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Formadora: Ana de Jesus

Manual nº 2
UFCD 9640
Como podemos ajudar as nossas crianças a serem mais resilientes?

Fatores de
Por vezes pode ser mais fácil acreditarmos que as crianças podem
Stress e crescer sem necessidade de serem protegidas mas, o ser criança
por si, não garante um escudo protetor contra os traumas
emocionais que podem sentir e experienciar ao longo da sua vida.
As crianças podem ser desafiadas a lidar com várias situações

Resiliência difíceis, desde o adaptar a uma nova escola, a situações de bullying


ou até a viver num lar abusivo.

A capacidade de crescer e ultrapassar todos estes desafios parece


residir no que designamos por resiliência, ou seja, a capacidade de
lidar de uma forma positiva, construtiva, com o trauma, tragédia,
ameaças e com qualquer fonte significativa de stress.
• No entanto, as crianças não
nascem ensinadas, precisam
ser guiadas, educadas e
cuidadas pelos adultos que as
rodeiam. O desenvolvimento
de capacidades de resiliência
pode ajudar as crianças a gerir
o stress, ansiedade e as
incertezas com as quais se vão
deparando.

• Mas, ser resiliente não quer


dizer que as crianças não
venham a sentir dificuldades
ou stress.
• A dor emocional, a tristeza fazem parte da nossa vida, ficar triste pela mudança de

escola, pela morte do animal de estimação ou até de uma pessoa importante da vida

familiar é normal e desejável, o ser resiliente ou não, determinará como a criança irá

lidar com esses sentimentos e como irá recuperar desse momento menos positivo.

• Todos nós podemos desenvolver a capacidade de resiliência e ajudar as nossas

crianças a desenvolvê-la.
Aqui ficam algumas dicas que podem ser úteis para uma tarefa tão importante:

• Estabelecer relações; Ensinar à criança como pode fazer amigos, a ser empática e a ser capaz de
se colocar no lugar do outro compreendendo os seus sentimentos.

• Encorajá-la a ser amiga para que tenha amigos. A construção de uma boa rede familiar é
fundamental para ajudar a criança a ultrapassar as inevitáveis desilusões no seu dia-a-dia.

• Ajudar para ser ajudado - Possibilitar o reconhecimento por parte da criança, que tem recursos
que podem ser úteis para si e para os outros. Proporcionar à criança situações em que possa
ajudar os outros e sentir-se útil, seja em casa ou na escola.

• Manter uma rotina diária O manter uma rotina pode transmitir à criança um sentimento de
segurança e conforto, sobretudo aos mais novos. Encorajá-la a adaptar-se às rotinas familiares
mas dando-lhe espaço para que possa estabelecer as suas próprias rotinas.
• Fazer uma pausa Embora seja importante ter rotinas, o estar sempre
preocupada com o que fazer e como fazer pode ser contraproducente.
Ensinar à criança a ser capaz de se focar em algo para além das suas
preocupações. Procurar saber o que está a preocupar a criança é
fundamental para que possa desmistificar os seus pensamentos e ajudá-
la a fazer uma pausa e a dedicar-se a algo que lhe dê prazer.

• Ser um bom exemplo Ensinar à criança a importância de manter uma


vida saudável: boa alimentação, exercício e descanso q.b. Garanta que a
criança tem tempo para divertir-se e que não tenha o horário totalmente
preenchido sem tempo para poder relaxar. A brincadeira e a diversão
proporcionam carregamentos de bons sentimentos que ajudarão a
criança a estar mais equilibrada para lidar com situações mais
stressantes.
• Estabelecer metas e objectivos Ensinar à criança o estabelecimento de objectivos
realísticos e a realizá-los um passo de cada vez. Ao manter-se focada num objectivo e nas
pequenas conquistas em relação ao mesmo, ajudará a criança a valorizar o que
consegue alcançar em detrimento do que não consegue, construindo assim a
capacidade de ser persistente e pró-activa em situações difíceis e desafiantes.

• Valorizar as capacidades positivas e fomentar o estabelecimento de uma boa auto-


estima Ajude a criança a lembrar-se das vezes em que lidou com situações difíceis e foi
bem sucedida, e ajude-a a perceber que estes desafios passados podem ajudá-la a
tornar-se mais forte para lidar com os desafios que ainda estão por vir. Ajude-a a confiar
em si própria no que toca à resolução de problemas e à tomada de decisão. Ensine-a a
ver a vida com humor, a ser capaz de rir de si própria, o humor é uma ferramenta
importante para lidar de forma positiva com o stress.
• Manter a perspectiva e um olhar esperançoso perante a vida Quando a criança está a deparar-se
com situações penosas, ajude-a a olhar para o contexto de diferentes perspectivas e com um
olhar a longo prazo. Apesar das crianças muitos pequenas terem dificuldade em descentraram-
se do momento que estão a viver, ajuda-as a perceber que existe um futuro para além da
situação presente e que esse futuro pode ser bom, apesar da vivência de um momento menos
bom no aqui e agora. O desenvolvimento de um olhar otimista possibilita à criança a capacidade
para ver o que a vida tem de bom e a não desistir quando a vida se torna mais complicada.

