de enfrentamento a algo
absolutamente desconhecido.

•Verdade sempre: Uma construção que deve ser seguida sempre. Caso seja
necessário permanecer na escola acompanhando a criança por um período menor
de tempo e haja algum lugar determinado para esperar, certifique-se de estar
exatamente no lugar combinado. É comum que as crianças desejem conferir
visualmente sua presença. Esteja no lugar e no tempo informado a elas.

•Equilíbrio: Uma das mais difíceis. Encontrar uma dose adequada entre a firmeza
e a proteção. A segurança da criança está diretamente ligada à percepção do grau
de segurança em que se encontram os pais. Frases mais duras e mimos excessivos
não contribuem com esse momento.

•Combine as rotinas: Procure estabelecer uma rotina diária de forma que a escola
seja uma “parte” dela. Promover atividades antes da chegada, com brincadeiras,
descansos, leituras e até mesmo um descanso. Quando a criança já está num ritmo
de atividade ela tende a se posicionar de forma mais tranquila. Levá-la para a
escola dormindo ou recém-acordada pode gerar um desconforto e,
consequentemente, uma instabilidade emocional.

•Comunicação entre família e escola: Tanto os pais tem o desejo de conhecer os


eventos cotidianos de seus filhos na escola, como também os educadores precisam
conhecer detalhes sobre as crianças. Gostos pessoais da criança como: o
brinquedo ou a comida de sua preferência são ferramentas de muita ajuda nos
eventuais momentos de crise.

•Comunicação com a criança: Informe sempre às crianças o que está à sua


espera na escola: o encontro com colegas, com as professoras, com os brinquedos
e as brincadeiras, e comunique sempre a importância desta vivência que vêm de
seu crescimento.
A importância da participação da
família
Este é o mais importante momento de união entre os pais e a escola. Um
acolhimento humano e seguro precisa envolver a família tanto para transmitir-lhe
segurança, como para colaborar na orientação do processo de condução da
inserção e adaptação.

Procurar aproximação com as famílias para que sejam aliadas dos educadores na
travessia do período de adaptação pode ser a mola mestra do sucesso. Orientar os
pais, sempre que possível, e de forma direta e pessoal. Os núcleos familiares são
muito plurais e requerem abordagens personalíssimas.

Mas o que deve ser comum a todos os casos é a disposição e a disponibilidade


para a troca de informações e escuta, muita escuta.
As dificuldades esperadas na fase de
adaptação
Seja para crianças ou para nós, os adultos, as mudanças de rotina, de espaços, de
clima ou qualquer coisa que nos tire da zona de conforto pode causar, no mínimo,
um estranhamento. Nossa diversidade nos proporciona reações diferentes para as
possibilidades de mudança que surgem.

Neste período de adaptação, algumas posturas são esperadas. Umas mais


tranquilas para serem administradas, outras um tanto mais complexas para serem
administradas. As mais comuns podem ser:

•Insegurança: Tanto pode atingir os pais e refletir nas crianças como no inverso,
ou mesmo afetar simultaneamente a ambos. Escuta, diálogo e orientação podem
ser muito favoráveis no controle desta sensação.

•Desinteresse: Existem crianças que podem reagir às novidades com


demonstração de total desinteresse por participar das atividades. Encontrar um fio
que possa servir de interligação entre a criança e a proposta, ainda que
inicialmente apenas para que ela observe pode desencadear seu desejo em
participar.

•Choro: Desde aquele mais contido e sentimental, até aquele mais sonoro e
efusivo, o choro precisa ser compreendido como um direito. Ele é a forma mais
primitiva que a criança encontra para externar seus estranhamentos, e nem sempre
deve ser encarado como “ferramenta” de troca. Afeição e compreensão vindas do
educador podem construir um laço terno de confiança, e geralmente favorece o
controle emocional.

•Sono: Também são relativamente comuns as crianças que buscam no sono a


solução de seus dissabores. É importante que isso também seja respeitado, com
uma pequena dose de controle. Aproximar-se de forma carinhosa, comunicando
sempre a importância de sua participação nas atividades faz com que a rotina
deixe de ser algo estranho, e aos poucos incorpore no próprio desejo da criança.
Qual o papel do educador no
acolhimento, inserção e adaptação
escolar?

Somos defensores da proposta que


coloca a criança no protagonismo das
ações da escola. O aproveitamento de
seus reais interesses, com foco em suas
competências e aptidões, entregando
aprendizado sem que seja necessário o
rompimento com sua infância.
Aprendizagem e infância devem ser
pares.

Entretanto, a condução deste momento


que engloba acolhimento, inserção e
adaptação precisa de segurança e
conhecimento. Os educadores são o elo
entre a escola e as famílias, porque estão
na linha de frente do convívio com as
crianças.

Sendo assim, é importante que os modelos de abordagem escolhidos pela


instituição sejam elaborados de forma transparente e o mais completo possível, de
forma que não sobre muito espaço para os “improvisos”.

Uma rotina flexível é sempre bem-vinda, porém em situações que envolvam o início
de relações é necessário antecipar os ambientes que serão usados, bem como os
materiais e os encaminhamentos das propostas.

A importante sensação de segurança que deve ser entregue às crianças e seus


familiares deve ser encontrada nos educadores. Para tanto, rodas de conversa,
trocas de experiências e ações de formação específicas sobre o tema são de
extrema valia.

Como nos lembra, Gianfranco Staccioli, na obra “Diário do acolhimento na escola


da infância”:

A escola da infância tem, mais do que nunca, uma tarefa fundamental: garantir à
criança a oportunidade de vivenciar muitas experiências reais, imediatas,
diversificadas, complexas e globais. Mais do que nunca, é preciso propiciar uma
vida de crianças inteiras e verdadeiras (...).

Desta forma, estaremos sempre caminhando em favor de uma escola mais humana,
mais próxima, e fazendo dela um lugar onde se deseja estar.

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