• Procurar oportunidades que possibilitem a auto descoberta tempos difíceis geralmente


proporcionam uma maior aprendizagem acerca de nós próprios. Ajude a criança a perceber que
perante um desafio pode aprender mais acerca de si próprio, permitindo um progressivo
autoconhecimento.
• Aceitar a mudança como algo natural ao longo da vida a mudança pode ser sentida como

assustadora para as crianças e adolescentes. Ajude a criança a compreender que mudar faz

parte da vida, assim como o estabelecimento de novos objectivos e o pôr de parte objectivos

que não foram concretizados ou que deixaram de fazer sentido. No entanto, esta tarefa pode

tornar-se mais desafiante quando lidamos com crianças muito pequenas, crianças que estão

ainda a aprender a andar e a falar, não sendo capazes ainda de expressar as suas ansiedades e

medos. Embora possa pensar que são ainda muito pequenas para compreender o que se

passa, são desde muito cedo capazes de absorver sentimentos de ansiedade e de medo das

pessoas que estão à sua volta.

• Torna-se fundamental conhecer a sua criança, perceber quais os sinais de medo e ansiedade.
• A criança tornou-se demasiado exigente? A exigir mais carinho e contacto físico do que o habitual?
Começou a fazer xixi na cama? A chuchar no dedo depois de ter deixado de o fazer?
• A criança pode estar a reagir a sentimentos de pressão e ansiedade que sente no mundo que a
rodeia ou até assustada com um mundo ainda por conhecer.
• Use a brincadeira para ajudar a criança a expressar os seus medos e encoraje a criatividade, a arte, o
jogo para que possa expressar os seus sentimentos para além das palavras que ainda não domina.
• Apesar de não haverem fórmulas mágicas de como educar e preparar uma criança para a vida,
sabemos que a família é um apoio fundamental:
• fortaleça os laços familiares,
• brinque,
• leia, procure ter tempo de qualidade com os seus filhos, conheça-os e dê-se a conhecer.
• É no desenvolvimento desta relação segura aquando os primeiros anos de vida com os que a
rodeiam, e posteriormente consigo própria, que se edifica uma boa capacidade de resiliência.
• Afinal, todos nós num primeiro momento, precisámos de andar acompanhados para podermos
andar connosco próprios.
Comportamentos disruptivos e antissociais:
conceitos, causas e consequências
Formas de disciplina

• É natural que um dos pais assuma o papel de disciplinador, mas se esse papel não for igualmente
partilhado por ambos, os filhos podem ver um dos pais como o "bom" e o outro como o "mau".

• "A disciplina é o segundo presente mais importante que um pai pode dar a uma criança. O amor
vem em primeiro lugar.” T. Berry Brazelton

• Um dos objetivos essenciais da educação, a ser alcançado a longo prazo, com constantes avanços
e recuos, é ensinar os filhos a serem disciplinados, orientando-os para que hajam de maneira
aceitável e aprendam a conviver com regras e limites:
• Em pequenos, conseguir que tenham, desde cedo (primeiro dia de vida), uma rotina para fazerem as
suas refeições, tomar banho e dormir sem muitas confusões.

• Quando maiores, que façam adequadamente os trabalhos de casa, sejam educados, aprendam a
cumprimentar as pessoas, agradecer um presente, sem nunca perderem a iniciativa própria.

• Na adolescência, que saibam aceitar horários para chegar a casa, tenham responsabilidade e
autonomia com as suas tarefas escolares e os seus pertences.

• Estes são apenas alguns exemplos, pois os limites variam muito em função do que é esperado em cada
cultura e em cada família.

• Todo o lar deve ter as suas próprias regras, que devem ser respeitadas e aplicadas coerentemente e
com o comum acordo dos pais (tarefas domésticas, mesada, televisão, horários para dormir, etc.).
É natural que um dos pais assuma o papel de disciplinador, mas se esse papel não for igualmente
partilhado por ambos, os filhos podem ver um dos pais como o "bom" e o outro como o "mau" -
situação que é muito difícil de reverter. É, por isso, fundamental uma partilha constante de cuidados.

Existem várias formas de disciplina. Seguem-se algumas que vale a pena experimentar:

• Avisos - ajudam a criança a estabelecer limites e a prepará-la para a mudança;

• Silêncio - como são constantemente interpeladas, corresponde a uma forma surpreendente de


captar a atenção da criança;

• Fazer uma pausa - cessa o mau comportamento e permite aos pais acalmarem-se;

• Repetir as coisas, da forma certa - ao incentivar as boas ações vamos encorajar a criança, o que lhe
permitirá readquirir autocontrolo e sentir-se recompensada;
• Reparar - leva a criança a pedir desculpas e fá-la entender que "o crime não compensa";

• Perdão - incentivo para melhorar o seu comportamento. É importante a criança sentir que pode

ser perdoada;

• Planeamento - os pais enfrentam em conjunto os problemas, levando a criança a planear e a

resolver problemas;

• Humor - uma forma agradável de ultrapassar os problemas, "quebrar o gelo", sem nunca entrar

no gozo.
Formas que se revelaram inúteis:

• Castigos corporais;
• Vergonha, humilhação;
• Lavar a boca com sabão;
• Comparar as crianças umas com as outras;
• Suprimir comida ou usá-la como recompensa;
• Deitar mais cedo ou fazer uma sesta extra (a criança pode associar o ato de dormir a situações
negativas, o que pode provocar alterações no sono);
• Retirar o afeto, ameaçar com o abandono - a criança não se sente amada, sente medo.
• "Educar é conviver com a criança, caminhar a seu lado e não por ela, podendo oferecer o seu
exemplo, que é uma das melhores formas de ensinar e nunca esquecer que para educar é
necessário tempo para dar dedicação e amor."
Criança Hiperativa

"Ter compaixão é possuir um entendimento maior das fragilidades humanas. É

quando nos tornamos mais realistas, menos exigentes e mais flexíveis com as

dificuldades alheias." Hammed


• As crianças gostam de brincar, fazer asneiras e correr para lá e para cá. Mas é preciso ter

cuidado para não identificá-las erroneamente como portadora do TDAH.

• Às vezes, a criança está apenas a passar por algum problema e essas características

aparecem.

• Normalmente elas apresentam comportamentos agitados, não param quietas um só

instante, estão sempre a fazer alguma coisa “errada”, sendo apontadas como um mau

exemplo. Mas não é tão fácil assim identificá-las porque estas características confundem-

se com sintomas comportamentais de outras dificuldades infantis.


Características do Hiperativo
No Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da Associação Americana de Psiquiatria,
tem-se a orientação de diagnosticar pelo menos seis características pelo período de mínimo de seis
meses, e que estejam a dar transtorno para a vida da criança, como por exemplo:
• ser inquieta (mexendo as mãos e os pés ou não parando quieta na cadeira),
• ter dificuldade em permanecer sentada,
• se corre sem destino,
• se tem dificuldade em fazer uma atividade quieta ou em silêncio,
• se fala excessivamente ou interrompe conversas de outras pessoas – sem pedir licença,
• responder a perguntas antes de serem formuladas,
• agir como se fosse movida a motor,
• ter dificuldade em esperar a vez.
A hiperatividade costuma ser mais incidente em meninos e na faixa etária dos sete aos nove anos. Essa
fase é a que eles estão a começar a estudar e precisam ter mais em atenção. Fica mais fácil perceber a
dificuldade de concentração dessas crianças. Elas ficam sem noção de espaço e de limites, não por
teimosia, mas porque não têm noção do que estão a fazer.

• Como a família e a escola podem agir

Normalmente, para os pais, pede-se que diminuam os estímulos no quarto da criança, como, por
exemplo, vídeo, computador e jogos. A criança deve ter horários fixos para todas as atividades (café da
manhã, banho, brincar, dormir). Quando os pais falarem com ela, devem solicitar que ela repita o que
entendeu.
• Elogiar o que ela fizer corretamente, mesmo que seja ficar sentada por cinco minutos, pois é importante para que se
sinta reconhecida nas atitudes e atividades que estiver a fazer adequadamente.
• É importante que os adultos fiquem atentos, pois as crianças hiperativas ficam com a autoestima baixa a partir da
repetição do erro, pois apenas dessa maneira elas conseguem chamar atenção, mas é uma atenção negativa.
Problemas que podem ser confundidos com hiperatividade:
• Autismo
• Depressão infantil
• Ansiedade
• Hipertiroidismo
• Dislexia
• Transtornos de aprendizagem
• Deficiência auditiva
• Epilepsia
• Transtorno obsessivo-compulsivo
• Transtorno bipolar ou mania
• Inquietação típica da idade
• Problemas familiares

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